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A Discriminação Contra As Religiões Afro-Brasileiras - Ontem e Hoje
A Discriminação Contra As Religiões Afro-Brasileiras - Ontem e Hoje
Resumo
Este artigo versa sobre as religiões afro-brasileiras e sua condição, histórica e atual, de
vitimização na forma de preconceitos e de discriminações, malgrado a existência de
dispositivo jurídico de liberdade religiosa no país, desde a Proclamação da República.
Ele mostra também como a intolerância contra as religiões afro-brasileiras inscreve-se
em um contexto mais amplo de discriminação do negro na sociedade nacional. O texto é
desenvolvido em três momentos: no primeiro, procede-se à recuperação histórica da
construção da liberdade religiosa no país; no segundo, são apontados momentos e fatos
históricos de discriminação e de perseguição ao negro e às religiões afro-brasileiras; no
terceiro, é abordada a forma mais atual de intolerância às religiões afro-brasileiras,
proveniente de outro segmento religioso, o pentecostal.
*
Professor de Antropologia da UFRGS. E-mail: arioro@uol.com.br
**
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS.
1
Trata-se de um regime ou direito, que data de meados do século XV, segundo o qual o
Poder Executivo possui a obrigação de proteger a religião do Estado, mas, ao mesmo tempo,
detém prerrogativas constitucionais sobre a Igreja, como nomear bispos e fiscalizá-la em
assuntos administrativos e econômicos bem como aprovar ou não bulas pontifícias, mesmo
aquelas dedicadas exclusivamente a temas religiosos (Azzi, 1987).
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Se há, porém, um segmento religioso que historicamente encontrou
resistências para se manter e se reproduzir neste país, malgrado o
dispositivo legal que assegura a liberdade religiosa, é o das religiões afro-
brasileiras.
O foco deste texto é justamente mostrar - ainda que sem o
aprofundamento que o objeto mereça - como as religiões afro-brasileiras
foram vítimas de preconceitos e de discriminações sociais e legais, no
passado e no presente. Evidencia, assim, de um lado, a distância existente
entre o dispositivo jurídico da liberdade religiosa e sua efetivação na prática
e, de outro, como a discriminação afro-religiosa inscreve-se em um contexto
mais amplo de discriminação do negro na sociedade nacional2, como uma
construção histórica para a qual contribuíram especialmente os
intelectuais, a Igreja Católica e o Estado. Antes, porém, o texto procede à
recuperação histórica da construção da liberdade religiosa no país.
4
A referência a Miceli em Mariano (2001), é a seguinte: MICELI, Sergio. A elite eclesiástica
brasileira (1890-1930). Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 1988, 184 p.
5
Vale recordar, por exemplo, como fez Alexandre B. Fonseca, que, em 1926, D. Sebastião
Leme – nomeado Arcebispo coadjutor do Rio de Janeiro e da capital da República, em 1921,
constituindo-se desde então em importante liderança católica visando à recuperação do
poder da igreja – apresenta uma sugestão de “Emenda Constitucional que reconhecia
oficialmente a Religião Católica como a fé do povo”. Apesar da sutileza na proposta que
associava a religiosidade à sociedade e não ao Estado, a emenda foi vetada. Mas a
Constituição de 1934 selou a aproximação entre a Igreja Católica e o Estado brasileiro. “O
Brasil presenciava a ascensão de um estado autoritário e de uma Igreja que finalmente
recuperava acesso íntimo ao poder após 40 anos de uma República laica, com ares
positivistas” (Fonseca, 2002, p. 79).
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O artigo 17, II e III, da mencionada constituição dizia: “É vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício dos
cultos religiosos. Ter relação de aliança ou dependência com qualquer culto, sem prejuízo
da colaboração recíproca em prol do interesse coletivo”.
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A Constituição de 1946 reafirma, em seu Artigo 31, II e III, os princípios
da separação do Estado da Igreja e da colaboração do Estado com a Igreja
na realização do bem comum. Igualmente, assegura, no artigo 141,
parágrafo 7, a liberdade religiosa em três sentidos: de consciência, de crença
e de culto, como já vigorava na carta legal de 1934 (Ibid, p. 214).
Portanto, conforme recorda R. Mariano, malgrado a laicização, nesse
período o Estado republicano não rompeu com a igreja católica. Da mesma
forma, para este autor - como veremos a seguir - a partir da constituição
republicana o Estado não passou imediatamente a tratar de forma
isonômica os diferentes grupos religiosos (Mariano, 2001, p. 142).
Legalmente, a Constituição de 1967, em seu artigo 9, II, garante o
princípio da separação da Igreja do Estado e introduz uma cláusula
restritiva à “colaboração recíproca”, presente nas Constituições de 1934 e
de 1946. A mesma Constituição, em seu artigo 153, parágrafo 5, garante
também a liberdade de consciência e o exercício dos cultos religiosos. Mas os
artigos 30, parágrafo único, e 153, parágrafo 8, impõem limites ao direito à
liberdade de crença, em consonância lógica com a situação política que
vigorava no Brasil naquele momento. Por isso mesmo, Pierucci sustenta
que, nos anos de chumbo, “não havia liberdade religiosa perante a “Doutrina
de Segurança Nacional”, nem liberdade de palavra, de associação, de
reunião, de divulgação, de imprensa, etc.” (Pierucci, 1996, p. 247).
Enfim, a Constituição de 1988 manteve os dispositivos vigentes nas
demais constituições acerca da separação Igreja-Estado, mas o fez de
maneira indireta. Assim, no artigo 19, inciso I, pode-se ler:
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Para um aprofundamento sobre esse tema ver Mariano 2001; Fonseca, 2002; Giumbelli,
2001; Oro, 2005; Oro, 2006.
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ao religioso8, e de instauração legal da liberdade religiosa no país.
Porém, a realidade vivida por algumas religiões, como os Meninos
de Deus, os Testemunhas de Jeová, o Santo Daime, algumas igrejas neo-
pentecostais, parece estar em dissonância com o que assegura o estatuto
legal vigente no país. Nenhuma delas, todavia, vivenciou no quotidiano
dificuldades e entraves à sua expressão religiosa como as religiões afro-
brasileiras. É o que veremos a seguir.
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De fato, “o Estado é laico quando já não requer mais a religião como elemento de integração
social ou como cimento para a unidade nacional (...). Por isso, o Estado laico surge realmente
quando a origem dessa soberania já não é sagrada e sim popular” (Blancarte, 2000, p. 3).
Laicidade distingue-se de secularização. Enquanto esta última expressa a idéia de exclusão
do religioso do campo social - que se encontra, então, “secularizado” - laicidade designa a
emancipação do Estado da necessidade de legitimidade religiosa. Assim, a laicidade diz
respeito, sobretudo e por primeiro, ao Estado. Como afirma Ternisien: “Ela se mede pela
existência ou não de uma dimensão religiosa da nação, pela existência ou não de uma
religião de Estado, pelo lugar do ensino religioso na escola, etc.” (Ternisien, 2007, p. 26-28).
9
O estudo de Beatriz Góis Dantas, “Vovó nagô e papai branco”, aborda a constituição da
ideologia da pureza nagô entre afro-religiosos dessa vertente, em muito auxiliada por uma
tradição de pesquisa acadêmica, iniciada nos trabalhos de Nina Rodrigues, que valorizava
a origem africana, distante, exógena, dessa religiosidade em oposição a uma identidade
negro-brasileira, considerada pejorativa e mestiça, não pura. (Dantas, 1988: 145-216.)
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médicos e psiquiatras sobretudo – que, no final do século XIX e início do
século XX, defendiam “teorias evolucionistas clássicas, em que a questão
das raças pontifica, mas disfarçada sob o manto da ´eugenia´” (Correa,
1998, p. 170). Também escritores, jornalistas e mesmo sociólogos
colaboraram, com seus escritos, para que, ao longo do século XX, fossem
fortificados estigmas e preconceitos contra o negro em geral e contra as
religiões afro-brasileiras em particular (Id. Ibid.). Todos, finaliza esse autor,
“contribuíram para reforçar e justificar os preconceitos raciais dos brancos
contra os negros e acentuar, nestes, a auto-imagem negativa que constroem
sobre si mesmos” (Id. Ibid., p. 199).
Além dos intelectuais, a Igreja Católica também teve um papel
importante na produção histórica de representações negativas sobre as
religiões afro-brasileiras. Oro assinalou que a “hierarquia católica
condenou abertamente as práticas religiosas dos negros (em 1890, 1915,
1948 e 1953) e desencadeou, na década de 50 deste século, uma luta
apologética contra as religiões não-cristãs, entre as quais as afro-
brasileiras” (Oro, 1997, p. 10-11). Também N. Correa sustenta que a Igreja
valeu-se de sua condição de religião de elite “tanto para acionar diretamente
o Estado no sentido de enviar a polícia contra as casas de culto, como
utilizar o púlpito e os meios de comunicação de massa para desqualificar
tais religiões perante a opinião pública” (Correa, 1998, p. 199).
Enfim, o Estado, com suas exigências burocráticas e legais para o
funcionamento das casas de religião e realização de rituais, estava também
produzindo “tanto uma forma de repressão como de desqualificação”,
alem de pôr em prática o aparato repressivo, com a ação policial de “invasão
de templos, prisão de seus integrantes, apreensão de objetos rituais” (Id.
Ibid., p. 207).
Porém, ao longo da história nacional, ou seja, do período colonial
até os dias atuais, a discriminação em relação às religiões afro-brasileiras
transformou-se consideravelmente, assim como mudaram as instituições
e as conjunturas sócio-político-culturais. Vagner Gonçalves da Silva assim
sintetiza o quadro histórico que se quer referir:
[As religiões de matriz africana] foram perseguidas pela Igreja
Católica ao longo de quatro séculos, pelo Estado republicano,
sobretudo na primeira metade do século XX, quando este se
valeu de órgãos de repressão policial e de serviços de controle
social e higiene mental, e, finalmente, pelas elites sociais num
misto de desprezo e fascínio pelo exotismo que sempre esteve
associado às manifestações culturais dos africanos e seus
descendentes no Brasil. Entretanto, desde pelo menos a década
de 1960, quando essas religiões conquistaram relativa legitimidade
nos centros urbanos, resultado dos movimentos de renovação
cultural e de conscientização política, da aliança com membros
da classe média, acadêmicos e artistas, entre outros fatores, não
se tinha notícia da formação de agentes antagônicos tão
empenhados na tentativa de sua desqualificação [como vêm sendo
algumas denominações neopentecostais sobretudo a IURD (Igreja
Universal do Reino de Deus) (Silva, 2007a, p. 23-27).
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Este resumo será, na seqüência, ampliado com a recuperação de
elementos históricos de discriminação das religiões afro-brasileiras na
sociedade brasileira.
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O historiador Renato Silveira, por exemplo, faz referência direta a cinco africanos, líderes
de calundus, investigados pelo Santo Ofício no Brasil. São eles: o congolês Domingos Umbanta,
em 1645, na capitânia de Ilhéus; a angolana Branca, no início do século XVIII, na cidade
baiana de Rio Real; a angolana Luzia Pinta, figura importante na cena religiosa da cidade
mineira de Sabará, entre 1720 e 1740; a courana Josefa Maria, em 1747, no Arraial de
Paracatu em Minas Gerais; e o daomeano Sebastião, em 1785, na cidade baiana de Cachoeira.
Outra referência ocorrida na cidade de Rio Real, na Bahia, não datada e com personagens
anônimos, é a de “um senhor empresário que pagou caro por pelo menos duas escravas
curandeiras afamadas, montando com elas uma espécie de clínica, onde se praticavam
vários tipos de cura, e dividindo todos os lucros.” (Silveira, 2005, p. 18-19).
11
Essas ordenações serviram como base jurídico-administrativa do Império português, a
partir de 1595, quando foram sancionadas pelo rei Felipe I, e, mais especificamente, no
Brasil, a partir de 1603. No último caso, mesmo com várias reformulações, desde Constituição
de 1824 e do Código Civil de 1830, algumas das suas disposições foram mantidas até 1916.
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Faziam parte da paisagem social porque eram funcionais,
respondiam a várias necessidades de uma população carente e
não pretendiam ser seitas secretas (Silveira, 2005, p. 20).
Até 1927 (...) não aparece no discurso dos envolvidos nos processos
categorias como macumba ou candomblé. Nesse ano, elas
começam a ser definidas pelos peritos. (...) [Estes passam a
responder] sobre o significado de macumba e candomblé. [Estes
seriam] reuniões de baixo espiritismo realizadas clandestinamente
por pais-de-santo que trabalham com espíritos africanos e caboclos,
atraídos por pontos riscados o3u cânticos” (Id. Ibid, p. 188-189).
12
O referido artigo, intitulado As Noivas dos Deuses Sanguinários, foi publicado na edição de 15
de novembro de 1951. O texto é assinado por Arlindo Silva e as fotos são de José Medeiros. Em
1957, José Medeiros lançou o livro Candomblé composto pelas 38 fotos que ilustravam o artigo
de O Cruzeiro, às quais foram somadas mais 22 imagens da mesma época (Tacca, 2003).
13
O referido artigo, de autoria de Henri-Georges Clozout, foi publicado na edição de 12 de
maio de 1951 da revista Paris Match, sob o título: Les possédées de Bahia (Tacca, 2003, p. 154)
14
Conforme a referência de Fernando Tacca (2003), os artigos de Bastide para a revista Anhembi
são: “A etnologia e o sensacionalismo ignorante”, publicado na revista Anhembi nº 9; “O caso
Clouzot e le cheval de Dieux”, Anhembi nº 10 e “Uma reportagem infeliz, Anhembi” nº 12.
Todos publicados em 1951.
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Ambos causaram grande comoção popular15. Tal fato levou a Arquidiocese
do Rio de Janeiro a pedir a censura às religiões afro-brasileiras na mídia
televisiva e acusou a médium Dona Cacilda de Assis e a Umbanda, “de ser
amoral, inculcar curas e contribuir para o aumento da loucura e das
neuroses na sociedade (...) tais crendices são alienantes e deve-se censurar
apresentações públicas dessas mistificações” (Maggie, 1992, p. 232)16.
Muitos outros exemplos locais e regionais de discriminação,
promovidos pelo Estado ou pela Igreja, poderiam ser referidos como
materializações do preconceito que vitimiza os afro-religiosos. Basta
recordar, por exemplo, as várias leis municipais e estaduais que atingem
indiretamente a reprodução dessas religiões, uma vez que normatizam
horários de “silêncio”, controle sobre a “higiene urbana”, “proteção aos
animais”, etc .
No entanto, apesar das perseguições, discriminações e tentativas de
restrições à liberdade religiosa sofridas ao longo do tempo, as religiões afro-
brasileiras, como sabemos, encontraram brechas e acionaram estratégias
para se manterem como uma alternativa religiosa disponível, contribuindo,
assim, para o fortalecimento da diversidade religiosa brasileira.
Porém, como recorda Reginaldo Prandi, eis que quando se imaginava
que o fantasma persecutório estatal havia passado, surgem
15
Yvonne Maggie (2003: 226-231) refere que pessoas que assistiram aos programas entraram
em transe; chacretes também foram possuídas e o próprio Chacrinha chorou copiosamente.
O caso também foi amplamente divulgado pela imprensa carioca, sendo que, em uma
reportagem, comentou-se uma morte ocorrida em uma briga que começou com a discussão
do sexo do exu.
16
Yvonne Maggie ainda analisa outros dois casos contemporâneos, ocorridos no Rio de
Janeiro, que mostram como o contexto de discriminação aos praticantes das religiões afro-
brasileiras pouco mudou em certos discursos ao longo do século XX. O primeiro caso
aborda a participação de uma Pombagira que teria auxiliado no planejamento de um
assassinato. O segundo caso liga uma mãe-de-santo ao crime de estelionato, acusando-a de
“robotizar” a sua vítima com seus sortilégios (Maggie:1992, p. 241-251).
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2.2. A intolerância neopentecostal às religiões afro-brasileiras
18
Ambas as situações ocorreram justamente no Rio Grande do Sul. A primeira, em 2003,
devido a um projeto de lei apresentado na Assembléia Legislativa por um deputado da
Igreja Quadrangular, que, ao propor um Código Estadual de Defesa dos Animais, visava
também proibir o sacrifício de animais nos cultos religiosos, o que não logrou êxito devido
à importante mobilização deste segmento religioso. O fato, porém, assumiu contornos
claros de uma tentativa de discriminação religiosa, ou seja, de tolhimento à liberdade de
reprodução ritualística desse meio religioso (Oro, 2005).
A segunda consiste na aprovação, em março de 2008, na Câmara Municipal de Porto Alegre,
da lei N. 591/08 que modifica o Código de Limpeza Urbana, proibindo a colocação de
animais mortos em logradouros públicos como ruas, estradas, encruzilhadas e em áreas
próximas a rios, prevendo multa para quem descumpri-la. Neste caso, novamente a
comunidade afro-religiosa gaúcha mobilizou-se e conseguiu uma liminar junto ao Tribunal
de Justiça do Estado que suspendeu a multa. O desembargador Paulo de Tarso Sanseverino,
autor da liminar, argumentou que “o dispositivo legal em questão afronta o princípio
constitucional da liberdade de culto, pois obstaculiza a livre prática de cultos religiosos que
eventualmente envolvem sacrifícios com animais”.
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´movimentos negros´ - por outro, recoloca, no cenário nacional, a
discriminação a essa religiosidade e a vitimiza perante toda a nação,
expondo-a como primitiva e distante da modernidade.
Conclusão
Abstract
This paper examines African-Brazilian religions and their historical and current victimization,
prejudice, and discrimination, in spite of the existence of legal provision for religious
freedom in the country, which dates from the proclamation of the Republic. It also shows
that intolerance against African-Brazilian religions takes place within a broader context of
discrimination of the negro in the national society. This article is divided in three parts.
The first part presents an historical account of religious freedom in the country. The
second part shows historical facts of discrimination and persecution of the negro and
African-Brazilian religions. The third part approaches the most current intolerance to
African-Brazilian religions, from the Pentecostal movement.
Referências