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DIREITO TRIBUTÁRIO

CPIV C 2022.2
PAULA LADEIRA VIDAL

Aula dia 25.07.22 - Prof. Antônio Henrique Corrêa

PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO

LEGISLAÇÃO: Cada ente federativo tem autonomia para legislar sobre o processo administrativo
tributário. Trata-se de matéria de competência concorrente.
No âmbito federal (União), o processo administrativo tributário é regulado pelo Decreto nº
70.235/72, recepcionado pela CRFB/88 como lei ordinária e regulamentado pelo Decreto nº
7.574/2011, o qual fez uma consolidação das leis tributárias esparsas então vigentes.
No Estado do Rio de Janeiro, a matéria é regulamentada pelo Código Tributário do Rio de
Janeiro, Decreto-lei nº 5/75, a partir do artigo 205.
OBS: SIMPLES Nacional (art. 33 da LC 123/2006) - competência comum entre Estados e União -
pagamento conjunto de tributos federais e estaduais - arrecadação e fiscalização.

Recapitulando o iter tributário…


Fato gerador → Lançamento e notificação do contribuinte → Pagamento ou Impugnação

FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA: Fase anterior ao lançamento do crédito tributário. Tem o objetivo de


identificar e extrair efeitos do fato gerador.
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO (PAT): Fase posterior ao lançamento do crédito tributário
e da notificação do contribuinte, quando ele resolve impugnar. Discussão sobre a legalidade do
lançamento. Contencioso tributário.
Processo x procedimento -> todo processo contém um procedimento, mas nem todo
procedimento é um processo. Para haver processo, é preciso haver litígio (pretensão
resistida). A composição do litígio é a finalidade do processo.
Por isso, a fiscalização tributária é uma fase meramente procedimental, ao passo que o
PAT é a fase processual. O contribuinte apresenta resistência perante a pretensão do fisco.
Há relação processual dotada de todas as garantias do devido processo legal.
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PRINCÍPIOS GERAIS: Aplicam-se tanto à fase de fiscalização tributária, quanto ao PAT.


● Legalidade
● Razoabilidade
● Proporcionalidade
● Verdade material ou real- relativização das preclusões
● Fundamentação e motivação dos atos administrativos
● Duração razoável - não há prazo de conclusão previsto na lei estadual, mas há na lei federal -
360 dias (art. 24 da Lei nº 11.457/2007)

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PROCEDIMENTO (FISCALIZAÇÃO):


● Oficialidade (impulso oficial) plena- não cabe ao fiscalizado atuar para impulsionar o
procedimento. É o fiscal quem deve fazê-lo.
● Inquisitoriedade
● Cientificação- não há necessidade de dar publicidade a todos os atos. O fiscalizado deve ser
cientificado apenas dos principais atos, como o início, o término e eventual prorrogação do
procedimento.
● Hierarquia
● Eficiência

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PAT:


● Oficialidade mitigada - para se instaurar a fase recursal, por exemplo, há necessidade de
iniciativa do contribuinte.
● Contraditório e ampla defesa
● Publicidade- entre as partes. Perante terceiros vigora o sigilo fiscal.
● Autonomia decisória - garantia da equidistância do órgão julgador em relação às partes
● Duplo grau- discussão sobre exigência de depósito prévio como condição de procedibilidade
do recurso administrativo. O STF, a princípio, validou essa exigência, mas posteriormente
reviu o seu entendimento. Hoje se considera inválida qualquer exigência que restrinja o
acesso ao duplo grau pelo contribuinte.
● Economia processual
● Isonomia- só no PAT, porque, na fiscalização, o contribuinte está sujeito ao fisco.

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OBJETO DO PAT: Aplicação e interpretação da legislação tributária; determinação e exigência do


crédito tributário; consulta (sem paralelo no Poder Judiciário, que não possui função consultiva, só a
Administração); processos especiais.

ADMINISTRAÇÃO ATIVA E JUDICANTE: Ora o fisco exerce sua função administrativa preponderante,
ora exerce a função judicante, similar à jurisdição, sem, contudo, a definitividade da coisa julgada
processual. Releitura do princípio da separação de poderes, como separação de funções, em cada
Poder exerce todas as funções estatais, sendo que uma delas de maneira típica e as outras de
maneira atípica. Ex: O Poder Executivo exerce tipicamente a função de administrar, mas
atipicamente as funções de legislar e de julgar.

PROCEDIMENTALIZAÇÃO e JURISDICIONALIZAÇÃO (Alberto Xavier): A procedimentalização é dizer


que realizar as tarefas administrativas através do procedimento é o meio de se conceder ao
administrado algumas garantias, como a previsibilidade e a possibilidade de fiscalização da atividade
do administrador. Ocorre que nem sempre a procedimentalização é suficiente. Por isso, há uma
tendência e obrigação de jurisdicionalização do PAT. O PAT surgiu do Direito Administrativo, mas a
CRFB/88 impôs a ele o paradigma do processo judicial. A partir disso, cabe a discussão de uma série
de institutos do PAT, como a avocatória, por exemplo. Por meio dela, o Secretário de Fazenda avoca
processo de instância inferior, substituindo o órgão normalmente competente no julgamento da
causa. Está fundada no princípio da hierarquia, mas Alberto Xavier entende que precisa ser alterada,
pois é inconstitucional, à luz do devido processo legal.

CONTAGEM DE PRAZOS:
Esfera federal- dias corridos; exclui o dia do início e inclui o do vencimento; início e vencimento
devem ser em dias úteis; não há hipótese de levantamento de perempção, salvo caso fortuito e força
maior. Regra do CPC/73.
Esfera estadual (RJ)- contagem em dias úteis a partir de 12/09/2022 (Lei nº 9.789/22), semelhante
ao CPC/2015; levantamento de perempção por complexidade da matéria, caso fortuito e força maior
ou relevância dos argumentos do interessado.
Perempção- intempestividade, esgotamento do prazo. Na esfera estadual, ela pode ser
relevada/levantada em determinados casos.

Antes de prosseguir, convém esclarecer que onde aparece a legenda FED. é que vale só para a União
e onde aparece EST. significa que vale só para o Estado do Rio de Janeiro. FED. EST. vale para ambos.
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INÍCIO DO PROCEDIMENTO (fiscalização):


● FED. Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal (TDPF), antigo mandado de
procedimento fiscal. O delegado da Receita Federal autoriza a lavratura do TIAF, atribuindo-
lhe a determinado auditor fiscal, podendo, assim, acompanhar e fiscalizar o trabalho do seu
subalterno.
● FED. EST. Termo de Início da Ação Fiscal (TIAF) - obrigatória a cientificação do contribuinte.
Na esfera federal, deve sempre ser precedido do TDPF.
● FED. EST. Apreensão de mercadorias e lavratura de auto de apreensão.
● FED. Começo do despacho aduaneiro.

Efeitos do início da fiscalização: a) exclusão da espontaneidade/perda da possibilidade de denúncia


espontânea, na forma do art. 138 do CTN (dispensa da multa quando o contribuinte, antes de
qualquer atuação do fisco, reconhece e paga a dívida com juros); e b) antecipação do termo inicial da
decadência (o prazo decadencial passa a ser contado do dia do TIAF, e não do primeiro dia do
exercício financeiro seguinte - a regra do inciso I passa para a regra do parágrafo único do art. 173
CTN).
CTN, Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se
for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância
arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.
CTN, Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco)
anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do
prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

PRAZO DE FISCALIZAÇÃO:
FED. 60 dias prorrogáveis sucessivamente por igual período, exceto despacho aduaneiro, que não
possui prazo máximo (art. 7o, § 2o, do Decreto nº 70.235);
EST. 60 dias prorrogáveis pelo prazo máximo de 180 dias (art. 218 do Código Tributário Estadual).

TÉRMINO DO PROCEDIMENTO:
FED. EST. Termo de Encerramento da Ação Fiscal (TEAF);
FED. EST. Auto de infração - veículo de constituição do crédito tributário, do lançamento.

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Requisitos formais: a) qualificação do autuado; b) descrição do fato e da disposição legal; c)


descrição do meio defensivo (sob pena de devolução do prazo de defesa); d) identificação do
autuante que permite fiscalização de eventual incompetência (na esfera federal, pode ser de
domicílio diverso do autuado - art. 38 do Decreto nº 7.574/2011); e) prova do fato gerador e
das infrações (presunção de veracidade); f) uma autuação para cada tributo.

Retificação e complementação de autos: Caso o auto de infração possua defeito formal ou


material, a Fazenda poderá emitir um auto de infração complementar. Se o defeito for
formal, aplica-se o termo inicial do prazo decadencial do art. 173, II, do CTN; se o defeito for
material, aplica-se o termo inicial do prazo decadencial do art. 173, I, do CTN. Essa retificação
ou complementação devolve o prazo defensivo em relação à matéria modificada.

PROVIDÊNCIAS ACAUTELATÓRIAS E COMPLEMENTARES:


FED. Arrolamento de bens- o contribuinte fica obrigado a comunicar qualquer alteração em seu
patrimônio, sob pena de aplicação de cautelar fiscal. Os bens sujeitos ao arrolamento, contudo, não
ficam indisponíveis. Podem ser alienados desde que a operação seja previamente comunicada ao
fisco. O arrolamento é obrigatório quando os débitos são superiores a 30% do patrimônio do
contribuinte.
FED. EST. Cautelar fiscal- havendo indícios de dilapidação patrimonial, o fisco pode ajuizar cautelar
para decretação da indisponibilidade dos bens. Disciplinada pela Lei nº 9.397/92.
FED. EST. Representação fiscal para fins penais.
FED. EST. Lançamento para prevenir decadência- nos casos em que a exigibilidade do crédito
tributário está suspensa (por força de decisão judicial, por exemplo), o fisco pode fazer o lançamento
para evitar o curso da decadência (art. 86 do Decreto nº 7.574/2011 + legislação estadual).
Art. 86. O lançamento para prevenir a decadência deverá ser efetuado nos casos em que existir a
concessão de medida liminar em mandado de segurança ou de concessão de medida liminar ou de
tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial (Lei nº 5.172, de 1966 - Código Tributário
Nacional, arts. 142, parágrafo único, e 151, incisos IV e V ; Lei nº 9.430, de 1996, art. 63, com a
redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 70).
§ 1º O lançamento de que trata o caput deve ser regularmente notificado ao sujeito passivo com o
esclarecimento de que a exigibilidade do crédito tributário permanece suspensa, em face da medida
liminar concedida (Lei nº 5.172, de 1966 - Código Tributário Nacional, arts. 145 e 151 ; Decreto nº
70.235, de 1972, art. 7º ).
§ 2º O lançamento para prevenir a decadência deve seguir seu curso normal, com a prática dos atos
administrativos que lhe são próprios, exceto quanto aos atos executórios, que aguardarão a sentença
judicial, ou, se for o caso, a perda da eficácia da medida liminar concedida.

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INÍCIO DA FASE LITIGIOSA (PAT):


 Impugnação ao auto de infração ou lançamento;
 Indeferimento do pleito repetitório, compensatório ou de exclusão (isenção ou imunidade
condicionada);
 FED. Recusa de recebimento de tributo.

CAPACIDADE POSTULATÓRIA E LEGITIMIDADE: Não há, no PAT, necessidade de representação


obrigatória por advogado. O sujeito passivo pode atuar pessoalmente ou constituir procurador
habilitado (no EST pode ser despachante público estadual ou advogado).

CONFISSÃO E PARCELAMENTO: Em geral, são atitudes incompatíveis com a manutenção do PAT,


conforme previsões das leis que instituem o parcelamento. Há prejudicialidade em relação às
impugnações e recursos administrativos pendentes de julgamento, ou seja, se o sujeito passivo adere
ao parcelamento, o PAT é extinto. A adesão ao parcelamento constituiu o crédito (Súmula 436 do
STJ), de modo que automaticamente há a renúncia à impugnação administrativa. A partir de então
não há mais decadência, somente prescrição.
STJ- A matéria de fato fica prejudicada, mas a matéria de direito ainda é impugnável na seara
judicial. Afinal, vícios de legalidade não podem ser sanados pela vontade do contribuinte.
FED. A confissão e o parcelamento implica a redução de multas (art. 53 do Decreto
7.574/2011).

Súmula 436 do STJ- A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o
crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.

PROCESSO JUDICIAL X PROCESSO ADMINISTRATIVO: Se antes do término do PAT o sujeito passivo


propõe ação judicial com objeto idêntico, o PAT fica prejudicado automaticamente. A impugnação
judicial equivale à renúncia à impugnação administrativa (art. 38 da LEF e art. 227 do Código
Tributário Estadual).

IMPUGNAÇÃO:
FED. EST. Prazo de 30 dias da notificação do lançamento.
D70235, Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se
fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em
que for feita a intimação da exigência.

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FED. EST. A impugnação deve conter as razões de fato e direito, o pedido de perícia e os quesitos, e,
só no PAT federal, a cópia da petição inicial de eventual ação judicial (art. 16. V, do Decreto nº
70.235/72).
D70235, Art. 16. A impugnação mencionará:
I - a autoridade julgadora a quem é dirigida;
II - a qualificação do impugnante;
III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e
provas que possuir;
IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que
as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso
de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito.
V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da
petição.

PROVA DOCUMENTAL: Em regra, deve instruir a impugnação, mas pode haver prova superveniente,
em caso de força maior, como contraprova ou com base na verdade real.
FED. Direito à requisição de documentos a cargo da Administração Pública (art. 37 da Lei nº 9.784/99
e art. 29 do Decreto nº 7.574/2011).
D7574, Art. 29. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos
existentes na própria administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o
órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas
cópias ( Lei nº 9.784, de 1999, art. 37 ).

PROVA PERICIAL:
FED. EST. De ofício ou a pedido. O pedido pode ser indeferido se a perícia for prescindível,
impraticável ou irrelevante (art. 18 do Decreto nº 70.235/72).
FED. 2 peritos, um indicado pelo sujeito passivo, outro indicado pela Fazenda (servidor). Produzem
dois laudos periciais que, se forem contrastantes, cabe à autoridade coatora decidir em cotejo com
as demais provas. O sujeito passivo arca com os honorários do seu perito.
EST. Servidor perito e assistente técnico do contribuinte (art. 243 do Código Tributário Estadual).

DEMAIS PROVAS: Todos os meios são admitidos, salvo os ilícitos.


REsp 714710 STJ- Em julgado isolado, o STJ afirmou genericamente que a prova testemunhal é
excepcional no PAT.
Escrituração regular faz prova juris tantum (relativa) dos fatos registrados, salvo previsão legal em
contrário.
Livre apreciação da prova.

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FED. Laudos emitidos por órgãos públicos federais podem ser usados como provas emrpestadas
automaticamente, sem necessidade de autorização da autoridade administrativa julgadora (art. 30
do Decreto nº 70.235/72). Ex: classificação de produtos.

AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO OU IMPUGNAÇÃO PARCIAL:


Se o sujeito passivo não apresenta impugnação, o PAT não é instaurado. Declara-se sua revelia e
instaura-se prazo de 30 dias de cobrança amigável. Escoado esse prazo, começa a contagem da
prescrição para execução fiscal.
Havendo impugnação, a prescrição contar a partir da intimação do trânsito em julgado da
decisão administrativa (art. 21 do Decreto nº 70.235/72).

Em caso de impugnação parcial, deve haver o desmembramento do lançamento (art. 54, §1, do
Decreto nº 7.574/2011). A parte não impugnada deve ser imediatamente cobrada, sob pena de
prescrição, ou seja, não há suspensão da exigibilidade do crédito incontroverso. Embora não haja
previsão semelhante na legislação estadual, o professor entende que também se aplica nessa esfera.
Art. 54. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora declarará a revelia,
permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança amigável
(Decreto nº 70.235, de 1972, art. 21, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, art. 1º ).
§ 1º No caso de identificação de impugnação parcial, não cumprida a exigência relativa à parte não
litigiosa do crédito, o órgão preparador, antes da remessa dos autos a julgamento, providenciará a
formação de autos apartados para a imediata cobrança da parte não contestada, consignando essa
circunstância no processo original.
§ 2º Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago ou parcelado o crédito
tributário, o órgão preparador encaminhará o processo à autoridade competente para promover a
cobrança executiva.
Art. 55. Tratando-se de apreensão de mercadoria para fins de aplicação da pena de perdimento ou de
declaração de abandono, em que não tenha sido apresentada impugnação, a autoridade
preparadora, após declarar a revelia, deverá, em observância às normas que regem a matéria e,
mediante o competente ato administrativo, aplicar a pena de perdimento ou declarar o abandono,
para fins de destinação da mercadoria (Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 21, § 2º , e 63 ).

LIMITAÇÃO AO JULGAMENTO (art. 59 do Decreto nº 7.574/2011): Não é possível controle de


constitucionalidade inédito no PAT. Tem que ter decisão prévia do STF.
D7574, Art. 59. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento
afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob
fundamento de inconstitucionalidade (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 26-A, com a redação dada
pela Lei nº 11.941/2009, art. 25).
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou
ato normativo (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 26-A, § 6º , incluído pela Lei nº 11.941, /2009, art.
25):
I - que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal
Federal; ou
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II - que fundamente crédito tributário objeto de:


a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, na
forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de junho de 2002;
b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de
fevereiro de 1993 ; ou
c) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art.
40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.

RECURSO VOLUNTÁRIO:
FED. EST. Prazo de 30 dias da ciência da decisão. Efeito suspensivo automático.
OBS: Exigência de depósito prévio de 30% do crédito tributário ou apresentação de fiança bancária
como condição de admissibilidade do recurso voluntário - tal exigência foi considerada
inconstitucional pela jurisprudência e, posteriormente revogada pela Lei Federal nº 12.096/2009 e
pela Lei Estadual nº 5.367/2009.
Súmula Vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro
ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula 373 do STJ- É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso
administrativo.

OBS: EST. Previsão de recurso contra decisão da autoridade preparadora que declara a inépcia ou a
perempção da impugnação, a ser interposto no prazo de 5 dias perante a Junta de Revisão Fiscal.

RECURSO DE OFÍCIO (“remessa necessária”):


FED. Exoneração de valor acima de R$ 2.500.000,00 (Portaria MF nº 63/2017).
EST. 10 UFIR - atualmente R$ 40,00 (art. 251 do Código Tributário Estadual).

PEREMPÇÃO RECURSAL:
FED. Julgamento pela segunda instância (art. 35 do Decreto nº 70.235/72).
EST. Possibilidade de levantamento da perempção (art. 253 do Código Tributário Estadual).

ÓRGÃOS COMPETENTES PARA O JULGAMENTO DO PAT:


1ª instância- Não há formação paritária. O julgamento é colegiado por servidores da Fazenda.
FED. Delegacias da Receita Federal de Julgamento (3 julgadores). O PAT é conduzido pelas
unidades locais da RFB e remetido para a Delegacia só quando maduro para julgamento.
EST. Juntas de Revisão Fiscal (3 julgadores).
OBS1: Há previsão de julgamento monocrático para causas de pequeno valor.

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OBS2: Avocatória- Secretário de Fazenda pode avocar para si o julgamento (art. 232 do Código
Tributário Estadual).
CTE, Art. 232. O Secretário de Estado de Economia e Finanças poderá avocar processo administrativo-
tributário, para efeito de decisão ou de novo encaminhamento.
Parágrafo único - Sem prejuízo do disposto neste artigo, o processo administrativo-tributário
considerado de relevante interesse para a Fazenda Estadual, segundo critérios estabelecidos em ato
normativo do Secretário de Estado de Economia e Finanças, terá tramitação prioritária.

2ª instância- Órgãos colegiados e paritários. Sua composição é par, metade dos integrantes são
indicados pela Fazenda e metade é indicada pela sociedade civil.
FED. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), o qual se subdivide em Turmas, Câmaras,
Seções Especializadas e Câmara Superior de Recursos Fiscais.
Juntou os antigos Conselhos de Contribuintes da Fazenda. Seus integrantes possuem
mandato de 2 anos.
EST. Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro.

Em caso de empate na votação, prevalecerá o voto de qualidade do presidente do órgão, que


é sempre um dos indicados pela Fazenda. Há forte crítica a esse critério devido ao
comprometimento da imparcialidade dos julgamentos. Na esfera federal, o Governo
Bolsonaro alterou essa regra, por meio do art. 28 da Lei nº 13.988/2020, estabelecendo que
nos PATs que versem sobre determinação e exigência do crédito tributário, em caso de
empate, o processo deve ser decidido automaticamente em favor do contribuinte. Sua
constitucionalidade está sendo discutida no STF (ADIs 6399, 6403 e 6415). Alega-se
contrabando legislativo.
L13988, Art. 28. A Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002 , passa a vigorar acrescida do
seguinte art. 19-E:
“Art. 19-E. Em caso de empate no julgamento do processo administrativo de determinação e
exigência do crédito tributário, não se aplica o voto de qualidade a que se refere o § 9º do art.
25 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 , resolvendo-se favoravelmente ao
contribuinte.”

Instância especial
FED. Câmara Superior de Recursos Fiscais, órgão fracionário do CARF composto por todos os
presidentes (representantes fazendários) e vice-presidentes (representantes dos contribuintes) das
Turmas que o compõem. Possui competência para sanar divergências de interpretação da lei
tributária entre demais órgãos fracionários do CARF ou entres esses e a própria Câmara Superior (art.
37 do Decreto nº 70.235/72).

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EST (art. 266 do CTE). Conselho Pleno, em caso de recurso contra decisão de Câmara não unânime ou
divergente de precedentes, ou Secretário de Fazenda, em caso de recurso contra decisão de Câmara
ou de menos de ¾ do Conselho Pleno desfavorável à Fazenda, contrária à lei ou à prova.
CTE, Art. 266. Das decisões do Conselho cabe recurso:
I - para o Conselho Pleno, quando a decisão de Câmara não for unânime ou divergir de decisão
proferida por outra Câmara ou pelo Conselho Pleno, relativamente ao direito em tese.
II - para o Secretário de Estado de Fazenda, quando a decisão de Câmara, ou a decisão acordada por
menos de ¾ (três quartos) do Conselho Pleno, desfavorável à Fazenda, for contrária à legislação
tributária ou à evidência da prova constante no processo, e não couber o recurso previsto no inciso
anterior, mantido o princípio do contraditório.
§ 1º Os recursos referidos neste artigo serão interpostos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da
data da ciência do acórdão.
§ 2º Para os fins do inciso I, não serão considerada divergente a decisão que tenha sido reformada
em grau de recurso, ainda que especial, bem como aquela que contrariar orientação do Conselho
consubstanciada em súmula.
§ 3º A súmula a que se refere o parágrafo anterior deverá ser publicada depois de aprovada pelo
Conselho Pleno e pelo Secretário de Estado de Fazenda.

DECISÃO DEFINITIVA:
Cobrança amigável ou inscrição em Dívida Ativa.

Há prazo para encerramento do PAT?


FED. Art. 24 da Lei nº 11.457 - 360 dias contados do protocolo dos pedidos.
EST. Não há nenhuma previsão.
O desrespeito ao prazo para encerramento do PAT não gera efeito sobre o direito material,
apenas uma mora no julgamento, que pode ser remediada por processo judicial.

Decisões favoráveis ao contribuinte são impugnáveis judicialmente pela Fazenda? Problema da


confusão, pois a Fazenda estaria impugnando judicialmente ato dela própria. A posição majoritária é
de que não cabe tal impugnação.

CONSULTA (FED. Lei nº 9430/96 e EST. arts. 274 a 282 do CTE): Uniformiza os critérios de
interpretação da legislação tributária. Generalizável. Eficácia normativa perante todos.

Efeitos: Impede a fiscalização, salvo no caso do art. 89, § 1o, do Decreto nº 7.574/2011, na esfera
federal; suspende a mora na sua pendência; mantém a possibilidade de denúncia espontânea para o
sujeito passivo. Esses efeitos aplicam-se somente ao contribuinte que consultou.
D7574, Art. 89. Nenhum procedimento fiscal será instaurado, relativamente à espécie consultada,
contra o sujeito passivo alcançado pela consulta, a partir da apresentação da consulta até o

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trigésimo dia subsequente à data da ciência da decisão que lhe der solução definitiva. (Decreto nº
70.235, de 1972, arts. 48 e 49 ; Lei nº 9.430, de 1996, art. 48, caput e § 3º ).
§ 1º A apresentação da consulta:
I - não suspende o prazo:
a) para recolhimento de tributo, retido na fonte ou declarado (autolançado), antes ou depois da data
de apresentação; e
b) para a apresentação de declaração de rendimentos; e
II - não impede a instauração de procedimento fiscal para fins de apuração da regularidade do
recolhimento de tributos e da apresentação de declarações.
§ 2º No caso de consulta formulada por entidade representativa de categoria econômica ou
profissional, os efeitos referidos no caput só alcançam seus associados ou filiados depois de
cientificada a entidade consulente da decisão. (Redação dada pelo Decreto nº 8.853, de 2016)
Art. 90. Em se tratando de consulta eficaz e formulada antes do vencimento do débito, não incidirão
encargos moratórios desde seu protocolo até o trigésimo dia subsequente à data da ciência de sua
solução ( Lei nº 5.172, de 1966 - Código Tributário Nacional, art. 161, § 2º ).

Eventual mudança de entendimento da Administração possui efeitos ex nunc (art. 100 do Decreto nº
7574/2011).
D7574, Art. 100. Se, após a resposta à consulta, a administração alterar o entendimento expresso na
respectiva solução, a nova orientação atingirá apenas os fatos geradores que ocorrerem após ser
dada ciência ao consulente ou após a sua publicação na imprensa oficial ( Lei nº 9.430, de 1996, art.
48, § 12 ).
Parágrafo único. Na hipótese de alteração de entendimento expresso em solução de consulta, a nova
orientação alcança apenas os fatos geradores que ocorrerem após a sua publicação na Imprensa
Oficial ou após a ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em
que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada.

Competência:
FED. Instância única. COSIT. Decisão irrecorrível (salvo recurso especial de uniformização).
EST. Duas instâncias da Secretaria Estadual da Fazenda. Diferentes daqueles que julgam o PAT.

OUTROS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NA ESFERA FEDERAL (Decreto nº 7574/2011):


 Processo de compensação.
 Processo de ressarcimento e reembolso.
 Processo de suspensão da imunidade e isenção.
 Processo de aplicação de pena de perdimento.
 Processo de aplicação e exigência de direitos antidumping, compensatórios e comerciais.
 Processo de liquidação de Termo de Responsabilidade.
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Aula dia 26.07.22- Prof. Rene Longo

NOÇÕES GERAIS DE PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO

O professor iniciou a aula resumindo a matéria da aula anterior.

Fato Gerador  Obrigação Tributária (Ilíquida e Inexigível)  Lançamento (art. 142 do CTN) 
Crédito Tributário (líquido e exigível)  Notificação do sujeito passivo para pagar ou impugnar

De acordo com o entendimento do STJ, a notificação em que não consta o prazo para impugnação é
nula, pois viola o devido processo legal. E mais: não basta a indicação do dispositivo legal que prevê o
prazo. A quantidade de dias deve vir expressa no corpo da notificação.
A declaração da nulidade da notificação pode implicar a decadência e consequente extinção
do crédito tributário.

Se ao ser notificado, o contribuinte opta por impugnar, inaugura-se o contencioso administrativo, o


PAT, pois nesse momento se configura a lide.

A impugnação, de acordo com o art. 151, III, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário.

Impugnação 1ª Instância  Improcedência  Recurso Voluntário  2ª Instância


Impugnação  1ª Instância  Procedência  Recurso de Ofício  2ª Instância

O recurso de ofício é inspirado na remessa necessária e está baseado na indisponibilidade do


interesse público. Nesse caso, o órgão julgador de 2ª instância exerce um papel de fiscalização sobre
o órgão julgador de 1ª instância.
Os entes podem limitar as hipóteses de acordo com o valor do tributário. No âmbito federal,
só há recurso de ofício para valores a partir de 2,5 milhões.

Ajuizada demanda perante o Judiciário com o mesmo objeto da impugnação administrativa, esta é
extinta, pois há prejudicialidade (art. 38, § único, da Lei nº 6.830/80).
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LEF, Art. 38 (...)


Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia
ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.

Se a decisão administrativa definitiva é favorável ao contribuinte, extingue-se o crédito tributário,


com base no art. 156, IX, do CTN.
Se a decisão administrativa definitiva é desfavorável ao contribuinte, o crédito pode ser cobrado
com incidência de multa, juros e correção desde o dia seguinte ao vencimento, quando há o
inadimplemento. Em outras palavras, os consectários continuam a correr durante a discussão
administrativa.
Para contornar os efeitos da mora, o contribuinte pode realizar o depósito integral e em
dinheiro, suspendendo a exigibilidade (art. 151, II, do CTN). Vale lembrar que o depósito é
uma prerrogativa do contribuinte, de modo que não pode ser condição para a impugnação
do crédito tributário, pois, no BR, não há mais a cláusula solve et repete (primeiro paga e
depois discute). Os Tribunais Superiores já reconheceram sua inconstitucionalidade, pois, no
âmbito judicial, viola o acesso à justiça e a inafastabilidade da jurisdição (art. 5o, XXXV, da
CRFB/88), e, no âmbito administrativo, viola o direito de petição (art. 5o, XXXIV, da CRFB/88).
Vide Súmulas Vinculantes 21 e 28.
O depósito não deve ser necessariamente feito de forma concomitante com a impugnação
administrativa. No entanto, deve ser depositado sempre o valor atualizado (juros, multa e
correção naquela data).
Caso o contribuinte ganhe a impugnação, levantará o depósito atualizado. Caso perca, há
sua conversão em renda, com a consequente extinção do crédito tributário (art. 156, VI, do
CTN).
Súmula 112 do STJ O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for
integral e em dinheiro.

PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO MUNICIPAL


(RIO DE JANEIRO)

LEGISLAÇÃO: Código Tributário Municipal (Lei nº 692/84) e Decreto nº 14.602/96.

ÓRGÃOS JULGADORES:
1ª instância- Coordenadoria de Revisão e Julgamento Tributários (art. 91 do Decreto nº 14.602/96).
2ª instância- Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro (art. 103 do Decreto nº
14.602/96).

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3ª instância- Secretário da Fazenda (pedido de reconsideração das decisões não unânimes) (arts. 104
a 108 do Decreto nº 14.602/96). Atenção! Pegar legislação atualizada, pois houve alteração nesses
artigos, sem, contudo, ser extinto o recurso ao Secretário de Fazenda.

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NULIDADE DAS DECISÕES (art. 40 do Decreto nº 14.602/96): atos praticados por autoridade, órgão
ou servidor incompetente; atos praticados e decisões proferidas com preterição ou prejuízo do
direito de defesa; decisões não fundamentadas.

PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (art. 151, IV e V, do CTN): Concessão de


liminar em mandado de segurança e antecipação de tutela em outras ações (hipótese inserida pela
LC 104/2001).
Antes da alteração promovida pela LC 104, havia divergência jurisprudencial entre as turmas
do STF sobre a possibilidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário pela tutela
provisória em ações ordinárias, já que preponderava o entendimento de que as causas de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário eram taxativas. O legislador resolveu a
questão.
Vigente causa de suspensão de exigibilidade do crédito tributário, o sujeito passivo tem
direito a Certidão de Situação Fiscal Positiva com Efeito de Negativa (art. 206 do CTN), que
demonstra a regularidade. A certidão negativa (art. 205 do CTN) demonstra a quitação dos
débitos e a positiva demonstra o inadimplemento.
CTN, Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação
judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja
feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as
informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou
atividade e indique o período a que se refere o pedido.
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e
será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição.
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de
créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou
cuja exigibilidade esteja suspensa.

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AÇÃO CAUTELAR DE DEPÓSITO: Tem por objetivo antecipar os efeitos da penhora inerente à
execução fiscal. Só pode ser ajuizada quando o crédito tributário já foi inscrito em Dívida Ativa, mas o
fisco ainda não ajuizou a execução fiscal. Com o depósito, o sujeito passivo evita os efeitos da mora.
Diferentemente da ação de consignação em pagamento, o objetivo desse depósito não é o
pagamento com a extinção do débito. O depósito da cautelar não será levantado pela Administração
Pública. Deposita-se com o objetivo de discutir o crédito tributário no futuro. O fisco ajuizará a
execução fiscal normalmente.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA:

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Súmula Vinculante Tema de Repercussão Geral


Vincula o Poder Judiciário e o Poder Executivo Vinculado só o Poder Judiciário

Modulação dos efeitos- A modulação dos efeitos, inclusive para o futuro, é muito usada pelo STF em
matéria tributária. Ex: DIFAL (diferença de alíquotas do ICMS)- O STF deu prazo até 31/12/2021 para
elaboração de LC, contudo a lei foi sancionada só em 04/01/22. Agora, pelo princípio da
anterioridade, os Estados só podem cobrar a partir de 2023.

Não cabe ação civil pública em matéria tributária (art. 1, § único, da LACP).
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Aula dia 27.07.20220- Prof. Camilo Graça

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO

CONCEITO: Ação através da qual se postula a devolução do que foi pago indevidamente ao fisco pelo
sujeito passivo por um suposto crédito tributário. Restituição do tributo recolhido indevidamente.
Luciano Amaro leciona que há erro em falar “repetição de indébito”, porque o tributo nunca
é indevido, já que se trata de obrigação decorrente de lei e compulsória. Quando o fisco
cobra a mais, está cobrando algo a título de tributo, mas que não é tributo.
A ação de repetição de indébito segue o rito do procedimento comum e a sentença nela
proferida tem eficácia condenatória, pois não só declara o direito de restituição, mas obriga a
Fazenda Pública a pagar.
A execução se faz através de precatório (art. 100 da CRFB/88).

FUNDAMENTOS:
● Princípios da legalidade e da tipicidade tributárias - o tributo só é devido se previsto em lei e
cobrado exatamente de acordo com seus ditames;
● Vedação ao locupletamento ilícito do erário;
● Vedação ao empobrecimento indevido do contribuinte;

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CTN, Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto*, à restituição
total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no §
4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo** de tributo indevido ou maior que o devido em face da
legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador
efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação (leia-se “identificação”) do sujeito passivo, na determinação da alíquota
aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento
relativo ao pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. Tanto na esfera
administrativa quanto na esfera judicial.
*Antes do CTN, vigorava a cláusula solve et repete e a necessidade de o sujeito passivo manifestar
seu inconformismo no momento do pagamento do tributo. Assim, para o ajuizamento da repetição
de indébito, o sujeito passivo necessariamente tinha que pagar o tributo antes e manifestar
expressamente que iria pedir a devolução. O CTN acabou com esse sistema.
** Antes do CTN, o pedido de repetição só podia ser formulado quando a Fazenda Pública cobrava
efetivamente o tributo. Se o contribuinte errasse o cálculo de tributo lançado por homologação, por
exemplo, quando se paga espontaneamente o débito, não poderia pedir a restituição. O CTN
também foi um avanço nesse sentido.

OBS: Compensação de ofício na esfera federal (arts. 114 e 115 da Lei nº 11.196/2005) - A Receita
Federal do Brasil, nos requerimentos administrativos de repetição de indébito, deve verificar a
existência de débitos do mesmo contribuinte, e, caso existam, deverá ser feita a compensação com o
crédito decorrente do indébito.
Se o débito identificado pela RFB estiver sob questionamento em processo administrativo ou
judicial, com exigibilidade suspensa, não será possível a compensação de ofício. A
compensação só será possível se não houver causa de suspensão exigibilidade do débito
(AgRg no REsp 1172000 STJ).
Para compensar, o débito e o crédito não precisam ser de tributo idêntico, de natureza
idêntica. Basta haver identidade entre credor e devedor.

LEGITIMIDADE ATIVA:
Tributos diretos- o legitimado será a pessoa que seria o sujeito passivo, caso a cobrança se desse de
forma correta. Não é necessariamente quem efetivamente pagou. Ex: IPTU pago pelo locatário. O
legitimado continua sendo o proprietário do imóvel (art. 123 do CTN e Súmula 614 do STJ).

Tributos indiretos- o legitimado será o contribuinte de direito, que dependerá da autorização do


contribuinte de fato, se tiver repercutido o ônus financeiro. A Súmula 71 do STF foi superada.
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CTN, Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo
encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso
de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.
Hugo de Brito Machado entende que o art. 166 do CTN é inconstitucional, porque facilita o
enriquecimento ilícito do Estado. Todavia, Ricardo Lobo Torres diz que é preferível o Estado
se locupletar do que o contribuinte de direito mal intencionado, que cobra tributo a mais do
contribuinte de fato, propositalmente, para depois pleitear a devolução.

OBS: Caso do ICMS sobre energia elétrica → O STJ (REsp 1299303), excepcionando a regra do art.
166 do CTN, reconheceu a legitimidade do consumidor final para repetição de indébito de ICMS
sobre demanda contratada e não utilizada. Nessa relação, a concessionária do serviço público é o
contribuinte de direito e o consumidor final é o contribuinte de fato. O STJ assim decidiu devido à
peculiaridade da relação entre a concessionária e o Poder Público concedente, que acaba por
desestimular a concessionária, que não teve efetivo prejuízo nenhum, a postular a repetição de
indébito do ICMS.
Súmula 391 do STJ- O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à
demanda de potência efetivamente utilizada.

Tema 176 do STF (RE593824)


Questão submetida a julgamento: Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 150, II;
e 155, II, § 2º, IX, b, e § 3º, da Constituição Federal, a constitucionalidade, ou não, da inclusão dos
valores pagos a título de “demanda contratada” (demanda de potência) na base de cálculo do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS sobre operações envolvendo energia
elétrica.
Tese Firmada:
A demanda de potência elétrica não é passível, por si só, de tributação via ICMS, porquanto somente
integram a base de cálculo desse imposto os valores referentes àquelas operações em que haja
efetivo consumo de energia elétrica pelo consumidor.

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO: Alguns autores, fazendários, defendiam a tese de que o


requerimento administrativo prévio seria condição para o ajuizamento da repetição de indébito. Isso
porque, se não houve pleito administrativo, não houve recusa por parte da Fazenda, não houve
resistência (lide). Assim, faltaria interesse processual. Entretanto, essa tese colide com a
inafastabilidade da jurisdição (art. 5o, XXXV, da CRFB/88). Se o pagamento foi indevido, já houve
redução do patrimônio do sujeito passivo, que já configura uma lesão ao direito subjetivo.

PRAZO: 5 anos.
CTN, Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos,
contados:

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I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3 da
LCp nº 118, de 2005)
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou
rescindido a decisão condenatória.

Esse prazo prescricional da repetição de indébito pode ser interrompido?


1. De acordo com a jurisprudência do STJ, é possível interromper a prescrição por meio do
protesto judicial feito pelo contribuinte, aplicando-se por analogia o art. 174, parágrafo único,
do CTN, conforme autorização dada pelo art. 108, I, do mesmo Código.

2. Súmula 625 do STJ: O pedido administrativo de compensação ou de restituição não


interrompe o prazo prescricional para a ação de repetição de indébito tributário de que trata o
art. 168 do CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda Pública.
Então o contribuinte nunca deveria requerer administrativamente, para evitar a prescrição
judicial? Não, o art. 169 do CTN soluciona o problema, prevendo uma ação anulatória da
decisão administrativa que denegar a restituição. Ela, contudo, possui prazo prescricional
de 2 anos. Só é cabível quando o contribuinte opta por pleitear a restituição pela via
administrativa e sai derrotado.
CTN, Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que
denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial,
recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao
representante judicial da Fazenda Pública interessada.

A solicitação de adesão a parcelamento de crédito tributário, mesmo negada, importa em


reconhecimento da dívida e, por isso, interrompe o prazo prescricional da execução fiscal, com base
no art. 174, § único, IV, do CTN. Ocorrendo o inadimplemento das parcelas, o prazo volta a correr
integralmente a partir desta data. Contudo, em relação à ação de repetição de indébito não há
qualquer influência sobre o prazo prescricional.

AÇÃO CONSIGNATÓRIA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

CONCEITO: Pagar o tributo é um dever do contribuinte, assim como livrar-se desse dever é seu
direito. Portanto, se a Fazenda Pública se recusa a receber o pagamento ou cria obstáculo para tal, o
contribuinte pode lançar mão da ação de consignação em pagamento, depositando o valor em juízo,
liberando-se da obrigação. Por isso, trata-se de ação de natureza declaratória, pois o juiz apenas
declara se o depósito é suficiente ou não para extinguir o crédito tributário.

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A ação consignatória, que é de natureza meramente declaratória, tem por objetivo apenas liberar o
devedor de sua obrigação com a quitação de seu débito, por meio de depósito judicial, quando o
credor injustificadamente se recusa a fazê-lo.

Se a ação consignatória for julgada improcedente, o juiz pode, na própria sentença, condenar o autor
a complementar o valor consignado a menor (art. 164, §2º, do CTN). Por isso, a ação consignatória
pode ter natureza de ação dúplice. Ação dúplice é aquela em que o juiz ao julgar o pedido do autor
pode não só julgá-lo improcedente, como pode condenar o autor a mais alguma coisa,
independentemente de reconvenção.

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:


VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo,
nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de
penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento
legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um
mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada
é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito
acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

CABIMENTO:
Exigibilidade indireta (I e II)- Ocorre toda vez que a Fazenda Pública vincula o pagamento de um
tributo ao pagamento de outro tributo ou ao cumprimento de uma obrigação acessória ou ao
pagamento de uma multa. O sujeito passivo pode ajuizar ação de consignação em pagamento,
pedindo a autorização para realizar o depósito do tributo individualizado que se pretende pagar.
Feito o depósito, a Fazenda Pública será citada para levantá-lo ou oferecer resposta.

Bitributação (III)- Ocorre toda vez que mais de um ente cobra tributos (idênticos ou não) sobre o
mesmo fato gerador. Ex: Pela propriedade de um mesmo imóvel, o sujeito passivo é cobrado do IPTU
e do ITR. Na ação de consignação em pagamento, o sujeito passivo deve depositar o maior valor
exigido, pois só assim a exigibilidade ambos os tributos estará suspensa (Súmula 112 do STJ) e ele
evitar ter que complementar o valor com incidência de juros, correção e multa, além dos ônus de
sucumbência. O juiz citará os entes, litisconsortes necessários.

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Segundo alguns autores, só cabe ação consignatória quando a dúvida instaurada é entre dois
entes de mesma natureza. Contudo, o STJ reconhece a possibilidade de ajuizamento da
consignatória mesmo quando cobrados tributos por entes de natureza diversa sobre o
mesmo fato gerador. Ex: ICMS x ISS e ITR x IPTU.

OBS1: STJ - Recolher parceladamente o valor do débito fiscal na seara da ação consignatória é
desviar-se da finalidade por ela pretendida. Desse modo, a referida ação não pode servir à obtenção
de parcelamento do débito tributário, sob pena de fazer da legislação, que prevê o benefício, letra
morta. O contribuinte não pode ir consignando mês a mês parcelas do crédito tributário.
OBS2: STJ- A ação consignatória não é via processual adequada para obter compensação tributária
com precatórios.

Consignatória e discussão do quantum devido: A ação de consignação em matéria tributária, em


princípio, não pode ser usada para discutir o crédito tributário. Todavia, o STJ entende que na
hipótese do contribuinte reconhecer que deve, mas achar que o valor cobrado é excessivo, pode sim
ajuizar ação consignatória, com base no art. 164, § 1o, do CTN, depositando o valor menor. Exigir
valor maior equivale a recusar o recebimento do tributo pelo valor menor, efetivamente devido à luz
do princípio da legalidade. REsp 659779 e REsp 1248333. Decisões isoladas (segundo o Rene Longo).
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Aula dia 28.07.2022- Prof. Camilo Graça

MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

CONCEITO: Remédio constitucional utilizado para afastar do mundo jurídico uma aberração. Afinal,
aplica-se à Administração Pública o princípio da legalidade, com base no art. 37 da CRFB/88. Toda vez
que a autoridade pública age ao arrepio da lei, é uma aberração.
CRFB /88, Art. 5o (...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

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L12016, Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. (Vide ADIN 4296)

NATUREZA JURÍDICA: Processo de conhecimento de procedimento especial

DIREITO LÍQUIDO E CERTO: Direito provado às escâncaras. Prova documental pré-constituída. O MS


não admite dilação probatória.
L12016, Art. 6o (...)
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou
estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de
terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou
em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão
extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. Teoria da carga dinâmica da
prova- Cabe ao magistrado, enquanto gestor do concerto probatório, verificar no caso concreto
quem está em melhores condições de produzir a prova e, assim, distribuir este ônus entre as partes.

CABIMENTO: Sendo o lançamento um ato administrativo, é constantemente submetido ao controle


judicial pelo MS. Outros atos passíveis de MS: inscrição em Dívida Ativa, recusa na expedição de
certidão negativa de débitos, recusa na expedição de certidão positiva com efeitos negativos, decisão
que nega direito a benefícios fiscais (isenção, imunidade, etc.), manutenção ou aproveitamento de
créditos, reversão de aplicação de pena de perdimento, etc.

LIMINAR: Suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, IV, do CTN).


A suspensão da exigibilidade não impede a constituição do crédito tributário. Logo, o fisco pode
realizar o lançamento, só não pode cobrar. Até porque, na forma do art. 142, § único, do CTN, o
lançamento é ato vinculado e obrigatório, sob pena de responsabilidade funcional do servidor
público.
Exceção: Quando o juiz, na liminar, em sede de controle difuso de constitucionalidade,
suspende a eficácia da lei entre as partes. Nesse caso, o lançamento também estará
impedido e não fluirá o prazo decadencial.

A concessão de liminar em MS jamais deve ser condicionada ao depósito pelo juízo. Isso porque o
depósito é direito subjetivo da parte. Ademais, tanto a liminar quanto o depósito são causas de
suspensão de exigibilidade do crédito tributário, de modo que feito o depósito, a liminar se torna
desnecessária. Na verdade, decisão no referido sentido é um verdadeiro indeferimento da liminar.

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Cabe a cobrança pela mora entre a concessão da liminar e a denegação da segurança? Sim.
Súmula 405 do STF- Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo
dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária.

Quanto aos débitos federais, existe disciplina própria, trazida pela Lei nº 9.430/96, que estabelece a
interrupção da mora até 30 dias após a decisão que julgar devido o tributo.
L9430, Art. 63.
§ 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da
multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da
decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição.

Súmula 212 do STJ- A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou
por medida liminar cautelar ou antecipatória.
Súmula 213 do STJ- O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à
compensação tributária.
Súmula 460 do STJ- É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária
realizada pelo contribuinte.

LEGITIMIDADE PASSIVA: Autoridade coatora (quem praticou ou ordenou a prática do ato) + o ente
público (pessoa jurídica) que ela integra.
Imposição tributária ilegal -> chefe do serviço que arrecada o tributo e impõe as sanções fiscais
respectivas (Hely Lopes Meirelles). Ex: Coordenador Municipal do ISS.
L12016, Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual,
será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na
segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha
vinculada ou da qual exerce atribuições. (...)
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
emane a ordem para a sua prática.

Súmula 114 do TJRJ- Legitimado passivo do mandado de segurança é o ente público a que está
vinculada a autoridade coatora.

Possibilidade de correção do polo passivo- Tradicionalmente, entende-se que a indicação


equivocada da autoridade coatora não pode ser retificada, levando à extinção do MS. Esse
entendimento, contudo, vem mudando. Há julgados recentes do STJ no sentido de que a emenda à
petição inicial de MS para correção da autoridade coatora somente pode ser admitida quando o
órgão jurisdicional em que a demanda tenha sido proposta também for competente para julgar a
autoridade correta.

Teoria da encampação- Quando for indicada autoridade superior àquela que tinha legitimidade para
responder pelo MS, entende-se como convalidada a irregularidade se a autoridade superior tiver

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encampado o ato atribuído a seu subordinado. Encampar o ato significa defender o ato impugnado
do subalterno.
MS 17.435 STJ- Requisitos para aplicação da encampação: discussão do mérito nas
informações, subordinação hierárquica entre a autoridade efetivamente coatora e a
apontada na inicial e ausência de modificação de competência.

RECURSOS:
Decisão denegatória ou concessiva de 1ª instância → apelação ao TJ ou ao TRF → REsp ao STJ ou RE
ao STF
Decisão denegatória TJ ou TRF → recurso ordinário
Decisão concessiva TJ ou TRF → REsp ou RE (Fazenda Pública)

AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO

CONCEITO: Também chamada de ação constitutiva negativa do crédito tributário ou ação


desconstitutiva do crédito tributário. Tem a finalidade de anular o crédito que o Fisco tem em face de
determinado contribuinte. Se julgada procedente, desconstitui o crédito tributário, à luz do que
dispõe os artigos 142 e 173 do CTN.
A condição sine qua non para a ação anulatória é que o lançamento já tenha sido realizado.
Segue o procedimento comum.
Sentença de procedência - constitutiva negativa
Sentença de improcedência - declaratória
Importante lembrar que pela sistemática trazida pelo CTN, em que se tem a obrigação
tributária e o crédito tributário com existências distintas, é possível que a anulação do
lançamento não afete a obrigação tributária.
CTN, Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus
efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade
não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.

DEPÓSITO: Segundo o art. 39 da Lei nº 6.830/80, a ação anulatória deveria ser precedida do depósito
do montante integral, criando uma condição de procedibilidade para essa ação. Todavia, conforme
reiterada jurisprudência, o depósito é direito subjetivo da parte, não devendo ser imposto ao sujeito
passivo. Além de que a exigência do depósito fere a isonomia, o devido processo legal, a ampla
defesa, o acesso à justiça e a inafastabilidade da jurisdição (art. 5o, XXXV, da CRFB/88).

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Súmula Vinculante 28- É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de


admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Ver
também Súmula 274 do TFR.

Caso a anulatória seja proposta acompanhada do depósito, por opção do contribuinte, fica suspensa
a exigibilidade do crédito (art. 151, II, do CTN). Assim, torna-se inviável o ajuizamento de execução
fiscal pela Fazenda Pública (só se houver depósito ou tutela provisória).
E se a ação anulatória for ajuizada com depósito ou for concedida tutela provisória quando a
execução fiscal já está em curso? A execução fiscal deverá ser suspensa.

O depósito feito na anulatória aproveita aos embargos à execução como garantia do juízo. REsp
885246 STJ.

CABIMENTO: Anular Auto de Infração, notificação fiscal de lançamento de débito ou decisão


administrativa desfavorável ao contribuinte.
*Não confundir esta ação anulatória com aquela do art. 169 do CTN (ação anulatória da decisão
administrativa que nega a restituição de indébito).

CONEXÃO: Execução fiscal e ação anulatória concomitantemente em curso - Antes, o STJ entendia
que deveria haver a reunião dos processos no juízo prevento. Todavia, os códigos de organizações
judiciárias estaduais passaram a criar varas com competência exclusiva para o julgamento da
execução fiscal. Nesse caso, deve ser prestigiada a legalidade ou a segurança jurídica (evitar decisões
judiciais conflitantes)? Decisões recentes do STJ vem entendendo não ser caso de reunião dos
processos.

PRAZO: Prazo geral de 5 anos (art. 1º do Decreto nº 20.910/32).


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Aula dia 29.07.22- Prof. Rene Longo

AÇÃO DECLARATÓRIA (PURA)

Todas as ações são, em certa medida, declaratórias. Algumas, porém, além de declarar, possuem
outros efeitos, como é o caso das constitutivas e das condenatórias. A ação anulatória é uma ação
declaratória com efeitos constitutivos negativos. Por esse motivo, muitos operadores do direito a
chamam dessa forma. Contudo, a ação que vamos estudar agora é a ação declaratória pura, isto é, só
com efeitos declaratórios.
A ação declaratória pura tem por objetivo declarar a inexistência da relação jurídica tributária e
está fundamentada no art. 19 do CPC. Não tem prazo prescricional. Não se discute lesão a direito,
mas situação de risco de lesão. Ex: Lei Municipal que prevê pagamento de IPTU por entidades
religiosas no ano seguinte. Como tais entidades têm imunidade constitucional, a lei é flagrantemente
viciada e elas não precisam esperar o lançamento para agir.
Logo, é adequado que seja ajuizada antes do lançamento, para evitá-lo, com o pedido de que, na
hipótese de lançamento, seja convertida em anulatória. Isso porque o mero ajuizamento da
demanda não impede a realização do lançamento pela Fazenda Pública e, uma vez este realizado,
ainda que o contribuinte saia vencedor de uma ação declaratória pura, a sentença não terá eficácia
para desconstituir o crédito tributário.

EXECUÇÃO FISCAL I

INTRODUÇÃO:
Os créditos tributários inscritos em Dívida Ativa são líquidos e certos e, por isso, exigíveis (art. 204 do
CTN). Além da exigibilidade do crédito, a inscrição em DA provoca a inversão do ônus da prova, de
modo que a Fazenda não precisa mais provar que tem crédito a receber, o devedor é quem tem que
provar que não possui nada a pagar.
Certidão de Dívida Ativa (art. 202 do CTN)- documento que materializa as informações constantes da
base de dados da Dívida Ativa. Como goza de presunção de veracidade e de legalidade, possui
natureza jurídica de título executivo extrajudicial, na forma do art. 784, IX, do CPC.

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De posse da CDA, a Fazenda pode ajuizar a execução fiscal. Inclusive, a CDA serve como petição
inicial da execução fiscal (art. 6o, § 2º, da Lei nº 6830/80).

CONEXÃO ENTRE AÇÃO ANULATÓRIA E EXECUÇÃO FISCAL:


Pode o sujeito passivo propor uma ação anulatória após o ajuizamento de execução fiscal? Sim,
devido ao direito constitucional de ação.
Se a ação anulatória tiver sido proposta antes da execução fiscal, os processos continuarão correndo
em juízos separados. Isso porque, de acordo com o art. 5º da LEF, o juízo da execução fiscal é de
competência absoluta, afastando qualquer outro. Por isso, o STJ diz que apesar da existência da
conexão (causa de pedir remota idêntica), o efeito da reunião dos processos não poderá ser aplicado.
O que o contribuinte pode fazer é argumentar com o juízo da execução que a anulatória é uma
prejudicial externa e requerer a suspensão da execução fiscal.
Se a ação anulatória tiver sido proposta após a execução fiscal, os processos serão reunidos para
julgamento no juízo da execução fiscal, prevento, ou o juízo da anulatória pode extingui-la por perda
de objeto.

O ajuizamento da ação anulatória ao invés da oposição de embargos à execução começou a ser


admitido pela jurisprudência como um temperamento da exigência do art. 16, § 1º, da LEF, que diz
que os embargos não serão analisados antes de garantida a execução. Assim, a ação anulatória seria
uma alternativa para os executados hipossuficientes.
Como a ação anulatória e os embargos à execução possuem a mesma natureza jurídica (processo de
conhecimento) e seguem o mesmo rito (procedimento comum), o STJ evoluiu a jurisprudência e
passou a entender que os executados hipossuficientes, desde que comprovem efetivamente a
impossibilidade de garantir a execução, poderão opor os embargos à execução sem necessidade de
garantia.

LEGITIMIDADE:
Ativa- Sujeito ativo (art. 119 do CTN) - quem tem competência tributária ou capacidade tributária
ativa - entes federados e pessoas delegadas (autarquias, fundações públicas e estatais prestadoras
de serviços públicos*).
Lembrar que a competência tributária inclui as funções de instituir, regular, fiscalizar e
arrecadar o tributo. As duas primeiras são do Poder Legislativo e as duas últimas do Poder
Executivo. As funções do Executivo, isto é, a fiscalização e a arrecadação podem ser
delegadas a terceiros, com base no art. 7º do CTN. Essas pessoas terão capacidade tributária

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ativa, podendo cobrar o tributo tanto administrativa quanto judicialmente, e exercendo,


nesse caso, substituição processual.
*É possível delegar capacidade tributária ativa para pessoas jurídicas de direito
privado? De acordo com o STF, não, só pessoas jurídicas de direito público. Alguns
doutrinadores, como Luciano Amaro, por exemplo, entendem o contrário, mas sua
tese não prevalece. Para o STF, a PJ de direito privado pode até arrecadar, como as
instituições bancárias. Contudo, nunca pode fiscalizar, pois não tem poder de polícia.
Um particular não pode punir outro particular.
Também poderão ter capacidade tributária ativa as estatais que recebam tratamento
de pessoa jurídica de direito público por prestarem serviços públicos. Ex: ECT,
Infraero e Casa da Moeda.
Os Conselhos Profissionais também podem ajuizar execução fiscal, com exceção da
OAB, que, para o STJ, porque possui natureza privada, apesar da contribuição ter
caráter tributário. Para executar o advogado inadimplente, deve lançar mão do CPC,
e não da LEF.

Passiva- Sujeito passivo - contribuinte ou responsável.

REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL:


CTN, Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou
estatutos: (...)
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
A responsabilidade tributária do administrador de pessoa jurídica não se trata de aplicação da teoria
da desconsideração da personalidade jurídica, pois decorre diretamente da lei. Assim, em caso de
execução fiscal contra a pessoa jurídica, havendo responsabilidade do administrador, fala-se em
redirecionamento da execução.

Atenção!
Súmula 430 do STJ- O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente.
Todavia, se o inadimplemento é conjugado com a dissolução irregular da pessoa jurídica (sem
liquidação/extinção de fato), a responsabilidade pelo crédito tributário é do administrador.
Nesse sentido, a mudança de endereço sem a comunicação aos órgãos competentes (alteração do
contrato social) equipara-se à dissolução irregular.

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Súmula 435 - Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio-gerente.

Em caso de redirecionamento é necessária a alteração da CDA? Não. Caso contrário, a Fazenda


Pública, sem culpa dela, teria que refazer todo o procedimento. Apenas acrescenta-se a informação
do redirecionamento nos autos.

Na hipótese de alteração do administrador, de modo que quando a pessoa jurídica praticou o fato
gerador era um e quando houve a dissolução irregular era outro, a execução deve ser
redirecionada para quem? De acordo com o STJ, deve ser redirecionada para o administrador da
época da dissolução irregular, ou seja, o segundo.

Sucessão societária: A sociedade incorporadora é responsável pelos débitos tributários da


incorporada, sendo esta a legitimada passiva para a execução fiscal (STJ).
CTN, Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas
pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de
direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio
remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.

GARANTIA: O executado é citado para, dentro de 5 dias, pagar, extinguindo o processo, ou garantir o
juízo. A garantia do juízo pode ser um depósito, uma fiança bancária ou seguro garantia ou penhora,
à escolha do executado. Garantido um juízo, abre-se o prazo de 30 dias úteis (CPC) para oposição de
embargos à execução. Se o executado se mantiver inerte, o juiz determinará a penhora constritiva.
Isso não impede que o executado oponha embargos à execução, porém a garantia será os bens
penhorados. Ele perde a prerrogativa da escolha da opção mais confortável para ele.

Não cabe intervenção de terceiros na execução fiscal.

Súmula 393 do STJ- A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às


matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.

Tema 1026 do STJ (RESP 1809010/RJ): "O art. 782, §3º do CPC é aplicável às execuções fiscais,
devendo o magistrado deferir o requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes, preferencialmente pelo sistema SERASAJUD, independentemente do esgotamento
prévio de outras medidas executivas, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à existência do
direito ao crédito previsto na Certidão de Dívida Ativa - CDA."
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