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HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA À CRIANÇA EM


CENTRO CIRÚRGICO ONCOLÓGICO*
HUMAPIIZATION OF THE ASSISTANCE TO THE CHILD IN THE SURGICAL CENTER ONCOLOGY

HUMANIZACIÓN DE LÁ ASISTEP4CIA AL NINO EN EL BLOQUE QUIRÚRGICO ONCOLÓGICO

Damiana Cosmea da Silva • Naluzia de Fátrn,a MeireUes

Resumo - Este artigo apresenta o pro- ing assistance humanized, with softening gico y Ia utilización de los juguetes, como
cesso de sistematização de condutas para of traumas, better acceptance of the terapia para los nios expresaren sus
a assistência de Enfermagem à criança no anesthetic - surgical procedures and more sentimientos jugando, y para establecer
Centro Cirúrgico, desenvolvido no Hos- interaction with the children, the nurses un vínculo confianza en los profesiona-
pital do Câncer 1, do Instituto Nacional oí the Surgical Center use strategies, les. Las autoras describen ias acciones
do Câncer (Inca), no RJ. Para uma assis- among them the remaining oí the family d esarroiladas por los eníermeros en ei
tência de Enfermagem humanizada, com a together with the ckild into the Surgical Bloque Quirúrgico dirigidas para ei clien-
amenização de traumas, melhor aceitação C enter and the use of toys, as a tkerapy te pediátrico, y abordan Ia importancia
dos procedimentos anestésico-cirúrgicos so they can express theirs sentiments play- dei espacio como escenario dei proceso
e maior interação com a clientela infantil, ing, and to establish a link and confidence de humanización. Las innovaciones en ei
os enfermeiros do Centro Cirúrgico th the professionais. lhe authoresses proceso de trabajo de Ias eníermeras pre-
empregam estratégias, entre elas a perma- describe the actions developed by the sentó respuestas significativas con mayor
nência do familiar junto à criança dentro nurses in the Surgical Center addressed comprensión, participación y interacción
do Centro Cirúrgico e a utilização dos to the pediatrics client, and approach en ei niio y su familia, repercutiendo en
brinquedos, como terapia para expressa- the importance of the ludic place as Ia salud mental, emocional y social dei
rem seus sentimentos brincando, e para scenario of the process of humanization. nio asistido.
estabelecer um elo e confiança junto aos lhe innovations in the works process oí
profissionais. As autoras descrevem as the Nursing brought significant answers Palabras clave - Enfermería, Bloque
ações desenvolvidas pelos enfermeiros no witk more comprehension, participation Q uirúrgico, niFo, humanización, On-
Centro Cirúrgico voltadas para o cliente and interaction of the ckild and your fam- cologia.
pediátrico e abordam a importância do il, reflecting in the mental, emotion and
espaço lúdico como cenário do processo social well-being of the child assisted. INTRODUÇÃO
de humanização. As inovações no pro- Key words - Operating Room Nursing,
cesso de trabalho das enfermeiras trou- child, humanization, Oncology. A busca pela melhoria da assistência de
xeram respostas significativas com maior Enfermagem tem sido objetivo de muitos
compreensão, participação e interação estudos e programas educacionais para o
da criança e seu familiar, repercutindo Resumen - Este artículo presenta ei desenvolvimento de diferentes serviços.
no bem-estar mental, emocional e social proceso de sistematización de conductas Para tanto, a sistematização de condutas
da criança assistida. para Ia asistencia de enfermería ai nio é de grande importância, auxiliando os

en ei Bloque Quirúrgico, desarrollado en profissionais e servindo de meio facilita-


Palavras-chave - Enfermagem em Centro ei Hospital de Cáncer l/lnca - RJ. Para dor para a execução de suas atividades.
Cirúrgico, criança, humanização, On una asistencia de enfermería humanizada,
cologia. con Ia minimización de traumas, mejor A assistência de Enfermagem à criança

aceptación de los procedimientos anesté- submetida à cirurgia oncológica envolve


Abstract - lhis article presents the sico-quirúrgicos y mayor interacción con técnicas e condutas que devem ser con-
systematizations process of behavior Ia clientela infantil, los eníermeros dei sideradas não apenas durante o ato ope-
for nursing assistance to the child in Bloque Quirúrgico emplean estrategias, ratório, mas também ou principalmente
tine Surgical Center, developed in the entre elias Ia permanencia dei familiar nos períodos pré e pós-operatórios. Não
Cancer Hospital Vinca - RJ. For Nurs- só a criança, como também o seu familiar
junto ai nio dentro dei Bloque Quirúr-
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(acompanhante), tem papel importante de Enfermagem ao cliente pediátrico e Câncer infantil


na prática do enfermeiro, o que nos seus familiares no Centro Cirúrgico.
conduz à necessidade de compreendê- Na busca de uma política nacional de
los como clientes diferenciados, devido Sua relevância é a priorização do cliente controle do câncer, o Instituto Nacional
às peculiaridades que os envolvem. como elemento fundamental na busca de Câncer, desde a década de 30,
pela qualidade da assistência de Enfer- tem sofrido mudanças tanto no aspecto
Os clientes, como também os familiares, magem, a partir da sistematização das político e organizacional como em suas
necessitam se adaptar às diferentes ações de quem assiste - o enfermeiro, instalações físicas, estendendo-se aos
situações de uma doença e ao ambiente para quem é assistida - a criança, pois processos gerenciais, planejamento estra-
hospitalar, sendo considerado assustador assistindo a criança e seus familiares de tégico e suas relações internas e externas.
e desconhecido.1 forma mais humanizada, ou seja, com Essa busca pela melhoria vem conferindo
atenção individualizada, estaremos ao Inca, como órgão do Ministério da
E na situação do cliente pediátrico cirúr- minimizando as dificuldades da bar- Saúde, a responsabilidade da coorde-
gico é ainda mais angustiante quando a reira emocional e, consequentemente, nação das ações de controle do câncer
criança e seus familiares se deparam com propiciando melhores condições para no Brasil, tendo como missão 'ações
as inúmeras exigências e enfrentamentos os procedimentos cirúrgicos e pós- nacionais integradas para prevenção e
que requerem o período pré-operatório, operatório. E assim, como preconiza o controle do câncer ' 2 e visão estratégica
ou seja: tempo de espera, jejum pro- Ministério da Saúde, (2) a criança pode "exercer plenamente o papel governamen-
longado, ansiedade e medos, dentre se beneficiar de um cuidado integral tal na prevenção e controle do câncer,
outros. Essa situação vivenciada pelas e multiproFissional, que dê conta de assegurando a implantação das ações cor-
crianças e seus familiares demandam compreender todas as suas necessidades respondentes em todo o Brasil, e assim,
atenção, disponibilidade para conversar, e direitos como indivíduo. contribuir para a melhoria da qualidade
esclarecimentos de dúvidas, observação de vida da população'.2
contínua e sistematizada dos enfermeiros Além de contribuir para a ampliação de
de Centro Cirúrgico. conhecimentos e nova perspectiva de De acordo com o Ministério da Saúde,3
gerenciamento de Enfermagem em Centro o câncer infantil corresponde a uma proli-
Portanto, a necessidade de brincar não Cirúrgico, tendo como foco a satisfação feração desordenada das células anormais,
deve ser eliminada neste momento tão do cliente, pretende-se com este traba- podendo ocorrer em qualquer local do
crítico para a criança, pois o brincar lho contribuir para o fortalecimento da organismo. Entre as neoplasias que mais
repercute de forma considerável no linha de pesquisa de Enfermagem, em acometem as crianças temos: leucemias
perioperatório, facilitando a interação particular na área de Centro Cirúrgico e (glóbulos brancos), tumores do sistema
do enfermeiro junto à criança e conse- área de saúde da criança e do adoles- nervoso central, linfomas (sistema linfá-
quentemente maior confiança de seus cente, bem como melhor valorização do tico), neuroblastoma (tumor de gânglios
familiares. papel do enfermeiro na assistência ao simpáticos), tumor de Wilms (tumor
cliente pediátrico e seus familiares. renal), retinoblastoma (tumor da retina
A importância deste trabalho se dá do olho), tumor germinativo (tumor
pelo crescente número de crianças com O objetivo do trabalho desenvolvido pe- das células que dão origem às gônadas),
câncer submetidas a procedimentos las autoras foi descrever a sistematização osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas
cirúrgicos no Centro Cirúrgico do HC- da assistência de Enfermagem à criança (tumores de partes moles).
l/lnca, pelas características próprias desse em Centro Cirúrgico, de forma humani-
tipo de clientela, pela diversificação de zada visando ao conforto, segurança e Em 2000, o câncer na infância já era
condutas empregadas pelos enfermeiros, maior integração entre o cliente/familiar considerado uma das principais causas
como também o número reduzido de e o enfermeiro. Assim, esse artigo apre- de morte infantil no mundo, sendo a
trabalhos publicados sobre o tema na senta o embasamento teórico do estudo segunda causa mais importante de morte
área especifica, que favoreçam um maior e a descrição das condutas e abordagens nas crianças após os acidentes. No Brasil,
embasamento para adequação das con- adotadas pelas enfermeiras, já em prática o câncer infantil é a terceira causa de
dutas no espaço lúdico apropriado, em no Centro Cirúrgico do HC-l/lnca no mortalidade de crianças de O a 14 anos,
prol de maior humanização da assistência Rio de Janeiro. com registros de 13 mil novos casos
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todos os anos. Apesar do excelente no bem-estar e na qualidade de vida da confinadas' em um ambiente estranho
prognóstico de cura em 70% dos casos, criança. Neste sentido, é fundamental, e assustador, como era considerado o
menos de 50% das crianças que sofrem desde o início do tratamento, o apoio Centro Cirúrgico, criando uma barreira
de câncer conseguem chegar aos centros psicossocial. física e emocional entre a criança e o seu
especializados para tratamento. mundo infantil. Muitas vezes se deparava
Sendo assim, as crianças com câncer com crianças tristes e deprimidas,
As estimativas do Inca no Brasil em devem ser assistidas no Centro Cirúrgico chorando e/ou gritando, pedindo para
2000 indicavam cerca de 5.238 de forma holística, vistas como seres sair por querer a companhia de seu
casos novos e de 2.600 óbitos por humanos, com vontades, necessidades familiar, ou querendo brincar com outras
câncer entre pacientes com idade de O e direitos, que devem ser atendidos em crianças. E diante deste fato é que se
a 19 anos. E em 2002, o atendimento acordo com a Lei 8069/1990 em seu faz importante compreender as suas
pediátrico contabilizou 13.500 consul- Art. 3°: necessidades e saber o significado do
tas, 1 .300 internações, 389 cirurgias brincar na vida da criança.
e 8.000 quimioterapias, registrando A criança e o adolescente gozam de
19 transplantes em pacientes infantis. todos os direitos fundamentais inerentes A atividade lúdica é berço obrigatório
Quanto aos índices de cura, são bastante à pessoa humana, [.] assegurando-lhes, das atividades intelectuais da criança.6
significativos, chegando a alcançar 90% E ... ] oportunidades e facilidades, a fim O brincar na vida da criança é muito
nos tumores oculares, 80% nos tumores de lhes facultar os desenvolvimentos importante, primeiro por ser uma
renais e alguns linfomas e de 70% nas físicos, mentais, morais, espirituais e atividade na qual ela já se interessa
leucemias liníóides.3 sociais, em condições de liberdade e de naturalmente e segundo, por desenvolver
(5)
dignidade. suas percepções, sua inteligência, sua
O atendimento às crianças com câncer tendência à experimentação, seus
no Inca representa uma evolução na as- NECESSIDADES DO CLIENTE instintos sociais.
sistência médico-hospitalar, abrangendo, CIRÚRGICO PEDIÁTRICO
além do Centro de Oncologia Pediátrica ONCOLÓGICO E A ATIVIDADE O brinquedo possibilita à criança
(Pediatria Clínica, Cirurgia Pediátrica, LÚDICA desenvolver sua imaginação, expressar
Hematologia e Quimioterapia Infantil), seus dramas e construir sua consciência
outros setores e serviços essenciais de A criança necessita de atividades lúdicas da realidade [.1. E através do jogo,
diagnóstico, tratamento e apoio, tendo para se desenvolver como pessoa. O do brinquedo e da brincadeira que a
como um dos principais para o tratamen- fato de adquirir uma doença com criança compreende sua sociedade e
to oncológico o Centro Cirúrgico. diagnóstico de câncer já se constitui sua cultura, pois eles são portadores
em uma experiência desoladora, ser de seus valores e permitem, ao mesmo
Os indicadores do Centro Cirúrgico do ainda submetida a procedimento em tempo, a construção de significados e
HC-l/Inca apontam para aproximada- unidade específica como o Centro interpretações que se adaptam a diversas
mente 81 O procedimentos realizados Cirúrgico faz com que a criança perceba realidades.(')
em criança no ano de 2005, de acordo sua situação de forma mais negativa,
com o relatório anual do serviço. Nestes ou não sendo capaz de entender o A ludicidade tem conquistado espaço
dados não estão contemplados os pro- que está acontecendo, podendo até nas mais diversas áreas da sociedade
cedimentos realizados nas crianças pelas mesmo ser o início da separação da e encontra-se inserida em várias
clínicas de neurocirurgia, tórax, cabeça vida de brincadeiras entre os amiguinhos, unidades de instituições hospitalares.
e pescoço, TOC, e Cemo. acarretando sérias repercussões no seu O lúdico extrapola a infância e sua
desenvolvimento. importância permeia todas as etapas do
Ião importante quanto o tratamento desenvolvimento humano.
do câncer em si é a atenção dada aos Na década anterior, durante a prática
aspectos sociais da doença, já que a diária de cuidar no Centro Cirúrgico, A palavra lúdica significa brincar,
criança se encontra inserida no contexto foi possível acompanhar crianças com estando incluídos os jogos, brinquedos
da família. A cura não deve se basear diagnóstico de câncer, submetidas a e brincadeiras, e é relativo também à
na recuperação biológica, mas também procedimentos cirúrgicos, que eram conduta daquele que joga, que brinca e
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que se diverte". ( ') A criança brinca não los, devendo ser assegurada a liberdade cessário que o enfermeiro acredite na hu-
pelo resultado da sua ação, mas pela de escolha da criança. manização como filosofia de trabalho em
satisfação que alcança com a própria
conjunto com a equipe multiprofissional.
atividade. E para resolver a tensão, a O ato de brincar para a criança Para isso, o cuidado de Enfermagem deve
criança envolve-se num mundo ilusório e hospitalizada tem grandes repercussões. ser individualizado, para que ocorra uma
imaginário: o brinquedo. Ajuda-a na compreensão do que ocorre maior interação com o cliente e família,
consigo e a liberar temores, tensões, permitindo assim o desenvolvimento da
A mediação através do lúdico pode ansiedade e frustração; promove capacidade para detectar e satisfazer as
contribuir para diminuir a angústia da satisfação, diversão e espontaneidade, necessidades humanas.
criança, reaproximando-a das atividades e possibilita converter experiências
vivenciadas em seu cotidiano. ( ' ) A que deveria suportar passivamente, em Estudo sobre a assistência humanizada 16
hospitalização é para a criança uma desempenho ativo. E para a enfermeira aponta que a participação do familiar no
experiência que em maior ou menor é um instrumento de intervenção e uma planejamento de cuidados da equipe de
grau repercute em seu desenvolvimento forma de comunicação, possibilitando Enfermagem, com espaço para atenção
emocionai. detectar a singularidade de cada e informações antes, durante e após o
1)
criança. procedimento anestésico-cirúrgico do
Sendo o brinquedo fundamental para cliente, enquanto da sua permanência
o desenvolvimento saudável da criança, HUMANIZAÇÃO DA ASSIS- no Centro Cirúrgico, reduziu a ansiedade
é importante que aconteça de forma TÊNCIA DE ENFERMAGEM EM do acompanhante, proporcionando uma
mais plena possível e, para isso, as CENTRO CIRÚRGICO espera com menos incertezas.
necessidades devem ser consideradas e
atendidas, a fim de que o aproveitamento Sendo a humanização da assistência Cabe ressaltar que é necessário que o
possa ser o melhor possível. Cunha10 hospitalar prioridade do Ministério da enfermeiro faça um movimento de apro-
ressalta que a sensação de alegria é muito Saúde, é dever dos serviços e profis- ximação da realidade vivenciada pelos
saudável, pois provoca a manifestação de sionais acolherem seus clientes de forma familiares, incluindo-os como parte do
potencialidades, despertando coragem digna e humanitária. grupo que assiste o cliente. E que
para enfrentar desafios. Assim, a alegria não é demais lembrar que só uma equipe
ao brincar é fator imprescindível para o A humanização da assistência hospitalar de Enfermagem competente pode huma-
enfrentamento do medo e ansiedade que precisa caminhar passo a passo com o nizar o atendimento durante a espera pelo
antecedem ao procedimento cirúrgico. trabalho dos profissionais que atuam término da cirurgía'.17
(12)
em cada instituição, sendo essa a
Brincar é uma das atividades essenciais concepção do Programa Nacional de Para o alcance de uma assistência de
para o desenvolvimento físico, emocional Humanização de Assistência Hospitalar Enfermagem mais humanizada, com a
e social da criança. Normalmente a (PNHAH), criado pelo Ministério da amenização de traumas, melhor aceitação
criança brinca por motivação intrínseca; Saúde em 2000, a fim de promover uma dos procedimentos anestésico-cirúrgicos
mas, quando se trata de crianças mudança na cultura do atendimento da e maior interação com a criança e os pais,
com necessidades especiais, pode saúde no Brasil. os enfermeiros do Centro Cirúrgico do
acontecer que a motivação não ocorra HC-l/lnca se utilizam de estratégias,
espontaneamente, tendo o enfermeiro O PNHAH propõe um conjunto de entre elas a permanência do familiar junto
o papel fundamental de despertá-la ações integradas que visam modificar à criança dentro do Centro Cirúrgico e a
utilizando sensibilidade, conhecimento substancialmente os serviços prestados utilização dos brinquedos, como terapia
e criatividade. aos usuários dos hospitais públicos para as crianças expressarem seus senti-
brasileiros, melhorando sua qualidade e mentos brincando e estabelecer um elo
Nem sempre o enfermeiro consegue eficiência. Para isso, entre outros, busca e confiança nos profissionais.
equacionar os sentimentos que perturbam aprimorar as relações dos profissionais de
a criança no período que antecede saúde com os pacientes. O enfermeiro possui funções específicas
a cirurgia; mas um bom mergulho no na eficácia terapêutica de seus clientes,
brincar certamente pode ajudar a superá- Vários autores ( 1 3-15) enfatizam que é ne- sendo da sua responsabilidade a obser-
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vação e o atendimento das necessida- referem que as enfermeiras perioperató- experiência cirúrgica são igualmente
des psicossomáticas do indivíduo em rias ajudam a satisfazer a carência de no- partilhados pela família, podendo ser
cirurgia ( ' ) . Assim, a humanização da tícias, de acompanhamento da situação; refletidas negativamente sobre o estresse
assistência que se presta ao cliente pedi- diminuindo assim a ansiedade dos pais da criança.
átrico e seu familiar é fundamental, a fim durante o transoperatório.
de transmitir-lhes segurança e integridade As autoras, com base na literatura,
,
emocional, num momento tão crítico do Destaca-se a importância de abranger adotaram para a interação com a criança
tratamento da criança. a família na comunicação com a criança, cirúrgica a história, o brinquedo, o lúdico,
uma vez que os familiares participam enfim optaram por adentrar no mundo da
Cabe aos enfermeiros do Centro Cirúrgi- dos cuidados ao cliente. (18 As au- criança e estabelecer uma relação com ela.
co, enquanto educadores e facilitadores, toras obtiveram, como resultado em Referem que com os recursos disponíveis
estabelecerem relacionamentos saudáveis seu estudo, um enfrentamento dos na instituição e muita criatividade aten-
com a criança e o seu acompanhante; envolvidos, com mais tranquilidade dem a criança cirúrgica de maneira mais
sendo o espaço lúdico o lugar ideal para e colaboração com as equipes de humana, confiando-lhe proteção a que
proporcionar tais condições, oportuni- profissionais durante os procedimentos tem direito.
zando situações, adequadas às condições anestésico-cirúrgicos.
afetivas, físicas, sociais e intelectuais Nesse sentido, vale ressaltar:
da criança, que venham a amenizar o Quando o paciente cirúrgico é uma
sofrimento. criança, 'a equipe de saúde deve estar a interação estabelecida através
atenta aos processos que podem interferir de brincadeiras e dos jogos com os
Interação enfermeiro/criança/famíl ia no em um restabelecimento eficaz, visto que pacientes infantis pode interferir posi-
Centro Cirúrgico se trata de um ser em desenvolvimento tivamente em seu desenvolvimento nas
e que apresenta características peculiares áreas da linguagem, da motricidade
Considera-se a presença do acompanhan- da comunicação".° 8 Dentre as mani- e da afetividade. Possibilita, ainda, a
te junto à criança fundamental, possuindo festações que decorrem nessa situação, aproximação de todos os envolvidos
o familiar algumas funções sociais como temos a tensão expressada por mudez, no processo, contribuindo, assim, para
relação de intimidade, afeto e solidarie- choro, atividade motora exagerada, pou- a humanização e o enriquecimento do
dade, que representam ainda um sistema ca interação interpessoal, e tristeza. ambiente hospitalar.19
de cuidado, fornecendo suporte nas
diversas situações. O enfermeiro ao se A cirurgia representa uma das experi- Cabe ressaltar que a responsabilidade do
envolver com o familiar tem a percepção ências mais desagradáveis ou dolorosas enfermeiro do Centro Cirúrgico é muito
de todo o contexto no qual cada um está a que a criança está sujeita a enfrentar, grande, indo além do gerenciamento e da
inserido, desenvolvendo a partir daí o quando atendida em um serviço de assistência, necessitando de criatividade
processo de interação. saúde. E provavelmente deva estar e de humanização, atuando com senti-
associada com imagens amedrontadoras, mentos, e atenção no querer, no sentir
Baseado na legislação 8.069 de 13 muitas vezes veiculada pela mídia, com e no pensar da criança. A comunicação
de julho de 1990,
que dispõe sobre o objetos cortantes, sangue, pessoas verbal, e não-verbal, é ponto primordial
Estatuto da Criança e do Adolescente, mascaradas, procedimentos traumáticos para o entendimento e interação do en-
(1
no tocante ao Direito à Vida e à Saúde, e morte". fermeiro com a criança. Comportamentos,
o Artigo 12 refere que "os estabeleci- expressões faciais e palavras de forma po-
mentos de atendimento à saúde deverão No estudo citado as autoras 18 afirmam sitiva são fundamentais para a interação
proporcionar condições para a permanên- que: do enfermeiro/criança/familiar.
cia em tempo integral de um dos pais ou
responsável, nos casos de internação de A comunicação entre os profissionais de Sem dúvida, é um grande desafio o
criança ou adolescente"»5 saúde e a criança sempre deve abranger relacionamento-contato com crianças;
também sua família, já que esta tem maior ainda quando se trata de clientes
Em estudo sobre as expectativas da influência direta sobre ela. Muitos dos oncológicos. Para maior êxito nessa
família na sala de espera, 17 os autores mitos, desinformações e dúvidas sobre interação, recomenda-se: 20
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• seja humilde para aprender com todos enfermeiro para melhor atender às ne- d es de gerência, educação continuada
que estiverem à sua volta, inclusive com cessidades do cliente pediátrico e seus e assistência ao cliente oncológico, os
as crianças; familiares, adequando um espaço lúdico enfermeiros do Centro Cirúrgico vêm
que proporcionasse bem-estar e maior desenvolvendo um trabalho de huma-
• considere o momento adequado para satisfação da clientela. nização, voltado para a criança, com
cada troca: ambiente e clima social, envolvimento do seu acompanhante (na
linguagem utilizada e práticas habituais A BRINQUEDOLÂN DIA COMO sua grande maioria familiar), com utili-
e passadas; CENÁRIO DO PROCESSO DE zação terapêutica de atividades lúdicas
HUMANIZAÇÃO e de estimulação psicomotora, visando
• consulte outras pessoas, quando ne- minimizar os comprometimentos emocio-
cessário, para planejar as comunicações. O Centro Cirúrgico do Hospital do nais que antecedem ao procedimento
Aqueles que o ajudam a planejar o Câncer 1 (HC-l/lnca), composto por 10 cirúrgico. E para contemplar o objetivo
apoiarão ativamente (por exemplo: os salas de operações (SO) e recuperação citado, foi criado o espaço lúdico no
pais); pós-anestésica (RPA) com 10 leitos Serviço de Centro Cirúrgico do HC-1 do
(oito adultos e dois infantis), realiza, Inca, por iniciativa de alguns profissionais
• identifique o interesse e a necessidade em média, 600 procedimentos ao mês, de Enfermagem que, através de doações
da criança, pois isso é que faz com que atendendo a diferentes especialidades. e empenho, realizaram a decoração e
ela escute alguém; O atendimento à clientela infantil, com compra de brinquedos.
média de 54 crianças/mês, regularmente
• pergunte o que a criança entendeu, e envolve procedimentos pela Cirurgia Antes de acontecer o espaço lúdico pro-
não se entendeu; Pediátrica, Pediatria e Hematologia, priamente dito, o cliente pediátrico era
compreendendo: cirurgias de pequeno, entregue na porta do Centro Cirúrgico,
• esteja certo de que as suas ações médio e grande portes; biópsias, punção e o familiar que o acompanhava ficava
apóiam aquilo que está dizendo. Lembre- lombar, mielograma, biópsia de medula aguardando do lado de fora, no Hall
se: ações falam mais alto que palavras; óssea (BMO), quimioterapia intratecal, de Espera, sem ter conhecimento do
implantes de cateter venoso central de local onde seu filho era submetido ao
• escute, escute e... escute. Seja um longa permanência totalmente e semi- procedimento cirúrgico, bem como sem
bom ouvinte não só para os significados implantável, entre outros. os devidos esclarecimentos dos profis-
explícitos, mas também para os implícitos. sionais que o cercam, ou se j a, aiguns
Escute com o ouvido interior', se quiser A clientela infantil assistida no Centro questionamentos e determinados temores.
ouvir o ser "interior' dos outros. Cirúrgico encontra-se na faixa etária de Muitas vezes, os familiares desconhecem
o a 18 anos, portadores de diferentes ou têm pouco entendimento do processo
Nesse contexto, ressaltamos a impor- patologias associadas ao câncer, e cirúrgico a que seu filho é submetido.
tância do papel do enfermeiro, isso também de caráter diagnóstico, crônico
porque "E...] os pacientes sentem-se ou agudo. Daí, o cliente cirúrgico Nessa época, a criança se desesperava
objeto de atenção, bem assistidos e pediátrico oncológico necessitar de uma em gritos, choro e até mesmo agressivi-
mais tranquilos quando o profissional ali atenção especial e ser uma preocupação dades pelo afastamento de seu familiar
presente demonstra interesse e preocu- diferenciada para os enfermeiros de e o temor ao desconhecido, o "bicho-
pação com eles, valorizando suas queixas Centro Cirúrgico. Os familiares desses papão" - o Centro Cirúrgico, justamente
e indagações"." E que o cuidado de clientes também representam um fator de no momento em que ambos, a criança
Enfermagem ao cliente deveria ocorrer constante preocupação, pois na grande e familiar, na grande maioria mãe, ne-
em tempo e locais específicos, devendo maioria das vezes carecem de orientações cessitavam compartilhar o sofrimento e
desenvolver-se até que as necessidades e encontram-se bastante ansiosos à espe- a impotência. A criança ia para sala de
do paciente sejam clarificadas e resolvi- ra do término do procedimento cirúrgico. cirurgia, ficando seu familiar do lado de
das em conjunto. O tempo, por menor que seja, para o fora, ouvindo choro e gritos.
familiar, é enorme.
Em concordância com a citação acima Da mesma forma, o enfermeiro também
é que se buscou ampliar as ações do Nesse contexto, integrando as ativida- se sentia incapaz de conciliar a situação,
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_-.

ficando a sua atuação insatisfatória no No espaço lúdico (Brinquedolândia) O familiar, mãe ou pai na sua grande
ponto de vista pessoal e profissional. A procura-se, por meio de atividades maioria, após a entrevista de admissão
interação entre as equipes (Enfermagem, lúdicas e diversidade de brinquedos, no Centro Cirúrgico, é incentivado a
Anestesiologia e Cirurgia) e o familiar facilitar a compensação de necessidades acompanhar as atividades da criança, quer
ocorria de forma ineficaz predispondo que podem estar camuíladas. Através da seja em jogos ou empurrando os carrinhos
o cliente e familiares à tensão, ansie- participação o enfermeiro junto à criança com seus filhos.
dade, medo, frustração, insegurança e e seu acompanhante, com apoio, livre
até raiva. expressão e ludicidade, o sofrimento Determinadas crianças, bebês ou com
pode ser minimizado. alguma incapacidade são estimuladas no
Assim, na busca de melhorias, com o colo do familiar ou na maca, e os demais
decorrer do tempo, os primeiros passos O trabalho de humanização desenvolvido participam ativamente de acordo com a
foram dados, com pequenos agrados por pelos enfermeiros no Centro Cirúrgico sua criatividade.
iniciativa de alguns profissionais da En- proporciona à criança, além do prazer, o
fermagem, que buscaram contribuir para domínio de suas angústias, que encontra O ambiente de descontração da Brinque-
que ocorresse uma maior aproximação no brincar a mediação da suas relações dolândia do Centro Cirúrgico e a atitude
da equipe de Enfermagem com a criança com a doença, a família, o hospital e o positiva de valorização da criança pelos
e com seus familiares no período que procedimento cirúrgico. enfermeiros aos poucos foram sendo in-
antecede o procedimento cirúrgico e no corporados pelos familiares. A tensão e
transoperatório. Com isso, possibilitaram- A Brinquedolândia conta, entre outros, a impaciência iniciais vão gradativamente
se maiores expressões, esclarecimentos com: brinquedos fixos, como casa de sendo substituídas por interações mais
e o equilíbrio emocional, tornando a boneca, balanço, carros, jogo de totó, estreitas entre as crianças, seus familiares
assistência de Enfermagem no Centro motocas, mesinha para escrita e dese- e os enfermeiros.
Cirúrgico mais significativa. nhos; brinquedos leves, como bonecas,
bambolê, jogos educativos; e ainda uma Inclui-se também nas ações o empenho
Tendo em vista não ter sido projetada televisão. da equipe de Enfermagem em manter a
na construção do Centro Cirúrgico e compra de brinquedos que são distri-
limitações de espaço, a área destinada Os que mais despertam o interesse das buídos a cada uma das crianças que ali
à sala de pré-anestésico foi submetida a crianças são os carros dirigíveis, que comparecem. Estas ações têm a intenção
adaptações para funcionar como Área além de servirem de diversão no espaço de tornar a passagem da criança no
de Recepção Infantil e Espaço Lúdico, lúdico, conduzem as crianças para a sala Centro Cirúrgico uma experiência menos
a qual passou a ser denominada de Brin- de cirurgia, fazendo com que as crianças desagradável.
quedoIndia (Fig. 1), por considerarem não se agitem ou chorem como acontecia
a "Disnelndia" do serviço. antes dessa conduta ser instalada. A conduta envolvendo o familiar acom-
panhando e permanecendo com a criança
na sala de espera e Brinquedolândia até
a indução anestésica na SO, bem como
a presença deste familiar ao término do
procedimento, ainda na SO, é a tônica
do Centro Cirúrgico, e já alcança 100%
de participação.

Figura 1 - Brinquedolândia
(Espaço lúdico)

1 Centro Cirúrgico do HC-l/INCA,


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Inicialmente, havia um pouco de QUADRO 1: Sistematização da Assistência de Enfermagem à Criança no


receio por parte das enfermeiras Centro Cirúrgico
em saberem lidar com aquela nova
Agente: enfermeiro do Centro Cirúrgico
situação. Contudo, aos poucos, em
prol das crianças, do familiar e dos
CONDUTAS/OBSERVAÇÕES
resultados para a Enfermagem, supe-
raram todas as dificuldades, passando
• Checar/providenciar a limpeza e organização do espaço lúdico - Brinquedolândia
hoje a ser fundamental esta relação
- providenciando brinquedos e acessórios lúdicos para distração da clientela infantil.
enfermeiro-cliente pediátrico-Familiar
de forma mais humanizada, com maior
• Prover a Sala de Cirurgia (SO) determinada para os procedimentos cirúrgicos
compreensão por parte dos familiares
infantis:
no contexto dos envolvimentos pré,
- de recursos humanos de Enfermagem, com perfil adequado ao atendimento da
trans e pós-operatórios. Daí pode-
clientela
se dizer que respeito, segurança, e
- de materiais e equipamentos necessários.
integração minimizam a ansiedade
do cliente e pode ser feita através
• Promover, junto com os técnicos de Enfermagem, um ambiente propício de
de uma pequena ação com grande
atração e envolvimento na 50:
repercussão - a atenção.
- de Forma lúdica (bolas coloridas, brinquedos e profissionais com caracterizações
infantis).
SISTEMATIZAÇÃO DE
CONDUTAS
• Recepcionar a criança e o familiar que o acompanha de Forma calorosa e atenção
dirigida:
A Enfermagem no Centro Cirúrgico
- procurando meios facilitadores de entrosamento com a criança;
tem por objetivo principal assegurar
- permitindo lágrimas e choro para diminuir a tensão emocional.
uma assistência perioperatória indivi-
dual e integral, visando à prevenção
• Favorecer a comunicação com o cliente:
de complicações, o bem-estar e a
- incentivando o cliente e utilizando-se de linguagem apropriada no nível do
segurança do cliente oncológico.22
mesmo (infantil).
Para isso é fundamental que as ações
do enfermeiro em qualquer circuns-
• Identificar reações e temores da criança:
tância estejam alicerçadas no processo
- a fim de atuar junto às suas necessidades.
de humanização para o êxito de uma
assistência qualificada e satisfação
• Familiarizá-lo no ambiente - Brinquedolândia:
da clientela e dos profissionais en-
- com os brinquedos que o cercam e com outras crianças (se houver).
volvidos.

• Oferecer um agrado à criança para melhor condução do processo de interação:


Apresentamos, a seguir, as condutas e
- bonecas, carrinhos, jogos, e outros, distribuídos por doação.
abordagens prestadas pelo enfermeiro
ao cliente pediátrico/Familiar no Cen-
• Proceder à admissão do cliente no Centro Cirúrgico:
tro Cirúrgico do HC-l/lnca, baseadas
- fazendo o levantamento do preparo e condições da criança (tempo de jejum,
na vivência prática dos enfermeiros
medicações em uso, presença de alergias, etc.);
deste serviço, com vistas a uma melhor
- registrando no prontuário os dados levantados.
aceitação do tratamento anestésico-
cirúrgico pela criança/familiar e a um
• Promover a assistência de Enfermagem:•
melhor entrosamento com a equipe
- identificando os problemas e necessidades da criança junto à mesma e/ou seu
multidisciplinar (Quadro 1).
familiar;
- Favorecendo o atendimento imediato às suas necessidades.
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• Registrar toda evolução e intercorrências do cliente no prontuário:


- de forma clara e objetiva.

Promover a interação enfermeiro-cliente/família:


- proporcionando atenção e confiança através de sua presença efetiva junto à criança;
- utilizando meios facilitadores de comunicação - atividades lúdicas (brincando).

Incentivar o familiar a partilhar dos procedimentos a serem realizados com o cliente:


- permanecendo junto à criança para minimizar a ansiedade e favorecer a autoconfiança.

• Manter o controle da SO para o devido encaminhamento da criança, evitando tempo de espera prolongado:
- checando o preparo da 50 e equipes profissionais;
- checando as medicações quimioterápicas programadas, preparadas pelo Setor de Quimioterapia - no caso de
procedimentos intratecais.

• Conduzir a criança e seu familiar à SO:


- de forma mais tranquila possível, dialogando e procurando atender às preferências da criança (de carrinho, na maca ou
deambulando) e de acordo com as suas condições clínicas;
- informando que o seu familiar permanecerá na 50 e estará junto a ela ao despertar da anestesia.

• Promover a interação da criança e seu familiar com os profissionais da SO:


- envolvendo-se nas estratégias lúdicas (músicas, brinquedos, gestos, e outros).

• Informar aos profissionais da SO (técnicos de Enfermagem, anestesista e cirurgião) sobre observações


detectadas na admissão:
- para o estabelecimento de condutas e prioridades.

Fornecer explicações à criança e/ou familiar sobre a indução anestésica:


- de forma a despertar o interesse e aceitação dos procedimentos a serem realizados.

Orientar o familiar, após a indução anestésica, sobre a espera fora da SO, durante o procedimento cirúrgico:
- procedimentos de curta duração (até 30min.) - aguarda na Brinquedolndia, se for da sua vontade;
- procedimentos de média duração (até 2 horas) - aguarda no hall do Centro Cirúrgico;.
- procedimentos acima de 2 horas de duração e internados - aguarda na unidade de internação.

• Prestar informações sobre a condução do procedimento cirúrgico, quando solicitadas


- a fim de minimizar os anseios e expectativas dos familiares.

e Solicitar e encaminhar o familiar à SO ao término da cirurgia;


- orientando quanto às condições da criança;
- para que a criança, ao despertar da anestesia, perceba o familiar ao seu lado, favorecendo a sua restabilização/
recuperação.

e Proceder às orientações necessárias ao familiar quanto ao pós-operatório imediato na RPA:


- para melhor envolvimento e participação, e contribuição para o pronto restabelecimento da criança. _....
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• Promover a assistência de Enfermagem à criança na RPA:


- realizando o levantamento das condições da criança, admitindo, evoluindo, orientando e prestando os cuidados
devidos, de forma calorosa e atenção devida.

• Promover a interação enfermeiro/cliente na RPA:


- proporcionando atenção e confiança através da presença efetiva do enfermeiro junto à criança, e meios facilitadores de
comunicação.

• Promover a continuidade da ludicidade na RPA:


- mantendo o brinquedo junto à criança e expressões, gestos e comunicação adequada para o entretenimento.

• Proceder à admissão da criança na RPA:


- de forma clara e objetiva, no prontuário e no livro de registros de pacientes da RPA

• Fornecer esclarecimentos ao acompanhante sobre todos os procedimentos de Enfermagem realizados:


- para favorecer a relação de interação e confiança para com os profissionais;
- para que esteja interado das ações e procedimentos realizados.

• Registrar toda evolução, intercorrências e cuidados prestados, no prontuário:


- de forma clara e objetiva.

• Realizar a educação para a saúde e os encaminhamentos de alta, à criança e familiar:


ensinando e esclarecendo dúvidas, se necessário.

• Proceder à alta da criança


- a partir da alta do anestesiologista e do enfermeiro;
- registrando no prontuário as condições de alta e orientações fornecidas ao familiar;
- registrando no Livro de Registros de Pacientes da RPA, horário de saída e destino.

• Encaminhar a criança e familiar acompanhado pelo técnico de Enfermagem da RPA e o maqueiro:


- à enfermaria de origem, quando internado;
- ao vestiário de pacientes do Centro Cirúrgico, quando ambulatorial;
- a criança sai do Centro Cirúrgico com os brinquedos recebidos de doações;
- à saída do Centro Cirúrgico, a criança recebe um lanche, de acordo com as recomendações do anestesiologista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS gadas pela equipe de Enfermagem para Assim, pode-se perceber pelas reações
manejar/minimizar o trauma do ambiente da clientela infantil, principalmente a
Durante a prática diária de cuidado à e seu impacto sobre a criança e seus fa- ausência de choros, gritos e expressões
criança e seu familiar em Centro Cirúr- miliares trouxeram respostas significativas de medo, que as condutas adotadas
gico oncológico, os autores puderam com maior compreensão, participação e pelos enfermeiros na recepção e espa-
acompanhar a evolução do processo de interação dos envolvidos, repercutindo ço lúdico têm se revelado eficazes no
sistematização de condutas implantado no bem-estar mental, emocional e social sentido de minimizar o sofrimento da
no serviço do HC-l/lnca, e constataram da criança assistida, e maior confiança de criança que envolve um procedimento
que as estratégias de humanização empre- seus familiares. anestésico-cirúrgico. As observações e
a

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comentários favoráveis por parte dos 6.Piaget J. A psicologia da criança. Rio de Paterson & Zderad. Nursing (São
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São Paulo; c2008. [atualizado 2008; ENFTEC; 1992; São Paulo. São Paulo: obtenção do título de especialista
citado 2005 out. 191. Disponível em: ENFTEC; 1992. piO-l. em Enfermagem em Oncologia pelo
http://www.hope.org.br
Instituto Nacional do Câncer (Inca),
1 6.Santos ALGS, Backes VMS, Vas-
do Ministério da Saúde, no Rio de
5.Brasil. Ministério da Saúde. Projeto concelos MA. Assistência humanizada
Minha Gente. Estatuto da criança e do ao cliente no Centro Cirúrgico: uma Janeiro (RJ)
Adolescente. Brasília; 1991. experiência apoiada na teoria humanística
o

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AUTORIA

Damiana Cosmea da Silva

Enfermeira do Serviço de Enfermagem em Centro Cirúrgico da Unidade 1 do Hospital do Câncer (HC-l) do Instituto Naciona

do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro (RJ).

Naluzia de Fátima Meirelies

Enfermeira do Serviço de Enfermagem em Centro Cirúrgico da Unidade do Hospital do Câncer (HC-l) do Instituto Nacional

do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro (RJ). Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ). Título de especialista em Centro Cirúrgico pela SOBECC.

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