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FACULDADE SANTA TERESA

ALUNA: SARA VIRGINIA REIS DO CARMO


MATRÍCULA: 2252084
MATÉRIA: PSICOLOGIA E TERAPIA FAMILIAR
DATA: 25/09/2023
LIVRO: TERAPIA FAMILIAR CONCEITOS E MÉTODOS
CAPÍTULO 6: TERAPIA FAMILIAR ESTRATÉGICA

RESENHA

O texto aborda a evolução da terapia familiar estratégica ao longo do tempo,


destacando sua origem na cibernética e teoria dos sistemas nas décadas de 1970 e 1980.
Inicialmente, essa abordagem enfatizava a resolução de problemas de forma pragmática
e muitas vezes manipuladora para superar a resistência das famílias. No entanto, ao
longo dos anos, a terapia familiar estratégica foi substituída por abordagens mais
colaborativas e orientadas para a solução, que enfatizavam a mudança inspiradora em
vez de manipulação. Embora figuras importantes como Jay Haley e Mara Selvini
Palazzoli tenham introduzido insights valiosos, essa abordagem acabou perdendo
destaque à medida que novos modelos terapêuticos ganharam predominância,
destacando a evolução e mudança no campo da terapia familiar ao longo das décadas.

No decorrer das décadas, a terapia familiar estratégica, baseada em princípios da


cibernética e teoria dos sistemas, passou por uma evolução significativa. Inicialmente
caracterizada por sua abordagem pragmática e, por vezes, manipuladora na resolução de
problemas familiares, essa abordagem cedeu espaço a modelos terapêuticos mais
colaborativos e orientados para a solução nas décadas de 1990 em diante. Embora
figuras notáveis como Jay Haley e Mara Selvini Palazzoli tenham introduzido insights
importantes, a terapia estratégica perdeu destaque à medida que a terapia familiar
evoluiu em direção a abordagens mais inspiradoras e colaborativas, marcando uma
mudança significativa na forma como os terapeutas lidam com as dinâmicas familiares e
os desafios de mudança.

Além dos axiomas da comunicação humana e dos conceitos de circuitos de


feedback positivo, a terapia familiar estratégica também se distingue por seu foco na
função dos comportamentos problemáticos dentro do contexto familiar. Essa abordagem
busca entender não apenas o conteúdo das mensagens, mas também os comandos
subjacentes que definem os relacionamentos familiares. Ao reconhecer que todas as
mensagens têm uma função de relato e de comando, os terapeutas estratégicos podem
identificar como os comportamentos individuais afetam dinâmicas familiares mais
amplas. Por exemplo, um comportamento aparentemente desafiador de um filho pode
ser uma maneira de comandar a atenção ou o cuidado dos pais. Essa compreensão
profunda das mensagens familiares ajuda os terapeutas a reformular e redesenhar as
regras que governam as interações familiares, abrindo caminho para a mudança.

Outro aspecto fundamental da terapia familiar estratégica é a ênfase na


hierarquia e na estrutura familiar. Jay Haley, um dos pioneiros dessa abordagem,
destacou a importância das hierarquias parentais adequadas no funcionamento familiar.
Ele argumentou que muitos problemas familiares estão relacionados a hierarquias
parentais disfuncionais e que a perturbação de um indivíduo está diretamente
relacionada ao número de hierarquias defeituosas nas quais ele se insere. Portanto, além
de identificar os circuitos de feedback positivo que perpetuam os problemas familiares,
os terapeutas estratégicos também se concentram em ajustar as dinâmicas de poder e
autoridade dentro da família para promover uma estrutura mais saudável e funcional.
Essa abordagem de reorganização hierárquica visa criar um ambiente onde os membros
da família possam se relacionar de maneira mais eficaz e adaptativa, reduzindo assim a
necessidade de sintomas ou comportamentos problemáticos como mecanismos de
adaptação disfuncionais.

A discussão sobre o desenvolvimento familiar normal destaca uma divergência


de abordagens entre os diferentes grupos terapêuticos. Enquanto o grupo do MRI e o
grupo de Milão adotavam uma postura de relativa neutralidade em relação ao que
consideravam normal ou anormal nas dinâmicas familiares, Jay Haley se destacava por
sua visão mais prescritiva sobre o funcionamento adequado das famílias. Haley
acreditava que as famílias deveriam reorganizar-se em estruturas mais funcionais,
caracterizadas por fronteiras claras e uma hierarquia geracional bem definida. Essa
abordagem reflete a ênfase de Haley na correção de hierarquias parentais disfuncionais
como parte fundamental do processo terapêutico. Portanto, essa divergência de
perspectivas em relação à normalidade familiar destaca a diversidade de abordagens na
terapia familiar estratégica, desde a neutralidade até uma visão mais prescritiva sobre o
que é considerado um funcionamento familiar saudável.
Sendo assim, a abordagem terapêutica baseada na teoria das comunicações,
como exemplificada pelo grupo de Palo Alto, via os sintomas como mensagens que
refletiam um contexto patológico dentro do sistema familiar. Essa perspectiva
representou uma evolução em relação à visão anterior que simplesmente culpava os pais
por vitimizar os filhos. Agora, os sintomas eram compreendidos como respostas
adaptativas dentro do ambiente disfuncional da família, sendo uma forma de lidar com
desafios e manter a homeostase do sistema familiar. Dessa forma, os sintomas não eram
mais apenas atribuídos a problemas de comunicação na família, mas eram vistos como
estratégias que os membros da família empregavam para lidar com as complexas
dinâmicas familiares. Essa perspectiva levou ao reconhecimento de várias formas de
comunicação patológica, como a negação da comunicação, a desqualificação das
mensagens alheias, a confusão de níveis de comunicação e outras, destacando a
complexidade das interações familiares disfuncionais.

A evolução das abordagens terapêuticas na terapia familiar se reflete nas


diferentes atitudes em relação aos objetivos da terapia. Enquanto o grupo do MRI
adotava uma abordagem minimalista, buscando resolver o problema apresentado e
encerrando o tratamento quando o problema era resolvido, o grupo de Haley tinha como
objetivo uma reorganização estrutural da família, principalmente em termos de
hierarquia e fronteiras geracionais, que estivessem diretamente ligadas ao problema em
questão. Essa abordagem era mais focada na mudança comportamental do que no
insight dos clientes.

Por outro lado, o grupo de Milão inicialmente foi influenciado pelos modelos do
MRI e de Haley, mas desenvolveu uma abordagem que se concentrou em expor e
interromper os jogos familiares disfuncionais. No entanto, quando houve uma divisão
no grupo de Milão, os terapeutas como Luigi Boscolo e Gianfranco Cecchin mudaram
sua abordagem para uma postura mais colaborativa, na qual não tinham objetivos
específicos ou estratégias definidas. Eles passaram a colaborar com as famílias para
criar hipóteses sistêmicas sobre seus problemas e adotaram uma atitude de
"curiosidade" em relação às famílias. Essa mudança filosófica resultou em uma
abordagem terapêutica mais flexível e exploratória.

Essas diferentes perspectivas refletem a diversidade de abordagens dentro da


terapia familiar e como a evolução dessas abordagens ao longo do tempo tem
influenciado a maneira como os terapeutas definem e buscam alcançar os objetivos
terapêuticos.

A leitura também destaca a ênfase nas suposições subjacentes aos modelos de


terapia estratégica, incluindo a ideia de que os problemas persistem devido a
comportamentos mantidos por clientes e outros envolvidos. A avaliação nesses modelos
concentra-se em definir os problemas de forma específica, entender quem tentou
resolvê-los e como, e explorar o ganho interpessoal do comportamento problemático. A
abordagem de Haley também considera arranjos estruturais na família, como triângulos
patológicos, enquanto o modelo de Milão busca hipóteses sobre a função protetora do
problema para a família. No geral, a avaliação emerge como um passo crucial na
compreensão das dinâmicas familiares e na identificação de estratégias terapêuticas
eficazes.

Desse modo, o texto também descreve as técnicas terapêuticas aplicadas na


terapia das comunicações, com foco nas abordagens estratégicas de Haley, Madanes e
do Modelo de Resolução de Problemas (MRI). Inicialmente, a terapia das comunicações
concentrou-se em ensinar regras de comunicação e manipular interações para promover
a mudança nas famílias. Isso envolveu a ênfase na comunicação clara e direta, onde os
terapeutas insistiam em que os membros da família falassem na primeira pessoa,
expressassem suas opiniões como opiniões e falassem diretamente uns com os outros.

A evolução das técnicas terapêuticas passou da abordagem direta para


estratégica, reconhecendo que as famílias muitas vezes resistem à mudança. As
intervenções estratégicas incluíram reenquadrar problemas, usar diretivas para
direcionar o comportamento da família e, às vezes, adotar intervenções paradoxais,
como prescrever sintomas para expor a dinâmica subjacente aos problemas. As técnicas
de faz-de-conta também foram aplicadas, onde a família fingia comportamentos para
mudar as dinâmicas disfuncionais.

A abordagem de Haley foi destacada, enfatizando sua ênfase em reenquadrar


problemas, iniciar bem o tratamento e usar diretivas específicas adaptadas a cada caso.
Madanes também foi mencionada por sua abordagem inovadora de fazer com que a
família realize dramatizações para ajudar a resolver problemas, como o caso dos
terrores noturnos. Em resumo, o texto descreve um conjunto abrangente de técnicas
terapêuticas usadas na terapia das comunicações, demonstrando a evolução das
estratégias para promover mudanças nas famílias.

Por fim o livro detalha como é a avaliação das teorias e dos resultados, o qual
especifica que a avaliação da terapia familiar das comunicações, apresentada neste
texto, destaca a sua importância como uma abordagem inovadora que revolucionou a
terapia familiar. Esta abordagem trouxe à tona a essência do processo comunicativo nas
dinâmicas familiares, enfatizando a forma e o impacto das interações mais do que o
conteúdo em si. A noção de que todo comportamento é comunicativo e a ênfase na
necessidade de consultoria de especialistas em comunicação para compreender as regras
familiares foram contribuições significativas.

No entanto, a avaliação também aborda os desafios enfrentados pela terapia


estratégica, incluindo a crítica quanto a aspectos manipulativos e a necessidade de
manter um equilíbrio entre a técnica e a empatia terapêutica. Observa-se uma mudança
de foco para abordagens mais colaborativas na terapia familiar contemporânea,
enquanto os aspectos valiosos da terapia estratégica, como a definição clara de objetivos
terapêuticos e a compreensão das sequências de interação, não devem ser esquecidos. A
evolução e a integração das ideias estratégicas em abordagens narrativas e
contemporâneas demonstram que, mesmo em um cenário terapêutico em constante
transformação, há espaço para a inovação e a adaptação das raízes estratégicas no século
XXI.

Destarte, a terapia das comunicações é uma abordagem estratégica que se


concentra na identificação e mudança dos padrões de comunicação disfuncionais em
famílias. Tanto o modelo do MRI quanto a abordagem de Haley e Madanes empregam
diretivas terapêuticas, mas diferem em termos de estrutura e adaptação às necessidades
individuais da família. Ambas as abordagens têm como objetivo ajudar as famílias a
melhorar sua comunicação e resolver problemas inter-relacionados.

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