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Uma Introdução Rápida-e-Suja Ao Aceleracionismo - Outlandish
Uma Introdução Rápida-e-Suja Ao Aceleracionismo - Outlandish
OUTLANDISH
Qualquer um que esteja tentando resolver o que pensa sobre o aceleracionismo, é melhor fazê-lo
rapidamente. Esta é a natureza da coisa. Já estava apanhado de tendências pareciam rápidas demais
para se acompanhar quando começou a se tornar auto-consciente, décadas atrás. Ganhou bastante
velocidade desde então.
O aceleracionismo é velho o suficiente para ter chegado em ondas, o que seria dizer, insistente ou
recorrentemente, e cada vez o desafio é mais urgente. Entre suas previsões está a expectativa de que
você será lento demais para lidar com ele de maneira coerente. Ainda assim, se você tatear as
questões que ele coloca – uma vez que está apressado – você perde, talvez de maneira bem séria. É
difícil. (Para nossos propósitos aqui, “você” está como substituto portador das “opiniões da
humanidade”.)
A pressão do tempo, por sua própria natureza, é algo difícil de se pensar. Tipicamente, embora a
oportunidade para deliberação não é necessariamente presumida, ela é pelo menos – com
esmagadora probabilidade – confundida com uma constante histórica, em vez de uma variável. Se já
houve tempo para pensar, pensamos, ainda há e sempre haverá. A probabilidade definitiva de que a
atribuição de tempo à tomada de decisão está sofrendo uma compressão sistemática permanece uma
consideração negligenciada, mesmo entre aqueles que estão prestando uma atenção explícita e
excepcional à crescente rapidez da mudança.
Tem-se que chegar à suspeita de que, se uma conversa pública sobre a aceleração está começando, é
apenas a tempo de ser tarde demais. A profunda crise institucional que torna o tópico ‘quente’ tem,
em seu cerne, uma implosão da capacidade social de tomada de decisão. Fazer qualquer coisa, nesse
ponto, demoraria tempo demais. Então, em vez disso, os eventos cada vez mais apenas acontecem.
Eles parecem cada vez mais fora de controle, em uma medida até mesmo traumática. Já que o
fenômeno básico parece ser uma falha dos freios, o aceleracionismo é apanhado novamente.
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22/09/2023, 17:12 Uma Introdução Rápida-e-Suja ao Aceleracionismo – Outlandish
Isto já é falar sobre a cibernética, que também retorna insistentemente, em ondas. Ela se amplifica até
um uivo e depois se dissipa na balbuciação sem sentido da moda, até que a próxima onda de
explosão chegue.
Para o aceleracionismo, a lição crucial foi esta: Um circuito de feedback negativo – tal como um
“governador centrífugo” de uma máquina a vapor ou um termostato – funciona para manter algum
estado de um sistema no mesmo lugar. Seu produto, na linguagem formulada pelos ciberneticistas
filosóficos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, é territorialização. O feedback negativo estabiliza
um processo, ao corrigir a deriva e, assim, inibir o afastamento para além de um alcance limitado. A
dinâmica é colocada a serviço da fixação – um estase de nível superior, ou estado. Todos os modelos
de equilíbrio de sistemas e processos complexos são assim. Para capturar a tendência contrária,
caracterizada por uma errância, fuga ou escapada auto-reforçadora, D&G cunharam o termo
deselegante, mas influente, desterritorialização. A desterritorialização é a única coisa sobre a qual o
aceleracionismo realmente sempre falou.
“Acelerar o processo”, recomendaram Deleuze & Guattari em seu Anti-Édipo, de 1972, citando
Nietzsche para reativar Marx. Embora fosse levar outras quatro décadas até que o “aceleracionismo”
fosse nomeado como tal, de maneira crítica por Benjamin Noys, ele já estava ali, em sua totalidade. A
passagem relevante é digna de ser repetida por completo (como seria, repetidamente, em todas as
discussões aceleracionistas subsequentes):
… qual é o caminho revolucionário? Existe um? – Retirar-se do mercado mundial, como Samir
Amin aconselha que os países do Terceiro Mundo façam, em um curioso renascimento da
“solução econômica” fascista? Ou poderia ser ir na direção oposta? Ir ainda além, isto é, no
movimento do mercado, de decodificação e desterritorialização? Pois talvez os fluxos não estejam
ainda desterritorializados o suficiente, nem decodificados o suficiente, do ponto de vista de uma
teoria e de uma prática de um caráter altamente esquizofrênico. Não se retirar do processo, mas ir
além, “acelerar o processo”, como Nietzsche colocou: nesta questão, a verdade é que não vimos
nada ainda.
O ponto de uma análise do capitalismo, ou do niilismo, é fazer mais disso. O processo não deve ser
criticado. O processo é a crítica, retroalimentando a si mesmo, conforme se escala. O único caminho
adiante é através, o que significa mais adentro.
Marx tem seu próprio ‘fragmento aceleracionista’, que antecipa a passagem do Anti-Édipo de maneira
notável. Ele diz, no discurso de 1848 ‘Da Questão do Livre Comércio’:
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…em geral, o sistema protetor de nossos dias é conservador, ao passo que o sistema de livre
comércio é destrutivo. Ele quebra antigas nacionalidades e empurra o antagonismo entre o
proletariado e a burguesia a um ponto extremo. Em uma palavra, o sistema de livre comércio
acelera a revolução social. É neste sentido revolucionário apenas, senhores, que eu voto a favor do
livre comércio.
Nesta matriz aceleracionista germinal, não há distinção a ser feita entre a destruição do capitalismo e
sua intensificação. A auto-destruição do capitalismo é o que o capitalismo é. “Destruição criativa” é o
todo dele, apenas ao lado de seu retardamento, compensações parciais ou inibições. O capital se
revoluciona mais completamente do que qualquer ‘revolução’ extrínseca possivelmente poderia. Se a
história subsequente não justificou esse ponto para além de qualquer questão, ela pelo menos tem
simulado tal justificação, em um grau enlouquecedor.
Em 2013, Nick Srnicek e Alex Williams buscaram resolver esta ambivalência intolerável – até mesmo
‘esquizofrênica’ – em seu ‘Manifesto por uma Política Aceleracionista’, que visava precipitar um
‘Aceleracionismo de esquerda’ especificamente anti-capitalista, claramente demarcado contra sua
sombra ‘Aceleracionista de direita’ abominavelmente pró-capitalista. Este projeto – previsivelmente –
teve mais sucesso em reanimar a questão aceleracionista do que em purificá-la de qualquer maneira
sustentável. Foi apenas através de uma introdução de uma distinção totalmente artificial entre
capitalismo e aceleração tecnológica moderna que suas linhas de fronteira puderam ser sequer
traçadas. O chamado implícito era por um novo Leninismo, sem a NEP (e com os experimentos
tecno-gerenciais utópicos do comunismo chileno como base para ilustração).
O capital, em sua definição derradeira, não é nada além do fator social acelerativo abstrato. Seu
esquema cibernético positivo o exaure. A fuga consome sua identidade. Qualquer outra determinação
é removida como um acidente, em algum estágio de seu processo de intensificação. Uma vez que
qualquer coisa capaz de alimentar a aceleração sócio-histórica necessariamente, ou por essência, será
capital, o prospecto de qualquer ‘Aceleracionismo’ inequivocamente ‘de esquerda’ ganhar um ímpeto
sério pode ser confiantemente descartado. O aceleracionismo é simplesmente a auto-consciência do
capitalismo, que mal começou. (“Não vimos nada ainda.”)
Nota:
O #Accelerate: The Accelerationist Reader da Urbanomic continua sendo de longe a introdução mais
abrangente ao aceleracionismo. O livro foi publicado em 2014, contudo, e muito aconteceu desde
então.
Para o ‘Manifesto por uma Política Aceleracionista’ de Srnicek e Williams veja isto
(http://uninomade.net/tenda/manifesto-aceleracionista/).
Original. (http://jacobitemag.com/2017/05/25/a-quick-and-dirty-introduction-to-
https://xenosistemas.wordpress.com/2017/05/26/uma-introducao-rapida-e-suja-ao-aceleracionismo/ 4/4