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UNIVERSIDADE FEDERAL DE

SÃO JOÃO DEL-REI

ENERGIAS RENOVÁVEIS – TE

ENERGIA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Professor: Eduardo Moreira Vicente


Sumário
Sumário
1. Internalização de custos ambientais

2. Setor elétrico na América Latina

3. Comparação de impactos ambientais das diferentes


tecnologias

4. Mitigação da mudança climática

5. Bibliografia

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Internalização de custos ambientais

Nos ambientes liberalizados costuma-se introduzir


mecanismos do tipo indireto, a fim de evitar restrições diretas
ao mercado. Por meio destes mecanismos, pretende-se
internalizar os custos ambientais ao nível de demanda da
sociedade, sem interferir diretamente no funcionamento dos
mercados energéticos.

Em outras ocasiões, a sociedade não admite


determinados impactos, e o poder político proíbe
“diretamente” o desenvolvimento da atividade ou fabricação do
produto, impondo determinadas qualidades mínimas aos
combustíveis, como ocorre, por exemplo, no caso da tradicional
gasolina super (com chumbo), cuja comercialização foi proibida
nos países da União Europeia a partir de 2002.
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Internalização de custos ambientais
Os instrumentos mais importantes de internalização dos
custos ambientais são:

 Instrumentos de tipo fiscal, como tributos, impostos e taxas


ambientais, associados à atividade de transformação
potencialmente contaminante; às emissões de contaminantes
ou ao uso e consumo de energia. Estes instrumentos são
contemplados como deduções, abatimentos e subvenções às
atividades menos contaminantes.

 Instrumentos de mercado, como o comércio de direitos de


emissão (SO2 ou CO2), os leilões de capacidade de energia
renovável ou os certificados verdes.

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Internalização de custos ambientais

 Instrumentos de tipo econômico, como os incentivos


econômicos que pretendem fomentar a transformação
tecnológica, favorecendo as atividades com menor impacto
ambiental relativo, como são os prêmios para as energias
renováveis, a cogeração ou os programas de gestão da
demanda.

 Outros instrumentos são o fomento da informação ao


consumidor (por exemplo, informação sobre a mistura de
geração de eletricidade e as emissões associadas), a
formalização de acordos voluntários entre empresas e
administrações, ou o marketing verde (green pricing).

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Internalização de custos ambientais

Que tipo de medida de Internalização


de Custos é possível citar em relação
ao Brasil?

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Setor elétrico na América Latina

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Setor elétrico na América Latina

A capacidade instalada de geração elétrica na América


Latina, em 2010, foi de 307.131 MW, dos quais
aproximadamente a metade (49,8%) corresponde a centrais
hidroelétricas, 47% a térmicas, 0,5% a geotérmicas, 1,4% a
nucleares e 1,14% a outras tecnologias, dentre as quais se
encontram as energias eólica e fotovoltaica. A Figura 1 mostra a
estratificação de cada tipo de energia nos países da Região.

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Setor elétrico na América Latina

Fig. 1 – Extrato da capacidade instalada de geração elétrica de cada país da Região (2010).
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Setor elétrico na América Latina

Fig. 2 – Geração de Energia Elétrica Mundial por fonte (2014). 10


Setor elétrico na América Latina
- Resíduos radioativos

Outro impacto ambiental de grande repercussão social é


o armazenamento dos resíduos procedentes de centrais
nucleares.

A América Latina, ainda que em menor escala do que a


Europa, também enfrenta a problemática de encontrar
depósitos definitivos para seus resíduos atômicos. Atualmente,
existem centrais nucleares funcionando na Argentina, Brasil,
México, Colômbia e Chile.

No Brasil, 3,1% do fornecimento total de eletricidade é


gerado pela energia atômica. Os brasileiros possuem atualmente
duas usinas nucleares e uma em construção.
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Setor elétrico na América Latina

Fig. 3 – Usina de Angra 3 que encontra-se em construção.


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Setor elétrico na América Latina

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Setor elétrico na América Latina
A Argentina foi precursora desta tecnologia, pois neste
país se instalou a primeira central atômica do continente, em
1974. Hoje, conta com duas plantas nucleares em
funcionamento e uma terceira em construção.

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Fig. 4 – Usina nuclear Atucha 1 na Argentina.
Setor elétrico na América Latina
A Central Nuclear Laguna Verde, localizada em Punta
Limón, Veracruz, é a única central nuclear mexicana e gera 4%
do fornecimento elétrico total do país.

Fig. 5 – Central Nuclear Laguna Verde no México. 15


Setor elétrico na América Latina

Em relação ao Brasil, você considera


viável o investimento em Energia
Nuclear?

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Setor elétrico na América Latina
- Demanda de energia

Nos países que liberalizaram sua indústria elétrica,


continua-se fomentando programas e mecanismos de gestão da
demanda que adotam diversos modelos, variando da promoção
da informação ao consumidor à concessão de um incentivo ou
crédito para a aquisição de equipamentos eficientes, com o
objetivo de conseguir uma economia energética. As vezes são
utilizados mecanismos de mercado para alocar os incentivos.

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Setor elétrico na América Latina
- Redes de transporte e distribuição

As distintas normativas do setor elétrico estabelecem que


as solicitações de autorizações para instalações de transporte de
energia elétrica deverão comprovar, dentre outros requisitos, o
adequado cumprimento das condições de proteção do meio
ambiente. Exige-se, também, o cumprimento de disposições
relativas ao meio ambiente com relação a instalações de
distribuição.

Submeter as atividades de construção à avaliação de


impacto ambiental demanda a elaboração de uma Declaração
de Impacto Ambiental, que identifica os possíveis impactos
(físico, biológico e socioeconômico) que a atividade pode causar.

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Setor elétrico na América Latina
- Setor do gás

Ainda que também seja utilizado como matéria prima na


indústria química, o principal uso do gás natural é como
combustível. Dos combustíveis fósseis, o gás natural é o mais
limpo, pois foram desenvolvidos para sua utilização final
equipamentos e novas tecnologias com rendimentos elevados.

Sua combustão, como a dos demais combustíveis fósseis,


produz principalmente CO2 e vapor de água. O motivo de ser
qualificado como “mais limpo” se deve à sua composição
química. A proporção de hidrogênio/carbono é maior do que
nos outros combustíveis.

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Setor elétrico na América Latina

Fig. 6 – Reservas de gás natural no mundo (2003).


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Setor elétrico na América Latina

Isto resulta em emissões de CO2 de 25-30% mais baixas


em comparação com o petróleo, e 40-50% menores do que o
carvão, por unidade de energia produzida. Considerando a alta
eficiência dos processos de combustão do gás natural e as
avançadas tecnologias de recuperação de calor dos mesmos, as
proporções de contaminação emitidas são ainda menores.

Com relação ao óxido de nitrogênio (NOx) e ao dióxido de


enxofre (SO2), o gás natural contém pouco enxofre, de modo que
suas emissões de SO2 são insignificantes quando comparadas
com as quantidades emitidas pelo petróleo ou o carvão. Do
mesmo modo, as emissões de NOx são pequenas,
principalmente devido à utilização de queimadores de baixo NOx.
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Setor elétrico na América Latina
Durante a etapa de extração do gás, os impactos
produzidos no meio ambiente são restritos, resumindo-se na
modificação da paisagem, na produção de ruídos e na geração
de restos vegetais e inertes, derivados do processo.

Para seu consumo, o gás natural não demanda


complicados processos de transformação, pois utiliza
praticamente o mesmo estado de extração.

Quando o transporte é realizado em forma de GNL (Gás


Natural Liquefeito), através de tanques de gás, o gás sofre um
processo de liquefação e posterior re-gaseificação. A principal
repercussão ambiental é um aumento do consumo de energia
utilizado na liquefação e re-gaseificação.

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Setor elétrico na América Latina
O impacto ambiental mais importante ocorre durante a
construção de redes de gasodutos. Para a redução de impactos
deve-se proteger as áreas de alto valor ecológico na escolha do
traçado, preservar a fauna, reduzir a largura da pista de
trabalho, proteger os leitos hídricos e restaurar o meio após a
finalização das obras.

O armazenamento de gás natural é normalmente


subterrâneo e, para tanto, opta-se por formações geológicas
naturais com características semelhantes a das jazidas, não
afetando, assim, o ecossistema.

Os mercados de gás natural mais avançados são os da


Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile e México.

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Setor elétrico na América Latina

Fig. 7 – Construção de um gasoduto.


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Setor elétrico na América Latina

Fig. 8a – Usina termelétrica de Barra dos Coqueiros, em Sergipe.


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Fig. 8b – Usina termelétrica de Barra dos Coqueiros, em Sergipe. 26
Setor elétrico na América Latina
- Carvão

O Carvão mineral é um minério não metálico,


considerado um combustível fóssil. Sua formação aconteceu por
meio de antigas florestas que foram soterradas por sedimentos
há milhões de anos.

No território brasileiro esse minério é encontrado em


áreas restritas e limitadas, além disso, o carvão extraído não
possui boa qualidade, pois apresenta baixo poder calórico e
quantidade de cinza elevada. Por essa razão, não possui
viabilidade quanto à sua utilização como fonte de energia e
matéria-prima nas siderúrgicas. Cerca de 85% do consumo de
carvão é para abastecer usinas termoelétricas.
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Setor elétrico na América Latina

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Setor elétrico na América Latina
- Setor do petróleo

Dentre os países com maiores concentrações de


hidrocarbonetos ressalta-se a Venezuela, tanto em reservas de
petróleo, quanto de gás.

Logo está o Brasil que, após a recente descoberta do


pré-sal, tem a segunda maior reserva de petróleo da região.

Os países que aparecem na segunda linha, com relação à


riqueza de petróleo e gás, são o México, Equador, Peru e
Trinidad & Tobago.

Em termos de produção de barris / dia, o Brasil está em


primeiro colocado, seguido do México, Venezuela e Colômbia.
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Setor elétrico na América Latina

Fig. 9 – Reservas de petróleo no mundo (2003).


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Setor elétrico na América Latina
A atividade petroleira é uma das indústrias que mais
impactos ambientais gera no âmbito local e global. As distintas
fases da exploração petroleira geram destruição da
biodiversidade e do meio ambiente de modo geral.

Além do cumprimento da normativa internacional e


nacional, as próprias companhias petroleiras apresentam
iniciativas para a proteção do meio ambiente em resposta às
próprias exigências do mercado, que pede cada vez mais
qualidade nos produtos, com o máximo respeito às condições
ambientais.

Neste sentido, existe um avançado desenvolvimento de


tecnologias para a redução de emissões de CO2, a fim de mitigar
o efeito estufa, que produz um aquecimento da atmosfera.
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Comparação de impactos ambientais
das diferentes tecnologias

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Comparação de impactos ambientais das
diferentes tecnologias
A análise e comparação das diferentes tecnologias
energéticas não é simples e exige a realização de estudos
socioeconômicos. A energia eólica ou a solar, em suas
modalidades fotovoltaica e térmica, são excelentes do ponto de
vista de seu impacto ambiental e com relação à disponibilidade
ilimitada do recurso, porém, é necessário contabilizar os
impactos gerados também durante a produção de painéis, por
exemplo.

O estudo sobre impacto “Environmental Impacts of the


Production of Electricity” realizado no ano 2000, compara os
impactos das diversas fontes de produção de energia elétrica,
possibilitando sua comparação quantitativa. Também facilita a
avaliação destes custos e sua internalização nos preços finais da
eletricidade.
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Comparação de impactos ambientais das
diferentes tecnologias
O estudo avalia e compara oito sistemas de produção de
eletricidade: linhita (carvão de baixo poder calorífico), petróleo,
carvão, energia nuclear, gás natural, eólica, hidroelétrica (mini)
e solar fotovoltaica.

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Comparação de impactos ambientais das
diferentes tecnologias
Para a realização do estudo foram consideradas
diferentes fases ou ciclos do sistema de geração de eletricidade.

A avaliação do ciclo de vida dos sistemas de geração de


eletricidade sob estudo considera as entradas: energia e
matérias primas; e saídas: resíduos e emissões.

A unidade de medida utilizada para medir o impacto


ambiental dos sistemas de geração de eletricidade é o Ecoponto.
O estudo proporciona a cada tecnologia estudada um valor total
de ecopontos por Terajoule de eletricidade produzida (o TJ tem
cerca de 278 MWh). O ecoponto é uma unidade de penalização
ambiental, quanto maior é seu valor, maior será o impacto
ambiental do sistema estudado.

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Comparação de impactos ambientais das
diferentes tecnologias

Fig. 10 – Fontes de energia e o impacto gerado.

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Mitigação da mudança climática

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Mitigação da mudança climática
Os tratados internacionais e as políticas nacionais
procuram enriquecer os esforços globais para mitigar (reduzir)
as alterações climáticas e se adaptar.

Opções de mitigação são multidimensionais:

 Está relacionada com a redução das emissões ou aumento


das capturas de gases do efeito estufa;
 Pode ser implementado tanto na oferta e consumo de
energia;
 São aplicáveis tanto à combustão de combustível e emissões;

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Mitigação da mudança climática

Fig. 11 – Diferentes formas de mitigação.


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Mitigação da mudança climática

(Integrated Gasification Combined Cycle )

Fig. 11 – Diferentes formas de mitigação.


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Mitigação da mudança climática

Fig. 11 – Diferentes formas de mitigação.


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Mitigação da mudança climática
As estratégias definidas para conseguir mitigar a
mudança climática serão determinantes para os resultados
finais. Quanto mais tempo deixemos passar, maior será a
concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, mais difícil
será a estabilização abaixo da meta de 450ppm de CO2 e maior
será a probabilidade de que o aquecimento global se converta
em realidade no século XXI.

Os países em desenvolvimento também deverão


participar da transição a menores emissões de dióxido de
carbono para evitar a mudança climática. A cooperação
internacional pode facilitar o processo de transição, garantindo
que qualquer via escolhida não comprometa o desenvolvimento
humano e o crescimento econômico.

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Mitigação da mudança climática

O que vem sendo feito no Brasil para


mitigar as mudanças climáticas?

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Bibliografia
1. Benito, Y., “Energia e mudança climática”, Programa de
Capacitação em Energias Renováveis, ONUDI, 2013.

2. https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/carvao-
mineral-no-brasil.htm

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO JOÃO DEL-REI

ENERGIAS RENOVÁVEIS – TE

ENERGIA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Professor: Eduardo Moreira Vicente

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