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Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de

História
HO171 - HISTÓRIA

ECONÓMICA II
Da Revolução Industrial à Partilha de África
Universidade Católica de Moçambique
Centro de Ensino à Distância
CED
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
dr. Luís Manuel Chazoita, gostaria de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições

na elaborção deste manual:

Pela revisão final Dra Augusta Filomena Assumane

Pela edição Dra Augusta Filomena Assumane


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a História Económica II Da Revolução Industrial à Partilha de África............1
Objectivos da cadeira.........................................................................................................2
Quem deveria estudar este módulo....................................................................................3
Como está estruturado este módulo...................................................................................3
Ícones de actividade...........................................................................................................4
Acerca dos ícones...........................................................................................4
Habilidades de estudo........................................................................................................4
Precisa de apoio?...............................................................................................................5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação).................................................................................5
Avaliação...........................................................................................................................5

Unidade I 7
A Revolução Industrial......................................................................................................7
Introdução................................................................................................................7
1.1. Definição e surgimento da Revolução Industrial..............................................7
1.2. Causas da emergência da Revolução Industrial................................................8
1.3. As Fases da Revolução Industrial.....................................................................9
1.3.1. A primeira fase da Revolução Industrial........................................................9
1.3.2. A Segunda Fase da Revolução Industrial.....................................................11
1.3.3. A Terceira Fase da Revolução Industrial.....................................................11
Sumário............................................................................................................................11
Exercícios........................................................................................................................12
Unidade II................................................................................................................................ 13
A Revolução Industrial....................................................................................................13
Introdução..............................................................................................................13
2.1. A especialização de trabalho no decurso da Revolução Industrial...............13
2.2. Consequência da Revolução Industrial..........................................................14
Sumário............................................................................................................................15
Exercícios........................................................................................................................15

Unidade III 17
A Revolução Industrial e a consolidacao do novo modo de producao............................17
Introdução..............................................................................................................17
3.1. Acumulação e Concentração de Capital.........................................................17
3.1. O novo modo de roducao – o Capitalismo......................................................20
3.2.1. Breve historial do Novo modo de Produção.......................................20
Luta entre a pequena e a grande produção na agricultura. 22
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África ii

Sumário............................................................................................................................25
Exercícios........................................................................................................................25

Unidade IV 26

As Teorias Socialistas no decurso da Revolucao Industrial 26


Introdução..............................................................................................................26
4.1. Princípais teoricos socialistas..........................................................................26
Sumário............................................................................................................................28
Exercícios........................................................................................................................28

Unidade V 29
A Revoluçao Agricola.....................................................................................................29
Introdução..............................................................................................................29
5.1. Definição e surgimento da Revolução Agricola.............................................29
5.2. As transformaçoes agricolas: o processo de apropriaçao de terra..................31
5.2.1. A Agricultura Europeia no Seculo XIX no processo da sua Modernização
................................................................................................................................32
Sumário............................................................................................................................33
Exercícios........................................................................................................................34

Unidade VI 35
A Revoluçao Agricola.....................................................................................................35
Introdução..............................................................................................................35
6.1. A Agricultura no Mundo Extra-Europeu.......................................................35
6.2. A Crise Agricola nos Anos 80 do Seculo XIX: ensimentos para Revolução
Verde em Moçambique..........................................................................................37
Sumário............................................................................................................................38
Exercícios........................................................................................................................39

Unidade VII 40
Burguesia x Proletariado.................................................................................................40
Capital x Trabalho..................................................................................................40
Introdução..............................................................................................................40
7.1. O Impacto económico da luta entre a Burguesia e o proletariado.................40
7.2. O Capital e o trabalho na economia capitalista..............................................41
Sumário............................................................................................................................43
Exercícios........................................................................................................................43

Unidade VIII 44
O Capitalismo Industrial..................................................................................................44
Introdução..............................................................................................................44
8.1. Conceito de Capitalismo Industrial.................................................................44
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África iii

Sumário............................................................................................................................46
Exercícios........................................................................................................................46

Unidade IX 47
O Imperialismo, Século XIX e XX.................................................................................47
Introdução..............................................................................................................47
9.1. Definição e Caracterização de Imperialismo..................................................47
9.2. Estudiosos, do Imperialismo...........................................................................49
Sumário............................................................................................................................50
Exercícios........................................................................................................................50

Unidade X 51
O Imperialismo, Século XIX e XX.................................................................................51
Introdução..............................................................................................................51
10.1. Princípais paises imperialistas......................................................................51
10.2. Alguns exemplos do Imperialismo Britanico................................................51
Sumário............................................................................................................................52
Exercícios........................................................................................................................52

Unidade XI 54
Contradições Imperialistas..............................................................................................54
Introdução..............................................................................................................54
11.1. Expansão Imperialista...................................................................................54
11.2. A Conferencia de Berlim..............................................................................55
Sumário............................................................................................................................56
Exercícios........................................................................................................................56

Unidade XII 58
África Diante do Desáfio Colonial..................................................................................58
Introdução..............................................................................................................58
12.1. Razões Económicas que levaram a colonização de África...........................58
Sumário............................................................................................................................61
Exercícios........................................................................................................................61

Unidade XIII 62
The Scramble for África, A Partilha de África................................................................62
Introdução..............................................................................................................62
13.1. Antecedentes.................................................................................................62
13.2. Teórias da Partilha.........................................................................................64
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África iv

Sumário............................................................................................................................65
Exercícios........................................................................................................................66

Unidade XIV 67
A Conferência de Berlim.................................................................................................67
Introdução..............................................................................................................67
14.1. Antecedentes da Conferência........................................................................67
14.2. Sua Realização..............................................................................................68
Sumário............................................................................................................................70
Exercícios........................................................................................................................71

Unidade XV 72
A Modernizacao da Economia Mundial.........................................................................72
Introdução..............................................................................................................72
Sumário............................................................................................................................76
Exercícios........................................................................................................................76

Unidade XVI 77
Trafico de escravos................................................................................................77
Introdução..............................................................................................................77
Sumário............................................................................................................................83
Exercícios........................................................................................................................84

Unidade XVII 85
O papel de Africa na Economia do Mundo – Africa do norte e Oriental........................85
Introdução..............................................................................................................85
17.1. O Egipto. O Magreb. O Marrocos.........................................................................85
Economia................................................................................................................85
Criação de Animais................................................................................................86
Comércio................................................................................................................86
Transportes.............................................................................................................86
Agricultura.............................................................................................................86
Forjamento de Metais.............................................................................................87
Agricultura.............................................................................................................87
17.2. Economia Etiopia...................................................................................................88
Sumário............................................................................................................................89
Exercícios........................................................................................................................89

Unidade XVIII 91
O papel de Africa na Economia do Mundo – Africa Central e Austral...........................91
Introdução..............................................................................................................91
 Sahel – Sudão Congo e os reinos ovimbundos de Angola...........................91
 A África Austral : Madagascar e a África do Sul.........................................91
18.1. A África Austral : Madagascar e a África do Sul.........................................91
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África v

África do Sul: perspectiva económica 92


Crescimento económico................................................................................92
Desafios: fornecimento de energia...............................................................93
Sumário............................................................................................................................93
Exercícios........................................................................................................................93

Unidade XIX 94
Economia de Moçambique nos séc. XVI-XIX................................................................94
Introdução..............................................................................................................94
 A Economia de escravos em Moçambique...................................................94
O Primeiro Estado do Zimbabwe...........................................................................95
O Império dos Mwenemutapas..............................................................................96
O Império Marave..................................................................................................96
Os Prazos................................................................................................................97
Os Estados Ajaua...................................................................................................99
O Império de Gaza.................................................................................................99
Os Estados Islâmicos da Costa.............................................................................100
Sumário..........................................................................................................................100
Exercícios......................................................................................................................101
2.Quais foram as principais rotas de escravos em Moçambique........................101

Unidade XX 102
Economia de Moçambique nos séc XIX-XX................................................................102
Introdução............................................................................................................102
As Companhias Majestáticas...............................................................................102
A Administração Colonial Portuguesa.................................................................103
A Ocupação Militar de Nampula.........................................................................104
Companhia do Niassa e a ocupação de Cabo Delgado e Niassa..........................104
Política colonial entre 1900 e 1930......................................................................105
Sumário..........................................................................................................................107
Exercícios......................................................................................................................107
Referências Bibliográficas.............................................................................................109
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 1

Visão geral
Benvindo a História
Económica II Da Revolução
Industrial à Partilha de África
A Revolução Industrial transformou significativamente a vida da
humanidade, e na pior das hipóteses ela engendrou ódio entre a burguesia
e o proletariado na qual este último a sua sobrevivência fez com que
emergissem defensores que pretendiam uma “equidade’’ entre estas duas
classes sociais, a burguesia e o proletariado.

A industrialização não é um processo acabado, como sublinha Eric


Hobsbawm, no seu decurso se atinge o Capitalismo Industrial, causou a
procura de novos espaços territoriais tanto para pôr mercadorias como
para tirar matéria-prima das colónias, que culminaria na rivalidade entre
as próprias potências imperialistas. Para tentar pôr fim das contendas
havidas entre esta potências, os Imperialistas reuniram-se na capital
alemã, Berlim, no final do século XIX cujas consequências se fazem
sentir até hoje em África que viu a sua total scramble, extinção de
Estados, Impérios e submissão de culturas.

Ainda na procura de novos espaços territoriais em que causou rivalidades


entre as potencias Imperialistas, este factor levaria a formação de blocos
militares opostos e de seguida findaria com a Primeira Guerra Mundial
em 1914.

O presente Módulo, História Económica II, resulta de uma análise crítica


de várias bibliografias concernente a Disciplina, e de entre as quais
seleccionou-se e elaborou-se nove unidades subdvidades em subunidades.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 2

O seu objectivo é doptar o estudante de História conhecimentos básicos


sobre História Económica da Idade Contemporânea séc. XVIII e XIX,
que para este Módulo, inicia com a Revolução Industrial e termina com a
Partilha de África, ou seja, Scramble for Africa, e as consequências do
processo da industrialização.

O Módulo inicia com uma Unidade sobre “A Revolução Industrial’’, na


qual se faz a conseptualização e caracterização do processo da
Industrialização.

A Segunda Unidade deste Módulo intitula-se “Teorias Socialistas no


Decurso da Revolução Industrial’’. Aqui, analisa-se as duas teorias sobre
o socialismo, sendo a primeira, utópica e a segunda cientifca que se
assenta em Karl Marx.

A Terceira Unidade debruça-se sobre “A Revolução Agrícola’’. A


Unidade debruça-se sobre os pioneiros da Revolução Agrícola que eram
figuras políticas, agricultutores influentes e instituições de ensino
agrárias. A Unidade chama a nossa atenção, no caso de Moçambique
actual em que se debate com a Revolução Verde, que o sucesso desta
Revolução no País depende em grande medida de um debate aberto
profundo e à prática. Neste sentido, a Unidade demonstra as soluções
depois de uma crise da Revolução Agrícola.

E mais ao fim do Módulo aborda-se a partilha de África e Conferência de


Berlim cujas consequência se ressentem hoje em África, como a divisão
de fronteiras e inclusão de algumas tribuno noutras.

Objectivos da cadeira
Quando terminar o estudo de História Económica II - Da Revolução
Industrial à Partilha de África; o cursante será capaz de:
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 3

 Explicar a Revolução Industrial;


 Explicar as Teorias Socialistas no Decurso da Revolução Industrial;
 Descrever a Revolução Agricola;
Objectivos
 Caractérizar o Capitalismo Industrial;
 Descrever o Imperialismo no Século XIX e XX;
 Explicar as contradições Imperialistas, dos finais do séc. XIX até a Iª
Guerra Mundial;
 Descrever a África Diante do Desáfio Colonial: a Invasão do
Continente;
 Compriender a Partilha de África;
 Compriender a Conferência de Berlim.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser
professores da disciplina de História, que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Ensino de História, do Centro de Ensino a Distância.
Estende  se a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre
a História Económica II.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 4

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade ncluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou
mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure reservar no mínimo 2(duas) horas de estudo por
dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-te
que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a
data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar
(sozinho, com colegas, outros).
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 5

Lembre-te que o teu sucesso depende da tua entrega, tu és o responsável


pela tua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir,
controlar e avaliar o teu próprio progresso.
Evite plágio.

Precisa de apoio?
Caro estudante:
Os tutores têm por obrigação monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação. Em caso de


problemas específicos, ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa
fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da
natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período
presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante

As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 6

Avaliação
Tu serás avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos , durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para


os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60% , o que adicionado aos 40% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.


Nesta cadeira o estudante deverá realizar: realizar 3 (três) trabalhos, 2
(dois) teste e 1 (um) exame.

Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como


ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações,
os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência
textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referencias utilizadas, o respeito pelos
direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão
indicados no manual. consulte-os.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 7

Unidade I
A Revolução Industrial
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização da Revolução Industrial e do seu impacto na vida sócio-
economica da humanidade.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Revolução Industrial;

 Explicar causa da emergência da Revoulução Industrial na Inglaterra;


Objectivos  Identificar as fases desta Revolução;

 Identificar os seus impactos sócio-economico no Mundo.

1.1. Definição e surgimento da Revolução Industrial


A partir da segunda métade do século XVIII, iniciou-se na Inglaterra a
mecanização Industrial desviando a acumulação de capitais da actividade
comercial para o sector da produção. Esse facto trouxe grandes mudanças
de ordem tanto económica quanto social, que possibilitaram o
desaparecimento dos restos do feudalismo ainda existentes e a definitiva
implantação do modo de produção capitalista. A esse processo de grandes
transformação deu-se o nome de Revolução Industrial.

O termo Revolução Industrial foi inventado por um grupo de socialistas


ingleses e franceses, por volta de 1820, supostamente por analogia com a
revoluçao política da França. A revolução industrial como tal já existia na
Inglatera, antes de a expressão se generalizar.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 8

Assim, é comum entre os historiadores, com dados convicentes como


estatisticos, mostrarem que algures nos anos de 1780 a Revolução
Industrial arrancara. Porém, observa-se com nitidez, a partir dos meados
do séc. XVIII, o processo ganhar impeto para o arranque, onde os
historiadores mais antigos datam a revolução industrial de 1760.
Contudo, como se referiu atrás, uma análise mais atenta tem feito com
que a maioria dos estudiosos aponte a década de 80, e não a de 60, como
a décade decisiva, pois os indices estatisticos relevantes descreveram a
subita curva ascendente que assinala o arranque da Revolução Industrial.

Segundo Obsbawm, a Revolução Industrial não foi efectivamente um


episódio com principio e fim. O processo ainda està em curso. Na
Inglaterra, o periodo do inicio da industrialização coinscidira quase
exactamente com o periodo dos anos 1780, pois se começou com o
arranque nos anos 80, pode se dizer que estava concluído com a
construção dos caminhos de ferro e com a existência de uma industria
pesada em 1840. Porém, a revolução em si, o período de arranque, data
de algures, entre 1780 e 1800, logo e contemporâneo da Revolução
Francesa, embora o início seja ligeramente anterior.

1.2. Causas da emergência da Revolução Industrial


O início do processo industrial na Inglaterra deve-se, principalmente, ao
facto de ter sido esse País que mais acumulou capitalismo industrial. Nos
séculos XVII e XVIII, a Inglaterra, graças a seu poderio naval e
comercial, conseguiu formar um dos maiores imperios coloniais da
época. Para este efeito, a Inglaterra foi facilitada por seguintes factores:

- a sua vitória face a Armada Espanhola de 1588,

- a promulgação dos Actos de Navegação de 1651, em que a Inglaterra


saia com maior proveito em comparação a outras potências colonias,

- o final favorável da Guerra dos Sete Anos, 1756-63, subjugando a


França.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 9

Estes são alguns dos factores que ditaram com que a Inglaterra fosse uma
supremacia mundial e consequentemente favoreceram a emergência da
Revolução Industrial naquele país de Velho Continente. Acresce,
internamente, este período foi marcado por transformações significativas
na sociedade e na económia inglesa, como a implantação de um poderoso
sistema bancário e a revolução verde.

O Banco da Inglaterra conjuntamente com a Companhia das Indias,


fomentaram as relações coloniais estimulando a produção de algodão. A
mecanização da industria textil logo foi aplicada no sector metalúrgico,
tendo as instituições financeiras servido de respaldo aos crescentes
investimentos.

No campo, o estímulo a produção com técnicas e instrumentos


inovadores e o desaparecimento dos pequenos proprietários devido aos
cercamentos integraram o trabalho rural ao sistema capitalista em
desenvovimento. O exodo rural provocado pelos cercamentos permitiu
que grandes empresarios e nobres, os barões, se apossassem de pequenas
propriedades agrícolas. E também, a Inglaterra contava com abundancia
de ferro e carvao, materias – primas fundamentais para a construção e
funcionamento das máquinas e para a produção de enérgia, como também
a eliminação de barreiras alfandegarias internas e o estabelecimento de
uma rede mais densa de estradas e de canais. Outro factor, é ambiente
político favorável, o Estado favoreceu o desenvolvimento dos negócios
por meio da unificação do mercado nacional, do apoio à exportação,
outro factor é cultural, desde John Lock, 1690, até Adam Smith, 1776, a
ideológia do tempo favorece o espírito empreendedor e a busca do lucro
individual.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 10

1.3. As Fases da Revolução Industrial


1.3.1. A primeira fase da Revolução Industrial
Esta fase da Revolução Industrial estava inteiramente ligada a técnicas.
Assim, a segunda métade do séc. XVIII iniciou-se com a mecanização do
sector textil, cuja produção tinha amplos mercados nas colonias, inglesas
ou não, da America, África e Asia.

Nesta fase destacaram-se princípais invenções mecanicas como a


máquina de fiar de James Hargreaves, de 1767, o tear hidraulico, de
Richard Arkwright, de 1768, e o tera mecanico de Edmund Cartwright,
de 1785. Todos esses inventos ganharam maior capacidade quando
passaram a ser acopolados a máquina à vapor, inventada por Thomas
Newcom, em 1712, e aperfeiçoada por James Watt em 1765.

Com esta melhoria qualitativa e quantitativa das máquinas, houve


aumento da produção e geração de capitais, que eram reaplicados em
novas máquinas.

Após o sector textil, a mecanização alcançou o sector metalúrgico,


impulsionou a produção em serie e levou a modernização e expansão dos
transportes.

A descoberta do vapor como força motriz, além de impulsionar a


produção industrial, atingiu também os transportes. Em 1805, o norte-
americano Robert Fulton revoluciou a navegação marrítima criando o
barco à vapor e, em 1814, George Stephenson idealizou a locomotiva à
vapor.

Na décadda 30 do séc. XIX, começaram a circular os primeiros trans de


passageiros e cargas. Além disso, a impressao de jornais, revistas e livros
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 11

com o uso do vapor impulsionou as comunicações e a difusão cultural,


que permitiram o surgimento de novas técnicas e invenções.

Tendo-se originado uma Inglaterra, a Revolução Industrial logo alcançou


o continente e o resto do mundo, atingindo a Bélgica, a França, e
posteriormente a Italia, a Alemanha, a Rússia, os Estados Unidos e o
Japão.

A expansão industrial estimulou o imperialismo do séc. XIX, verdadeira


corrida colonial por novos mercados.

1.3.2. A Segunda Fase da Revolução Industrial


A segunda fase desta revolução foi marcada por ligação industria e
ciência. E esta fase inícia por volta de 1860, cuja dinâmica foi bem maior
impulsionada por inovações técnicas, como a descoberta da electricidade,
a formação do ferro em aço, o surgimento e o avanço dos meios de
transporte, marcada por ampliação das ferróvias seguida das invenções do
automovel e do avião, e mais tarde dos meios de comunicação, como a
invenção do telegráfo, telefone, o desenvolvimento da industria química e
de outros sectores.

Nesta fase pode – se destacar o motor a combustão interna de Nikolaus


Otto, aperfeiçoado por Gottlieb Daimler, Karl Benz e Rudolf Diesel, que
introduziu o uso do petróleo. O uso da enérgia electrica e do petróleo
permitiu a intensificação e diversificação do desenvolvimento
tecnológico.

1.3.3. A Terceira Fase da Revolução Industrial


A terceira fase desta revolução ganhou impulso na segunda metade do
séc. XX. Suas caractéristicas estão associadas aos avanços ultra-rápidos
como na microelectonica, na robotica, na química fina, uma informática
dos serviços e na biotecnológia.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 12

Sumário
A Revolução Industrial processo, que iniciou-se na Inglaterra, de
grandes transformações que trouxeram grandes mudanças de ordem
económica e social, causando o desaparecimento do feudalismo e a
implantação do modo de produção capitalista.

Exercícios
1. Defina Revolução Industrial.
2. Explicie a discussão da data do surgimento desta Revolução.
3. Refira-se das fazes da Revolucão Industrial

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 13

Unidade II

A Revolução Industrial
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização da Revolução Industrial e do seu impacto na vida sócio-
economica da humanidade.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a causa da emergência da Revoulução Industrial na


Inglaterra;

Objectivos  Identificar as fases desta Revolução;

 Identificar os seus impactos sócio-economico no Mundo.

2.1. A especialização de trabalho no decurso da Revolução


Industrial

Na busca dos maiores lucros em relação aos invetimentos feitos, levou-se


ao extremo a especialização do trabalho. Além disso, ampliou-se a
produção, passando-se a produzir artigos em serie, o que tornava barato o
custo por unidade produzida. Surgiram as linhas de montagem, esteiras
rolantes por onde circulavam as partes do produto a ser montado, de
modo a dinamizar a produção.

Implantada primeiramente na industria automobilistica Ford, as esteiras


levavam o chassi do carro a percorrer toda a fábrica. Dos lados delas
ficavam os operarios, que montavam o carro com peças que chegavam a
suas maos em outra esteiras rolantes. Esse metodo de racionalização da
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 14

produção em massa foi chamado de fordismo, tambem ligado ao


principio de que a empresa deveria dedicar-se a apenas um produto, além
de dominar as fontes de materias-primas. O fordismo integrou-se as
teorias do engenheiro norte americano Frederick Winslow Taylor, O
taylorismo, que visava buscar o aumento da produtividade, controlondo
os movimentos das máquinas e dos homens no processo de produção.

Essa forma de produção em serie proporcionou o surgimento de grandes


industrias e a geração de grandes concentrações económicas, que
culminaram no holdings, trustes e carteis.

2.2. Consequência da Revolução Industrial

O surgimento da mecanização industrial operou significativas


transformações em quase todos os sectores da vida humana. Na estrutura
sócio-economica, fez-se a separação definitiva entre o capital,
representado por burguesia, e o trabalho, representado por assalariados,
eliminando-se a antiga organização corporativa da produção, utilizada
pelos artesaos. O trabalhador perdia a posse das ferramentas e máquinas
passando a viver da venda da sua força de trabalho, explorada ao
máximo.

Devido a sujeição de maus tratos e baixos salários, os trabalhadores


asociaram-se em organizações trabalhistas como as Trade Unions, que
buscavam catalisar as insatisfações e organizar a luta da classe operária, e
surgiram ideias e teorias preocupadas com o quadro social da nova ordem
industrial. Estabeleceu-se, claramente, a luta de interesses entre a
burguesia e o proletariado.

A Revolução Industrial estabeleceu a definitiva supremacia burguesa na


ordem económica, ao mesmo tempo que acelerou o exodo rural, o
crescimento urbano e a formação da classe operaria. Inaugurou uma nova
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 15

época, na qual a política, a ideologia e a cultura gravitariam entre dois


polos, a burguesia industrial e o proletariado.

Fixou as bases do progresso tecnologico e cientifico, visando a invenção


e ao aperfeiçoamento constante de novos produtos e técnicas para o
maior e melhor desempenho industrial. Abriu também as condições para
o imperialismo colonialista e a luta de classes.

Sumário
O termo Revolução Industrial foi inventado por um grupo de socialistas
ingleses e franceses, por volta de 1820, supostamente por analógia com a
revolução política da França. A revoluçao industrial como tal já existia na
Inglatera, antes de a expressão se generalizar.

Exercícios
4. Em que consiste o fordismo.
5. Explique em que consiste Truste, Carteis e Holding.
6. O que entende por luta de classes.
7. Mencione outras consequências da Revolução.
8. Faça uma relação entre a Revolução Industrial e a Revolução
Francesa.

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 16
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 17

Unidade III
A Revolução Industrial e a
consolidacao do novo modo de
producao

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre a
Revolução Industrial e a consolidacão de novo modo de producão

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:


 Breve historial do Novo modo de Produção
 Acumulação e Concentração de Capital
 O Novo modo de Produção – o capitalismo
Objectivos

3.1. Acumulação e Concentração de Capital

Analisando o processo de constituição da economia mundial que integra


as economias nacionais ao mercado global, observa-se que as relações de
produção são desiguais porque o desenvolvimento de certas partes do
sistema ocorre às custas do subdesenvolvimento de outras.

As relações tradicionais são baseadas no controle do mercado por parte


das nações hegemônicas e isto leva à transferência do excedente gerado
nos países dependentes para os países dominantes, tanto na forma de
lucros quanto na forma de juros, ocasionando a perda de controle dos
dependentes sobre seus recursos. E a geração deste excedente não se dá,
nos países periféricos, por conta da criação de níveis avançados de
tecnologia, mas através da superexploração da força de trabalho
(MARINI, 1991).
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 18

Nessas circunstâncias, a acumulação de capital assume suas próprias


características. Em primeiro lugar, ela é caracterizada por profundas
diferenças em nível doméstico, no contexto local de um mercado de
trabalho barato, combinado com uma tecnologia capital-intensiva. O
resultado, sob o ponto de vista da mais-valia relativa, é uma violenta
exploração da força de trabalho, que se dá justamente como conseqüência
do já mencionado intercâmbio desigual e dos mecanismos de
transferência de valor que ele reforça.

Ocorre que o resultado imediato destes mecanismos é uma forte saída


estrutural de recursos, que traz consigo graves problemas de
estrangulamento externo e restrições externas ao crescimento. E a única
atitude que torna possível às economias periféricas garantir sua dinâmica
interna de acumulação de capital é o aumento da produção de excedente

através da superexploração da força de trabalho, “o que implica no


acréscimo da proporção excedente / gastos com força de trabalho, ou, na
elevação da taxa de mais-valia, seja por arrocho salarial e/ou extensão
da jornada de trabalho, em associação com aumento da intensidade do

trabalho” (CARCANHOLO, 2004: 11). Ou seja, a dinâmica do


intercâmbio desigual culmina em superexploração e não em estruturas
capazes de romper com os mecanismos de transferência de valor, e isto
implica necessariamente numa distribuição regressiva de renda e riqueza
e em todos os agravantes sociais já conhecidos deste processo.

Dadas estas características estruturais da dependência, a intenção é a de


identificar, a partir daqui, os aspectos da acumulação capitalista que
explicam o recurso à superexploração do trabalho por parte da periferia
para dar prosseguimento ao seu processo interno de acumulação. Mais

especificamente, pretendemos, de início, mostrar a formação de um


exército industrial de reserva como conseqüência imediata do
funcionamento lei geral da acumulação capitalista, para depois
desenvolver as relações existentes entre esta superpopulação relativa e os
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 19

mecanismos de superexploração do trabalho característicos da


dependência e dos processos de transferência de valor (da periferia para o
centro) que lhe são próprios.

A Lei Geral da Acumulação Capitalista

Para levar a cabo a discussão proposta, devemos inicialmente recorrer ao


tratamento daquilo que Marx chamou de “A Lei Geral da Acumulação
Capitalista”, numa tentativa de esclarecer como se dá o processo de
acumulação de capital e qual a sua influência (ou quais são seus
impactos) em relação à classe trabalhadora.

O argumento inicial que embasa esta formulação é o de que a procura por


força de trabalho aumenta à medida que se amplia a acumulação, desde
que seja mantida constante a composição do capital, devendo esta última
ser entendida como a composição orgânica do capital. É necessário aqui
esclarecer o significado destes termos.

A composição do capital deve ser apreciada em duas esferas: a esfera do


valor (composiçãovalor ou composição orgânica do capital) e a esfera
material – da matéria utilizada no processo produtivo – (composição
técnica do capital). A primeira é determinada pelo valor dos meios de

produção e pelo valor da força de trabalho (resultado da soma global dos


salários), ou seja, envolve as proporções nas quais o capital se divide em
constante e variável, respectivamente, e pode ser representada
matematicamente na forma c/v, onde c representa o capital constante e v
diz respeito ao capital variável.

A segunda, a composição técnica, se refere à quantidade de força de


trabalho (FT) necessária para operar determinada quantidade de meios de
produção (MP), tendo em vista que no processo produtivo todo o capital
empregado se decompõe nestes dois fatores. Formalmente, a composição
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 20

técnica se expressa na forma MP/FT, ou seja, quanto de força de trabalho


é necessário para operar uma quantidade dada de meios de produção.

Como já dito, Marx considera a composição orgânica como sendo a


própria composição do capital (e sempre que se refere àquela utiliza este
último termo). Isto se justifica no reconhecimento de que a composição
orgânica do capital (ou a composição do capital segundo seu valor) é
determinada pela composição técnica – na medida em que a proporção de
valor empregado em meios de produção e em força de trabalho depende
da combinação mesma entre ambos os fatores, ou seja, depende da
quantidade de cada um deles que é empregada quando do ingresso na
esfera produtiva – e, ao mesmo tempo, é capaz de refletir quaisquer
modificações ocorridas nesta combinação de fatores. Dito de outra
maneira, se aumenta ou diminui a produtividade, expressa pela
composição técnica, a composição orgânica reflete isto em valor, embora
não necessariamente em termos proporcionais. Sendo assim, a
composição orgânica do capital torna-se representativa da própria

3.1. O novo modo de roducao – o Capitalismo

3.2.1. Breve historial do Novo modo de Produção

As grandes usinas, que contam às vezes, mais de dez mil operários,


com suas máquinas gigantescas, monstruosas, nem sempre
existiram. Elas nasceram do desaparecimento gradual e quase
completo do pequeno artesanato e da pequena indústria.

Para compreender esta evolução, é preciso primeiro observar que a


propriedade privada e a produção de mercadorias tornam inevitável
a luta pelo comprador: a concorrência. Quem triunfa nesta luta?
Aquele que sabe conquistar para si o comprador e separa-lo de seu
concorrente (seu rival). Ora, o comprador é atraído principalmente
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 21

pelo preço mais baixo das mercadorias . Mas quem pode vender em
melhores condições? É claro que o grande fabricante pode vender
mais barato que o pequeno fabricante ou o artesão, porque a
mercadoria lhe custa menos.

Em primeiro lugar, o grande proprietário da empresa capitalista


está em condições de instalar melhores máquinas, de empregar
melhores instrumentos e melhores aparelhos. O artesão, o pequeno
patrão, ganham penosamente a vida; trabalham, ordinariamente,
com máquinas movidas à mão; não se atrevem a pensar, por falta
de recursos, nas grandes e boas máquinas. O pequeno capitalista,
igualmente, não está em condições de introduzir as máquinas mais
modernas.

A grande indústria economiza em tudo: nos edifícios, nas máquinas


e nas matérias primas, na iluminação e no aquecimento, na mão de
obra e na utilização dos restos, etc. Suponhamos, com efeito, mil
pequenas oficinas e uma única grande fábrica que produz sozinha,
tanto quanto estas mil oficinas; é mais fácil construir um só edifício
grande do que mil pequenos; maior é o gasto de matérias primas
nas mil pequenas oficinas; há mais imperfeição, mais desperdício; é
mais fácil iluminar e aquecer uma só grande fábrica do que mil
pequenas oficinas; é, igualmente, mais fácil mantê-la, limpá-la,
fiscalizá-la, repará-la, etc. Em resumo: uma grande empresa, além
de tudo isto, poderá poupar-se ou, como se diz comumente:
economizar.

Na compra das matérias primas e de tudo o que é necessário para a


produção, a grande indústria ainda leva vantagem. Em grosso é que
se compra a melhor mercadoria e a preços melhores; de resto, o
grande fabricante, conhecendo melhor o mercado, sabe onde e
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 22

como comprar mais barato. Na venda de suas mercadorias,


igualmente, a pequena empresa sempre fica em situação inferior.

O grande patrão sabe melhor onde pode vender mais caro (tem,
para este fim, seus viajantes, está em relações com a Bolsa onde
estão centralizados os dados sobre a procura de mercadorias;
comunica-se com quase todo o mundo). Mas, sobretudo, pode
esperar. Se, por exemplo, os preços de suas mercadorias estão
muito baixos, ele pode guardar essas mercadorias no depósito e
esperar o momento em que elas hão de subir.

O pequeno patrão não o pode fazer. Ele vive do que vendeu. Uma
vez vendida a mercadoria, ele precisa logo viver do dinheiro
recebido: não tem dinheiro guardado. Assim, é obrigado a vender
por qualquer preço do contrário, é homem morto. É claro que, com
isso, sofre grande prejuízo.

Enfim, a grande indústria encontra ainda vantagens no crédito.


Quando o grande patrão tem necessidade urgente de dinheiro, pode
sempre tomar emprestado. Qualquer banco emprestará a uma “casa
séria” e com um juro relativamente pequeno. Mas, quase ninguém
terá confiança num pequeno patrão.

Luta entre a pequena e a grande produção na agricultura.

A luta entre a pequena é a grande produção que se trava na


indústria existe igualmente, sob o regime capitalista, na agricultura.
O proprietário administrando seu domínio, como o capitalista
administra sua fábrica, o camponês rico, o camponês médio, os
camponeses pobres que são diaristas do grande proprietário de
terras ou do grande fazendeiro e, enfim, os proprietários agrícolas
— tudo isto, é a mesma coisa do que, na indústria, o grande
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 23

capitalista, o pequeno patrão, o artesão, o trabalhador a domicílio, o


operário assalariado.

No campo como nas cidades, a grande propriedade está melhor


organizada do que a pequena. O grande proprietário pode lançar
mão de uma boa técnica. As máquinas agrícolas (arados elétricos,
arados a vapor, ceifadoras, enfeixadoras, semeadoras, batedeiras,
etc.) são quase sempre inacessíveis ao pequeno agricultor ou ao
camponês.

Assim como não há razão para instalar uma máquina custosa na


pequena oficina do artesão (porque ele não tem meios para comprá-
la e ela não o indenizaria da despesa feita com a sua aquisição),
assim também o camponês não pode adquirir um arado a vapor; e
mesmo que o comprasse, de nada lhe serviria: para que uma
máquina tão importante pague seu custo, é preciso muita terra e não
uma pequena nesga, apenas suficiente para que uma galinha a
cisque e encontre nela o seu sustento.

A completa utilização das máquinas e dos instrumentos depende da


quantidade de terra disponível. Um arado de tração animal
trabalhará com êxito num terreno de trinta hectares. Uma
semeadora, uma ceifadora, um debulhador ordinário, em 70
hectares; um debulhador a vapor em 200, um arado a vapor em
1.000 hectares Nestes últimos tempos, são usadas máquinas
agrícolas elétricas, mas somente nas grandes explorações.

A irrigação, a drenagem dos brejos, a drenagem, a construção de


estradas de ferro de bitola estreita, etc., são realizáveis quase
exclusivamente pelo grande proprietário. A grande lavoura, como a
grande indústria, economiza nos instrumentos, nos materiais na
força de trabalho, no combustível, na iluminação, etc.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 24

Nos grandes domínios, é menor a necessidade, por hectare, de


fossos, porteiras, cercas; desperdiçam-se menos as sementes. Além
disto, um grande proprietário pode contratar engenheiros
agrônomos e administrar cientificamente seu domínio.

Do ponto de vista do comércio e do crédito, o grande proprietário


agrícola, exatamente como o grande industrial, conhece melhor o
mercado, pode esperar, comprar por melhor preço tudo o que lhe é
necessário, vender mais caro. O pequeno proprietário só tem um
recurso: lutar com todas as forças. É pelo trabalho intensivo, pela
limitação das necessidades e pela subalimentação, que se mantém a
pequena propriedade agrícola, sob o domínio do capitalismo. O que
caracteriza sua ruína é a enormidade dos impostos. O Estado
capitalista impõe-lhe uma carga imensa: basta recordar o que eram
para o camponês os impostos, no tempo dos czares: “Vende tudo,
mas paga os teus impostos”.

Pode dizer-se, em geral, que a pequena produção melhor se defende


na lavoura do que na indústria. Nas cidades, os artesãos e os
pequenos empreiteiros desaparecem muito ràpidamente, mas, em
todos os países, a lavoura camponesa se mantém um pouco melhor.
Se há, também, aí empobrecimento do maior número, é ele, muitas
vezes menos aparente. Parece, por vezes, que uma lavoura não é
muito grande, a julgar-se pela superfície do terreno, mas na
realidade ela é muito grande pelo capital aplicado e pelo número de
operários (por exemplo, a horticultura, nos arredores das grandes
cidades). Por vezes, acreditamos, pelo contrário, tratar-se de
numerosos pequenos proprietários, completamente independentes;
na realidade, quase todos são operários assalariados, que alugam
seus serviços, ora na propriedade vizinha, ora como biscateiros nas
cidades. Com os camponeses acontece, em todos os países, o que
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 25

sucede com os artesãos e trabalhadores a domicílio. Um pequeno


número deles se transforma em aproveitadores (os taberneiros, os
agiotas, que, pouco a pouco, aumentam os seus haveres); os outros
vegetam, ou, arruinados definitivamente, vendem sua vaca, seu
cavalo; depois, desaparecido por sua vez o pedacinho de terra,
emigram para sempre para a cidade ou se convertem em operários
agrícolas. O camponês sem cavalo torna-se assalariado, o
camponês que aluga operários transforma-se em proprietário ou
capitalista.
Assim é que uma grande quantidade de terras, de instrumentos, de
máquinas, de gado, constitui a posse de um punhado de grandes
capitalistas-proprietários, e que milhões de camponeses dependem
deles.

Sumário
As relações tradicionais são baseadas no controle do mercado por parte
das nações hegemônicas e isto leva à transferência do excedente gerado
nos países dependentes para os países dominantes, tanto na forma de
lucros quanto na forma de juros, ocasionando a perda de controle dos
dependentes sobre seus recursos. E a geração deste excedente não se dá,
nos países periféricos, por conta da criação de níveis avançados de
tecnologia, mas através da superexploração da força de trabalho.

Exercícios
1. Relacione a acumulação e a concentração de Capital
2. Refira-se do Novo modo de Produção e o surgimento do
capitalismo
3. Faca um breve resumo do historial do Novo modo de
Produção
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 26

Resolva os exercícios acima indicados.

Auto-avaliação Faça um breve resumo desta unidade em duas páginas.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 27

Unidade IV
As Teorias Socialistas no decurso da Revolucao Industrial

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre
princípais teoricos socialistas e difernciar a teoria utópica da cientifica.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar princípais teoricos socialistas;

Objectivos  Distinguir a Utópia do Cientismo;

 Explicar princípais teorias socialistas no decurso da Revolução.

4.1. Princípais teoricos socialistas


A revolução industrial proporcionou grandes mudaças dentro da
sociedade europeia e fora dela. Uma das mudaças foi o surgimento de
uma sociedade capitalista e uma económia liberal, a chamada laisser
faire e a propriedade privada. Nesta ordem de ideia o Estado passou a ser
pouco activo na vida económica de um país, assim passando a vida
económica do país a ser controlada por um pequeno número de
burgueses.

Quando o processo de industrialização avança, emerge a classe de


operário, muito numerosa e miseravel, constituindo a classe do
proletariado. Face a esta miséria que apoquentava o proletariado
emergem os defensores de uma vida equitativa entre a classe burguesa e a
do proletariado. Assim, constituiram-se as primeiras ideias denominadas
Socialismo Utópico. Foram assim chamadas por não se terem encontrado
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 28

os mecanismos necessários para a eliminação dos males da sociedade


capitalista.

O Socialismo Utópico teve como defensor:

Robert Owen que defendia a criação de aldeias cooperativas onde o


trabalho agrícola é associado ao industrial e doméstico como também
defendia o aumento do salário, melhoria de higiene, educação e
diminuição de horário de trabalho.

Um outro grande defensor deste socialismo foi Saint-Saimo; Charles


Fourier, este último defendia a abolição de salário. Paralelamente às
propostas do socialismo utópico, que procurava conciliar numa sociedade
ideal os principios liberais e as necessidades emergentes do proletariado,
surgiu o Socialismo Científico. Mediante a análise dos mecanismos
economicos e sociais do capitalismo, seus teoricos propunham
compreender a realidade e transformá-la.

Os grandes teoricos desta fase foram Karl Marx e Friedrich Engels, estes
dois elaboram a o Manifesto Comunista. Porém, Marx, sozinho elaborou
a obra mais conhecida O Capital. Nesta obra encontra-se bem claro os
conceitos como luta de classes e mais-valia.

Na análise marxista, o agente transformador da sociedade é a luta de


classes, o antagonismo entre explorados e exploradores. Ainda na
definição marxista, mais-valia corresponde ao valor da riqueza
produzida pelo operario além do valor remunerado de sua força de
trabalho. Essa diferença é aproprida pelos capitalistas.

Marx e Engels elaboraram suas análise com base no método dialéctico,


pelo qual o desenvolvimento de contrários—tese e antítese—resulta em
uma unidade transformada—síntese.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 29

Sumário
Com processo de industrialização emerge a classe de operário, muito
numerosa e miseravel, face a esta miséria emergem os defensores de uma
vida equitativa entre a classe burguesa e a do proletariado. Dando lugar
as primeiras ideias denominadas Socialismo Utópico.

Exercícios
4. Concorda que todas as ideias dos teoricos do socialismo urtópico
são de caracter negativo? Justifique a sua resposta.
5. que ensinamentos pode-se tirar do socialismo utópico?
6. Diferencie o socialismo utopico do cientifico.
7. Dê exemplo prático da tridimensão de Marx: tese, antítese e
síntese.

Resolva os exercícios acima indicados.

Auto-avaliação Faça um breve resumo desta unidade em duas páginas.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 30

Unidade V
A Revoluçao Agricola
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre as
grandes tranformações que se operaram no seio da agricultura na Europa,
e em particular na Inglaterra, a influencia da Revolução Agrícola para o
processo da Industrialização e seus efeitos para o impulsionamento
económico.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar principais transformaçoes decorridas na agricultura


tradicional na Inglaterra;

Objectivos  Identificar os pioneiros das transformaçoes agricolas;

 Mencionar o impacto socio-economicos havida no processo de


transformaçao agricola;

 Explicitar os objectivos das inovaçoes no campo agricola;

 Identificar princiapais causas da depressão agricola;

 Relacionar a Revolução Agricola com a Revolução Verde, porpalada


em Moçambique.

5.1. Definição e surgimento da Revolução Agricola


Em finais do sec. XVIII inicia-se no continente europeu a transformaçao
da agricultura tradicional, que teve como fase previa a mobilizaçao da
propriedade rural das suas velhas estruturas. O processo iniciou na
Inglaterra, nos finais do séc. XVII e o primeiro qurtel do sec. Seguinte.
Os promotores desta revoluçao agricola foram capitalistas burgueses, os
gentry, e individuos pertecentes a classes sociais os noblity, interessados
em conseguir a delimitaçao das suas propriedades, as enclousers,
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 31

herdadas ou compradas com objectivo melhora-la, mediante a introduçao


de praticas que decorriam no continente.

Um dos pioneiros farmeiros na Inglaterra, foi o visconde de Townsend


que se empenhou na introduçao de metodos de drenagem e de cultivo,
transformando deste modo terras pantanosas e incultas, que anteriormente
estavam destinados apenas a pastagem de gado, em campos de cereais e
de pastos. Tambem emergiram outros agricultores talentosos, o caso de
Jethro Tull, que aplicou novos processos de semeaduras e monda, isto e,
sementeira e gradagem, que observara na Holanda. Tambem emergiram
criadores modernos de gado, peso embora nao conhecessem as praticas
geneticas, conseguiram, mediante cruzamentos e selecçoes empiricas,
qualidades tipos de carneiros e vitelas, destinados a produçao de carne, e
raças de cavalos especiais para tiro. Estes criadores de gado, introduziram
a estabulaçao e alimentaram o gado com forragem artificial, raizes e
tuberculos.

As principais inovaçoes destes primeiros agricultores da nova epoca


consistem na supressao do alqueive mediante a rotaçao das culturas, de
acordo com as necessidades nutritivas de cada planta, e a extensao da
forragem artificial que permitia alimentar o gado durante o inverno, e
com isso aumentar as possibilidades produtivas da terra. Muito difundido
foi o Norfolk system, preconizado por Townsend, que consistia na
rotaçao do trigo, trevo e cevada, aveia ou nabos.

Para este efeito, os intelectuais e os politicos na epoca estavam a par das


transformaçoes agricolas que se operavam. A Escola Fiosicratica, por
exemplo, introduziu no continente o gosto pela moderna agricultura. E o
rei da Inglaterra, Jorge III, criou Board of Agriculture, um organismo de
promoçao agricola.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 32

5.2. As transformaçoes agricolas: o processo de apropriaçao de


terra
Os metodos da nova agricultura, profundamente individualistas, não eram
praticáveis em exploraçoes comunitarias e, alem disso, exigiam a
concentraçao de parcelas. Por esta razão, os economistas e filosos
reformadores reclamaram a liberdade de cultivo e de circulaçao de
sementes e a derrogação das leis que imobilizavam a propriedade e
restringiam a sua alienação.

Na Inglaterra, perante a elevaçao dos preços dos produtos agricolas que


abria perspectivas aos proprietarios visados, o movimento de evicçao dos
colonos hereditarios e a concentraçao da terra recomeça desde 1730. E a
legislaçao favorecia-o em detrimento do campones simples. A partir de
1845, começa uma nova fase de vicçao, ou melhor, de concentraçao da
terra. Agora, para alem de nobres sao banqueiros e capitalista a
expropriarem as terras araveis inglasas.

No resto do Conteinente europeu, o processo de transformação do regime


de propriedade foi muito diferente e conduziu a resultados diversos,
segundo a evolução politica e os sistemas de posse da terra em cada pais.
Na Europa Ocidental, a revoluçao liberal burguesa conduziu a uma
parcelaçao da propriedade senhorial e a criaçao dum campesinato
proprietario da terra. Na Europa Oriental, pelo contrario, libertou-se o
campones da sua servidao a terra, mas a propriedade concentrou-se nas
maos da nobreza ou da burguesia.

Na Europa Central e Oriental, o panorama social era diferente.


Predominava uma aristocracia latifundiara que explorava directamente a
terra, mas utilizando mão de obra sujeita a servidão. O campones não so
estava ligado a terra, como tambem exercia servidão domestica na
cozinha e no estabulo do senhor.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 33

Na Russia a situação do campones, submetido ao regime servil e


comunitario era muito grave. Em fins do sec. XVIII, ainda uns 53% dos
camponeses continuavam adscritos a gleba. No entanto, desde a revolção
de 1848 se outorgaram aos camponeses determinadas liberdades. E em
1859 a percentagem de servos tinha descido a 34,39%. O edicto de 1861
concedia aos camponeses a liberdade pessoal e a propriedade da parcela
sobre a qual tinham edificado a sua casa. Porem, os efeitos deste edicto
foram mediocres. Melhou-se a condição social dos camponeses, mas não
se resolveu o problema economico, porque quando muitos mujiques
ascenderam a pequenos proprietarios pesava sobre eles a amortização da
sua parcela. Por outro lado, a inexistencia dum mercado local e as
escassas e deficientes comunicações obrigavam o campones a vender a
sua produção a outros proprietarios ricos, os Kulaks, que beneficiavam da
sua revenda no mercado urbano. Contudo, a libertação do campones da
terra representa um passo decisivo na acelação do processo de
industrialização, necessitada da mão de obra do campo.

5.2.1. A Agricultura Europeia no Seculo XIX no processo da sua


Modernização
No decorrer do sec. XIX a agricultura na Europa, em geral, caracterizou-
se por uma diversidade no tipo de cultivo e na sua lenta modernização na
utilização do adubo mineral e a introdução de maquinaria. Os primeiros
adubos minerais que se aplicam na Europa nos anos 30 do sec. XIX são
os nitratos naturais do Peru, guano. E mais tarde, 1861, começam a
utilizar-se a potassa e os fosfatos de Stassfurt e Alsacia. Como resultado
de uso destes fertilizantes a produção aumentou como tambem as
importações.

Em termos de maquinarias, as primeiras semeadoras e segadora


provinham dos Estados Unidos, nos anos 50, contudo a sua utilização era
menor devido ao seu elevado custo. Nesta epoca, emergiram tambem,
instituições modernas vocacionadas a ensino agrario, como por exemplo,
The Royal Agricultural College, na Inglaterra.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 34

Entre as culturas, continuavam a predominar os cereias, com rotação


trienal ou bienal, nas terras mas. Em terrenos bons ou bem adubados, a
nova agricultura sem alqueive encontra-se representada pela produção
cerealifera com vista a exportação, as plantas forrageiras, a baterraba
açucareira, a batata e as plantas texteis. A baterraba foi um dos produtos
que revolucionou a agricultura, ao proporcionar importantes beneficios e
permitir a criação duma pequena industria semi-rural.

A agricultura na Europa foi cada vez mais rentavel, o que fez com que os
capitalistas e bancos de credito rural facilitassem os investimentos para a
melhoria e a adubagem da terra e para a aquisição de maquinaria,
desenvolvendo-se algumas exploraçãoe em grandes escalas. Identica
diversificação se nota no gado. As terras inospitais antes consagradas ao
carneiro são dedicadas a cereais inferiores, pouco exigentes, ou a outras
culturas, e, em troca prospera a criação intensiva de gado, mediante
forragens artificiais, a estabulação e a selecção ou cruzamento de raças.

Segundo Valentim V. Prada citando Wilhem Abel, entre 1837 e 1875, foi
o periodo aureo da agricultura na Europa, salvo na Inglaterra, os
agricultores de todo o contintente conseguiram boas colheitas que lhes
permitiram introduzir melhoramentos tecnicos.

Sumário
A transformaçao da agricultura tradicional inicia-se em finais do sec.
XVIII no continente europeu, e teve como fase previa a mobilizaçao da
propriedade rural das suas velhas estruturas. O processo iniciou na
Inglaterra. Os promotores desta revolução agricola foram capitalistas
burgueses, os gentry, e individuos pertecentes a classes sociais os noblity,
interessados em conseguir a delimitação das suas propriedades, com
objectivo de melhora-la, mediante a introdução de práticas que decorriam
no continente.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 35

Exercícios
1. Explique a influencia da Revolução Agricola para o processo da
industrialização.
2. Em Moçambique, actualmente, fala-se bastante da Revolução
Verde, como historiador, que ensimantos pode-se tirar do
apontamento em alusão.
3. Explique a importancia das Revoluçao de 1848, as revoluçoes
liberais, para os camponeses russos.
4. Explique o sucesso da agricultura no Norte da America que no
Sul.
5. Explique as causa que estiveram detras da crise agricola nos
finais da decada 80 do sec. XIX.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 36

Unidade VI
A Revoluçao Agricola

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre as
grandes tranformações que se operaram no seio da agricultura na Europa,
e em particular na Inglaterra, a influencia da Revolução Agrícola para o
processo da Industrialização e seus efeitos para o impulsionamento
económico.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Mencionar o impacto socio-economicos havida no processo de


transformaçao agricola;

Objectivos  Explicitar os objectivos das inovaçoes no campo agricola;

 Identificar princiapais causas da depressão agricola;

 Relacionar a Revolução Agricola com a Revolução Verde, porpalada


em Moçambique.

6.1. A Agricultura no Mundo Extra-Europeu

Nos paises em que a colonização europeia se fez sentir, o tipo de a


agricultura praticada nos respectivos paises foi bem diferente com aquela
praticada na propria Europa. Não existia um regime senhorial com
direitos tradicionais nem havia escassez de terra, antes pelo contrario, do
que se tratava era de fomentar a entrada de colonos para ocupar vastos
espa,cos despovoados.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 37

Os concessionarios, geralmente homens de negocios ou funcionarios


publicos, alugavam ou revendiam estas propriedades uma vez parceladas.

Na decada de quarenta, iniciou-se a conquista agricola do Far West, nos


Estados Unidos, onde tinham penetrado alguns pioneiros que se
dedicavam a criação de gado. Neste espaço de terra, instalaram-se
britanicos, alemaes e escandinavos, e a sua aceitação foi sancionada pela
criação juridica de novos membros da União. A expansão colonizadora
recebeu um forte impulso graças ao Homestead Act de 1862, que
favorecia o progresso duma agricultura livre face aos dominios
escravistas do Sul. Por aquela lei, o Congresso concedia a cada familia
160 acres de terra, ou seja, uns 65 hectares com a obrigação de a cultivar
directamente. Ainda mais, a expansão agricola no Norte da America foi
apoida pela penetração do primeiro caminho de ferro transcontinental.

A America do Sul, com uma agricultura de tipo escravidão e menos


avançado em relação a do Norte, os europeus promoveram a expansão de
algodão, mas existiam tambem outra culturas como o tabaco, o açucar e o
arroz. O algodão era uma uma monocultura que se exportava para a
Europa na sua quase totalidade. A Inglaterra absovia cerca de 70% da
produção, a França uns 15%.

Nos anos 50, a economia do Sul atravessou um momento critico, pois


enquanto os preços do algodão baixavam por causa da concorrencia, a
mao de obra escrava encarecia. A Guerra de Secessão, 1861-64,, não foi,
no fundo, senão a oposição de duas estruturas economicas, de cujo
triunfo teria de depender o rumo do pais, a do Norte que se orientava no
sentido de protecção do fomento da sua industrialização, e a do Sul, que
necessitava da liberdade de comercio e da manutenção da escravatura
para subsistir. O tiunfo do Norte assegurou a pujança industrial dos
Estados Unidos, enquanto o Sul declinava.

A desaparição da escravatura não resolveu o problema social da mão de


obra de cor. Os negros libertados, quando não emigraram para o Norte,
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 38

continuaram a cultivar uma parcela de terra que os proprietarios lhes


arrendavam, pagando metade da colheita e recendo em troca sementes e
uma mula para o trabalho. Não tinham capitais, e por isso estavam a
merce do proprietario ou comerciante, a quem tinham de vender os seus
frutos.

Em Africa, particularmente, nas ricas terras do Nilo, deu-se uma grande


produção, graças as reformas e aos regadios empreendidos por tecnicos
franceses. A cultura mais cultivada foi a do algodão, introduzido pelo
empresario frances Louis Alexis Jumel por volta de 1819, que anos
posterios da sua produção salvara a industria europeia no momento da
cotton famine provocada pela guerra da America do Norte.

6.2. A Crise Agricola nos Anos 80 do Seculo XIX: ensimentos para


Revolução Verde em Moçambique
O decenio de 1870-80 foi marcado por uma epoca prospera para os
agricultores, como sublinha Prada citando Abel. Mas a partir dos finais
de 80, a industria mantem-se no seu ritmo ascendente de progresso, a
agricultura, com um crescimento muito mais vagaroso, vai-se
distanciando. Não foi o consumo que desceu, o que diminuiu foi a
rentabilidade da agricultura, que se traduziu na descida das rendas
agricolas e do valor do solo.

A veradeira causa desta crise è a incapacidade da agricultura para se


adaptar às novas condições criadas pela economia urbana e pelo
desenvolvimento industrial. A realidade è que, devido à baixa
rentabilidade e à crescente concorrencia introduzida pelo desenvovimento
de paises extra-europeus, os capitaistas recusaram-se investir na terra,
pelo que a agricultura se atrasou consideralvemente em relação a outros
sectores economicos.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 39

Exitiram outros factores que concorreram para depressão agricola nos


anos 80, nomeadamente, a mecanização do campo, isto è, o emprego de
maquinaria estabeleceu um contraste profundo entre a agricultura dos
paises ocidentais e a dos asiaticos e africanos, onde sobreviviam os
metodos tradicionais, baseados num enorme esforço humano. Outro
factor explica-se no seguinte sentido, o aumento consideravel da
produção de cereais fora da Europa e a baixa dos fretes maritimos, foram
factos paralelos que se repercurtiram no mesmo sentido. Os grandes
mercados mundiais de cereais, como Chicago, Buenos Aires, Odessa,
oferecem os seus produtos a preços muito reduzido que os europeus.

Face a depressão agricola neste periodo alguns paises europeus, por


exemplo a Irlanda, onde a situação agricola foi tão grave, em 1870 e
1881 teve se ser ditada a primeira legislação protectora dos colonos,
assegurando-lhes uma renda equitativa, a continuação dos contratos de
arrendamentos e a liberdade de venda dos produtos. E em 1903, o Estado
outorga creditos, amortizaveis em quarenta anos, para compra de terras.
Estas medidas solucionaram em grande parte um problema ancestral e
permitiram a 50% dos camponeses adquirir terras.

Para outros paises europeus agricolas, foi preciso melhorar as terras,


introdução da maquinaria e aumentar o consumo de adubo. Com um
cultivo mais racional, elevaram-se consideralvemente os rendimentos, de
1878 a 1910, nas melhores terras do Ocidente, os rendimentos por hectare
aumentaram atè uns 50%.

Sumário
Nos paises em que a colonização europeia se fez sentir, o tipo de a
agricultura praticada nos respectivos paises foi bem diferente com aquela
praticada na propria Europa. Não existia um regime senhorial com
direitos tradicionais nem havia escassez de terra, antes pelo contrario, do
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 40

que se tratava era de fomentar a entrada de colonos para ocupar vastos


espa,cos despovoados.

Exercícios
1.Em Moçambique, actualmente, fala-se bastante da
Revolução Verde, como historiador, que ensimantos pode-se
tirar do apontamento em alusão.
2.Explique o sucesso da agricultura no Norte da America que
no Sul.
3.Explique as causa que estiveram detras da crise agricola
nos finais da decada 80 do sec. XIX.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 41

Unidade VII
Burguesia x Proletariado
Capital x Trabalho
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre a
relacão entre a burguesia e o proletariado.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 O Capital e o trabalho na economia capitalista

 O Impacto económico da luta entre a Burguesia e o proletariado


Objectivos
.

7.1. O Impacto económico da luta entre a Burguesia e o


proletariado

De vários lados nos censuraram por não termos exposto as relações


económicas que formam a base material das lutas de classes e das
lutas nacionais nos nossos dias. De acordo com o nosso plano,
tocámos nestas relações apenas quando elas vêm directamente ao
de cima nas colisões políticas.

Tratava-se, antes de mais, de seguir a luta de classes na história do


dia-a-dia e de provar, de maneira empírica, com o material
histórico existente e diariamente renovado, que, com a subjugação
da classe operária, que fizera Fevereiro e Março, foram ao mesmo
tempo vencidos os seus adversários: em França os republicanos
burgueses, e em todo o continente europeu as classes burguesas e
camponesas em luta contra o absolutismo feudal; que a vitória da
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 42

“República honesta” em França foi ao mesmo tempo a queda das


nações que tinham respondido à revolução de Fevereiro com
heróicas guerras de independência; que por fim a Europa, com a
derrota dos operários revolucionários, voltou a cair na sua antiga
dupla escravatura, a escravatura anglo-russa.

A luta de Junho em Paris, a queda de Viena, a tragicomédia do


Novembro berlinense de 1848, os esforços desesperados da
Polónia, da Itália e da Hungria, a submissão da Irlanda pela fome
— tais foram os principais momentos em que se resumiu a luta de
classes europeia entre burguesia e classe operária, com os quais nós
demonstrámos que todos os levantamentos revolucionários, por
mais afastado que o seu objectivo possa parecer da luta de classes,
têm de fracassar até que a classe operária revolucionária vença; que
todas as reformas sociais permanecerão utopia até que a revolução
proletária e a contra-revolução feudal se meçam pelas armas numa
guerra mundial.

Na nossa exposição, como na realidade, a Bélgica e a Suíça eram


pinturas de género caricaturais, tragicómicas, no grande quadro da
história, uma apresentando-se como o Estado modelo da monarquia
burguesa, a outra como o Estado modelo da república burguesa, e
ambas como Estados que se imaginam estar tão independentes da
luta de classes como da revolução europeia.

7.2. O Capital e o trabalho na economia capitalista

Apesar da diversidade das suas indicações, o salário é a soma em


dinheiro que o capitalista paga por um determinado tempo de
trabalho ou pela prestação de determinado trabalho.

Parece portanto que o capitalista compra trabalho deles com


dinheiro. Estes vendem-lhe o seu trabalho a troco de dinheiro. Mas
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 43

só na aparência é que isto se passa. Na realidade, o que os operários


vendem ao capitalista em troca de dinheiro é a sua força de
trabalho. O capitalista compra essa força de trabalho por um dia,
uma semana, um mês, etc. E depois de a ter comprado, utiliza-a
fazendo trabalhar os operários durante o tempo estipulado. Com
essa mesma quantia com que o capitalista lhes comprou a força de
trabalho, os dois marcos, por exemplo, poderia ele ter comprado
duas libras de açúcar ou uma certa quantidade de qualquer outra
mercadoria.

A força de trabalho é portanto uma mercadoria, nem mais nem


menos como o açúcar. A primeira mede-se com o relógio, a
segunda com a balança.

Os operários trocam a sua mercadoria, a força de trabalho, pela


mercadoria do capitalista, pelo dinheiro, e essa troca tem lugar na
verdade numa determinada proporção: tanto dinheiro por tantas
horas de utilização da força de trabalho. Por trabalhar ao tear
durante doze horas, dois marcos.

Ao valor de troca de uma mercadoria, avaliado em dinheiro,


chama-se precisamente o seu preço. Portanto, o salário é apenas
um nome especial dado ao preço da força de trabalho, a que se
costuma chamar preço do trabalho; é apenas o nome dado ao preço
dessa mercadoria peculiar que só existe na carne e no sangue do
homem.

Também o capital é uma relação social de produção. É uma


relação burguesa de produção, uma relação de produção da
sociedade burguesa. Os meios de subsistência, os instrumentos de
trabalho, as matérias-primas de que se compõe o capital — não
foram eles produzidos e acumulados em dadas condições sociais,
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 44

em determinadas relações sociais? Não são eles empregues para


uma nova produção em dadas condições sociais, em determinadas
relações sociais? E não é precisamente este carácter social
determinado que transforma em capital os produtos que servem
para a nova produção?

O capital não consiste só de meios de subsistência, instrumentos de


trabalho e matérias-primas, não consiste só de produtos materiais;
consiste em igual medida de valores de troca. Todos os produtos de
que consiste são mercadorias. O capital não é só, portanto, uma
soma de produtos materiais, é uma soma de mercadorias, de valores
de troca, de grandezas sociais.

Sumário
A força de trabalho é portanto uma mercadoria, nem mais nem
menos como o açúcar. A primeira mede-se com o relógio, a
segunda com a balança. Os operários trocam a sua mercadoria, a
força de trabalho, pela mercadoria do capitalista, pelo dinheiro, e
essa troca tem lugar na verdade numa determinada proporção: tanto
dinheiro por tantas horas de utilização da força de trabalho.

Exercícios
1. O Capital e o trabalho na economia capitalista

2. Refira-se do Impacto económico da luta entre a Burguesia e o


proletariado
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 45

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação
Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 46

Unidade VIII
O Capitalismo Industrial
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre a a
conceptualização do Capitalismo, como também caracterizar a segunda
fase deste processo de industrialização.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o capilismo;

Objectivos  Caracterizar as fases do capitalismo industrial.

8.1. Conceito de Capitalismo Industrial


O capitalismo domina hoje o mundo. Compreender o seu
funcionammento, as suas evoluções, as diferentes formas que tomou, os
seus trunfos, as suas fraquezas e os seus perigos è uma necessidade da
cidadania.

Com efeito, em primeiro lugar, que é o capitalismo? È uma economia que


tende a fazer de todo o consumo uma mercadoria, animada por
empresarios em concorrencia, onde o capital adquire e comanda o
trabalho assalariado, onde a produção està submetida a principios de
rendibilidade e de lucro, necessitando de inovação, de crescimento da
acumulação do capital e de crescimento nos mercados , in, Gèrard Vindt,
500 Anos de Capitalismo,p.10.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 47

A definição do capitalismo supracitado è mais na perspectiva


economicista-mercadologisca que no global que por definição è um
sistema político, económico e social que surgiu na Europa, em particular
Inglaterra, no séc. XV e XVI, substituindo o Feudalismo.

A Inglaterra constitui exemplo típico no surgimento do Capitalismo na


Europa por ter sido aquele país onde se desenvolveu pela primeira vez
uma sociedade capitalista caracterizada por profundas transformações das
antigas estruturas sócio-económicas feudais em novas estruturas
capitalistas, veja Historia Economica I, p.40.

Uma das fases do capitalismo é a do capitalismo industrial, 1765-1873,


triunfo do capitalismo, graças a industrialização iniciada na Inglaterra, e a
conquista dos mercados internos. Hegemonia inglesa.

No periodo do capitalismo industrial verifica-se uma forte aliança entre a


classe dos mercadores e os Estados o que permitiu a aceleração da
expansão mundial da económia mundo europeia. No plano internacional,
os circulos dos negocios passam a ter uma protecção règia que confere às
suas investidas comerciais a forma de uma expansão colonial.

È tambem neste periodo que se verifica a pilhagem dos mundos


subjugados e do comercio com as colonias, juntam-se as necessidades das
industrias, a materia-prima e mercados para colocação de seus produtos.
A logica politica da expansão territorial, aguçada pelas rivalidades entre
as grandes potencias europeias, Holanda, França, Inglaterra, conjuga-se a
partir desse momento com uma dinamica de crescimento industrial, que
justifica a protecção dos mercados internos perante a concorrencia
estrangeira e a penetração em novos mercados.

Deste modo, abria-se um novo cenario na historia das relações entre


Estados e mercados que se caracterizou pela intervenção colonial no seio
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 48

dos mundos perifericos. Esta aliança dos poderes economico e politico,


realizada no seio de cada nação à revelia das sociedades, explica os
contornos das logicas do sistema inter-Estado e do sistema economico
internacional a partir da epoca mercantilista. A conjugação destas duas
logicas è responsavel pelo agravamento das rivalidades inter-
imperialistas que conduziram ao primeiro conflito mundial.

Sumário
O capitalismo é uma economia que tende a fazer de todo o consumo uma
mercadoria, animada por empresarios em concorrencia, onde o capital
adquire e comanda o trabalho assalariado, onde a produção está
submetida a principios de rendibilidade e de lucro, necessitando de
inovação, de crescimento da acumulação do capital e de crescimento nos
mercados assim sendo nele verifica-se uma forte aliança entre a classe
dos mercadores e os Estados o que permitiu a aceleração da expansão
mundial da económia mundo europeia. No plano internacional, os
circulos dos negocios passam a ter uma protecção règia que confere às
suas investidas comerciais a forma de uma expansão colonial.

Exercícios
1. Definir o Capialismo.

2. Caractérizar a segunda fase do capialismo industrial.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 49

Unidade IX
O Imperialismo, Século XIX e
XX
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre a
conceptualização do Imperialismo, como tambem explicar as diversa
formas de manifestação deste Imperialismo.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o Imperialismo;

 Caracterizar as manifestações do Imperialismo;


Objectivos  Identificar principais potencias Imperialistas;

 Diferenciar os estudiosos do Imperialismo Liberal do Marxista.

9.1. Definição e Caracterização de Imperialismo


No final do sec. XIX e começo do seguinte, a economia mundial viveu
grandes mudanças. A tecnologia da Revolução Industrial que aumentou
ainda mais a produção, o que gerou uma grande necessidade de mercado
consumidor para esses produtos e uma nova corrida por materia-primas.

A concepção de Imperialismo foi perpetrada por economistas alemães e


ingleses no inicio do sec. XX. Este conceito constituiu-se em duas
caracteristicas fundamentais, ou seja, o investimento de capital externo e
propriedade economica monopolista. Neste sentido, os imperialistas
dominaram , os povos de quase doto o planeta. Porem, a maioria parte
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 50

dos capitalistas e da população desses paises acreditavam que suas acções


eram justas e ate beneficas a humanidade em nome da ideologia do
progresso, isto è, tinham tres criterios para explica-las, o etnocentrismo,
baseado na pseudo-ideia de que existiam povos superiores a outros, como
europeus superiores a asiticos, indigenas e africanos, da mesma forma o
racismo e o darwinismo social que interpretava a teoria da evolução a sua
maneira eronica, afirmando a hegemonia de alguns sobre outros pela
selecção natural.

Assim, no final do sec. XIX e come,co do XX, os paises imperialistas se


lan,caram na corrida pela conquista global o que desencadeou rivalidade
entre os mesmos e concretizou o principal motivo da Primeira Guerra
Mundial, dando principio à nova era imperialista, onde os EUA se tornam
o pais cardeal.

No entanto, o Imperialismo segundo Heinz Gollwitzer è uma politica que


visa para o exterior animada de tendencias expansionistas. O autor
acrescenta, è uma politica destinada a apertar os laços dos Estados
europeus com o resto do mundo.

Em suma, a propria palavra imperio, significa dominio de diversos povos


por um so. Como base desta explanação, o Imperialismo è definido como
uma politica de expansão e dominio territorial, cultural e economico de
uma nação sobre outras, ou sobre uma ou varias regiões geograficas.

Ainda o mesmo autor,Gollwitzer,, comenta que o termo imperialismo so


foi empregue pela primeira vez em França durante o reinado de Luis
Filipe. Expria a ideia de que o regime do rei-cidadão era capaz de exercer
uma poderosa acção politica

Jà por volta de 1900, o Imperialismo era considerado como um


prolongamento da politica nacional no quadro da politica internacional
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 51

activa. A palavra tinha acabado por significar construir um imperio com


base em aquisições coloniais, desenvolver a marinha e o exercito como
instrumentos desta politica., conquistar uma posição cimeira entre as
pontencias mundiais. E para o pessoal da epoca, o Imperialismo consistia
em desenvolver as exportações e os investimentos no estrangeiro em
proveito da economia nacional, merce de fortes medias proteccinistas
tomadas pelo Governo.

Tomando a base da posição de 1900, pode-se dizer, hoje, que a politica


imperialista foi expansionista efectuada por potencias europeias e não-
europeia, nomeadamente America do Norte e Japão. Esta politica
expansionista estava estreitamente ligada aos interesses dos diversos
ramos da economia nacional do tempo.

Gollwitzer sublinha que a caracteristica fundamental do Imperialismo è a


politica expansionista, isto è, supranacional, onde esta estava
estreitamente ligada aos interesses dos diversos ramos da economia
nacional. E para Vladimir Lenine, a caracteristica fundamental do
Imperialismo `e o monopolio.

De certa forma, os dois autores supracitados não divergem tanto no que


refere os ideias do Imperialismo, na medida em que este sistema tem por
feito o dominio do mundo, principalmente, no ambito economico.
Contudo, Lenine pões em maior relevancia a economia ao definr e
caracterizar o Imperialismo ao passo que Gollwitzer faz a fusão dos
conceitos, economia e expansão, ao definir e caracterizar este
Imperialismo.

9.2. Estudiosos, do Imperialismo


Estudiosos, Liberais e Marxistas, do Imperialismo

O primeiro estudo sitematico de Imperialismo surgiu em 1902 com


Imperialismo, do autor ingles John Hobson, para quem o fenomeno se
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 52

devia a acumulação de capital excedente que devia ser exportado. Seriam


motiva,cões importantes do expansionismo a busca de novas fontes de
materia-primas e de mercados.

Um outro estudioso de Imperialismo, foi o economista Joseph


Schumpeter, na sua obra Capitalism, Socialism and Democracy, 1942.
Dos estudiosos do Imperialismo por parte de Marximo desta-se Vlademir
Lenine, na sua obra classica intulado Imperialismo, etapa superior do
capitalismo, explica a Primeira Guerra Mundial como consequencia do
caracter expansionista do capitalismo monopolista. Do ponto de vista
teorico, Lenine encara o Imperialismo como a culminação necessaria do
capitalismo. O investimento estrangeiro desempenha papel fundamental
na teoria leninista do Imperialismo.

Sumário
A concepção de Imperialismo foi perpetrada por economistas alemães e
ingleses no inicio do sec. XX, este conceito constituiu-se em duas
caracteristicas fundamentais, o investimento de capital externo e a
propriedade economica monopolista.

Exercícios
1. Qual é a posição tomada por Lenine na definição e caracterização
do Imperialismo.
2. Define e caracterize o Imperiamo segundo Lenine.
3. Mencione as causas da Gerra Anglo –Boer.

Resolva os exercícios acima indicados.

Auto-avaliação Faça um breve resumo da unidade em estudo em apenas três


páginas.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 53
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 54

Unidade X
O Imperialismo, Século XIX e
XX
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre a
conceptualização do Imperialismo, como tambem explicar as diversa
formas de manifestação deste Imperialismo.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar as manifestações do Imperialismo;

 Identificar principais potencias Imperialistas;


Objectivos  Diferenciar os estudiosos do Imperialismo Liberal do Marxista.

10.1. Princípais paises imperialistas

No decorrer do sec. XIX muitos paise Europeus e Não-Europeus aptaram


a pratica do imperialismo, tais como:

Reino Unido, França, Belgica, Holanda, Italia, Alemanha, Portugal,


Espanha, Paises Baixos, Japão, Russia, Estados Unidos, Imperio
Otomano.

10.2. Alguns exemplos do Imperialismo Britanico


Africa do Sul e a Guerra Anglo-Boer, 1899-1902

A actual Africa do Sul era uma região dominada por holandeses que eram
os africanderes ou boers, que significa campones. Com a descoberta de
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 55

minas de diamantes na região, a Inglaterra queria dominar e explorar esse


territorio, dando incio a Gerra dos Boers pela dominação dele.

O Historiador Basil Davidson, sublinha que os Africanderes chamaram a


esta gerra a sua Guerra de Libertação, como tambem foi uma guerra que
apenas envolveu brancos, a guerra dos brancos.

No entanto, a Inglaterra ganhou a gerra e consequentemente o dominio


efectivo do mesmo, dando origem à União Sul-Africana em 1910.

India, Revolta dos Cipaios, Gandhi e o Imperialismo Britanico

A India foi mais umpais afectado pelo Imperialismo Britanico, que impos
atraves da formalidade o dominio militar e cultural atraves da justificativa
do Darwinismo Social e do Eurocentrismo.

Com o fim de acabar com o imperialismo britanico na India a população


fez a Revolta dos Cipaios, em que nacionalistas indianos apoiados pela
população local e pelo exercito da India reivindicavam o direito indiano à
liberdade. Mas a revolta foi sufocada pela Inglaterrra. Mais tarde,
Mahatma Gandhi propos uma luta sem armas e sem sangue derramado
atraves do boicote de produtos ingleses.

Sumário
Os imperialistas dominaram , os povos de quase todo o planeta. Porem, a
maioria parte dos capitalistas e da população desses paises acreditavam
que suas acções eram justas e ate beneficas à humanidade em nome da
ideologia do progresso.

Exercícios
1. Mencione as causas da Gerra Anglo –Boer.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 56

2.Explique o papel de Mahatma Gandhi na liberdade da India.


3. Faça uma ponte de análise nas fíiguras de Mahatma Gandhi na
India, Nelson Mandela na Africa do Sul e Martin Luter King nos
Estados Unidos quanto à luta de liberdade nos respectvos países.

Resolva os exercícios acima indicados.

Auto-avaliação Faça um breve resumo da unidade em estudo em apenas três


páginas.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 57

Unidade XI
Contradições Imperialistas
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre os
factores que explicam as contradições entre as potencias imperialistas nos
finais do séc. XIX até a Iª Guerra Mundial

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as causas que estiveram por detras das contradições entre


as potencias imperialistas;

Objectivos  Explicar que as contradições entre as potencias imperialistas


culminaram com o Primeiro Conflito Mundial de1914.

11.1. Expansão Imperialista


A segunda metade do séc. XIX, intensificou-se o processo de expansão
imperialista que se estenderia ate o inicio do sec. XX. Começando por
paises europeus industrializados, principalmente a Inglaterra, esse
processo levou à partilha dos continentes africano e asiatico. Na mesma
epoca, tambem Estados Unidos e Japão exerceram actividades
imperialistas em suas regiões influentes.

O colonialismo do sec. XIX diferiu bastante do sec. XVI, que se


restringiu ao capitalismo comercial, cuja meta era a obtenção de
especiarias, produtos tropicais e metais preciosos, e concentrou-se no
continente americano.. nesse periodo, o Estado impulsionou a expansão,
segundo moldes mercantilistas.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 58

O neocolonialismo ou imperialismo contemporaneo, por sua vez


nescessitava de mercados consumidores de manufaturados e fornecedores
de materia-prima, alem de as grandes potencias buscarem colonias para a
colocação de seu excedente populacional e novas àreas de investimentos
de capital sua intervenção deu-se principalmente na Africa e na Asia,
motivada pelo capitalismo industrial e finaceiro.

No final do sec. XIX o capitalismo industrial transformou-se em


capitalismo financeiro ou monopolista, e surgiram grandes
conglomerados economicos que usaram os poderes para explorar áreas
coloniais. Este facto originou rivalidades entre as potencias pela divisão
de mercados que culminariam na Primeira Guerra Mundial, em 1914.

O neocolonialismo alem da necessidade de novas fontes de materia


prima, como ferro, cobre, petroleo,trigo, algodão e mais produtos, e de
outros mercados consumidores para crescente produção industrial, as
principais causas da expansão e contradiçõe imperialistas explicam-se no
seguinte, a necessidade de aplicação dos capitais excedentes da economia
industrial e a obtenção de bases estrategicas visando a segurança do
comercio maritimo nacional.

Na Unidade 5 fez-se referencia de potencias imperialistas, Europeus e


Não Europeus, que as disputas entre esta potencias por areas coloniais
agravaram conflitos e estimularam o armamentismo, o que levou à
formação de blocos de paises rivais, criando uma tensão e proporcionou
ate a Primeira Guerra Mundial em 1914.

11.2. A Conferencia de Berlim


A Conferencia de Berlim , 1884-85, na qual participaram 14 potencias
imperialistas, não conseguiu eliminar as divergencias entre estas
potencias quanto as suas ambições expansionistas, como se pode ver, a
França continuou com a sua expansão em Africa, Africa Francesa, a
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 59

Inglaterra liderando o imperialismo, realizou o dominio vertical do


continente, desde o mar Mediterraneo ate ao cabo da Boa Esperança e
destacou-se a actuação do seu ministro Benjamin Disrael, que obteve o
canal de Suez na sua posse.

Ainda mais, as incursões inglesas se fizeram sentir com o conflito boer na


Africa do Sul.

A Belgica tomou o Congo, como propriedade pessoal do rei Leopoldo II,


segundo o decido na Conferencia de Berlim.

Em Africa, até o inicio do séc. XX, apenas a Liberia, habitada por negros
emigrados dos EUA, e actual Etiopia, constituiam Estados africanos
livres.

Para as metropoles imperialistas, a expansão colonialista do sec. XIX


trouxe enormes lucros e a solução parcial para as suas crises de mercado.
Conseguiu, ainda, amenizar as divergencias politicas e as lutas sociais
internas, embora tenha tambem acirrado as divergências internacionais,
conduzindo o mundo a Primeira Guerra Mundial.

Sumário
As potencias imperialistas, Europeus e Não Europeus, envolveram se em
disputas entre esta potencias por areas coloniais agravaram conflitos e
estimularam o armamentismo, o que levou à formação de blocos de
paises rivais, criando uma tensão e proporcionou ate a Primeira Guerra
Mundial em 1914.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 60

Exercícios
1. Indique as causas das contradições entre as potencias
imperialistas.
2. Qual foi o fim das contradições entre esta potencias.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em duas páginas no minimo resuma a unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 61

Unidade XII
África Diante do Desáfio
Colonial
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre as
mudanças verificadas no seio dos africanos com a presença dos
imperialistas no Continente e a sua reacção perante esta presença dos
imperialistas nas suas terras.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as mudanças operadas no seio das sociedades politicas em


Africa com presença de Imperialistas;
Objectivos
 Explicar as consequências da Revolução Industrial para África.

12.1. Razões Económicas que levaram a colonização de África


Nos principios do séc. XIX, a África atrai cada vez mais a atenção do
mundo devido o movimento abolicionista de escravos como também a
curiosidade cientifica que impeliu os europeus para a África e espirito de
aventura. Porém neste principio do sec.já menciodo, grande extenão de
África ainda era livre da colonização.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 62

Mas o renascer do interesse pela África, segundo Joseph Ki-Zerbo,


História da África –II, explica-se sobretudo por razões económicas.

Durante o sec. XIX, muitos paises da Europa Ocidental vão sofrer uma
mutação de estruturas que é a Revolução Industrial. A nova Europa tinha
necessidades radicalmente novas. Não lhe interessava uma África que
fornecia homens para as plantações, pois as máquinas agrícolas
começavam a substitui-los. Em contrapartida, na própria África eles
podiam servir de mão de obra para fornecer matérias primas e constituia
aí um excelente mercado para a produção industrial europeia. A idade
mecânica impunha à África um novo papel a desempenhar no
desenvolvimento europeu. Prosperar as possibilidades da África no sector
das plantações e minas, controlar as fontes de produção, e dispor de um
mercado de consumo, esta é uma das razões dos capitalistas europeus
invadirem a África.

Os imperativos cada vez mais severos que pesam sobre as economias


nacionais europeias levaram à intervenção militar imperialista. Assim, as
três figuras principais desta cadeia de acontecimentos foram os
Missionários, os Mercadores e os Militares, isto é, os 3 M.

Neste sentido, na história de Africa sucederam tantas e tão rapidas


mudanças durante o periodo entre 1880 e 1935. Neste espaço de tempo
foi marcado pela conquista e ocupação de quase todo o continente
africano pela potencias imperialistas e depois pela instaraução do sistema
colonial.

O desenvolvimento desse drama foi muito rapido, pois ate 1880, apenas
algumas areas muito pequenas da Africa estavam sob a dominação
directa de europeus. Assim naquel ano de 1880, em cerca de 80% do seu
territorio, a Africa era governada por seus proprios reis, rainhas, chefes
de clas e linhagens, em imperios , reinos, comunidades e unidades
politicas de porte e natureza variados.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 63

No entanto, nos trinta anos seguintes, assiste-se a uma mudança enorme.


Em 1914, com a unica expção da Etiopia e da Liberia, a Africa inteira ve-
se submetida a dominação de potencias europeias. Nessa epoca a Africa
não è assaltada na sua soberania e na sua independencia, mas tambem em
seus valores culturais.

Perante a presença europeia em Africa coloca-se a seguinte


pergunta ,qual foi a atitude dos africanos perante a irrupção do
colonialismo, que traz consigo tão fundamental mutação na natureza das
relações existentes entre eles e os europeus nos ultimos seculos?

A resposta à esta questão è clara e inequivoca, na sua maioria,


autoridades e dirigentes africanos foram profundamente hostis a essa
mudança e declararam-se a manter o status quo e, sobretudo, a assegurar
a sua soberania e independencia como também, sua religião e seu modo
de vida tradicional. Como forma de se de defender aos imperialistas,
numa primeira fase, os africanos em vésperas de confronto fisicos reais,
muitos deles recorriam às orações, aos sacrificios e a fetiços.

Assim, a religião foi efectivamente uma das armas empregadas contra o


colonialismo. Fica claro que nem sempre os africanos se mostraram
hostis a presença dos estrangeiros. Algus dirigentes africanos acolheram
muito favoravelmente as inovações que com regularidade foram sendo
introduzidas depois do primeiro ter,co do sec, XIX, pois até então elas
não tinham feito pesar nenhuma ameaça sobre a soberania e
independência. Na África Ocidental, por exemplo, os missionários
fundaram, em Serra Leoa em 1826, o Fourah Bay College, assim como
escolas primárias e duas secundárias, uma na Costa do Ouro e outra na
Nigéria, nos anos de 1870.

Neste sentido, os africanos não viam nenhuma necessidade de modificar


suas relações seculares com a Europa. Mas, em 1880, devido ao
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 64

desenvolvimento da Revolução Industrial na Europa e ao progresso


tecnologico que ela acarretara, os europeus que eles iam enfrentar tinham
novas ambições políticas, novas necessidades económicas e tecnologicas
relativamente avaçada.

Os europeus, neste período, já não queriam apenas trocar bens, mas


exercer controle político directo sobre a África. Foi aí que os dirigentes
africanos cometeram um erro de cálculo,que, em muitos casos, teve
consequências trágicas: os chefes africanos foram vencidos e perderam a
soberania.

Sumário
Nos principios do séc. XIX, a África atrai cada vez mais a atenção do
mundo devido o movimento abolicionista de escravos como também a
curiosidade cientifica que impeliu os europeus para a África e espirito de
aventura. E sobretudo por razões económicas decorrentes da Revolução
Industrial. Os capitalistas europeus invadiram a África com proposito de
controlar as fontes de produção, e dispor de um mercado de consumo.

Exercícios
1. Identifique as principais transformações decorridas no final do
sec. XIX e principio do seguinte em Africa,
2. Comente a seguinte afirmação: ‘’ sempre os africanos se
mostraram hostis a presença colonial’’.
3. Explique o papel da religião no seio dos africano perante a
presença colonial.
4. Porque com a Revolução Industrial, os africanos foram excluidos
nas plantações coloniais?
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 65

Resolver os exercícios indicados.

Auto-avaliação Elabora um berve resumo desta unidade.

Unidade XIII
The Scramble for África, A
Partilha de África

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre os
factores que explicam a partilha de África e seus impactos.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as mudanças ocorridas no seio dos africanos com a invasão


europeia;

Objectivos  Explicar as diferentes Teorias sobre a partilha de África;

 Mencionar convergências e divergências entre a Teoria Económica e


Teoria da Dimensão Africana quanto a partilha de Africa.

13.1. Antecedentes
Ate 1880 cerca de 80% do território africano eram governados
essencialmente por seus próprios reis, rainhas, chefes de clãs e de
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 66

linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidades politicas de


ponte e natureza variada.

Apos a abolição de hediondo1 trafico de escravos, os africanos tinham se


mostrados capazes de se adaptar ao sistema económico baseado na
exportação de produtos agrícolas: óleo de palma na Nigéria, amendoim
no Senegal e na Gâmbia, e o cacau da Costa de Ouro (actual Ghana).

Parafraseando RODNEY citado por BOAHEN (1991: 344) diz:

“As zonas provedoras de escravos, que se estendiam do Senegal a Serra


Leoa, da Costa do Ouro á Nigéria, do rio Congo a Angola, foram às
faixas do litoral onde os europeus primeiro se fixaram e, certos traços
economicos colonial já se manifestavam nessas regiões antes mesmo do
estabelecimento oficial da dominação estrangeira, pois tanto os
africanos como europeus procuravam incentivar a produção de gêneros
exportáveis, de modo a poderem substituir o trafico de escravos por um
comercio legitimo”.

Na época de 1820, o cultivo de terra constitui a ocupação economica


dominante da maioria dos diferentes grupos africanos, onde entre as
colheitas mais difundidas e importantes incluíam-se o milho-miudo, a
batata-doce, o amendoim, o tabaco, o algodão, arroz, feijão e mandioca.

A agricultura era suplementada com a recolecção de frutos, mel e


diversas raízes, pela caça aos animais selvagens e pela criação de galinha,
porcos e outros animais domésticos. Os gados bovinos constituíam uma
fonte importante de riqueza que intensificava o poderio económico nas
zonas que se encontravam livres da mosca tsé-tsé.

A geração de 1880-1914 assistiu a uma das mudaças históricas mais


significativas dos tempos modernos. Com efeito, foi no decorrer deste

1
Condenado ou feio.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 67

período que a África se viu retalhada, subjugada e efectivamente ocupada


pela nações industrializadas da Europa.

A importância dessa fase histórica vai muito além da guerra e das


transformações que a caracterizaram. O que há de notável nesse período,
é do ponto de vista europeu, a rapidez e a facilidade relativa com que,
mediante um esforço coordenado, as nações ocidentais ocuparam e
submeteram um continente assim tão vasto.

13.2. Teórias da Partilha


Para a partilha da África exitem teorias que explicam porque razão a
África foi esquadrilhada:

Teoria Económica; Teorias psicológicas que se dividem em Darwinismo


social, cristianismo evangélico e atavismo social; Teorias Diplomáticas
que se dividem em prestigio nacional, equilibrio de forças e estratégia
global e por fim Teorias da Dimensão Africana. Aqui inteteressa
debruçar sobre a Teoria Económica e a Teoria da Dimensão Africana.

Começando pela Teoria Económica:

A formulação clássica dessa teoria, a mais clara, é a do John Hobson em


que ele afirma a superproduçào, os excendentes de capital e o
subconsumo dos paises industrializados levaram-nos a colocar uma parte
crescente de seus recursos económicos fora de sua esfera politica actual e
a aplicar activamente uma estrat’egia de expansão politica com vista a se
apossar novos territórios.

Para ele, esta aí a raiz económica do imperialismo. Embora admitindo


que forças de caracter não económico desempenharam certo papel na
expansão imperialista.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 68

Vlademir Lenine pegou nestas ideias de Hobson e de outros social-


democratas, salientando que o novo imperialismo caracterizava-se pela
transição de um capitalismo de orientação pré-monopolista, no qual
predomina a livre concorrência, para estágio do capitalismo monopolista,
intimamente ligado à intensificação da luta pela partilha do mundo.

Assim como o capilismo de livre concorrência prosperava exportando


mercadorias, o capitalismo monopolista properava exportando capitais,
derivados dos superlucros acumulados pelo cartel dos bancos e da
indústria. Segundo Lenine, é esse o estágio final do capitalismo. Nesta
visão, Lenine acreditava estar o capitalismo destinado à autodistruição,
pois, tendo partilhado o mundo entre si, os capitalistas estariam ameçados
pelas nações jovens, que exigiriam uma nova partilha do mundo. E os
capitalistas recusariam. Assim engendraria um conflito inevitavel cuja
consequência seria a morte do capitalismo.

Sobre a Teoria da Dimensão Africana, tem se o seguinte a saber:

As teorias sobre a partilha de africa atrás mencionadas, tratam da África


no quadro ampliado da história europeia, o que constitui um erro. É
necessário examinar a partilha da áfrica na perspectiva histórica africana.

Os teóricos desta, afirmam que, embora a causa imediata da partilha da


África fossem as rivalidades económicas entre os paises industrializados
da Europa, ela constituia ao memo tempo uma fase determinante nas
relações de longa data entre a Europa e a África. Estes teoricos, julgam
que a resistência africana à crescente influência europeia precipitou a
conquista efectiva, tal como as rivalidades comerciais cada vez mais
exacerbadas das nações industrializadas levaram à partilha. Acrece-se,
foram motivos de ordem essencialmente economica que animaram os
europeus e que a resistência africana à invasão crescente da Europa
precipitou a conquista efectiva .

Neste sim, esta teoria é dita como a mais global e histórica que explana a
partilha do que todas as teorias puramente eurocentristas.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 69

Sumário
A importância dessa fase histórica vai muito além da guerra e das
transformações que a caracterizaram. O que há de notável nesse período,
é do ponto de vista europeu, a rapidez e a facilidade relativa com que,
mediante um esforço coordenado, as nações ocidentais ocuparam e
submeteram um continente assim tão vasto. O que é explicado por
algumas teorias como a Económica, psicológicas, Diplomáticas, da
Dimensão Africana.

Exercícios
1. Mostre as diferenças entre a teoria económica e da dimensão
africana quanto a partilha de ‘Africa.
2. Explicite as ideias de Lenine quanto ao fim do capitalismo.
3. Explique em consiste as terias psicologicas e diplomáticas.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 70
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 71

Unidade XIV
A Conferência de Berlim

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre as
conferências que anteciparam a de Berlim como também os impactos
desta Conferência para África.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as conferências que anteciparam a de Berlim;

Objectivos  Idntificar os paises participantes nesta coferencia;

 Os objectivos traçados nesta conferência;

 Os impactos desta conferencia para Africa.

14.1. Antecedentes da Conferência


Antes da conferência de Berlim (1884-1885), os imperialistas puseram-se
em outra reuniões de caracter internacional nomeadamente Conferência
Geográfica de Bruxelas, convocada pelo rei belga, o Leopoldo I, em
1876, a qual redundou na criação da Associação Internacional Africana e
no recrutamento de Henry Morton Stanley, em 1879, para explorar os
Congos em nome da Associação.

No inicio da década de 1880, Portugal receando ser alijado da África,


propos a convocação de uma conferência internacional com o fito de
resolver os litigios territórias na África central.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 72

Assim dava-se a Conferência de Berlim. A ideia de uma conferência


internacional que permitisse resolver os conflitos territoriais engendrados
pelas actividades dos paises europeus na região do Congo foi lançada por
iniciativa de Portugal, mas retomada por Bismarck.

14.2. Sua Realização


A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de Novembro de 1884 à 26
de Janeiro de 1885. A essência desta conferência era na tentativa pôr em
mesa das conversações para se chegar a um consenso sobre a ocupação
colonial. Nesta conferência participaram 14 paises europeus, Estados
Unidos e Russia. Objectivando delimitar fronteiras coloniais e normas a
serem seguidas pela potências colonizadoras. A conferência não
conseguiu eliminar as divergências entre os paises quanto à suas
ambições imperialistas.

Não foi a Conferência de Berlim onde se fez a partilha da África e


delimitação de fronteiras, o processo de delimitação já estava em curso.
Antes desta conferência, as potências europeias já tinham suas esferas de
influência na África por várias formas: mediante a instalação de colonias,
a criação de entrepostos comerciais, etc.

Como consequência desta partilha, as fronteiras nacionais nasceram da


imposição desta conferência. Várias na,cões passaram a estar reunidas
dentro de novas fronteiras. Tribos amigas e inimigas passaram a
pertencer o mesmo espaço colonial.

No inicio do séc. XX, a África estava quase completamente retalhada


pelos ocupantes imperialistas. Ver o mapa em anexo.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 73

Mapa de partilha de África entre as potências europeias

Fonte: htt://www.tamandare.g12.br

Parafraseando UZOIGWE citado por BOAHEN (1991: 53):

“A conferência que, inicialmente, não tinha como objectivo a partilha de


África terminou destribuir territórios e aprovar resoluções sobre a livre
navegação no Niger, no Benue e os seus afluentes, e ainda por
estabelecer, as regras a ser observada no tutoro em matéria de ocupação
de territórios nas costas de africanas”.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 74

Portanto, quando a partilha foi concluída na Europa houve a necessidade


de determinar onde se encontravam realmente no terreno os limites das
colônias em África, que culminaram com a instalação de administração e
ocupação efectiva que pudessem controlar os territórios e os povos que
viviam dentro das fronteiras das colônias.

Assim sendo, a distribuição dos territórios africanos ficara da seguinte


maneira:

Portugal: Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-bissau, São Tomé e


Príncipe.

Inglaterra: Sudão-anglo-egipcio, Egipto, Nigéria, Costa do Ouro, Serra


Leoa, Somália, Zâmbia, Zimbábue, África do Sul, Suazilandia, Kenya,
Botswana, Lesotho e Malawi.

Bélgica: Congo Belga e R. D. C.

França: África Ocidental Francesa (Senegal, Alto Volta actual Burkina


Faso, Doamé actual Líbia, Costa de Marfim, Guiné Konacry, Niger,
Mauritânia, Mali e Togo), Argélia, Marrocos, África Equatorial Francesa
(Congo, Ubangui-Chari actual Republica Centro Africana, Gabão Chade
e Madagascar).

Alemanha: Camarões, TANZÂNIA, NAMÍBIA, Togo, Togo, Burundi e


Ruanda.

Itália: Líbia, Somália Italiana e Eritreia.

Sumário
A ideia de uma conferência internacional que permitisse resolver os
conflitos territoriais engendrados pelas actividades dos paises europeus
na região do Congo foi lançada por iniciativa de Portugal, e foi retomada
por Bismarck. A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de Novembro
de 1884 à 26 de Janeiro de 1885. A essência desta conferência era na
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 75

tentativa pôr em mesa das conversações para se chegar a um consenso


sobre a ocupação colonial.

Exercícios
1. A Conferência de Berlim conseguiu ou não atingir os seu
objectivoas? Comente.
2. A Partilha de África foi feita na Conferência de Berlim. Comente
a frase.
3. Qual era o objectivo de Estados Unidos a participar nesta
conferência uma vez que não possuia colonia em África.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 76

Unidade XV
A Modernizacao da Economia
Mundial
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre o
Papel da Economia Colonial na modernização da Económia Mundial.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 O Papel da Economia Colonial na modernização da Económia


Mundial
Objectivos
 As relações comerciais entre a Europa e o resto do mundo

15.1 O Papel da Economia Colonial na modernização


da Económia Mundial

Para entender a evolução da economia mundial do Século XV ao


Século XX, é preciso retroagir no tempo, desde as origens do
capitalismo. Além disso, é necessário entender o capitalismo da forma
como concebeu Braudel (1982), que admitiu ser ele constituído por
uma camada superior de uma estrutura em três patamares: a camada
inferior, a mais ampla, de uma economia extremamente elementar e
basicamente auto-suficiente, que denominou de vida material, a
camada da não-economia, o solo em que o capitalismo crava suas
raízes, mas na qual nunca consegue penetrar.

Acima dessa camada, vem o campo da economia de mercado, com


suas muitas comunicações horizontais entre os diferentes mercados
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 77

em que há uma coordenação automática que liga a oferta, a demanda e


os preços. Depois dessa camada e acima dela, vem a zona do
antimercado onde circulam os grandes predadores e vigora a lei das
selvas.

Como afirma Arrighi (1996), a questão principal não é identificar


quando e como uma economia mundial de mercado ergueu-se acima
das estruturas primordiais da vida cotidiana, mas quando e como o
capitalismo ergueu-se acima das estruturas da economia mundial de
mercado preexistente e, com o correr do tempo, adquiriu seu poder de
moldar de maneira nova os mercados e as vidas do mundo inteiro.

Segundo Arrighi (1996), em parte alguma do planeta essa


metamorfose aconteceu, à exceção da Europa onde algumas nações
foram impelidas à conquista territorial do mundo e à formação de uma
economia mundial capitalista poderosa e verdadeiramente global.
Considera ainda que a transição importante que precisa ser elucidada
não é a do feudalismo para o capitalismo, mas a do poder capitalista
disperso para um poder concentrado, e que o aspecto mais importante
desta transição é a fusão singular do Estado com o capital, que em
parte alguma se realizou de maneira mais favorável ao capitalismo do
que na Europa.

15.2 As relações comerciais entre a Europa e o


resto do mundo

Pode-se afirmar que a globalização é um processo que se iniciou há


mais de cinco séculos, que se aprofundou ao longo do tempo com a
evolução da economia-mundo capitalista e se consolidou na era atual
englobando todo o sistema econômico do planeta.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 78

Ao longo do processo de globalização, em diferentes momentos


históricos, as classes dominantes da Holanda, do Reino Unido e dos
Estados Unidos se substituíram na liderança da economiamundo
capitalista assumindo, com o decisivo apoio de seus Estados-Nações,
a hegemonia da dinâmica de acumulação do capital.

A expansão geográfica da economia-mundo européia significou, com


o passar do tempo, a eliminação de outros sistemas mundiais, bem
como a absorção de outros sistemas menores. A economia da Europa
era composta pelas cidades italianas de Gênova, Veneza, Milão e
Florença, que mantinham laços comerciais e financeiros com o
Mediterrâneo e o Levante, onde possuíam importantes feitorias e
bairros comerciais. Bem mais ao norte, na França setentrional,
encontrava-se outra área comercial significativa na região de Flandres,
formada pelas cidades de Lille, Bruges e Antuérpia, vocacionadas
para os negócios com o Mar do Norte.

No Mar Báltico encontrava-se a Liga de Hansa, uma cooperativa de


mais de 200 cidades mercantes lideradas por Lübeck e Hamburgo, que
mantinham um eixo comercial que ia de Novgorod, na Rússia, até
Londres na Inglaterra. No sudeste europeu, na mesma época,
agonizava o comércio bizantino (que atuava no mar Egeu e no mar
Negro), pressionado pela expansão dos turcos que terminaram por
ocupar Bizâncio em 1453, enquanto a Rússia via-se limitada pelos
Canatos Mongóis que ocupavam boa parte do leste do país.

Outra economia-mundo era formada pela China e regiões tributárias


como a península coreana, a Indochina e a Malásia, e que só se ligava
com a Ásia Central e o Ocidente através da rota da seda. O seu maior
dinamismo econômico encontrava-se nas cidades do sul como Cantão
e do leste como Xangai, grandes portos que faziam a função de vasos
comunicantes com os arquipélagos do Mar da China.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 79

A Índia, por sua vez, graças a sua posição geográfica, traficava num
raio econômico mais amplo. No noroeste, pelo Oceano Índico e pelo
Mar Vermelho, estabelecia relações com mercadores árabes que
tinham feitorias em Bombaim e outros portos da Índia ocidental,
enquanto comerciantes malaios eram acolhidos do outro lado, em
Calcutá. Seu imenso mercado de especiarias e tecidos finos era
afamado, mas só pouca coisa chegava ao Ocidente graças ao comércio
com o Levante. Foi a celebração das suas riquezas que mais atraiu a
cobiça dos aventureiros europeus como o português Vasco da Gama.

A África, dividida pelo deserto do Saara numa África árabe ao Norte,


que ocupa uma faixa de terra a beira do Mediterrâneo e o Vale do rio
Nilo, com relações comerciais mais ou menos intensas com os portos
europeus e, ao Sul, numa outra África, a África negra, isolada do
mundo pelo deserto e pela floresta tropical, formava um outro planeta
econômico totalmente a parte, voltado para si mesmo.

Por último, mas desconhecida das demais, encontrava-se a economia-


mundo formada pelas civilizações pré-colombianas da América, a
Azteca no México, a dos Maias no Yucatan e no istmo e a Inca no
Peru, organizadas ao redor do cultivo do milho e na elaboração de
tecidos, auto-suficientes e sem interligações entre si, nem terrestres
nem oceânicas.

Antes do Século XV, as economias-mundo desconheciam-se e nem


imaginavam que algum dia poderiam estabelecer entre si relações
significativas. Se é certo que em suas bordas havia escambo ou
comércio, eles eram insignificantes. Portanto, numa longa perspectiva,
pode-se dizer que a internacionalização do comércio e a aproximação
das culturas são um fenômeno recentíssimo, datando dos últimos
cinco séculos, apenas 10% do tempo da história até agora conhecida.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 80

O processo de globalização se inicia com a expansão da economia-


mundo Europa no sentido de estabelecer relações mercantis com as
demais economias-mundo

Sumário
A expansão geográfica da economia-mundo européia significou, com
o passar do tempo, a eliminação de outros sistemas mundiais, bem
como a absorção de outros sistemas menores. A economia da Europa
era composta pelas cidades italianas de Gênova, Veneza, Milão e
Florença, que mantinham laços comerciais e financeiros com o
Mediterrâneo e o Levante, onde possuíam importantes feitorias e
bairros comerciais.

Exercícios
1.Refira-se do Papel da Economia Colonial na modernização da
Económia Mundial

2.Explique as relações comerciais entre a Europa e o resto do


mundo

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 81

Unidade XVI

Trafico de escravos

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos
sobre o Desenvolvimento da economia esclavagista em África

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

O Desenvolvimento da economia esclavagista em África

Objectivos
A Consequências do tráfico de escravos para a economia africana

16. 1 O Desenvolvimento da economia esclavagista em


África
Nesta parte do trabalho, avaliaremos como a escravidão se insere
na África dentro dos aspectos mencionados da economia tradicional
africana, e como o desenvolvimento histórico do escravismo é moldado
pelas transformações ocorridas nas estruturas econômicas, não raro como
decorrência de fatores políticos, observando as mudanças de
características e funções, de maneira que se possa compreender suas
diferentes significações.

Cabe antes apontar uma série de atributos que contribuiriam para uma
definição razoável do que vem a ser a escravidão. É ponto pacífico que na
essência da escravidão se encontra uma forma de exploração. Mas o que
distingue a escravidão, ao menos em primeira instância, de outras formas
de exploração – associando idéias de direito de propriedade e de domínio
sustentado pela violência – é o fato de que nela a morte social substitui a
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 82

morte física do indivíduo aprisionado (Patterson, 1982), de modo que


“essa morte social despe o cativo de seus ancestrais, de sua família e de
sua descendência, retira-o de sua comunidade e de sua cultura, desonra-o
simbólica e ritualmente” (Silva, 2002, p.86).

Se observada em perspectiva histórica, não se pode afirmar que a


escravidão encontra sua gênese no continente africano. Ao contrário, o
fenômeno se inicia dentro de um processo histórico secular,
compreendendo povos de todos os continentes. Como afirma
Meillassoux, “a escravidão se desenvolveu na África, como
provavelmente por todos os outros lugares, pelo contato entre civilizações
diferentes” (Meillassoux, 1995, p.35) e “se existe uma gênese da
escravidão na África, é na escala de uma história que ultrapassa o
continente que se deve procurá-la” (Ibid., p.31).

De todo modo, a escravidão é reinventada entre os africanos, adquirindo


contornos únicos e características próprias – e mesmo circunscrita no
continente, apresenta diferentes funções, como variável de ambientes
pastoris, agrícolas ou urbanos (Silva, 2002, pp.80-82). Em geral, pode-se
destacar algumas funções elementares presentes de modo isolado ou
combinado nas formações sociais escravocratas, a saber, a função política
(utilização militar ou na administração), social (papel doméstico e sexual)
e econômica (utilização na produção de bens) (Lovejoy, 2002, p.39).

Há que se distinguir, entretanto, a escravidão “incidental” da


escravidão como instituição. Em sociedades de auto-subsistência,
baseadas no parentesco, o escravo é introduzido em um processo de
estraneidade, isto é, ele é considerado um indivíduo estranho à
comunidade doméstica que, ao contrário dos demais, “não se
desenvolveu no meio social em que ele se encontra, que não cresceu
dentro dos laços das relações sociais e econômicas que situam um
homem em relação a todos os outros”. (Meillassoux, p. 19). Ou seja, o
escravo não participa do mesmo imaginário de identidade coletiva que os
demais, por isso é um indivíduo estranho à comunidade na qual está
inserido.

De início, os cativos eram sobreviventes de povoados destruídos,


ou de guerra, ou ainda indivíduos castigados por crimes que cometeram
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 83

dentro da comunidade. Em todos os casos, há o consentimento de que


continuem vivos desde que reduzidos a um estado servil (Silva, p.80).
Não raro, do escravo é explorado toda sua força produtiva, que, dentro de
uma sociedade doméstica de auto-subsistência, é convertida, por um
sistema redistributivo, em subproduto para os considerados improdutivos:
as crianças, os velhos e os incapacitados. A captura de um cativo pode ser
a solução para uma eventual desproporção negativa entre produtores e
improdutivos que, conseqüentemente, poderia impossibilitar a
perpetuação da sociedade doméstica.

Entretanto, se o escravo faz parte do ciclo produtivo, em muitos


casos, lhe é negada a participação no ciclo reprodutivo. O escravo torna-
se, segundo vários autores (Rey, 1975; Olivier de Sardan, 1975), o
“caçula permanente”, prolongando indefinidamente seu estado de
celibatário sem acesso às esposas e a possibilidade de constituir família
que lhe permitiria pela paternidade sua reprodução física e social.

“Se o estranho não é introduzido no ciclo reprodutivo, mas


apenas na produção, ele não é ressocializado na sociedade de adoção,
pois não estabelece nela nenhum laço de parentesco. Por isso mesmo,
como vimos, ele se encontra logo de saída na situação objetiva de
explorado” (Meillassoux, p.27) .

No entanto, há alguns casos em que ocorre inserção deste


estranho nas sociedades domésticas, sendo distinto quando se trata de
uma mulher ou de um homem. Na situação da primeira, ela é sempre
bem-vinda porque aumenta as capacidades de reprodução da comunidade.
Em contrapartida, o individuo masculino em nada ou muito pouco altera
essas capacidades já que bastaria apenas um homem para fecundar a
totalidade de mulheres. Na verdade, ele competiria com os demais jovens
da comunidade pelo acesso controlado às mulheres.

No caso dos estranhos masculinos, eles só adentram o ciclo


reprodutivo quando seus hospedeiros lhe concedem a capacidade formal
de reproduzir ou estender as estruturas da sua comunidade de adoção, isto
é aceitam o como “pai social”. Desta forma, a integração incontestável do
estranho ocorre pelo casamento com uma jovem da comunidade de
adoção. Nesta situação, a introdução do estranho será mais fácil se ele já
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 84

participa do ciclo produtivo há algum tempo, tendo sido adotado jovem


ou em substituição a um guerreiro desaparecido em combate. Vale
ressaltar que apesar da inserção do estranho pelo matrimônio usurpar dos
demais caçulas seu lugar no ciclo reprodutivo, ela é levada em
consideração quando o número de caçulas é baixo, ou se existe um
desequilíbrio entre os sexos ou entre produtores e improdutivos.

Portanto, diante de todo esse processo, afirma Meillasoux que


“um cativo não faz a escravidão” (Ibid., p.28). Com o aumento das
complexidades na teia social – propiciada, em particular, pela vida urbana
–, a escravidão passa a ter significações diferentes, adquirindo o status de
instituição social. “Só há escravidão, como modo de exploração, se se
constitui uma classe distinta de indivíduos, com um mesmo estado social
e renovando-se de forma contínua e institucional” (Ibid., 1995, p.28) e “é
em relação com essas estruturas sociais institucionais e não em sua
relação individual com o senhor que seu estado se afirma” (Ibid., p.10).

Além disso, vale observar a importância do fator islâmico nas


transformações da concepção africana de escravidão. Os muçulmanos,
aproximando-se pelo comércio, além de difundirem suas idéias, adquirem
escravos para o fornecimento de empregados especializados para a
aristocracia árabo-berbere (Niane, 1988, p.634). Tal fato refletia na
organização do escravagismo dentro do continente, dando início a um
tráfico sistemático de escravos, que aumenta em importância o
escravismo de grande escala, sobretudo em sociedades ligadas ao tráfico
trans-saariano e, mais tarde, ao transatlântico (Silva, p.89) – o que, de
certo modo, corrobora algumas teses, tal como a de Walter Rodney, que
argumenta que o tráfico de longa distância é o principal responsável pelas
transformações na escravidão.

O tráfico trans-saariano, iniciado no século VIII, teve seu apogeu entre


1100 e 1500 (chamada “era de ouro” do comércio entre as regiões),
desenvolvendo um permanente, ainda que relativamente limitado (se
comparado ao tráfico com os europeus), comércio de homens. Contudo,
mesmo sem a importância central que lhe seria conferida mais adiante na
economia africana, desenha-se o “papel fundamental do tráfico de
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 85

escravos na formação de estruturas sócio-políticas complementares”


(Hernandez, 2005, p.35).

As vantagens oferecidas pelo comércio de escravos incitaram certos


grupos, sobretudo durante o período medieval, a multiplicar as incursões
contra seus vizinhos, a fim de se obter o que pudesse servir de troca para
os produtos mediterrâneos ou asiáticos (Gueye, 1979, p.194). Nesse
sentido, é possível desmistificar a idéia aparente de que os africanos
escravizavam seus “irmãos”, uma vez que, na verdade, eram seus
inimigos políticos que eram capturados (Lovejoy, p.55).

Ainda, havia rotas comerciais que “cortavam” as savanas e florestas da


África subsaariana – que, diga-se de passagem, também desmontam o
preconceito da “imobilidade” africana, trazido com freqüência pelos
ocidentais (Niane, p.645) – com a finalidade de complementar suas
economias e que, inevitavelmente, as abasteciam com escravos de outras
regiões.

E diante desse quadro, norteados por uma racionalidade


capitalista que alimentava, dialeticamente, a dominação política, a
chegada dos europeus ao continente africano dá ensejo à construção do
comércio atlântico de escravos, e sua intervenção “deu ao tráfico
proporções gigantescas e perturbou grandemente a sociedade africana”
(Gueye, p.193), o que será abordado na seção seguinte.

A Escravidão Moderna e o Espaço Atlântico

Nesta parte do trabalho, trataremos do tráfico de escravos que integrou


América, Europa e África no chamado “Sistema Atlântico” por meio do
desenvolvimento de formas de produção e mercado que tiveram a mão-
de-obra escrava africana como principal força de trabalho. Além disso,
discutiremos brevemente quais foram as conseqüências sofridas pelas
sociedades africana tradicionais.

No artigo “O Atlântico Escravista: Açúcar, Escravos e Engenhos”,


Joseph Miller trabalha com a historicidade da formação do complexo
produtivo na América. Para o autor, não é possível compreender o
Sistema Atlântico como integrado desde os seus primórdios, mas sim
como um processo que surge das transformações que sofreu o capitalismo
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 86

mercantil a partir do século XV. Já neste momento, o fluxo de ouro que


corre da África para a Europa é tido como imprescindível para a
acumulação necessária de capital que pudesse ser investido no expressivo
custo da expansão atlântica. Este incremento do capital circulante na
Europa teria sido, assim, necessário para possibilitar o surgimento de
crédito aos investidores – sempre endividados – que se estabeleceram na
América para a produção de açúcar. Esta forma de empreendimento já
existia nas ilhas mediterrâneas, mas em uma escala pequena e utilizando
apenas mão-de-obra servil européia.

A primeira experiência de utilização de mão-de-obra escrava africana foi


na ilha de São Tomé, na costa da Guiné. A este acontecimento histórico,
o autor atribui uma série de eventos circunstanciais reunidos. Entre eles,
destaca o estabelecimento de contato com populações da foz do rio
Congo, o que permite aos portugueses a constituição de relações
comerciais não-monetarizadas – dado que não possuíam capital na forma
de metais, os quais estavam concentrados na Europa – que abaixavam,
então, o custo da mão-de-obra africana.

Importante destacar que os portugueses, com isso, evitavam as caravanas


de comercio que existiam no interior da África, as quais ligavam essas
regiões ao norte, mas controladas, principalmente, por grupos
especializados no comércio. Assim, iniciava-se um processo que permitia
aos europeus a aquisição de produtos e pessoas em troca de produtos que
não eram considerados dinheiro na Europa, o que lhes garantia a
manutenção dos metais preciosos dentro de suas fronteiras. Ainda mais, o
escravo africano, dentro do complexo comercial europeu, adquiria um
valor monetário tal que funcionava como garantia de crédito entre
produtores de açúcar e investidores (Miller, 1997, p.14). Ainda que a
produção em São Tomé tenha sido curta (terminando em 1560 com uma
rebelião escrava) e estivesse muito distante do complexo açucareiro de
produção em larga escala na América, importa a nós que, ali, se deu a
primeira experiência de utilização de mão-de-obra escrava africana, como
também houve o estabelecimento de uma relação comercial voltada para
o fornecimento de escravos.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 87

16.2 A Consequências do tráfico de escravos para a economia


africana

A escravidão trouxe conseqüências e modificações estruturais nas


sociedades africanas. A demanda por cativos homens na América
implicou, por exemplo, em uma expansão da poligamia, com alteração na
idade de acesso as mulheres, além de fazer recair sobre estas a
responsabilidade sobre o trabalho agrícola (Manning, 1988, p.17).

As rotas de mercado sofreram modificações que foram sentidas nas


estruturas de produção africanas voltadas tradicionalmente para o
comercio intercontinental e para a troca de bens de consumo. Além do
desvio das rotas, o tráfico levou ao surgimento de uma classe mercantil e
aristocrática que atuava diretamente junto ao Estado.

Meillassoux aponta que o tráfico “fornece (à África) sobretudo armas e


caros objetos de prestígio que só correspondem às aristocracias militares”
(Meillassoux, 1971. Apud: Meunier, 1976, p.239), sem que haja o
desenvolvimento de forças produtivas na África, mas sim desestruturando
as comunidades camponesas pelo esvaziamento populacional, ainda
sujeito a migrações e deslocamentos como forma de fugir ao tráfico de
escravos (Ki-Zerbo, 1982, p.281).

Embora seja praticamente um consenso que o tráfico foi nocivo às


instituições e populações africanas, John Thornton ressalva que não é
possível perceber a África como agente passivo na estruturação desse
sistema. Os africanos – ou ao menos suas elites – teriam determinado
qual o seu papel político e comercial nessa relação (Thornton, 2004,
p.22).

No mesmo sentido, Patrick Manning aponta que se deve compreender o


desenvolvimento de uma dinâmica das relações entre africanos e
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 88

europeus na qual os primeiros ora se adaptaram dentro de seus valores


culturais, ora se sujeitaram às pressões externas importas pelo mercado
de pessoas (Manning, 1988, p.28).

Sumário
Como nos indica Roger Meunier, “ao caráter institucional da parte
européia do tráfico, corresponde uma organização não menos
regulamentada do lado dos reinos africanos, para os quais o comércio e
tráfico com os europeus é muitas vezes um negócio de Estado. O Estado
atua quer controlando a classe mercantil, quer funcionarizando os
comerciantes” (Meunier, 1976, p.238). Paul Lovejoy destaca que as
guerras promovidas por Estados centralizados foram a principal fonte de
cativos a serem direcionados para o mercado de escravos estabelecido
com os europeus. Mas, para além disso, outras formas de escravização de
indivíduos (como seqüestros, razias e o endurecimento das punições
legais cabíveis de escravidão) denotam a erosão de costumes tradicionais
africanos e de suas instituições políticas (Lovejoy, 2002, pp.141-146). A
guerra transformou-se de um combate entre elites em uma guerra
operacional que visava a conquista territorial para aquisição de cativos.

Exercícios
1.Explique o processo de Desenvolvimento da economia esclavagista em
África

2. Refira-se das Consequências do tráfico de escravos para a economia


africana

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 89

Unidade XVII
O papel de Africa na Economia
do Mundo – Africa do norte e
Oriental
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre o
papel de África na economia do mundo – África do Norte e Oriental
.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 O Egipto. O Magreb. O Marrocos


 Sahel – Sudão
Objectivos
 Etiópia e o corno de África

17.1. O Egipto. O Magreb. O Marrocos

O Egito tem quatro pricipais fontes económicas, em primeiro lugar vem o


turismo, que tem como atrações as pirâmides , e o litoral do Mar
Mediterrâneo. Em segundo lugar vem a extração e a exportação de
petróleo, que gera emprego e lucros para o governo. Em seguida vem os
impostos e as taxas alfandegárias que são cobradas sobre os navios que
passam pelo canal de Suez, e em último vem as ajudas que são
arremetidas por egípcios que vão para outros países e mandam dinheiro
para suas famílias. No tempo antigo, a economia do Egipto era à base de
trocas.

Economia

A economia é toda baseada na agricultura, com o método de produção


asiático. O faraó é o dono de todas as terras do país, organizando todo
trabalho agrícola. Também administrava as construções, pedreiras, e
minas. No Egito predominava o regime de servidão coletiva, onde todos
eram obrigados a trabalhar para sustentar o faraó, ou pagavam tributos na
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 90

forma de bens para o estado. As principais atividades econômicas


exercidas no Egito eram a agricultura, criação de animais, comércio
externo e forjamento de metais. Agricultura Na agricultura destacaram-se
no cultivo do trigo, cevada, linho e papiro. Com o trigo os egípcios
faziam pão, com a cevada, faziam cerveja, bebida muito apreciada pelos
camponeses, com o linho fabricavam tecidos para confecção de roupas, e
finalmente o papiro, natural do delta do Nilo, servia para fabricar cordas,
sandálias, barcos e principalmente papel (papiro), muito usado até a Idade
Média.

Criação de Animais

No Egito se criava: bois, carneiros, cabras, porcos, aves e asnos. A


criação de cavalos só começou no Egito quando os hicsos invadiram o
país em 1750 a.C., que usaram os cavalos contra o exército egípcio, que
copiou a estratégia depois da invasão. A carne era um alimento de luxo,
só os ricos podiam desfrutar dos prazeres das carnes. A população pobre
só comia carne em ocasiões festivas e especiais.

Comércio

O comércio no Egito funcionava a base de trocas, pois não conheciam o


dinheiro naquela época. Essa prática se tornou mais intensa no novo
Império, quando as importações e exportações se intensificaram com os
contatos comercias com a ilha de Creta, a Palestina, Fenícia e a Síria.

Além disso, desenvolveram uma indústria bastante artesanal, com


produção de armas, barcos, cerâmica, tijolos, tecidos, objetos de vidro,
couro e metais. Todos esses produtos que eram produzidos pelos artesãos
eram exportados. Os produtos mais importados pelos egípcios eram o
marfim, peles de animais, perfumes e outros utensílios usados pelos ricos.
Forjamento de Metais Os egípcios primitivos aprenderam a usar o cobre e
o ouro. Forjavam ferramentas, armas e jóias. Depois começaram a
fabricar bronze mais duro de cobre e estanho em fornalha.

Já no novo Império, inventaram foles que eram operados com o pé. O


metal derretido era despejado em formas.

Transportes

Com as construções das pirâmides era necessário transportar as pedras de


navio. Durante as cheias do Nilo, os egípcios faziam as pedras flutuar até
a orla do deserto. Esses navios eram construídos de madeira do Líbano.

Esses navios eram dirigidos com a ajuda de grandes remos, presos à


popa. Os egípcios foram os primeiros a usar velas. Mas, para atravessar o
Nilo, os homens comuns do Egito utilizavam barcos de junco para pescar
e caçar.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 91

Agricultura

Na agricultura destacaram-se no cultivo do trigo, cevada, linho e papiro.


Com o trigo os egípcios faziam pão, com a cevada, faziam cerveja,
bebida muito apreciada pelos camponeses, com o linho fabricavam
tecidos para confecção de roupas, e finalmente o papiro, natural do delta
do Nilo, servia para fabricar cordas, sandálias, barcos e principalmente
papel (papiro), muito usado até a Idade Média.

Forjamento de Metais

Os egípcios primitivos aprenderam a usar o cobre e o ouro. Forjavam


ferramentas, armas e jóias. Depois começaram a fabricar bronze mais
duro de cobre e estanho em fornalha.

Já no novo Império, inventaram foles que eram operados com o pé. O


metal derretido era despejado em formas.

A economia dos Marrocos é considerado a economia liberal governado


pelo lei da fonte e da demanda. Desde 1993, o país seguiu uma política de
privatization de determinados setores econômicos que se usaram estar nas
mãos do governo.

O sistema econômico do país apresenta diversos facets. É caracterizado


por uma abertura grande para o mundo exterior. France remanesce o
preliminar comércio sócio (fornecedor e cliente) de Marrocos. France é
também o preliminar credor e investor extrangeiro em Marrocos. No
Mundo árabe, Marrocos tem o GDP second-largest do non-óleo, atrás de
Egipto, até à data de 2005.

Entre o vário comércio livre os acordos que Marrocos ratificou com seus
sócios econômicos principais, são Área de comércio livre Euro-
Mediterranean acordo com União européia com o objetivo de integrar
Associação comercial livre do europeu nos horizontes de 2012; Acordo
de Agadir, assinado com Egipto, Jordão, e Tunísia, dentro da estrutura da
instalação do Zona árabe da troca livre; Acordo de comércio livre de
Nos-Marrocos com EUA qual veio na força dentro Janeiro 1, 2006 e
ultimamente o acordo da troca livre com Turquia.

Agricultura

A produção agricultural Moroccan consiste na laranja, nos tomates, nas


batatas, na azeitona, e no óleo verde-oliva. Os porducts agriculturais da
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 92

alta qualidade são exportados geralmente para Europa. Marrocos produz


bastante alimento para o consumo doméstico à exceção das grões, do
açúcar, do café e do chá. Mais de 40% do consumo de Marrocos das
grões e da farinha é importado do E.U. e France.

A indústria da agricultura em Marrocos aprecía a termine a isenção de


imposto. Muitos críticos Moroccan dizem que os fazendeiros ricos e as
companhias agriculturais grandes estão fazendo exame de demasiado
benefício de não pagar os impostos, e que os fazendeiros pobres se estão
esforçando com os custos elevados e se estão começando muito a pobres
a sustentação do estado.

Há umas centenas dos milhares dos hectares da terra da alta qualidade


que não está sendo explorada e está nas mãos do estado Moroccan. Estas
terras foram adquiridas dos fazendeiros/colonos franceses anteriores esse
Marrocos esquerdo após a independência em 1956. O estado recusa
retornar as terras ao original Berber proprietários. Instead, o estado tende
a dar muitos hectares da terra como recompensas aos políticos
aposentados, oficiais elevados do ranking e a nivelá-los aos atletas
nacionais.

Marrocos é o mercado de prata o maior em África e em terceiro lugar no


exportador o maior do phosphate no mundo após ESTADOS UNIDOS. e
China. O Phosphate é encontrado principalmente na região ocidental do
país. Casablanca é centro industrial principal de Marrocos com as 39%
das unidades de produção do país e o 60% do trabalho industrial. Com o
investimento Tânger está transformando-se um centro considerável da
indústria também.

17.2. Economia Etiopia

A economia de Etiópia está baseada na agricultura que absorve o 45% do


Produto interno bruto, o 90% das exportações e o 80% da mão de obra. O
produto principal é o café destinado em sua quase integridade à
exportação, do que vivem directa ou indirectamente o 25% da população.
Este alto volume, unido à variabilidad dos preços internacionais do café,
fazem que a balança exportadora seja muito vulnerável
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 93

Os processos de seca, agravados na década dos 80 do século XX,


converteram grandes extensões de terreno de cultivo em áridas ou
semiáridas, em parte pelas condições climáticas, em parte por devasta-a
de árvores para lenha. As deslocações de população e de refugiados por
motivo das múltiplas guerras com Eritréia, facilitaram o assentamento de
grande número de população em zonas com mal recursos agrícolas e
ganaderos, o que provocou fomes e persistentes degradações do solo que
não se recuperou. Na actualidade, e depois da assinatura da paz definitiva
com Eritréia, o número de pessoas dependentes de ajuda-a interior ou
exterior para a sobrevivência reduziu-se de 4,5 milhões de pessoas em
1999 , a 2,7 milhões de pessoas em 2003 .

Quanto à minería, Etiópia tem reservas de ouro e tantalio, bem como


mármol, potasa, mineral de ferro e gás natural. As explorações deste
último têm sofrido diversas convulsões e altibajos por motivo dos
múltiplos conflitos bélicos até 2002.

O alto nível de dependência do sector energético (petróleo) e as elevadas


despesas militares, mantêm ainda debilitada a economia, que apresenta
grandes mudanças segundo a zona do país da que se trate. A tensa relação
com Eritréia impede o uso dos portos eritreos de Assab e Massawa,
deixando o de Yibuti para a saída ao mar dos produtos etíopes.

Na actualidade desenvolve-se um plano económico baseado no


incremento do uso da energia hidroeléctrica, a exploração do gás natural,
a recuperação de zonas agrícolas e a diversificación das actividades
económicas, dentro de uma economia ainda muito centralizada e
dependente do sector público e da ajuda estrangeira.

Os países aos que lhes dão produtos de exportação são: Alemanha, Japão,
Yibuti e Arabia Saudita. Os países que lhe dão produtos a Etiópia são:
Arabia Saudita, Estados Unidos, Itália e Rússia. Os produtos de
exportação são: café, couro, legumes e petróleo e os de importação são:
animais, petróleo e maquinaria.

No período 2003-2005 a economia etíope tem crescido mais de 10%,


conquanto o crescimento tem sido muito desigual segundo as regiões. O
perímetro da capital tem crescido um 13% consecutivo nos dois anos, os
estados do sul e oeste têm crescido em media um 8%, conquanto os
estados do este têm crescido com menos intensidade e as regiões do norte
têm sofrido um debacle da actividade económica, devido às tensões
geopolíticas com Sudão e Eritréia. Destaca a melhora da balança
exportadora, animada principalmente pelo incremento das exportações
para o Egipto.

A ajuda estrangeira representa mais de 90% do orçamento do governo, só


o 2% da população do país tem acesso a telefones celulares.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 94

Sumário
O sistema econômico do país apresenta diversos facets. É caracterizado
por uma abertura grande para o mundo exterior. France remanesce o
preliminar comércio sócio (fornecedor e cliente) de Marrocos. France é
também o preliminar credor e investor extrangeiro em Marrocos.

Exercícios
1.Refira-se do Papel da Economia do Egipto na Económia Mundial

2. Explique os resultados do desenvolvimento do comércio


árabe na costa oriental de África

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 95

Unidade XVIII
O papel de Africa na Economia
do Mundo – Africa Central e
Austral
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre o
papel de África na economia do mundo – África Central e Austral
.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Sahel – Sudão Congo e os reinos ovimbundos de Angola

Objectivos  A África Austral : Madagascar e a África do Sul


18.1. A África Austral : Madagascar e a África do Sul

A economia de Madagascar assenta essencialmente na agricultura


e na criação de gado. Embora o arroz seja a principal cultura, é o
café que representa fatia ao nível da exploração. Destacam-se
outras culturas, como a cana-de-açúcar, da mandioca e de frutos
como banana, a maça, o ananás ou laranja. Quando à agronomia,
saliente-se a dificuldade do governo de Madagáscar em fomentar a
criação de gado bovino para consumo alimentar, em virtude do
carácter religioso que estes animais assumem perante certas
camadas da população. Contudo, é abundante a criação de outros
animais como as ovelhas, as cabras, as galinhas e os porcos.

A industria mineira está pouco desenvolvida, sobretudo por causa


dos escassos recursos minerais, havendo a destacar, apenas os
depósitos de titânio, considerados os maiores do mundo. Em
relação a indústria manufatureira, ela incide sobretudo no
tratamento do arroz, da madeira e do papel.

Após a turbulência interna de 1972/75, o regime militar emergente


resolveu transformar Madagáscar num país socialista, através da
completa nacionalização de todas as empresas, mesmo aquelas que
estavam nas mãos de instigadores estrangeiros. Esta iniciativa
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 96

revelou-se catastrófica para a economia deste país, pois as


exportações desceram, a inflação subiu e a dívida externa disparou
para níveis antes impensáveis, levando Madagáscar a uma situação
de bancarrota técnica. Só através da pressão exercida pelo Fundo
Monetário Internacional é que o governo retrocedeu na sua politica,
reliberalizando a economia a todos os níveis.

África do Sul: perspectiva económica

A África do Sul é o motor económico do continente africano, líder na produção industrial e


produção mineral, gerando uma larga parte da electricidade de África.

O país tem recursos naturais abundantes, um sistema legal e financeiro bem estruturado, dispõe
de comunicações, energia e transportes, tem uma bolsa de valores classificada entre as 20
maiores do mundo e uma estrutura moderna que suporta uma eficiente distribuição de bens e
produtos por toda a África Austral.

A África do Sul tem uma estrutura legal progressista e de primeiro nível. A legislação sobre
comércio, trabalho, mão-de-obra e assuntos marítimos está particularmente bem estruturada,
assim como as leis sobre política da concorrência, copyright, patentes, marcas registadas e
disputas se enquadram nas normas e convenções internacionais.

Os sistemas financeiros do país são robustos e sofisticados. Os regulamentos bancários estão


entre os melhores do mundo e o sector há muito que está classificado entre os 10 melhores do
mundo.

Não só é a África do Sul um mercado económico emergente importante, como também


representa uma porta de saída para os outros mercados africanos. O país desempenha um papel
vital no fornecimento de energia, auxílio, transporte, comunicações e investimento estrangeiro
no continente. A sua rede viária e ferroviária bem estruturada é uma base forte do transporte
via terrestre bem no coração de África.

Crescimento económico
A economia Sul Africana tem vivido uma fase ascendente desde Setembro de 1999 – o período
mais longo de expansão económica na história do país.

Durante esta fase de incremento (em preparação o período até ao quarto trimestre de 2007), a
taxa anual de crescimento económico ultrapassou os 4%. Na década antes de 1994 o
crescimento económico fora inferior a 1% ao ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul subiu 3,7% em 2002, 3,1% em 2003, 4,9% em
2004, 5% em 2005, 5,4% em 2006 – o mais elevado desde 1981 – e 5,1% em 2007. No quarto
trimestre de 2007, a África do Sul registou o seu 33º trimestre de expansão constante no PIB
real desde Setembro de 1999.

A economia da África do Sul foi completamente reacondicionada desde o advento da


democracia no país em 1994. Grandes reformas económicas trouxeram competitividade,
crescimento económico, formação de emprego e uma abertura total do país face aos restantes
mercados do mundo.

Ao longo dos anos estas políticas reformistas construíram uma estrutura macroeconómica
sólida e robusta. Os impostos desceram, as tarifas baixaram, o défice fiscal foi refreado, a
inflação desacelerada e o controlo cambial aliviado.

O crescimento económico e uma gestão fiscal prudente fizeram com que o défice orçamental
da África do Sul (diferença entre as despesas do estado e o total das receitas, excluindo
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 97

empréstimos) baixou drasticamente, de 5,1% do PIB em 1993/94 para 0,5% em 2005/2006 – o


segundo mais baixo na história do país depois do 0,1% durante o boom do ouro em 1980.

Em 2006/07 o país anunciou o seu primeiro excedente orçamental de 0,3%. O índice de preços
ao consumidor tem vindo a descer desde 2002, quando os preços ao consumidor aumentaram
uma média de 9,3% depois do terrível 11 de Setembro em Nova Iorque. O índice de preços ao
consumidor rondou os 4,3% em 2004, 3,9% em 2005, 4,6% em 2006 e 6,5% em 2007.

Com as tarifas e impostos mais baixos para cá da fronteira, o optimismo da economia, uma
melhor conformidade fiscal e uma administração fiscal e alfandegária coerente e forte levaram
a um avolumar das receitas do estado, atingindo os 475,8 biliões de rands em 2006/07 – mais
do triplo do que em 1996/97.

Desafios: fornecimento de energia


A maior ameaça imediata ao contínuo crescimento económico da África do Sul é uma restrição
na capacidade, que surgiu precisamente devido ao desempenho económico forte dos últimos
anos.

Este crescimento, juntamente com uma industrialização rápida e um programa de electrificação


massivo na última década, conduziu finalmente, em Janeiro de 2008, a um excesso na procura
de electricidade.

Os cortes de energia daí resultantes fizeram com que o governo agisse rapidamente para
ultrapassar a crise. O plano de resposta inclui uma despesa de cerca de 343 biliões de rands nos
próximos cinco anos para financiar novas centrais eléctricas, assim como uma série de medidas
com vista a reduzir a procura doméstica e industrial.

As agências de classificação Standard & Poor e Fitch afirmaram em Janeiro de 2008 que a
escassez energética não era considerada uma ameaça imediata na classificação de crédito ao
investimento da África do Sul, mas podia vir a ser um problema se refreasse severamente o
crescimento económico.

Sumário
A economia de Madagascar assenta essencialmente na agricultura e na
criação de gado. Embora o arroz seja a principal cultura, é o café que
representa fatia ao nível da exploração. A África do Sul é o motor
económico do continente africano, líder na produção industrial e
produção mineral, gerando uma larga parte da electricidade de África

Exercícios
1.Refira-se do Papel da Economia de Madagascar na Económia
Mundial

2. Explique os desafiso da economia Sul africana


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 98

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação
Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 99

Unidade XIX
Economia de Moçambique nos séc.
XVI-XIX
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre o
Economia de Moçambique nos séc XVI-XIX .

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 A Economia dos estados pre-coloniais em Moçambique

Objectivos  A Economia de escravos em Moçambique

19.1 A Economia dos estados pre-coloniais em


Moçambique

Os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os


Khoisan, que eram caçadores-recolectores. Há cerca de 10.000
anos a costa de Moçambique já tinha o perfil aproximado do que
apresenta hoje em dia: uma costa baixa, cortada por planícies de
aluvião e parcialmente separada do Oceano Índico por um cordão
de dunas. Esta configuração confere à região uma grande
fertilidade, ostentando ainda hoje grandes extensões de savana
onde pululam muitos animais indígenas. Havia portanto condições
para a fixação de povos caçadores-recolectores e até de
agricultores.

Nos séculos I a IV, a região começou a ser invadida pelos Bantu


(ver expansão bantu), que eram agricultores e já conheciam a
metalurgia do ferro. A base da economia dos Bantu era a
agricultura, principalmente de cereais locais, como a mapira
(sorgo) e a mexoeira; a olaria, tecelagem e metalurgia
encontravam-se também desenvolvidas, mas naquela época a
manufactura destinava-se a suprir as necessidades familiares e o
comércio era efectuado por troca directa. Por essa razão, a estrutura
social era bastante simples - baseada na "família alargada" (ou
linhagem) à qual era reconhecido um chefe. Os nomes destas
linhagens nas línguas locais são, entre outros: em eMakua, o
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 100

Nlocko, em ciYao, Liwele, em ciChewa, Pfuko e em chiTsonga,


Ndangu.

Apesar da sociedade moçambicana se ter tornado muito mais


complexa, muitas das regras tradicionais de organização ainda se
encontram baseadas na "linhagem".

Entre os séculos IX e XIII começaram a fixar-se na costa oriental


de África populações oriundas da região do Golfo Pérsico, que era
naquele tempo um importante centro comercial. Estes povos
fundaram entrepostos na costa africana e muitos geógrafos daquela
época referiram-se a um activo comércio com as "terras de Sofala",
incluindo a troca de tecidos da Índia por ferro, ouro e outros metais.

De facto, o ferro era tão importante que se pensa que as "aspas" de


ferro - em forma de X, com cerca de 30 cm de comprimento, que
formam abundantes achados arqueológicos nesta região - eram
utilizadas como moeda. Mais tarde, aparentemente esta "moeda"
foi substituída por outra: tubos de penas de aves cheias de ouro em
pó - os meticais cujo nome deu origem à actual moeda de
Moçambique.

Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente


com a chegada dos mercadores, a estrutura política tornou-se mais
complexa, com linhagens dominando outras e finalmente,
formando-se verdadeiros estados na região. Um dos mais
importantes foi o primeiro estado do Zimbabwe.

O Primeiro Estado do Zimbabwe


Embora os povos que falavam a língua chiShona - ainda hoje a
principal língua do Zimbabwe, com cerca de sete milhões de
falantes, em vários dialectos - se tenham instalado na região cerca
do ano 500, o primeiro estado do Zimbabwe existiu
aproximadamente entre 1250 e 1450 aproximadamente na região da
actual República do Zimbabwe. O seu nome deriva dos
amuralhados de pedra que a aristocracia fazia construir à volta das
suas habitações e que se chamavam madzimbabwe.[1] O que parece
ter sido a capital deste estado - o actual monumento do Grande
Zimbabwe - cobria uma superfície considerável (incluindo não só a
área dentro dos amuralhados, mas também uma grande "cidade" de
caniço, à volta daqueles), levando a pensar que tinha uma
população de várias centenas, talvez milhares de habitantes, e uma
grande actividade comercial.

Em Moçambique conhecem-se também ruínas de madzimbabwe, a


mais importante das quais chamada Manyikeni, a cerca de 50 km
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 101

de Vilankulo, na província de Inhambane, e a cerca de 450 km do


Grande Zimbabwe.

Para além da grande fertilidade da região onde este estado se


estabeleceu, o apogeu do primeiro estado do Zimbabwe deve estar
ligado à mineração e metalurgia do ouro, muito procurado pelos
mercadores originários da zona do Golfo Pérsico que já
demandavam as "terras de Sofala", pelo menos desde o século XII.

Cerca de 1450, o Grande Zimbabwe foi abandonado, não se


conhecendo as razões desse abandono mas, pela mesma altura,
verificou-se uma grande invasão de povos também de língua
chiShona que deu origem ao Império dos Mwenemutapas. Estes
invasores submeteram os povos duma região que se estendeu até ao
Oceano Índico, desde o rio Zambeze até a actual cidade de
Inhambane, pelo que não é claro o abandono do Grande Zimbabwe.

O Império dos Mwenemutapas


A invasão e conquista do norte do planalto zimbabweano pelas
tropas de Mutota, em 1440-1450, deu origem a um novo estado
dominado pela dinastia dos Mwenemutapas. Estes invasores, que
também falavam a língua chiShona estabeleceram a sua capital
num local próximo do rio Zambeze, no norte da actual província
moçambicana de Manica.

No século XVI, o Império dos Mwenemutapas tinha estendido o


seu domínio a uma região limitada pelo rio Zambeze, a norte, o
Oceano Índico, a leste, o rio Limpopo a sul e chegando a sua
influência quase ao deserto do Kalahari a sudoeste. Porém, esta
última região poderia estar sobre a alçada de outros estados, como
os reinos de Butua e Venda, que terão estabelecido com os
Mwenemutapas relações de boa vizinhança.

Para além de esta ser uma região fértil e não estar afectada pela
mosca tsé-tsé, permitindo a criação de gado, o que contribuiu para
a estabilidade e crescimento das populações, as minas de ouro
estavam principalmente localizadas no interior. Por essa razão, o
domínio das rotas comerciais que constituíam o Zambeze, por um
lado, e de Sofala, mais a sul, conferiu aos Mwenemutapas - era a
aristocracia que controlava o comércio - uma grande riqueza.

Foi o ouro que determinou a fixação na costa do Oceano Índico,


primeiro dos mercadores e colonos árabes oriundos da região do
Golfo Pérsico, ainda no século XII, e depois dos portugueses, no
dealbar do século XVI.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 102

O Império Marave
Os estados Marave foram um conjunto de pequenos reinos
formados na margem norte do rio Zambeze e que se tornaram
importantes na história da penetração portuguesa nesta região.

A origem do nome é desconhecida, mas aparece em textos antigos


(séculos XVII e XVIII) e ainda hoje está associada ao de um
distrito da província de Tete, a Marávia. O nome foi utilizado com
referência à fixação nesta região, entre 1200 e 1400, de um povo,
cujo clã dominante, denominado Phiri, se tornou, por alianças com
as linhagens dominantes locais, o clã dominante. Mais
recentemente, Rita Ferreira utilizou esta designação para o
conjunto de tribos ali existente.

Uma característica importante é que todos os povos da região,


embora apresentem hoje uma grande diversidade de línguas (do
grupo de Bantu sul-central, das famílias ciNyanja, ciYao e
eMakuwa) tem como forma de organização da sociedade a
matrilineariedade, ou seja, a transmissão dos poderes "mágicos" e
da propriedade - do próprio "poder" - é feita por casamento com a
mulher da linhagem que o detém.

Os Prazos
Por volta de 1600, Portugal começou a enviar para Moçambique
colonos, muitos de origem indiana, que queriam fixar-se naquele
território. Esses colonos, muitas vezes casavam com as filhas de
chefes locais e estabeleciam linhagens que, entre o comércio e a
agricultura, podiam tornar-se poderosas.

Em meados do século XVII, o governo português decide que as


terras ocupadas por portugueses em Moçambique pertenciam à
coroa e estes passavam a ter o dever de arrendá-las a prazos que
eram definidos por 3 gerações e transmitidos por via feminina. Esta
tentativa de assegurar a soberania na colónia recente, não foi muito
exitosa porque, de facto, os "muzungos" e as "donas" já tinham
bastante poder, mesmo militar, com os seus exércitos de
"xicundas", e muitas vezes se opunham à administração colonial,
que era obrigada a responder igualmente pela força das armas.

Não só estes senhores feudais não pagavam renda ao Estado


português, como organizaram um sistema de cobrar o "mussoco"
(um imposto individual em espécie, devido por todos os homens
válidos, maiores de 16 anos) aos camponeses que cultivavam nas
suas terras. Além disso, mineravam ouro, marfim e escravos, que
comerciavam em troca de panos e missangas que recebiam da Índia
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 103

e de Lisboa. Até 1850, Cuba foi o principal destino dos escravos


provenientes da Zambézia.

Em 1870, era apenas em Quelimane (sem conseguir penetrar no


"Estado da Maganja da Costa") onde Portugal exercia alguma
autoridade, cobrando o "mussoco", instituído e cobrado pelos
prazeiros. Isto, apesar de, em 1854, o governo português ter
"extinguido" os Prazos (pela segunda vez, a primeira tinha sido em
1832). Outros decretos do mesmo ano extinguiam a escravatura
(oficialmente, uma vez que os "libertos" eram levados à força para
as ilhas francesas do Oceano Índico (Maurícia ou "ilha Bourbon" e
Reunião ou "ilha de França", com o estatuto de "contratados") e o
imposto individual, substituindo-o pelo imposto de palhota, uma
espécie de contribuição predial.

Na margem direita do rio Zambeze e na margem esquerda da actual


província de Tete, os prazos começaram a ser atacados, em 1830,
pelos nguni que fugiam durante o mfecane mas, aparentemente, os
prazos da Zambézia escaparam a essa sorte. Mas, apesar de
"ressuscitados" por António Enes, o grande ideólogo do
colonialismo pós-escravatura, não resistiram ao capital das grandes
companhias. Depois de serem engolidos por estas, viram a
administração colonial organizar-se finalmente - já na segunda
metade do século XIX - e utilizar a sua estrutura feudal, depois de
transformados os "xicundas" em sipaios, para submeterem os povos
da região.

Por volta de 1870, começaram a estabelecer-se em Quelimane


várias companhias europeias, já não interessadas em escravos, nem
em marfim, mas sim em oleaginosas - amendoim, gergelim e copra
- muito procuradas nas indústrias recém-criadas de óleo alimentar,
sabões e outras. No princípio, comercializando com os prazeiros,
induziram-nos a forçarem os seus camponeses a cultivar estes
produtos. Exemplos dessas companhias são a "Fabre & Filhos" e a
"Régie Ainé", ambas com sede em Marselha, a "Oost Afrikaansch
Handelshuis", holandesa, e a "Companhia Africana de Lisboa". A
"Oost" chegou a abrir em Sena uma sucursal para incentivar nessa
região a produção de amendoim.

Mas a agricultura familiar não produzia as quantidades desejadas,


era necessário organizar plantações. É nessa altura que o
governador da "província ultramarina", Augusto de Castilho, cuja
administração estava desejosa de ter uma base tributária para
manter a ocupação do território, emite em 1886 uma "portaria
provincial" regulando a cobrança do "mussoco" nos Prazos (que
tinham sido "extintos" pela terceira vez seis anos antes), que incluía
a obrigatoriedade dos homens válidos pagarem aquele imposto, se
não em produtos, então em trabalho; é dessa forma que começam a
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 104

organizar-se as grandes plantações de coqueiros e, mais tarde, de


sisal e cana sacarina.

Em 1890, o futuro "Comissário Régio" António Enes decreta,


numa revisão do Código de Trabalho Rural de 1875 (que
estabelecia apenas a obrigação "moral" dos colonos [leia-se
camponeses indígenas] de produzirem bens para comercialização),
que o camponês já não tem a opção de pagar o "mussoco" em
géneros: "…O arrendatário [dos Prazos] fica obrigado a cobrar
dos colonos em trabalho rural, pelo menos metade da capitação de
800 réis, pagando esse trabalho aos adultos na razão de 400 réis
por semana e aos menores na de 200 réis."

Esse decreto impunha ainda aos prazeiros a ocupação efectiva das


terras arrendadas e o pagamento à autoridade colonial da respectiva
renda. Mas os prazeiros não tinham conseguido converter a sua
actividade de simples fornecedores de escravos ou de pequenas
quantidades de produtos na de organização das plantações, não só
por falta de preparação (ou de vocação), mas também por falta de
capital. O resultado foi terem sido obrigados a subarrendar ou
vender os seus prazos, terminando assim a fase feudal desta porção
de Moçambique.

Os Estados Ajaua
No rico planalto do Niassa, fixaram-se os bantu ajaua (ou yao e
também pronunciado jauá), agricultores e caçadores, mas também
comerciantes que, no século XVIII, já islamizados, muito
contribuíram para o tráfico de escravos. No século XIX, esta
população expandiu-se para oeste (incluindo o Malawi) e organizou
estados poderosos no planalto, entre os quais, o Mataca, o
Mutarica, o Mukanjila e o Jalassi. Estes estados só foram
dominados pelos portugueses através da Companhia do Niassa.

O Império de Gaza

O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane (também


conhecido por Manicusse, 1821-1858) como resultado do Mfecane,
um grande conflito despoletado entre os Zulu por consequência do
assassinato de Chaca (ou Shaka) em 1828, que culminou com a
invasão de grandes áreas da África Austral por exércitos Nguni. O
Império de Gaza, no seu apogeu, abrangia toda a área costeira entre
os rios Zambeze e Maputo e tinha a sua capital em Manjacaze, na
actual província moçambicana de Gaza.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 105

O rei de Gaza dominou os reis Tonga (possivelmente o mesmo que


Tsonga, da língua chiTsonga, a língua actualmente dominante na
região sul de Moçambique) através dos membros da sua linhagem,
os Nguni, comerciando marfim, que recebia como tributo, com os
portugueses, estabelecidos na costa (principalmente em Lourenço
Marques e Inhambane).

Aparentemente, Sochangane não fazia comércio de escravos - os


seus guerreiros eram principalmente da sua linhagem -, nem
devolvia aos portugueses os escravos que fugiam para a sua guarda.

Com a sua morte, sucedeu-lhe o seu filho Mawewe que decidiu, em


1859, atacar os seus irmãos para ganhar mais poder. Apenas um
irmão, Mzila (ou Muzila) conseguiu fugir para o Transvaal, onde
organizou um exército para atacar o seu irmão. A guerra durou até
1864 e, entretanto, a capital do reino mudou-se do vale do rio
Limpopo para Mossurize, a norte do rio Save, na actual província
moçambicana de Manica.

Foi em Mossurize que, em 1884, ascendeu ao trono Nguni,


Gungunhana, filho de Muzila. Gungunhana regressa a Manjacaze
em 1889, aparentemente pressionado pelos exploradores de ouro de
Manica e falta de apoios locais. Em Gaza, Gungunhana prosseguiu
a política de seu pai de assimilação dos reinos locais, os "Tonga" e
de resistência à dominação portuguesa, mas essa resistência não
durou mais de seis anos. Gungunhana foi preso e Gaza finalmente
submetida à administração colonial.

Os Estados Islâmicos da Costa


A partir do século X, os mercadores árabes que demandavam as
costas de "Sofala" foram difundindo o islão entre as populações
costeiras, mas foi apenas após a instalação em Zanzibar dum
xeicado dependente do sultanato de Oman, no século XVII, que
começaram a organizar-se pequenos estados de organização
islâmica.

Na província de Nampula, no norte de Moçambique, formaram-se


o "Xeicado de Quitangonha", "Reino de Sancul", "Xeicado de
Sangage" e "Sultanato de Angoche".

Sumário
O ferro era tão importante que se pensa que as "aspas" de ferro -
em forma de X, com cerca de 30 cm de comprimento, que formam
abundantes achados arqueológicos nesta região - eram utilizadas
como moeda. Mais tarde, aparentemente esta "moeda" foi
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 106

substituída por outra: tubos de penas de aves cheias de ouro em pó


- os meticais cujo nome deu origem à actual moeda de
Moçambique.

Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente


com a chegada dos mercadores, a estrutura política tornou-se mais
complexa, com linhagens dominando outras e finalmente,
formando-se verdadeiros estados na região. Um dos mais
importantes foi o primeiro estado do Zimbabwe.

Exercícios
1.Refira-se dos estados pre-coloniais em Moçambique

2.Quais foram as principais rotas de escravos em Moçambique

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 107

Unidade XX
Economia de Moçambique nos séc
XIX-XX
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre o
Economia de Moçambique nos sécXIX-XX .

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 A Economia colonial em Moçambique (1890 - 1930)


 A Economia colonial em Moçambique (1930 - 1960)
Objectivos
 A Economia colonial em Moçambique (1960 – 1975)

20.1 A Economia colonial em Moçambique (1890 -


1930)

As Companhias Majestáticas
Em 1878, Portugal decide fazer a concessão de grandes parcelas do
território de Moçambique a companhias privadas que passaram a
explorar a colónia, as companhias majestáticas, assim chamadas,
porque tinham direitos quase soberanos sobre essas parcelas de
território e seus habitantes. As principais foram a Companhia do
Niassa e a Companhia de Moçambique.

Como Portugal tinha sido obrigado a ilegalizar o comércio de


escravos em 1842, apesar de fechar os olhos ao comércio
clandestino, e não tinha condições para administrar todo o
território, deu a estas companhias poderes para instituir e cobrar
impostos. Foi nessa altura que foi introduzido o "imposto de
palhota", ou seja, a obrigatoriedade de cada família pagar um
imposto em dinheiro; como a população nativa não estava
habituada às trocas por dinheiro (para além de produzir para a
própria sobrevivência), eram obrigados a trabalhar sob prisão - o
trabalho forçado, chamado em Moçambique "chibalo"; mais tarde,
as famílias nativas foram obrigadas a cultivar produtos de
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 108

rendimento, como algodão ou tabaco, que eram comercializados


por aquelas companhias.

A Administração Colonial Portuguesa

Até finais do século XIX, a presença oficial portuguesa em


Moçambique limitava-se a umas poucas capitanias ao longo da
costa. Portugal, bem estabelecido em Goa, de onde vinham
directamente as ordens relativas a Moçambique, contava que os
comerciantes que se iam estabelecendo no interior do território
formassem o substrato para uma administração efectiva. Naquela
época, o fundamental era o controlo do comércio, primeiro do ouro,
nos séculos XVI e XVII, depois do marfim e dos escravos. No
entanto, a administração colonial náo conseguia sequer cobrar os
impostos relativos a esse comércio.

Entretanto, em 1686, o Vice-Rei português baptizava, em Diu, a


"Companhia dos Mazanes", formada por ricos comerciantes
indianos, à qual eram dados privilégios no comércio entre aquele
território e Moçambique. Ao abrigo desta companhia, começaram a
fixar-se em Moçambique dezenas de comerciantes indianos, suas
famílias e empregados. Apesar das boas relações entre os indianos
e os governantes coloniais, a situação financeira da colónia não
melhorou.

Em 1752, em face da decadência da Ilha de Moçambique, o


governo do Marquês de Pombal decidiu retirar a colónia africana
da dependência do Vice-Rei do Estado da Índia e nomear um
governador-geral, que passou a habitar o Palácio dos Capitães-
Generais, confiscado aos jesuítas.

Só depois da visita do "Emissário Régio", António Enes, em 1895 e


dos acordos com o Transvaal para a edificação da linha férrea,
decidiu o governo colonial mudar a capital da "província" para
Lourenço Marques e, com a debandada das companhias
majestáticas, organizar uma administração efectiva de
Moçambique. Essa administração, que foi encetada no então
distrito de Lourenço Marques (que incluía as actuais províncias de
Maputo e Gaza), tinha a forma de "circunscrições indígenas", cujos
administradores tinham igualmente as funções de juízes. Eram
coadjuvados pelos régulos, nas "regedorias" em que as
circunscrições se dividiam, que eram membros da aristrocracia
africana (portanto, aceites pelas populações) que aceitavam
colaborar com o governo colonial; as suas principais funções eram
cobrar o "imposto de palhota" e organizar a mão-de-obra para as
minas do Rand e para as necessidades da administração.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 109

Com a abolição da escravatura por decreto régio, em 1875, e o seu


declínio real, uns dez anos depois, o governo colonial viu-se
obrigado a transformar Moçambique de uma colónia para extracção
de recursos naturais, num território que devia produzir bens para
seu consumo e para exportação para a "metrópole". Essa foi a
motivação principal para o estabelecimento duma administração
efectiva, embora também pesassem as pressões internacionais
decorrentes da Conferência de Berlim e das pretensões territoriais
dos britânicos e holandeses.

A Ocupação Militar de Nampula


Os estados islâmicos da costa (Xeicado de Quitangonha, Reino de
Sancul, Xeicado de Sangage e Sultanato de Angoche), em aliança
com os pequenos reinos macuas do interior conseguiram, até ao fim
do século XIX, resistir à dominação portuguesa. Com uma técnica
que, já naquela época, era considerada de guerrilha (Teixeira
Botelho. 1936. História Militar e Política dos Portugueses em
Moçambique. 1º vol. Centro Tipográfico Colonial, Lisboa, citado
em UEM, 1982).

Depois de muitas tentativas, em 1905, os portugueses encetaram


uma nova tática, enviando grandes colunas militares a partir da Ilha
de Moçambique e Mossuril, que avançavam ao longo dos rios,
submetendo os chefes macuas. Nos locais onde conseguiam a
colaboração destes, organizaram "Circunscrições" com uma
administração incipiente, mas efectiva; onde não o conseguissem,
instalavam "Capitanias-Mores" de base militar. Dessa forma,
conseguiram dividir o território e as suas populações, incentivando
as rivalidades entre si e com os estados islâmicos, que acabaram
por entrar em declínio e foram finalmente subjugados à
administração colonial.

Companhia do Niassa e a ocupação de Cabo Delgado e Niassa


A Companhia do Niassa foi formada por alvará régio de 1890, com
poderes para administrar as actuais províncias de Cabo Delgado e
Niassa, desde o rio Rovuma ao rio Lúrio e do Oceano Índico ao
Lago Niassa, numa extensão de mais de 160 mil km². Com o apoio
dum pequeno exército fornecido pela administração colonial,
formado por 300 "soldados regulares" (leia-se portugueses) e 2800
"sipaios" (indígenas recrutados noutras regiões de Moçambique), a
Companhia tentou ocupar militarmente o território a partir de 1899.
Teve imediato êxito na conquista das terras do Chefe Mataca (ver
Os Estados Ajaua, acima), que tinha abandonado a sua sede, e
assegurar uma posição militar em Metarica, no Niassa. Em 1900 e
1902, tomou Messumba e Metangula, nas margens do Lago Niassa.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 110

Durante a Primeira Guerra Mundial, o território da Companhia foi


palco de várias operações de resistência por parte dos chefes locais
e invadido pelos alemães (ver Triângulo de Quionga). Para resistir
a essa invasão, foi aberta uma estrada de mais de 300 km, entre
Mocímboa do Rovuma e Porto Amélia (actual Pemba), o que
significou a ocupação efectiva do planalto de Mueda; no entanto,
só em 1920 a Companhia conseguiu assegurar essa ocupação,
depois de várias operações militares contra os macondes,
fortemente armados. Como se verá mais tarde, esta tribo foi um dos
primeiros e principais suportes da Luta Armada de Libertação
Nacional.

Em 1929 extingue-se a Companhia do Niassa, passando o território


para a administração directa do governo colonial. No entanto, as
estruturas administrativas, na forma de circunscrições e regulados,
asseguradas por agentes do Estado, já tinham sido implantadas em
grande parte do território.

Política colonial entre 1900 e 1930


Com a derrota militar dos chefes locais, o governo da Província
pode finalmente organizar a administração do território, com a
instituição do Regulado. O governo recrutava membros da
aristocracia indígena como Régulos, encarregados da colecta do
imposto-de-palhota, do recrutamento de trabalhadores para a
administração e da proibição da venda de quaisquer bebidas
alcoólicas que não fossem provenientes da Metrópole.

Para além disso e, na impossibilidade de impedir a migração de


trabalhadores para as minas sul-africanas, firmou um acordo,
primeiro com a República Sul-Africana e, quando esta foi
submetida pelos britânicos, com a respectiva autoridade,
regulamentando o trabalho migratório e assegurando o tráfico
através do porto de Lourenço Marques. No primeiro acordo, o
governo da Província recebia uma taxa por cada trabalhador
recrutado; mais tarde, o acordo incluía a retenção de metade do
salário dos mineiros, que era pago à colónia em ouro, sendo o
montante respectivo entregue aos mineiros no seu regresso, em
moeda local.

20.2 A Economia colonial em Moçambique (1930 -


1960)

Com a "eleição" de Óscar Carmona, em 1928, que chamou Salazar para


seu ministro das finanças, a administração das colónias como fonte de
matérias primas para a indústria da "metrópole" tornou-se mais eficiente.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 111

Em 1930 foi publicado o Acto Colonial, legislação que organizava o


papel do Estado nas colónias portuguesas:
 a nomeação de administradores para as circunscrições
"indígenas", que passaram a organizar os seus pequenos exércitos
de sipaios;
 os recenseamentos que determinavam a cobrança de impostos e a
"venda" de mão-de-obra para as minas sul-africanas;
 a criação de "Tribunais Privativos dos Indígenas";
 a definição da Igreja Católica como principal força "civilizadora"
dos indígenas, passando a ser a principal forma de educação.

Depois, com a nova constituição portuguesa em 1933, Salazar e os


seus braços nas colónias transportaram para África (e Índia) a
repressão mais brutal sobre os indígenas, ao mesmo tempo em que
incentivavam os seus cidadãos mais pobres a emigrarem para essas
terras.

Na década de 1950, o governo colonial lançou os Planos de


Fomento para as colónias, incluindo o financiamento à construção
de infraestruturas (principalmente as que estavam relacionadas com
o comércio regional, como os portos e caminhos de ferro) e à
fixação de colonos. O I Plano de Fomento, relativo aos anos 1953-
1958, previa um investimento em Moçambique de 1.848.500
contos, com 63% destinados às infraestruturas e 34% ao
"aproveitamento de recursos e povoamento". Ao abrigo deste
investimento, em 1960 já tinham sido instaladas no colonato do
Limpopo 1400 famílias.

Apenas na década de 1960 se deu início a alguma industrialização.

20.3 A Economia colonial em Moçambique (1960 -


1975)

Para além das várias acções de resistência ao domínio colonial, a


última das quais culminou com a prisão e deportação do imperador
Gungunhana, a fase final da luta de libertação de Moçambique
começou com a independência das colónias francesas e inglesas de
África. Em 1959-1960, formaram-se três movimentos formais de
resistência à dominação portuguesa de Moçambique:

 UDENAMO - União Democrática Nacional de Moçambique;


 MANU - Mozambique African National Union (à maneira da
KANU do Quénia); e
 UNAMI - União Nacional Africana para Moçambique
Independente.
HO171 - HISTÓRIA ECONÓMICA II Da Revolução Industrial à Partilha de África 112

Estes três movimentos tinham sede em países diferentes e uma base


social e étnica também diferentes mas, em 1962, sob os auspícios
de Julius Nyerere, primeiro presidente da Tanzânia, estes
movimentos uniram-se para darem origem à FRELIMO - Frente de
Libertação de Moçambique - oficialmente fundada em 25 de Junho
de 1962.

O primeiro presidente da FRELIMO foi o Dr. Eduardo Chivambo


Mondlane, um antropólogo que trabalhava na ONU e que já tinha
tido contactos com um governante português, Adriano Moreira.
Nesta altura, ainda se pensava que seria possível conseguir a
independência das colónias portuguesas sem recorrer à luta armada.

No entanto, os contactos diplomáticos estabelecidos não resultaram


e a FRELIMO decidiu entrar pela via da guerra de guerrilha para
tentar forçar o governo português a aceitar a independência das
suas colónias. A Luta Armada de Libertação Nacional foi lançada
oficialmente em 25 de Setembro de 1964, com um ataque ao posto
administrativo de Chai no então distrito e, mais tarde, província de
Cabo Delgado.

A guerra de libertação, uma luta de guerrilha, expandiu-se para as


províncias de Niassa e Tete e durou cerca de 10 anos. Durante esse
período, foram organizadas várias áreas onde a administração
colonial já não tinha controlo - as Zonas Libertadas - e onde a
FRELIMO instituiu um sistema de governo baseado na sua
necessidade em ter bases seguras, abastecimento em víveres e vias
de comunicação com as suas bases recuadas na Tanzânia e com as
frentes de combate.

Finalmente, a guerra terminou com os Acordos de Lusaka,


assinados a 7 de Setembro de 1974 entre o governo português e a
FRELIMO, na sequência da Revolução dos Cravos. Ao abrigo
desse acordo, foi formado um Governo de Transição, chefiado por
Joaquim Chissano, que incluía ministros nomeados pelo governo
português e outros nomeados pela FRELIMO. A soberania
portuguesa era representada por um Alto Comissário, Vítor Crespo.

Sumário
Em 1878, Portugal decide fazer a concessão de grandes parcelas do
território de Moçambique a companhias privadas que passaram a
explorar a colónia, as companhias majestáticas, assim chamadas,
porque tinham direitos quase soberanos sobre essas parcelas de
território e seus habitantes. As principais foram a Companhia do
Niassa e a Companhia de Moçambique.
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Exercícios
1.Refira-se da economia de Moçambique nos trez principais periodos
colonial
2. Relacione a administracão colonial portuguesa e o desenvolvimento
de Mocambique

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


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VINDT, Gèrard. 500 anos de capitalismo: a mundialização de Vasco da


Gama a Bill Gates. Lisboa.
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♦ Os dados estão incompletos, pois a obra temo-la parcialmente (cópias)

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