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ESTATUTO DA CIDADE

Lei6.53
nº 10.257 / 2001
ANTES... UMA PEQUENA REVISÃO
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PLANEJAMENTO URBANO

“É um método de aplicação contínuo e permanente,


destinado a resolver, racionalmente, os problemas que
afetam uma sociedade situada em determinado espaço e
época, através de uma previsão ordenada capaz de
antecipar suas consequências”

(FERRARI, 1977, p. 34).


Carta dos Andes, 1958
PLANEJAMENTO URBANO
• O processo técnico e político dedicado ao controle do uso
da terra e desenho do ambiente urbano, incluindo redes de
transporte destinadas a orientar e garantir o
desenvolvimento ordenado de assentamentos e
comunidades.

• O ato de planejar, organizar ações e tarefas com a


utilização de métodos adequados para atingir
determinado objetivo
PLANEJAMENTO URBANO PRESSUPÕE:

1) Pesquisa - 2) Análise - 3) Síntese

É UM MEIO PARA ATINGIR UM FIM, NUNCA DEFINITIVO

PROCESSO DE ATUAÇÃO CONTÍNUA E PERMANENTE


PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL

• Urbanização no Brasil – início da década de 40


• Urbanização anômala (sem planejamento)
• Cidades espontâneas (a grande maioria)
• Cidades planejadas: Belo Horizonte, Goiânia, Maringá,
Brasília, Palmas...
ESTATUTO DA CIDADE
Lei6.53
nº 10.257 / 2001
O QUE É ?
O Estatuto da Cidade é o
conjunto de normas jurídicas que
estabelece as diretrizes para a
política urbana disposta na
Constituição Federal de 1988.

01/07/20XX Título da apresentação 8


O QUE É ?
Estabelece e normatiza uma série de
mecanismos e procedimentos para a
institucionalização de políticas de
desenvolvimento urbano. Ao dispor
sobre a ordenação e o controle do uso
do solo, a legislação trouxe para o
arranjo jurídico nacional a
democratização do acesso à terra
urbanizada. Dessa forma, procura evitar
distorções que possam influenciar a
retenção especulativa e a gestão
inadequada do espaço territorial.

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ESTATUTO DA CIDADE
HISTÓRICO MOTIVAÇÃO

Essas normas surgiram como O surgimento do estatuto está


projeto de lei no mesmo ano da atrelado à preocupação com o

Carta Magna. Contudo, depois desenfreado crescimento

da aprovação no Senado em urbano desde a segunda


metade do século XX,
1989, foi engavetada e retomada
marcado por uma distribuição
dez anos depois, entrando em
de terra irregular, que foi a
vigor apenas em 2001.
origem de uma desordenada
ocupação e utilização do solo.

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ESTATUTO DA CIDADE

Art. 1o Na execução da política urbana, de que


tratam os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.

Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei,


denominada Estatuto da Cidade, estabelece
normas de ordem pública e interesse social que
regulam o uso da propriedade urbana em prol do
bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada
pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir
o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social
quando atende às exigências fundamentais de ordenação da
cidade expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas
com prévia e justa indenização em dinheiro.
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 182.
§ 4º É facultado ao poder público municipal, mediante lei
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos
termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais.
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 183.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,
independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo
possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião.
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FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
A função social consiste na utilização da propriedade, urbana ou rural, em
consonância com os objetivos sociais de uma determinada cidade. A função
social impõe limites ao direito de propriedade, para garantir que o exercício
deste direito não seja prejudicial ao bem coletivo. Isto significa que uma
propriedade rural ou urbana não deve atender apenas aos interesses de seu
proprietário, mas também ao interesse da sociedade.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA

Art 182. § 2º A propriedade


urbana cumpre sua função
social quando atende às
exigências fundamentais de
ordenação da cidade
expressas no plano diretor.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.”
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
• a gestão democrática;
• a justa distribuição dos ônus e
benefícios decorrentes do processo
de urbanização;
• a recuperação dos investimentos do
poder público que tenham resultado
em valorização de imóveis urbanos e
o direito a cidades sustentáveis, à
moradia, à infra-estrutura urbana e
aos serviços públicos, confere aos
municípios novas possibilidades e
oportunidades de gestão e
financiamento de seu
desenvolvimento.
ESTRUTURA DO ESTATUTO DA CIDADE

I – DIRETRIZES GERAIS

II – DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

III – DO PLANO DIRETOR

IV – DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE

V – DISPOSIÇÕES GERAIS

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I – DIRETRIZES GERAIS
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à


moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura (sic) urbana, ao transporte e aos
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações


representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

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I – DIRETRIZES GERAIS
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da
sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;

IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da


população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de
influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos
negativos sobre o meio ambiente;

V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos


adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;

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I – DIRETRIZES GERAIS
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à


infra-estrutura urbana;

d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos


geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;

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I – DIRETRIZES GERAIS
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não
utilização;

f) a deterioração das áreas urbanizadas;

g) a poluição e a degradação ambiental;

h) a exposição da população a riscos de desastres.

(...)

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I – DIRETRIZES GERAIS
VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o
desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência;

VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana


compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e
do território sob sua área de influência;

IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;

X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos


públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos
geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais;

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I – DIRETRIZES GERAIS
XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de
imóveis urbanos;

XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do


patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de


implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o
meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;

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I – DIRETRIZES GERAIS
XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda
mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e
edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;

XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas


edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e
unidades habitacionais;

XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de


empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse
social.

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I – DIRETRIZES GERAIS
XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas
operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a redução de
impactos ambientais e a economia de recursos naturais

XVIII - tratamento prioritário às obras e edificações de infraestrutura de energia,


telecomunicações, abastecimento de água e saneamento

XIX – garantia de condições condignas de acessibilidade, utilização e conforto nas


dependências internas das edificações urbanas, inclusive nas destinadas à moradia e ao
serviço dos trabalhadores domésticos, observados requisitos mínimos de dimensionamento,
ventilação, iluminação, ergonomia, privacidade e qualidade dos materiais empregados.

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I – DIRETRIZES GERAIS
XX - promoção de conforto, abrigo, descanso, bem-estar e acessibilidade na fruição dos
espaços livres de uso público, de seu mobiliário e de suas interfaces com os espaços de uso
privado, vedado o emprego de materiais, estruturas, equipamentos e técnicas construtivas
hostis que tenham como objetivo ou resultado o afastamento de pessoas em situação de rua,
idosos, jovens e outros segmentos da população.

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II - INSTRUMENTO DA POLÍTICA URBANA

O planejamento e a implantação de instrumentos de


política urbana são essenciais para a tomada de decisão. Se
acompanhados de investimentos públicos, podem corrigir
desigualdades no curto, médio e longo prazo

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ART 4º - INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

I – planos nacionais, II – planejamento das III – planejamento


regionais e estaduais regiões metropolitanas, municipal, em especial:
de ordenação do aglomerações urbanas
território e de e microrregiões;
desenvolvimento
econômico e social;

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PLANEJAMENTO MUNICIPAL

Plano Disciplina do Planos,


Diretor parcelamento, Zoneamento programas e
do uso e Ambiental projetos
da ocupação setoriais;
do solo;

Plano Diretrizes Gestão Planos de


orçamentárias Orçamentária desenvolvimento
Plurianual econômico e
e orçamento Participativa
social;
anual

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INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

IV – institutos
tributários e
financeiros:

01/07/20XX Título da apresentação 32


Imposto sobre a Incentivos e
propriedade Contribuição de benefícios fiscais
predial e melhoria; e financeiros;
territorial urbana
- IPTU;

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INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA

V - institutos
jurídicos e
políticos:

01/07/20XX Título da apresentação 34


a) desapropriação;

b) servidão administrativa;

c) limitações administrativas;

d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;

e) instituição de unidades de conservação;

f) instituição de zonas especiais de interesse social;

g) concessão de direito real de uso;

h) concessão de uso especial para fins de moradia;

i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;

j) usucapião especial de imóvel urbano;

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l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de
alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as
comunidades e grupos sociais menos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito;
t) demarcação urbanística para fins de
regularização fundiária;
u) legitimação de posse
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Art 4.
§ 1o - Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela
legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei.

§ 2o - Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse


social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração
Pública com atuação específica nessa área, a concessão de direito
real de uso de imóveis públicos poderá ser contratada coletivamente.

§ 3o - Os instrumentos previstos neste artigo que demandam


dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal devem
ser objeto de controle social, garantida a participação de
comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.
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INSTRUMENTOS E FORMA DE ATUAÇÃO
IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO

Prevê o aumento gradual do tributo para imóveis ou terrenos que não


estejam cumprindo sua função social pelo descumprimento das notificações
para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios. O tributo
incide mediante elevação da alíquota pelo prazo de cinco anos
consecutivos, tendo como limite máximo 15% do valor venal do
imóvel.

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A) DESAPROPRIAÇÃO
Lei 3.365/41 - Desapropriações por utilidade pública.

Art. 2º Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser


desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.

Art. 3º Podem promover a desapropriação, mediante autorização expressa constante de


lei ou contrato:

I - os concessionários, inclusive aqueles contratados;

II - as entidades públicas;

III - as entidades que exerçam funções delegadas do poder público; e

IV - as autorizatárias para a exploração de ferrovias como atividade econômica.

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A) DESAPROPRIAÇÃO
Art. 5o Consideram-se casos de utilidade pública:

i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a


execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação,
para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou
ampliação de distritos industriais;

j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;

m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios;

n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;

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A2) DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA

Aplica-se quando não há efetividade na cobrança do IPTU progressivo


após o prazo de cinco anos. A desapropriação é feita com o pagamento
aos proprietários por meio de títulos da dívida pública, com prazo de
resgate de até dez anos, em parcelas corrigidas e acrescidas de juros
proporcionais ao período. Os imóveis ou terrenos deverão ser destinados
a cumprir a sua função social e os objetivos determinados pelo PD.

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B) SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
Servidão administrativa consiste em restrições estatais que oneram
propriedade específica. Exemplos: servidão por passagens de fios e cabos
sob o imóvel, tombamento do imóvel, placa com nome da rua na fachada
do imóvel, faixas non aedificant entre outros.

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C) LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS
A limitação administrativa tem como norte a adequação da propriedade e da
atividade privada ao interesse público que será concretizado, entre outros,
através da legislação urbanística, ambiental, tributária e administrativa.
Compreendem o conjunto de restrições impostas à propriedade de modo a definir
a extensão das prerrogativas que possui o proprietário. Conformam as
possibilidades de usar, gozar e dispor que, do ponto de vista jurídico, somente
existem nos termos amparados por lei. Os índices urbanísticos (coeficiente de
aproveitamento e taxa de ocupação do solo etc.) são espécies de limitações.

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LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS
“A fim de compatibilizar o direito de propriedade com o cumprimento de sua
função social, o Poder Público poderá se valer dos instrumentos de intervenção
estatal, pelos quais poderá utilizar temporariamente da propriedade de
terceiros, nos casos da requisição e da ocupação temporária, condicionar o
seu uso ao atendimento do interesse público, viabilizar a prestação de
serviços públicos ou proteger o patrimônio cultural e histórico,
respectivamente, nos casos das limitações administrativas, das servidões
administrativas e do tombamento; ou chegar ao ponto de transferir propriedade de
terceiros para o patrimônio público, nos casos de desapropriação.”

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D) TOMBAMENTO DE IMÓVEIS OU DE MOBILIÁRIO URBANO;

É restrição ao direito à propriedade que tem por objetivo proteger


o patrimônio cultural. O proprietário submete-se aqui a sacrifício
parcial de seu direito definido pelas limitações administrativas. A
inscrição do bem no Livro de Tombo - daí o nome tombamento - será
fruto de procedimento administrativo, buscando preservar aquelas
características físicas do bem que estão associadas à história, às artes,
ou a qualquer outro aspecto relacionado à cultura da sociedade.

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E) UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Os espaços territoriais que apresentem significativa importância ou


representatividade para o meio ambiente natural devem ser objeto de
especial proteção, dispõe o artigo 225, § 1º , III da Constituição. Para tanto a Lei
Federal n. 9.985/00* estabelece uma série de unidades de conservação (parques,
estações ecológicas, áreas de proteção ambiental etc.), cada qual adequada para
um tipo de situação. Todos os entes federativos são competentes para estabelecer
tais unidades em seus respectivos territórios, observando a disciplina da legislação
federal e eventualmente as suas respectivas normas.

*Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 47


F) ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL (ZEIS)

As ZEIS incluem, nos zoneamentos das cidades, terrenos e glebas destinadas à


implantação de Habitação de Interesse Social, seja em áreas já ocupadas por
assentamentos populares precários, informais ou marcados por alguma forma de
irregularidade (“ZEIS de regularização”), seja em áreas vazias, de preferência
inseridas em regiões dotadas de infraestrutura (“ZEIS de vazios”). Permite, a
regularização fundiária e urbanística de áreas ocupadas irregularmente, mas
principalmente, para disponibilizar terrenos para novas unidades de HIS.

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G) CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO

A concessão de direito real de uso ocorre por meio de contrato e está


prevista no artigo 7º do Decreto-lei no 271/67. Através dela o proprietário
transfere a outra pessoa prerrogativa de usar seu imóvel, com as garantias
típicas de um direito real. O instrumento se destina para fins específicos de
urbanização, industrialização, edificação, cultivo de terra ou outra utilização
de interesse social, como regularização fundiária ou criação de ZEIS.

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H) CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA
Código Civil - A concessão de uso especial para fins de moradia tem por objetivo,
promover a utilização de bem público, levando em consideração a função
social e o direito de moradia. A Administração Pública pode conceder ao
ocupante um imóvel público urbano de até 250 metros quadrados, desde que
aquele que vier ocupar o imóvel não possua nenhum outro situado em área urbana
ou rural; que utilize o imóvel público para a sua moradia e de sua família, pelo
prazo de 5 anos, exercida de forma pacífica e ininterrupta. É importante destacar
que, o ocupante não adquire a propriedade do imóvel, já que os imóveis
públicos não podem ser usucapidos, conforme preceitua o art. 183. “caput” e § 3º
da Constituição Federal.

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I) PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO OU UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIOS (PEUC)

Tem o objetivo de combater a aglomeração de terrenos ociosos ou


subutilizados no espaço urbano, que dessa maneira permanecem
corroborando a especulação imobiliária. É necessário a criação de lei
municipal específica para estipular o parcelamento, a edificação ou a utilização
compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado nas
áreas definidas pelo Plano Diretor Municipal. Dessa maneira, estabelece os
critérios para classificar um imóvel subutilizado para, a partir disso,
implementar os instrumentos.

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J) USUCAPIÃO ESPECIAL DE IMÓVEL URBANO

Define a transferência de posse para aquele que, não possuindo imóvel,


comprovar o uso para moradia de área ou edificação urbana por cinco anos
ininterruptos e sem oposição. Quando não for possível identificar os
terrenos ocupados pelo possuidor, aplica-se o usucapião coletivo. Esse
novo instrumento possibilita a regularização fundiária de favelas,
loteamentos e outras ocupações.

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L) DIREITO DE SUPERFÍCIE

Permite que um proprietário de terreno urbano conceda a outro particular o


direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo de seu terreno, por
tempo determinado ou indeterminado, para que esse outro particular
cumpra os critérios de utilização ou edificação definidos pelo Plano
Diretor. O instrumento é regido por contrato próprio firmado entre as
partes e tem por objetivo estimular a utilização de áreas subutilizadas,
oferecendo mais uma possibilidade vantajosa aos proprietários.

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M) DIREITO DE PREEMPÇÃO

Garante ao Executivo municipal a preferência de compra de imóvel


urbano em região definida como prioritária em lei municipal
decorrente do PD. O valor de mercado do imóvel deve ser respeitado e o
direito de preempção só pode ser exercido antes de o imóvel ser
comercializado entre particulares. O instrumento permite ao município a
aquisição de terrenos para políticas de moradia, preservação ambiental
ou proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico,
sem a necessidade de medidas drásticas, como a desapropriação.

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N) OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR
Possibilita ao município estabelecer no PD uma relação entre a área do
terreno e a área edificável, instituindo uma área-limite de edificação. Após
esse limite, só é permitida a edificação sob contrapartida financeira
com valor proporcional ao custo do terreno. Os critérios para a outorga
onerosa devem ser definidos por lei municipal, que deve estabelecer a
fórmula de cálculo para a cobrança, os casos passíveis de isenção do
pagamento e a contrapartida do município. Portanto, o instrumento permite
o controle das densidades urbanas nas diferentes regiões do município.

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A OODC não é:
•cobrada de imóvel já construído
•cobrada de quem vai construir área igual ou
menor à área do terreno
•obrigatória ou compulsória

A OODC é:
•cobrada de novos empreendimentos que desejam
construir acima do CA básico
•geralmente investida em infraestrutura urbana
•um instrumento de gestão do território urbano,
com potencial para induzir o crescimento de
forma eficiente – por exemplo, em áreas
próximas a eixos de transporte
•um mecanismo que auxilia para a efetivação do
planejamento estratégico da cidade
O) TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR

A Transferência do Direito de Construir confere ao proprietário de um lote


a possibilidade de exercer seu potencial construtivo em outro lote, ou
de vendê-lo a outro proprietário. Deve ser utilizada em áreas que o
Poder Público tenha, por qualquer motivo, interesse em manter com
baixa densidade. Obviamente, as áreas que podem receber o potencial
construtivo devem ser aquelas em que a densificação seja desejável ou, ao
menos, tolerável.

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O) TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR

Um exemplo são aquelas áreas que, por


imposição da necessidade de preservação
ambiental ou do Patrimônio Histórico,
devem ter seu potencial construtivo limitado.
Nesses casos, a Transferência do Direito de
Construir atua como um fator de amenização
da pressão imobiliária nos terrenos,
diminuindo a pressão pela sua ocupação.

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P) OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS

Consistem em uma série de intervenções e medidas coordenadas pelo


município, que outorga o direito de uso de uma área a um particular ou
a um grupo para preservar, recuperar ou transformar áreas urbanas com
o objetivo de melhorar a estrutura do local e executar melhorias sociais
ou preservação ambiental. O instrumento se aplica mediante o
interesse dos atores privados e o real interesse público nos resultados
das operações.

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Bonfim - Operação Urbana Tietê II
VIGLIECCA E ASSOCIADOS

http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/bonfim-tiete-ii-masterplan 61
VIGLIECCA E ASSOCIADOS
Bonfim - Operação Urbana Tietê II

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VIGLIECCA E ASSOCIADOS
Bonfim - Operação Urbana Tietê II

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VIGLIECCA E ASSOCIADOS
Bonfim - Operação Urbana Tietê II

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VIGLIECCA E ASSOCIADOS
Bonfim - Operação Urbana Tietê II

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Q) REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

A regularização fundiária é o procedimento pelo qual se busca tornar lícita, isto é,


amparada pelo Direito, a ocupação da terra nos casos em que o acesso àquele bem
tenha ocorrido de modo irregular. Normalmente a expressão “regularização
fundiária” é utilizada para designar a atuação destinada a revestir com maiores
proteções a posse existente sobre determinado imóvel. Isso pode ocorrer mediante
a instituição de um título de propriedade ou de outro direito real. Note-se que a
posse é situação de fato com proteções jurídicas em menor grau do que as
existentes para os direitos reais.

Regulamentada pela Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017.

68
R) ASSISTÊNCIA TÉCNICA E JURÍDICA GRATUITA PARA AS
COMUNIDADES E GRUPOS SOCIAIS MENOS FAVORECIDOS
A Lei de Assistência Técnica para Habitação de
Interesse Social (Lei Federal nº 11.888/2008) garante
o direito para as famílias de baixa renda (até 3
salários mínimos) à assistência técnica pública e
gratuita para a elaboração de projetos, construção,
reforma, ampliação e regularização fundiária das
habitações, como parte integrante do direito social à
moradia previsto na Constituição Federal.

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S) REFERENDO POPULAR E PLEBISCITO

Plebiscito e referendo são consultas ao povo para decidir sobre matéria de


relevância para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou
administrativa.

A principal distinção entre eles é a de que o plebiscito é convocado previamente à


criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta, e o
referendo é convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a
proposta.

Ambos estão previstos no art. 14 da Constituição Federal e regulamentados pela


Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998.

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S) LEGITIMAÇÃO DE POSSE

A legitimação de posse é o ato do Poder Público destinado a conferir título, por


meio do qual fica reconhecida a posse do imóvel particular, objeto de qualquer
modalidade de Reurb, por seus ocupantes, com identificação do tempo da
ocupação e da natureza da posse, conversível em aquisição de direito real de
propriedade na forma da lei. Este título emitido pelo órgão municipal, qual seja a
legitimação de posse, por óbvio e porque a própria denominação — posse —
induz, não gera direito real de propriedade como ocorre na mencionada
legitimação fundiária. Ou seja, visa apenas comprovar a posse do ocupante, onde
deverá constar a natureza e o tempo que este a exerce.

72
POSSE X PROPRIEDADE
• Ex. O Locatário tem a posse física do bem que
aluga, ou seja, ele paga o aluguel para morar no
bem. Já o Locador tem a propriedade do bem
imóvel, que em outras palavras isso quer dizer
que ele é dono do bem, podendo ceder ou não
a posse do mesmo a alguém queira alugá-lo.

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ART. 4 - ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)

É utilizado para um projeto específico que será implantado em determinada área


ou meio. É um estudo interdisciplinar prévio - instrumento de planejamento -
que fornece embasamento para tomada de decisões políticas na implantação,
operação ou encerramento de uma obra. São considerados os segmentos básicos
do meio ambiente (meios físico, biológico e socioeconômico), nas seguintes
etapas: Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, Avaliação de
impacto ambiental (AIA), Medidas mitigadoras e Programa de monitoramento dos
impactos. O EIA é focado no meio ambiente e nas atividades com potencial para
impactar o estado atual da região.

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ART. 36 - ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA (EIV)

É um estudo prévio exigido para aprovação da construção, ampliação e instalação de


empreendimentos que causam impactos na região onde serão implantados, geralmente,
buscando conformidade com o plano diretor da cidade. Da mesma forma como no Estudo
de Impacto Ambiental (EIA), para obter a aprovação do projeto, o empreendedor tem que
propor medidas para mitigar os impactos negativos que serão causados. Dentro dos
principais escopos estão: a análise dos impactos no trânsito, no adensamento populacional,
demandas por serviços, equipamentos e infraestrutura, geração de tráfego (avaliação das
interferências causadas pelo tamanho do empreendimento em ruas e locais públicos), na
ventilação, paisagem urbana, segurança, recursos naturais, patrimônio histórico e cultural
na vizinhança, geração de poluição ambiental, sonora e vibração e riscos à segurança.

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ART. 4 – RELATÓRIO DE IMPACTO DE TRÁFEGO
É exigido para empreendimentos classificados como Polos Geradores de Tráfego. Tem como
objetivo fornecer dados para análise dos impactos viários que podem acontecer na
implantação de empreendimentos e estabelece medidas mitigadoras ou compensatórias, a
fim de garantir a qualidade na mobilidade urbana da região. O estudo contendo a
documentação e os dados do empreendimento serão levados ao órgão regulamentador de
tráfego, que fará uma análise, podendo exigir a entrega de informações adicionais, ou
mesmo, solicitar a alteração do projeto. Tendo o RIT em mãos, o órgão regulador do
trânsito irá apontar, em um parecer técnico, quais as obras e os melhoramentos públicos
que serão executados afim de mitigar os impactos causados pelo Polo Gerador de Tráfego.

76
OBRIGADA!
Profa. Rafaela Pavanelli Chaves

77
REFERÊNCIAS
Estatuto da Cidade: Lei no 10.257, de 10 de julho de
2001.<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_20
01/l10257.htm#:~:text=Para%20todos%20os%20efeitos
%2C%20esta,bem%20como%20do%20equil%C3%ADbr
io%20ambiental.>

Programa Cidades Sustentáveis:


https://www.cidadessustentaveis.org.br/institucional/pla
nejamento-integrado_estatuto-da-cidade

Plano Diretor de São Paulo.

1/7/20XX 78

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