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ANÁLISE DE FILME - O Sétimo Selo IIIII
ANÁLISE DE FILME - O Sétimo Selo IIIII
“E havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora. ” -Apocalipse (8:1)
2. FICHA TÉCNICA:
Produtor: Allan Ekelund.
Diretor: Ingmar Bergman.
Modo de Apresentação: Faz parte do movimento neo-expressionista e uma adaptação de
uma peça de teatro.
Ano: 1956
Duração: 1h 36m
3. TEMAS ABORDADOS:
Idade Média.
Cruzadas.
Peste negra.
Crenças religiosas.
4. ENREDO (SÍNTESE):
O Sétimo selo, basicamente narra trajetória de retorno do cruzado Antonius Block que partiu
para terra santa defender a cristandade, se decepciona profundamente com aquilo que se
depara, retorna a Suécia no século XIV, tendo uma Suécia transpassada pela peste bubônica,
onde se
depara com embates “encarniçados” e dolorosos com a sua própria fé, ou seja, ele busca
conversar com Deus, conhecer a natureza de Deus e “auscultar” o silencio de Deus.
A contribuição está na forma de compreensão de como agia a ordem eclesiástica, no século XIV, de
maneira com que possamos assumir ideias de como seria a mentalidade medieval, frente a eventos
caóticos como a peste negra. O medo da morte foi umas das imposições da Igreja como forma de
sustentar a devoção e a fidelidade à unidade católica. A peste negra, dessa maneira, acabou por ser uma
forma de fortificar o discurso da morte e da necessidade de impor a chamada “cólera divina”, de modo
com que a população buscasse uma salvação, a explicação da própria existência e do seu destino. A longa
metragem, desse modo, nos ajuda a compreender a relação entre a instituição eclesiástica e a população, a
mentalidade do medievo em lidar com a morte e procurar apelos religiosos para sanar as explicações, as
representações históricas (procissões com autoflagelação) e o simbolismo do discurso da Igreja. O filme,
portanto, pode ser usado como recurso didático para retratar os aspectos religiosos da Baixa Idade Média
(existência de Deus, Diabo e a morte) e refletirmos sobre os impactos que a peste negra causou nas
transformações sociais e culturais.
O filme, apesar retratar um contexto histórico e ser bem elaborado em questões técnicas, ambientais e
atmosféricos em sua temporalidade, ainda é uma manifestação audiovisual, com questões que não se
concentram, necessariamente, apenas no delineamento histórico. Vale lembrar que o Bergman propôs um
ambiente caótico e agonizante, com objetivo de criar a atmosfera sombria com as emoções e as
preocupações das personagens, materializando o ambiente sombrio. A peste negra assolou a Europa e
teve participação no obscurantismo que se conferiu na historiografia oficial. É necessária a análise e
interpretação dos impactos da doença e das relações culturais que se estabelecerem nesse período, a fim
de interpretar as possibilidades e as proporções que a peste negra tomou. Há, também, limitações na
forma com que o filme explica a dúvida da existência de Deus e a avaliação na forma com que as
personagens enxergam as implicações divinas. Todavia, haveria a necessidade de avaliar os outros grupos
religiosos e outras perspectivas que se difundiram no século XIV, que tinham outras visões, explicações
das razões da peste, dentre outros. A solução das figurações religiosas não é explorada ao seu desfecho,
havendo pontas soltas na discussão do domínio clerical e a aproximação do pensamento existencial.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Peste_Negra
R- Em meados dos séculos XIV a inquisição já tinha perdido bastante força, mais ainda
existia. Portanto se as pessoas que ali viviam, quisessem manter “suas cabeças em
segurança” tinham que frequentar a igreja, não se declarando ateu e não ser colocar
como cientista que contrariasse textos e condutas religiosos. Além disso no século XVI
ocorreu grande fome na Europa, ou seja, foi período de grande crise de alimentos na
Europa e continente inteiro passou fome, levando uma quantia significativa de mortes e
aqueles que sobreviveram a tal miséria teriam que enfrentar um desafio ainda maior, algo
ainda mais mortífero e cruel, a peste negra. A peste negra foi uma pandemia, ou seja, a
proliferação generalizada de uma doença, doença na qual era mortal e contagiosa,
tornando então na Europa um verdadeiro “inferno” na terra, durante três anos.
R- Devido a peste negra, a Europa foi um continente inteiro devastado pela peste
bubônica, resultando então em seu impacto sócio-econômico mundial, ocasionado pelo
grande número de mortos, tanto na Europa quanto na Ásia. Suponha-se que “a população
mundial tenha se reduzido de pouco mais de 400 milhões para 300 milhões, uma perda de
mais de 25%, as regiões mais afetadas foram a Florença, que perdeu 58% de sua
população, o Egito, que perdeu pouco mais de 40%, e as cidades alemãs de Bremen e
Hamburgo, que perderam mais de 60% cada uma”, de acordo com os dados publicados
pela Organização Mundial da Saúde. 31 de outubro de 2017.
R- Pela não existência de saneamento e outros, as pessoas que viviam na época não
tinham muito conhecimento do corpo humano e de suas reações e funcionamento, a
medicina e a tecnologia ainda estava bastante distante de acontecer, portanto houveram
dezenas de explicações enviadas pelas igrejas, cientistas, do governo e das pessoas
sobre a doença e como combatê-la, uma pior do que a outra. Na época que ainda era a
Idade Média a Europa inteira ainda era dominada pela a igreja católica, os judeus eram
tratados como escorra da sociedade e houveram pessoas e alguns religiosos que colocam
a “carga” da culpa encima deles, alguns homens das ciências relacionavam o surgimento
da doença com o alinhamento de alguns planetas a igreja por sua vez relacionava a
doença como um “castigo” de Deus e o melhor remédio para detê-la era a oração e
conversão. As pessoas “mais sensatas” mesmo estando erradas eram aqueles que
colocam a culpa no miasma, ou seja, o cheiro podre ou ar contaminado por coisas em
decomposição (caldáveis, lixos, fezes e outros), resultando então os “médicos da praga”
ou os “doutores da praga” pessoas vestidas integralmente de pretos usando chapéu ou um
gorro cobrindo a cabeça e utilizando mascaras lembrando basicamente um bicho de uma
ave, cobrindo todo o rosto, porém não resultou em nada, pelo fato da doença não ser
transmitida pelo ar como acreditavam.
Não existia nada que eles pudessem fazer em relação a cura da doença ou pela
prevenção das pessoas, haviam também os flagelantes que se puniam com chicotes e
outros, pela “queima” de seus pecados, ou seja, acreditavam que Deus estava castigando
o mundo por conta dos pecadores, eles viajavam pelas estradas visitando os vilarejos e
cidades enquanto se puniam golpeando as suas costas, porém esses atos de
golpeamento geravam feridas abertas que resultavam em mais contaminação. O “ato” que
obteve resultado, foram as quarentenas, algumas cidades que possuíam muralhas na
época simplesmente fechavam os seus portões, sendo assim ninguém entrava e saia da
cidade, resultando então em uma forma positiva para prevenção das pessoas sob a
doença, impedindo que a bactéria se espalhe e contaminasse os demais, porém os
fechamentos dos portões eram por conta, de acreditarem que a contaminação era do
“povo de fora”, ou seja de outros continentes, tal fato que acabou gerando um certo
preconceito, tanto racial e xenofóbico, mesmo depois que a peste negra foi “solucionada”
(não foi completamente extinta e sim regrediu). Portanto de 1343 a 1353, ou seja, 10 anos,
a peste negra matou entre 75 milhões e 200 milhões de pessoas só na Europa e sem
dúvidas foi um dos maiores desastres na história da humanidade e a maior pandeia que
houve.
4. Que mudanças aconteceram nas relações familiares durante este período?
R- Segundo o texto, os laços familiares se afrouxaram e o pânico social coletivo foi um dos
resultados da peste negra para a isolação dos ambientes familiares. O contato era feito raramente, as
pessoas que se infectavam era carecida de afetos e vínculos, ficando em dependência da caridade dos
outros habitantes. O pânico coletivo fez com que as pessoas abandonassem seus pertences e se
distanciassem dos aglomerados populacionais, bem como evitavam os contatos de pessoas próximas,
até mesmo de parentes, e se isolavam em outros lugares na tentativa da salvação.
R- A Igreja, como o texto relata, utilizou a explicação da punição divina para a penitência religiosa e
os atos de boa fé. A instituição eclesiástica impulsionou o homem no medievo a recear a morte e
procurar a salvação divina, pois seria sua única saída. As procissões de autoflagelamento
promovidas pela Igreja tiveram como intuito castigar a carne dos pecados, de forma com que essa
ação serviria para livrar da possibilidade da contaminação da peste, pois estaria redimido dos
pecados. A Igreja, em seu conjunto, não conseguiu manter a unidade do pensamento católico que se
teve na Baixa Idade Média. Muitos grupos religiosos observavam na peste negra uma maneira de
extravasar seus prazeres mundanos, de forma com que os dogmas deixassem de ser um centro para a
explicação religiosa.
“Os médicos da praga”
https://escolakids.uol.com.br/historia/peste-negra-na-europa-medieval.htm