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ESCOLA FIRJAN SESI DUQUE DE CAXIAS

ANA BEATRIZ SOARES

FICHAMENTO DE HISTÓRIA
CAPÍTULO 39: DA REVOLUÇÃO RUSSA AO STALINISMO

DUQUE DE CAXIAS
2023
Vainfas, Ronaldo; Faria, Sheila de Castro; Ferreira, Jorge; Dos Santos, Georgina.
Conecte História - Volume Único. São Paulo: Saraiva S.A., 2014

Capítulo 39: Da Revolução Russa Ao Stalinismo

1. A crise do czarismo
“O governo czarista deflagrou um processo expansionista, que resultou na
construção de um vasto império. Dominando regiões e povos próximos e
assimilando várias culturas, o império da dinastia Romanov, [...] governado por um
monarca absolutista — o czar Nicolau II. Os camponeses eram explorados pelos
senhores rurais e enfrentavam miséria e fome [...].
No contexto do capitalismo europeu ocidental, o país era pobre e tinha
enormes desigualdades sociais. Camponeses e operários viviam situações de
extrema pobreza. Revoltas e greves eram constantes, embora fossem duramente
reprimidas pela polícia czarista. [...] Ocorreu o II Congresso do Partido Operário
Social-Democrata Russo na Bélgica. Os partidários de Martov tinham maioria, mas,
durante o Congresso, alguns se ausentaram momentaneamente, permitindo a Lênin
sair vitorioso.” (Página 558, 559)
- O “Domingo Sangrento”
“Revoltados com os baixíssimos salários, enfrentando fome e frio, 200 mil ope-
rários entraram em greve em São Petersburgo. Para tentar sensibilizar o czar, carre-
gando estandartes com imagens de santos, concentraram-se pacificamente em
frente ao Palácio de Inverno, pedindo pão e paz. A polícia abriu fogo contra a
multidão. [...]
A partir de então, as greves se multiplicaram e ocorreram várias revoltas
camponesas. Em uma pequena cidade perto de Moscou, os operários criaram um
conselho (soviete) — uma forma de organização original em que os trabalhadores
eram eleitos por seus colegas de fábrica, mas não tinham mandato fixo, podendo ser
destituídos a qualquer momento.
Pressionado pelas revoltas e pela derrota militar para os japoneses, o czar se
comprometeu a convocar um Parlamento (Duma) e fez referência à elaboração de
uma Constituição — reivindicação de todos os partidos políticos.” (Página 559)

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- Em ritmo de guerra
“Nicolau II cometeu um grave erro ao inserir a Rússia na Grande Guerra, [...]
Totalmente despreparado, [...] multiplicaram-se as derrotas do exército russo diante
de alemães e austríacos. No final do ano, faltavam alimentos, armas e munições nas
frentes de batalha e havia quatro milhões de soldados mortos, a maioria de origem
camponesa. A guerra gerou a desorganização da produção agrícola e industrial,
com a retração da economia e o crescimento do desemprego.” (Página 560)

2. As revoluções de 1917
“A situação tornou-se insustentável para o czar, com soldados desertando das
frentes de batalha, falta de alimentos e empobrecimento da população. Uma série de
greves teve início em 23 de fevereiro, com a crescente oposição de grupos liberais,
até que Nicolau II foi deposto [...]. O poder foi transferido para a Duma e formou-se
um governo provisório. [...]
Após a queda do czar, a Rússia mergulhou em um caos político. A Duma buscava
adotar uma política liberal, enquanto o soviete de Petrogrado radicalizava o
processo revolucionário, com levantes populares se multiplicando: os operários
reivindicavam melhores condições de vida e de trabalho”(Página 560, 561)
- O ato final
“Vários movimentos eclodiram na Rússia. [...] os mujiques passaram a tomar as
terras dos grandes proprietários, distribuindo-as entre si de maneira igualitária. No
Exército, os soldados, em sua maioria de origem camponesa, abandonaram a frente
de batalha para participar da mobilização no campo.
Outra face da revolução ocorreu nas cidades, com greves operárias e a formação de
novos sovietes. A partir do soviete de Petrogrado e de seu Comitê Militar
Revolucionário, [...] os bolcheviques ocuparam lugares estratégicos da cidade e
invadiram o Palácio de Inverno — sede do poder na Rússia. A Revolução Russa foi
considerada vitoriosa. [...] Quando o Congresso foi instalado, já havia um governo
formado sob a liderança do partido de Lênin. [...] No poder, os bolcheviques
atenderam às diversas reivindicações. Por meio de decretos, reconheceram o direito
dos camponeses à terra, dos operários nas fábricas e das diversas nações não
russas.” (Página 561)

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3. Os bolcheviques no poder
“Logo os bolcheviques monopolizaram o governo.Os bolcheviques atendiam ao
desejo geral do povo russo: a paz. Apesar de isso ser uma expectativa geral, muitos
bolcheviques deixaram o governo, considerando os termos do acordo Brest-Litovsk
humilhantes. [...] Segundo esse acordo, o governo bolchevique abriu mão de:
Finlândia, [...] Ucrânia, Polônia e outros territórios. A maior parte foi integrada ao
Império Alemão, ao Império Austro-Húngaro e ao Império Turco, importante e
tradicional inimigo da Rússia.
[...] Ao mesmo tempo, os sovietes foram perdendo a autonomia e o poder decisório,
transformando-se em instrumento para referendar as decisões do governo, assim
como aconteceu com os sindicatos, que também eram controlados pelos
bolcheviques. [...] Com essas medidas, os bolcheviques se mostravam cada vez
mais autoritários.” (Página 562)
- As consequências da guerra
“O governo revolucionário saiu vitorioso da guerra civil, mas passou a dirigir um país
arruinado. [...] recomeçaram as revoltas camponesas e, [...] , eclodiram greves
operárias em Petrogrado. [...] Os marinheiros da Fortaleza de Kronstadt [...]
apoiaram os operários em greve e lançaram um manifesto com uma série de
reivindicações. Eles exigiam democratização das instituições, voto direto e secreto
para renovar os sovietes, [...] investigação das denúncias sobre a existência de
campos de trabalhos forçados. Nessa época, todos os partidos políticos foram
proibidos, o que deu lugar a um regime de partido único: o Partido Comunista.
[...] Os bolcheviques acreditaram que a revolução na Rússia daria início a um
processo internacional, com movimentos similares na Europa, representando o
começo da revolução mundial. Mas nenhuma revolução socialista saiu vitoriosa na
Europa, [...] Portanto, era necessário tomar decisões para garantir a revolução e o
socialismo.” (Página 563)

4. A Nova Política Econômica (NEP)


“O governo adotou a chamada Nova Política Econômica — a NEP. Idealizada por
Vladimir Lênin, tinha como objetivo estimular a agricultura, combater a fome e
estreitar o vínculo do Partido Comunista com os camponeses, que representavam a
maioria da população. [...] Os camponeses foram obrigados a pagar um imposto
único sobre a produção, mas ganharam o direito de alugar terras, empregar mão de
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obra assalariada e vender os excedentes agrícolas pelo melhor preço de mercado,
dentro de certos limites fixados pelo Estado. [...] Somente a indústria pesada e os
sistemas de transporte, bancário e de crédito continuaram estatizados.
Em resumo, a NEP recuperou a produção agrícola, mas obteve pouco sucesso na
recuperação da indústria.” (Página 564)

- O fim da era Lênin


“No auge da NEP, [...] Lênin faleceu, [...] Desde os primeiros sinais da sua
enfermidade, seus prováveis sucessores entraram em dura disputa para substituí-lo.
Dois deles se destacaram ao longo do processo revolucionário como grandes
líderes: Joseph Stalin e Leon Trotsky.
O primeiro veio da militância de base e foi subindo na hierarquia do partido
conduzido por Lênin. [...] Trotsky, por sua vez, era um grande líder político; teve
papel de destaque na Revolução de 1917 e comandou o Exército Vermelho durante
a guerra civil. Mas sua liderança carismática acabou gerando, entre os membros do
partido, o receio de que ele se tornasse um ditador. Além disso, favorecia Stalin o
fato de ele sempre ter pertencido aos quadros bolcheviques e nunca ter discordado
de Lênin. Já Trotsky, antes da Revolução, atuava entre os mencheviques e em
várias ocasiões havia discordado de Lênin. [...]
Nas versões que ficaram para a posteridade, Trotsky defendeu que a “revolução era
internacional” e Stalin acreditava na “construção do socialismo em um só país”. [...]
Ao final, venceu o grupo de Stalin: para implantar o socialismo na URSS, era preciso
empreender a coletivização do campo e a industrialização acelerada. (Página 565,
566)

5. O modelo de socialismo soviético


“O governo de Stalin implantou o Primeiro Plano Quinquenal. No campo,
isso significava a coletivização, com a eliminação dos kulaks — proprietários rurais
que tinham no máximo 10 hectares de terra e alguns animais, como cavalos e
vacas, e eram responsáveis por grande parte da produção agrícola da URSS. A mão
de obra era familiar, acrescida de um ou dois trabalhadores assalariados. [...]
As terras coletivizadas poderiam se tornar cooperativas agrícolas ou fazendas
estatais. [...] 98% dos camponeses trabalhavam. Mas eles não tinham estímulos
para produzir. O que ganhavam era muito pouco. O resultado imediato foi a queda
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brusca da produção agrícola, que nunca se recuperou, apresentando números
sempre abaixo dos anteriores à coletivização. Em 1932 e 1933, a URSS
enfrentou uma nova onda de fome.” (Página 566)

- A industrialização
“A coletivização do campo deu início à segunda etapa da “construção do
socialismo”: a industrialização acelerada. [...] Grandes siderúrgicas e hidrelétricas
foram construídas, assim como canais, ferrovias, fábricas de tratores e de
automóveis e o metrô de Moscou. [...] Nesse período, foi exigido muito trabalho dos
operários. Mesmo com o trabalho excessivo, a população acreditou que os
sacrifícios do presente seriam compensados por progresso e bem-estar no futuro.
[...] O financiamento para a industrialização foi obtido com os impostos cobrados dos
camponeses e, principalmente, com a venda de trigo e outros bens primários para o
Ocidente. Mesmo com uma população carente de alimentos, o país exportava
produtos agrícolas para obter recursos usados na importação de máquinas,
equipamentos, tecnologia e engenheiros para a construção das fábricas [...] Porém,
como a prioridade dos investimentos ocorreu na indústria pesada, não havia
incentivo ao setor de bens de consumo, que foi relegado a segundo plano. Assim, a
indústria soviética não era capaz de atender às necessidades básicas de bens de
consumo da população.” (Página 567)

6. O Grande Terror
“Alegando que existiam inimigos infiltrados no partido, Stalin deu início a um
traumático processo conhecido como Grande Terror. Em 1936, começaram as
perseguições em massa e os expurgos no partido. Durante os dois anos seguintes
foram instaurados os chamados Processos de Moscou, incriminando líderes
bolcheviques que participaram da Revolução de 1917. Vítimas de torturas e
chantagens, eles confessaram crimes que não cometeram. Todos foram fuzilados
[...] Com o Grande Terror, Stalin deu um golpe de Estado: retirou do cenário político
muitos dos que lideraram a Revolução de 1917 e, em seu lugar, pôs uma nova
geração de dirigentes leais a ele. [...] A partir daí, as perseguições em massa
terminaram, mas a ação repressiva do Estado, a vigilância da polícia política aos
opositores do regime e os campos de concentração tornaram-se instituições do
modelo de socialismo soviético.” (Página 568)
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7. Stalin e o modelo de socialismo soviético
“Apesar da violência e dos traumas gerados pelo Grande Terror, o poder que Stalin
alcançou não pode ser explicado apenas pela repressão. Outros fatores devem ser
considerados, em especial a melhoria do nível de vida da população russa. [...]
O Estado assegurou condições mínimas de vida para a população nos setores de
habitação, vestuário, assistência médica e alimentação. A industrialização gerou
milhões de empregos, tanto para operários, como para técnicos de nível médio e
engenheiros. [...] Os jovens tiveram acesso a escolas, os homens conseguiram
empregos, e as mulheres, sobretudo nas áreas rurais, pela primeira vez puderam
estudar e trabalhar fora.
[...] No entanto, os grandes beneficiados pelo regime foram os altos funcionários do
Estado, [...] Com amplo apoio social, o Estado começou a produzir eloquente
propaganda enaltecendo Stalin. Sobretudo a partir de 1939, a propaganda chegou
ao apogeu — Stalin era chamado de “guia genial dos povos”, “construtor do
socialismo”, “pai dos povos”, “guia do proletariado mundial”, “melhor amigo das
crianças”, “maior gênio militar de todos os tempos” e “locomotiva da História”.
Talvez a melhor explicação para o sucesso de Stalin e de seu modelo de socialismo
soviético resida na conjugação de três fatores: o terror do Estado, que suprimiu as
oposições; o desenvolvimento econômico, que fortaleceu a indústria soviética; e a
ascensão social de milhões de pessoas favorecidas pelas políticas estatais” (Página
569)

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