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SPaEGoOOGYVeWVoEdVoeeyuy PYOVAIOSESEOSITESOEF OVE EIUOUVEUY Cadernos da Escola de Direito e Relagdes Internacionais da UniBrasit Jan/Dez 2005, A Pessoa Humana dos Direitos Humanos* Winfried Brugger" Resumo; Ha vantagens ¢ desvantagens em falar da pessoa humana dos direitos humauos. © recurso da pessoa humana promete uma visio globel, resumida dos direitos humsnos, A desvantagem da reflexdo sobre # concepgo da pessoa nos direitos humanos consiste, sobretuda, no perigo natural, evidente, de uma instrumentalizagan ideolégies cke uma das culturas consideradas. A sugestio do texto é determiner & pessoa humans dos direitos humanos como condugia de vida auténcaa, com significado ¢ responsivel. Essa férmula tem cinco elementos: Autonomia, Significagao, Responsabilidade, Vida e Condupao de vida, Abstract; There are advantages and disadvantages in speaking about the human being of the hhuman rights. The resource of the fuman being promises a global view, summarized of the human fights. The disadvantage of the reflection about the concept of the person in the human rights consists, above all, of the danger, clearly visible, ef an ideological insirumentalization of one of the considered cultures. The suggestion of the text is to determine the human being of the humaa rights as an autonomous life conducting, responsible and with 2 significance. That formula is composed of five elements: Autonomy, Significance, Responsibility, Life and Life conducting. Palavras-chaves: Direita Constitecional — Direitos [umanos. Key Words: Constitutional Law — Human Rights. 1 Histéria e Positivizagio dos Direitos Humanos Ha vantagens ¢ desvantagens em falarda pessoa humana das dircitos humanos. Orccurso da pessoa humana promete uma visio global, resumida dos direitos humanos. Frente & diversidade daquilo que é hoje, reconhecido ¢ exigido, no Direito Positivo, ‘como direito humano,' éuma vantagem, pois assim se chega a uma concentragao-abstrata. * Palestra proferids na Jornada Ge Direito Constitucional e Direito Internacional — Estado Constitueional Cooperativo, realizads pelo NUPECONST ~ Nicleo de Pesquisa em Diceito Constitucional da UniBrasil, nos dias 21, 22 © 23 de Setembro de 2005 © coordenada pelos Profs. Dr, Marcos Augusto Maliska e Dr. Eduardo Biacchi Gomes. Texta traduzidlo do alemto para 0 Portugués pela Profa, Msc. Elisete Antoniuk e revisado pelo Prof. De. Marces Augusto Malisks. " Professor Catedritico de Direito Pablico, Teoria Geral do Estado ¢ Filosofia do Dircito da Rupreciu-Karls-Universitét, de Heidelberg, Alemanba. ‘Ver a exposiggo suméria em Bruno Simma/Utrich Fastencath (Org.), Menschenrecite, Ihe iniernationaler Schulz, 3 ed. 1992, Nos seus pormenores diferenciam os textos 1é eitados quanto a vinculagSo juridica: eles passam desde as declaragdes das institulges supranacionais at os vinculsntes direitos dos tratados internacionais © o direite comunitirlo. Akim desse, Karl J, Parisch, “Vor- und Nachieile einer Regionalisicrung des internationalen Menschenrechts-sehutzes", in: Europstsche Grandrechie Zeltschrifi, 1989, pp. | v seg. 255 A PESSOA HUMANA DOS DIREITOS HUMANOS do universal ao paiticular, do’ geral 40 especifico. Uma outra vantagem é que, através da reflexfio sobre a conceppiio da pessoa personificada nos direitos humanos, objetiva-se uma forma de humanizagiio e personificagao da reflexto, que confere 4 andlise dos direitos humanos uma base de acessibilidade emocional, na forma de um “Gestalt” (figura) com fei¢Ges humanas, na qual toda pessoa pode-se reconhecer. \A desvantagem da reflexio sobre a concepdo da pessoa nos direitos humanos consiste, sobretudo, no perigo natural, evidente, de uma instrumentalizagio ideolégica de uma das culturas consideradas. Cada cultura é caracterizada por ‘imagens’ em vista a pessoas como tal, ou, também, como pessoas em paptis especiais que sdo, mais que uma foto ou representagées grificas de pessoas vivas; clas S80 modelos daquilo que tal cultura considera como objetivo valido de ser almejado no desenvolvimento da personalidade.? Colocando-se uma dessas idéias diretrizes tipicas da cultura, no ‘didlogo mundial, de forma absoluta e defendendo-a sem reservas frente ja outras imagens concorrentes da pessoa ¢ do mundo, nao se chegara a nenhutn consenso. Permanece-se, entdo —s¢ tudo correr bem —em uma paz negativa de mera delimitago: Em tais concorréneias ideoldgicas, se o desenvolvimento dos fatos sair do eixo, pode-se ter, também agressdes bélicas, Assim, ndo se chega a uma paz positiva no sentido da aproximagdo paulatina dos Estados ¢ povos, pelo menos com relagio ao crescente entendimento recipraco? A tinica saida para perceber as vantagens da reflexdio sobre a concepgao da pessoa nos direitos humanos ¢, simultancamente, evitar as desvantagens esté na consideracao, de um lado, dos importantes estagios de desenvolvimento dos direitos humanos e, de outro, do espectro atual existente em pactos ¢ declaragdes sobre os direitos humanos, A luta de duzentos anos pelos direitos humanos foi, primeiramente, fruto do Muminismo ocidental ¢ das revolugdes civis na Europa ena América. No entanto, .apele as garantias dos direitos humanos se expandiu. tanto’ que, no panorama geral de todas as respectivas declaragdes, nenhuma das culturas cosmopolitas ¢, também; nenhum dos blacos politicos de poder pade requerer para si. o monopd6lio na interpretagao da idéia dos direitos humanas. Se, desta forma, uma determinago da pessoa humana quer ter a perspectiva de adquirir reconhecimento Philip Selznick, “Sociology and Natoral Law", Jn Natural Law Forum 6 (1961), pp. 84 © ss. Ele fala nesse ponte em “master ideats™. Thomas Rentsch. Die Konstitution der Morali-sds, Transzendentafe Anthropologie und prakiische Philosophie, 1990, pp. 106, 113, 176, 184, 192, 243 fala om, “Erflllungsgestalten” (formas:de satisfag&o). > Para essas duas perspectives ver Immanuel Kant. Zum ewigen Frieden, Wer-ke, Preufische Akademieausgabe, Vol. Vill, pp. 341-367: "[A natureza] serve-se de dois meios para impedie a mescla, entre os poves e os separar: as diferengas de Linguas ¢ religides, que, se pode levar a0 édio reclproce ser pretexto para a guerra, pode também conduzir 4 cultura arraigedae 4 gradual sproximasiio das pessoas para um grande apoio avs Principios de convivéncia em paz, que Alo ¢...) #40 produzidos e garuatidos por meio do enfraquecimente de todas as forgas, mes através do zelo intenso em igual medida para todos.” 256 CCGCOooG 3 3 POO rC OGoo0c IC Oa0 o ooc FED CH oOooc Cy oO POWOOWYUBOYUEOOYoOWW VYOUEEOYOUOYUOEUY PVUUVEYY ‘WINFRIED BRUGGER universal, entdo, j4 de inicio ela nfio pode ser expresso somente de uma das cosmovisdes concorrentes; ela deve considerar tanto a historia dos direitos humanos coma, também, a sua situagao atual de positi A histéria do desenvolvimento da idéia dos direitos humanos pode ser dividida em trés estagios: os direitos de primeira, de segunda o de terceira gerago+ Os direitos de primeira geragio foram, sobretudo, exigidos nos catdlogos franceses dos direitos humanos do fim do século XVIII. Eles se concentram na garantia de direitos negativos de defesa (reacional) contra o Estado ¢ de direitos democraticos de cooperagdo ¢ colaborag%o no Estado. Georg Jellinek conferiu a esses direitos, acertadamente, o sfefws negativus ¢ © status activus* Insere-se nos direitos de defesa as garantias judiciais ¢ a protegao da vida, liberdade © propriedade. So direitos democraticos de cooperagio, sobretudo, os direitos politicos eleitorais, a liberdade de associagao ¢ reuniio, No século XIX ecorreu um deslocamento do ponto principal das prerrogativas dos direitos humanos. Ensejados, sobretudo, pelos problemas da Revolucao Industeiai, analisada ¢ combatida por socialistas ¢ comunistas, os direitos humanos da segunda geragao assumiram a posigao central na discussdo politica. Entre eles esto os direitos sociais € econdmicos para satisfagdo das necessidades basicas mat frente ao ameagante emprobrecimento de grande parte da populacao trabalhadora. Dentro desse movimento distinguem-se dois grupos: A tendéneia revoluciondria é representada, sobretudo, pelo mar.xismo-leninismo e almeja aleangar uma disseluedo do eapitalismo através do comunismo. A tendéncia reformista, representada na Alemanha pelos autores Lorenz von Stein ¢ Hermann Heller, propugna por um capitalismo com feigao humana, uma economia social de mercado, Essa cancepeaio assumiu a dianteira (ofensiva) em muitas partes do mundo, Aqui, 0 status positivus se coloca no centro.® No século XX ocorrem dois outros deslocamentos na discussao dos direitos humanos, Por um lado, chege-se, na seqiiéneia a segunda puerra mundial, a uma universalizagdo do pensamento dos direitos humanos, Isso fica manisfesto na Declaragéo Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, nao somente sircunscrita a Europa ¢ aos Estados Unidos, mas incorporadora do “ideal comum a ser * Ver também Gerhard Oestreich. Geschicite der Menschenrechte uid Grund.jrei-heiten, 2° ed, 1978; Hasso Hofmann, “Zur Herkunft der Menschenrechtserklirin-gen”, dn Juristische Schulung 1988, pp. S41 ¢ ss.; em especial para a terminalogia acims empregada EIBE RIEDEL, "Menschencechte des deitten Dimension”. fn Europiische Grundrech-te Zeitschrift. 1989, pp. 9 ¢ ss. Riedel observa o Perigo de um entendimento equivocaco na utilizaglo uu conceilo gerag¥o; a serceira geragio nic & melhor ou superior as duas gerapes snteriores; els, para usar uma exprossfa de Hegel, nfo suprime (Autheben) as outras dias. Trata-se, muito mais, de uma anilise aa perspectiva historica, um tipo ideal de compreensii. Por isso, ele prefere © eonceito “dimensiio” so invés de “geragdo”. » Ver Goarg Jeltinok:. Das Sysiem cler subjeksiven éifenttichen Rechte, 1892, 2 ed., 1905, Cap. VIX § No sentido da terminologia de Goorg Jellinek, citada na nota de rodaps n° 7, 257 A PESSOA HUMANA DOS DIREITOS HUMANOS aleangado por todos o8 povos e nagdes"-7 Com isso, os direitos humanos atingiram, ter ntemente, o status universalis. Por outro lado, nas wltimas décadas, tem se exigido uma extensdo dos direitos humanos a outros fmbitos. Enquanto que até agora somente individuos eram vistos como sujcites dos direitos humanos, especialmente os Estados do Terceiro Mundo exigem que os direitos humanos também sejam conferidos a grupos étnicos'e aos proprios Estados, a favor de seus membros por cles representadgs, Fazem parte desses direitos de terceira geragio, sobretudo, os direitos reclamados por Estados pobres, como de desenvolvimento, 4 paz e 4 proteg’io do meio-ambiente, bem como 0 direito de participagio no “patrimanio universal da humanidade”, no que se refere as riquezas do findo do mar, mas, também, aos demais patriménios cultural e natural do mundo e 0 uso do espago sideral (universo). Voltando a.anilise para o desenvolvimento histérico confronta-se; na pasigfio atual da positivizagZo dos direitos humanos, com uma plenitude de declaragSes ¢ pactos:! Os textos referidos tém, em parte, cardter regional, em parte, cardter universal? Materialmiente cles s¢ referem a (1) regras gerais, (2) direito de auto-determinago eo pensamento do desenvolvimento, (3) proibigao de genocidia, crimes de guerra e-crimes contra ‘a humanidade, (4) ibicdes de discriminagio, (5) preibigdo da escravidao, trabalho forcado ¢ comércio de pessoas, (6) refugiados, asilo, expatriago, pluralidade de nacionalidades e estrangeiros, (7) tratamenta do individuo, especialmente de presos ¢ reclusos pela administragio ¢ érgios judiciais, (8) setor social, (9) trabalho, inclusive liberdade de associaggo e livee trénsito, (10) casamento ¢ familia, direitos do menor, (11) liberdade de imprensa ¢ informagao, (12) protegdio de dados, (13) direito de recusa a0 serviga militar ¢ (14) direito de guerra.'” 2 Dos Interesses Fundamentais da Pessoa Humana dos Direitos Humanos ‘Tendo em vista esse amplo ambito de direitos, tem-se a dificuldade de uma clara concepgao dos direitos humanos em si. A dificuldade desse empreendimento nao deve ser contida pela tentativa de uma visto global, pois nela repousa a tarefa especifica da Filosofia do Direito, ¢ os politicos ¢ juristas que querem esquivar-se do pensamento de manipulacao ¢ instrumentalizacao total dos direitos humanos, podem aproveitar-se dessa realizacito. Onde e como se deve aplicar a reflexio? 7 Preimbulo, Impresso como n* 2 da coletiines citada na nota de rodapé n® "Como assinalade acima, na nota de redapé n° 3, a vinoulagdo juridica des instrumentos citsdos varia consideravelmente. Assim, nfo hd come aqui se aprofundar nessa questo. 9 Os direitos fandamentais das Constituigdes nacionais também so, noturalmente, objeto de definigio da protesdo dos direitos humanos. ” Assim, a classificagdo dos textos em Simma/Fastenrath (nota de rodapé a® 3). 258 100 \OOOCOOG oc } c 1OGAC 108 c Go oC © oo00 i Gooo0o0c 6 2006 PAID YIIW PII VOIIdYVOIYIUYOUYEYUY OUI O eo WINFRIEDBRUGGER Na filosofia hd muitas sugestdes. Somente algumas podem ser aqui citadas, Um primeiro principio, 0 dircito natural negativo, parte da idéia da estruturs antropalégica de necessidade e interesses da homem, que toda ordem juridice deve respeitar, em geral, se ela quer se manter no tempo,'' Uma outra concepsao, que parte do contetido minimo do direito natural, determina dados fandamentais da existéncia humana ¢ da existéncia com ¢ préximo, Nisso se incluem o altruismo limitado, a forga de vontade limitada, os meios limitados ¢ o entendimente limitado.' Uma outra visio analisa bens fundamentais naturais e soci em cuja existéncia e disponibilidade todo individuo tem interesse, mesmo que os planos de vida sejam diferentes.” Trata-se de aperfeigoamentos da doutrina classica natural ¢ da razdo que, da mesma forma, ja chamaram atengao, de forma e acento variado, & vida, & liberdade € & propriedade como interesses fundamentais.'* Essas determinagdes de inieresses fundamentais da humanidade podem ser relacionadas com os direitos humanos citados. Dever-se-ia determinar, mais precisamente, quais das teori citadas apresentam e justificam de forma mais empla e mais convincente o material a ser tematizado sobre os direitos humanos. Aqui deve ser sugerido um caminho um pouco diferente, que nao negue a legitimagéo das teorias citadas para a determinagio de interesses fundamentais, mas que, Ho entanto, as coloque numa formula da pessoa humana ¢, com issa, as humanize, O processo para determinagéo dessa pessor humana dos direitos humanos apéia-se na jurisprudéncia do Tribunal Constitucional Federal que, muitas vezes, ancorado na Lei Fundamental alema, falou da pessoa humana constante desta para justificar, mais uma vez de forma aproximada, uma ponderagio concreta de direito fundamental entre Estado € cidadao ou cidadfos. A tarefa especifica de ponderagao, para o Tribunal Constitucional Federal, consiste na dissolugéio da tens&e entre o cidaddo que recorre a um direito fundamental ¢ 0 Estado que intervém nesse dircito fundamental, © Estado pode intervir ne direito fundamental, no entanto ele deve respeito 4 restrigdo inerente a esse direito fundamental. Do contréric, a agdo estatal ¢ inconstitucional por violagao do direito fundamental e pode ser reparada pelos Tribunais. No caso de conflito entre dois cidadaos que se reportam a uma violagdo de direita fundamental, a Mer ErnstJoachim Lampe, Greuseti des Rechispavitivismus. Eine onthropologivche Unrersuelueng. 1988, pp. 42 « ss. " Mer HLA. Hart. Der Begriff des Rechis. 1973, pp. 266° ss, Essa argumentayo ew utilize’ para demonstrar que o dirvito ilimital de asile, como havia na Alemanha até 1993, nfo se justificava. ‘Ver Winfried Brugger, “Far Schutz dex Flchtlinge - gegen das Grundreeht auf Asyll", In Aurisienzediumg 1993, pp, 119 e ss. ” Ver Join Rawls. Zine Theurie cler Gerecluigheit deuusche Taschenbuctacargabe. 1979, pp. 83, 111 © 5s, “ Aproximadomente Heiner Biclefeldi, Newzettfiches Freiteiisrecht und politische Gerechlighett. Perspektiven der Gesellschaftsveriragathearien. 1990, 259: A PESSOA HUMANA DOS DIREITOS HUMANOS: colisio de direito fundamental deve ser resolvida através de uma doterminagio adequada e da delimitagao dos dircitos fundamentais correspondentes, Se o Tribunal Constitucional Federal recorre, em tais casos, também 4 pessoa humana da Lei Fundamental, quer com isso ilustrar e personalizar toda a iddia ¢ esclarecer a0 interessado: “Para pessoas desse tipo hé a possibilidade de entender e aceitar essa pondera¢io.’ Para isso, 0 tribunal caloca em vista tade o Ambito de protegio dos direitos fundamentais bem como as reservas restritivas e formula essa imagem da pessoa correspondente a uma idéia geral. Tal formulagio é representativa: pessoa humana da.lei fundamental nfo se refere a um individuo isolado; ao contrario, a Lei Fundamental resolveu a tensio individua-sociedade, no sentido da relagiio © vinculagio da pessoa com a comumidade, sem, com isso, violar seu valor proprio." Esse método de reflexfio também ¢ frutifero para a andlise da pessoa humana dos direitos humanos, Ele tem a vantagem de colocar em foco a totalidade dos direitos humanos. Ele também pode tematizar as tensSes entre prerrogativas de direitos humanos concorrentes ¢ a necessidade de, as vezes, interferir em dircitos individuais em prol de interesses sociais dominantes,'* Além disso, esse método se aproxima da forma de trabalho do jurista que trata dos dircitos humanos e depende deuma explicagio filoséfica da proposta fundamental dos direitos humanos., A tarefa da reflexao ¢, também aqui, em vista a todos os dmbitos de protegdo ¢ todos os limites dos direitos humanos, desenvolver uma férmula que, por um lado, envolva todas as posigdes juridicas c, por outro, soja tio breve ¢ precisa que seja reconhecivel ¢ utilizavel nfo somente como formulagao de agregagdo mas como formula filoséfica. Mas ela ndo deve ser tao breve pois, querendo-se resumir todos os direitos humanos a uma tmica posi¢ao tal como. “liberdade”, se atingiria um grau de abstragéio no qual nfio mais estariam ainda disponiveis argumentos contra uma instrumentalizag&o ideoldgica: Aqui se colocaria, entio; compreensiio liberal de liberdade contra compreensio socialista de liberdade, ou individualismo ocidental contra idéias asiaticas ou africanas de desenvolvimento da personalidade, ligadas 4 tradicto. " Coletinea oficial de decistes do Buncesverfassmagsgericht (BVeriGE) Vol. 4, p. 7, pp. 15 © ss. Jurisprudéncia consolidada, ver BVerfGE 63, °, '= e, de modo pormenorizado, também Peter Haberle, Das. Menschenbild im Verfasstingsstact, 1988. ™ A maioria dos dircitos. humancs positivados contém possibilidades de limitagio. 260 oc C 4 OC 10000CG0 ¢ OOO INNGE YOOOOHnROOVCOS 3 IOOGCOORC Jy PEI WYUYOIIOYWIOIVOUYUSEY OY UUOEV YUH Os WINFRIED BRUGGER 3A Pessoa Humana dos Direitos Humanos. Minha sugestao ¢ determinar a pessoa humana dos direitos humanos come condugiio de vida auténoma, com significado ¢ responsdvel.!’ Essa formula tem cinco elementos que serdio explicados a seguir. Ao final, explicarci sua relagao e sua fungao na dicotomia entre pretrogativa universal e interpretagiio cultural especifiea dos direitos humanos. 1. Autonomia: Com isso se caracteriza a possibilidade da pessoa de se eolocar objetivos, desenvolver um plano de vide individual, segni-lo ¢ defendé-lo. Esse plano de vida também serd, até certo prau, expresso da natureza emptrica do homem, portanto, tendo em consideragZo necessidades fundamentais." Imperatives funcionais como instinto de sobrevivéncia, porém, nfo silo suficientes para tematizar a autonomia da pessoa. Nela trata-se, também, da forma especifica, na qual a pessoa se posiciona com relagiio a impulsos e tondéncias inerentes a natureza humana,"” ¢ essa tomada de posigio pede ser positiva, fortalecedora como negativa, delimitadora, Nesse sentido, no &mbito da autenomia, podem ser distinguidos dois grupos de casos: a, Nesse direcionamento da pessoa se evidencia uma liberdade de escolha. Ambitos que se estendem @ liberdade de escolha dizem respeito & escolha da profissio, da religidio, do parceiro e escolha de partidos politicos. b, Tais escolhas so também de responsabilidade da pessoa. Isso quer dizer: a pessoa niio pode somente gozar das vantagens de suas decisdes de vida; ela também é responsivel pelo risco do fracasso, A auto-responsabilidade é © outro lado da liberdade de escolha. 2. Signifieagao: Esse elemento lembra o fato antropalégico, fundamental, de que o desenvolvimento individual, assim como grupal, do pevo ou voltado a0 género do homem e de suas comunidades, € sustentado pela cultura considerada, Cultura é a segunda natureza do homem. As pessoas, em razio ” Para ume demonstragio anterior dessa formula ver os meus trabalhos: “Mensehenrechte im mo-dernen Stsat”, In Archiv des Sffentlichen Rechts. 114 (1989), pp. 537, $78 € Begrinduag vou Menschenrechtcn”, Jn Der Stoat 31 (1992), pp. 19, 22 e ss. (para a problematica dos Diceitos Humanos); “Grundrechte und Verfassungsgerichisburkelt in den Ver-cinig-\ vou Amerika", 1987, § 37 INI (para a pessoa humana da Constituigae Atiertcana); lberaler Grundrechistheorie™. Jn Juristenreitung 1987, pp. 633, 637 & ss. (pare a pessoa humana da Lei Fundamental Alema); “Staatszwecke im Verfassungsstaat”. fn Neue Juri-stische Wochenschrift 1989, pp. 2425, 2433 ¢ ss. (para 2 pessoa humana no moderna Estado Constivucional), © Também aqui talvez:o trabalho de Lampe (nota de rodapé n° 13), "Também aqui, de forma pormencrizada, taivez Setznick (nota de rodapé n* 4), pp. 90 e ss. 261 A PESSOA HUMANA DOS DIREITOS HUMANOS, doamplodesligamento de determinagao biolégica, devem criar e construir elas préprias seu mundo; elas proprias devem programar sua vida c o programa — orientagiio para o que é vlido de ser almejado e para o que deve ser evitado— € a cultura tradicional considerada.” Ela contém, mais ou menos, instrugdes. amplas ‘¢ vinculantes para a ‘vida boa’, como também, os pardmetros de distribuig&io justa de vantagens e eneargos. Isso nfo significa que a cultura necessariamente determine o ser individual ¢ seu desenvolvimento, mas que a cultura sempre oferece um horizonte — mais estreito ou mais amplo — de perspectivas de desenvolvimento a que o préprio individuo deve se ajustar em | seu comportamento se quiser se desviar dessas possibilidades preferenciais. 3. Responsabilidade: auto-responsabilidade ja foi tematizada no ponto 1b. A responsabilidade compreende trés outros elementos ndo primeiramente relacionados A propria vida, mas a um sentido racional: a, Reciprocidade: quem sempre recorre a direitos ¢ liberdades deve conferir a outras pessoas, que esto na mesma situagdo, os mesmos direitos ¢ liberdades. Isso pode ser visto como conseqiigncia logica de se reportar a direitos gerais; de toda forma, a dignidade moral de se reportar a direitos humanos se fundamenia na accitagio de prerrogativa e obrigagio reciprocas, Ninguém se coloca, como pessoa, a priori, sobre ou abaixo dos outros, todos tém, fundamentalmente, o mesmo direito de respeito a seus planos de vida. Responsabilidade significa, também, ter que responder por violagdes de tos. Uma sociedade entendida juridicamente deve atentar para que direitos nao sejam somente postulados, mas também observados ¢ que, em caso de violagao, sejam restabelecidos ¢ compensados. Nas ordens juridicas modernas servem aesse abjetivo o direito delitual, atrelado a obrigagbes de indenizagiio quando haja violagdes juridicas ilicitas, ¢ o direito de condigdes, que atrela desvios imotivados (sem justa causa) de patriménios a obrigagdes de devolugao; disso faz parte, naturalmente, também, todo o direito penal. e. Enfim, responsabilidade compreende responsabilidades sociais para os casos.cm que se possa exigir dos membros de uma comunidade juridica, que réspondam pelo risco de fracasso de planos de vida de individuos isolados, mas no somente desses, ¢ sim, de toda a comunidade, Nisso se inserem, também, medidas de prevengdo para nfo deixar que 0 “valor da liberdade” para individuos se desfaga, Siio meios, sobretudo, proporcionar posse educagao, formulado mais genericamente, colocar a disposicad prestagdes O0OQ0CNOGOOGQCOGOC COGaAO J OegaDa ® Ver além de Lampe (nota de-rodapé n° 13) Friedrich H. Tenbruck. Die Aultirelien Grundfagen der Gesellschaft. 2 ed, 1990, Parte |. 262 ao0000dn0nnce PEPE YUUUUUUUUYUUUUUeEUUUVDUOVYVIOUORVREROE ™ Um conhecido exemple ¢ Thomas Hebbes, 1966, Parte I, Cap. 13, p. 96: Ao evitar a sut Constante receio e perigo de uma morte violent ® Esse ¢ 0 entendimento do Gundesveefassuagegericld, quando acinia, na note de redap$ n* 17, ole fola sobre protspfo da “singularidade” (Eigenwerts) da Pessoa. » Ver Tenbruck (nota de rodapé n* 22), p. 16. # Ver Teny Pinkard. Democratic Liberalium and Social Union. 1987, Cap. 1, em especial as pp. 12 ¢ 27. WINFRIEDBRUGGER sécio-estatais com 0 objetivo de conferir igualdade real de chances a pobres © fracos ou demais pessoas que nda possam se afirmar na Inta social por assergao, Também dentro do Estado ha muitas associagdes que se ocupam do bem-estar de seus membros, iniciando pela familia, passando por comunidades religiosas até associagdes profissionais. E, além do Estado, ha comunidades ¢tnicas e mundiais que também buscam ajuda e apoio para seus membros fracos ¢ pobres. 4. Vida: condugao da vida pressupde, primeiramente, a sua protegiio. Sobreviver é, sem diivida, um interesse vital de toda pessoa que somente pode ser sacrificado em situagdes excepcionais, por exemplo auto-imolacao como ato politico de oposigao. Na filosofia hé teorias que postulam o interesse de sobrevivéncia como um objetivo da legitimidade estatal que triunfa sebre tudo2! Falando juridicamente entram aqui em jogo os direitos classicos de habeas-corpus ¢ dircitos de justiga estatal — o Estado de direito formal, segundo a visio alema, ¢ 0 ‘rule of law’, na terminalogia americana, Na nova discussio para a legitimacdo da estatizagao demenstra-se que o espago de vida da pessoa também necesita de prote¢ae. Com esse interesse ecolégico pode- se ter em conta que se entende como ‘vida’ também as bases naturais do meig-ambiente ¢.0 ambiente de convivéncia, 5. Conducao de vida: condugao de vida representa o elemento conclusivo ¢ centralizador da forma de vida dos direitos humanos. Ela implica, além da mera possibilidade de sobrevivéncia e a protegiio da vida, pelo menos uma medida minima de liberdade para um estilo de vida individual.” Essas decisies sempresao informadas pela cultura considerada ¢ nela orientadas; em alguns casos, o individuo também ira-se desviar dos parfimetros tradicionais. Isso nunca se pode excluir pois, enfim, o homem ¢ tanto criatura como também criader da propria cultura? De toda forma descortina-se nessa relag%o reelproca de referéncia o que deveria ser chamado de personalidade ou auto~ realizapSo auténtica." Também deve ser considerado que a cultura referida também contém as medidas de dar ¢ receber reciprocos ¢ da imputabilidade individual, portanto, as quatro dimensdea da responsabilidade, Alguém que evlaihen, 1651, organizado por Iring Fetscher, so a0 poder extatal, Yo que tem de pior ¢ 0 263 A PESSOA HUMANA DOS DIREITOS HUMANOS se coloca esses critériog e direciona sua condugao de vida por eles, Iegitima, com isso, também suas ages, Nessa auto-determinag&o responsavel toma expresso a dignidade humana. De que forma pode ser utilizada essa formula em discussdes'sobre os dircitos humanos? Quais so seus pontos fortes, suas fraquezas? \ 4 Formas Funcionais da Formula da Pessoa Humana 1: O.ponto de partida da résposta a essas questdes ¢ o desenvolvimento e \positivizasdo dos direitos humanos citados na parie [. Na formula podem \ ser tematizados os direitos humanos, hoje protegidos oxigidos. Isso deve ser apresentado, sucintamente, com base nas trés geragdes dos direitos humanos: Os direitos de primeira geragio concentram-se na autonomia da pessoa: livre escolha no ambito financciro, comunicativo e social ¢ co- Participagita no Ambito politico. Pressuposto para isso ¢ a protegio da vida. A mais importante consolidago juridico-positiva desses direitos de primeira dimensio € 0 pacto internacional sobre dircitos politicos ¢ civis de 19 de dezembro de 1966,” Os direitos de segunda geracdo apdiam-se, sobretudo, na responsabilidade social entre os cidadfos; esta deve reagir d necessidade da pessoa, como no caso de pobreza e doenea. Importantes consolidagdes \juridico-positivas desses direitos s40 0 pacto internacional sobre direitos econémicos, sociais e culturais de [9 de dezembro de 1966 ea Carta Social Européia de 18 de outubrode 19617" Os direitos de terceira geragiio absorvem © pensamento da autonomia ¢ responsabilidade social, mas os relacionam imais fortemente & tradigéo do direito exigida pelo povo ou Estado relacionado, que assume o status de titular do direito humano—com garantia fiducial (de confianga) para o cidade mediado pela associagio eonsiderada.” Portanto, a formula do direito fundamental ¢ ampla com relagio as declaracSes dos direitos humanos existentes. | | 2.A formula pode ser-utilizada analiticamente, Nessa fimgao, investiga-seaté que ‘ grau uma declaracao de direitos humanos, ou uma Constituigao nacional, ou um programa de partido, ou um govemo, ou um tribunal ou um Gl6sof> acontua ou Ppospde um ou outro momento. Assim, no Ambito da formula fica claro que uma % Impresso como n? 8 da coletines citady na nom de rodapé n* 3 % Impressos como a" [| € 42, respectivamente, da coletinen citada na nota de rodapé 1° 3. 7 Para a extensio atual dos direitos de terceira geragao ver os documentos em Riedel (nota de MANNANANANNANNODOOAOOOGOCDGOOAGCOSDOOCOO00N0T Wee EY EUVOUUOUUUUUUUUSOVUUVUUSEODUOVYXOORBSERROE WINERIED BRUGGER concepgio econdmico-liberal de soviedade acentua, mais. ou menos em analogia 05 direitos de primeira geragio, a autonomia dos individuos, apdia-se na sua aplicagao € concorréncia, porque se espera desse, proveito de toda sociedade e, © quanto possivel, também uma distribuieao justa dos bens. De toda forma, pontos-de-visia de responsabilidade estatal social tem importéncia somente subsididria. Uma visto sdcio-cstatal do liberalisme iré accntuar que sdo inaceitaveis os pontos de partida desvantajosos de mutitos individuos para a oncorréncia social. Como falta um critério de “auto-responsabilidade” para a situaco social niim, o Estado, conto estado social, teria que promover uma maior igualdade social de chances.* O socialismo ¢ o comunismo vio além dessa visio sdcio-estatal refarmista e véem a pessoa como ser genérico, cuja realizagiio dependeria, sobretudo, da supressdo total da pobreza da real classe da humanidade, ou seja, 0 proletariado. Aqui ha uma ampla negagaio da auto- responsabilidade da pessoa como individuo; 0 momento de significagao foi cientificado (teorema da sobre-estrutura) e historicizado (a historia como historia das lutas de classes) no marxismo: na milo do proletariado, comandado pelo partido tinico marxista-leninista, repousa a responsabilidade para a ascensio na histéria do homem que inicia apds a expropriagtio dos exploradores2* © comunitarismo acentua 9 momento da significagao: decisbes individuais de escolha falham, quando feitas no isolamento da cultura ciccundante; em geral, clas erram.o alvo que objetivam: realizagao ¢contentamento, Temos que aprender, diz essa tearia, a ver nossas formas de vida no somente instrumentalmente, como meio para fins que estéo além delas, mas, também, conferir-Ihes um certo valor proprio que tem que se realizar com a escolha objetiva dos individuas” Com outras palavras: A diferenciagao dos cinco elementos da férmula do conceito humano permite desenvolver diferencas entre teorias sociais iscladas, programas partidarios ¢ de goveruo ¢ posigSes sobre os direitos humanos, ‘Nisso repousa a stta capacidade analitica de realizacao. 3. Mas o que deve avontecer se diversas posigSes sflo confrontadas? Muda- se a perspectiva da andlise sobre a determinagdo normativa, Um ponte esti claro do que foi até agore explicado: a utilizacao ideoldgica do pensamento dos direitos humanos ocorre quando uma concepgiio quer dominar ou excluir % Assim podem ser conthontadas, de forma breve, ss posigOes de Robert Nozick. Anarchia, Stat, Utopia ¢ John Rawls. Eine Theorie der Gerechtighelt (Nota de rodap# n° 15). > Para a Teoria Mackiana, ver Winfried Brugger. Menschenrechtsethos and Veraniworlungspolllit, Max Webers Beitrag zur Analyse wad Regritadung der Menschenreckié. 1980, § 6 Ill. * Também, aproximadamente, Philip Selznick. The Moral Commonwealth, Social Theory and the Promise of Community. 1992 © Winfried Brugger, “Menschenseehte von Fidchtlingen in universalistischer und kommunitaristischer Sicht”. Jn Arohiv flr Rechts- und Sozialphilosophie, 80 (1994), pp. 318 © ss. 265 A PESSOA HUMANA DOS DIREITOS HUMANOS todas'as outras posigdes; isso significaria, por exemplo, que somente os dircitos humanos da primeira, cu da segunda ou da terceira geragdo seriam reconhecidos; ou que somente seria reconhecido o pacto sobre direitos civis © politicos, mas n4o o pacto sobre os direitos sociais e culturais. Tal procedimento seria expresstio de um imperialismo cultural; assim nio se pode fazer jus & prerrogativa universal do pensamento dos direitos humanos. Mas, ‘entéio, como proseder? Minha sugest’io para a compreensio dos dircitos humanos € entender'os cinco elementos da formula da pessoa humana no sentido de uma procedéncia comum,* Neles sao elencados os dados fundamentais da existéncia humana, todos os que fazem parte da condugdo de uma vida humana digna. Mas isso nao significa que todos clesteriam que ter o mesmo peso. Como a cultura é a segunda natureza do homem, mas as culturas concretas diferem nas suas obviedades, deve ser possivel que se varie quanto ao peso dos elementos isolados. Este é o justo cerne do’particularismo no pensamento dos direitos humanos que quer ter eficicia no direito positivo para além dos dispositivos de pretegiio © reservas restritivas dos direitos humanos isoladamente, bem como na regionalizagaio da protegiin’ dos direitos humanos. Mas para manter o universalismo da idéia dos direitos humanos ¢ necessdrio que nenhum desses elementos seja dominado ou excluido totalmente por um outro ou pelos demais. A esséncia de cada elemento no qual, simultaneamente, se encontra seu conteado de dignidade humana, deve ser respeitada por toda teoria, todo programa ¢ tode governo. Esse pensamento da ‘procedéncia comum ¢ do respeito a esséncia dos cinco elementos da férmula da’pessoa humana esté expressa, exemplarmente, no art. 30 da Declaragdo Universal dos Direitos Humanos, que dispde: “Nenhuma disposigae da presente Declaragao pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou individu o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a desteuir os direitos e liberdades aqui enunciados.” Ainda, mais uma vez, om outras palavras: todos os elémentos da fornula da pessoa humana, devido a sua procedéncia comum, devemelacionar-se entre si em concordancia pritica.” Ponderagdes entre os * Para o eonceito de procedéacis comum (Gleichurspritaglicikeit) vee Rentsch (nota do rodapt n° 4), pp. 95 € s8.: "Procedéncia comum sto indieados come aspeeces de constituigdo, 1. quando cles ride so dedlutiveis um do outro, 2. quando eles, aa sua compreensio, sie irreduzivels tim sobre o ‘outro, ¢ 3, quando eles, somente: juntos ou por meio do outro, sio compreensiveis e, no, por ai ‘outro trage fundamental, sito dedutiveis. Dito de outra forma, os aspectos precisamese MAAN AARAHAOGOHAOOGHOAGGOO

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