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Roteiro para a constituição de uma Câmara de Mediação, Arbitragem,

Conciliação e demais métodos extrajudiciais de solução de conflitos.

Considerações Iniciais

Constituir juridicamente uma câmara de arbitragem, mediação ou conciliação, requer,


preliminarmente, o conhecimento sobre os MESCs (Métodos Extrajudiciais de Solução
de Conflitos), suas características, requisitos, exigências, legislação e demais
considerações.

A câmara de arbitragem, mediação ou conciliação, quando escolhida pelas partes, terá


o papel de administrar os procedimentos, de acordo com as regras previstas na
legislação brasileira, bem como no seu regulamento e ainda, nas regras estabelecidas
de comum acordo pelas partes.
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Dessa forma, para que a escolha seja realizada de maneira adequada, o CONIMA
sugere uma ampla pesquisa sobre o assunto. No site do CONIMA, você encontrará
várias informações que lhe auxiliarão na abertura de uma câmara, tais como
regulamentos e códigos de ética.

Como primeira leitura, no que diz respeito à arbitragem, recomendamos a Cartilha da


Arbitragem, publicada pelo Ministério da Justiça (https://conima.org.br/wp-
content/uploads/2021/03/cartilha.pdf ), que fornece informações básicas sobre o tema.

No que tange à Tabela de Custas e demais despesas previstas pelas câmaras pela
sua prestação de serviços, bem como no que diz respeito aos honorários dos árbitros,
mediadores e conciliadores, é importante salientar que não existe nenhuma tabela
oficial. Os valores ficam a cargo exclusivo das Câmaras e se relacionam a vários
fatores para a sua fixação, a depender, inclusive, do respectivo Plano de Negócios.
No que se refere à regulação do setor, não há nenhum órgão que tenha a função de
regulamentar ou fiscalizar as câmaras. Os órgãos públicos competentes, tais como
Ministério Público Federal e Estadual exercem sua função, diante de eventual infração
penal.

O CONIMA é uma instituição que congrega as referidas instituições e desenvolve


trabalhos com a finalidade de aprimorar o ambiente de fortalecimento da utilização dos
MESCs no Brasil, bem como acompanha o desenvolvimento das leis e oferece aos
associados possibilidade de melhoria constante.

O CONIMA possui um programa de autorregulamentação de boas práticas em


mediação e arbitragem - o PARCONIMA- e fazemos desde já, um convite para que
você o conheça (http://www.parconima.org.br/).

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Para a abertura de Câmara de Arbitragem e Mediação, o CONIMA recomenda os
seguintes passos iniciais:

1. Estudo aprofundado sobre os institutos da arbitragem e mediação, suas


características e requisitos;

2. Decidir se a câmara será com ou sem fins lucrativos;

2.1. O trâmite burocrático para se abrir uma câmara é idêntico ao trâmite para se
abrir qualquer empresa com ou sem fins lucrativos. Recomenda-se a
contratação de contador ou advogado para orientação nessa fase.

2.2. Caso seja uma empresa com fins lucrativos recomenda-se:


2.2.1. Escolher a personalidade jurídica (o contador e o advogado de sua
confiança poderão auxiliar na escolha que melhor atenda aos seus
objetivos);
2.2.2. É fundamental um planejamento financeiro para abertura da sua
Câmara. Para tanto o SEBRAE pode ser uma excelente solução para
lhe ajudar. Sugerimos que você procure o SEBRAE da sua região e
verifique as recomendações de como abrir uma empresa (plano de
negócios, pesquisa de mercado, pontos fortes e fracos, valores de
investimentos, previsão/projeção de retorno desse investimento);
definir áreas de atuação (atender a grandes, médios ou pequenos
contratos) e nichos de mercado são extremamente importantes para o
sucesso da câmara.
2.2.3. Elaborar fluxo de caixa com todos os custos fixos e investimentos
necessários para a constituição/implantação da câmara para, pelo
menos um ano, assim se terá exata noção dos valores de
investimentos necessários.

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2.3. Caso seja uma empresa sem fins lucrativos:
2.3.1. Mesmo nesse caso, recomendam-se os mesmos passos do item 2.2,
visto que a Câmara precisará ser igualmente sustentável.

3. Independente da escolha do item 2, a prestação de serviço de arbitragem ou


mediação é eminentemente jurídica, portanto, recomenda-se que a câmara tenha
um Diretor/Assessor/Consultor Jurídico e este poderá ou não ser empregado.

4. Escolher o Nome da Câmara (o CONIMA alerta que não é recomendável utilizar


nomes que possam lembrar o Poder Judiciário, tais como Tribunal, Tribunal
Superior, Corte, Corte Superior, Juízo e ainda não é permitido por lei a utilização
de símbolos como brasão da república, bandeira nacional); enfatiza ainda que não
é permitido a emissão de Carteira de Juiz Arbitral, conforme Parecer do CNJ –
Conselho Nacional de Justiça, emitido em 24/março/2010 -
https://conima.org.br/wp-content/uploads/2021/04/cnj_trib_arb_decisao_mar10.pdf
5. Elaborar Regulamentos de Arbitragem e Mediação (no site do CONIMA
encontram-se exemplos);

6. Elaborar Tabela de Custas e Honorários para Arbitragem e Mediação, baseando-


se nos custos que foram levantados no seu plano de negócios.

7. Sobre Árbitros e Mediadores:


7.1. Árbitros
7.1.1. Os árbitros não precisam de nenhuma capacitação específica para o
exercício da função, já que a Lei 9307/96 exige apenas que eles tenham
a confiança das partes. Recomenda-se que sua indicação seja em
função da credibilidade e/ou experiência técnica.
7.1.2. É recomendável que os candidatos a árbitros conheçam a arbitragem e
suas características, bem como as responsabilidades legais de um
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árbitro. Assim, sugere-se que façam um curso de conhecimento sobre
arbitragem, curso esse que deverá ser ministrado por profissionais de
reconhecida experiência na arbitragem – teórica e prática.
7.1.3. Carteiras de juiz arbitral ou semelhantes são proibidas. Caso o CONIMA
tome conhecimento de sua existência, denunciará às autoridades
competentes.

7.2. Mediadores
7.2.1. Os Mediadores precisam de capacitação e estágio supervisionado, e no
caso de exercício em âmbito judicial, com carga horária determinada em
lei, em instituição de reconhecida reputação na área.

8. Definir os critérios de como será composta a respectiva lista de árbitros e


mediadores, que deve ser referencial e aberta, sempre respeitando as exigências
legais para esse assunto.
9. Dúvidas Contábeis.
9.1. Lembre-se que os honorários se referem aos serviços de administração
prestados pela câmara, portanto a legislação tributária referente a serviços
deve ser respeitada.
9.2. À título de orientação, segue as linhas gerais de tributação, que deverão ser
corroboradas com o respectivo contador:
9.2.1. Tributos para Instituições sem fins lucrativos:
9.2.1.1. Federais: recolhem-se em geral, PIS de 1% sobre folha de
pagamento de funcionários e COFINS de 7,6% sobre Faturamento.
9.2.1.2. Municipais: ISSQN e a obrigatoriedade de emissão de
documento fiscal é regulado por cada município, deve-se, portanto,
consultar a legislação do município da sede da IMA.
9.2.2. Tributos para Instituições com fins lucrativos:
9.2.2.1. A tributação para essa situação deverá ser orientada pelo seu
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contador.
9.2.3. A instituição não pode optar pelo SIMPLES NACIONAL.

10. Gestão da Câmara – software – Existem softwares no mercado para gerenciar


entidades de mediação e arbitragem. O CONIMA recomenda a utilização do
sistema da Adam Tecnologia – software específico para gestão da Câmara de
Arbitragem e Mediação.
Informações: www.adamsistemas.com
Contato: contato@adamsistemas.com
Fones: 47-3041-ADAM (2326); 47-3337-6354 e 47-9138-5043

O CONIMA permanece à disposição para esclarecer eventuais dúvidas e espera


contar, em breve, com associação da Câmara em nossos quadros.

Junho 2019
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