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Razões da Queda Prematura de Frutos

As espécies vegetais cultivadas exigem condições específicas de clima, suprimento de água e nutrientes,
em quantidade e distribuição adequada, para desenvolverem-se e atingirem máxima produção.

Na cultura do coqueiro variedade anã, a exigência é intensificada, já que a planta produz continuamente,
durante todo o ano. Caso essas condições sejam adequadas, o coqueiro emite uma nova folha a cada 17-
30 dias, dependendo das condições climáticas, e junto a ela uma inflorescência.

A diferenciação das flores femininas ocorre no palmito e a sua emissão ocorre em torno de doze meses,
quando esta se abre e é polinizada, ocorrendo o pegamento. O fruto desenvolve-se e é colhido
aproximadamente seis meses após a abertura da espata. A conseqüência do padrão de desenvolvimento
da inflorescência em uma planta de coqueiro anão será a reação imediata ao não atendimento das
exigências de clima, água e nutrientes e uma redução na produtividade, uma vez que haverá uma queda
prematura de frutos, os quais a planta não será capaz de manter até o ponto de colheita.

Outro fator importante relacionado também à queda de frutos prematuros é o ataque de insetos e pragas,
devido a um inadequado manejo de controle fitossanitário.

Na cultura do coqueiro, um dos baixos índices de produtividade é devido à elevada queda prematura de
frutos. É comum ocorrer na cultura a queda, de até 75 % dos frutos jovens da emergência da espádice e
até algumas semanas após a polinização.

A queda de frutos na cultura do coqueiro anão verde deve-se à associação de uma série de fatores.
Destacam-se entre esses, os relacionados a seguir:

Fatores fisiológicos

No coqueiro anão, as flores masculinas e femininas amadurecem aproximadamente ao mesmo tempo,


ocorrendo normalmente autofecundação. No entanto, entre os ecotipos do coqueiro anão, o nível de
autofecundação é variável e ocorre de acordo com o ecotipo considerado. Sendo assim, alguns frutos
caem por falhas de polinização, sendo atribuídas a causas fisiológicas, que determinam uma queda
normal, comparável àquela das árvores frutíferas em geral.

Muito pouca queda ocorre em seguida a esse período inicial, a não ser que as condições sejam
extremamente desfavoráveis. A queda natural de frutos na cultura (autoraleamento), geralmente ocorre
em duas situações:

•  A primeira acontece depois do início do crescimento do fruto e se deve provavelmente a competição por
assimilados;

•  A segunda, ocorre quando o fruto está em expansão e a planta não consegue produzir assimilados
suficientemente para atender a expansão dos frutos.

Fatores nutricionais

A condição nutricional da cultura do coqueiro é extremamente importante à produção. A quantidade de


nutrientes extraídos pela cultura poderá atingir valores elevados, considerando-se que a produtividade
pode situar-se entre 150 a 200 frutos/planta/ano a partir do 3º ano de produção (5º ano de cultivo).
Esta, estando em deficiência ocasiona considerável queda dos frutos e baixa produtividade, já que o
pegamento dos frutos determinam o tamanho da safra. Verifica-se também que o índice de pegamento de
frutos diminui após uma safra abundante, como conseqüência de condição nutricional exaurida.

Para manter uma produção constante, evitando a queda prematura de frutos devido essas condições,
deve-se realizar além da análise química do solo, também a análise foliar, uma vez que existe relação
entre a quantidade de nutrientes nas folhas e a produção da cultura.

A adubação deve ser realizada anualmente, baseada nos resultados das análises de solo associados aos
da análise foliar, para repor ao solo, os nutrientes retirados pela colheita.

Fatores ambientais

O coqueiro é uma palmeira tropical, e seu desenvolvimento é favorável em climas quentes e úmidos, os
quais são encontrados entre as latitudes 20º N e 20º S. A temperatura de 27º C é considerada ótima para
o coqueiro anão, o qual tem seu desenvolvimento prejudicado se as temperaturas mínimas diárias forem
inferiores a 15º C.

Temperaturas maiores que a ótima são toleráveis pela cultura se não houver baixa umidade relativa do ar.

A umidade relativa do ar em torno de 80% é adequada ao desenvolvimento do coqueiro anão. Se a


umidade atmosférica for menor que 60% e estiver associada a ventos quentes e secos, poderá haver
prejuízo no desenvolvimento da cultura, devido a uma alta taxa de transpiração foliar, a qual não poderá
ser compensada pela absorção de água através das raízes. Uma umidade relativa maior que 90%
também pode prejudicar a planta, porque reduz a absorção de nutrientes devido à menor transpiração,
provocando queda prematura de frutos, além de favorecer a propagação de doenças.

A luz é outro fator importante para o bom desenvolvimento da cultura. Considerando-se como ideal uma
insolação anual de 2.000 horas com, no mínimo, 120 horas/mês.

Entretanto, a intensidade dessa luz também é importante. Em dias nublados, as nuvens reduzem a
radiação solar, o que pode interferir negativamente na fotossíntese do coqueiro.

A cultura do coqueiro anão produz continuamente durante todo o ano. E, a partir da polinização os frutos
são colhidos em torno de 6 meses, conclui-se que qualquer estresse, nesse período pode afetar a
produção. Um déficit hídrico prolongado (mais de 03 meses com precipitações abaixo de 50 mm) pode
provocar queda prematura de frutos, daí a importância da irrigação sobre o rendimento da cultura.

Por outro lado, chuvas excessivas também prejudicam a cultura devido à menor insolação, ineficiência de
polinização e aeração do solo , além da maior lixiviação de nutrientes.

Fatores fitossanitários

O coqueiro pode ser atacado, na fase de produção, por diversas pragas e doenças, e este é um dos
fatores importantes para a redução da produtividade da cultura. Os mais importantes estão relacionados
abaixo.

Insetos

Homalinotus coriaceus (Gyllenhal, 1836) (Coleoptero : Curculionidae) ou broca-do-pedúnculo-floral .


A fêmea deposita os ovos no pedúnculo floral, as larvas quando eclodem abrem galerias no pedúnculo,
ocasionando a queda de frutos e às vezes do cacho completo, causa a queda em torno de 50% dos frutos
novos.

Hyalospila ptychis (Dyar., 1919) ( Lepidoptera : Phycitidae) ou traça-dos-cocos-novos .

As lagartas atacam as inflorescências recém-abertas, roendo os carpelos das flores femininas, quando
tenras, perfurando as brácteas e provocando o aborto e queda da flor atacada. Atacam também os cocos
novos, introduzindo-se por baixo das brácteas na base destes, abrindo galerias no mesocarpo e
causando a exsudação da seiva que se solidifica em forma de goma. Os frutos atacados ou caem logo ou
crescem deformados (assimétricos).

Parisoschoenus obesulus (Casey, 1922) (Coleoptero : Curculionidae) ou gorgulho dos frutos e flores.

O inseto se desenvolve no interior das flores femininas e de pequenos frutos, formando inúmeras galerias,
provocando sua queda.

Eriophyes guerreronis Keifer , 1965 (Acari : Eriophyidae) ou ácaro-da-necreose-do-coqueiro .

Nos frutos jovens, atacam os tecidos meristemáticos quando as brácteas se abrem, causando necrose e
sua queda prematura. Nos frutos, que não caem, as lesões necrosadas e suberizadas apresentam
escoriações longitudinais características. O ferimento deixado pelo ácaro permite a penetração do fungo
da antracnose.

Doenças

Queima-das-folhas, Botryosohaeria cocogena (Subileau, 1993),

A doença provoca uma redução foliar de até 50%, como conseqüência os cachos se quebram ou ficam
pendurados e os frutos caem antes de completarem a maturação.

Antracnose ou podridão do fruto, Colletotrichum gloeosporioides Penz .

O ataque é facilitado pelo ferimento deixado pelo ácaro Eriophyes guerreronis .

Apesar da incidência (ocorrência) e da severidade (grau de ataque) de cada inseto/doença variar de


região para região, alguns cuidados devem ser tomados pelos produtores, a fim de minimizar o efeito
desses agentes. Esses cuidados envolvem:

•  a utilização de mudas sadias;

•  a realização de tratos culturais e adubações adequadas e a correta identificação das causas dos
problemas de queda de frutos na cultura, que podem ser, além de fitossanitário, fisiológicos, nutricionais
ou ambientais.

Outro cuidado, a fim de identificar precocemente as possíveis quedas de frutos, é a fiscalização mensal
da cultura, observando rigorosa.
Efeito do Controle Cultural e Químico sobre o Ácaro de Necrose do Coqueiro, em
Coco – Anão Irrigado

JOSÉ ADALBERTO DE ALENCAR 1 , POLIANNA CALINE GRANJA DE ALENCAR 2 , FRANCISCA


NEMAURA PEDROSA HAJI 3 , FLÁVIA RABELO BARBOSA 3

RESUMO - Dentre as pragas que atacam a cultura do coco ( Cocos nucifera ), destaca-se o ácaro da
necrose, Aceria guerreronis . Esta praga danifica os frutos nos primeiros estágios de desenvolvimento,
podendo acarretar perdas parciais ou totais na produção de frutos. Este trabalho teve como objetivo
avaliar o efeito de medida química e cultural no controle de A. guerreronis , visando à utilização dessas
duas medidas em um programa de manejo dessa praga. O trabalho foi realizado em Petrolina-PE, no
período de agosto a dezembro de 1999. Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso, com quatro
tratamentos e quatro repetições, sendo cada repetição composta por duas plantas da variedade coco-
anão verde. O trabalho foi composto pelos seguintes tratamentos:

A ¾ plantas com limpeza e sem tratamento químico;

B ¾ plantas com limpeza e com tratamento químico;

C ¾ plantas sem limpeza e com tratamento químico;

D ¾ plantas sem limpeza e sem tratamento químico (testemunha).

Na limpeza das plantas, retiraram-se todos os frutos danificados pelo ácaro da necrose, repetindo esta
etapa por três vezes. Utilizaram-se os produtos fenpyroxymate , tetradifon e surfactante , em mistura, na
dose de 200 m l, 300 ml e 15 m l, respectivamente, para 100 l de água.

Foram realizadas três pulverizações com intervalos de vinte dias. Os resultados mostraram que a
utilização das medidas cultural e química, de forma individual, apresentou uma eficiência de 26% a 87% e
64% a 89%, respectivamente, no controle do ácaro. No entanto, a associação dessas duas medidas de
controle apresentou um efeito sinérgico com eficiência de 87% a 96%.

Termos para indexação: Coco, Cocos nucifera, Aceria guerreronis .

Introdução

Dentre as pragas que atacam a cultura do coco ( Cocos nucifera ), reduzindo significativamente a
produtividade desta frutífera, destaca-se o ácaro da necrose do coqueiro ( Aceria guerreronis ).

Esta praga danifica os frutos nos primeiros estágios de desenvolvimento, podendo acarretar a queda
prematura dos mesmos ou, muitas vezes, torná-los sem valor comercial, se estes atingirem o ponto de
colheita (Alencar et al., 1999).

Esta praga está presente em praticamente todas as regiões produtoras de coco do mundo, principalmente
nas Américas do Sul e Central e na África Ocidental (Moore & Alexander, 1990).
De acordo com Estrada & Gonzalez, citados por Cabrera & Dominguez (1987), os danos ocasionados por
A. guerreronis em cultivos de coco, em Cuba, alcançaram mais de 80% de frutos danificados, em
algumas regiões. Enquanto Moore et al. (1989) relataram que, na Ilha de St. Lúcia, na América Central, o
ataque de A. guerreronis reduziu a produção de copra do coco em torno de 20 a 30%.

Dentre as medidas de controle utilizadas com maior freqüência, para o ácaro da necrose do coqueiro,
destaca-se o uso de substâncias químicas, como os acaricidas, que apresentam características
específicas para esta praga. Todavia, o controle químico para esse eriofídeo torna-se difícil em função do
hábito da praga em localizar-se sob as brácteas dos frutos, dificultando a penetração do acaricida e
conseqüentemente o contato do produto com a praga.

Segundo Julia et al., citados por Moore & Alexander (1990), o controle químico é possível, mas com uma
freqüência contínua de aplicação, podendo resultar em desenvolvimento de resistência pela praga aos
produtos químicos.

Poucos trabalhos de pesquisa têm sido desenvolvidos no Brasil visando ao controle do ácaro da necrose
do coqueiro, sendo que nenhum trabalho utilizando a associação de diferentes medidas de controle, foi
citado na literatura consultada. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de medidas
química e cultural no controle de A. guerreronis , de forma que o manejo destas duas medidas de controle
possam ser utilizadas de maneira racional e eficiente, viabilizando o custo de produção do coco e
acarretando menor risco para a saúde do homem e menor impacto para o agroecossistema do coqueiro.

Materiais e Métodos

O trabalho foi conduzido no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, município de Petrolina-PE, no
período de agosto a dezembro de 1999.

A variedade utilizada foi coco- anão, ecotipo verde.

O espaçamento entre plantas foi de 7,0m entre fileira e 7,0m entre plantas.

As plantas apresentavam a idade de cinco anos.

Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e quatro repetições, sendo
cada repetição composta por duas plantas.

Em cada planta, foram marcadas três inflorescências, sendo:

•  cacho 1 ¾ inflorescência aberta com frutos apresentando diâmetro de 2,5cm;

•  cacho 2 ¾ inflorescência fechada com aproximadamente quinze dias antes da abertura; e

•  cacho 3 ¾ inflorescência fechada com aproximadamente trinta dias antes da abertura.

O trabalho foi composto pelos seguintes tratamentos:

A ¾ plantas com limpeza e sem tratamento químico;

B ¾ plantas com limpeza e com tratamento químico;

C ¾ plantas sem limpeza e com tratamento químico; e


D ¾ plantas sem limpeza e sem tratamento químico (testemunha).

A limpeza das plantas ocorreu mediante a retirada de todos os frutos danificados pelo ácaro da necrose e
de todas as partes da planta que não mais apresentassem nenhuma função vegetativa ou reprodutiva.

Esta etapa foi realizada três vezes, com intervalos de vinte dias.

Para o controle químico, utilizaram-se os produtos que apresentaram maior eficiência em ensaios
realizados pela Embrapa Semi-Árido, sendo estes o fenpyroxymate , tetradifon e polioxietileno alquil fenol
éter (surfactante), utilizados em mistura na dose de 200ml, 300ml e 15ml, respectivamente, para 100 litros
de água.

Foram realizadas três pulverizações, utilizando-se do pulverizador costal manual, bico tipo cone D12,
sendo estas com intervalos de quinze dias.

Esses produtos não apresentam registro para A. guerreronis em coqueiro; todavia, em trabalhos
anteriores desenvolvidos pela Embrapa Semi-Árido, foram realizadas análises de resíduos e não foi
verificado resíduo além do permitido, quando a aplicação foi realizada até sete dias antes da colheita
(Alencar et al., 1999).

As avaliações foram realizadas quinzenalmente, totalizando cinco avaliações durante a condução do


ensaio.

Em cada cacho, foram quantificados o número de frutos com sintomas de ataque do ácaro da necrose do
coqueiro, sendo esse número cumulativo em cada avaliação.

A análise estatística foi realizada pelo teste de média, utilizado-se do teste de Ducan a 5%. Enquanto a
eficiência dos tratamentos foi avaliada pela fórmula de Abbott.

Resultados e Discussão

Observa-se que o tratamento B ¾ plantas limpas e tratadas com acaricidas, apresentou um menor
número de frutos danificados pelo ácaro da necrose do coqueiro, quando comparado com os demais
tratamentos. Esta diferença foi verificada através de análise estatística dos dados, pelo teste de Ducan a
5%. Os dados demonstraram um efeito sinérgico entre a limpeza da planta (controle cultural) e a
utilização de acaricidas (controle químico), proporcionando uma eficiência de 90% de controle do ácaro
no cacho 1, 87% no cacho 2 e 96% no cacho 3.

Apesar do tratamento A ¾ plantas limpas e sem acaricidas, não ter diferido estatisticamente do
tratamento D ¾ plantas sem limpeza e sem acaricidas (testemunha), verificou-se que a limpeza da planta,
no tratamento A, apresentou uma eficiência de 43% de controle do ácaro no cacho 1, 26% no cacho 2 e
87% no cacho 3.

Verificou-se, ainda, que a maior eficiência dos tratamentos ocorreu no cacho 3. Supõe-se que isso tenha
ocorrido em função de este cacho ter recebido os primeiros tratamentos com aproximadamente 30 dias
antes da abertura da inflorescência.

Os resultados encontrados neste trabalho, quanto à eficiência do controle químico com a mistura de
fenpyroxymate, tetradifon e polioxietileno alquil fenol éter (surfactante), estão de acordo com os dados
encontrados por Alencar et al. (1999).
O efeito sinérgico entre o controle cultural e o controle químico, verificado neste trabalho, é um resultado
relevante como subsídio para o manejo integrado do ácaro da necrose do coqueiro, haja vista que a
utilização dos acaricidas poderá ser reduzida significativamente, proporcionando, desta forma, uma
redução no custo de produção, um menor risco para a saúde do homem e um maior equilíbrio no
agroecossistema do coqueiro.

Conclusão

O controle cultural, através da limpeza da planta, reduz o número de frutos danificados por A.
guerreronis ; todavia, este efeito é sinérgico e potencializado quando associado ao controle químico com
a mistura de acaricidas eficientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, J. A. de; HAJI, F. N. P.; MOREIRA, F. R. B. Ácaro da necrose do coqueiro ¾

Aceria guerreronis (Keifer): Aspectos bioecológicos, sintomas, danos e medidas de controle Petrolina, PE:
EMBRAPA Semi-Árido, 1999. 18p. il.

CABRERA, R. I.; DOMINGUEZ, D. El hongo Hirsutella nodulosa nuevo parasito para el

acaro del cocotero Eriophyes guerreronis. Ciencia y Tecnica en la agricultura, Citricos y Otros Frutales,
Havana, v. 10, n. 1, p. 41-51, 1987.

MOORE, D.; ALEXANDER, L. Resistance of cocnuts in St Lucia to attack by the cocnut

mite Eriophyes guerreronis Keifer. Tropicall Agriculture, Trinidad, v. 67, n. 1, p. 33-36, 1990.

MOORE, D.; ALEXANDER, L.; HALL, R. A. The coconut mite in St Lucia: yeld losses

and attempts to control it with acaricide, polybutene and Hirsutella fungs. Tropical Pest Management,
London, v. 35, n. 1, p. 83-89, 1989.

1 Engº Agrº , M.Sc., Embrapa Semi-Árido, Cx. Postal 23, 56300-000. Petrolina-PE.
alencar@cpatsa.embrapa.br.

2 Bolsista Embrapa Semi-Árido.

3 Engª Agrª, Dra., Embrapa Semi-Árido.

Considerações sobre a Qualidade da Água de Irrigação na Qualidade da Água do


Coco

Uma Abordagem a Nível de Produtores Rurais

I - INTRODUÇÃO

A Irrigação na Cultura do Coqueiro anão é uma prática indispensável, pois além de favorecer o
desenvolvimento, contribui na precocidade de Floração e Produção de Frutos durante o ano inteiro.
Atualmente, a maioria das áreas irrigadas com a cultura utilizam Água de Excelente Qualidade e em
Quantidade adequada para atender sua necessidade hídrica. A quantidade de Água aplicada à cultura,
reflete diretamente na Produção, no entanto, o aspecto da Qualidade tem sido desprezado devido ao fato
de que, no passado, em geral, as fontes de Água eram abundantes e sem riscos de contaminação. O uso
Intensivo da Irrigação, aliado a grande demanda de Água pela cultura, implica que, tanto nos novos
projetos como nos antigos, que requerem Água adicional, tem-se que recorrer a Água de Qualidade
Inferior.

II - QUALIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO


•  A qualidade dessa Água refere-se às suas características, que podem afetar sua adaptabilidade para
uso específico e defini-se por uma ou mais características físicas, químicas ou biológicas.

•  Para evitar problemas conseqüentes, deve-se realizar planejamento efetivos que assegure melhor uso
possível da Água de irrigação, de acordo com sua qualidade, e seguindo a legislação vigente.

•  Os grandes projetos irrigados com a cultura de coqueiro exigem maior quantidade de Água e podem
usar Água de qualidade inferior, que a indústria e o uso doméstico. O uso dessas Águas na irrigação da
Cultura do coqueiro deve ser cuidadosamente Planejado, para controlar, a curto e longo prazo, os efeitos
de salinidade, sodicidade, nutrientes e metais pesados ( Cobre, Chumbo, Zinco, Níquel, Cobalto, Cádmo,
e outros.).

•  Os efeitos de elementos agem diretamente sobre o solo, planta e em conseqüência na qualidade da


Água do fruto.

III – QUALIDADE DA ÁGUA DO COCO

•  A concentração de metais pesados na Água do Coco, deve seguir os valores recomendados pela
Organização Mundial de Saúde. Estudos realizados usando Água de irrigação oriunda de efluentes de
uma indústria de papel celulose, mostraram que: o cobalto (Co) contido na Água do fruto do Coco era
igual ao das raízes e folhas.

•  As folhas apresentaram maior concentração de chumbo (Pb) e zinco (Zn) do que as raízes, e a Água do
fruto, entretanto as concentrações de cobre (Cu), níquel (Ni) e cádmio (Cd) nas raízes são maiores do
que nas folhas e Água do fruto.

•  Sendo assim, o acúmulo de diferentes metais pesados em diferentes partes da planta é identificado,
não devido a variável quantidade de elementos no solo ou na Água de irrigação, mais sim devido a
tendência da planta em absorver, juntamente com a Água do solo, para atender suas necessidades
hídricas, diferentes quantidades desses elementos através das raízes distribuindo-os a toda a planta.

•  A utilização de Água residuária, na irrigação pode ser empregada desde que sejam realizados
tratamentos primário e/ou secundários, caso necessários.

•  A Irrigação do Coqueiro com Água residuária pode contaminar o ar, o solo, e todas as partes da planta
e da área vizinha a plantação.

•  O tratamento secundário, provavelmente, a desinfecção e filtração, são considerados necessário


quando esta Água for utilizada na irrigação de culturas para consumo direto, como no caso do coqueiro,
na qual a Água do fruto é consumida in natura ou envasada.

•  A medida que a cultura, absorve a Água armazenada no solo durante o processo de evapotranspiração,
a concentração desses elementos aumentam em volume cada vez menores da Água remanescentes no
solo, podendo prejudicar aos organismos biológicos. 
IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

•  A magnitude da contaminação da Água do fruto depende da qualidade da Água de irrigação, do solo,


das condições climáticas predominantes na região e do sistema de irrigação utilizado.

•  Os elementos presentes em diversos produtos como fertilizantes, agrotóxicos, restos orgânicos de


esgotos, Águas residuárias e deposições atmosférica, são adicionados ao solo, por deposição direta, ou
junto a Água de irrigação, que se deslocam até a zona radicular, sendo absorvido pelas raízes e
transportados para as partes da planta, tais como: raízes (reserva da raiz), caule (estipe), folhas e frutos,
principalmente a parte líquida (Água do Fruto), a qual é comercializada para consumo in natura ou para a
indústria de envasamento.

•  Esses elementos presentes no solo, podem ainda serem eliminados por lixiviação, indo contaminar o
lençol freático, tornando a Água imprestável não somente para Irrigação como também para o Consumo
Humano e Animal

Matéria Apresentada no IV ENCONTRO DOS PRODUTORES DE COCO ,


realizado em 23/11/2000, em Muriaé-MG.

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