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Introdução à Psicologia Hospitalar

Práticas do Psicólogo
Hospitalar Frente à Equipe
Multiprofissional
NARA VIRGINÍNIA R. SIMÕES ANADÃO
PSICÓLOGA - CRP15/2764
Introdução à Psicologia Hospitalar

Práticas do psicólogo hospitalar


frente à equipe multiprofissional
A psicologia vem ganhando espaços nos hospitais em passos
lentos. A partir da década de 1950 foi oficialmente
regulamentada a inserção do trabalho do psicólogo no hospital
geral.
Assim os profissionais foram inseridos gradualmente em um campo
em que muitos já atuavam e, desde então, vêm buscando ganhar
espaço para realizar seu trabalho (FOSSI e GUARESCHI, 2004;
FOSSI, 2006).
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Práticas do psicólogo hospitalar


frente à equipe multiprofissional
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) aponta para a
ideia da composição do bem-estar, abrangendo os aspectos
mentais e sociais e, ao tentar aproximar esta compreensão para
o âmbito hospitalar, faz-se necessário ressaltar que o psicólogo
não atua sozinho, mas, "ao contrário, inclui, necessariamente, a
participação de outros profissionais da área da saúde, sob os
moldes da interdisciplinaridade" (SPERONI, 2006, p.92).
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Práticas do psicólogo hospitalar frente à


equipe multiprofissional
O trabalho em equipe na saúde vem crescendo consideravelmente desde
o advento do modelo biopsicossocial no começo do século XX, com a
descentralização do papel do
médico como responsável pela cura.
Esse modelo demandou e demanda a criação de equipes
multiprofissionais, a união de diferentes profissionais com focos,
habilidades, conhecimentos e especificidades diversas, visando-se não só
o tratamento da doença, mas também a promoção da saúde (GUARECSHI
e MARTINS, 1997; REMOR, 1999; PEDUZZI, 2000; MORÉ, 2004; BUCHER
2003; APARECIDA et. al, 2008; FERIOTTI, 2009).
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Práticas do psicólogo hospitalar frente à


equipe multiprofissional
O psicólogo hospitalar, que tem atuação voltada para a mediação entre
as questões da saúde e a relação dos indivíduos com esta, além da
própria promoção da saúde, exerce papel fundamental dentro das
equipes multiprofissionais de saúde.
Lembrar os profissionais presentes sobre a individualidade e a
subjetividade dos pacientes atendidos; sobre a peculiaridade da
experiência psicológica da doença e dos próprios fatores psicológicos
que atravessam a relação dos pacientes com a saúde. Sua função acaba
contribuindo, principalmente, para a humanização dos atendimentos e
para o maior cuidado na relação com os pacientes (CAMPOS 1995;
ROMANO, 1999; BRUSCATO et al., 2009; FOSSI e GUARESCHI, 2004)
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Práticas do psicólogo hospitalar frente à


equipe multiprofissional
É preciso explicitar que a atuação de uma equipe multiprofissional,
através da interdisciplinaridade, indica não só uma contribuição mútua
entre os profissionais nela inseridos, mas também um estabelecimento e
uma identificação de limites entre os profissionais.
A sobrevalorização do psicólogo deve ser evitada e um especial cuidado
deve existir na identificação das relações de poder entre a equipe: o
psicólogo deve facilitar diálogos e comunicação interna, permitindo que
relações e manejos mais horizontais ocorram tanto nas dinâmicas da
equipe quanto no tratamento de pacientes e demandas (MORÉ et al.,
2004).
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Práticas do psicólogo hospitalar frente à


equipe multiprofissional
Assim, para que o psicólogo exerça seu trabalho no hospital, é fundamental que
os demais profissionais compreendam o seu papel para um trabalho eficaz.
As funções do psicólogo no contexto hospitalar e como membro da equipe
multidisciplinar, devem ter em vista a grande variedade de atividades
designadas ao psicólogo hospitalar.
No entanto, há obstáculos que precisam ser contornados para delinear melhor o
espaço de atuação do psicólogo junto à equipe multidisciplinar, dentre eles
destacam-se a relação e a comunicação entre a Psicologia e os demais saberes
profissionais da equipe (Gazotti & Prebianchi, 2014),que são base para o
relacionamento interpessoal, o elemento fundamental para o bom
funcionamento multidisciplinar.
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equipe multiprofissional
Uma vez que o psicólogo hospitalar recebe uma solicitação de intervenção e
constata que decorre da equipe ou de algum profissional individualmente, lhe é
exigido realizar um trabalho duplo: atender ao paciente para fazer sua própria
avaliação sobre seu estado psicológico e emocional naquele momento, e então,
retornar à equipe para analisar, agora, ambas as demandas – a do paciente e
a da equipe – e buscar solucioná-las em conjunto.
Assim, deve ser reconhecido que o trabalho do psicólogo hospitalar junto à
equipe não se limita a fazer parte dela de modo a caracterizá-la enquanto
multidisciplinar; mas também, oferecer suporte e auxílio psicológico para as
dificuldades práticas e subjetivas dos profissionais diante da sua prática
cotidiana.
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Práticas do psicólogo hospitalar frente à


equipe multiprofissional
Em situações onde as solicitações de atendimento psicológico decorrem de
demandas da própria equipe, o psicólogo, enquanto especialista no cuidado aos
aspectos subjetivos e emocionais, percebe a passagem de responsabilidade da
equipe que busca se afastar das demandas que lhe causam angústia.
A presença do psicólogo hospitalar torna-se essencial, pois percebe que, caso a
equipe venha a enfrentar sozinha tais circunstâncias, pode prejudicar o equilíbrio
psicológico e emocional das demais especialidades.
Desse modo, o trabalho do psicólogo em mediar a relação equipe/profissional-
paciente é intensificado. O distanciamento dos profissionais frente aos pacientes
pode produzir a eles sofrimento, pois conduz a um sentimento de insegurança
diante da doença, do prognóstico e do profissional.
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equipe multiprofissional
Para que seja possível estarem dispostos a auxiliar os demais em suas
necessidades e estarem presentes e íntegros em todas as relações, os psicólogos
precisam olhar para si mesmos, enquanto pessoas e profissionais, de modo a se
prepararem para as novas situações e demandas que os desafiam.
Pois, uma das funções do psicólogo é lidar com conflitos psicológicos que se
desenvolvem nas interações entre profissionais, membros das equipes, pacientes e
familiares que demandam uma escuta qualificada.
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Referências
ALMEIDA, R.A.; MALAGRIS, L.E.N. Psicólogo da saúde no hospital geral: um estudo sobre a atividade e a
formação do psicólogo hospitalar no Brasil. Psicol. Cienc. Prof., Brasília, v.35, n.3, p.754-67, set. 2015.
Disponívelem:http://www.scielo.br/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S141498932015000300754&lng=en&
nrm=iso.
BRUSCATO, W.L.; BENEDITTI, C.; LOPES, S.R.A. (orgs.). A prática da psicologia hospitalar na Santa Casa de
São Paulo: novas páginas em uma antiga história. 2.ed.,Itatiba, SP: Casapsi, 2009, p.33-9.
BUCHER, J.S.N.F. Psicologia da saúde no contexto da saúde pública: uma complexidade crescente. In:
YAMAMOTO, O. H. e GOUVEIA V. V. (orgs.). Construindo a psicologia brasileira: desafios da ciência e
prática psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, p.213-39.
CAMPOS, T.C.P. Psicologia hospitalar: a atuação do psicólogo em hospitais. São Paulo: EPU,1995.
CHIATTONE, H.B.C. A significação da psicologia no contexto hospitalar. In: ANGERAMICAMON, V. A. (org.),
Psicologia da saúde: um novo significado para a prática clínica. São Paulo: Pioneira / Thomson Learning,
2000, pp. 73-165.
CRISTINA, J.A. et al. Vivências de uma equipe multiprofissional de atendimento prehospitalar móvel em
suporte avançado de vida na assistência ao adulto em situação de parada cardiorrespiratória. Cienc.
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Referências
FERIOTTI, M.L. Equipe multiprofissional, transdisciplinaridade e saúde: desafios do nosso tempo. Vínculo, São
Paulo, v.6, n.2, p.179-90, dez. 2009. Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1806-24902009000200007&lng=pt&nrm=iso.
FOSSI, L.B.; GUARESCHI, N.M.F. A psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares. Rev. SBPH, Rio de
Janeiro, v.7, n.1, p.29-43, jun. 2004. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1516-08582004000100004&lng=pt&nrm=iso.
GOMES, D.C.R. (org.) Equipe de saúde: o desafio da integração. Uberlândia: UFU. GORAYEB, R. Psicologia
da saúde no Brasil. Psicologia: Teoria e Pesquisa, (v. esp), n.29, p.115-22, 2010.
SPERONI, A.V. O lugar da psicologia no hospital geral. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v.9, n.2, p. 83-97, dez.
2006. Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
08582006000200006&lng=pt&nrm=iso.
TONETTO, A.M.; GOMES, W.B. A prática do psicólogo hospitalar em equipe multidisciplinar. Estud. Psicol.,
Campinas, v.24, n.1, p.89-98, mar. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103-166X2007000100010&lng=en&nrm=iso.

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