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Dissertação Completa Flávia Heloísa Da Silva
Dissertação Completa Flávia Heloísa Da Silva
MESTRADO PROFISSIONAL EM
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA (PROFEPT)
CURITIBA
2019
FLÁVIA HELOÍSA DA SILVA
CURITIBA
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada por Jeanine da Silva Barros CRB-9/1362
A Deus, por me abençoar com a entrada nesse mestrado e, a cada dia, nas viagens,
nos estudos e em todos os momentos que me senti angustiada, sempre enviando
alguém para me dizer o que eu precisava ouvir; obrigada por me permitir finalizar,
obrigada por ouvir minhas orações.
À minha família, meu pai Laurindo Mendes da Silva e minha mãe Alice Fátima da
Silva, pela confiança, por me ensinar a correr atrás do que quero, pela minha
criação, pelo entusiasmo com as minhas conquistas, por vocês estarem aqui
sempre. Amo vocês.
À minha filha, Anna Emília, que irritantemente me mandava estudar quando eu só
queria assistir Netflix; por ela concluo esse mestrado.
À minha orientadora, Profa. Dra. Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado, portadora
de infinitas qualidades, a qual pacientemente me estendeu a mão e humildemente
compartilhou comigo um pouco do seu conhecimento, que, para mim, foi muito.
Ao Prof. Dr. Leandro Rafael Pinto, professor e coordenador do ProfEPT, pelos
ensinamentos e apoio constante durante a minha caminhada acadêmica no
mestrado.
À Profa. Dra. Luize Moro, pelas sábias orientações e contribuições para o enrique-
cimento desta pesquisa.
Aos servidores do IFPR - Campus Cascavel, que me auxiliaram prontamente em
tudo que sempre precisei, em especial, ao diretor geral Dr Luiz Carlos Eckstein.
Aos professores do IFPR - Campus Cascavel, que me auxiliaram no envio das
questões, possibilitando a pesquisa inicial, em especial, Fernanda Bellintani Frigério
Valdez, Geder Paulo Friedrich Cominetti, Lineker Alan Gabriel Nunes, Maurício
Marcelino de Lima, Natássia Jersak Cosmann, Poliana Sella, Ricardo Sonsim de
Oliveira.
Ao professor Rudy Nick Vencatto, que me convidou a participar das corridas de
orientação e me apresentou o senhor Valdir Tasca, orientista benemérito do Paraná,
que me auxiliou nas atividades práticas e se tornou um grande amigo.
Aos professores de Educação física de todos os campi que responderam à
pesquisa.
Ao corpo docente do mestrado profissional PROFEPT e ao IFPR Curitiba, que
proporcionaram um ambiente prazeroso de estudos, estimulando o crescimento
acadêmico, interação e o diálogo.
Às minhas amigas Ninjas, Marta Gisele Fagundes, Andressa Torinelli, Simone
Urnauer, Dircéia Anjos, Dione Caetano; unir minha loucura à de vocês foi
indescritível, do mestrado para a vida.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conquista desse sonho, meu
muito obrigada.
“A alegria não chega apenas no encontro do
achado, mas faz parte do processo da busca”
(FREIRE, 1996, p 16).
RESUMO
1. INTRODUÇÃO 17
2. O PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA 26
2.1. FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO 26
2.1.1. O Currículo na Educação Profissional e Tecnológica 26
2.1.2. O Esporte no currículo da Educação Física Escolar 32
2.1.3. A Corrida de Orientação 37
2.1.3.1. Corrida de orientação: o que é preciso saber? 38
2.1.3.2. Mapas 41
2.1.3.3. Cartão de Controle, Picotador e Prisma 44
2.1.3.4. Bússola 46
2.2. FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO 49
2.2.1. Abordagem da Pesquisa: Qualitativa 50
2.2.2. Tipo da Pesquisa: Estudo de Caso 51
2.2.3. Campo de Pesquisa 52
2.2.4. Período de Investigação 52
2.2.5. Sujeitos Investigados 53
2.2.6. Instrumentos de Coleta de Dados 54
2.2.6.1. Pesquisa Bibliográfica 54
2.2.6.2. Pesquisa-ação 56
2.2.6.3. Questionário 61
3. PROCESSO DE ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 63
3.1. ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA 63
3.2. ANÁLISE DA PESQUISA-AÇÃO 64
3.2.1. Análise dos questionários 81
4. CAPÍTULO: SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO 95
4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O PRODUTO EDUCACIONAL E SUA
VINCULAÇÃO COM A ÁREA DE ENSINO 95
4.2. SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO:
PLANEJAMENTO E CONSTRUÇÃO 96
4.3. A SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO:
AVALIAÇÃO E RESULTADOS 98
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 108
REFERÊNCIAS 112
ANEXO1 - QUESTÕES RESPONDIDAS NOS PONTOS DE CONTROLE 118
ANEXO 2 – ROTEIRO BASE PARA QUESTIONÁRIO 124
ANEXO 3– PPC INFORMÁTICA IFPR CAMPUS CASCAVEL 126
ANEXO 4 – ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL 128
ANEXO 5 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP 129
APÊNDICE 1 – PRODUTO EDUCACIONAL 135
17
1. INTRODUÇÃO
1
Conceitualização no capítulo 2.
2
De acordo com Pasini (2004, p.12-14), existem vários tipos de corrida de orientação: a orientação
pedestre, na qual o orientista utiliza um mapa e uma bússola e percorre o trajeto a pé; a orientação
em montain bike, em que o orientista utiliza uma bicicleta; orientação de esqui, praticada no inverno
em locais onde o inverno possibilita o acúmulo de neve; e a orientação de precisão, baseada na
interpretação de cartas em áreas naturais, proporcionando igualdade de condições entre deficientes
físicos e demais competidores. Ao longo do texto, abordaremos a corrida de orientação pedestre para
desenvolvimento da pesquisa, de forma que será tratada apenas como corrida de orientação.
3
Omnilateral, de acordo com a Diretriz Curricular Nacional para a EPT, significa “uma formação
ampla, que engloba diversos campos do conhecimento (ciência, tecnologia, trabalho e cultura);
expondo que a preparação para o trabalho não é preparação para o emprego, mas a formação
omnilateral (todos os aspectos) para compreensão do mundo do trabalho e inserção crítica e atuante
na sociedade, inclusive nas atividades produtivas, em um mundo em rápida transformação científica e
tecnológica. Portanto, a formação omnilateral visa a concepção de formação humana, com base na
integração de todas as dimensões da vida no processo educativo”. (DCN para a EPT de nível médio.
s/d. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6695-dcn-
paraeducacao-profissional-debate&Itemid=30192>. Acesso em: 04 Jan. 2019.
20
4
Trecho na língua original “por enseñanza, nosotros compreendemos tres cosas: Primera:
Enseñanza intelectual; Segunda: Educación física; Tercera: Adiestramiento tecnológico, que transmita
los fundamentos científicos generales de todos los processos de produccion, y que, al mismo tempo,
intruduzca al niño y al adolescente em el uso prático y em la capacidade de manejar los instrumentos
elementares de todos los ofícios...” (MARX, citado por CASTELLANI FILHO, 2010, p.21).
21
5
No período entre 01 a 26 de março de 2018.
23
base de dados, Scientific Electronic Library Online (Scielo) 6, com os termos “corrida
de orientação”; obteve-se 0 resultados.
7
Consultando o scholar.google.com.br (Google acadêmico), foram
encontrados 451 resultados para o termo “corrida de orientação”. Adicionando o
termo escola “corrida de orientação na escola”, encontramos sete resultados, dentre
os quais uma dissertação já mencionada, um relatório, um capítulo de livro e um
artigo. Isso totalizou quatro resultados, sendo os demais descartados por serem
incompatíveis com a temática em questão.
Ao fim da pesquisa, verificou-se que há escassez de estudos científicos no
campo da corrida de orientação na escola. Observando as premissas da educação
profissional, com o desenvolvimento da articulação entre conhecimento geral e
específico, profissional e básico, bem como o uso da interdisciplinaridade como uma
forma imprescindível de ensino e a vinculação da corrida de orientação, a escolha
do tema justifica-se como um conteúdo relevante a ser desenvolvido nas escolas,
com possibilidades de se tornar uma prática viável e prazerosa.
Diante das evidências destacadas até aqui, defende-se a importância e a
originalidade desta pesquisa, pois, como já mencionado, as investigações sobre a
corrida de orientação como ferramenta pedagógica interdisciplinar são escassas e
apontam para a necessidade de investir pesquisas nessas temáticas específicas.
Considerando que: i) a corrida de orientação pode ser desenvolvida de diversas
maneiras no ambiente escolar, visando à aprendizagem de diversos conteúdos de
componentes curriculares distintos; ii) para a última fase da educação básica, esse
conteúdo, em grande parte das instituições de ensino, é desprezado, devido ao
entendimento da atividade constituir um rol de assuntos de complexidade
aumentada ou desconhecido; e iii) as inúmeras possibilidades que a atividade
proporciona, o problema delineado para esta pesquisa é: a construção de uma
sequência didática que possibilite tanto a divulgação da modalidade quanto seu
desenvolvimento no ambiente escolar, visando à construção interdisciplinar do
conhecimento, à formação integral do aluno e à capacitação docente, utilizando
pouco investimento e recursos materiais: a) teria a adesão e colaboração dos
6
No período entre 01 a 30 de abril de 2018.
7
No período entre 01 a 30 de maio de 2018.
24
Esta pesquisa baseia-se nas teorias, nas filosofias, nos conceitos e nos
princípios, detalhados a seguir, que a sustentam, constituindo um arcabouço
facilitador para sistematizar o conhecimento na educação profissional e tecnológica,
materializando-se como proposta de dissertação e produto educacional.
8
Para maiores esclarecimentos verificar Lei 9394/96 Educação Básica em Capítulo 2, Título 3, Artigo
4º a inobservância da educação técnica e profissional e Seção IV – A da Educação Técnica de Nível
Médio, Artigos 36 A, B, C, e o Capítulo 3 na tratativa da Educação Profissional e Tecnológica, Artigo
39 e subsequentes.
29
currículo integrado não é um processo simples e rápido, visto que faz parte de um
procedimento de lapidação contínuo, que pressupõe uma série de remanejamentos
estruturais, os quais vão da formação do corpo docente e demais servidores da
educação à organização física-estrutural das instituições, nos quais a rede federal já
vem alicerçada e fundamentada.
O IFPR teve sua criação em 28 de dezembro de 2008, por meio da
Lei11.892/08, em que a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná foi
transformada em IFPR, passando a ter autonomia pedagógica e administrativa.
Hoje, o IFPR possui 25 campi, oferecendo ensino regular presencial técnico de nível
médio, graduação e pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu, cursos de formação
inicial e continuada e diversos cursos na modalidade EaD (IFPR 2019c) .No total,
são 20.544 alunos matriculados na modalidade presencial e 13.419 alunos na
modalidade EaD, em todo o estado 9 (IFPR 2019d). Esses estudantes estão
distribuídos em 43 cursos técnicos presenciais, 11 cursos técnicos na modalidade a
distância, 20 cursos superiores presenciais, 3 cursos de especialização na
modalidade presencial, 1 curso de especialização na modalidade a distância e 1
curso de pós graduação Stricto Sensu na modalidade semipresencial(IFPR 2019c).
Esses alunos são atendidos por 2.342 servidores, entre professores, estagiários e
técnicos administrativos (IFPR, 2019d)10.
O IFPR - Campus Cascavel, campo de pesquisa desta investigação, iniciou
suas atividades provisoriamente na Escola Municipal Aníbal Lopes da Silva, região
Norte do município, com base na abertura do curso de Auxiliar em Carpintaria, na
modalidade de Formação Inicial e Continuada (FIC), no ano de 2010 11.
Em 2011, a transferência para o CAIC, também na região norte da cidade,
possibilitou a implantação do laboratório de informática e, isto posto, a abertura de
novos cursos.
A doação do terreno de 62 mil m² pela Prefeitura de Cascavel, no bairro
9
Atualizado em 08/ Mar./2019. Disponível em: < http://info.ifpr.edu.br/dados-gerais-ifpr/?tab=alunos>.
Acesso em 16/Abr./2019.
10 Atualizado em Agosto de 2018 pela PROGEPE/SIAPE. Disponível em: http://info.ifpr.edu.br/dados-
12
Bairro mais populoso de Cascavel, com 13.173 habitantes, sendo 64,4% de pessoas na faixa etária
de 15 à 64 anos, segundo informações do site < http://populacao.net.br/populacao-
floresta_cascavel_pr.html#>. Acesso em: 05/ Jan./2019. Portal
13
O restante da metragem disponível está inutilizado, separada por um alambrado, sendo
disponibilizada após a construção de novos blocos didáticos.
31
reconhecer elementos que são indizíveis, excede o que está nos livros e manuais.
Dessa forma, segundo Schmid (2012), essa dimensão denota o mundo, assim como
ele é experimentado pelos seres humanos na prática de sua vida cotidiana.
Nesse ponto, (Lefebvre apud Schimid, 2012) destaca que é inequívoco o
vivido, pois a experiência prática não se deixa exaurir pela análise teórica. Sempre
permanece um excedente, um remanescente, o indizível, o que não é passível de
análise, apesar de ser o mais valioso resíduo, que só pode ser expresso com base
em meios artísticos.
Nessa perspectiva, percebe-se que “o conceito de educação ultrapassa os
limites do escolar, do formal e engloba as experiências de vida, e os processos de
aprendizagem não formais que desenvolvem a autonomia tanto da criança como do
adulto” (GADOTTI, 2012, p.15) e auxiliam na construção do conhecimento.
A produção e a utilização do espaço na prática da corrida de orientação
superam a visão de espaço, no ponto de vista geográfico – territorial. Por meio da
prática, pode-se perceber a exploração do espaço percebido, na percepção dos
recursos hidrográficos presentes no ambiente, pássaros e demais animais, cheiros
de plantas, percepção de terrenos, dentre outras sensações vividas, de forma a
proporcionar experiências formativas e educativas inovadoras.
Influenciada pelo humanismo radical e pela fenomenologia, a Geografia, com
base na corrente chamada de Geografia Cultural Renovada, passa a incorporar
termos como lugar, espaço vivido, local e topofilia, além de suas interpretações, de
forma a valorizar os cinco sentidos humanos na análise do espaço geográfico,
baseada em diferentes formas de pensamento da realidade (PINTO, 2015 p.65).
Da mesma forma, o espaço concebido permite um confronto de experiência e
concepção prévia, margeando debates sobre a exploração dos recursos naturais,
ecologia, meio ambiente, destino do lixo e deveres sociais em geral, que só são
possibilitados se expusermos o aluno ao espaço vivido, relacionado com a
experimentação prática; esta última leva o aluno para além do livro didático, gera
uma troca, requer comunicação entre o aluno e o meio, confronto, comparação,
desenvolve sentimento, sendo um item para a aprendizagem.
A educação social se entrelaça com a educação popular, cidadã, comunitária
ou sociocomunitária e possui um campo amplo, compreendendo o espaço escolar
tido como formal e o não formal (GOHN, 2006, p. 16). Portanto, a troca de
32
14
Para Tubino (2010): “o Esporte Educacional, também chamado de Esporte na Escola, pode ser
oferecido também para crianças e adolescentes fora da escola (comunidades em estado de carência,
por exemplo). O Esporte Educacional, segundo Tubino, Garrido e Tubino (2006), deve estar
referenciado nos princípios da: inclusão, participação, cooperação, co-educação e co-
responsabilidade. O Esporte-Participação, também conhecido como Esporte Popular, praticado de
forma espontânea, tem relações com a Saúde e as regras. Estas podem ser oficiais, adaptadas ou
até criadas, pois são estabelecidas entre os participantes, tem como princípios: a participação, o
prazer e a inclusão. Já o Esporte de Desempenho, conhecido também como Esporte de
Competição, Esporte-Performance e Esporte Institucionalizado, é aquele praticado obedecendo a
códigos e regras estabelecidos por entidades internacionais. Objetiva resultados, vitórias, recordes,
títulos esportivos, projeções na mídia e prêmios financeiros. A ética deve ser uma referência nas
competições e nos treinamentos. Os dois princípios do Esporte de Desempenho são: a Superação e
o Desenvolvimento Esportivo. Convém esclarecer que o Esporte de Desempenho pode ser: de
Rendimento ou de Alto Rendimento (Alta Competição, Alto Nível etc.). Os princípios para essas duas
manifestações do Esporte de Desempenho são comuns”.
37
em meio militar, como forma de entretenimento das tropas; para a realização dessas
atividades, era necessário o manuseio de bússolas e distâncias, porém, inicialmente,
sem mapas (PASINI, 2004).
O responsável pela divulgação e incentivo do esporte, o Major Ernest
Killander, observando o afastamento dos jovens da corrida e do atletismo, buscou
transformar a atividade por meio da exploração do meio ambiente e da fixação de
pontos na floresta. Assim, entregou um mapa e uma bússola aos atletas, tornando a
prática da corrida algo inusitado (SCHERMA, 2010).
No Brasil, somente em 1956 foi realizado o primeiro percurso de “Cross
Country Orientado”, na Gávea, Rio de Janeiro. A corrida era individual, com rota
livre, pontos de controle sequenciais e obrigatórios, com o uso de bússola e cartão
de controle. Contudo, apenas em junho de 1986 é que aconteceu o I Campeonato
Metropolitano de Orientação, no Parque Barigui, em Curitiba, sendo considerado o
primeiro evento oficial civil do país (CBO, 2017).
A prática da modalidade vem crescendo no Brasil, visto que, até o ano de
2016, já existiam 136 clubes de orientação, 14 Federações e 05 Gerências de
Orientação em estados onde ainda não existem Federações, todos já filiados à
Confederação Brasileira de Orientação, desde o ano de sua criação, em 1999 (CBO
2017). Contudo, apesar desse crescimento, poucas pesquisas são realizadas por
professores de Educação Física, ficando evidenciado que a temática “corrida de
orientação” é estudada por dois grupos de pesquisadores: i) os militares, devido à
atuação na prática de orientação, precedentemente muito utilizada nesse meio e
explorada há pouco tempo entre os civis; e ii) os geógrafos, devido ao conteúdo ser
explícito no componente curricular.
Ou seja, independentemente da área, todos possuem a mesma paixão pela
prática da corrida de orientação e são visionários de sua grandeza educacional;
todos expõem a satisfação em aplicá-la, sendo que Friedmann (2008, p.61) define
que a orientação “é a arte e a habilidade de navegar no terreno com auxílio de um
mapa e de uma bússola a fim de cumprir um percurso informado no mapa”. Pasini
(2004) compara a corrida de orientação com a brincadeira de caça ao tesouro,
devido à utilização do mapa para encontrar pontos de controle, sendo atos
obrigatórios de passagem.
Já Paz (2003, p.23) diz que a corrida de orientação “consiste em trilhar um
40
2.1.3.2. Mapas
círculos, de forma crescente, até o ponto final delimitado por dois círculos
concêntricos; esses símbolos são universais, sendo encontrados em todos os
mapas de corrida de orientação (figura 1).
15
Valdir Tasca é militar da reserva, condecorado pela Federação Paranaense de Orientação, o qual já
recebeu os títulos de Orientador Honorário do Paraná e Orientador Benemérito do Paraná. Fundador
da Confederação Brasileira de Orientação (1999), Federação Paranaense de Orientação (1998) e
Cobra Clube de Orientação (1996), é Presidente deste último. É árbitro internacional de orientação,
oferecendo clínicas na modalidade em diversas escolas. Para este trabalho, colaborou com a
confecção dos mapas de orientação utilizados e com a marcação do percurso da primeira atividade
prática, dentre outras participações importantes.
43
que permita uma corrida facilitada por baixo de suas folhas (PASINI, 2004;
FRIEDMANN, 2008; SCHERMA, 2010; CBO, 2000).
16
Pessoa que pratica corrida de orientação.
44
2.1.3.4. Bússola
Definida como um aparelho com uma agulha magnética, que é atraída para o
polo magnético terrestre, a bússola é um item permitido, mas não obrigatório durante
a prova. Contudo, o conhecimento sobre a bússola se faz necessário para qualquer
orientista. Os alunos “utilizam-na para orientar o mapa na direção norte fazendo
coincidir a agulha da bússola com as linhas de norte presentes no mapa” (AIRES et
al. 2011, p.13).
O uso da bússola, de acordo com Silva (2013, p.89): “é trabalhado de maneira
superficial, apenas com imagens nos livros didáticos, ou seja, não há, na maioria
das vezes, uma preocupação maior com o trabalho prático acerca deste
conhecimento”. Por isso, é natural encontrarmos pessoas que se dizem com
dificuldades de orientação, mesmo com a utilização de dispositivos de localização,
como os Sistemas de Posicionamentos Globais (GPS‟s); a falta de profundidade e
de exploração prática faz com que o conhecimento adquirido, no componente
47
semestre de 2018, logo com o retorno das aulas, após o recesso acadêmico, e
finalizou em setembro de 2018. A análise dos dados aconteceu no período de agosto
de 2018 a outubro de 2018, no decorrer da pesquisa-ação. A aplicação do
questionário foi realizada no período de setembro a outubro de 2018.
Richard
Plataforma Esporte em Busca de um Novo Caminho
Dissertação Wallace Scott 2001
Sucupira para Natureza
Murray
Ana Manuela
Google A potencialidade da Pordata no ensino (da
Relatório Salvador 2016
Acadêmico Geografia)
Moreira
André Accioly
Esporte de orientação na Educação Física Nogueira
Google Capítulo de
Escolar: Histórico, características e Machado; 2017
Acadêmico livro online
possibilidades pedagógicas
Nívea Lima
Cruz; Elano
56
Cordeiro
Soares; Bráulio
Nogueira de
Oliveira
Fonte: elaborado pela autora com base nos autores acima (2018).
2.2.6.2. Pesquisa-ação
17
De acordo com Coelho (2013), o QR (Quick Response) Code é um processo de identificação de
informações textuais, no qual a leitura de um gráfico 2D, em uma caixa preta e branca, permite o
acesso das informações constantes no gráfico. Sua criação ocorreu em 1994, por uma subsidiária da
Toyota no Japão. Para maiores informações, verificar em: <https://tecnologia.ig.com.br/dicas/2013-
03-04/qr-code-o-que-e-e-como-usar.html>. Acesso em 06/Jan/2019.
58
18
A aula 2 foi uma atividade prática, em que as três turmas foram reunidas em um sábado letivo. As
demais atividades foram durante o horário da aula regular.
59
Componente
Alternativa Correta*
Curricular*
Erros:
Tempo Final:
Integrantes da equipe:
Para a atividade prática, foi necessário o uso de, pelo menos, um smartphone
por grupo. Dessa forma, os estudantes foram divididos em equipes com quatro
integrantes cada, na qual pelo menos um dos integrantes tivesse um smartphone.
61
As equipes foram liberadas a cada três minutos, para que não houvesse
obstrução nos pontos de passagem, “encarneiramento”, e o tempo contabilizado foi
o tempo total da equipe.
Finalizada a atividade, as respostas foram tabuladas e, para cada resposta
incorreta, foi acrescentado 15” (quinze segundos) ao tempo total da equipe, medida
adotada para evitar que os estudantes respondessem às questões sem a análise do
conteúdo. Da mesma maneira, as equipes que responderam corretamente tiveram a
oportunidade de recuperar o conceito do componente curricular com o professor
correspondente, de forma que o critério e a quantidade de pontos válidos para a
tarefa variou de acordo com cada professor.
Para a confecção do mapa, da primeira atividade prática, na segunda aula, foi
distribuída aos estudantes uma bússola e um mapa por dupla; ademais, utilizou-se o
programa OCAD, em dois tipos de percursos, chamados de Alpha e Bravo, com
saída escalonada de 1 minuto, sendo obrigatória a saída de uma equipe Alpha e
uma equipe Bravo, sequencialmente, tornando a saída escalonada em 2 minutos
para cada percurso.
Para a segunda atividade prática, na aula quatro, os estudantes
permaneceram no Campus; todos os pontos de controle foram fixados em alguma
estrutura existente previamente no local. Os professores foram orientados a formular
questões simples e objetivas com respostas curtas, contendo entre três e cinco
possíveis alternativas para serem fixadas nos PC.
2.2.6.3. Questionário
Uso de
José Moran; Mar-
Novas tecnologias e mediação pedagó-
tecnologia na cos Masetto e 2013
gica
educação Marilda Behrens
Fonte: elaborado pela autora com base nos autores acima (2018).
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
A adesão menor para essa atividade efetivou-se pelo fato de ter sido
desenvolvida em um sábado, o que dificulta a frequência dos alunos que residem
fora do município de Cascavel; mesmo os estudantes que residem no município,
porém, em bairros mais afastados ao Parque, relataram dificuldades no
deslocamento, visto que há menor frota de ônibus municipal disponível nos finais de
semana.
O parque possui cerca de 18 hectares, sendo que, em seu interior,
encontramos trilhas pavimentadas, sanitários, estacionamento, academias da
terceira idade, parques infantis, os quais são cercados com cinco acessos de
entrada; porém, aos estudantes, era vedada a saída do parque.
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
Pontos Negativos Fácil, Curto, Com muitos insetos, Longo, Cansativo, Perigoso
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
Essa divisão foi utilizada de forma a direcionar a próxima prática, sendo que
foram observados os pontos de maior aceitação para os estudantes. Condizendo
com o objetivo da prática, apareceram os termos: acessível, suave, amparando o
sentido básico da tarefa, devido à sua baixa complexidade; os termos top e legal
70
1-Colocar os PCs
na estrutura
1-Largada mais construída, 1-Ter o nível de
afastada para não
1º INFO A dificuldade
visualizar os 2-Colocar
maior,
alunos da frente obstáculos,
3-Afastar os PCs
1-Colocar
1-Largada com
obstáculos,
escalonamento
maior, 1- Ter desafios
2- Esconder os 1-Ser mais
relacionados aos
1º AQ Pontos de longo porque é
2- Fazer grupos componentes
Controle, muito plano.
sortidos com curriculares,
indivíduos de 3- Ter diferentes
todas as turmas. percursos
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
tivesse um escalonamento maior, já que, quando a dupla da frente era liberada para
iniciar a atividade, as duplas de trás conseguiam se nortear por ela, trazendo os
recursos em desuso. Portanto, ao invés de um escalonamento de um minuto para a
largada, ocorrerá a ampliação para três minutos.
Quanto aos elementos físicos observados durante a atividade, a sugestão é
de que sejam distribuídos em diferentes percursos, diminuindo a chance de
direcionamento pelos colegas de outra equipe, sugestão que foi feita devido à
utilização de apenas dois percursos diferentes na tarefa anterior. Os pontos de
controle também visam afastar uns dos outros, de forma que não sejam vistos no
ponto de controle precedente; ademais, é possível esconder esse ponto e utilizar
obstáculos como forma de dificultar sua visualização e acesso, não colocando o
prisma, objeto utilizado nas corridas convencionais, para detecção em média
distância do PC.
O fato de estarmos em uma área descampada sugestionou a utilização de
todo o espaço do instituto, levando em consideração que é um ambiente plano, sem
árvores ou qualquer obstáculo natural; para isso, utilizaram-se os ambientes
construídos, quadra, blocos dentre outros.
Como última colaboração neste item, os estudantes sugeriram que fossem
adotados recursos tecnológicos durante a atividade, tendo em vista o caráter da
instituição e a falta de alguns recursos físicos, como bússolas manuais, picotadores,
dentre outros necessários para o desenvolvimento da atividade.
Como pontos cognitivos, a sugestão foi: a presença de enigmas, charadas e
pontos falsos, fazendo com que o participante, caso erre a resposta, perca tempo e
volte ao ponto anterior, precisando refazer o trajeto. Sendo assim, há uma
interdependência entre as respostas, podendo essas questões estarem relacionadas
aos componentes curriculares e às atividades vistas neles.
Caso todas ou a maioria das sugestões sejam acatadas, ocorrerá o aumento
da dificuldade da tarefa, sugerido pela turma do primeiro ano A de informática,
tornando a atividade mais longa e desafiadora, como sugeriu a turma do primeiro
ano do CTAQIEM. Isso contraria a crença do primeiro ano B do CTIIEM, que acredita
na impossibilidade da atividade ser realizada no IFPR Campus Cascavel, devido às
condições do terreno.
Todas as respostas são válidas como sugestão nesse método, porém,
73
algumas não são aplicáveis, devido aos recursos disponíveis, à organização geral e
à disponibilidade de outros agentes, portanto, as respostas encontradas no
questionamento “como tornar a atividade mais estimulante e atrativa?”, foram
tabuladas em viáveis e inviáveis.
Figura 11. Exemplo de QR code criado com a utilização do software Labeljoy (início)
Figura 12. Exemplo de QR code criado com a utilização do software Labeljoy (final)
Número do PC
Direção para o
próximo PC
Distância até o
QR code próximo PC
Pergunta realizada
19 Na página 58.
79
Figura 13. Exemplo de ponto de controle fixado na pista B e exemplo de obstáculo da pista A
Figura 14. Mapa das pistas A e B (uso somente para colocar os pontos de controle no lugar, sem
acesso dos estudantes)
Para análise dos questionários, foi utilizada a análise de conteúdo - com base
em Bardin (2011); por meio dela, foi classificado o conteúdo das falas, alocando as
declarações, as sentenças ou as palavras a um sistema de categorias, assim,
permitindo a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção dessas mensagens.
A condução da análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2011), abrangeu
várias etapas, a fim de conferir significação aos dados coletados e obedeceu às
seguintes fases: coleta de dados, preparação dos dados, codificação, categorização
e a análise de conteúdo.
Sendo assim, consideramos que o método adotado, seja quanto à forma de
abordagem, quanto aos métodos, ou quanto à análise dos dados levantados,
adequado às expectativas do tema proposto.
As questões objetivas foram tabuladas de acordo com a escala Likert, com
cinco alternativas, sendo que [1] eram utilizadas para discordância total do
enunciado da pergunta e [5] para a concordância total. Ao todo, foram
disponibilizadas três questões objetivas.
Já as quatro questões discursivas, foram categorizadas de acordo com
Bardin (2011), seguindo as etapas de análise de conteúdo sugeridas pelo autor, a
saber, coleta de dados, preparação dos dados, codificação, categorização e análise
do conteúdo.
Dos 88 estudantes matriculados nos primeiros anos do ensino técnico
integrado ao ensino médio, 82 realizaram a atividade, totalizando 93% do total de
estudantes matriculados na instituição; desses 88, 71 responderam ao questionário,
sendo 87% do total de praticantes.
Dos seis alunos que não fizeram a atividade da aula quatro, somente um
estava presente e não se sentia bem para a prática, tendo recomendações médicas
para não praticar atividades físicas; os demais não estavam presentes.
Encontrou-se grande aceitação do conteúdo, quanto à prática na Educação
Física escolar, quando a pergunta foi “De acordo com sua experiência nas práticas
sugeridas, em uma escala de 1 à 5, como você avalia a prática da corrida de
orientação no ambiente escolar?” - foram encontradas as seguintes respostas, de
acordo com o Gráfico 1.
83
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
debate, após a prática, como “o que fazer com os quero-queros?”; isso possibilitou a
interação entre os componentes curriculares, de forma a proporcionar uma visão
ampliada da atividade, para além do esporte.
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
89
respostas da mesma questão, visto que diversos responderam que gostaram muito,
não devendo mudar nada para a próxima prática. Nas perguntas anteriores, nas
falas em que apareciam os principais fatores pelos quais gostaram da prática, com a
avaliação positiva de 72% da prática na escola e na conclusão dos estudantes, 87%
acreditam que a atividade proposta pode ser encaminhada às outras instituições.
Verificou-se a aceitação dos estudantes para a corrida de orientação, mesmo
sendo trabalhada em ambiente restrito e considerada de grande potencial para, a
partir desta, serem desenvolvidas outras práticas relacionadas com o esporte,
partindo da colaboração dos estudantes.
Quanto ao Tópico 2, Interação com a tecnologia, observamos que alguns
dispositivos não vêm com os recursos suficientes para o desenvolvimento da
atividade, sendo assim, é indispensável a sua verificação prévia para definir qual a
melhor forma de divisão dos grupos.
Por outro lado, o fato de alguns smartphones não possuírem o magnetômetro
fez com que a programação inicial fosse ajustada, o que proporcionou maior
interação entre os componentes do grupo, destacando a distribuição de tarefas, a
organização da equipe, além de potencializar a comunicação entre seus membros
durante todo o andamento da corrida.
Pode-se perceber a utilização dos seguintes aplicativos durante a atividade:
Bússola - A falta do magnetômetro fez com que alguns smartphones não
fossem utilizados, porém, os que conseguiram instalar tiveram sua utilização
essencial para o desenvolvimento da atividade, devido à grande quantidade
de cerca, linhas de transmissão de energia e antenas ao redor do Instituto,
objetos que causam interferência na bússola manual.
Leitor de QR code - Para que o aplicativo funcione corretamente, os códigos
devem ser instalados em locais planos, evitando o arredondamento da
imagem, dessa maneira, os estudantes foram instruídos a descolar os
códigos que apresentaram maior dificuldade de leitura e colá-los novamente,
após sua validação. Todos conseguiram baixar o aplicativo, tendo 100% dos
códigos lidos.
Câmera fotográfica – Para essa tarefa, seu uso não foi obrigatório, porém,
aos estudantes, foi permitido fotografar o andamento da atividade, caso
quisessem; isso sem, no entanto, fotografarem os códigos validados. Uma
91
Tendo em vista que esses são apenas exemplos, pode-se destacar que
muitos não percebem o grau de interdisciplinaridade promovido pela prática, porém,
não significa que tal fator não esteja presente, podendo, ainda, ser direcionada para
cada componente em maior ou menor grau, de acordo com os objetivos e a
possibilidade de integração curricular, podendo ainda se transformar em um projeto
interdisciplinar com a colaboração de outros docentes da instituição.
95
Diante disso, para que não haja desperdício de carga cognitiva, segundo a
mesma autora, o material deve ser objetivo, eliminando informações
desnecessárias. Além disso, deve evitar concorrência de atenção, utilizando a
simultaneidade entre texto e imagem, dentre outros princípios, vistos a seguir, que
farão com que o processo de aprendizagem se torne significativo.
A multimodalidade/multimidialidade, um dos princípios de grande importância
para evitar o desperdício de carga cognitiva em materiais didáticos, constitui-se na
sétima categoria de análise do produto educacional. Nesse questionamento, onze
professores concordaram que o material se configura como um material multimodal/
multimídia.
Para se obter um produto educacional com baixo desperdício de carga
cognitiva, é necessário que ele possua o princípio da multimodalidade e princípio da
representação múltipla, em que a representação múltipla é a união de imagens,
dinâmicas ou estáticas, bem como de textos, escritos ou falados, para a
apresentação de uma ideia. Isso se torna mais efetivo quanto a minimizar o
desperdício de carga cognitiva e, consequentemente, à ampliação à aprendizagem
do que ao utilizar somente texto. Portanto, multimídia é: “a comunicação com a
utilização de múltiplos meios, como sons, imagens, textos, vídeos e animações”
(ARAUJO; SOUZA; LINS, 2015, p.4).
Cockell (2009, p. 84) afirma que todo texto é multimodal, por possuir aspectos
semióticos próprios, sendo identificáveis pelo leitor; mesmo o texto sendo verbal,
possui outros modos de comunicação contributivas para o seu significado. Sendo
assim, o mesmo texto apresenta múltiplas formas de representação; quando são
105
com vistas para a vida além de seus muros, vida essa que ultrapassa os
conteúdos programados, sistematizados e permanentemente orientados,
voltados muitas vezes, principalmente para o mundo do trabalho. Trata-se
de permitir aos alunos que participem da escola não enquanto
expectadores, e sim protagonistas, apropriando-se de seus espaços e
envolvendo-se em suas problemáticas, para que se sintam parte importante
e pertencente ao contexto, e assim tenham condições de reproduzir tais
comportamentos fora do ambiente escolar, nos espaços públicos da cidade.
Isto posto, o esporte deve ser visto para além do esporte, com o foco na sua
compreensão, experimentação e transformação, de maneira problematizadora,
gerando liberdade de agir e descobrir, além de possibilitar o protagonismo das
ações que ultrapassam a dimensão motora do gesto esportivo (KUNZ, 2016), tal
qual a formação tecnológica preconiza.
Quanto à questão aberta no skimming test, os professores foram
questionados sobre “a sua primeira impressão do produto”. Com base na análise de
conteúdo (BARDIN, 2011), as respostas foram divididas por meio de suas
incidências, de acordo com a semelhança em cinco categorias, que revelaram as
impressões do material impresso com a sequência didática para a corrida de
orientação, conforme destacado abaixo:
a) O produto possui qualidade gráfica, com apresentação agradável,
múltiplas formas de linguagem e recursos multimidiáticos, bem como o tema
apresenta-se bem contextualizado, de fácil compreensão e de forma interativa.
b) O produto possui qualidade didática, respeita a diversidade leitora, por
meio das explicações e informações adicionais; colabora com os professores que
não têm contato com o conteúdo; apresenta sugestões para ampliar o repertório das
aulas; possibilita adaptações e criações; apresenta linguagem clara, sucinta e de
fácil compreensão.
c) O produto permite a integração entre as áreas e entre a teoria e prática;
proporciona experiências multi/interdisciplinares; vai ao encontro dos princípios da
educação profissional e tecnológica.
107
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
nesse contexto que a educação será tratada em sua relação com o trabalho. Da
mesma forma, resgata a importância de repensar o esporte no currículo da
educação física escolar, numa perspectiva de contemplar os conteúdos advindos da
cultura corporal, bem como suas modificações desenvolvidas ao longo do tempo.
Além de apresentar a corrida de orientação como uma proposta de atividade
interdisciplinar, com vistas à formação integral do aluno da Educação Profissional e
Tecnológica.
Após concluir a pesquisa teórica, foi desenvolvida, de forma colaborativa com
os alunos, uma sequência didática que promovesse a corrida de orientação em suas
diversas utilidades na educação física escolar e para incentivar a colaboração dos
alunos no processo de construção da proposta teórico-prática com a utilização de
recursos tecnológicos, foram desenvolvidas ações durante cinco aulas não
consecutivas, contendo atividades teóricas e práticas. Essas atividades sugeridas
foram fundamentadas na pesquisa-ação, portanto, não foram estanques. Por meio
da colaboração dos alunos, as atividades seguintes foram se desenvolvendo, até
chegar à avaliação final. Durante o itinerário formativo, eles experienciaram a
construção coletiva do conhecimento, de forma colaborativa e autônoma, orientada
didaticamente pela professora de educação física, a mediadora do processo de
aprendizagem. O estudante foi incentivado a analisar o processo, a discutir
exigências normativas, a identificar princípios metodológicos da corrida de
orientação, a partir dos desdobramentos da proposta teórico-prática desenvolvida,
enquanto ela ia sendo construída.
Por fim, a grande maioria dos alunos participantes indicou que a corrida de
orientação apresenta a capacidade de motivar e agradar os jovens, gerando
afetividade com a sua prática na educação física escolar e que as atividades
práticas e teóricas foram ao encontro das ações pedagógicas inovadoras. Contudo,
como proponentes da atividade, sugeriram melhorias como a instalação de mais
obstáculos, colocar QR codes com enigmas, pontos de controle falsos, pegadinha e
aumentar o intervalo de saída das equipes.
Para os alunos, vários aspectos na realização das atividades foram positivos,
a saber: transcorrer o percurso com obstáculos, explorar o local, a emoção de
encontrar os pontos, saber responder as perguntas e usar a bússola, fazer uma
atividade cooperativa e competitiva.
110
REFERÊNCIAS
AIRES, António; QUINTA-NOVA, Luís; SANTOS, Luís; PIRES, Natália; COSTA,
Raquel; FERREIRA, Rui. Orientação: Desporto com pés e cabeça. Federação
Portuguesa de Orientação – FPO, 2º Edição. 2013
ARAÚJO, Carla de; SOUZA, Eudes Henrique de; LINS, Abigail Fregni.
Aprendizagem Multimídia: Explorando a teoria de Richard Mayer. In: Congresso
Nacional de Educação, 2, 2015, Campina Grande, PB. Disponível em:
http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV045_MD1
_SA4_ID937_15082015174004.pdf. Acesso em: 05/ Mar./ 2019.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BARROS, A. J. S. e LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de Metodologia: Um Guia
para a Iniciação Científica. 2 Ed. São Paulo: Makron Books, 2000.
BOGDAN, Robert C; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação Qualitativa em Educação.
Porto: Editora Porto, 1994.
BOLFER, Maura Maria Morais de Oliveira. Reflexões sobre a prática docente:
estudo de caso sobre formação continuada de professores universitários. 2008. 298
f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba,
SP, 2008.
BONADIMAN, Zélia Berlatto. Educação física escolar e cidadania: uma nova
concepção. In PERES, Sérgio Luís (Org.). Práticas pedagógicas em educação física:
sonhando com mudanças. - Cascavel: os autores, 2008, 174p.
BRACHT, Valter. [et al]. Pesquisa em ação: educação física na escola. 3 ed. Ijuí: Ed.
Unijuí, 2007. 144p.
BRASIL. Ministério da Educação. Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Integrada ao Ensino Médio. Documento Base. 2007. < Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/documento_base.pdf>. Acessado em: 03/
Abr./2018
BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dez. de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, Brasília, DF, dez 1996.
____ Lei nº 11.892, de 29 de dez. de 2008. Institui a Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia, e dá outras providências, Brasília, DF, dez 2008.
____ Lei nº 13415, de 16 de fev. de 2017. Altera as Leis nos 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-
Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro
de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de
Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral.,
Brasília, DF, fev 2017.
____. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Educação Física - Brasília: MEC/SEF, 1997. 96p.
113
ARTES
1 - Ponto de Controle 7 - Pista A
Sobre os elementos compositivos das artes visuais, sabemos que as cores e os contrastes são
recursos importantes para a produção da imagem, seja para chamar a atenção do espectador ou
para demonstrar os sentimentos e estados de espírito suscitados pela imagem. Sendo assim,
assinale abaixo quais são os três pares de cores complementares?
A) AMARELO-VERMELHO; AZUL-VERDE; ALARANJADO-VIOLETA;
B) VERMELHO-VERDE; AZUL-ALARANJADO; AMARELO-VIOLETA;
C) VERDE-VERMELHO; AZUL-AMARELO; VIOLETA-ALARANJADO;
D) VIOLETA-VERDE; AZUL-ALARANJADO; VERMELHO-AMARELO
3 - A arte Greco-romana, que ocorreu na antiguidade clássica, influenciou de maneira definitiva toda a
produção artística do ocidente. Sobre a Arte Antiga assinale a alternativa correta:
A) Os períodos de desenvolvimento da estatuária grega foram. Geométrico, Helenistico e Clássico;
B) As ordens arquitetônicas são Dóriane, Corintia e Jôanica;
C) Na arquitetura Grega, diferente da romana, não existiam arcos;
D) Os templos Romanos eram do formato do Coliseu;
GEOGRAFIA
1 - Ponto de Controle 9 - Pista B
A cristalização é o processo de solidificação do magma, que se transforma em:
A) rochas metamórficas
B) rochas ígneas
C) rochas fundidas
D) rochas sedimentares
E) rochas cristalinas
119
QUÍMICA GERAL
1 - Ponto de Controle 4 - Pista B
Segundo Arrhenius Base é:
A) espécie capaz de produzir como único cátion íons H+
B) espécie capaz de produzir como único ânion íons OH-
C) espécie capaz de receber um par de elétrons
D) espécie capaz de doar um par de elétrons
E) espécie que produz um cátion diferente do hidrogênio
3 – Qual dos ácidos abaixo está presente no estômago fazendo parte da composição do suco
gástrico:
A) ácido clorídrico;
B) ácido fluorídrico;
C) ácido sulfúrico;
D) ácido fórmico;
E) ácido bromídrico.
PORTUGUÊS
1- Um soneto tem:
A) 14 versos
B) 5 estrofes
C) redondilhas maiores
D) versos brancos
INGLÊS
1- Em relação à frase a seguir, escolha a alternativa correta. “Turn computer off at powerpoint when
not in use”
A) O verbo está no presente simples.
B) O verbo está no imperativo.
C) Powerpoint é um software do windows.
D) A frase está errada, deveria-se trocar when por if.
121
BIOLOGIA
FILOSOFIA
1 - Ponto de Controle 4 - Pista A
No silogismo de forma típica abaixo, qual é a premissa maior do argumento?
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Portanto, Sócrates é mortal.
a) Todo homem é mortal.
b) Sócrates é homem.
c) Portanto, Sócrates é mortal.
d) Sócrates é mortal.
e) Nenhuma das alternativas.
3 - O conceito de “filosofia” pode ser entendido como “amizade ou amor com o saber”. Isso significa
que, em filosofia:
a) Tem-se um conhecimento fantasiado do mundo, por isso ele não é ciência
b) Busca-se entender o homem e seu mundo por meio da razão
c) Descobre-se o que é o mundo por meio das paixões como amor, ódio, paixão
d) Sempre importa que a verdade é diferente para cada pessoa que existe
e) Nenhuma das alternativas anteriores
FÍSICA
1 - Ponto de Controle 1 - Pista A
123
Um móvel em M.R.U gasta 10 h para percorrer 1.000 km com velocidade constante. Qual a distância
percorrida em 3 horas?
A) 100 km
B) 200 km
C) 300 km
D) 400 km
*Obrigatório
1.De acordo com sua experiência nas práticas sugeridas, em uma escala de 1 à 5,
como você avalia a prática da corrida de orientação no ambiente escolar *
Marcar apenas uma alternativa.
1 2 3 4 5
___________________________________________________________________
7.Você acha que esta atividade poderia ser apresentada para outras escolas, tal
qual foi realizada no IFPR - Cascavel? *
Marcar apenas uma alternativa.
1 2 3 4 5
126
EMENTA:
As Atividades corporais e intelectuais dentro dos conteúdos globais da Educação
Física escolar: os esportes: Voleibol, basquetebol, handebol, futsal, peteca,
atletismo os jogos(cooperativos, recreativos, inteletivos), Danças folclóricas, as
lutas (capoeira) e as ginásticas (artística, rítmica, solo) jogos eletrônicos. Qualidade
de vida. Valores nutricionais dos alimentos (pirâmide alimentar). Distúrbios
alimentares (obesidade, anorexia, bulimia), IMC e circunferência abdominal. Todos
com fundamentação teórica e com o intuito de integração da Educação Física com
a área técnica utilizando-se de metodologia contextualizada para direcionar os
conteúdos para a área de informática.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BRASIL. Livro Didático de Educação Física. Secretaria do Estado da educação.
Bibliografia Complementar:
EADE, James. Xadrez - O Guia Definitivo.1. Ed. Editora Marco Zero, 2012.
JUNIOR, Antunes Rodrigues. Xadrez Passo a Passo.1. ed. Editora Ciência
Moderna. 2008.
1 2 3 4 5
Parte da cotidianidade
Adequado para a faixa etária, para o tempo, para o contexto local, para
os conhecimentos prévios.
Acessibilidade/usabilidade
Multimodal/multimídia
Interatividade/personalização
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
129
DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
De acordo com as pesquisadoras: "Esta pesquisa materializa-se como proposta de dissertação por meio
dos critérios estabelecidos pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica
(PROFEPT) do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Tem origem nas reflexões desenvolvidas a partir do
fazer profissional cotidiano das pesquisadoras, professoras de Educação Física e servidoras do IFPR, que
buscam por atividades inovadoras e de fácil aplicabilidade, que possibilitem a participação não excludente
dos alunos, possibilitando a divulgação e sistematização de novas práticas que constituem um arcabouço
facilitador, para sistematizar o conhecimento sobre a relação imbricada entre: i) o processo pedagógico em
cursos integrados; ii) as aulas de educação física; iii) a tecnologia; e iv) a corrida orientada. Desta forma esta
pesquisa busca desenvolver um manual de orientação com uma sequência pedagógica para trabalhar a
corrida de orientação pedestre no IFPR Campus Cascavel. Esse trabalho será do tipo exploratório
associado à pesquisa-ação."
Objetivo da Pesquisa:
Segundo as pesquisadoras os objetivos da pesquisa são:
"Geral
Desenvolver uma sequência pedagógica com a utilização de aplicativos disponíveis nos aparelhos móveis
para trabalhar a corrida de orientação pedestre, com os alunos do Campus Cascavel do
Página 01 de 05
INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR
IFPR.
Específicos
Analisar o perímetro do Campus Cascavel;
Desenhar o mapa da atividade com os pontos de passagem e o percurso sugerido.
Criar os QR codes para os pontos de passagem.
Escrever o manual da atividade e suas possíveis adaptações para outros tipos de terreno."
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
De acordo com as pesquisadoras:
"Para garantia dos professores e alunos entrevistados, quanto aos riscos para durante os procedimentos
desta pesquisa, estão previstas no TCLE as medidas de: sigilo e privacidade, autonomia, ressarcimento e
indenização, o contato dos pesquisadores envolvidos e o uso de imagem.
O principal risco será o constrangimento tanto na realização do questionário, quanto na realização da prática
da atividade, podendo ser minimizado através da não utilização da atividade como prática avaliativa
formal,sendo o aluno desobrigado a fazer quaisquer atividades.
Como benefícios: Conhecimento de uma atividade diferenciada, que possibilite o aprimoramento prático de
conteúdos vistos nas disciplinas teóricas, como geografia, biologia, matemática, bem como o
desenvolvimento de práticas singulares na disciplina de Educação Física que possibilitarão uma vivência
auxiliadora para aquisição de habilidades motoras de orientação espaço temporal, resistência, agilidade na
tomada de decisões, conciliando conhecimento teórico e prático em diversas áreas."
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INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR
- O TCLE deverá conter duas vias, uma ficará com a pesquisadora e a outra ficará com o participante da
pesquisa. Todas as páginas que antecedem os campos de assinatura devem ser rubricadas pelos
participantes da pesquisa e pelos pesquisadores;
- Solicitamos que sejam apresentados a este CEP relatórios semestrais e final, sobre o andamento da
pesquisa, bem como informações relativas às modificações do protocolo, cancelamento, encerramento e
destino dos conhecimentos obtidos, através da Plataforma Brasil - no modo: NOTIFICAÇÃO Demais
alterações e prorrogação de prazo devem ser enviadas no modo EMENDA.
Lembrando que o cronograma de execução da pesquisa deve ser atualizado no sistema Plataforma Brasil
antes de enviar solicitação de prorrogação de prazo.
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INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR
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INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Assinado por:
Elisangela Valevein Rodrigues
(Coordenador)
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135
PROPOSTA
DE ENSINO
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO
FLÁVIA HELOÍSA DA SILVA
PROPOSTA DE ENSINO
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO
Curitiba
2019
Texto: Flávia Heloísa da Silva
Aula 1
Compreendendo o esporte 11
Aula 2
Compreendendo e experimentando o esporte 19
Aula 3
Experimentando o esporte 25
Aula 4
Experimentando e transformando o esporte
Corrida de orientação com mapa
33
Aula 5
Experimentando e transformando o esporte
Corrida de orientação com azimute
41
11
1.1 Orientações gerais
12
uma partida, cumprimento de um percurso com a passagem pelos pontos de controle e uma
chegada, ela também possui a possibilidade de prática em um viés recreativo (participação), no
qual os estudantes, individualmente ou em grupo, cumprem o percurso sem a preocupação de
competir. Assim, praticam uma atividade física e mental com o objetivo de se distrair, eviden-
ciando uma vertente pedagógica (educacional) na qual a atividade utiliza-se da sua capacida-
de interdisciplinar, além de trabalhar diversas disciplinas unidas ao esporte (CBO, 2012 apud
SILVA, 2013).
Dessa forma, podemos encontrar o papel formativo desse esporte em Silva (2013), em que a
corrida de orientação engloba aspectos físicos, mentais e pedagógicos; com base nela, os alu-
nos intensificam a visão de preservação ambiental, pois há uma relação direta com o meio em
que vivem, o que também auxilia na relação espacial e localização. França (2016) complemen-
ta, apontando a importante relevância de se trabalhar o senso de geolocalização nas escolas,
além de ressaltar que, na disciplina de Educação Física, a corrida de orientação oportuniza o
desenvolvimento coletivo, por meio das habilidades cooperativas e comunicativas; pessoais,
ampliando a autoestima do aluno; cognitiva, aprimorando a tomada de decisão e resolução de
problemas; e física, pela melhoria da aptidão física e habilidades motoras.
Scherma (2010) destaca a aprendizagem da leitura e compreensão do mapa de orientação
como uma habilidade necessária para todos os cidadãos, bem como a análise do tempo atmos-
férico, o que corrobora para uma explanação de distribuição de indústrias e nível de poluição
do ar, exemplifica.
Para Moreira (2016), a prática da corrida de orientação permite ao aluno desenvolver o
conhecimento sobre escalas, noção de es-
paço percorrido e a percorrer, leitura de le-
Você sabia? Azimute pode ser definido como
genda e assimilação gráfica, utilização da
“o ângulo formado entre o norte magnético e a
bússola para traçar azimutes, além de apri-
direção que se pretende ir” (PASINI 2004,p.66).
morar a autonomia e tomada de decisões.
Isto posto, a corrida de orientação incita
saberes que proporcionam a abordagem de situações e problemas vivenciados pelos alunos em
seu quotidiano, corroborando para a compreensão da realidade na qual eles se inserem, ampli-
ficando os saberes culturais, científicos e tecnológicos, além dos saberes técnicos.
Nesse contexto, a corrida de orientação afirma seu compromisso com o meio ambiente, com
a prática cidadã, com a interdisciplinaridade, como esporte educacional e participativo, ajuda
na construção do aluno enquanto ser humano, na sua integralidade e não apenas nos aspectos
motores, sendo uma atividade que proporciona diversos ganhos para a formação do aluno.
De maneira geral, a corrida de orientação é um esporte bem simples de ser praticado, porém,
a compreensão dos principais fundamentos técnicos, do que é e como se pratica, são aprendi-
zagens cruciais para o bom desenvolvimento da atividade.
Nesta aula, de aproximadamente 1h40minutos, a corrida de orientação será abordada em
sua perspectiva teórica e conceitual, compreendendo os conhecimentos basilares, seus elemen-
tos e estrutura necessários, que auxiliam no avanço para as temáticas discutidas na aula 2.
13
Para tanto, ao terminar esta aula, os alunos deverão ser capazes de:
• Conhecer a corrida de orientação enquanto prática esportiva;
• Identificar os principais fundamentos técnicos que norteiam a corrida de orientação;
• Compreender o esporte como prática interdisciplinar.
Os materiais necessários para esta aula são: lousa; canetão (giz); computador; recursos au-
diovisuais; datashow; folha A4.
É importante, ao iniciar qualquer conteúdo, que o professor consiga instigar os alunos à nova
atividade que irá propor. Como sugestão, insira o aluno em um determinado contexto por meio
de uma história problematizadora, conforme o exemplo a seguir.
Quarenta alunos de determinada escola es-
tão participando de uma aula de campo, re-
ferente à disciplina de química e geografia.
O grupo todo se desloca até o caminho do
Saiba Itupava – PR para recolher amostras de água
IAP é o Instituto Ambiental do Paraná. dos riachos para análise. O tempo fecha e to-
Cada estado possui sua unidade de pre- dos são obrigados a acampar no local; quando
servação e conservação do patrimônio amanhece, os alunos percebem que os pro-
ambiental. Nunca entre em uma mata
fessores sumiram. Após aguardar várias horas
sem antes comunicar esses órgãos e ser
sem sinal dos professores, sem internet e ne-
autorizado por ele.
No Paraná o endereço eletrônico é nhuma outra forma de contato, os alunos de-
http://www.iap.pr.gov.br/paginas-8.html cidem usar a bússola para guiar a turma até o
IAP mais próximo, mas percebem que só viram
esse equipamento nos livros, o que deixa todos
em pânico.
14
O professor poderá anotar as respostas dos alunos no quadro para dimensionar o quantita-
tivo de alunos para cada situação. Se surgir algum aluno com experiência teórico-prática, este
poderá auxiliá-lo durante as aulas e exemplificar alguma situação já vivenciada.
A assimilação dos conceitos que envolvem a corrida de orientação pode não ser tão simples
inicialmente; explore imagens e vídeos para facilitar a compreensão dos alunos.
Verifique, de acordo com as suas possibilidades, em qual forma se enquadra melhor, consi-
derando o tempo disponível, quantidade de participantes, dificuldade do percurso, maneira de
dividir as equipes, possibilitando a prática escolar versátil e diversificada.
A interdisciplinaridade com a disciplina de geografia é muito grande; converse com um pro-
fessor da área para um trabalho interdisciplinar, visto que a observação de relevos, altimetria,
equidistância, curvas de nível e escala de um mapa é apresentada aos alunos durante o con-
teúdo de cartografia, no primeiro ano do ensino médio. Esses conhecimentos são necessários à
leitura do mapa de orientação.
15
conteúdo de eletromagnetismo; busque a in-
terdisciplinaridade para o desenvolvimento da
sua aula.
Mapa de orientação: é necessário o co-
nhecimento dos símbolos do mapa para efe-
tuar uma leitura precisa. Fique atento também
às cores, visto que elas simbolizam a transponi-
bilidade do terreno. Por convenção internacio-
nal, cores, símbolos e informações constantes
nos mapas de orientação são parametrizados.
Como orientar o mapa e bússola pode ser
Figura 2: cores do mapa de orientação
visto nesse vídeo https://www.youtube.com/
Fonte: arquivo pessoal da autora
watch?v=x1nf53rxbcI
Passo-duplo: é uma forma de calcular a
distância entre dois pontos, utilizando as próprias pernas. Para isso, o aluno deve saber a dis-
tância, em metros, entre o local de saída e o
pretendido. Assim, ele fará uso do escalímetro
Você sabia? O mapa de orientação é uma
da bússola, convertendo a escala do mapa de
carta topográfica elaborada especificamen-
centímetros para metros; depois, calculará a
te para o uso em corridas de orientação e
quantidade de passos necessários para concluir
representa graficamente a área onde a com-
as distâncias entre os pontos. O aluno deve con-
petição ocorrerá, porém em escala reduzida
tar quantos passos são necessários para percor-
(FRIEDMANN, 2008). Acesse a lista de símbo-
rer metros; depois, multiplicará o resultado para
los presentes nos mapas de orientação, leia o
distâncias maiores, ou subtrairá para distâncias
QR code abaixo. Nele, você também terá as
menores. Diante do exposto, “um passo duplo,
informações necessárias para a introdução ao
equivale a dois passos e conta-se cada vez que o
esporte de orientação.
mesmo pé toca o solo” (RODRIGUES; FERREIRA,
2010/11b, p.53).
Atenção: é necessário fixar bem este conceito, para que o aluno não erre a distância devi-
Q do a falta de percepção espacial, desta forma, a segunda aula será destinada para a execu-
ção prática da técnica em diversos terrenos e velocidades de marcha e pela respiração.
16
Prisma: identificam a localização do picotador. Podem ser confec-
cionados pelos próprios alunos, com cartolina ou papel cartão, em
cores vivas, para que seja vista a média distância, conforme Figura 3.
Tem 3 faces e é de cor laranja e branca; medem 30cm x 30cm, porém,
na escola, pode ser em tamanho reduzido e ter apenas uma face a ser
colada em alguma estrutura da escola.
Figura 3: exemplo de
Picotador: instrumento responsável por efetuar a marcação no car- Prisma e Picotador
tão controle, apontando a passagem do aluno pelo ponto de contro- Fonte: ilustração ba-
seada nos Prismas e
le. Amiúde é usado em competições amadoras como uma espécie de
Picotadores oficiais
grampeador, conforme Figura 3. Nas escolas, podem ser colocados
códigos numéricos, QR codes, com perguntas disciplinares. Ademais,
pode conter uma tarefa a ser seguida pelo grupo, a qual deverá ser filma-
da ou fotografada.
Cartão controle: funciona como um gabari-
Você sabia? No Brasil, em provas oficiais,
to; é entregue ao aluno na largada e nele será
desde 2005, são utilizados “picotadores e car-
marcada a passagem pelos Ponto de Controle
tões de controle inteligentes”, que funcionam
(PC), veja o exemplo na Figura 4, para registrar
como um pen drive, inserido pelo atleta nos
se o aluno passou por todos os pontos obriga-
pontos de controle; a passagem fica armaze-
tórios. É devolvido ao professor, no final da pro-
nada no dispositivo eletrônico e a conferência
va, para conferência.
é feita no final da prova, por um computador
(FRIEDMANN, 2008).
17
o espaço geográfico de forma bidimensional e
reduzida, contendo todos os elementos que jul-
guem importantes. Devem posicioná-lo acordo
com o norte geográfico; utilize a bússola do ce- Saiba
lular para isso. Veja quais são os outros equipamen-
Lembre os alunos que, quando nortear o tos que os alunos devem conhecer.
Clique em https://www.youtube.com/
mapa com a bússola, ele se posiciona na di-
watch?v=sNEvrm6C2nk
reção a seguir; o mapa fica estático e o aluno
movimenta-se em torno dele. Divida os alunos
em 4 grupos.
Saiba
Por meio do QR code você terá
acesso ao histórico da Corrida de
Orientação no Brasil. Acesse o
site Confederação Brasileira de
Orientação.
18
Aula 2
Compreendendo e experimentando o
esporte
19
2.1 Orientações gerais
É natural que alguns alunos tenham muita dificuldade na percepção de distâncias, portanto,
fixar o sistema de aferição por passos-duplos facilitará o desenvolvimento das demais atividades
práticas.
Nesta aula prática, de aproximadamente 1h40minutos, serão apresentadas as formas de
abordagem prática para o aluno compreender melhor o passo duplo e o itinerário de corrida.
Para tanto, ao terminar esta aula, os alunos deverão ser capazes de:
• Identificar a quantidade de passos-duplos necessários para percorrer diversos tipos de ter-
reno e em diferentes velocidades;
• Analisar a frequência respiratória necessária para efetuar a quantidade de passos duplos
desejados;
• Conhecer as adaptações de passada, necessárias em cada situação, de forma que o aluno
assimile melhor a biomecânica da corrida em diferentes velocidades e terrenos.
Os materiais necessários para esta aula são: papel, caneta, trena, cones, bambolês.
Inicie a aula perguntando se os alunos lembram dos conceitos aprendidos na aula anterior.
Leve-os até a quadra ou um ambiente aberto e plano e pergunte qual a distância aproximada
do ponto onde estão até alguma estrutura visível.
Confeccione uma tabela de passos duplos para seu aluno, anteriormente à aula; nela, deve
conter o tipo de terreno e o local para que o aluno marque o resultado andando e correndo.
É solicitado que o aluno efetue o mesmo percurso mais de uma vez; em seguida, deve fazer a
média e colocar na referida tabela, pois isso facilita a memorização do resultado.
A execução da primeira prática na quadra facilita a contagem de passos, uma vez que as
dimensões do ambiente já são conhecidas pelo professor; se a quadra for oficial, possui 40
20
metros de comprimento; se não for, acrescente a me-
tragem restante, utilizando o recuo das linhas de fundo
da quadra. Nesse caso, é facilitado ao professor fazer
as medidas de 10 metros e 40 metros, convertendo-as,
posteriormente, para distâncias maiores. A contagem
dos 40 metros seria paralela às linhas laterais, iniciando
na linha de fundo A até a linha de fundo B; para a con-
tagem dos 10 metros, seria iniciada na linha central e
finalizada 1 metro após a linha de fundo da quadra de
voleibol, conforme ilustração da Figura 6.
Figura 6: exemplo de atividade prática
Caso a instituição não possua quadra poliesportiva, Fonte: ilustração baseada em arquivo
a aferição pode ser feita na metragem de 50 metros e pessoal
Lembre aos alunos o conceito de passo-duplo, aprendido na aula anterior; enfatize a impor-
tância desse tipo de aferição de distância na corrida de orientação e diga que esse método tem
suas variações. Fazer o percurso andando e correndo em diversos terrenos é uma delas, já que o
tipo de piso e o ângulo de inclinação dos aclives podem alterar a quantidade de passos duplos.
Para facilitar, podemos utilizar o sistema de pernadas; a pernada é a divisão da distância entre
dois pontos, em múltiplos de 100 metros. Portanto, se a distância a ser percorrida for 500 me-
tros, teremos 5 pernadas de 100 metros, deixando a contagem dos passos duplos mais simples.
21
Outra forma de contagem de distância é por ciclo respiratório; dessa maneira, abre-se a
contagem na primeira expiração a partir do início do percurso e encerra-se quando atingir o
primeiro ponto de marcação na tabela de contagem de passos duplos.
Ponto positivo: a contagem será sempre menor que a quantidade de passos, tornando-se
mais prática, habilidade treinável que auxilia o aluno a manter o controle respiratório, mesmo
em condições de fadiga. Funciona melhor para as pessoas altas e de passada larga.
Ponto negativo: é menos precisa que a contagem de passos duplos, tendo maior interferên-
cia em terrenos mais acidentados.
Q
Atenção: oriente seu aluno para tentar expirar a cada 2, 4 ou 6 passos duplos e veja a
qual dessas formas ele se adapta melhor.
Saiba
sobre o passo duplo e o sistema de per-
nadas, no QR code ao lado.
22
2.4 Terminando a aula
Diversas atividades podem ser desenvolvidas para trabalhar o passo-duplo. Proponho as ati-
vidades que se seguem para concluir a aula:
Atenção: para que o aluno não se perca na contagem de passos devido às interferências
do terreno espalhe no ambiente diversos equipamentos que simbolizem terrenos intrans-
Q poníveis; bambolês podem ser as árvores, enquanto que tatames podem ser rios, forçando
o aluno a desviar-se de sua rota, adicionando os passos-duplos, condizentes com a distân-
cia acrescentada na pernada.
23
Atenção: uma questão que pode ser levantada ao final da aula é se os alunos perceberam
se havia muito lixo no entorno da escola, jogado na rua, nas lixeiras, nos terrenos, na pró-
pria escola. Você pode, a partir das respostas, abrir uma discussão sobre a coleta regular
Q e seletiva de lixo, descarte adequado de resíduos, para onde vai o resíduo descartado
incorretamente. Esse diálogo é fundamental, levando em consideração que o cuidado e
preservação ambiental são também focos da corrida de orientação. Portanto, oriente os
alunos a não descartar inadequadamente os materiais que usarem durante as atividades,
aproveitando para levar essa reflexão para além das aulas de Educação Física.
24
Aula 3
Experimentando o esporte
25
3.1 Orientações gerais
Antes do início da aula, separe de antemão todos os objetos que utilizará para a confecção
dos materiais, pensando na sua distribuição por equipes. A maioria desses materiais é encon-
trada com facilidade nas escolas, mas devem ser solicitados com antecedência na seção peda-
gógica ou almoxarifado.
Dê as boas-vindas aos alunos; retome os conceitos da aula passada e esclareça as possíveis
dúvidas que surgirem.
26
Depois disso, separe os alunos em 3 grupos, com o mesmo número de participantes.
O grupo 1 ficará responsável pela confecção dos cartões controle. Para este, o professor
entregará folhas de sulfite e caneta. Cada folha comporta 4 cartões-controle, se utilizada na
posição vertical; na atividade prática da aula 4, cada grupo possuirá um cartão controle, portan-
to, se a prática for feita em dupla, cada dupla deverá possuir o seu. Confeccione um número
excedente, levando em consideração a possibilidade de perda, esquecimento ou rasuras.
Informe aos alunos os elementos que devem constar no cartão controle, ajudando-os a de-
senvolver o material de forma que fique harmonioso; pode-se permitir a utilização de planilhas
computadorizadas e softwares de edição de texto, caso os alunos tenham notebooks ou o pro-
fessor tenha acesso ao laboratório de informática e possa imprimir o material.
Atenção: Já tenha em vista quantos pontos de controle terá sua pista de orientação,
Q para que os alunos sejam instruídos a inserir a quantidade de campos correspondente nos
cartões controle.
No triângulo, o aluno marcará (na frente do professor) o horário em que o grupo iniciará
o percurso. Da mesma forma, nos dois círculos concêntricos, marcará o término do percurso,
deixando o campo com o símbolo de = para a diferença entre o início e o término (alguns ado-
27
lescentes são estimulados pela competição; mesmo
dizendo que a atividade não esteja direcionada para
isso, permita que eles consigam visualizar qual foi o
tempo gasto no percurso).
A utilização do campo reserva só é necessária caso
haja rasura no campo do ponto de controle corres-
pondente. Peça para que o aluno redija suas respos-
tas com atenção para evitar usar esses campos.
O grupo 2 ficará responsável pela confecção dos
prismas; para esse grupo, o professor entregará papel
cartão laranja, cartolina ou folha sulfite, caneta preta,
furador e barbante. Será confeccionada a quantidade
de prismas correspondentes ao número de pontos de
controle. Use como exemplo a Figura 9.
Esse material pode ser confeccionado na forma de
prisma (com 3 lados iguais), conforme figura abaixo. Sendo assim, todos os lados devem possuir
a numeração do ponto de controle onde será instalado.
Saiba
Outras formas de confeccionar os pris-
mas, cartão controle, mapas, o professor
encontrará no material disponível neste
QR code, a partir da página 14.
28
Atenção: os prismas ficarão instalados em locais em que, possivelmente, poderão sofrer
interferências do clima. Assim, para evitar danos ao material, proteja-o, por meio de plas-
Q
tificação, pois, dessa forma, será possível reutilizá-lo. O professor poderá confeccionar
prismas diferentes a serem usados em estruturas diferentes; como exemplos, vistos no
material disponível no QR code, podem ser de face única, colado em alguma estrutura, ou
em forma de fita, para disposição em alambrados. O tamanho pode variar; mantenha a
simetria confeccionando todos do mesmo tamanho.
Figura 10: imagem comparativa do IFPR Cascavel, utilizando o software OCAD e o Google Earth
Fonte: A: Produzido por Valdir Tasca / B: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/
29
Atenção: o Google Earth permite que os alunos adicionem pontos para cálculos de distân-
cia, facilitando a instalação e a aferição da distância percorrida; contudo, o sistema possui
Q alguns pontos cegos, dessa forma, entregue o mapa de orientação sem escalas feito pelos
alunos ao professor de Geografia e peça para que os alunos trabalhem as escalas do mapa
nessa disciplina. Até que fique pronto, utilize o mapa sem escalas feito pelos alunos.
Esse primeiro mapa de orientação será utilizado na próxima aula, portanto, digitalize-o para
que sirva a outras atividades práticas.
Coloque os pontos de controle pelas estruturas desenhadas, de forma que fiquem bem
espalhados; o aluno não pode ter conhecimento de onde estarão os pontos de controle ante-
cipadamente, então, faça os círculos, indicando os pontos; o triângulo, indicando o ponto de
início e os círculos concêntricos, que indicam o término do percurso; quando não estiver com
os alunos, não ligue os pontos de controle.
Distribua todos os pontos de controle construídos, observando o tempo de aula, organização
dos grupos/duplas/equipes, devolução e retirada dos materiais; lembre-se que os pontos de
controle também são orientados, então, deixe a numeração sempre direcionada para o Norte.
Imprima os mapas correspondentes na quantidade de equipes e guarde até a aula seguinte.
Picotador – Esse instrumento é de difícil confecção; cada um deve conter um tipo de picote
diferente, marcando o cartão controle do aluno como um código braile, pois a sinalização dei-
xada no cartão indica a passagem pelo ponto correto.
Uma forma de controlar a passagem dos alunos pelos pontos é criar um código conhecido
somente pelo aluno que passar pelo ponto de controle. Esse código será anotado no cartão
controle, podendo ser letras – que formam uma palavra, ao término do percurso; uma palavra
– que forma, ao final, uma frase; podem ser perguntas das disciplinas, com conteúdos já vistos
pelos alunos. Diante disso, servirá de revisão da matéria ou pode conter alguma tarefa prática
que o aluno deverá executar,
sendo possível filmar e foto-
Você sabia? Criar os QR codes com as questões ou as tarefas grafar a execução em frente
a serem executadas, de forma que os alunos façam a leitura do ao ponto de controle, como
código, para saber qual tarefa terá que executar, pode dificultar a forma de comprovar sua pas-
“cola” que um aluno pode fazer do cartão de outro grupo. Para a sagem.
criação do código, existem vários softwares gratuitos e fáceis de Cole o código impresso no
manusear. Indico o Labeljoy (esse software é desenvolvido para prisma, como na Figura 12,
criar e imprimir QR codes, código de barras, texto, imagem, dentre de forma que consiga reti-
outros elementos gráficos, inclusive, de fonte de dados externas, rar depois sem danificá-lo.
contendo informações dinâmicas); com ele, você consegue criar, Lembre-se de que a pergunta
na versão teste, 500 etiquetas gratuitas, conforme Figura 11. deve ser objetiva e as possí-
Aproveite e já faça um banco de questões para agilizar as próxi- veis respostas devem ser cur-
mas atividades. tas. Converse com os profes-
30
sores das outras disciplinas afins, para o envio das perguntas, uma vez que isso fará com que a
atividade tenha um desafio extra para os alunos.
Atenção: os códigos devem ser fixados em estruturas planas. Caso seja colado em estru-
Q
turas que façam curvas, o celular não conseguirá lê-lo. Isso também pode acontecer se a
luminosidade do celular estiver muito baixa. Peça para que os alunos baixem o aplicativo
de leitura de QR codes e código de barras. É gratuito.
31
3.3 Conceitos trabalhados durante a aula
A organização das atividades práticas pode ser complexa, porém, trabalhar em prol de uma
construção coletiva torna os alunos corresponsáveis pelo seu desenvolvimento, aumentando o
interesse e a participação de todos no desenvolvimento desta atividade. Sendo assim, o aluno
conseguirá identificar com maior facilidade os principais fundamentos técnicos que norteiam a
corrida de orientação, pois é integrante ativo no processo de ensino.
Para isso, durante a confecção dos equipamentos, lembre aos estudantes sobre a importân-
cia daquele equipamento para que a próxima aula seja exitosa. Retome os conceitos e utilidade
do prisma, picotador, cartão controle, bússola e mapa, certificando-se de que os alunos com-
preenderam que a corrida de orientação é uma prática esportiva, além de recreação, lazer e um
importante instrumento prático de aprendizagem interdisciplinar; mas, para ser praticada, deve
ser bem organizada.
O processo de ensino tradicional vincula cada conteúdo a uma disciplina específica; estimule
o aluno a compreender o esporte enquanto prática interdisciplinar, enfatizando o conhecimen-
to de outras áreas, necessários tanto para a confecção dos materiais quanto à prática que os
alunos verão na próxima aula.
Um dos conceitos importantes da corrida de orientação, que deve ser transmitido nesta aula,
é que não adianta ser um bom corredor e ter boas habilidades físicas, se não souber orientar e
se localizar no mapa; se não conseguir manter a concentração para enxergar os prismas; se não
conseguir aferir a distâncias por meio dos passos duplos; se não manter o ambiente limpo e
organizado para práticas futuras; se não souber escolher o melhor itinerário. Nesse esporte, não
vence o mais rápido, mas o que consegue utilizar da melhor forma todas as suas habilidades.
Atividade – Para concluir a aula, proponha como atividade que os alunos fotogra-
fem o seu desenvolvimento e apresentem os materiais construídos, mostrando a foto
do processo construtivo para os demais grupos. Eles podem explicar para que serve,
como serão usados, se tiveram alguma dificuldade na construção do equipamento, ou
no entendimento dos conceitos, se têm alguma sugestão de adaptação.
A construção de um relato de experiência das tarefas realizadas pode ser efetivada
no formato de um blog coletivo, com fotos, textos e acesso a conteúdos de pesquisa; pode ser
concretizada como tarefa de pesquisa para casa, assim, os alunos terão um material de consulta
construído coletivamente.
32
Aula 4
Experimentando e transformando o
esporte
Corrida de orientação com mapa
33
4.1 Orientações gerais
A vivência da corrida de orientação pode despertar, principalmente nos alunos pouco simpa-
tizantes das modalidades coletivas clássicas, uma identificação espontânea, devido à equivalên-
cia de condições entre capacidades físicas e intelectuais utilizadas. Portanto, essa prática pode
incitar no aluno o interesse pela prática esportiva.
Na aula anterior, os alunos confeccionaram o mapa de orientação, os cartões controle e os
prismas, que serão utilizados nesta aula, devendo estar ansiosos para vivenciar uma prática que
ajudaram a construir. Porém, o professor deve decidir sozinho o que fará a função de picotador
nos pontos de controle. Observe o exemplo na Figura 14; se optar pela criação dos QR codes,
com questões multidisciplinares, faça-o com antecedência, cole nos prismas. Utilizando uma
cópia dos mapas dos alunos, identifique onde serão os pontos de controle, conforme figura
abaixo; mantenha consigo um gabarito das respostas dos alunos.
Atenção: a ordem de instalação dos PCs deve ser surpresa aos alunos, portanto, chegue
Q com antecedência ou instale os prismas no dia anterior, após a saída dos alunos, desde
que os equipamentos estejam protegidos das intempéries com plástico.
Os materiais necessários para esta aula são: cartão controle, mapas de orientação, prismas,
relógio e celular.
34
4.2 Iniciando a aula
Instale os prismas nos PCs e coloque suas localizações no mapa, sem ligar os pontos.
Para a sala de aula, leve os mapas com os PCs impressos, lá, será seu ponto de saída e de
chegada.
Divida os alunos em equipes, possibilitando que possam escolher os integrantes. Recorte pa-
péis com os números dos pontos de controle, dobre e peça para que um aluno de cada equipe
sorteie quantos pontos foram combinados (o ideal é que fique entre 7 e 10 PCs para aulas de
1h40min.; apesar de ser uma atividade de sprint, a organização inicial e final demanda alguns
minutos de aula); a ordem sorteada deverá ser anotada pelos alunos no cartão controle e tra-
çada no mapa, conforme a Figura 15.
35
Para não se perder no tempo da largada, anote a saída e a chegada das equipes na lousa,
bem como a ordem dos PCs de cada grupo; assim, ficará mais fácil entregar um percurso dife-
rente ao aluno sem a necessidade de fazer um novo sorteio.
Não retorne os números para o sorteio até que todos os pontos já tenham sido sorteados.
Caso tenha tempo e os alunos se interessem, permita que façam mais de uma pista, ofere-
cendo a oportunidade de um novo sorteio.
Após a saída das primeiras equipes, inicia-se o sorteio dos pontos das segundas equipes e,
assim, sucessivamente. Anote no quadro o tempo de cada percurso, somando ao término de
todas as equipes o tempo final dos grupos.
Quando finalizar a atividade, não se esqueça de recolher
o cartão controle dos alunos e conferir se as passagens fo-
Você sabia? Uma possibilidade ram corretas; calcule o tempo das equipes em conjunto com
de divisão das equipes, para uma os alunos; peça para que todos ajudem a recolher os pris-
atividade mais competitiva, é for- mas e a verificar se o ambiente continua organizado.
mar 2 grandes grupos, cada um Sabemos que cada turma tem um perfil diferente e reagi-
contendo metade dos alunos da rá, também, diferentemente a qualquer atividade proposta,
sala. Dentro desse grande grupo, portanto, tome essas atividades propostas como exemplos
ocorrerão subdivisões em grupos norteadores. Faça de sua prática algo exequível, levando em
menores, quantos grupos forem consideração seu tempo, seus recursos, o perfil da turma e
necessários. todos os fatores que julgar contribuintes para sua prática.
Saiba
No QR code da aula 3, encontram-se vá-
rios exemplos de atividades com mapas
simples de orientação. Utilize-o para ter
mais ideias.
O QR code ao lado tem mais propostas de jogos, percursos e exercícios que te ajudarão a
escolher a melhor forma de organizar esta atividade.
Estimule os alunos a registrar a participação na atividade, usando seus celulares.
Nesta aula, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar a corrida de orientação com mapa
e, a partir desta experiência, puderam traçar um comparativo entre a teoria e a prática.
36
Agora, ficará muito mais fácil para os alunos sugerirem mudanças, bem como imaginar no-
vas atividades, partindo desta.
Alguns conceitos ficaram mais fáceis de ser percebidos, como a habilidade de leitura do
mapa, percepção espacial, o trabalho em equipe, o preenchimento correto do cartão controle,
avaliação do melhor percurso, o que é encarneiramento, além da tomada rápida de decisão,
poder de concentração e velocidade de raciocínio.
Portanto, durante a atividade, verifique se há integração entre a equipe, se os alunos estão
conseguindo ler o mapa e se localizar no espaço geográfico a partir dele; também, se conse-
guiram usar todos os equipamentos construídos corretamente, se fizeram boas escolhas de
percurso, lembrando do conceito de deslocamento e distância, e se ficou perceptível o nível de
aptidão física dos alunos durante a atividade.
Todos esses conceitos devem ser retomados ao término do exercício.
37
Quadro 1 - Ficha de autoavaliação
Concordo parcialmente
Discordo parcialmente
Concordo totalmente
Discordo totalmente
Você conseguiria efetuar o percurso sozinho?
Qual?
38
Abra uma roda de conversa e peça a opinião dos alunos, visando à melhoria da atividade
proposta; às vezes, mais alunos compartilham da mesma opinião.
A ideia do blog pode ser mantida, de forma que, ao término de cada aula, os alunos possam
fazer o upload das imagens e registrar a sua contribuição para as próximas aulas.
O ideal é que o ambiente siga descontraído para que os alunos não se sintam tolhidos ao se
expressar; lembre-os de que as críticas devem ser construtivas.
A atividade desenvolvida no campus Cascavel buscou a construção coletiva e a participação
dos alunos; superou a participação nas aulas com os esportes coletivos mais conhecidos, além
de despertar a curiosidade nas turmas em que o esporte não foi trabalhado. A aceitação da mo-
dalidade é percebida nas reiterações das falas dos alunos, que pedem a repetição da atividade
com sugestões plausíveis.
39
40
Aula 5
Experimentando e transformando o
esporte
Corrida de orientação com azimute
41
5.1 Orientações gerais
Esta atividade exigirá um tempo maior de preparação; se o professor já tiver feito um banco
de questões, criado os QR codes e os alunos já tiverem baixado o aplicativo com a bússola, de
forma prévia, conforme recomendações da aula 3, o trabalho inicial já está realizado.
Para esta atividade, os alunos não poderão utilizar o mapa, pois irão se guiar apenas com a
bússola do celular ou a caseira. Os estudantes serão divididos em equipes, de forma que cada
grupo fique com um celular equipado com bússola.
Q
Organize-se para que os alunos não o vejam instalando-os. Insira alguns pontos na quadra
poliesportiva, aproveitando-a para montar alguns obstáculos entre os pontos, o que au-
menta o desafio.
aula, os alunos deverão ser capa- metros. Lembre-se que cada pista criada gera uma pista
oposta; anote nos mapas que utilizará para gabarito: a
zes de:
direção e a distância abaixo de cada ponto de contro-
• Participar de uma ativida-
le (uso somente para colocar os pontos de controle no
de integradora, que promova o lugar, sem acesso dos estudantes).
aperfeiçoamento social e físico;
42
• Conseguir se localizar utilizando a bússola, seguindo as recomendações constantes nos
pontos de controle;
• Aferir a distância utilizando os passos-duplos ou a contagem por ciclo respiratório, aprimo-
rando a capacidade de orientação espacial, atenção e concentração, além das capacidades
físicas gerais.
Os materiais necessários para esta aula são: cartão controle, prismas, relógio, celular, bússola
caseira (se for o caso).
Nos mapas apresentados na figura 17, foram criadas 2 pistas, cada uma com 9 pontos de
controle, com a distância e a direção descritas na tabela 3.
Cada ponto continha a informação para a chegada no ponto seguinte.
43
Tabela 3: exemplo de azimutes utilizados na
atividade prática, com 9 Pontos de Controle
Pista A Pista B
Azimute Contra Azimute Distância Azimute Contra Azimute Distância O que encontro
44
Em cada ponto de controle, coloque as informações necessárias para que o aluno chegue ao
ponto seguinte, conforme Figura 19.
Atenção: se a pista for pensada levando em consideração que o aluno saiba o próximo
PC somente na hora da passagem pelo ponto de controle, durante a atividade, o professor
Q terá que instalar as informações de todas as pistas. Portanto, se criou 2 pistas com lar-
gadas e chegadas no mesmo local, destas, foram gerados mais 2, observando os contra
azimutes, de forma que, na largada, terá que constar 4 códigos com informações.
Sendo assim, para otimizar o tempo, você poderá colocar nos PCs somente o QR code com
a questão e alternativas; na largada, entregar aos alunos a sinalética dos pontos, conforme o
exemplo da Tabela 4. Será necessário construir, para a mesma situação, 4 sinaléticas diferentes,
mas, instalará somente 2 códigos nos PCs.
45
Obs: O professor pode entregar as informações de distância e direção dos pontos aos alunos
para que anotem no próprio cartão controle, a fim de que não transportem 2 papéis diferentes
durante a atividade, o cartão controle e a ficha sinalética.
Divida os alunos em equipes; lembre-os de que é imprescindível o cálculo do passo-duplo
durante a atividade, visto que é a forma mais fácil de aferir as distâncias sem o uso de equi-
pamentos e sem o suporte do mapa; a bússola deve sempre ficar na posição horizontal para
minimizar erros, permanecendo com o celular deitado.
Entregue a sinalética e o cartão contro-
le para cada uma; espere o preenchimento Você sabia? Os alunos que não possuírem a bús-
das informações; anote o horário de saída sola no celular e, por isso, estejam usando a bússo-
da equipe no cartão controle e inicie a pri- la caseira, devem imantar a agulha a cada aferição
meira equipe, marcando na lousa o horário de direção, executando o procedimento do vídeo
de saída e o percurso que ela percorrerá. da aula 3. Nesse caso, a possibilidade de erro de
Escalone os grupos de forma a evitar o direção é maior, direcionar-se por quadrante ame-
encarneiramento; o tempo necessário para niza os erros.
uma pista entre 7 e 9 PCs é de 3 minutos
por equipe, contudo, reorganize da melhor
forma levando em consideração a atividade Você sabia? Os alunos já devem ter visto cálculo
da aula anterior. por quadrante na disciplina de matemática, duran-
Verifique se, durante a atividade, os alu- te o conteúdo de geometria. Peça para que os alu-
nos relatam que algum ponto de controle nos procurem um professor da área para esclarecer
está fora do lugar; tenha outros de reserva dúvidas sobre o assunto, caso você perceba que
para recolocar, caso seja necessário. apresentaram dificuldades.
Se houver tempo disponível e interesse
dos alunos, permita que façam a outra pista.
Quando cada equipe chegar, anote o Você sabia? Tendo como base a figura 15b, na
tempo de percurso, no cartão e na lousa; aula 4, e as figuras 17 a e b, na aula 5, percebe-
confira a resposta dos alunos, verificando se -se que o percurso percorrido pelos alunos gerou
estão congruentes com o seu gabarito. um desenho no mapa. Esse desenho é um modelo
Após todos concluírem o percurso pro- matemático que pode ser discutido na disciplina de
posto, solicite um trabalho em equipe e re- Programação, para alunos da área de informática.
tire todos os prismas, observando se o am- Para saber mais sobre grafos, acesse o QR code.
biente permanece limpo e organizado.
As atividades práticas são uma constru-
ção coletiva. Lembre aos alunos que eles também são organizadores e, por
isso, a responsabilidade de relatar as situações que possam prejudicar o an-
damento das atividades é deles, cabendo ao professor fazer as correções
necessárias após o comunicado. Se não for possível que as correções sejam
feitas nesta atividade, que sejam revistos os procedimentos para as futuras.
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5.3 Conceitos trabalhados durante a aula
Nesta aula, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar a corrida de orientação sem mapa,
utilizando a bússola e o passo duplo como elementos de direção e aferição de distância. Assim,
a partir dessa experiência, puderam traçar um comparativo entre a teoria, a prática da aula
anterior e essa nova atividade.
A partir das duas atividades vivenciadas, ficará muito mais fácil para os alunos sugerir mudan-
ças e imaginar novas atividades, integrando o conhecimento das duas práticas.
Alguns conceitos ficaram mais fáceis de ser percebidos, como a capacidade de observação
de direção e utilização correta dos passos-duplos ou contagem por ciclo respiratório, leitura da
bússola, o termo azimute e a capacidade de segui-lo, percepção espacial, o trabalho em equi-
pe, o preenchimento correto do cartão controle, avaliação do melhor percurso, prevendo os
desvios, além da tomada rápida de decisão, poder de concentração e velocidade de raciocínio.
Portanto, durante a atividade, utilize a observação como estratégia de avaliação dos concei-
tos apreendidos e perceba se houve integração entre a equipe, se os alunos estão conseguindo
se direcionar sem o mapa, se conseguiram ler corretamente os dados da bússola, encontrando
com facilidade os PCs; se estão utilizando a contagem de passos-duplos ou por ciclo respira-
tório, se conseguiram usar todos os equipamentos construídos corretamente, se fizeram boas
escolhas de percurso, se houve manutenção da concentração e da atenção durante a atividade
ou se preocuparam-se prioritariamente com os outros grupos.
Todos esses conceitos devem ser retomados ao término da atividade.
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Um texto corrido na forma de relato de experiência também pode ser utilizado. Algumas
sugestões de perguntas podem ser:
Concordo parcialmente
Discordo parcialmente
Concordo totalmente
Discordo totalmente
Você conhece o material e o equipamento básico da Orientação (mapa, picotador, cartão
controle, lista de sinalética, bússola, prisma?
Achou mais fácil a corrida de orientação com mapa do que a corrida com a bússola?
Qual?
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A partir desta atividade, você poderá visualizar quantas aulas serão necessárias até que os
alunos estejam prontos para uma prática fora do ambiente escolar.
Na prática vivenciada pelos alunos do IFPR Cascavel, foi percebido que a aceitação foi gran-
de, mas houve muito encarneiramento em alguns pontos. Isso ocorreu porque foram utilizadas
questões interdisciplinares nos pontos de controle e as questões que possuíam cálculos exigi-
ram um tempo maior no ponto de controle; a partir dessa situação, alguns grupos não mais se
direcionavam pela bússola.
Outro ponto interessante é que os alunos tiveram dificuldade de evitar percursos intrans-
poníveis, como a área de procriação dos quero-queros, fazendo com que alguns estudantes
tivessem dificuldade no pensamento não linear da corrida de orientação.
Lembre-os de que a segurança deve estar presente na corrida de orientação; dessa forma,
incentive-os a buscar sempre um percurso mais curto dentro dos mais seguros.
Esse é uma hora interessante para verificar o aprendizado dos conceitos trabalhados desde a
primeira aula. Verifique as sugestões dos alunos e proponha que eles organizem uma atividade
a ser aplicada para outras turmas, o que pode se tornar um projeto de ensino.
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De professor para professor
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Se considerarmos as três dimensões fundamentais do tempo, sugeridas por Kenski (2016),
duração, ritmo e localização, perceberemos que as tecnologias modernas reduzem o tempo
de trabalho para uma determinada tarefa, porém, ampliam a quantidade delas. Temos, então,
mais horas de trabalho para cumprimento de mais tarefas. Citando Borgers, Kenski (2016 p.36)
aponta a urgência das demandas, nas quais não basta fazer, visto que o imediatismo trazido
pelo uso da internet e celulares escraviza o profissional, propondo uma “dedicação ininterrupta
de trabalho”, flexibilizando, além do tempo, o espaço.
A organização do tempo de trabalho dos professores não é diferente. Esse tempo é permeá-
vel, elástico e personalizado, pois deve “atender às necessidades de cada aprendiz em suas
relações com os conhecimentos e com a tecnologia” (Kenski, 2016, p.13). Nesse contexto,
observamos professores:
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Este material foi pensado, levando em consideração a realidade de uma escola técnica federal
de Cascavel. É essencial adaptá-lo à sua realidade; aumente a quantidade de aulas, caso seja
necessário; procure auxílio de um orientista, no mapeamento e marcação dos percursos; utilize
os materiais de apoio presentes neste material.
Muitos outros materiais podem te ajudar, deixando sua pesquisa ainda mais rica. Existe bas-
tante suporte da Federação Portuguesa de Orientação; todos os materiais abaixo são de divul-
gação eletrônica e veiculados de forma gratuita.
Outra questão interessante é levar os alunos a situações desconhecidas para praticar, como
parques da cidade. Para isso, verifique se na sua cidade há algum clube de orientação para te
oferecer suporte.
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A Federação Paranaense de Orientação é filiada à confederação Brasileira de Orientação e
está disponível na página https://www.fpo.esp.br/; lá estão presentes os clubes filiados, o resul-
tado de competições, além de alguns documentos e regulamentos para consulta.
Caso você tenha acesso ao laboratório de informática, trabalhe com os alunos a corrida de
orientação por meio dos jogos virtuais. Alguns jogos que podem ser baixados no computador
são:
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Referências
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FERREIRA, André Augusto de Menezes. Perfil dermatoglífico, somatotípico e das qualida-
des físicas de atletas brasileiros de corrida de orientação de alto rendimento. 2004. 168
f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Motricidade Humana), Universidade Castelo Branco, Rio
de Janeiro, 2004.
FRANÇA, Dilvano Leder de. Práticas corporais de aventura nas aulas de Educação Física:
as possibilidades pedagógicas no 5º ano do ensino fundamental. 17/08/2016 220 p. Mestrado
Profissional em Educação: Teoria e Prática de Ensino. Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ, Curitiba. Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da Universidade
Federal do Paraná
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e tempo docente. Campinas, SP: Papirus, 2013.
KUNZ, Elenor. Didática da Educação Física 4: Educação Física e Esportes na escola (Coleção
educação física) - Ijuí: Unijuí, 2016, 200p.
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RODRIGUES, Emanuel Alte; FERREIRA, Hélder Silva. Caderno Didáctico 3: Iniciação à orienta-
ção na escola em mapas simples. Portugal. 2010/2011a. 71p.
RODRIGUES, Emanuel Alte; FERREIRA, Hélder Silva. Caderno Didáctico 4: Iniciação à orienta-
ção na escola em mapas simples. Portugal. 2010/2011b. 65p.
SCHERMA, Elka Paccelli. Corrida de Orientação: uma proposta metodológica para o ensi-
no da Geografia e da Cartografia. 01/10/2010 201 p. Doutorado em GEOGRAFIA Instituição
de Ensino: UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO/RIO CLARO, Rio Claro
Biblioteca Depositária: IGCE/UNESP/RIO CLARO
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Autora
Flávia Heloísa da Silva é natural de Cornélio Procópio - PR,
fez Licenciatura e Bacharelado em Educação Física pela
Universidade Paulista - UNIP - SP, em 2011.
Especializou-se em Educação Especial e Inclusiva pela Faculdade
Educacional da Lapa FAEL- 2015 e em Formação Pedagógica
para docentes da Educação Profissional e Tecnológica pelo
Instituto Federal do Amazonas - IFAM 2018. Em 2017 iniciou o
Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica
em Rede Nacional, pelo Instituto Federal do Espírito Santo -
IFES, com aulas na Instituição Associada Instituto Federal do
Paraná - IFPR, Campus Curitiba com orientação da Prof Drª
Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado. Flávia é ex atleta de
atletismo e atual professora do IFPR Campus Cascavel.
Orientadora
A Prof Drª Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado é natural
de Mossoró - RN. Iniciou a carreira docente em Boa Vista -
RR. Possui Licenciatura em Educação Física pela Universidade
Federal do Amazonas (1990), Especialização em Formação de
Professores em Educação a Distância pela Universidade Federal
do Paraná (2001), Especialização em Exercício e Qualidade de
Vida pela Universidade Federal do Paraná (2001), Mestrado
em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(2011) e Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (2016). Atualmente é professora titular
do Instituto Federal do Paraná e pesquisadora da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná.