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Ensaio - Lara Bezerra Da Silva
Ensaio - Lara Bezerra Da Silva
Turma: 5° período
Introdução
A geografia possui uma relação direta como o nosso cotidiano, e, portanto acaba
oportunizando a compreensão do espaço e a influencia do ser humano sobre ele. Essa mesma
geografia passou por diversas mudanças ao longo da história, para que enfim chegasse a ter o
status atual.
Dentro dessa conjuntura, a geografia escolar nasce no inicio do século XIX, e hoje tem
a perspectiva de cumprir um importante papel na formação do indivíduo, levando em
consideração as concepções de mundo, e o entendimento dos processos de transformação e
interação que acontecem através da dinâmica da relação do ser humano com a natureza. Com
isso, a formação proporcionada pela geografia escolar vai se preocupar em criar seres
humanos mais críticos, conscientes e engajados no saber geográfico, bem como trazer esse ser
já formado a contribuir e a transformar a realidade local/global da sociedade sob essa
perspectiva geográfica.
Deste modo, o ensaio tem a intenção de apresentar percepções a respeito da
importância da geografia escolar na formação humana, através de concepções teóricas de
artigos e livros que abrangem a temática. Logo este ensaio está fragmentado em três tópicos, o
primeiro apresenta a ideia da educação e a sua relação na formação humana, enquanto o
segundo apresenta aspectos gerais da geografia, e por fim, o terceiro retrata a perspectiva da
geografia escolar diretamente ligada à formação humana.
O ser humano apresenta uma série de características únicas, que são responsáveis por
lhe transformar em um ser singular, ou seja, com suas particularidades, isso se da em função
dos seus sentimentos, emoções, racionalidades, habilidades, e concepções que agem como
formador do seu caráter, o que consequentemente irá refletir em seu comportamento. Dentro
desse espaço de singularidades existem diversas atividades que vão influenciar e consolidar o
a sua personalidade, e é a partir dai que entra a educação. A educação é considerada uma
ferramenta dependente do próprio ser humano, e que tem atuação em todo espaço. Segundo
(BRANDÃO, 1993, p. 7) “Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na
escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para
aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para
conviver [...]”, ou seja, a educação está presente nas diferentes esferas relacionais do qual o
ser humano participa, no seu próprio cotidiano. Desta forma, a vida de modo geral e a
educação possuem um vinculo.
Partindo desse pressuposto é possível afirmar que há diversos referenciais teóricos que
buscam compreender e explicar o que de fato é a educação. Para Charlot (2005), a formação
humana é gerada a partir do momento que o sujeito nasce e é inserido em um contexto
determinado pela humanidade, ou seja, a partir da incorporação das práticas sociais de uma
comunidade humana. Desta forma a educação faz parte do processo pelo qual o filhote (filho
gerado por humanos, o bebê), passa a ser humanizado, pois será inserido a comunidade
humana a partir da relação com outros sujeitos, do qual passará pelo processo de apreensão do
patrimônio humano, onde a educação será transmissora do legado cultural que foi construído
ao longo de séculos. Segundo Durkheim “É a educação um responsável por transmitir o
legado cultural construído ao longo dos séculos e inserir como novas gerações no bojo da vida
coletiva.” (VARES, 2001, p. 31). Desta forma a educação passa a ser vista como um elemento
mediador responsável por “preparar” as gerações mais novas para a vida social, transmitindo
por meio das gerações já preparadas o legado cultural que foi construído ao longo de séculos,
logo esse processo é o que permite a continuidade da vida coletiva. Quando consideramos a
educação como um elemento atribuído ao compartilhamento de saberes, informações,
experiências, concepções e crenças, é notório a relação direta que a mesma tem com o
processo de formação humana, e com isso é possível afirmar que não há educação fora das
sociedades humanas.
A educação pode ser explicada a partir de diferentes concepções e vale mencionar que
algumas dessas concepções se assemelham ou se complementam com outras. Portanto o
processo educativo não está somente ligado a essa formação externa, “educar compreende
acionar os meios intelectuais de cada educando para que ele seja capaz de assumir o pleno uso
de suas potencialidades físicas, intelectuais e morais para conduzir a continuidade de sua
própria formação.” (RODRIGUES, 2001, p. 241). Desta forma, a educação permite que cada
indivíduo possa criar capacidade para conduzir o seu próprio processo formativo.
Para Freire a educação é tratada como “processo de conhecimento, formação política,
manifestação ética, procura da boniteza, capacitação científica e técnica, [...].” (FREIRE,
2002, p. 10), a educação é apresentada como uma prática indispensável, e um processo de
constante criação do conhecimento, e de certa forma esse processo seria um modo de
intervenção na realidade, ele também destaca o caráter político que essa educação apresenta
como implicações no modelo humano a ser formado, evocando também que essa educação
possui um domínio moral e também faz parte do âmbito estético, mencionando ainda que ela
possibilita a habilitação cientifica e técnica. Com efeito, tal consideração continua fazendo
parte de diversas discussões na atualidade.
A educação vai ser estuda, explicada e trabalhada em dimensões diferentes, mas cabe
aqui, portanto, trazer algumas dessas características e concepções da ideia dessa educação que
está ligada a formação humana, seja de forma direta ou indireta. Desta maneira a educação
não pode está ligada unicamente as instituições responsáveis pelo processo de educação, mas
também não se deve considerar somente com formação humana externa. A educação
compreende a “ação na cognição, no desenvolvimento motor, sensorial, psíquico e social do
indivíduo, sendo também seu próprio processo de humanização.” (ALVES, 2016, p. 2), ou
seja, a educação vai influenciar na formação e transformação do caráter do indivíduo, e o
modo como seu comportamento será direcionado dentro da sociedade. Portanto, a partir do
que foi apresentado é possível construir a ideia da educação como, um elemento formador de
cidadão que possa adentrar na sociedade, por meio da mediação de saberes e costumes que
vão proporcionar e legitimar a concepção dos valores, crenças hábitos, etc, que estão
presentes na sociedade, determinando assim a forma como esse cidadão deve agir e pensar, a
educação é de fato um processo de constante criação de conhecimento.
A geografia
A geografia é uma ciência que está voltada para o estudo do espaço humano e seus
diversos aspectos. Logo é uma ciência da sociedade e da natureza. “Como ciência humana,
pesquisa o espaço produzido pelas sociedades humanas, considerando-o como resultado do
movimento de uma sociedade em suas contradições e nas relações estabelecidas entre os
grupos sociais e a natureza em diversos tempos históricos.” (PONTUSCHKA; PAGANELLI;
CACETE, 2007, p. 37). De fato é uma área de estudo muito ampla, mas seu foco é
compreendido como o estudo sobre o homem e o espaço do qual está inserido, trazendo uma
perspectiva do ser humano em desenvolvimento histórico. Portanto, compreender o espaço
geográfico é um fator extremamente importante, levando em consideração que é a partir dessa
concepção de complexidade e multiplicidade de relações que os diversos agrupamentos
estabelecem entre si e com os diferentes territórios, assim como todos os elementos que fazem
parte deles.
As diferentes discussões no interior da ciência geográfica sempre apresentaram grande
importância, e os conceitos que ela apresenta tem total relevância, pois se trata de
instrumentos fundamentais para que de fato possa ser compreendida a realidade humana.
Esses conceitos são também conhecidos como as categorias de análise da geografia, e são
essenciais para seus estudos. Alguns desses conceitos são mais antigos, enquanto outros são
mais recentes, eles foram surgindo a partir da necessidade da compreensão do mundo de
forma geral dentro da atualidade. Vale ressaltar que cada categoria possui diversas acepções,
logo qualquer das suas definições não são fixas, ela é flexível e pode se desenvolver a partir
de diferentes significados.
Partindo dessa perspectiva é possível destacar aqui algumas definições a respeito dos
principais conceitos que são: espaço geográfico que é considerado o mais abrangente, e que
se estabelece como um gerador dos outros conceitos, os quais se relacionam com ele. Ele se
materializa através das categorias de análise do espaço. “O espaço somente passa a existir
quando se verifica interação entre o homem e o meio em que vive, do qual retira o que lhe é
necessário para a sobrevivência, promovendo alterações de suas características originais.”
(LISBOA, 2020, p. 27). A paisagem “[...] está relacionado a tudo que os sentidos humanos
podem perceber e apreender da realidade de determinado espaço geográfico ou parte dele,
está diretamente relacionado à sensibilidade humana.” (LISBOA, 2020, p. 27). Logo a
paisagem não é somente a realidade que pode ser compreendida visualmente, a identificação
da paisagem pode ser descrita a partir dos outros sentidos, como por exemplo, em situações
que os sons e odores introduzem informações. O termo território “pode ser considerado
como delimitado, construído e desconstruído por relações de poder que envolvem uma gama
muito grande de atores que territorializam suas ações com o passar do tempo.” (SAQUET;
SILVA, 2008, p. 31). Ou seja, o território é formado a partir da relação de poder de um
determinado agente, sob essa perspectiva completo ainda que a concepção de território é tudo
aquilo que está em disputa, não necessariamente materializável através das fronteiras bem
delimitadas. O conceito de região geográfica passou por um longo processo de discussões e
alterações durante as mudanças na própria geografia, mas trago aqui uma definição que pode
ser considerada, segundo Lisboa (2020, p. 29), “As regiões são entendidas como o suporte e a
condição das relações globais, sem o qual estas não se realizam.” Desta forma, a região está
ligada a um tipo de unidade espacial, ou até mesmo parte dela. Sendo Costa e Rocha (2010)
Lugar “[...] é aquele em que o indivíduo se encontra ambientado, no qual está integrado. O
lugar não é toda e qualquer localidade, mas aquela que tem significância afetiva para uma
pessoa ou grupo de pessoas.” (COSTA E ROCHA, 2010, p.37), logo a sua definição está
ligada a uma valorização das relações que geram afetividade no ambiente que o individuo está
inserido. Por fim trago aqui, o conceito de redes geográficas, uma categoria que tem ganhado
grande relevância na atualidade, onde pode ser definida como “o conjunto de localizações
humanas articuladas entre si por meio de vias e fluxos.” (CORRÊA, p. 200), ou seja, essas
redes são meios através do qual se desenvolvem e se materializam os fluxos a partir de
diversos elementos do espaço.
Partindo dessa concepção estrutural e geral da geografia, passo agora para a concepção
da geografia como disciplina escolar, da qual oferece suas contribuições tanto para os alunos,
quanto para os professores, no sentido de enriquecer as representações sociais e o
conhecimento das múltiplas dimensões da realidade social, seja essa, natural ou histórica, a
disciplina escolar vai se preocupar em influenciar um melhor entendimento acerca do mundo
em seu constante processo de transformação, dando uma ênfase ao momento atua do qual nos
encontramos. Mas esse é um tema que será trabalhado no próximo tópico.
O primeiro é o de que essa reflexão permite esclarecer que a geografia escolar tem
um estatuto próprio e não necessariamente está subordinada ao que se prescreve para
ela na Academia, e o segundo é o de que a geografia escolar não é uma
simplificação da ciência, no sentido de se ter como parâmetro a referência direta dos
conhecimentos científicos para o cotidiano dos alunos. (CAVALCANTI, 2008, p.
27).
Considerações finais
Referências