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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

PEDRO HENRIQUE GOMES LUCENA


SAULO GABRIEL TEIXEIRA

ATIVIDADE 4: CROMATOGRAFIA EM COLUNA (CC)

Química Orgânica Experimental I – Turma PU4A – Segundo Semestre 2018


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Belo Horizonte
20 de setembro de 2018

1. INTRODUÇÃO
Até meados do século XX, as separações analíticas eram, em grande parte, realizadas usando métodos
clássicos como a precipitação, destilação e extração. Hoje, essas separações são mais comumente
feitas por cromatografia, particularmente em amostras complexas, que permite a separação,
identificação e determinação de diversos componentes da mistura, o que pode ser muito difícil em
qualquer outro método analítico.

A grande utilização da cromatografia e os avanços tecnológicos levaram ao desenvolvimento de


diversas técnicas cromatográficas com diferentes graus de sofisticação e aplicações em diversas áreas.
Tais técnicas podem ser classificadas, levando-se em conta alguns critérios como a forma física do
sistema, fases móvel e estacionária empregadas. Assim, as técnicas cromatográficas mais conhecidas
são: cromatografia em camada delgada, em papel, gasosa, líquida, em coluna. No presente relatório,
tratar-se-á da cromatografia em coluna.

A cromatografia em coluna (CC) é uma das técnicas mais sensíveis de separação de misturas, se
destaca entre os demais métodos por ser muito acessível e pode fornecer informações qualitativas e
quantitativas, sendo amplamente utilizada em laboratórios, para comparar amostras. Consiste na
partição entre duas fases, sólida e líquida, em que baseada na capacidade de adsorção e
solubilidade. O sólido deve ser um material insolúvel na fase líquida associada, sendo que os mais
utilizados são a sílica gel (SiO2) e alumina (Al2O3), geralmente na forma de pó.

À medida que os compostos da mistura são separados, bandas ou zonas móveis começam a ser
formadas, cada uma constituída por somente um composto. Em geral, os compostos apolares passam
através da coluna com uma velocidade maior do que os compostos polares, porque os primeiros têm
menor afinidade com a fase estacionária. Se o adsorvente escolhido interagir fortemente com todos os
compostos da mistura, ela não se moverá. Por outro lado, se for escolhido um solvente muito polar,
todos os solutos podem ser eluídos sem serem separados. Por uma escolha cuidadosa das condições,
praticamente qualquer mistura pode ser separada. Nesse sentido, em análises que demandam de maior
excelência nos resultados, parâmetros como tamanho de coluna, espessura, tipos e proporções de
solventes devem ser muito bem definidos. Para tal, são comuns realizações de testes prévios a partir
de CCDs com a matriz utilizada para melhor definição de alguns desses parâmetros.

A extração de produtos naturais e sua separação cromatográfica podem ser utilizadas para ilustrar
vários fenômenos envolvendo interações moleculares ou forças intermoleculares (FONSECA, et al.,
2004). No presente relatório, colocou-se em questão as folhas de espinafre.

As folhas das plantas são compostas por pigmentos coloridos que geralmente são compostos por
clorofilas e carotenóides. As primeiras, de coloração verde, são compostos conjugados presentes nas
plantas que capturam energia em forma de luz solar utilizada no processo de fotossíntese. Já os
carotenóides são constituintes de um outro grupo de compostos derivados de plantas chamados
terpenos que são hidrocarbonetos responsáveis por odores de plantas.

Observando-se a estrutura do β-caroteno, um dos principais representantes dos carotenóides, nota-se


que, por ser um hidrocarboneto, apresenta comportamento apolar. Assim, espera-se uma menor
afinidade deste com a sílica.
De maneira oposta, observando-se a estrutura da clorofila, nota-se a presença de vários grupos C-O e
C-N que a tornam um composto polar. Assim, espera-se uma maior afinidade deste com a sílica.
Também é notória a presença de um átomo de magnésio na estrutura que favorece interações mais
fortes com a fase estacionária.

Figura 1. Estrutura da clorofila Figura 2. Estrutura do β-caroteno

2. OBJETIVO

Extrair pigmentos orgânicos de folhas de espinafre através da técnica de cromatografia em coluna.

3. MATERIAIS E MÉTODO

3.1 MATERIAL UTILIZADO

- Coluna - Garras e mufas - Papel adsorvente - Conta-gotas


cromatográfica

- Funil - Almofariz e pistilo - Suporte - Algodão

-Bico de gás - Béqueres de 50 e 250 ml -Bastão de vidro - Erlenmeyer

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Inicialmente foi colocado um chumaço de algodão em uma coluna cromatográfica, para impedir a
passagem de pequenas partículas. Após o fechamento da torneira da coluna, foi inserido uma
quantidade de aproximadamente 20 mL de hexano. Posteriormente, com a ajuda de um funil longo,
foram introduzidos 7g de sílica ao tubo, de modo a deixar homogêneo o adsorvente. O solvente foi
escoado até que estivesse numa altura de aproximadamente 3 cm acima do topo da fase estacionária,
para que fosse possível dar início à cromatografia, como é demonstrado na Figura 3.

Simultaneamente preparou-se o extrato de espinafre, substância matriz da separação. Para tal, foram
recolhidas 10,09 g de folha de espinafre sem nervura, que posteriormente passou pelo processo de
trituração junto a 15 ml uma solução de acetona e hexano (1:1) num almofariz. Após esse
procedimento a solução que se formou foi transferida para um béquer com auxílio de um conta-gotas
e incorporada com uma pequena quantidade de sílica. Submeteu-se o béquer ao aquecimento em
banho maria, sob constante agitação, até a evaporação do solvente e, finalmente, obtenção do extrato
de espinafre, com o aspecto de um pó esverdeado.

Por fim, deu-se início à eluição, adicionando-se pouco a pouco, o extrato preparado à coluna, e
preenchendo-a, lentamente, inicialmente com hexano. Com a torneira aberta, seguiu-se a eluição até a
formação e total escoamento da primeira banda, que foi coletada em um erlenmeyer. Após, adicionou-
se aos poucos acetona à coluna, de forma a promover o escoamento da banda de outro composto
presente na matriz inicial. A segunda banda foi recolhida em outro erlenmeyer e encerrou-se o
processo de eluição.

Figura 3. Esquema do sistema cromatográfico em coluna

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Iniciado o processo de eluição, foi observada inicialmente, a formação de uma banda de coloração
amarelada pela coluna vertical. Considerando-se que a fase estacionária é polar, espera-se que
compostos apolares passem mais rapidamente pela coluna. Desta forma, a partir das discussões sobre
os componentes da folha de espinafre, disposta no item 1 deste relatório, constatou-se que a primeira
banda extraída era constituída de carotenóides, que possuem características apolares por serem
hidrocarbonetos.
A adição da acetona à coluna cromatográfica promoveu a formação da segunda banda, de coloração
verde, pela coluna. Sabendo-se que a sílica, polar, adsorve mais fortemente compostos apolares,
constatou-se que a banda de coloração verde era composta por clorofila, que, como já discutido no
item 1 do presente relatório, é polar. O escoamento da segunda banda, mais polar, foi possibilitado em
função da utilização da acetona, já que esta é um dos eluentes mais polares comumente utilizados.
Solventes mais polares, promovem uma dessorção mais efetiva da substância em relação à sílica, o
que possibilitou a eluição da clorofila pela coluna.

A partir dessas observações nota-se a influência da escolha da fase estacionária adequada para a
extração de diferentes compostos em uma única matriz, bem como de sua proporção.

5. CONCLUSÃO

A partir da realização do procedimento experimental e dos resultados anteriormente discutidos,


conclui-se que a técnica de cromatografia em coluna (CC) apresentou-se eficiente na separação, de
dois compostos de diferentes polaridades. Verificou-se sua importância e sua versatilidade para
processos de separação, extração e isolamento de compostos orgânicos. O comportamento das
substâncias envolvidas no procedimento confirmaram o esperado a partir de suas estruturas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] COLLINS, C.H.; BRAGA, G.L. e BONATO, P.S.; Introdução a métodos cromatográficos. 5ª ed.
Campinas: Editora da Unicamp, 1993.

[2] FONSECA, S.F. e GONÇALVES, C.C.S.; Extração de pigmentos de espinafre e separação em


coluna com açúcar comercial. Química Nova na Escola, N.20, p.55-58, 2004.

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