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3. A INTIMIDADE COM JESUS 3.10 chamado intimidade com Jesus © nosso Deus nao esta distante; Jesus quer que estejamos proximos a Ele, Mais que isso, Ele quer que tenhamos intimidade com Ele. Ena passagem de Jo 15,117, Ele nos mostra isso com muita clareza. Comecemos, entdo, este capitulo refletindo sobre essa passagem: 1Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é 0 agricultor. Todo ramo que nao der fruto em mim, ele 0 cortara; 2e podara todo o que der ——__ fruto, para que produza mais fruto. 3V6s ja estais puros pela palavra que vos tenho _ anunciado. 4Permanecei em mim e eu per manecerei em vés. 0 ramo nao pode dar lecer em mim e eu nele, esse da mui- ; Porque sem mim nada podeis fazer. iém nao permanecer em mim sera erdes em mim, €as minhas IS permanecerem em v6s, pedireis ‘assim também eu vos amo. no meu amor. 10Se guardardes ‘05 meus mandamentos, sereis constantes ‘ho meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor. UDisse-vos essas coisas para que a mi- nha alegria esteja em vés, e a vossa alegria seja completa. 12Este é 0 meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. 1BNinguém tem maior amor do que aquele que daa sua vida por seus amigos. 14V6s sois meus amigos, se fazeis 0 que vos mando. 15} nao vos chamo servos, porque 0 servo no sabe 0 que faz seu senhor. Mas chamei- vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pi que me escolhestes, maseu vos escolhi e vos constitui para que vades e produzais fruto,e 0 vosso fruto permaneca. Eu assim vos cons- titui, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. 170 que vos mando € que vos ameis uns aos outros. 16Nao fostes vos Como acontece com todos os textos da Sagrada Escritura, podemos tirar preciosos ensinamentos da passagem anterior: Jesus nos chama a viver ligados a Ele: Je- sus diz que nés precisamos estar ligados a Ele como o ramo esta ligado a videira (Jo 15,15). Essa comparagao é muito forte! O ramo tem com a videira uma relagao muito intima; am- bos formam um tnico ser! 0 ramo morre se se separar da videira, pois deixa de receber a seiva que ¢ vital para ele. Jesus nao faz. essa 22 analogia por acaso, Ele nos chama a ter com Ele um relacionamento de intimidade para que possamos receber d’Ele o que é vital para és, 0 que nos da vida, e vida em abundancia, € também nos faz produzir fruto. Se estamos Na Sua intimidade, entdo somos alimentados com aseiva que precisamos para poder vivera vida nova n’Ele! + Jesus quer que estejamos sempre na Sua presenga: Para descrever o relacio- hamento que quer ter conosco, Jesus usa 8 vezes a palavra ‘permanecer’ (Jo 15,47), convidando-nos a permanecer N'Ele, “Permanecer” significa “continu: ar a ser ou estar, ou ficar; conservar-se; demorar-st ersistir; insistir” (FERREI- RA, 2020, p. 580). Esse significado nos da uma ideia mais precisa sobre que tipo de relacionamento Jesus quer que bus- quemos ter com Ele: Ele quer que esteja- mos n’Ele continuamente, que nos con- servemos n’Ele! Esse ensinamento se contrapée a ideia de que devemos nos encontrar com Jesus ape- nas durante nossa oracao pessoal, ou na Santa Missa, ou na visita ao sacrario, ou, enfim, em momentos pontuais. Na verdade, Ele quer que fiquemos n'Ele o tempo todo! Mesmo duran- te as nossas atividades do dia a dia, podemos e devemos estar na Sua presenca, pois Jesus é real e esta sempre diante de nos. “Eis que es- tou convosco todos os dias” (Mt 28, 20), disse Ele! Para viver na Sua presen¢a, nbs devemos nos comunicar com Ele continuamente, e fa- zemos isso mediante a oracao. Refletiremos sobre esse assunto mais a frente, + S6 produzimos fruto se estivermos em Jesus: Neste trecho, Jesus diz varias vezes que precisamos permanecer n'Ele para produzir fruto (Jo 15,15). Ele Se refe- re tanto aos frutos para nossa vida como aos frutos para a nossa missio de anyn, cid-Lo, Para isso Ele faz afirmagoes my to fortes, dizendo que quem permanece n'Fle da muito fruto e tem todos 0s seus pedidos atendidos, mas, sem Ele, nin. guém produz nada! N6s fomos criados para dar frutost agra, damosa Deus ¢ nos realizamos enquanto pes. soas quando fazemos isso, portanto devemos nos empenhar na busca de uma vida de int. midade com Jesus para que nossa caminhada seja sempre fecunda. + Aalegria é completa para os que per. manecem em Jesus: Depois da com. paragao com a videira e os ramos e da insisténcia para permanecermos n'Ele, Jesus nos diz que nos ensina sobre essas coisas para que nossa alegria seja com- pleta (Jo15,11).Aalegria ¢ abundantenos coracdes dos que sao intimos de Jesus: “[...) ha abundancia de alegria junto de v6s, e delicias eternas a vossa direita.” (SI 15,u1b). 0 homem contemporaneo busca a ale- gtia ea felicidade desesperadamente, porém muitos as procuram onde elas nao esto: no prazer, no possuir, no poder e na fama. Fomos criados, sim, para a alegria, para a plenitude € para a vida em abundancia, mas elas sio alcangadas apenas quando vivemos na inti- midade de Jesus: “a vossa vida esta escondida com Cristo em Deus” (C1 3,3b). + Mais que um convite, é um apelo de um Deus apaixonado: Neste trecho, en- fim, vemos que Jesus comega com aana- logia da videira e dos ramos para nos explicar que devemos ficar sempre liga: dos a Ele. A partir dai, o Senhor apresen fa intimeros motivos e argumentacdes Paranos convencer de que nosso lugar é nEle: a) sem Ele nada podemos fazer; b) se permanecemos n’Ele, nossos pedidos sio atendidos, produzimos muito fruto, nossa alegria ¢ completa; c) para Ele, ‘nao somos apenas Seus servos, mas Seus amigos; e d) nao fomos nés que 0 esco- Ihemos, mas Ele que nos escolheut ‘Assim, 0 que vemos ao longo de toda essa passagem ¢ um Jesus que vem até nds e nos chama a intimidade com Ele, insiste nes- se chamado, nos da motivos para permanecer n'Ele, argumenta nessa direcdo e ainda “tenta nos seduzit” dizendo que nos ama, que somos Seus amigos e que nos escolheu primeiro. 0 que vemos, com a clareza de um dia ensola- rado, é que Jesus ¢ apaixonado por nés! Fle nao se contenta com uma relacao distante, ‘mas quer ter, com cada um de nés, uma rela- ‘gdo de intimidade! Essa intimidade com Jesus, portanto, deve ser para cada um de nds uma meta a ser alcangada! Uma prioridade! E, para isso, te- ‘mos que buscésla todos os dias e 0 dia todo! De fato, a Igreja nos ensina que “Deus chama- -nos todos a esta intima uniao com Ele” (CIgC 2,014) ¢ ainda: “Tudo o que Cristo viveu Ele proprio faz com que o possamos viver n'Ele, e Ele vivé-lo em nés. ‘Pela sua Encarna¢ao, 0 Filho de Deus uniuSe, de certo modo, a cada homem, Nos somos chamados a ser um s6 com Ele” (Clg 521). Assim como Jesus, nds ‘nao devemos nos contentar com uma relagao distante, Quando percebemos que nao esta- ‘mos vivendo nessa intimidade, entao sabe- ‘mos que algo esta errado e que € hora de bus- cé-1a com mais empenho. + Aobediéncia aos Seus mandamentos condigao para viver nessa intimidade: Em dois momentos desse ensinamen- to, 0 Senhor coloca a obediéncia aos Seus mandamentos como um “divisor de aguas” no relacionamento com Ele: se 0 obedecemos, somos constantes no Seu amor (Jo 15,10) e nos tornamos Seus amigos (Jo 15,14). Ainda no versiculo 15, Ele diz também: “Se me amais, guarda- reis os meus mandamentos.” Portanto a obediéncia a Jesus sempre sera essen- cial para o cristao que quer crescer na amizade com o Senhor! + Amar 0 préximo nos mantém em Cristo: No versiculo 12, vemos Jesus repe- tindo Seu mandamento: “amai-vos uns 0s outros, como eu vos amo”. Em 1Jo 4,20-21, Joao nos fala com clareza sobrea do que no ama incoeréncia de um ¢ ao proximo: “Se alguém disser: amo a Deus, mas odeia seu irmao, € mentiroso. Porque aquele que nao ama seu irmao, a quem vé, ¢ incapaz de amar a Deus, a quem nao ve. Temos de Deus este man- damento: 0 que amar a Deus, ame tam- bem a seu irmao.” Neste outro trecho, Joao nos ensina que amar ao proximo nos leva a intimidade com Deus: “[...] Ninguém jamais viua Deus. Senos amar- mos mutuamente, Deus permanece em nds, eo seuamor em nos €é perfeito.” (iJo 4,12). No final do trecho biblico, no versi- culo 17, Jesus repete sua ordem para que nos amemos mutuamente, mostrando assim que, para Ele, esse mandamento da maior importancia e tem que ficar, por isso, gravado em nossos coracoes para que o pratiquemos. 3.2 Buscando a intimidade com Jesus No trecho biblico sobre o qual refleti- mos até agora, Jesus nos mostra que, para al- cancarmos a intimidade com Ele, é necessario observar seus mandamentos, especialmente odeamaro proximo. Além dessa, outras agdes também nos levam a Sua presenga, como a oracao pessoal e com a comunidade, receber 05 sacramentos, especialmente 0 da Eucaris- tia, ler as Sagradas Escrituras e adorar ao San. tissimo Sacramento. Entre essas acdes, vale, o que émau aos teus olhos” (S151,6).0 pecado também um ato de revolta contra Deus: “0 pecado erguese contra 0 amor de Deus por nds e desvia dele os nossos coragdes.” (Cigc 11850). Por isso 0 pecado incompativel com ‘uma vida de intimidade com Jesus. Algreja nos ensina que o pecado entrou no mundo pelo Diabo (ClgC 2.852), chamado pelo proprio Jesus de pai da mentira. Dessa forma, 0 pecado confere ao pecador maior di- ficuldade para distinguir 0 que é verdadeiro e ‘oque ¢ falso, atrapalha a andlise da realidade queestaa seu redore da sua propria realidade interior. Se, por um lado, quem segue Jesus tema luz da vida (Jo 8,12), por outro, quem aceita 0 pecado caminha nas trevas, no erro, na men- tira, mesmo porque o pecado tende a crescer navida de quem 0 aceita: “O pecado cria uma propensao ao pecado; gera 0 vicio pela repe- tigdo dos mesmos atos. |...] 0 pecado tende a reproduzir-se e a reforcar-se” (ClgC 1.865). 0 pecado também nos leva a idolatria de nds mesmos e sempre se mostra incompa- tivel com a amizade com Jesus: [...] Como o primeiro pecado, [nosso pe ‘cado] é uma desobediéncia, uma revolta contra Deus, porvontade de tornar-se‘como deuses’, conhecendo e determinando o bem e0mal(Gn3,5). 0 pecado é, portanto, ‘amor de si mesmo até 0 desprezo de Deus’. Por essa exaltagao orgulhosa de si, 0 pecado € diametralmente contrario a obediéncia de Jesus, que realiza a salvacao (Cig 1.850). 3.3.2 Somos todos pecadores “Se pensamos nao ter pecado, nds 0 de- -claramos mentiroso, e a Sua palavra nao esta "em nés.” (1Jo 1,10). Todos nés somos pecado- "res, Essa é uma realidade sobre o homem que _devemos aceitar com humildade. “S6 Deus ¢ _ bom" (Mc 10,18), disse Jesus. Dv sEMHORE NHSta, DANO HSHETO? A conversao a Cristo, 0 novo nascimento pelo Batismo, o dom do Espirito Santo, 0 Corpo e 0 Sangue de: sto recebidos como alimento nos tornaram ‘santos e irrepreen- siveis diante dele’ J. Entretanto, a nova Vida recebida na iniciagao crista nao supri- miu a fragilidade e a fraqueza da natureza humana nema inclinagao ao pecado, que a tradi¢ao chama de concupiscéncia, que con- tinua nos batizados para prové-los no com- bate da vida crista [...] (Cig¢ 1.426). Além disso, nunca devemos nos esque- cer de que, independentemente da maturi- dade espiritual que tenhamos alcangado, nbs pecamos. Mesmo que ja estejamos atuando. nos servicos de evangelizacao, vivemos a rea- lidade de filhos desobedientes que precisam lutar contra o pecado: [...] Todos os membros da Igreja, inclusive seus ministros, devem reconhecer-se peca- dores. Em todos eles 0 joio do pecado conti- nua ainda mesclado ao trigo do Evangelho até o fim dos tempos. A Igreja reine, por- tanto, pecadores alcancados pela salvacao de Cristo, mas ainda em via de santificagao (cigc 827). 3.3.3 Devemos resistir ao pecado Diante disso, anés, cristaos, nao nos res- ta outra tarefa senao a de lutar contra peca- do. E podemos fazer isso com a certeza de que nos é possivel: “Gracas a sua missio régia, os leigos tem o poder de vencer 0 império do pe- cado em si mesmos e no mundo, por sua ab- negacio e pela santidade de sua vida.” (Clgc 943). A esse respeito, Sao Paulo também nos traz um rico ensinamento: “[...] Deus é fiel: nao permitira que sejais tentados além das vossas forcas, mas coma tentacio ele vos dara ‘os meios de suporté-la e sairdes dela.” (1Cor 10,13). Por isso devemos lutar contra o pecado com todas as nossas forcas:

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