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Aula 02 - SILVA, Antônio Hélio. Arbitragem, Mediação e Conciliação
Aula 02 - SILVA, Antônio Hélio. Arbitragem, Mediação e Conciliação
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Eduardo de Oliveira Leite e outros
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For-
Sumário: 1. Introdução. 2. Conflito naturalidade do ser social. 3.
de
ma tradicional de resolução de conflitos. 4. Formas alternativas de resolução
conflitos. 5. Arbitragem. 6. Mediação. 7. Conciliação. 8. Negociação. 9. Fun-
damento social do ensino jurídico e necessidade de novas förmulas de pacifi-
outras iniciativas bem sucedidas.
cação social. 10. Juizados de conciliação e
11. Síntese. 12. Conclusão. 13. Bibliografia.
1. Introdução
seja dom dos deuses, seja criação dos homens, o direito tem como explica-
social.
ção e objetivo o cquilibrio, a harmonia
Estivesse o homem sozinho no mundo, como seu primeiro habitante
conflitos de interesses.
Ocorre que nos dias atuais, tem se intensificado as criticas à justi-
crescente movimento de
fortalecimento da
a estatal, apontando para um
Costumo dizer que onde está o homem está o conflito; pois mesmo
sozinho, tem seus conflitos interiores. Se um ser humano se aproxima de
outro surge a possibilidade de conflito entre eles, o que muitas vezes acon-
tece.
ção do conflito, ainda não são totalmente vistas com bons olhos em nosso
Antonio Hélio Silva
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é extremamente
cultura, de herança positivista,
meio. E isso porque a nossa
apegada ao formalismo.
reclamam do que chamam de buro-
Assim, as mesmas pessoas que
serviços, insistem em não
qual emperra a prestação de muitos
cracia, e mais informais do
a
alternativas mais simples
aceitar e não acreditar em simplicidade.
sabedoria está na
forma tradicional. Acredito que
a
que a
5. Arbitragem
alternativa a ser abordada é arbitragem, discipli-
a
A primeira forma discussão jurídica, foi conside-
nada pela Lei n° 9.307/96, que, após longa
rada constitucional pelo STF. tradicional. A principal
assemelha à forma
Aarbitragem em muito se decisão é tomada
comum é que, em ambas as formas, a
caracteristica em
pessoas envolvidas
no litigio.
por terceiros e não pelas próprias
também é imposta. Há um processo que
Na arbitragem, a decisão
da m e s m a forma que o processo
também se caracteriza pela disputa onde,
ao final um vencido e um
atacam e defendem, saindo
partes
Judicial, as
vencedor.
caracterizada por ser de acesso restrito,
Além disso, a arbitragem é
destinando da população0, uma vez que envolve
à parcela carente
não se
n ão
podem torná-la ainda mais elitista que a forma tradicional,
gastos que
das desigualdades sociais.
contribuindo, conseqüentemente, para redução
da arbitragem é que a solução
No entanto, a vantagem que se espera
seja alcançada mais rapidamente. ao Judiciário é que na
arbitra-
A sua maior diferença em relação
tem-se como regra que a decisão
não compete ao Estado, mas sim a
gem
terceiro(s) escolhido(s) pelas próprias partes.
Os primeiros artigos da Lei de Arbitragem abordam três questões:
A convenção de
arbitragem, que é a forma de se submeter os litigios
à arbitragem, compreende a cláusula
arbitral. compromissória e o compromisso
A cláusula
compromissória é a convenção através da qual as partes
Comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a sur-
gir em decorrència de determinado contrato. É feita
antes do conflito ocor-
rer, como previsão contratual referente à forma de
se dirimir controvérsias,
caso ocorram. E autönoma em relação ao contrato
(a nulidade do contrato
não implica a sua nulidade) e deve ser estipulada
por escrito (art. 4°, S 1).
Já o compromisso arbitral é a
convenção pela qual as
tem um litigio å arbitragem, ocorrendo, portanto, após o conflito subrme
efetiva-
partes
mente surgir. Pode ser judicial (por termo nos autos do juízo onde corre
determinada demanda) ou extrajudicial (celebrada por documento poblico,
ou por documento particular assinado por duas testemunhas).
Havendo cláusula compromissória, a resistência quanto à instituiçao
da arbitragem (via compromisso arbitral) pode ser dirimida via judicial, e
a sentença, caso procedente, valerá como compromisso arbitral.
A escolha dos árbitros pelas partes se dá na forma do art. 13 da lei res
pectiva, podendo recair em qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança
das partes. E dever do árbitro proceder com imparcialidade, independên-
cia, competência e discrição.
A lei também trata dos casos de impedimento e suspeição aplicando-
se, no que couber, o disposto no Código de Processo Civil.
Para efeito da legislação penal, os árbitros ficam equiparados a fun-
cionários públicos no exercício de suas funções e/ou em razão delas, e
a
6. Mediaçãão
Outra forma alternativa de solução de conflitos utilizada atualmente
em nosso país é a mediação, cujasolução tem natureza jurídica de um con-
trato, pois sempre baseada na manifestação da vontade das partes, criando,
7. Conciliação
8. Negociação
Direito também nâão o deve ser, pois lida com a formação de profissionais
sociedade.
tal, desempenham importante papel
na
que, como
o profissional do Direito deve
Qualquer que seja a årea em que atue,
com a construção de uma socie-
ter em mente sua responsabilidade para
Antônio Hélio Silva
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nos valores
melhor, mais livre, justa e solidária, pautando-se
sempre
dade
ordenamento jurídico,
eticos morais fundamenta todo o nosso
e em que se
controvérsias, que se configura como
dentre os quais solução pacifica de
a
Di-
sociedade e, emdos profissionais do
especial,
compromisso de toda a
reito.
deve ser sólida e firme. A
transformação do mundo
base,
A portanto,
através de sua formação, daí a im-
decorre da transformação das pessoas,
portância de uma boa formaçã o.
suficiente um conhecimento baseado
No atual contexto, não é mais intelectualismo
meramente num tecnicismo distante
da realidade, ou num
sim uma ciência humana,
insensível, pois o direito não é mera técnica,
mas
ciliação?
As Faculdades de Direito não podem continuar a ensinar aos profis-
sionais do Direito, que apenas a ação social pode solucionar conflitos, con-
siderando que o processo judicial é uma guerra, onde os acadêmicos apren-
dem, tão-somente, atacar e defender, saindo vencido(s) e vencedor(es) e,
portanto, haverá, no minimo, um descontente com a decisão judicial, que
pode, também, desagradar a todos os envolvidos no processo, perpetuando,
assim, o conflito e não trazendo a paz social.
Arbitragem, Mediação e Conciliação 9
advogado:.
VI- estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a
instauração de litígios".
30 Antônio Hélio Silva
O Juizado de Conciliação é o
espaço onde isso se torna possivel, uma
vez que o conciliador, neutralizando as emoções, propiciao verdadeiro dia-
logo, expondo as razðes da conveniência e oportunidade para o acord0, Sem
interferir na decisão dos interessados, com a
Além disso,
qual
todos saem ganhando.
conciliação se destaca por valorizar a potencialidade
a
das pessoas, devolvendo-lhes não somente o poder de decidir suas próprias
questões, mas também a própria honra, dignidade e liberdade, que muitas
vezes julgam perdidas.
A iniciativa dos Juizados de
Conciliação (Resolução n° 460/2005),
do TJMG tem cumprido e continuará
cumprindo um pedaço signiicativo
da missão de solidariedade que compete a todos nós, bem como de que a
nossa mobilização conjunta, embora ainda esteja longe de representar uma
solução para todas as mazelas de nossa sociedade, conseguirá modificar as
estatísticas de confiitos e melhorar nossos indicadores sociais.
Outra iniciativa do TJMG foi a implantação das Centrais de Conc-
liação, por meio da Resoução n° 407/2003, do TIMG. Trata-se de uma
prática de gestão pioneira que tem obtido resultados significativos na quase
totalidade das comarcas onde foram implementadas. O objetivo é agilizar a
resolução de litigios referentes a feitos de família e outros processos cíveis
já ajuizados, mediante a realização de audiências prévias de conciliação
entre as partes, como auxiílio de estagiários de Direito ou Psicologia pre-
parados para este fim.
Obtendo-se o acordo na audiência, os autos são encaminhados para o
Ministério Público, se necessário, e após o seu retorno o acordo é homolo
gado pelo juiz, sendo imediatamente encerrado o processo.
Desse modo, as Centrais dão resposta rápida às demandas das par-
tes, com redução do tempo de tramitação processual, reduzindo também o
aumento do acervo processual e, o que é mais importante, solucionandoo
litígio de maneira pacífica, pois para o acordo houve a livre participação
das partes, o que aumenta a paz social, tanto que nos processos em que são
realizados acordos, menor é o indice de desarquivamento com pedido de
mudança da decisão acordada nos feitos de família ou para execução do
acordo.
um melhor
relacionamento justiça,
-
entre as partes, o
que gera
cortes e amistoso ao causando um desenrolar mais
procedimento, sem pressões externas e com
mais satisfatórios para ambas as
partes. resultados
Por vezes,
simples a
bilizando a realização de divulgação de determinados fatos acaba invia
acordos, quando não terminam
retamente a estrutura das
pessoas envolvidas, prejudicando di-
acabam se tornando públicos numa vez que
pontos estratégicos
O custo, como já dito, é um disputa judicial.
diferencial marcante, também
tempo economizado é dinheiro poupado. porque
Baseado nessa premissa tem-se os
solução de procedimentos alternativos para
controvérsias, como métodos para por fima
prazo possível, com a celeridade necessária a se evitar questões menor
no
Judiciário e
diretivos do Poder
Acredito, entretanto, que se os órgãos
uma estrutura téc-
dos outros Poderes abraçarem esta idéia, forçosamente
dê.
implantação efetivamente
se
a
nica e gerencial se criará para que simplicidade, pois nela
reafirmo que ACREDITO
na
Por tudo isso,
ACREDITO na conciliação.
esta a sabedoria e por isso de
o forte propósito
com-
tem ela
ACREDITO na conciliação porque
forma extrajudicial na tentativa
bater os processuais, vez que é
obstáculos
estatal e a
insuficiência do equipamento
de minimizar as conseqüências da convencionais de
material de multiplicação dos esquemas
impossibilidade
realização jurisdicional. fim de se alcançar
ACREDITO ser possível
harmonizar as pessoas a
E continua:
13. Bibliografia