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AYAHUASCA E PSICOLOGIA: A conexão entre o chá sagrado da

Amazônia e a terapia moderna

Luiz Leandro da Silva 1


Terapia Cognitivo Comportamental de Alta Performance 2

RESUMO

A relação entre a ayahuasca e a psicologia moderna desperta interesse acadêmico devido aos
potenciais terapêuticos dessa bebida sagrada utilizada em rituais religiosos e de cura pelos
povos da Amazônia. Estudos têm explorado os efeitos psicoativos da ayahuasca na cognição,
emoção e percepção sensorial, revelando resultados promissores, como melhorias na depressão
e redução dos sintomas de ansiedade. No entanto, é necessária uma maior compreensão dos
efeitos e do uso seguro dessa substância por meio de mais pesquisas. No Brasil, a ayahuasca é
regulamentada para uso religioso, mas seu potencial terapêutico ainda precisa ser explorado.
Instituições acadêmicas, como o Instituto do Cérebro, têm investigado os efeitos da ayahuasca
na neurociência e seu potencial no tratamento da depressão. Apesar das promessas como
ferramenta terapêutica, são necessárias mais pesquisas e diretrizes claras para o uso da
ayahuasca em conjunto com abordagens terapêuticas convencionais.

Palavras-chave: Ayahuasca. Psicologia. Psicoterapias.

INTRODUÇÃO

Ao longo da história, o uso de chás e ervas tem sido uma prática comum nas diversas
culturas, com o intuito de encontrar alívio e cura para uma ampla gama de doenças e
desconfortos. Essas substâncias naturais, carregadas de propriedades medicinais, têm sido
valorizadas por suas potenciais propriedades terapêuticas. Acredita-se que a sabedoria popular,
transmitida de geração em geração, contenha conhecimentos valiosos sobre as propriedades

1
Graduado em Psicologia pela Faculdade Católica do RN. E-mail: luizleandro.silva@hotmail.com
2
Artigo apresentado ao Instituto Facuminas como requisito para obtenção do título de Pós-Graduação em Terapia
Cognitivo Comportamental de Alta Performance.
curativas das plantas. Atualmente, o interesse pela fitoterapia e pela medicina alternativa tem
crescido, impulsionado pela busca por abordagens mais holísticas e naturais para a saúde e o
bem-estar. Através do uso de chás e ervas, as pessoas encontram uma forma de conectar-se com
a natureza e explorar seu potencial curativo, buscando aliviar seus males de maneira mais suave
e harmoniosa com o corpo e a mente.
A ayahuasca é uma bebida sagrada utilizada por povos da Amazônia em rituais
religiosos e rituais de cura. Nos últimos anos, estudos têm explorado os efeitos dessa substância
psicoativa, contendo Dimetiltriptamina (DMT) e Harmalina, na cognição, emoção e percepção
sensorial (ROSSI, 2020, p. 36-37). No Brasil, a ayahuasca é legalmente utilizada em rituais
religiosos pela União do Vegetal (UDV), pelo Santo Daime, Barquinha e dissidências desses
seguimentos (MOREIRA; MACRAE, 2011, p. 510-512). O uso terapêutico da ayahuasca tem
sido investigado em pesquisas recentes, incluindo estudos de neuroimagem funcional que
revelam alterações na atividade cerebral e ensaios clínicos, que mostram melhorias na
depressão. Embora promissores, os estudos sobre a ayahuasca ainda são limitados e
controversos. A falta de regulamentação específica no Brasil dificulta sua utilização terapêutica
em conjunto com abordagens convencionais. Profissionais interessados em utilizar a ayahuasca
devem estar cientes dos riscos associados e conhecer medidas para minimizá-los. Pesquisas
adicionais são necessárias para compreender melhor os efeitos e o uso seguro dessa substância.

METODOLOGIA

Visando alcançar seu objetivo, este estudo vem explorar as relações entre a ayahuasca e
a psicologia, por meio de uma pesquisa descritiva, que utilizou artigos selecionados dos últimos
oito anos. A pesquisa descritiva é um tipo de estudo que busca descrever e analisar as
características de um determinado fenômeno ou situação. Segundo Gil (2019), “a pesquisa
descritiva é um dos tipos mais comuns de pesquisa social, e é geralmente utilizada quando se
deseja obter informações sobre determinados aspectos da realidade, como opiniões, atitudes,
comportamentos, entre outros”.
Para a seleção dos artigos, foram utilizadas as palavras-chave "ayahuasca", "psicologia"
e "psicoterapias", nas bases de dados do Google Acadêmico, Scielo, Plataforma Sucupira e
Pepsic. Os critérios de exclusão utilizados foram: artigos em idiomas diferentes do português e
inglês, artigos com enfoque em áreas diferentes da psicologia, que não tratem apenas sobre
ayahuasca, e artigos publicados antes de 2015. Os artigos selecionados abordaram diversas
questões relacionadas à ayahuasca e à psicologia, como o uso terapêutico da ayahuasca em
casos de depressão e ansiedade, os efeitos da ayahuasca na neurociência e a relação entre a
ayahuasca e a espiritualidade. Foi utilizado ainda, como complemento, o livro Eu venho de
longe, de Paulo Moreira e Edward MacRae. A pesquisa iniciou em maio de 2023 e foi finalizada
em junho do mesmo ano.

RESULTADOS

No Brasil, a cura e os aspectos terapêuticos são amplamente explorados em diversas


áreas, desde a medicina convencional até as práticas alternativas de cura. Na medicina
convencional, a cura é alcançada por meio de medicamentos, cirurgias e outras intervenções
médicas. Embora ainda haja desafios em relação ao acesso e regulamentação dessas práticas
alternativas, há uma crescente valorização das abordagens mais holísticas e integrativas, que
buscam tratar o indivíduo como um todo. O Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, através
da Portaria n° 971, de 3 de maio de 2006, que estabelece a Política Nacional de Práticas
Integrativas Complementares (PNPIC), vem inserindo terapias alternativas e complementares
em algumas unidades de saúde do país. A PNPIC tem como objetivo promover a ampliação do
acesso a essas práticas, bem como integrá-las ao modelo de atenção à saúde. Entre tais terapias,
estão a acupuntura, a homeopatia, a fitoterapia, a terapia floral, a medicina tradicional chinesa,
a yoga, a dança circular, a auriculoterapia, entre outras.
Em meio a tudo isso, na riqueza cultural do nosso país, encontramos a ayahuasca que é
uma bebida sagrada utilizada pelos povos da Amazônia há séculos, em cerimônias religiosas e
rituais de cura (MOREIRA; MACRAE, 2011, p. 87). Desde a década de 1980, a ayahuasca
começou a chamar a atenção da ciência moderna como uma ferramenta terapêutica para o
tratamento de diferentes transtornos mentais. No Brasil, a ayahuasca é legalmente utilizada em
rituais religiosos por três principais igrejas: a União do Vegetal (UDV), Santo Daime e
Barquinha. Neste artigo, vamos explorar a conexão entre a ayahuasca e a psicologia moderna,
investigando um pouco sobre a história da ayahuasca no Brasil e sua relação com a terapia.
A ayahuasca não é uma substância de prazer, e não leva à adição ou ao vício. Desde
2006, quando começamos a estudar seus aspectos neurocientíficos, percebemos que
várias pessoas que procuravam os centros religiosos vinculados à planta o faziam
porque o vegetal teria trazido algum tipo de benefício para suas vidas. Entre esses
benefícios, a cura ou o alívio da dependência de álcool, cocaína ou crack, assim como
da depressão ou do estresse pós-traumático. (RIBEIRO; ARAÚJO; BARROS, 2020,
p. 325).
De acordo com Moreira e MacRae (2011, p. 520-521), “O uso terapêutico que
tradicionalmente se atribui à Ayahuasca dentro dos rituais religiosos não é terapia, constitui-se
em ato de fé, não cabendo a intervenção do Estado conduta de pessoas, grupos ou entidades”.
A bebida contém substâncias psicoativas como Dimetiltriptamina (DMT) e Harmalina,
que podem afetar a cognição, a emoção e a percepção sensorial. No Brasil, a regulamentação
para uso religioso da Ayahuasca se dá através do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas
(CONAD), na Resolução nº 05 – CONAD, de 10 de novembro de 2004. Tal regulamentação se
dá devido ao princípio ativo contido na bebida, o Dimetiltriptamina (DMT), substância proscrita
no Brasil.
A ayahuasca é uma decocção de duas plantas: Psychotria viridis e Banisteriopses
caapi. P. viridis contém a triptamina psicodélica N,N-dimetiltriptamina (N,N-DMT),
cuja ação é mediada pelos receptores serotonina (5-HT2A) e sigma-1. B. caapi contém
β-carbolinas (harmalina, harmina e tetraidroharmina), que funcionam como agonista
monoaminérgico indireto devido à inibição da isoenzima monoamina oxidase (MAO).
Usuários regulares de ayahuasca em contextos religiosos têm apresentado baixo nível
de psicopatologias, baixos escores nas escalas estaduais relacionadas ao pânico e
desesperança, bem como bons desempenhos em testes neuropsicológicos cognitivos.
Além disso, essa bebida não apresenta tolerância à dose, ou seja, a diminuição do
efeito de uma droga ou medicamento pela exposição excessiva ou frequente do
paciente ao seu princípio ativo, e não é viciante.(FONTES; BARRETO, et al., 2018,
p. 2).
Tal princípio ativo, o DMT, encontra-se presente nas folhas da Chacrona (Psychotria
viridis), sendo necessário o seu cozimento junto ao cipó (Banisteriopses caapi), que possui
inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), os quais impedem a destruição das moléculas de
DMT pelas enzimas do estômago, quando ingeridas, proporcionando sua ação na corrente
sanguínea, alguns minutos após ingerida. Ayahuasca em quéchua, língua indígena peruana, quer
dizer “cipó das almas” ou vinho das almas.
As pesquisas em torno da bebida sagrada, vem ganhando espaço no meio acadêmico. O
Instituto do Cérebro (ICe), fundado em 2009, um centro de pesquisa da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), localizado em Natal-RN, é um centro de excelência em
neurociência e conta com uma equipe de pesquisadores altamente qualificados, incluindo
médicos, biólogos, psicólogos e outros profissionais de áreas afins. Em suas pesquisas mais
recentes, destaca-se a que abordou o uso da ayahuasca, num estudo de neuroimagem funcional,
que investigou as alterações na atividade cerebral de cinquenta indivíduos (PASQUINI;
FONTES; ARAUJO, 2020, p. 2). O estudo demonstrou mudanças significativas na
conectividade funcional de diversas regiões cerebrais, embora seja uma pesquisa voltada para
os efeitos neurofuncionais dessa substância. Os estudos do ICe, vem sugerindo que a ayahuasca
pode promover efeitos terapêuticos em algumas condições neuropsiquiátricas (PASQUINI;
FONTES; ARAUJO, 2020, p. 11).
Outra pesquisa do ICe investigou os efeitos da ayahuasca no tratamento da depressão.
O estudo consistiu em um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo,
no qual indivíduos com depressão foram tratados com a substância. "A ayahuasca atua
basicamente em receptores de serotonina, foram avaliados pacientes que não respondiam à
medicação antidepressiva tradicional, mas que com a ayahuasca, foi constatada a redução
significativa dos sintomas de depressão" (RIBEIRO; ARAÚJO; BARROS, 2020, p. 325).
Os resultados demonstraram que a ayahuasca foi segura e bem tolerada pelos
participantes, além de promover melhorias significativas nos sintomas depressivos. Ainda
segundo Ribeiro, Araújo e Barros (2020), “Elas relataram que se sentiam mais tranquilas, com
a mente mais serena.” (RIBEIRO; ARAÚJO; BARROS, 2020, p. 325). Além do ICe, outras
universidades brasileiras também possuem pesquisas sobre a ayahuasca. “Além disso, os efeitos
psicoativos da ayahuasca foram considerados leves e de curta duração, e nenhum efeitos
disfóricos foram relatados. De fato, os voluntários estavam calmos e relaxados sob os efeitos
da ayahuasca, considerando-a como uma experiência agradável” (OSÓRIO; SANCHES et al.,
2015, p. 18).
Alguns estudos como sugerem que a ayahuasca pode ser útil no tratamento de vários
transtornos mentais, incluindo depressão, ansiedade, estresse pós-traumático e dependência
química, bem como vem investigando a segurança, tolerabilidade, efeitos farmacocinéticos,
efeitos subjetivos e neurofisiológicos. (ARAÚJO; SANCHES; HALLAK, 2021; FONTES;
BARRETO et al., 2018; SANCHES; OSÓRIO et al., 2016). “Estudos experimentais em
humanos e avaliações de saúde mental de consumidores experientes de ayahuasca também
sugerem que a ayahuasca está associada a reduções nos sintomas de ansiedade e depressão.”
(SANTOS; OSÓRIO et al., 2016, p. 65).
No entanto, esses estudos ainda são limitados e controversos, pois, como em qualquer
campo de pesquisa, existem diferentes perspectivas e opiniões entre os estudiosos. Alguns
pesquisadores argumentam que a ayahuasca pode ser útil como uma ferramenta terapêutica,
mas que é necessária mais pesquisa para entender seus efeitos e como usá-la com segurança. O
seu uso deve ser realizado em ambientes controlados e por profissionais treinados para
minimizar os riscos e maximizar os benefícios potenciais. Para Rossi (2020, p. 31) “de forma
geral, a harmina e as β-carbolinas parecem possuir, assim como a DMT, diversos mecanismos
de ação simultâneos (muitos dos quais ainda foram pouco explorados) com potencial
terapêutico para diversas patologias”. No Brasil, ainda não há uma regulamentação específica
que permita que psicólogos e psiquiatras utilizem a ayahuasca em conjunto com abordagens
terapêuticas convencionais. Além disso, é importante que os profissionais que desejam utilizar
a ayahuasca em um contexto terapêutico estejam cientes dos possíveis riscos associados ao uso
da substância e saibam como minimizá-los.
A discussão em torno do uso terapêutico da ayahuasca tem despertado o interesse de
pesquisadores em diversas áreas, incluindo psicologia, psiquiatria, neurociência e antropologia.
Estudos têm investigado os efeitos da ayahuasca em condições como depressão, ansiedade,
transtorno de estresse pós-traumático e dependência química. Para Mercante (2013), “a
psicoterapia faz a catalisação do entendimento adquirido, seja nas sessões de ayahuasca, seja
em outros momentos do tratamento. Há também os “talleres”: yoga, arteterapia, psicodrama
etc.”
Uma pesquisa realizada por Santos, Osório et al. (2016, p. 200) avaliou os efeitos da
ayahuasca em pacientes com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Os resultados
mostraram que a ayahuasca foi capaz de reduzir significativamente os sintomas do TEPT e
melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Além disso, os participantes relataram uma
sensação de conexão espiritual e uma maior compreensão de suas experiências traumáticas.
A pesquisa pioneira conduzida por Mercante (2013, p; 547-550) indica que a ayahuasca
pode ser considerada uma ferramenta promissora para auxiliar na recuperação de indivíduos
com dependência de substâncias, proporcionando insights e experiências transformadoras que
contribuem para a superação do vício. Essas descobertas são consistentes com relatos de
usuários regulares da ayahuasca em contextos religiosos, que afirmam ter experimentado uma
diminuição na dependência de álcool, cocaína, crack e outros vícios, além de uma melhoria no
bem-estar emocional e na qualidade de vida (RIBEIRO; ARAÚJO; BARROS, 2020).
Mercante (2013, p. 547), em seu artigo, traz um relato interessante:
nesse mês em que fiquei observando, no período inicial, entre 10 e 15 dias, existe uma
forma de substituição da droga. Parece que quando ele [o dependente] chega, ele vai
atrás, a todo instante, do Conselheiro que serve o Vegetal, como se aquilo fosse uma
espécie de “onda”, de ele estar substituindo aquela sensação de relaxamento que a
droga dá pra ele pela “borracheira” que o Vegetal dá pra ele, e este seria um uso
inadequado do Vegetal. Mas a gente vê que isso é no início, quando ele não tem ainda
conhecimento dos ensinamentos da própria União do Vegetal, da religião. Mas isso
ajuda a desintoxicar de forma natural, trabalhando na ansiedade que o uso de drogas
dá, devido à abstinência.
No entanto, é importante ressaltar que a ayahuasca não é uma panaceia ou uma solução
milagrosa para todos os problemas de saúde mental. Seu uso terapêutico deve ser
cuidadosamente supervisionado por profissionais qualificados e treinados, que possam garantir
a segurança dos indivíduos e oferecer suporte adequado durante o processo.
Além disso, é necessário um diálogo amplo e inclusivo entre pesquisadores,
profissionais de saúde, comunidades indígenas e religiosas, legisladores e a sociedade em geral
para discutir e estabelecer diretrizes claras para o uso terapêutico da ayahuasca.
Com esse estudo, percebemos que a ayahuasca tem despertado interesse como uma
potencial ferramenta terapêutica para o tratamento de transtornos mentais. Os estudos
científicos têm mostrado resultados promissores, mas é necessária mais pesquisa para
compreender plenamente seus mecanismos de ação, sua eficácia em diferentes condições e os
possíveis efeitos colaterais.
A regulamentação adequada do uso terapêutico da ayahuasca é um desafio complexo,
envolvendo considerações legais, éticas e culturais. É fundamental garantir a segurança dos
indivíduos, respeitar as tradições culturais e estabelecer diretrizes claras para o treinamento e a
qualificação dos profissionais de saúde envolvidos.
Em última análise, a expansão da pesquisa científica e a abordagem cuidadosa do uso
terapêutico da ayahuasca podem oferecer novas perspectivas e opções terapêuticas para aqueles
que enfrentam desafios de saúde mental, mas é necessário um equilíbrio entre a inovação
terapêutica e a proteção dos indivíduos envolvidos.

CONCLUSÃO

Este estudo explorou a relação entre a ayahuasca e a psicologia, utilizando uma


abordagem descritiva e analisando artigos selecionados dos últimos oito anos. A pesquisa
revelou uma série de descobertas importantes sobre o potencial terapêutico da ayahuasca, bem
como suas características neurofisiológicas e seu uso em rituais religiosos.
Os resultados obtidos indicam que a ayahuasca tem sido associada a benefícios
significativos para a saúde mental, incluindo a redução dos sintomas de depressão, ansiedade,
estresse pós-traumático e dependência química. Estudos realizados em diferentes universidades
brasileiras, como o Instituto do Cérebro (ICe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
demonstraram os efeitos positivos da ayahuasca em pacientes com depressão, com melhorias
significativas nos sintomas e relatos de maior tranquilidade e serenidade.
No entanto, é importante reconhecer que as pesquisas sobre a ayahuasca ainda são
limitadas e controversas, e existem diferentes perspectivas entre os estudiosos. Alguns
argumentam que mais estudos são necessários para entender completamente os efeitos da
ayahuasca e a forma adequada de utilizá-la de maneira segura e eficaz. É crucial que seu uso
seja realizado em ambientes controlados e por profissionais devidamente treinados para
minimizar os riscos e maximizar os benefícios potenciais.
Além disso, é importante mencionar as dificuldades encontradas durante o percurso
metodológico deste estudo. A limitação dos estudos disponíveis, que se baseiam principalmente
em relatos de casos e estudos observacionais. Além disso, a regulamentação legal da ayahuasca
e sua utilização em contextos terapêuticos apresentam desafios éticos e legais, pois limita a
integração dessa abordagem com práticas terapêuticas convencionais. Sugiro que sejam
realizados esforços para desenvolver regulamentações adequadas que permitam a utilização
segura da ayahuasca como ferramenta terapêutica, em conformidade com os princípios
científicos e éticos.
Para avançar nesse campo, é fundamental investir em mais pesquisas e estudos clínicos
robustos, envolvendo uma abordagem interdisciplinar que integre a psicologia, a neurociência,
a medicina e a espiritualidade. A colaboração entre instituições de pesquisa, profissionais de
saúde e líderes religiosos pode ajudar a desenvolver diretrizes claras e seguras para o uso da
ayahuasca como complemento aos tratamentos convencionais.
É importante ressaltar que o uso da ayahuasca em pesquisas deve ser realizado com
cautela e seguindo todos os protocolos éticos e legais, já que a substância é considerada ilegal
em alguns países e pode trazer riscos à saúde.
Em conclusão, embora a pesquisa apresente algumas dificuldades metodológicas, a
conexão entre a ayahuasca e a psicologia é um tema promissor e emergente, que pode ter
importantes implicações para a prática clínica e para a compreensão da mente humana.
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