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Trabalho Sobre Ética e Guerra
Trabalho Sobre Ética e Guerra
Colégio Zerohum
Aluna: Lívia Bonifácio Pimentel
Professor: Juan Acácio
9ºANO
1. Como os conflitos bélicos podem contribuir para pensar a ética?
A ética é um ramo da filosofia que estuda a conduta humana responsável e, por
isso, imputável pelo resultado de nossos atos. De acordo com Orts e Martinez (2009), a
ética é um tipo de saber normativo, ou seja, um saber que pretende orientar as ações dos
seres humanos. Embora a moral também se proponha a oferecer orientações para as
ações, a ética trata da essência das ações e a moral seria a conduta prática assumida
através da escolha ética. Sendo assim, a ética precede a moral e lhe serve de bússola,
indicando o caminho a seguir.
Outra definição de ética é dada por Abbagnano (2000), que explica que a ética
estuda “os motivos ou causas da conduta humana, ou as ‘forças’ que a determinam,
pretendendo ater-se ao conhecimento dos fatos”, sendo que há a busca por orientar-se
pela noção de fazer o bem. No entanto, o autor enfatiza que “o bem” pode significar ou
o que é (pelo fato de que é) ou o que é objeto de desejo, de aspiração etc.
Portanto, sendo a guerra um ato político responsável pela destruição de cidades,
de países e por mortes violentas, podemos dizer que é válida a discussão sobre se há
limites que devem ser observados durante conflitos bélicos ou mesmo se seria adequado
considerarmos a guerra como uma opção aceitável para a resolução de divergências.
Judia nascida em Linden, no reino da Prússia, atual Alemanha, Arendt foi uma das
teóricas políticas mais influentes do século XX. Ingressou na universidade de Marburg
em 1924, onde estudou filosofia com Nicolai Hartmann e Martin Heidegger, além de
línguas clássicas e literatura alemã com Rudolf Bultmann. Em 1925, estudou durante
um semestre na Universidade de Freiburg, onde foi aluna de Edmond Husserl.
Transferiu-se para a Universidade de Heidelberg em 1926, vindo a concluir o curso em
1929, tendo Karl Jaspers como orientador.
Em 1933, foi aprisionada pelo regime nazista por realizar pesquisas sobre
antissemitismo. Depois de ser libertada, fugiu para a Suíça e depois para a França, onde
trabalhou para a Youth Aliyah, ajudando jovens judeus a fugirem para o Mandato
Britânico da Palestina. Teve sua cidadania cassada pelo governo nazista alemão em
1937. Em 1941, imigrou para os Estados Unidos, onde obteve cidadania em 1950.
Em sua obra Sobre a Violência, Arendt (2001) argumentou que o
desenvolvimento técnico das armas violentas, em especial com a criação da bomba
atômica, levou a guerra a um novo patamar, no qual nenhum objetivo político poderia
corresponder ao potencial de destruição. A partir da Segunda Guerra Mundial, qualquer
conflito armado entre as nações mais poderosas poderia levar ao extermínio de toda a
humanidade e isso estaria próximo de tornar as guerras obsoletas. De acordo com a
filósofa, a única razão pela qual a ameaça da guerra permanece entre nós é que a
política ainda não encontrou um substituto à altura para atuar como árbitro em situações
extremas, nas quais a diplomacia falhou.
Em Origens do Totalitarismo, obra publicada em 1951, Arendt (1989) abordou a
questão da violência e o estado de guerra que é imposto pelos regimes totalitários, tanto
de orientação política de direita quanto de esquerda, representados no livro
respectivamente pelo nazismo e pelo socialismo stalinista. A filósofa enxergou no
imperialismo europeu as origens de males como o racismo e o parasitismo político, sem
os quais ela acredita que não teriam surgido os precedentes que permitiram a existência
dos campos de extermínio nazistas, fábricas da morte completamente desprovidas de
piedade e de qualquer senso de humanidade.
Para Arendt, o totalitarismo é o estágio político mais destrutivo a que uma nação
pode chegar, pois o Estado totalitário precisa adotar uma postura de guerra permanente
contra sua própria população. Afinal, a sobrevivência do totalitarismo depende da
aplicação do terror. No pensamento totalitário, a finalidade do terror seria a “fabricação
da humanidade”, “indivíduos seriam eliminados pelo bem da espécie, sacrificam-se as
partes em benefício do todo” (ARENDT, 2013, p.395).
Referências:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes. 2000.
ARENDT, Hannah. Eichmman em Jerusalém. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
ORTS, Adela C.; MARTINEZ, Emílio. Ética. 2.ed. São Paulo: Loyola, 2009.