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Direito Previdenciário

Prestações da Previdência Social: Benefícios em


Espécie I

Aula 3
Aposentadoria especial da pessoa
com deficiência
• A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 determina
que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e
direitos” e que “todos têm direito a igual proteção contra qualquer
discriminação”.

• Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República


Federativa do Brasil:
(...)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
• Lei 7.853/89 - Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência

• Lei 8.742/93 – “a pessoa portadora de deficiência é aquela


incapacitada para a vida independente e para o trabalho” (art. 20, §
2º redação original)
(...) a análise da deficiência partia de uma visão estritamente
médica e, portanto, unidimensional dos problemas que afligiam os
requerentes do amparo social. No exame pericial médico, não eram
avaliadas as condições pessoais ou sociais que pudessem
exacerbar as dificuldades daqueles que possuíssem deficiências
físicas, psíquicas, mentais, intelectuais ou sensoriais (...) é de se
ponderar que a visão médica preponderante na autarquia
previdenciária relativamente à constatação de uma incapacidade
para a vida independente era bem mais restritiva do que a da
incapacidade para o labor, sendo guiada pela impossibilidade de
realização de atividades de auto-cuidado, tais como higiene
pessoal, autonomia para vestir-se e andar, etc.
Súmula 29 TNU – “Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742,
de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela
que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas
também a impossibilidade de prover ao próprio sustento.”

• Decreto 3.298/99 – Lei 7.853/89: deficiência física, auditiva ou


visual.

• Decreto 5.296/2004 – Ampliação: deficiência física, auditiva,


visual, mental e múltipla.
Art. 4 É considerada pessoa portadora de deficiência a que se
enquadra nas seguintes categorias:

I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais


segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da
função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação
ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho
de funções;
II.- deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta
e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências
de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;

III.- deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual


ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a
baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória
da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor
que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições
anteriores;
IV - deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente
inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações
associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais
como:
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização dos recursos da comunidade;
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
g) lazer; e
h) trabalho;

V - deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências.


• Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e
Saúde (CIF), emitida pela Organização Mundial de Saúde (OMS);

Entende-se que as funções mentais e as estruturas do corpo não


são suficientes para a identificação de uma deficiência. É preciso,
além disso, verificar os chamados fatores contextuais, divididos em:

a) fatores pessoais (...)


b) fatores ambientais (...)

• Saúde – Proteção Social


• Art. 201, § 1º, da CF/88;

• Lei Complementar 142/2013;

• Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência: art. 41;

• Art. 201, § 1º, I, da CF/88;

• EC 103/2019;

• Ausência de nova Lei Complementar – art. 22 EC 103/2019.


Art. 22. Até que lei discipline o § 4º-A do art. 40 e o inciso I do § 1º do
art. 201 da Constituição Federal, a aposentadoria da pessoa com
deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social ou do
servidor público federal com deficiência vinculado a regime próprio de
previdência social, desde que cumpridos, no caso do servidor, o tempo
mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício no serviço público e de 5
(cinco) anos no cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria,
será concedida na forma da Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de
2013, inclusive quanto aos critérios de cálculo dos benefícios.
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime
Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
(...)
§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para
concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar,
a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos
da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em
favor dos segurados:

I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial


realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar;
(...)
• Instrução Normativa INSS/PRES 77/2015 - art. 409, § 4°;
Art. 409. Os recursos técnicos utilizados pelo Assistente Social são, entre
outros, o parecer social, a pesquisa social, o estudo exploratório dos
recursos sociais, a avaliação social da pessoa com deficiência aos
requerentes do Benefício de Prestação Continuada - BPC/LOAS,
estabelecida pelo Decreto n° 6.214, de 26 de setembro de 2007, e a
avaliação social da pessoa com deficiência em cumprimento ao disciplinado
na LC n° 142, de 2013.
§ 4º A avaliação social, em conjunto com a avaliação médica da pessoa
com deficiência, consiste num instrumento destinado à caracterização da
deficiência, e considerará os fatores ambientais, sociais, pessoais, a
limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social
dos requerentes do Benefício de Prestação Continuada da Assistência
Social
Conceito: “Art. 2º - Para o reconhecimento do direito à aposentadoria
de que trata esta Lei Complementar, considera-se pessoa com
deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. (LC
142/2013)

Art. 20, § 2º Lei 8.742/93 (LOAS)


Os impedimentos de longo prazo serão definidos por Ato Conjunto do
Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Recursos Humanos da
Presidência da República, dos Ministros de Estado da Previdência Social,
da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão e do Advogado-Geral
da União;

Portaria Interministerial AGU/MPS/MF/SEDH/MP n. 1, de 27/01/2014 –


“aquele que produza efeitos de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos, contados de forma
ininterrupta”.
• Avaliação da condição de deficiência;
• Grau;
• Aspectos médicos e funcionais;
• Perícia médica do INSS;
• Conceito de funcionalidade - Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde — CIF;

• Índice de Funcionalidade Brasileiro Aplicado para Fins de


Aposentadoria — IFBrA;
• Perícia complexa: CIF + CID-10
• Fatores ambientais e pessoais – funcionalidade e incapacidade;

• Deficiência preexistente - § 1º do art. 6º da LC/142: “a existência


de deficiência anterior à data da vigência desta Lei
Complementar deverá ser certificada, inclusive quanto ao seu
grau, por ocasião da primeira avaliação, sendo obrigatória a
fixação da data provável do início da deficiência”.

• Comprovação.
• Portaria Conjunta INSS/MDS 2, de 30 de março de 2015

Art. 5º Compete ao Assistente Social avaliar e qualificar os seguintes componentes e


domínios da Avaliação Social:
I - Fatores Ambientais, por meio dos domínios:
a) Produtos e Tecnologia;
b) Condições de Habitabilidade e Mudanças Ambientais;
c) Apoio e Relacionamentos;
d) Atitudes; e
e) Serviços, Sistemas e Políticas;
II - Atividades e Participação, por meio dos domínios:
a) Vida Doméstica;
b) Relações e Interações Interpessoais;
c) Áreas Principais da Vida; e
d)Vida Comunitária, Social e Cívica, com distintos pontos de corte para análise,
detalhados no Anexo III desta Portaria.
Art. 6º Compete ao Perito Médico Previdenciário avaliar e qualificar os seguintes
componentes e domínios da avaliação médica, com base na CIF:
I - Funções do Corpo, por meio dos domínios:
a) Funções Mentais;
b) Funções Sensoriais da Visão;
c) Funções Sensoriais da Audição;
d) Funções Sensoriais Adicionais e Dor;
e) Funções da Voz e da Fala;
f) Funções do Sistema Cardiovascular;
g) Funções do Sistema Hematológico;
h) Funções do Sistema Imunológico;
i) Funções do Sistema Respiratório;
j) Funções do Sistema Digestivo;
k) Funções do Sistema Metabólico e Endócrino;
l) Funções Geniturinárias e Reprodutivas;
m) Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas ao Movimento; e
n) Funções da Pele e Estruturas Relacionadas;
II - Atividades e Participação, por meio dos domínios:
a) Aprendizagem e Aplicação de Conhecimento;
b) Tarefas e Demandas Gerais;
c) Comunicação;
d) Mobilidade; e
e)Cuidado Pessoal, com distintos pontos de corte para análise, detalhados no Anexo
III desta Portaria.
Art. 7º - Se o segurado, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa
com deficiência, ou tiver seu grau de deficiência alterado, os
parâmetros mencionados no art. 3º serão proporcionalmente
ajustados, considerando-se o número de anos em que o segurado
exerceu atividade laboral sem deficiência e com deficiência,
observado o grau de deficiência correspondente, nos termos do
regulamento a que se refere o parágrafo único do art. 3º desta Lei
Complementar. (LC 142)
Aposentadoria especial por tempo de contribuição

• Não é exigida idade mínima;


• Comprovação do grau de deficiência;
• Tempo de contribuição:

Deficiência grave - 25 anos (HOMEM) e 20 anos (MULHER).


Deficiência moderada - 29 anos (HOMEM) e 24 anos (MULHER).
Deficiência leve - 33 anos (HOMEM) e 28 anos (MULHER).
ATENÇÃO
• Aposentadoria Especial x Aposentadoria Especial da Pessoa com
Deficiência;
• Art. 70-F do Decreto 3.048/99 - atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física;
• Art. 70-F, § 1º do Decreto 3.048/99 – conversão do tempo
Carência - Decreto 8.145/13)
• Art. 70-F, § 2º do Decreto 3.048/99 – aposentadoria especial;
MULHER
MULTIPLICADORES
TEMPO A CONVERTER Para 15 Para 20 Para 24 Para 25 Para 28
De 15 anos 1,00 1,33 1,60 1,67 1,87
De 20 anos 0,75 1,00 1,20 1,25 1,40
De 24 anos 0,63 0,83 1,00 1,04 1,17
De 25 anos 0,60 0,80 0,96 1,00 1,12
De 28 anos 0,54 0,71 0,86 0,89 1,00
HOMEM
MULTIPLICADORES
TEMPO A CONVERTER
Para 15 Para 20 Para 25 Para 29 Para 33
De 15 anos 1,00 1,33 1,67 1,93 2,20
De 20 anos 0,75 1,00 1,25 1,45 1,65
De 25 anos 0,60 0,80 1,00 1,16 1,32
De 29 anos 0,52 0,69 0,86 1,00 1,14
De 33 anos 0,45 0,61 0,76 0,88 1,00
Aposentadoria especial por idade

• 60 anos de idade (HOMEM) ou 55 anos de idade (MULHER);

• 15 anos de contribuição e comprove a situação de deficiência em


igual período;

• Independe do grau de deficiência;


ATENÇÃO

• Vagas especiais (PCDs)?

• Perícia

• Carência: 180 meses;

• Lei não faz distinção entre as classes de segurado;

• Segurado especial - art. 199 e § 2º do art. 200 do Decreto


3.048/99;
Cálculo:

• Por tempo de contribuição: média aritmética simples de todos os salários


de contribuição (100%) do período contributivo a partir da competência
julho/1994 (art. 26 EC 103/2019);

• Por idade: 70% mais 1% do salário de benefício por grupo de 12


contribuições mensais até o máximo de 30% + art. 26 EC 103/2019;

• Não entra na regra dos pontos;

• Fator previdenciário;
Ofício Circular nº 64/2019 – “Ficam mantidas as concessões da
aposentadoria por idade rural – agora chamada de aposentadoria
do trabalhador rural e do garimpeiro – e as aposentadorias da
pessoa com deficiência da Lei Complementar nº 142, de 08 de maio
de 2013, nas mesmas condições anteriormente previstas, inclusive
quanto ao seu valor observadas, no entanto, as novas regras
quanto à formação do Período Base de Cálculo – PBC tratadas
neste Ofício-Circular”.
Visão monocular – Decreto nº 10.654/2021: Art. 1º Este Decreto
dispõe sobre a avaliação biopsicossocial da visão monocular para
fins de reconhecimento da condição de pessoa com deficiência.

Art. 2º A visão monocular, classificada como deficiência sensorial,


do tipo visual, pelo art. 1º da Lei nº 14.126, de 22 de março de 2021,
será avaliada na forma prevista nos § 1º e § 2º do art. 2º da Lei nº
13.146, de 6 de julho de 2015, para fins de reconhecimento da
condição de pessoa com deficiência.
Visão monocular – Lei nº 14.126/2021: Art. 1º Fica a visão
monocular classificada como deficiência sensorial, do tipo visual,
para todos os efeitos legais.

Parágrafo único. O previsto no § 2º do art. 2º da Lei nº 13.146, de 6


de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), aplica-se à
visão monocular, conforme o disposto no caput deste artigo.
Súmula 377 STJ: “O portador de visão monocular tem direito de
concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos
deficientes”.

Súmula 552 STJ: “O portador de surdez unilateral não se qualifica


como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas
reservadas em concursos públicos”.
Para que seja considerada deficiência auditiva, o Decreto nº
3.298/99 exige que a surdez seja bilateral (art. 4º, II).

E ao definir deficiência visual (art. 4º, III), o Decreto não exige que a
cegueira seja nos dois olhos.
Direito Previdenciário
Prestações da Previdência Social: Benefícios em
Espécie I

Obrigada

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