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Sistemas de Transportes
Componentes de um Sistema de
Transportes
Sociedade e a importância dos transportes

Bloco 1
Leonardo Hotta
Sociedade e transportes

Figura 1 – Meios de transportes

Você já pensou quanto tempo gasta


ou gastava no deslocamento de sua
residência ao local de trabalho?
Se você gasta uma hora
para ir e uma hora para
voltar, terá passado 20 dias
inteiros em deslocamentos
ao trabalho por ano.
Fonte: BeyondImages/ iStock.com.
Como o transporte afeta nosso
cotidiano, nossa cidade ou nosso
país?
Sociedade e transportes

Figura 2 – Transporte urbano

O que é transporte?
É o movimento de
pessoas e bens para
atender às
necessidades básicas
da sociedade que
demandam
mobilidade e
Fonte: chombosan/ iStock.com.
acessibilidade (HOEL,
GARBER, SADEK,
2011, p. 1).
Sociedade e transportes
Aspectos históricos do transporte:
Até a primeira metade de século XX: ausência de tecnologia adequada →
deslocamento restrito.
A partir da segunda metade do século XX: oferta de meios de transporte → falta de
racionalidade na ocupação do espaço.

Figura 3 – Vila de Saltaire, Inglaterra Figura 4 – Movimentos pendulares

Fonte: Duncan1890/ iStock.com. Fonte: Grafissimo/ iStock.com.


Mobilidade brasileira

Quadro 1 – Viagens anuais e índice de mortes por modo de transporte

Viagens anuais
Índice de mortes /
Modo
Bilhões % 100.000 habitantes

Ônibus. 16,1 24,0 0,1

Trilhos. 2,7 4,0 N/D

Auto. 17,3 25,8 4,6

Moto. 3,0 4,5 6,9

Bicicleta. 1,7 2,5 0,9

A pé. 26,3 39,2 4,7

Fonte: ANTP (2018).


Mobilidade brasileira

Quadro 2 – Características das viagens em função do tipo de transporte


Distância Emissão de
% Viagens Tempo médio
Tipo diária poluentes por Custos anuais
anuais de viagem
percorrida viagem
Transporte
28,0% 5,3 km 44 min 498 g R$ 23,1 bi
Coletivo (TC).

Transporte
30,3% 3,8 km 23 min 1069 g R$ 136,3 bi
Individual (TI).

Transporte
41,7% 1,0 km 19,0 min N/A N/A
Ativo (TA).

Fonte: ANTP (2018).


Mobilidade brasileira
Figura 5 – Ciclo vicioso da perda de competividade do transporte urbano

• Aumento de preços dos insumos TPU.


• Incentivo ao transporte individual.
• Aumento gratuidades.

• Perda de demanda. • Queda de • Desequilíbrio


• Redução de receita. produtividade e econômico-financeiro.
• Aumento de custo/pas. rentabilidade. • Aumento tarifa TPU.

• Perda de qualidade e competitividade TPU.


• Aumento do transporte individual.

• Mais congestionamentos, poluição,


acidentes e desigualdades urbanas.

Fonte: adaptado de Vasconcellos, Carvalho e Pereira (2011. p. 25).


Engenharia de Transportes e Engenharia de Tráfego

• A Engenharia de Transportes foi regulamentada pelo CONFEA.


• A Engenharia de Tráfego foi definida pelo CONTRAN.
• Não são sinônimos: a Engenharia de Tráfego é parte da Engenharia de
Transportes.
Quadro 3 – Engenharia de Transportes Quadro 4 – Engenharia de Tráfego
Meio Atividades Atividades Disciplinas Locais
Rodoviário.
Sistemas de Desenho
Ferroviário. Vias e rodovias.
transportes. Estudo. geométrico.
Aeroviário. Redes.
Tráfego. Definição. Segurança.
Hidroviário. Terrenos
Logística. Planejamento. Operações de
Dutoviário. adjacentes.
Operação. trânsito.
Não motorizado.
Mobilidade. Integração com modos e tipos de transporte.
Geomática aplicada a transportes.
Fonte: elaborado pelo autor. Fonte: elaborado pelo autor.
Plano Nacional de Mobilidade Urbana (2012)
Objetivo:
Melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e
cargas, por meio da integração entre os diferentes
modos de transporte.
Plano de Mobilidade Urbana é obrigatório para municípios:
• Com mais de 20.000 habitantes.
• Ou integrantes de regiões metropolitanas ou de
interesse turístico.
Deve ser integrado ao Plano Diretor do município.
Componentes de um sistema de
transportes
Organização e meio de transportes

Bloco 2
Leonardo Hotta
Organização dos sistemas de transporte
Componentes:
• Elementos físicos: vias, terminais e equipamentos de
controle, programação e sistema de comunicação.
• Recursos humanos.
• Normas operacionais.
Entidades:
• Públicas.
• Privadas.
Esferas:
• Federal.
• Estadual.
• Municipal.
• Internacional.
Organização do meio rodoviário

Meio mais utilizado, no Brasil, para transporte de passageiros e


cargas.
Infraestrutura:
• Vias: ruas, avenidas, estradas, rodovias, ciclovias, vias internas
aos empreendimento.
• Terminais: terminais, estações, estacionamentos, pontos de
ônibus.
• Equipamentos: sinalização, tabelas de horários, sistemas de
informação aos usuários.
• Veículos: bicicletas, motocicletas, automóveis, vans, ônibus,
caminhões, caminhões articulados, carroças, tratores.
Organização do meio rodoviário
Recursos humanos:
• Empregadores: entidades públicas e privadas,
autônomos, cooperativas.
• Regulamentação: órgãos públicos, sindicatos, associações.

Normas operacionais:
• DNIT, DENATRAN, DETRAN, DER, ABNT, ministérios
federais, secretarias estaduais e municipais, autarquias
nos três níveis, órgãos reguladores internacionais.
• Em casos de vias internas (condomínios, pátios etc.), a
regulação é do proprietário.
Organização do meio ferroviário Figura 7 – Estação da Luz (SP)

Meio mais indicado para transporte em massa de passageiros e


competitivo para transporte de cargas de baixo valor agregado
(produtos agrícolas e minerais comuns) a longas distâncias.

Figura 6 – Via permanente


Fonte: FernandoPodolski/ iStock.com.

Infraestrutura
• Vias: via permanente (trilhos,
dormentes, lastro, fixadores etc.).
• Terminais: terminais e estações.
Fonte: Luciano_Marques/ iStock.com.

• Equipamentos: sinalização, tabelas de horários, sistemas de


informação aos usuários.
• Veículos: trem (locomotiva + vagões de carga e/ou carros de
passageiros), metrô, monotrilho, veículos leves sobre trilhos.
Organização do meio ferroviário
Recursos humanos:
• Empregadores: entidades públicas e privadas.
• Regulamentação: órgãos públicos, sindicatos, associações.

Normas operacionais:
Figura 8 – Trabalhadores em ferrovia
• DNIT, CBTU, ministérios
federais, secretarias
estaduais e municipais,
autarquias nos três
níveis, órgãos
reguladores
internacionais. Fonte: MiguelMalo/ iStock.com.
Organização do meio aeroviário Figura 9 – Rotas aéreas

Meio mais rápido e dispendioso para transporte de pessoas e


cargas.
Infraestrutura:
• Vias: aerovia.
Fonte: DKosig/ iStock.com.
• Terminais: aeroportos, aeródromos, campos de pouso,
helipontos.
• Equipamentos: sinalização, torres de controle, centros de
controle aéreo.
• Veículos: aviões e helicópteros.
Organização do meio aeroviário Figura 10 – Torre de controle

Recursos humanos:
• Empregadores: entidades públicas e privadas,
autônomos.
• Regulamentação: órgãos públicos, sindicatos, Fonte: Matheus Obst/ iStock.com.

associações.

Normas operacionais:
• DAC, DECEA, ANAC, Infraero, Aeronáutica,
ministérios federais, secretarias estaduais, OACI,
IATA.
Organização do meio aquaviário ou hidroviário Figura 11 – Navegação hidroviária

Meio mais utilizado para transporte internacional de cargas,


mas também utilizado para transporte de passageiros. Em
muitos casos, é a única forma de transporte disponível no
Brasil, principalmente, na região amazônica. Fonte: Marina113/ iStock.com.

Infraestrutura:
• Vias: rios, mares, lagos e lagoas, oceanos, hidrovias,
canais.
• Terminais: portos, terminais, docas, marinas.
• Equipamentos: sinalização e centros de controle.
• Veículos: navios, barcos, barcaças, balsas, rebocadores,
chatas, empurradores.
Organização do meio aquaviário ou hidroviário Figura 12 – Autoridade portuária

Recursos humanos:
• Empregadores: entidades públicas e privadas,
autônomos, cooperativas.
• Regulamentação: órgãos públicos, sindicatos, Fonte: Stasys Kudarauskas/ iStock.com.

associações.

Normas operacionais:
• Capitania dos Portos, Marinha, ministérios federais,
secretarias estaduais, autarquias federais e estaduais,
ONU (Convenção para o mar), OMI.
Componentes de um sistema de
transportes
Rede de transporte: hierarquia e
classificação de vias

Bloco 3
Leonardo Hotta
Rede de transporte Figura 13 – Rede de transporte urbano

Rede: composta de links (arcos) e


nós.
Rede de transporte: os links
representam as vias que conectam
os terminais/estações ou lotes
lindeiros (nós). Fonte: d1sk/iStock.com.

• Urbano: ruas e avenidas Figura 14 – Rede rodoviária do Recôncavo


Baiano
ligando edificações e locais
de interesse.
• Rural: estradas e rodovias
ligando cidades, terminais,
portos etc.

Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 5 fev. 2021.
Características da via

Mobilidade: fornece deslocamento entre diferentes regiões.


Acessibilidade: permite a entrada e saída ao longo da via.
Mobilidade versus acessibilidade: inversamente proporcionais.

Figura 15 – Via expressa Figura 16 – Vias locais

Fonte: metamorworks/ iStock.com. Fonte: kev303/ iStock.com.


Rede de transporte urbano
• Sistema arterial principal. • Sistema coletor.
• Sistema arterial secundário. • Sistema local.
Figura 17 – Hierarquia funcional das vias urbanas

Fonte: Manual de Projeto Geométrico de Travessias


Urbanas (2010, p. 44).
Rede de transporte urbano
Quadro 5 – Características funcionais das vias urbanas
Sistema Subdivisão Controle de acesso Interseções
Expressas
Total. Desnível.
primárias.
Expressas Desnível/
Quase total.
Arterial principal. secundárias. semaforizados.
Desnível/
Arteriais primárias. Parcial. semaforizados/ em
nível.
Arterial Semaforizados /
Limitado.
secundário. em nível.
Semaforizados/
Coletor. Baixo.
em nível.
Local. Nenhum. Em nível.

Fonte: elaborado pelo autor.


Rede de transporte rural
Figura 17 – Mapa rodoviário do estado de Ceará
• Sistema arterial:
 Principal.
 Primário.
 Secundário.
• Sistema coletor:
 Primário.
 Secundário.
• Sistema local.
Fonte: Rainer Lesniewski/ iStock.com.
Rede de transporte rural
Quadro 6 – Classificação funcional das vias rurais
Velocidade de
Sistema Subdivisão Função
operação
Conectar cidades com mais de 150
Principal. 60 a 120 km/h.
mil habitantes e capitais.
Conectar cidades com mais de 50
Arterial. Primário. 50 a 100 km/h.
mil habitantes.
Conectar cidades com mais de dez
Secundário. 40 a 80 km/h.
mil habitantes.
Conectar cidades com mais de
Primário. 30 a 70 km/h.
cino mil habitantes.
Coletor.
Conectar cidades com mais de
Secundário. 30 a 60 km/h.
dois mil habitantes .

Local. Conectar pequenas localidades. 20 a 50 km/h.

Fonte: elaborado pelo autor.


Teoria em Prática
Bloco 4
Leonardo Hotta
Reflita sobre a seguinte situação
• Durante um dia ou uma semana, você faz vários deslocamentos: da
residência ao local de trabalho, do local de trabalho a um
restaurante para almoçar, para uma instituição de ensino, para
utilizar um serviço público como um posto de saúde, para ir ao
mercado fazer compras ou desfrutar de um momento de lazer.
• Pense nesses deslocamentos e elenque três problemas
relacionados a Engenharia de Tráfego. Podem ser as dificuldades
relacionadas aos seus deslocamentos por meios ativos (a pé ou
bicicleta), de transporte individual motorizado (motocicleta ou
automóvel) ou pelo transporte coletivo (ônibus municipal,
intermunicipal, fretado, van, lotação).
• Elenque as respectivas soluções que a Engenharia de Tráfego
poderia oferecer para esses problemas.
Norte para a resolução...

Geometria, segurança,
Engenharia Vias urbanas, rodovias e lotes
Estudo fluidez e operação do Aplicado
de Tráfego. lindeiros.
trânsito.

Deslocamento Não considerar

• A pé. • Transporte sobre As soluções devem


• Bicicleta. trilhos (metrô, trem, respeitar a
• Motocicleta. monotrilho e VLT). atribuição dessa
• Automóvel. disciplina, que é
Pode considerar limitadas para
• Van. soluções em nível
• Ônibus. • Tratamento ao
deslocamento no tático ou
• Interferência com operacional,
entorno das
transporte de cargas evitando, por
estações.
por caminhão. exemplo, a mudança
de meios.
Dica do Professor
Bloco 5
Leonardo Hotta
Documentários
Dois documentários que abordam o cotidiano de pessoas comuns
relacionado ao transporte de passageiros e de cargas:
• PERRENGUE - O desafio da mobilidade em São Paulo. Direção de
Murilo Azevedo. Roteiro: Murilo Azevedo. São Paulo, 2013.
• PARA Além da Curva da Estrada. Direção de Guilherme Azevedo.
Roteiro: Guilherme Azevedo, [s.l.], 2017.
Referências
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICO. Sistema de Informações da
Mobilidade Urbana da Associação Nacional de Transportes Públicos SIMOB/
ANTP - Relatório geral 2018. São Paulo, 2020. Disponível em:
http://files.antp.org.br/simob/sistema-de-informacoes-da-mobilidade--simob--
2018.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Departamento Nacional de Estradas de
Rodagem. Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico. Manual de projeto
geométrico de rodovias rurais 1999. Rio de Janeiro, 1999. Disponível em:
https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-
de-manuais/vigentes/706_manual_de_projeto_geometrico.pdf. Acesso em: 8 fev.
2021.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes. Diretoria Geral. Diretoria Executiva. Instituto de Pesquisas
Rodoviárias. Manual de projeto geométrico de travessias urbanas 2010 -
Publicação IPR 740, 2010. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:
https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-
de-manuais/vigentes/740_manual_projetos_geometricos_travessias_urbanas.pdf.
Acesso em: 8 fev. 2021.
Referências
HOEL, L. A.; GARBER, N. J.; SADEK, A. W. Engenharia de infraestrutura de
transportes: uma integração multimodal. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
VASCONCELLOS, E. A. de; CARVALHO, C. H. R. de; PEREIRA, R. H. M. Transporte e
mobilidade urbana. Textos Para Discussão Cepal - Ipea, v. 34, p. 21-27. Anual.
Brasília, 2011.
Bons estudos!

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