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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E GERÊNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

PROGRAMA DE EXTENSÃO: CENTRO DE DESENVOLVIMENTO EM FINANÇAS

PROJETO: CENTRO DE CAPACITAÇÃO EM FINANÇAS

APOSTILA DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS


POR ÍNDICES PADRONIZADOS

Coordenador: Prof. Lisandro Fin Nishi

FLORIANÓPOLIS, SC

2010
INTRODUÇÃO

Esta apostila foi elaborada a fim de apresentar uma variação do método


descrito no livro “Análise Financeira de Balanços”, de Dante Matarazzo. Esta
variação foi desenvolvida pelo autor desta apostila, prof. Lisandro Fin Nishi, para o
Programa de Extensão denominado Centro de Desenvolvimento em Finanças. Este
Programa de Extensão é formado pelos seguintes Projetos:

� Centro de Capacitação em Finanças


� Centro de Estudos em Mercado de Capitais
� Índices Econômicos

O Programa visa desenvolver diversas atividades relacionadas às Finanças,


de forma a interligar o ensino com a pesquisa e a extensão universitária. O tema
finanças faz parte do cotidiano da sociedade, e não somente de empresas e
investidores. É neste sentido que o Programa foi desenvolvido, capacitando tanto
acadêmicos e profissionais como o público em geral, os fazendo aprender como
uma boa gestão financeira eleva o bem estar pessoal e familiar.

Esse método aqui apresentado tem como público – alvo acadêmicos e


profissionais de finanças, havendo um pré – requisito essencial: análise das
demonstrações financeiras. Para fins de análise de empresas suas demonstrações
financeiras são peças fundamentais. A análise através de índices permite uma visão
geral da realidade econômico - financeira da empresa de forma objetiva e rápida.
Nesta apostila apresenta-se o método de avaliação de empresas via índices
padronizados, utilizando o Balanço e a Demonstração do Resultado do Exercício
(DRE).
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Saber analisar as demonstrações financeiras de forma a extrair as


informações que se deseja é uma arte. Analistas de crédito necessitam, por exemplo,
precisam saber acerca da capacidade de pagamento da empresa. Um investidor do
mercado acionário pode estar buscando investir em empresas que apresentaram
lucros nos últimos exercícios, enfim, os dados das demonstrações financeiras são
peças de grande relevância para a tomada de decisão, e analisar a empresa sob a
ótica de índices serve para simplificar a análise sem que se perca a visão geral da
saúde econômico – financeira da empresa analisada. Entretanto, deve-se ter em
mente de que se trata de uma análise geral. Quem busca uma análise detalhada
necessita ir além do que o método de índices padronizados apresenta.

As demonstrações financeiras são compostas de quatro itens:

� Balanço Patrimonial;
� Demonstração do Resultado do Exercício;
� Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados;
� Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos.
BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial apresenta todos os bens e direitos da empresa em


determinado momento, e também suas obrigações. É portanto estático, uma
fotografia da empresa nesta data.

PASSIVO

ATIVO

PATRIMÔNIO
LÍQUIDO

APLICAÇÃO ORIGEM

O Ativo representa os bens e direitos de uma organização enquanto o


Passivo representa suas obrigações. O Patrimônio Líquido é obtido pela diferença
do Ativo e do Passivo.

PATRIMÔNIO
BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES = LÍQUIDO
A seguir, tem-se a composição do Ativo, Passivo e do Patrimônio Líquido,
grandes grupos do Balanço que serão utilizados no método de análise de empresas
por índices.

ATIVO

ATIVO CIRCULANTE

ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE

PASSIVO

PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

No quadro abaixo temos uma DRE conforme Matarazzo (2007):

RECEITA BRUTA DAS VENDAS E SERVIÇOS


(-) Devoluções
(-) Abatimentos
(-) Impostos
(=) Receita Líquida das Vendas e Serviços
(-) Custo das Mercadorias e Serviços Vendidos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas com Vendas
(-) Despesas Financeiras (deduzidas das Receitas Financeiras)
(-) Despesas Gerais e Administrativas
(-) Outras Despesas Operacionais
(+) Outras Receitas Operacionais
(=) Lucro ou Prejuízo Operacional
(+) Receitas não Operacionais
(-) Despesas não Operacionais
(+) Saldo da Correção Monetária
(=) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
(-) Participações de Debêntures
(-) Participação dos Empregados
(-) Participação de Administradores e Partes Beneficiárias
(-) Contribuições para Instituições ou Fundo de Assistência ou Previdência
de Empregados
(=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício
(=) Lucro ou Prejuízo por Ação

Fonte: Matarazzo (2007, p. 46)


A DRE mostra se a empresa foi eficiente, ou seja, se suas atividades estão
geraram lucro ou prejuízo. As receitas representam ingresso de elementos, como
duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transações, contribuindo no
aumento do Patrimônio Líquido. Entende-se por despesa o consumo de bens e
serviços que, direta ou indiretamente, ajuda a produzir uma receita, por meio da
redução do Ativo ou aumento do Passivo Exigível, contribuindo para com a redução
do Patrimônio Líquido. Vale lembrar que uma despesa não necessariamente é uma
saída de dinheiro, como é o caso da depreciação, que é uma despesa não
desembolsada. Assim na DRE uma receita ou despesa não necessita ter reflexo em
dinheiro, pois se trata de uma peça econômica e não financeira.

Quando o valor de receitas obtidas superarem as despesas incorridas, a


empresa obterá um resultado positivo no período contábil, que aumenta o
Patrimônio Líquido.
ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES

As demonstrações financeiras consistem em dados, que precisam ser


traduzidos em informações, para subsidiar a tomada de decisão.

Neste método serão utilizados alguns índices para a análise das


Demonstrações. Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das
Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação
econômica ou financeira de uma empresa.

O quadro a seguir mostra alguns cuidados que devem ser considerados ao se


fazer uma análise através de índices econômico - financeiros.

1 – Apenas um índice não fornece geralmente informação suficiente.


2 – Demonstrações financeiras sendo comparadas devem ser datadas do
mesmo período.
3 – Devem ser usadas demonstrações financeiras que passaram por uma
auditoria.
4 – Dados devem ser checados para ver a consistência do tratamento da
contabilidade.
5 – Inflação e diferentes idades dos ativos podem distorcer comparações de
índices.

Fonte: Gitman e Madura (2003)

Será exposto, a seguir, alguns índices importantes para a análise e avaliação


de empresas.
ÍNDICES DE LIQUIDEZ

Os índices de liquidez procuram medir quão sólida é a base financeira da


empresa e são importantes para avaliar a capacidade de pagamento da empresa.

LIQUIDEZ GERAL : LG

Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo


Fórmula: Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo


para cada R$ 1,00 de dívida total.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Tomando como base valores fictícios de um balanço, foi possível obter as


seguintes informações acerca da empresa:

2009 2008
LG 0,69 0,80
Em 2007, a empresa possui R$ 0,69 de bens e direitos de curto e longo prazo
para cada R$ 1,00 em dívidas de curto e longo prazo. O índice revela que, naquela
data, a empresa não conseguiria pagar a totalidade de suas dívidas, ou seja, os
atuais recursos são insuficientes.

Em relação ao ano anterior, o índice de liquidez geral da empresa apresentou


uma piora, já que antes a empresa possuía R$ 0,80 para cada R$ 1,00 em dívidas,
passando para 0,69 em 2009.

Para saber se o índice 0,69 é aceitável ou não, é preciso compará-lo com


padrões e empresas do mesmo setor.

LIQUIDEZ CORRENTE: LC

Fórmula:
_Ativo Circulante_
Passivo Circulante

Indica: quanto a empresa possui de bens e direitos de curto prazo para cada R$
1,00 de dívidas de curto prazo.

Interpretação: quanto maior, melhor.

2009 2008
LC 1,12 1,38

O índice mostra que, em 2009, a empresa possuía R$ 1,12 no Ativo


Circulante, para cada R$ 1,00 de dívidas do Passivo Circulante. Em outras palavras,
a empresa teria condições de pagar todas suas dívidas de curto prazo com recursos
de curto prazo.
A liquidez corrente da empresa piorou do ano de 2008 para o ano de 2009.

LIQUIDEZ SECA: LS

Ativo Circulante - Estoques


Fórmula: Passivo Circulante

Indica: quanto a empresa possui de Ativos Líquidos (bens e direitos de curto prazo
exceto estoques) para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo.

Interpretação: quanto maior, melhor.

2009 2008
LS 0,75 1,05

Sem utilizar seus estoques, a empresa possuía em 2009 R$ 0,75 para cada
R$ 1,00 de dívidas de curto prazo, ou seja, os recursos líquidos não são em sua
totalidade suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo. Em 2008, seu índice de
liquidez seca era melhor, pois poderia pagar suas dívidas e possuía uma folga de
5%.
ENDIVIDAMENTO

Fórmula: Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo__


Patrimônio Líquido

Indica: quanto a empresa possui de dívida de curto e longo prazo para com
terceiros para cada R$ 1,00 de Capital Próprio.

Interpretação: quanto menor, melhor.

2009 2008
0,5 0,4

Neste exemplo, em 2008 havia uma situação melhor em termos de


endividamento, pois para cada $100,00 de capitais próprios investidos havia $ 40,00
de capitais de terceiros, fato que se modificou em 2009, com uma piora na
composição do endividamento.

ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Os índices de rentabilidade mostram quanto renderam os investimentos e,


portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa.
RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE)

__Lucro Líquido__
Fórmula: Patrimônio Líquido

2009 2008
RPL 0,18 0,26

O índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido mostra qual a taxa de


rendimento do Capital Próprio. Em 2009, o capital investido pelos sócios rendeu 18%.
O índice, apesar de ter piorado em relação ao ano anterior, pode evidenciar um
retorno maior, por exemplo, do que a Caderneta de Poupança.

Na seção a seguir temos uma tabela com dados hipotéticos a fim de


exemplificar o uso do método com 5 índices (índices A a E). Nesta tabela temos 10
empresas (A a J). A interpretação dos índices é:

� A = quanto menor, melhor


� B = quanto maior, melhor
� C = quanto maior, melhor
� D = quanto maior, melhor
� E = quanto maior, melhor
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS –ÍNDICES PADRONIZADOS

Empresa ÍNDICE
A B C D E
A 66,40 0,60 0,90 6,40 0,50
B 55,10 1,40 1,80 -0,40 0,60
C 191,9 0,90 1,20 -2,80 1,30
D 705,8 0,90 1,20 1,20 1,20
E 41,60 2,40 2,60 6,50 1,50
F 62,60 1,10 1,60 9,60 0,90
G 118,7 1,70 1,00 -4,80 0,40
H 280,1 0,90 1,10 2,00 2,10
I 85,60 1,00 1,10 17,30 1,60
J 219,7 0,70 1,40 -3,60 0,70
maximo 705,8 2,40 2,60 17,30 2,10
minimo 41,60 0,60 0,90 -4,80 0,40

Para os índices que possuem interpretação “quanto maior, melhor”, aplicar a fórmula:

Índice = (Valor – mínimo)/(máximo – mínimo)

Para os índices que possuem interpretação “quanto menor, melhor”:

Índice = 1 - (Valor – mínimo)/(máximo – mínimo)


Após a aplicação da fórmula, os índices estão padronizados, conforme a
tabela a seguir. Note que é possível dar diferentes pesos para cada índice.

Empresa ÍNDICES PADRONIZADOS


A B C D E
A 0,96 0,00 0,00 0,51 0,06
B 0,98 0,44 0,53 0,20 0,12
C 0,77 0,17 0,18 0,09 0,53
D 0,00 0,17 0,18 0,27 0,47
E 1,00 1,00 1,00 0,51 0,65
F 0,97 0,28 0,41 0,65 0,29
G 0,88 0,61 0,06 0,00 0,00
H 0,64 0,17 0,12 0,31 1,00
I 0,93 0,22 0,12 1,00 0,71
J 0,73 0,06 0,29 0,05 0,18
Peso 0,10 0,10 0,20 0,30 0,30
Aplicando a média ponderada, temos a nota geral de cada empresa:

Empresa Índice
A 0,27
B 0,34
C 0,32
D 0,27
E 0,75
F 0,49
G 0,16
H 0,50
I 0,65
J 0,21
Agora é possível estabelecer o ranking. Qual é a melhor empresa?

Observações importantes

1) Nem todos os índices podem ser usados sem restrições. O Lucro Líquido /
Patrimônio Líquido, por exemplo, apresenta problemas quando a empresa está com
PL negativo. A interpretação deste índice é: quanto maior, melhor. Porém, uma
empresa com prejuízo e PL negativo apresentará índice positivo, levando a uma
interpretação errada! Assim empresas com PL negativo devem ser excluídas da
amostra.
2) Outro problema são as observações discrepantes. Uma empresa que apresente
um valor discrepante pode distorcer os resultados. Exemplo: Normalmente, valores
de Liquidez corrente situam-se entre 0 e 3. Se uma empresa apresenta
momentaneamente um valor 30, esta terá a nota 10, enquanto as demais ganharão
nota muito baixa, o que distorcerá os resultados. Nestes casos, as empresas com
observações discrepantes também podem ser excluídas, se for o caso. Para evitar a
subjetividade na verificação do que é uma observação discrepante, pode-se usar a
curva normal de probabilidades.

3 – Um método de padronização de índices que elimina este problema é enquadrar


os valores em decis, fazendo com que cada decil corresponda a uma nota. Porém
este método também possui as limitações descritas em (1), bem como não
diferencia as notas de empresas que caem no mesmo decil.

BIBLIOGRAFIA:

1. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem


básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
2. GITMAN, Lawrence Jeffrey; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma
abordagem gerencial. São Paulo: Addison Wesley, 2003.
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