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Capítulo 1:

Na tranquila aldeia de Aeloria, onde as colinas se curvavam em abraços suaves e os riachos sussurravam
segredos aos ventos, nasceu Aghar. Um lugar onde as casas eram construídas de pedras cinzentas e tetos
de palha que abrigavam sonhos antigos. Nos primeiros momentos de sua vida, Aghar estava envolto pela
aurora do desconhecido, como uma folha em branco esperando ser preenchida por histórias de coragem
e maravilha.

Os dias começavam com o crepitar das chamas na lareira, espalhando calor e luz pela modesta cabana
em que Aghar crescia. Sua mãe, uma mulher de olhos sábios e mãos gentis, contava histórias de tempos
esquecidos, quando os magos eram como deuses e a magia dançava nos ventos. Aghar ouvia fascinado,
imaginando-se caminhando por florestas encantadas e lançando feitiços poderosos.

Desde cedo, Aghar mostrou sinais de um dom extraordinário. Quando tocava a terra molhada, sentia
vibrações mágicas subindo por seus dedos, uma sinfonia secreta que apenas ele podia escutar. As cores
ganhavam vida em sua mente de maneira única: o azul do céu tinha o frescor da brisa da manhã, o
vermelho das flores era como o ardor de uma paixão ardente. Essa sinestesia mágica o conectava
profundamente à essência do mundo ao seu redor.

Enquanto crescia, Aghar descobriu que sua ligação com a magia ia além das sensações singulares.
Pequenos truques se desenrolavam sob seus dedos: uma chama que dançava na palma de sua mão, uma
brisa que respondia ao seu chamado. Aghar cultivou seu talento em segredo, temendo que os outros na
aldeia o considerassem estranho ou perigoso.

Seu refúgio era seu diário, onde as páginas brancas se transformavam em portais para sua imaginação.
Cada linha era um elo entre suas experiências e as histórias de magos lendários que haviam deixado sua
marca no tecido do mundo. Aghar imaginava que ele também poderia um dia inscrever seu nome nesse
livro de contos épicos.

Conforme as estações mudavam, Aghar encontrou conforto na rotina tranquila da aldeia. Ele ajudava na
colheita e compartilhava risos com os outros jovens da vila. No entanto, havia uma inquietação dentro
dele, uma fome por algo além das colinas que cercavam Aeloria. Ele sabia que havia um mundo vasto e
mágico lá fora, esperando ser explorado.

A oportunidade de escapar das fronteiras da aldeia chegou na forma de uma feira itinerante que se
instalou nos arredores. Barracas coloridas se erguiam como cogumelos encantados, oferecendo
mistérios exóticos e vislumbres de terras distantes. Foi lá que Aghar conheceu um erudito viajante, um
homem de idade avançada com olhos que pareciam ter testemunhado séculos de história.

O erudito viu algo nos olhos de Aghar, algo que brilhava como um diamante bruto esperando ser
lapidado. Os dois se perderam em conversas profundas, discutindo magias antigas, lendas perdidas e os
segredos das estrelas. O erudito enxergava em Aghar não apenas um jovem curioso, mas alguém
destinado a deixar sua marca no mundo.

"Seu dom vai além do que você pode imaginar, jovem Aghar", disse o erudito com um sorriso
enigmático. "A sinestesia que você possui é um sinal de uma conexão especial com a magia. Você é
como uma ponte entre os reinos visível e invisível."

As palavras do erudito ecoaram na mente de Aghar, despertando uma chama interior que queimava
mais forte a cada dia. Ele sabia que tinha que explorar suas habilidades, descobrir o significado por trás
de sua sinestesia mágica. Mas como um jovem de uma aldeia remota poderia fazer isso?

A resposta veio em um momento inesperado. A Universidade Mágica, uma instituição lendária que se
erguia como um farol de conhecimento no horizonte, estava aceitando novos alunos. Aghar soube que
essa era a oportunidade que estava esperando. No entanto, ingressar na universidade não seria fácil. Os
desafios eram muitos, os obstáculos imensos. Mas Aghar estava determinado a seguir seu destino, a
desvendar os mistérios que o aguardavam e a encontrar seu lugar no mundo da magia.

E assim, com o diário em uma mão e a esperança no coração, Aghar partiu em uma jornada que o levaria
das colinas tranquilas de Aeloria às salas de aprendizado da Universidade Mágica. Mas essa jornada era
apenas o começo de uma história épica de magia, descobertas e autodescobrimento que transformaria
Aghar de um jovem com um dom único em um mago lendário cujo nome ecoaria através das eras.

Capítulo 2:
A jornada de Aghar em direção aos Portões da Universidade Mágica era uma mistura de emoções
contraditórias, uma sinfonia de esperança e apreensão que ecoava em cada batida de seu coração. Ele
deixou para trás a aldeia de Aeloria, as colinas familiares e os sorrisos calorosos que conhecera desde a
infância. Mas agora, o mundo além das colinas se estendia diante dele, um horizonte de possibilidades
que ele mal ousava imaginar.

Com sua mochila nas costas e o diário acomodado cuidadosamente, Aghar caminhava com
determinação. Os caminhos sinuosos o levavam por florestas profundas, onde os raios de sol dançavam
entre as folhas e os suspiros do vento eram como sussurros de bem-vindos. Ele encontrava riachos
cantarolantes e estradas poeirentas, cruzando com viajantes ocasionais cujas histórias deixavam
sementes de inspiração em sua mente ávida.

As aldeias que visitava eram novos capítulos de sua história, momentos fugazes que acrescentavam
cores à tela em branco de sua jornada. Ele compartilhava conversas com artesãos que moldavam a
madeira em obras de arte vivas e com fazendeiros cujas mãos calejadas eram uma conexão com as raízes
da terra. Aghar escutava e aprendia, absorvendo as nuances de cada experiência como se fossem
ingredientes em um caldeirão mágico.

Eventualmente, os horizontes familiares deram lugar a paisagens mais grandiosas. Torres antigas surgiam
no horizonte, seus topos tocam as nuvens como mãos ansiosas alcançando os segredos do céu. As torres
pertenciam à Universidade Mágica, um bastião do conhecimento que parecia surgir de lendas há muito
esquecidas. Aghar sabia que não havia volta, que sua vida estava prestes a mudar para sempre.

À medida que Aghar se aproximava dos portões da universidade, sua ansiedade e excitação se
entrelaçavam como as raízes de uma árvore ancestral. Ele se viu em meio a uma multidão diversificada
de aspirantes a magos, cada um carregando sonhos e ambições tão diversos quanto as estrelas no céu
noturno. As vestes variadas eram um mosaico de culturas e origens, e os olhares de expectativa eram
espelhos de seus próprios sentimentos internos.

Os portões da universidade se erguiam como sentinelas antigas, guardiãs do conhecimento e da


promessa. Aghar sentiu um frio na espinha enquanto cruzava o limiar, a sensação de que estava
entrando em um mundo completamente novo, onde as regras da magia eram escritas em páginas nunca
antes exploradas. Ele pensou na mãe, nas histórias que ela contara e nas lições que haviam moldado seu
entendimento do mundo. Aghar estava determinado a honrar essas lições, a seguir em frente com
coragem e humildade.

Os desafios da admissão começaram, testes mágicos que exigiam domínio de elementos e habilidades.
Aghar lançava feitiços com a mesma curiosidade que costumava tocar objetos para sentir suas texturas
únicas. Ele invocava chamas que pareciam dançar ao som de músicas invisíveis, manipulava a água com
gestos graciosos e conversava com ventos sutis como se fossem velhos amigos. Seus talentos e sinestesia
mágica o colocaram à parte, ganhando a atenção de mentores e examinadores.

Foi durante uma noite estrelada, quando a lua lançava sua luz prateada sobre os pátios da universidade,
que Aghar teve a chance de mostrar seu dom único. Diante de uma audiência de professores e
estudantes, ele realizou uma demonstração de sinestesia mágica, transformando cores em sons e
texturas em formas. Enquanto os presentes observavam maravilhados, Aghar sentiu uma conexão
profunda com as forças mágicas que fluíam através dele.

O feito de Aghar ecoou pelos corredores da universidade como uma melodia de esperança. Ele foi aceito
como um aprendiz, um estudante cujo potencial era visto como uma luz brilhante em um céu noturno.
As portas das salas de aula se abriram, revelando mundos de conhecimento que antes pareciam
inacessíveis. Mas mesmo enquanto abraçava a oportunidade de aprender, Aghar carregava consigo uma
pergunta que se tornaria o fio condutor de suas buscas: o que estava além da sinestesia mágica? O que
ele poderia descobrir sobre a essência da magia que o ligava tão profundamente ao mundo ao seu
redor?

Enquanto Aghar se adaptava à vida na Universidade Mágica, ele começou a explorar os corredores
repletos de conhecimento e os salões onde magos estudavam as artes antigas. Uma figura enigmática
capturou sua atenção: uma bibliotecária chamada Selene, cujos olhos pareciam conter segredos
milenares. Ela tinha um conhecimento profundo das disciplinas mágicas e uma conexão intrigante com
os registros históricos da universidade. Uma troca de palavras com Selene acendeu uma centelha de
curiosidade em Aghar, uma curiosidade que o levaria a descobertas que mudariam o curso de sua
jornada.

Capítulo 4:

O poder da "Ruptura Temporal" se espalhava como uma névoa obscura pela Universidade Mágica,
enchendo os corredores de uma sensação de inquietação. Aghar podia sentir o peso de suas ações sobre
seus ombros, cada passo que dava ecoava com a lembrança do que havia desencadeado. As sombras
que dançavam nos cantos de sua visão eram como acusadores silenciosos, recordações constantes de
sua busca insaciável por conhecimento.

Os professores e estudantes murmuravam nas salas de aula e nos refeitórios, discutindo as mudanças
sutis que ocorriam ao seu redor. A passagem do tempo parecia desigual, as estações flutuando em uma
dança desordenada. Aghar sentia a culpa em cada olhar que cruzava o seu, em cada conversa que era
interrompida em sua presença. Ele sabia que era o responsável por essa distorção no tecido da
realidade.

Selene, a bibliotecária enigmática, aparecia em momentos inesperados, seus olhos contendo um misto
de preocupação e desaprovação. Ela não precisava dizer nada; suas expressões eram suficientes para
comunicar o perigo iminente que a "Ruptura" representava. Aghar evitava seus olhares, perdido em
pensamentos sobre como poderia corrigir o que havia desencadeado algo que nunca aconteceu.

Seu diário se tornou um refúgio, um lugar onde ele podia despejar seus pensamentos tumultuados. As
páginas agora eram manchadas por tinta apressada, palavras que refletiam sua culpa e confusão. Aghar
sabia que precisava encontrar uma solução, mas a resposta estava esquiva, como uma estrela fugidia no
céu noturno.

Livro escrito por Abbenethy Azerur com base nas anotações recolhidas do Diario de Aghar guardado na
biblioteca de Aeloria.

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