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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

MESTRADO PROFISSIONAL EM
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA (PROFEPT)

FLÁVIA HELOÍSA DA SILVA

CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA


EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA

CURITIBA
2019
FLÁVIA HELOÍSA DA SILVA

CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA EDUCAÇÃO


FÍSICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Educação Profissional e
Tecnológica (PROFEPT), Instituto Federal do
Paraná – Campus Curitiba, como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Educação
Profissional e Tecnológica.

Orientadora: Profa. Dra. Mércia Freire Rocha


Cordeiro Machado

CURITIBA
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada por Jeanine da Silva Barros CRB-9/1362

S586c Silva, Flávia Heloísa da


Corrida de orientação: estratégia pedagógica na educação
profissional e tecnológica / Flávia Heloísa da Silva.— Curitiba, PR:
IFPR, 2019.
196 f.

Orientadora: Profa. Dra. Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado.


Dissertação (Mestrado) – Instituto Federal do Paraná.
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação
Profissional e Tecnológica – PROFEPT.
Bibliografia.

1. Educação Física (Estudo). 2. Corrida de orientação. 3. Educação


Profissional e Tecnológica. 4. Produto educacional. I. Machado, Mércia
Freire Rocha Cordeiro. II. Instituto Federal do Paraná. III. Título.

CDD 21.ed. 796.07


Dedico esta obra a duas pessoas importantíssimas nesse
processo: à minha orientadora, Mércia Machado, que me contaminou com sua
confiança infindável, me tranquilizou nos momentos tensos e me inspirou com sua
humildade; e à minha filha, Anna Emília, que literalmente me tirava da inércia, minha
companheira de estudos e de crescimento pessoal e acadêmico. Amo vocês.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por me abençoar com a entrada nesse mestrado e, a cada dia, nas viagens,
nos estudos e em todos os momentos que me senti angustiada, sempre enviando
alguém para me dizer o que eu precisava ouvir; obrigada por me permitir finalizar,
obrigada por ouvir minhas orações.
À minha família, meu pai Laurindo Mendes da Silva e minha mãe Alice Fátima da
Silva, pela confiança, por me ensinar a correr atrás do que quero, pela minha
criação, pelo entusiasmo com as minhas conquistas, por vocês estarem aqui
sempre. Amo vocês.
À minha filha, Anna Emília, que irritantemente me mandava estudar quando eu só
queria assistir Netflix; por ela concluo esse mestrado.
À minha orientadora, Profa. Dra. Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado, portadora
de infinitas qualidades, a qual pacientemente me estendeu a mão e humildemente
compartilhou comigo um pouco do seu conhecimento, que, para mim, foi muito.
Ao Prof. Dr. Leandro Rafael Pinto, professor e coordenador do ProfEPT, pelos
ensinamentos e apoio constante durante a minha caminhada acadêmica no
mestrado.
À Profa. Dra. Luize Moro, pelas sábias orientações e contribuições para o enrique-
cimento desta pesquisa.
Aos servidores do IFPR - Campus Cascavel, que me auxiliaram prontamente em
tudo que sempre precisei, em especial, ao diretor geral Dr Luiz Carlos Eckstein.
Aos professores do IFPR - Campus Cascavel, que me auxiliaram no envio das
questões, possibilitando a pesquisa inicial, em especial, Fernanda Bellintani Frigério
Valdez, Geder Paulo Friedrich Cominetti, Lineker Alan Gabriel Nunes, Maurício
Marcelino de Lima, Natássia Jersak Cosmann, Poliana Sella, Ricardo Sonsim de
Oliveira.
Ao professor Rudy Nick Vencatto, que me convidou a participar das corridas de
orientação e me apresentou o senhor Valdir Tasca, orientista benemérito do Paraná,
que me auxiliou nas atividades práticas e se tornou um grande amigo.
Aos professores de Educação física de todos os campi que responderam à
pesquisa.
Ao corpo docente do mestrado profissional PROFEPT e ao IFPR Curitiba, que
proporcionaram um ambiente prazeroso de estudos, estimulando o crescimento
acadêmico, interação e o diálogo.
Às minhas amigas Ninjas, Marta Gisele Fagundes, Andressa Torinelli, Simone
Urnauer, Dircéia Anjos, Dione Caetano; unir minha loucura à de vocês foi
indescritível, do mestrado para a vida.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conquista desse sonho, meu
muito obrigada.
“A alegria não chega apenas no encontro do
achado, mas faz parte do processo da busca”
(FREIRE, 1996, p 16).
RESUMO

Um dos princípios norteadores da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) é a


construção de um currículo articulado e interdisciplinar, de forma que haja diálogo
entre a teoria e a prática e entre os componentes curriculares, onde o aluno alcance
a formação omnilateral. Visando à construção interdisciplinar do conhecimento e à
formação integral do aluno, a corrida de orientação se mostra como uma prática
promissora no ambiente escolar, devido ao seu alto poder de plasticidade e
adaptabilidade, no qual articula os componentes curriculares de maneira envolvente
e divertida. Desta forma, objetiva-se com este estudo, analisar a corrida de
orientação como uma prática viável na educação profissional e tecnológica, voltada
para o despertar no discente o interesse pela prática. Parte-se das premissas que as
aulas de Educação Física, levando em consideração a falta de espaço físico ou do
ambiente adequado à prática esportiva existente na maioria das instituições de
ensino, são uma verdadeira prova às capacidades de criatividade e improvisação
dos docentes da área. A corrida de orientação é uma prática inovadora capaz de se
adaptar ao espaço disponível, no ambiente escolar, onde a utilização de
conhecimentos de outros componentes curriculares são indispensáveis para a
prática. Caracteriza-se, quanto à abordagem, como pesquisa qualitativa do tipo
estudo de caso. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados: pesquisa
bibliográfica, pesquisa-ação e questionários aplicados a: i) 88 estudantes do Ensino
Técnico Integrado, matriculados nos primeiros anos dos Cursos Técnicos Integrados
ao Ensino Médio em Informática e Análises Químicas, com idades entre 14 e 16
anos, do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Cascavel; e ii) aos 13
professores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
que avaliaram o produto final. Para análise dos dados, foi realizada a análise de
conteúdo nos questionários, com o propósito de identificar e obter as informações
necessárias para conhecer as realidades desses grupos, relacionando a proposta
interdisciplinar dos Institutos Federais de Educação em busca da formação integral
dos estudantes e o componente curricular de Educação Física. A convergência dos
resultados de todo o processo da pesquisa, a revisão da literatura consultada e a
análise da pesquisa-ação e de conteúdo realizada nos questionários, possibilitou: i)
definir as categorias de análise que permitiram construir atividades teórico-práticas,
as quais utilizaram os recursos tecnológicos disponíveis como um acessório
inescusável no ambiente escolar moderno; ii) identificar, a partir da percepção dos
estudantes, atividades práticas que vão ao encontro das práticas pedagógicas
inovadoras, na construção das atividades de forma coletiva; e iii) desenvolver uma
sequência didática com vistas a promoção da corrida de orientação em suas
diversas utilidades na educação profissional e tecnológica. O planejamento e a
construção do produto educacional, a sequência didática para a corrida de
orientação convergiu para um material textual que possuísse aplicabilidade no
contexto da educação física, por meio de uma perspectiva utilitarista/intencionalista,
e quando avaliado apresentou boa aplicabilidade, obtendo potencialidade enquanto
instrumento de orientação a uma prática pedagógica inovadora e de utilização no
cotidiano da educação profissional e tecnológica de forma interdisciplinar.

Palavras-chave: Educação Física; Corrida de Orientação; Educação Profissional e


Tecnológica, Ensino, Produto Educacional.
ABSTRACT

One of the guiding principles of Professional and Technological Education (EFA) is


the construction of an articulated and interdisciplinary curriculum, so that there is a
dialogue between theory and practice and between the curricular components, where
the student achieves integral training. Aiming at the interdisciplinary construction of
knowledge and the integral formation of the student, the orientation race is shown as
a promising practice in the school environment, due to its high power of plasticity and
adaptability, in which it articulates the curricular components in an engaging and fun
way. In this way, the objective of this study is to analyze the orientaring as a viable
practice in professional and technological education, aimed at awakening in the
student the interest in practice. It is based on the premise that physical education
classes, taking into account the lack of physical space or the suitable environment to
the practice of sports in most educational institutions, are a true skills test of creativity
and improvisation of teachers in the area. The orienteering is an innovative practice
capable of adapting to the space available in the school environment, where the use
of knowledge of other curricular components is indispensable for the practice. It is
characterized, on the approach, as qualitative research of the type of case study.
Data collection instruments were used: bibliographic research, action research and
questionnaires applied to: i) 88 students of Integrated Technical Education, enrolled
in the freshman year of the Technical Courses Integrated to High School in Computer
Science and Chemical Analysis, aged between 14 and 16 years, of the Federal
Institute of Paraná (IFPR) Campus Cascavel; and ii) to the 13 teachers of the Federal
Network of Professional, Scientific and Technological Education who evaluated the
final product. To analyze the data, the content analysis was carried out in the
questionnaires, with the purpose of identifying and obtaining the necessary
information to know the realities of these groups, relating the interdisciplinary
proposal of the Federal Institutes of Education in search of the integral formation of
the students and the subject of Physical Education. The results‟ convergence of the
whole research process, the review of the consulted literature and the analysis of
research-action and content carried out in the questionnaires allowed: i) to define the
categories of analysis that allowed the construction of theoretical-practical activities,
which used the technological resources available as an inexcusable accessory in the
modern school environment; ii) to identify, from the students' perception, practical
activities that meet innovative pedagogical practices, in the construction of activities
in a collective way; and iii) to develop a didactic sequence to promote the
orieentering in its various uses in vocational and technological education. The
planning and construction of the educational product, the didactic sequence for the
orieentering, converged to a textual material that had applicability in the context of
physical education, through a utilitarian/intentionalist perspective, and when
evaluated showed good applicability, obtaining potentiality as an instrument of
orientation to an innovative pedagogical practice and of use in the daily life of
professional and technological education in an interdisciplinary way.
Keywords: Physical Education. Orienteering. Professional and Technological
Education. Teaching. Educational Product.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de mapa de orientação 42


Figura 2 - Cartão de descrição contendo alguns símbolos utilizados em mapas de
orientação 43
Figura 3 - Especificações do cartão de descrição de símbolos 44
Figura 4 - Modelo de Picotador 45
Figura 5 - Modelo de cartão de controle 45
Figura 6 - Prisma oficial de uma corrida de orientação 46
Figura 7 - Exemplo de bússola Silva 47
Figura 8 - Atividades desenvolvidas na aula 1 66
Figura 9 - Parque Vitória - Cascavel - PR 67
Figura 10 - Atividades desenvolvidas na aula dois 68
Figura 11 - Exemplo de QR code criado com a utilização do software Labeljoy
(início) 76
Figura 12 - Exemplo de QR code criado com a utilização do software Labeljoy (final)
76
Figura 13 - Exemplo de ponto de controle fixado na pista B e exemplo de obstáculo
da pista A 79
Figura 14 - Mapa das pistas A e B (uso somente para colocar os pontos de controle
no lugar, sem acesso dos estudantes) 79
Figura 15 - Exemplo de 2 grupos no mesmo ponto 80
Figura 16 - Desenvolvimento da atividade da aula 4 81
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Avaliação da prática da corrida de orientação 83


Gráfico 2: Verificação da interdisciplinaridade 87
Gráfico 3: Quantidade de componentes curriculares percebidos 88
Gráfico 4: Possibilidade de difusão da atividade proposta 88
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Material online consultado 55


Quadro 2 - Programação das Atividades Presenciais 59
Quadro 3 - Exemplo de Cartão Controle utilizada na atividade 4 60
Quadro 4 - Roteiro de elaboração do Questionário 62
Quadro 5 - Bibliografia utilizada na construção teórica 64
Quadro 6 - Questões objetivas levantadas na aula 1 65
Quadro 7 - Questão discursiva levantada na aula 1. 65
Quadro 8 - Questões objetivas levantadas na aula 3 69
Quadro 9 - Questões discursivas levantadas na aula 3 69
Quadro 10 - Questões discursivas levantadas na aula 3 - parte 2 71
Quadro 11 - Questões discursivas levantadas na aula 3 - parte 3 73
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

GPS - Global Positioning System


CBO - Confederação Brasileira de Orientação
IOF - International Orienteering Federation
PC‟s - Pontos de Controle
OCAD - Swiss software application for Cartography and Orienteering
AQ - Análises Químicas
INFO - Informática
EF - Educação Física
IFRO - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia
IFMS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso
do Sul
IFPR - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná
CTAQIEM - Curso Técnico em Análises Químicas Integrado ao Ensino Médio
CTIIEM - Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio
EPT - Educação Profissional e Tecnológica
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
RFEPCT.......- Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 17
2. O PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA 26
2.1. FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO 26
2.1.1. O Currículo na Educação Profissional e Tecnológica 26
2.1.2. O Esporte no currículo da Educação Física Escolar 32
2.1.3. A Corrida de Orientação 37
2.1.3.1. Corrida de orientação: o que é preciso saber? 38
2.1.3.2. Mapas 41
2.1.3.3. Cartão de Controle, Picotador e Prisma 44
2.1.3.4. Bússola 46
2.2. FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO 49
2.2.1. Abordagem da Pesquisa: Qualitativa 50
2.2.2. Tipo da Pesquisa: Estudo de Caso 51
2.2.3. Campo de Pesquisa 52
2.2.4. Período de Investigação 52
2.2.5. Sujeitos Investigados 53
2.2.6. Instrumentos de Coleta de Dados 54
2.2.6.1. Pesquisa Bibliográfica 54
2.2.6.2. Pesquisa-ação 56
2.2.6.3. Questionário 61
3. PROCESSO DE ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 63
3.1. ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA 63
3.2. ANÁLISE DA PESQUISA-AÇÃO 64
3.2.1. Análise dos questionários 81
4. CAPÍTULO: SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO 95
4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O PRODUTO EDUCACIONAL E SUA
VINCULAÇÃO COM A ÁREA DE ENSINO 95
4.2. SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO:
PLANEJAMENTO E CONSTRUÇÃO 96
4.3. A SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO:
AVALIAÇÃO E RESULTADOS 98
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 108
REFERÊNCIAS 112
ANEXO1 - QUESTÕES RESPONDIDAS NOS PONTOS DE CONTROLE 118
ANEXO 2 – ROTEIRO BASE PARA QUESTIONÁRIO 124
ANEXO 3– PPC INFORMÁTICA IFPR CAMPUS CASCAVEL 126
ANEXO 4 – ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL 128
ANEXO 5 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP 129
APÊNDICE 1 – PRODUTO EDUCACIONAL 135
17

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa foi pensada, refletida e sistematizada a partir do meu fazer


docente cotidiano, tendo origem nas reflexões desenvolvidas desde a minha entrada
no Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) e nos estudos
vinculados ao exercício profissional que desenvolvo, nos quais a preocupação com a
formação de professores está intrinsecamente presente.
Minha relação com o esporte começou há muito tempo, quando descobri o
atletismo, tendo, por meio de sua prática, me tornado atleta e, posteriormente,
professora de Educação Física. Inicialmente, a motivação foi ensinar sobre o
esporte, com foco no que se pode ser e fazer com base nele; no entanto, quando
entrei na faculdade de Licenciatura em Educação Física e, em seguida, no
Bacharelado, minha relação com o esporte diminuiu. Encontrei na área de qualidade
de vida a visão de que nada precisa ser competitivo, que deve haver prazer na
prática esportiva, que a motivação para essa prática não deve estar condicionada ao
rendimento, e sim, à melhoria da saúde e da qualidade de vida.
Com o término da faculdade e o início da carreira, tentava trazer todo o meu
conhecimento na área esportiva para o meu fazer docente, amparada pelos novos
conceitos de prática esportiva saudável, mas encontrei algumas resistências. A
cultura do esporte está ainda muito arraigada ao cotidiano escolar e muitos ainda
acreditam que a escola é um reduto do esporte de rendimento ou do esporte pelo
esporte, no qual o aluno, por meio do esporte aprende a competir somente para
ganhar ou perder.
Numa nova perspectiva, o componente curricular de Educação Física tem que
ser responsável por um vasto campo de conhecimento e contemplar os conteúdos
advindos da cultura corporal, desde lutas, expressão corporal, esportes, jogos,
dança, práticas circenses, conhecimentos sobre o corpo e suas modificações
desenvolvidas ao longo do tempo (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Considerando essa complexidade curricular, não obstante, encontramos
professores trabalhando vários conteúdos no estilo bricolagem, apenas para cumprir
a ementa, devido a uma formação rasa, falta de capacitação ou domínio do
conteúdo e falta de estrutura física, bem como material suficientes, fazendo com que
18

o conteúdo de Educação Física fique isolado dos demais componentes curriculares,


trabalhado de forma desarticulada e desconexa. Dessa forma, o currículo apresenta
um formato muito parecido com um mosaico, com isolamento entre as matérias.
Nesse formato, os professores perdem o poder sobre o conteúdo, em oposição ao
currículo no formato integrado, no qual o professor tem maior flexibilidade
metodológica sobre os assuntos e a possibilidade de proporcionar experiências
didáticas sobre vários aspectos, além de trabalhar conteúdos diversos,
possibilitando uma educação interdisciplinar (SACRISTÁN, 2000).
A interdisciplinaridade (op.cit.) pode ser conquistada por meio da
organização do currículo por áreas de conhecimento, por projetos curriculares, na
qual a profissionalidade compartilhada permite que equipes de competências
diversas elaborem materiais para consumo individual, posteriormente (SACRISTÁN,
2000). Dessa maneira, há a conexão do conhecimento e a aprendizagem adquire
um caráter global, com significado e mais simples.
Na educação profissional e tecnológica (EPT), a interdisciplinaridade é tida
como um princípio estruturador curricular, necessária no processo de ensino-
aprendizagem, fundamental para reduzir as limitações trazidas por um currículo
compartimentado, em uma perspectiva de totalidade, ampliando a visão do aluno e
promovendo a educação integral como forma de preparação para o mundo do
trabalho e para a vida em sociedade (RAMOS, 2007).
Para alcançar “a interdisciplinaridade e a integralidade no currículo, há a
necessidade de revisão dos saberes docentes e a abertura para inovação de novos
temas, experiências e discussões” (BRASIL, 2007, p. 56). Diante disso, é notória a
necessidade de alterar o formato do currículo atual para uma forma mais ampliada,
com uma multiplicidade de possibilidades pedagógicas, cujo foco esteja na
atratividade da atividade, estimulando a motivação dos alunos e a percepção de
corresponsabilidade na construção das atividades, gerando uma empatia
metodológica nos alunos.
Contudo, as atividades “mais atrativas” não devem restringir-se aos períodos
extraclasse, proporcionando uma análise comparativa entre as atividades
curriculares e a contínua divisão entre os conteúdos teóricos e práticos. Tanto o
conhecimento teórico e prático quanto o conhecimento específico e geral caminham
juntos na EPT, complementando-se, rompendo a abstração do conhecimento teórico
19

não aplicado, oferecendo significado às teorias, o que torna os problemas abstratos


em concretos e reais.
Nessa direção, um exemplo de conhecimento teórico aplicado, possibilitando
a inter-relação entre as áreas, pode ser a corrida de orientação 1 2 , na qual a
interdisciplinaridade pode ser vista na prática de diversas maneiras: no cálculo de
um ângulo de azimute, na multiplicação dos passos duplos, na leitura dos mapas e
no entendimento dos terrenos, topografia, vegetação, escalas, altimetria, no
desenvolvimento da consciência ambiental, no conhecimento do local de prática e
das regras da competição e respeito ao senso de coletividade.
Além da formação física, alcançada pela melhora dos componentes físicos,
inerentes à prática de uma corrida, o aluno tem acesso a uma atividade que
promove uma formação cidadã e moral, o aprimoramento das capacidades de
concentração, raciocínio e tomada de decisão (PONTES JUNIOR, 2017; PASINI,
2004), sendo todas essas habilidades importantes para a formação omnilateral 3
almejada pela educação profissional e tecnológica.
Isto posto, evidencia-se, na corrida de orientação, que a exploração do
conhecimento teórico durante a atividade prática exige diálogo entre as áreas, haja
vista a necessidade intrínseca da tarefa, além de comunicação e participação dos
estudantes, fazendo com que apliquem os conceitos anteriormente aprendidos em
um ambiente agora descontraído e divertido, além de incrementar a aprendizagem

1
Conceitualização no capítulo 2.
2
De acordo com Pasini (2004, p.12-14), existem vários tipos de corrida de orientação: a orientação
pedestre, na qual o orientista utiliza um mapa e uma bússola e percorre o trajeto a pé; a orientação
em montain bike, em que o orientista utiliza uma bicicleta; orientação de esqui, praticada no inverno
em locais onde o inverno possibilita o acúmulo de neve; e a orientação de precisão, baseada na
interpretação de cartas em áreas naturais, proporcionando igualdade de condições entre deficientes
físicos e demais competidores. Ao longo do texto, abordaremos a corrida de orientação pedestre para
desenvolvimento da pesquisa, de forma que será tratada apenas como corrida de orientação.
3
Omnilateral, de acordo com a Diretriz Curricular Nacional para a EPT, significa “uma formação
ampla, que engloba diversos campos do conhecimento (ciência, tecnologia, trabalho e cultura);
expondo que a preparação para o trabalho não é preparação para o emprego, mas a formação
omnilateral (todos os aspectos) para compreensão do mundo do trabalho e inserção crítica e atuante
na sociedade, inclusive nas atividades produtivas, em um mundo em rápida transformação científica e
tecnológica. Portanto, a formação omnilateral visa a concepção de formação humana, com base na
integração de todas as dimensões da vida no processo educativo”. (DCN para a EPT de nível médio.
s/d. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6695-dcn-
paraeducacao-profissional-debate&Itemid=30192>. Acesso em: 04 Jan. 2019.
20

por meio do potencial social que a prática esportiva traz.


A Educação Física até chegar onde está, com a possibilidade do trabalho
integrado aos demais componentes curriculares, ocupou diversos papéis dentro das
escolas, desde sua institucionalização; em cada momento da história, embora
houvessem mudanças de papéis secundários, o papel central permanecia focado no
fato de que a Educação Física era de caráter prático, opondo-se às demais, de
caráter teórico.
Essa divisão do sistema de educação é ultrapassada, não compreende a
educação quanto ao seu caráter social e para a construção integral das atividades
humanas. Para Marx (citado por CASTELLANI FILHO, 2010, p. 21), o processo de
ensino-aprendizagem envolve três ações:

o ensino intelectual; a educação física; e o treinamento tecnológico, que


transmite os fundamentos científicos gerais de todos os processos de
produção e que, ao mesmo tempo, introduz o adolescente no uso prático e
na capacidade de lidar com os instrumentos elementares de todos os ofícios
(tradução nossa)4.

Na fala de Marx, fica explícito o envolvimento da Educação Física para uma


formação abrangente e que abarca diversos aspectos, além da prática física, uma
formação que hoje é nomeada de politécnica ou tecnológica. A educação politécnica
busca “a omnilateralidade, quando em seu sentido pretende formar o homem em
sua integralidade física, mental, cultural, política, científico-tecnológica” (CIAVATTA,
2005, p.03), sem desprezar nenhum dos componentes, pois a integralidade humana
é alcançada quando as três dimensões fundamentais que estruturam a prática social
estão vinculadas, sendo: o trabalho, a ciência e a cultura e tecnologia (RAMOS,
2007, p.03), tendo como princípio norteador de suas ações pedagógicas o trabalho
como princípio educativo. Desse modo, o jovem é produtor de sua realidade,
apropriando-se dela e transformando-a (BRASIL, 2007, p. 46).

4
Trecho na língua original “por enseñanza, nosotros compreendemos tres cosas: Primera:
Enseñanza intelectual; Segunda: Educación física; Tercera: Adiestramiento tecnológico, que transmita
los fundamentos científicos generales de todos los processos de produccion, y que, al mismo tempo,
intruduzca al niño y al adolescente em el uso prático y em la capacidade de manejar los instrumentos
elementares de todos los ofícios...” (MARX, citado por CASTELLANI FILHO, 2010, p.21).
21

Com a minha entrada no Instituto Federal, inicialmente, em Rondônia -


IFRO, em março de 2016, e, pouco tempo depois, indo para o Mato Grosso do Sul -
IFMS, janeiro de 2017 - tendo finalmente chegado ao IFPR, em setembro de 2017,
pude analisar o currículo das três instituições. A passagem, mesmo que breve pelos
três institutos, me fez compreender que, apesar de possuírem algumas diferenças
na gestão da instituição, todas elas se constituíam de práticas pedagógicas da
educação tecnológica, com um currículo integrado, que proporciona a junção das
áreas para uma visão global, uma prática formadora, que visa ao desenvolvimento
omnilateral e pretende transformar os estudantes em cidadãos críticos. Foi a minha
chance de agregar tudo o que, para mim, era mais precioso: os ensinamentos que o
esporte traz, a busca pela qualidade de vida e saúde com uma formação crítica e
integral.
Conforme a autonomia pedagógica e administrativa adquirida com a sua
criação, cada Instituto tem a liberdade para criar sua própria ementa e, de acordo
com as ementas dos cursos técnicos integrados ao ensino médio do IFPR - Campus
Cascavel, os conteúdos devem ser ministrados objetivando a interação entre a
Educação Física e a área técnica, utilizando-se de metodologia contextualizada para
direcionar os conteúdos para a área técnica, buscando, dessa forma, a vinculação
entre formação geral e específica, bem como o conhecimento profissional e básico.
Conforme preconizado por Ramos (2007, p.10), os cursos somente de educação
profissional:

não se sustentam se não se integrarem os conhecimentos com os


fundamentos da educação básica. Caso contrário, seriam somente cursos
de treinamento, de desenvolvimento de habilidades procedimentais, etc.,
mas não de educação profissional.

Assim sendo, a articulação entre as partes para a formação do


conhecimento global faz com que o aluno consiga ter um pensamento crítico do
conteúdo aprendido e sua utilização em outros momentos, em situações distintas,
passando pelo princípio da transferência de aprendizagem, definida como “a
influência da experiência anterior no desempenho de uma habilidade num novo
contexto, ou na aprendizagem de uma nova habilidade” (MAGILL, 2000, p.167),
tendo, dessa forma, uma aprendizagem significativa, reflexiva, crítica e colaborativa.
22

Além disso, como o ingresso na última etapa da educação básica é cheio de


desafios, voltados para a entrada na vida adulta, essa preparação para a vida e para
a sociedade acaba por ampliar e diferenciar os componentes que a instituição deve
fornecer, com conteúdo, saberes e informações muitas vezes desconexas e pouco
relacionadas aos interesses e necessidades do alunado (SACRISTAN, 2000).
Diante de tudo isso e a partir da minha vivência enquanto atleta e
professora, surgiram algumas dúvidas na metodologia utilizada por mim. A
necessidade era trazer as corridas de forma que aproximassem o aluno do
atletismo, ampliando a aceitação com o esporte, proporcionando os benefícios
sociais, psicológicos, físicos e pessoais, levando em consideração as diferenças, as
especificidades e as características individuais dos discentes, além de utilizar os
recursos tecnológicos. Foi quando encontrei a corrida de orientação.
A corrida de orientação engloba um tipo de corrida que possui uma exigência
cognitiva acima da empregada pelos corredores de rua, devido à necessidade de
raciocínio rápido para a tomada de decisões, aliada ao desempenho físico (PONTES
JUNIOR, 2017; PASINI, 2004). Durante a sua prática, é necessário o conhecimento
de diversas áreas; é divertida e estimulante, pois desenvolve a consciência crítica e
ambiental; a conquista de metas parciais faz com que os estudantes corram sem
perceber o grau de esforço empregado; é um esporte que, por ter uma alta
plasticidade, permite uma variedade de métodos de aplicação, como o uso da
tecnologia, a exemplo dos smartphones e todos os recursos disponíveis nele,
minimizando a necessidade de uma bússola manual e a compra de materiais para o
desenvolvimento dessa atividade na escola. Com isso, o desenvolvimento dos
conteúdos nas aulas de Educação Física seria facilitado, bem como a interlocução
com a tecnologia.
Como pesquisadora, minha primeira ação foi a busca pelos antecedentes
científicos sobre propostas pedagógicas para o desenvolvimento da corrida de
orientação no contexto da EPT. Primeiramente, foi consultado o banco de Teses e
Dissertações da Plataforma Sucupira5, por meio dos termos “corrida de orientação”,
sendo encontrados apenas três arquivos. Foi realizada também uma consulta na

5
No período entre 01 a 26 de março de 2018.
23

base de dados, Scientific Electronic Library Online (Scielo) 6, com os termos “corrida
de orientação”; obteve-se 0 resultados.
7
Consultando o scholar.google.com.br (Google acadêmico), foram
encontrados 451 resultados para o termo “corrida de orientação”. Adicionando o
termo escola “corrida de orientação na escola”, encontramos sete resultados, dentre
os quais uma dissertação já mencionada, um relatório, um capítulo de livro e um
artigo. Isso totalizou quatro resultados, sendo os demais descartados por serem
incompatíveis com a temática em questão.
Ao fim da pesquisa, verificou-se que há escassez de estudos científicos no
campo da corrida de orientação na escola. Observando as premissas da educação
profissional, com o desenvolvimento da articulação entre conhecimento geral e
específico, profissional e básico, bem como o uso da interdisciplinaridade como uma
forma imprescindível de ensino e a vinculação da corrida de orientação, a escolha
do tema justifica-se como um conteúdo relevante a ser desenvolvido nas escolas,
com possibilidades de se tornar uma prática viável e prazerosa.
Diante das evidências destacadas até aqui, defende-se a importância e a
originalidade desta pesquisa, pois, como já mencionado, as investigações sobre a
corrida de orientação como ferramenta pedagógica interdisciplinar são escassas e
apontam para a necessidade de investir pesquisas nessas temáticas específicas.
Considerando que: i) a corrida de orientação pode ser desenvolvida de diversas
maneiras no ambiente escolar, visando à aprendizagem de diversos conteúdos de
componentes curriculares distintos; ii) para a última fase da educação básica, esse
conteúdo, em grande parte das instituições de ensino, é desprezado, devido ao
entendimento da atividade constituir um rol de assuntos de complexidade
aumentada ou desconhecido; e iii) as inúmeras possibilidades que a atividade
proporciona, o problema delineado para esta pesquisa é: a construção de uma
sequência didática que possibilite tanto a divulgação da modalidade quanto seu
desenvolvimento no ambiente escolar, visando à construção interdisciplinar do
conhecimento, à formação integral do aluno e à capacitação docente, utilizando
pouco investimento e recursos materiais: a) teria a adesão e colaboração dos

6
No período entre 01 a 30 de abril de 2018.
7
No período entre 01 a 30 de maio de 2018.
24

estudantes? b) teria aceitação e possível execução por parte dos docentes?


Na busca de respostas para esses problemas que fundamentam este
estudo, o objetivo geral desta pesquisa é analisar a corrida de orientação como uma
prática viável na educação profissional e tecnológica, voltada para o despertar no
discente o interesse pela prática desportiva.
E como objetivos específicos:
 Construir uma atividade teórico-prática que utilize os recursos tecnológicos
disponíveis como um acessório inescusável no ambiente escolar moderno;
 Identificar, a partir da percepção dos estudantes, atividades práticas que vão
ao encontro das práticas pedagógicas inovadoras, construindo as atividades
colaborativamente com os alunos;
 Desenvolver uma sequência didática que promova a corrida de orientação em
suas diversas utilidades no meio escolar.
Para atingir os objetivos propostos acima, a pesquisa foi estruturada em cinco
capítulos, sendo o primeiro destinado à introdução e justificativa da importância da
temática.
No Capítulo 2, denominado “O percurso teórico-metodológico da pesquisa”,
foi explicada a opção epistemológica e metodológica desta dissertação. Na
fundamentação epistemológica, discutimos os fundamentos e os desafios da
Educação Profissional e Tecnológica, além de aprender a corrida de orientação.
Para tanto, apoia-se, principalmente, em BRASIL (1996; 1997; 2000; 2007; 2008;
2017; 2018), CIAVATTA (2005), KENSKI (2011), MORAN (1995, 2013), MOURA
(2007), RAMOS (2007), SAVIANI (2007), SPINELLI (2018), CASTELLANI FILHO
(2010), CBO (2000; 2018), COLETIVO DE AUTORES (1992), FRIEDMANN (2008),
PASINI (2004; 2013) SHERMA (2010). Na fundamentação metodológica, explicamos
a opção metodológica desta dissertação, sendo de abordagem qualitativa e do tipo
estudo de caso, baseado em BARDIN (2011), BARROS; LEHFELD (2000),
BOGDAN; BIKLEN (1994), GIL (2010), LEFEVRE; LEFEVRE; TEIXEIRA (2000),
LUDKE; ANDRÉ (1986), MARCONI; LAKATOS (1999), MINAYO (2002) e NUNES;
INFANTE (1996). Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram a pesquisa
bibliográfica, a pesquisa-ação e o questionário. Para análise dos dados, utilizamos a
análise do conteúdo, fundamentada em Bardin (2011).
No Capítulo 3, denominado “Processo de Análise e Discussão dos Dados”,
25

foi realizada a discussão e análise dos dados de todas as etapas da atividade


proposta aos estudantes do IFPR - Campus Cascavel, em que o desfecho é a
confecção de uma sequência didática, sem esvair, com isso, as possibilidades que o
esporte proporciona. Dessa forma, a escrita da sequência didática foi baseada no
estudo de caso específico, sendo possível sua adaptação para diversos outros
contextos.
No capítulo 4, denominado “A Sequência didática sugerida para a corrida de
orientação”, apresentamos o produto educacional, sua contextualização e vinculação
com a área de ensino, o processo de formação, o processo de avaliação do Produto
Educacional, com os resultados, finalizando com a proposta ajustada após o
processo de avaliação.
No Capítulo 5, denominado “Considerações Finais”, apresentamos a
convergência dos resultados de todo o processo da pesquisa, da revisão da
literatura consultada e da análise documental e de conteúdo, realizada com base
nos questionários, o que possibilitou a construção do produto educacional na forma
de uma produção textual sobre a disseminação da corrida de orientação na escola. A
contribuição desta pesquisa na área da Educação Física inclui a busca de
parâmetros para a ação docente em situações pedagógicas e o suporte para
aqueles que já estão trabalhando na área ou que venham a ter interesse de nela
ingressar.
Espera-se que, ao término do estudo, a sequência didática para a propagação
da corrida de orientação seja utilizada pelos professores nas escolas, como uma
proposição de prática interdisciplinar que integre as demais unidades curriculares,
imbricando-se em relação ao progresso do esporte de orientação nas escolas como
prática diferenciada, atrativa e formativa para docentes e discentes.
26

2. O PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA

Esta pesquisa baseia-se nas teorias, nas filosofias, nos conceitos e nos
princípios, detalhados a seguir, que a sustentam, constituindo um arcabouço
facilitador para sistematizar o conhecimento na educação profissional e tecnológica,
materializando-se como proposta de dissertação e produto educacional.

2.1. FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO

Esta pesquisa científica é motivada pelo conhecimento de fatos e fenômenos,


na tentativa de produzir conhecimento e elaborar respostas que levem à
compreensão sobre a prática da corrida de orientação, como estratégia pedagógica
para a Educação Física na Educação Profissional e Tecnológica. Dessa forma,
atende à tríplice condição, estabelecida por Castro (1977), de importância,
originalidade e viabilidade. O tema é importante, o qual está ligado a questões
teóricas atuais, como:
 Discussão sobre as bases conceituais da Educação Profissional e
Tecnológica (EPT);
 Importância de repensar o currículo da educação física escolar numa
perspectiva de contemplar os conteúdos advindos da cultura corporal e
suas modificações desenvolvidas ao longo do tempo;
 Inclusão da Corrida de Orientação como uma proposta de atividade
interdisciplinar.
A originalidade é condição sine qua non na escolha de um tema e na
definição de um problema de pesquisa, num trabalho de investigação (CASTRO,
1977), em nível de mestrado. Com efeito, a forma de constatação da originalidade
desta pesquisa consistiu-se também na identificação de publicações científicas
recentes, detalhadas anteriormente, que confirmaram a necessidade de envidar
esforços no desenvolvimento sobre o tema ora proposto.

2.1.1. O Currículo na Educação Profissional e Tecnológica

A EPT no Brasil desenvolveu-se, segundo Moura (2007), em meio à dualidade


27

histórica, social e educacional pré-existente, de forma a oferecer a manutenção do


status quo encontrado; possuía um caráter assistencialista, visando à manutenção
da ordem e dos bons costumes, com base na ocupação dos jovens abandonados ou
em estado de mendicância.
Diferentemente do objetivo inicial da criação das Escolas de Belas Artes, em
1816, a educação profissional encontrou um novo significado na industrialização do
início do século XX, quando preparava os operários para o exercício profissional.
Dessa forma, aos pobres e humildes, foi criado, em 1909, a Escola de Aprendizes e
Artífices, voltada ao ensino industrial e, posteriormente, ao ensino agrícola para
administradores, capatazes e chefes de cultura (MOURA, 2007).
O desenvolvimento da educação profissional e tecnológica, de acordo com
Brasil (2007), foi crescente, a partir da instalação dessas escolas em várias
unidades da federação. Muito embora o caráter dual do ensino profissional e
propedêutico se mantivesse, a emergente necessidade de mão de obra, promovida
pela industrialização e modernização da produção, foi efetiva e, para normatizar a
educação nacional, foi promulgado um conjunto de Decretos conhecidos como Leis
Orgânicas da Educação Nacional, a partir de 1942.
A partir desses Decretos-Leis, a EPT ganhou maior importância na Educação
Nacional; embora, conforme Moura (2007), fosse parte final do ensino secundário,
não habilitava para prosseguimento dos estudos no ensino superior, explicitando a
manutenção da dualidade entre ensino básico e profissional.
Ainda que essa dualidade supostamente se findasse a partir da promulgação
da primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1968, os currículos, ainda distintos,
promoviam a manutenção da divisão, em que a formação geral era privilegiada nos
currículos de quem fosse continuar os estudos em nível superior, enquanto que
havia uma redução desse conteúdo para os estudantes do ensino profissionalizante,
em função da demanda dos componentes curriculares do núcleo profissional. A
redução desse segmento de ensino no currículo dificultava a obtenção de sucesso
nos exames de seleção para o nível superior (BRASIL, 2007).
Quanto à divisão entre educação básica e educação profissional, percebe-se
que, embora tenha havido mudanças conceituais e estruturais, desde a implantação
da primeira escola profissionalizante, em 1816 (MOURA, 2007), o afastamento entre
elas permanece na segunda versão da LDB, promulgada em 1996, com a Educação
28

Básica e a Educação Profissional fazendo parte de capítulos distintos, embora a Lei


dicotomicamente pregue sua integralização (BRASIL, 1996) 8.
O ingresso em uma das instituições que compõem a Rede Federal de
Educação Profissional, Ciência e Tecnologia, se torna uma possibilidade de se
conseguir uma educação integrada entre educação básica e educação profissional.
A Rede é constituída pelas instituições: Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca -
CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG, Escolas Técnicas Vinculadas às
Universidades Federais e Colégio Pedro II, além dos Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia (IF).
Os IF‟s foram criados com base na Lei 11.892 de 29 de dezembro de 2008,
que possui, em seu Artigo 6º, a finalidade de “promover a integração e a
verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior,
otimizando a infraestrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão”
(BRASIL, 2008).
Observada a finalidade da promoção da integração com a educação básica e
superior, tem-se o objetivo de implantação da instituição para “ministrar educação
profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados,
para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens
e adultos” (BRASIL, 2008).
Na tentativa de tornar o ensino médio com o currículo integrado em todas as
instituições de nível médio, buscando uma formação integral, o governo federal
altera a LDB de 1996, por meio da Lei nº 13.415 de 16 de fevereiro de 2017, em seu
capítulo terceiro, parágrafo sétimo, com os dizeres: “§ 7º Os currículos do ensino
médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um
trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos
aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais”(BRASIL, 2017).
Seria simplória a perspectiva de inserção do currículo integrado em toda a
rede da educação básica, partindo apenas do amparo legal; a implantação do

8
Para maiores esclarecimentos verificar Lei 9394/96 Educação Básica em Capítulo 2, Título 3, Artigo
4º a inobservância da educação técnica e profissional e Seção IV – A da Educação Técnica de Nível
Médio, Artigos 36 A, B, C, e o Capítulo 3 na tratativa da Educação Profissional e Tecnológica, Artigo
39 e subsequentes.
29

currículo integrado não é um processo simples e rápido, visto que faz parte de um
procedimento de lapidação contínuo, que pressupõe uma série de remanejamentos
estruturais, os quais vão da formação do corpo docente e demais servidores da
educação à organização física-estrutural das instituições, nos quais a rede federal já
vem alicerçada e fundamentada.
O IFPR teve sua criação em 28 de dezembro de 2008, por meio da
Lei11.892/08, em que a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná foi
transformada em IFPR, passando a ter autonomia pedagógica e administrativa.
Hoje, o IFPR possui 25 campi, oferecendo ensino regular presencial técnico de nível
médio, graduação e pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu, cursos de formação
inicial e continuada e diversos cursos na modalidade EaD (IFPR 2019c) .No total,
são 20.544 alunos matriculados na modalidade presencial e 13.419 alunos na
modalidade EaD, em todo o estado 9 (IFPR 2019d). Esses estudantes estão
distribuídos em 43 cursos técnicos presenciais, 11 cursos técnicos na modalidade a
distância, 20 cursos superiores presenciais, 3 cursos de especialização na
modalidade presencial, 1 curso de especialização na modalidade a distância e 1
curso de pós graduação Stricto Sensu na modalidade semipresencial(IFPR 2019c).
Esses alunos são atendidos por 2.342 servidores, entre professores, estagiários e
técnicos administrativos (IFPR, 2019d)10.
O IFPR - Campus Cascavel, campo de pesquisa desta investigação, iniciou
suas atividades provisoriamente na Escola Municipal Aníbal Lopes da Silva, região
Norte do município, com base na abertura do curso de Auxiliar em Carpintaria, na
modalidade de Formação Inicial e Continuada (FIC), no ano de 2010 11.
Em 2011, a transferência para o CAIC, também na região norte da cidade,
possibilitou a implantação do laboratório de informática e, isto posto, a abertura de
novos cursos.
A doação do terreno de 62 mil m² pela Prefeitura de Cascavel, no bairro

9
Atualizado em 08/ Mar./2019. Disponível em: < http://info.ifpr.edu.br/dados-gerais-ifpr/?tab=alunos>.
Acesso em 16/Abr./2019.
10 Atualizado em Agosto de 2018 pela PROGEPE/SIAPE. Disponível em: http://info.ifpr.edu.br/dados-

gerais-ifpr/?tab=pessoas. Acesso em Acesso em 16/Abr./2019.


11
As informações sobre o Campus Cascavel foram extraídas parcialmente na página oficial do
campus em 08/Jan./2019, no endereço: <http://cascavel.ifpr.edu.br/campus-cascavel/estrutura/> e
parcialmente pelos servidores responsáveis pelas plantas baixas da instituição.
30

Floresta12, também na região norte da cidade, possibilitou a implantação da sede


definitiva, em 2014. A partir dessa data, ocorreu a abertura do curso técnico
integrado ao ensino médio de informática e, em 2016, iniciou-se o curso de análises
químicas, também integrado ao ensino médio.
Atualmente, o Campus possui um terreno de 35.062,8613 m² e, em sua área
construída, possui um bloco administrativo de 2.727,02 m² e um bloco didático de
450,17 m², uma guarita de 18,70 m², além de um ginásio de esportes, com 2.089,11
m²; além desses números, somam-se 29.777,86 m² de área livre. Tanto o espaço
construído quanto o espaço livre de construções físicas, possibilitam o
desenvolvimento de diversas atividades práticas.
Sendo a Educação Física um componente curricular obrigatório, amparada
pela Lei nº 10.793/2003, possui 201 horas de aplicação teórico/práticas distribuídas
ao longo do curso de Análises Químicas e 100 horas distribuídas ao longo do curso
de Informática, diferença estabelecida na distribuição de carga horária durante a
confecção do PPC em 2017. Sua ementa deve integrar os conteúdos de área
específica com os conteúdos da área técnica, sendo um componente curricular que
favorece a utilização dos espaços.
Vale salientar que, em uma abordagem fenomenológica, o espaço pode ser
produzido de acordo com três dimensões, sendo percebido, concebido e vivido, de
acordo com Lefebvre, citado por SCHMID (2012), como construído social e
individualmente, de forma síncrona, em um processo ativo de autoprodução social.
O espaço percebido é conhecido por meio dos sentidos: “não somente a
visão, mas a audição, o olfato, o tato e o paladar” (SCHMID 2012, p.102) e está
relacionado com a materialidade dos elementos constituintes do espaço.
Já o espaço concebido, é o espaço construído em pensamento, necessário
para a percepção posterior do mesmo espaço; logo, o espaço percebido só é
possível com base no espaço concebido.
A última dimensão do espaço é o espaço vivido, que se relaciona com a
experiência vivida no espaço, na qual a experimentação, que permite ao aluno

12
Bairro mais populoso de Cascavel, com 13.173 habitantes, sendo 64,4% de pessoas na faixa etária
de 15 à 64 anos, segundo informações do site < http://populacao.net.br/populacao-
floresta_cascavel_pr.html#>. Acesso em: 05/ Jan./2019. Portal
13
O restante da metragem disponível está inutilizado, separada por um alambrado, sendo
disponibilizada após a construção de novos blocos didáticos.
31

reconhecer elementos que são indizíveis, excede o que está nos livros e manuais.
Dessa forma, segundo Schmid (2012), essa dimensão denota o mundo, assim como
ele é experimentado pelos seres humanos na prática de sua vida cotidiana.
Nesse ponto, (Lefebvre apud Schimid, 2012) destaca que é inequívoco o
vivido, pois a experiência prática não se deixa exaurir pela análise teórica. Sempre
permanece um excedente, um remanescente, o indizível, o que não é passível de
análise, apesar de ser o mais valioso resíduo, que só pode ser expresso com base
em meios artísticos.
Nessa perspectiva, percebe-se que “o conceito de educação ultrapassa os
limites do escolar, do formal e engloba as experiências de vida, e os processos de
aprendizagem não formais que desenvolvem a autonomia tanto da criança como do
adulto” (GADOTTI, 2012, p.15) e auxiliam na construção do conhecimento.
A produção e a utilização do espaço na prática da corrida de orientação
superam a visão de espaço, no ponto de vista geográfico – territorial. Por meio da
prática, pode-se perceber a exploração do espaço percebido, na percepção dos
recursos hidrográficos presentes no ambiente, pássaros e demais animais, cheiros
de plantas, percepção de terrenos, dentre outras sensações vividas, de forma a
proporcionar experiências formativas e educativas inovadoras.
Influenciada pelo humanismo radical e pela fenomenologia, a Geografia, com
base na corrente chamada de Geografia Cultural Renovada, passa a incorporar
termos como lugar, espaço vivido, local e topofilia, além de suas interpretações, de
forma a valorizar os cinco sentidos humanos na análise do espaço geográfico,
baseada em diferentes formas de pensamento da realidade (PINTO, 2015 p.65).
Da mesma forma, o espaço concebido permite um confronto de experiência e
concepção prévia, margeando debates sobre a exploração dos recursos naturais,
ecologia, meio ambiente, destino do lixo e deveres sociais em geral, que só são
possibilitados se expusermos o aluno ao espaço vivido, relacionado com a
experimentação prática; esta última leva o aluno para além do livro didático, gera
uma troca, requer comunicação entre o aluno e o meio, confronto, comparação,
desenvolve sentimento, sendo um item para a aprendizagem.
A educação social se entrelaça com a educação popular, cidadã, comunitária
ou sociocomunitária e possui um campo amplo, compreendendo o espaço escolar
tido como formal e o não formal (GOHN, 2006, p. 16). Portanto, a troca de
32

experiências proporcionadas em ambiente coletivo oportuniza a aquisição do


conhecimento sobre o mundo e suas relações sociais, proporcionando:

a formação de sujeitos cidadãos com capacidade de transformar a


realidade, estabelecer uma relação indissolúvel entre conhecimento e
prática, conceber uma relação horizontal entre educador e educando
medida pelo diálogo, revelar a didática grupal e participativa na
aprendizagem, articular as situações educativas com o desenvolvimento de
mudanças locais e globais. (GOHN, 2006, p. 16).

Destarte, as aulas de Educação Física, com base na prática da corrida de


orientação, possibilitam atividades com vistas à formação humana omnilateral, o uso
dos espaços de forma mais consciente e responsável e permitir a utilização do
currículo integrado e da interdisciplinaridade, apresentando-se com potencial para
fazer parte do currículo escolar em todos os níveis de ensino.

2.1.2. O Esporte no currículo da Educação Física Escolar

A educação física escolar absorveu funções de acordo com as tendências de


cada momento histórico, como os períodos militaristas, higienistas,
psicopedagogicista, biologicista e ainda hoje são observados resquícios dessa
prática (GONÇALVES, 1994).
O esporte, enquanto conteúdo da Educação Física escolar, já passou por
diversas transformações, sendo tratado como esporte de rendimento no ambiente
escolar a esporte como forma de cultura corporal, promotora de valores, tratado
como prática pedagógica relevante no âmbito esportivo, cultural, social.
Sob influência da cultura europeia, no período de pós-guerra, a educação
física escolar tornou-se um elemento predominante de rendimento atlético; a escola
era considerada um celeiro de atletas, utilizada como uma extensão dos clubes
esportivos e o esporte era utilizado de forma excludente (COLETIVO DE AUTORES,
1992).
O princípio trazido pelo esporte era o da sobrepujança e o das comparações
objetivas, sendo que se acredita na ideia de que qualquer equipe pode vencer em
confrontos esportivos. Dessa forma, o pensamento onipresente é de vencer
constantemente, sobrepujando o adversário e, para isso, faz-se necessário que
33

sejam padronizadas todas as ações relacionadas àquela disputa esportiva, desde


instalações, regras, condicionando também as ações motoras. Ainda segundo o
autor, se observados os princípios acima, ocorre uma seleção dos aptos e inaptos,
baseada nas habilidades atléticas; a partir dessa seleção, os escolhidos passam a
receber atenção redobrada para aprimoramento da técnica esportiva, minimizando
sua participação em atividades que não tenham relação com a modalidade
escolhida. Essa especialização limita o repertório motor do aluno (KUNZ, 2001,
p.111).
Na tentativa de romper com a hegemonia do esporte e a ampliação do
potencial gestual, autonomia, apropriando o aluno do processo de construção do
conhecimento, no ensino fundamental, os conteúdos do componente curricular
foram organizados em três blocos distintos, porém, articulados, que deverão ser
desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental, propiciando uma base para o
aprimoramento das capacidades no ensino médio. Dessa forma, os conteúdos
distribuídos devem ser trabalhados de maneira equilibrada e adequada, subsidiando
seu desenvolvimento no ciclo seguinte (BRASIL, 1997). Nesse mesmo documento,
observa-se a definição de esporte como:

práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo,


organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que
regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem condições
espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas,
bicicletas, pistas, ringues, ginásios, etc. A divulgação pela mídia favorece a
sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e culturais.
Por exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de Futebol ou
determinadas lutas de boxe profissional são vistos e discutidos por um
grande número de apreciadores e torcedores. (BRASIL, 1997, p.37).

Quando ocorre a flexibilização das regras, o esporte é denominado jogo, de


acordo com esse documento; sendo assim, o esporte, mesmo quando trabalhado
em ambiente escolar, tende a permanecer com o princípio competitivo, com a rigidez
inerente ao alto rendimento e às regras institucionalizadas, se forem observadas
somente as definições desse documento, mostrando um equívoco entre conceito e
aplicação.
A organização dos conteúdos deve ser articulada de forma a possibilitar o
rompimento com o sistema tradicional de ensino, compartimentado, fragmentado,
34

isolando as partes para um ensino global, que agregue ao aluno a construção


interdisciplinar dos conteúdos, na busca da formação integral (BONADIMAN, 2008).
Portanto, atualmente, o esporte faz parte dos conhecimentos trabalhados na
educação física escolar, de forma pedagógica, chamados como cultura corporal.
Embora ainda seja predominante, não deve ser o único conteúdo, superando a
subordinação da Educação Física ao código desportivo internacional, de forma a
possibilitar a participação de todos os estudantes em todas as atividades (BRASIL
2000).
O esporte deve ser transmitido ao aluno como conteúdo das aulas de
Educação Física, pois já é pertencente ao patrimônio cultural da humanidade,
porém, deve ser trabalhado de forma transformadora, fundamentada em valores
educativos, fugindo da competição exagerada, elitizante e agressiva; pode
proporcionar experiências autênticas corporais e envolver concretamente princípios
democráticos (GONÇALVES, 1994).
Essa visão transformadora da Educação Física, para Gonçalves (1994),
relaciona-se com a transformação da vida social e abrange a luta por condições
sociais que permitam a humanização do homem. Na prática, ocorre uma pressão
por parte dos estudantes para que as aulas sejam sempre práticas e relacionadas a
algum esporte. No entanto, quando o esporte é aplicado, observa-se a manutenção
do esporte institucionalizado e a permanência da segregação entre opostos: fortes e
fracos, mais habilidosos e menos habilidosos, mantendo o status quo.
Nessa perspectiva, o esporte é imbuído de uma dimensão polissêmica, não
cabendo apenas o valor recreativo ou esportivo e o aprimoramento de capacidades
físicas às aulas de educação física. Assim sendo, o aluno que pratica esporte deve
saber questionar o seu verdadeiro sentido e, por intermédio dessa visão crítica,
poder avaliá-lo, porquanto a participação constante em atividade esportiva de forma
crítica, segundo Tubino (1992), permite uma valorização qualitativa no modo de
fazer o esporte, contribuindo para o conhecimento humano, além de propiciar
condições de surgimento de novos fatos esportivos, sociais e culturais.
Concordando com o autor, Kunz (2001) aponta que o aluno deve ter
consciência da prática esportiva de forma a internalizar o hábito de sua prática
permanente, ocorrendo, por meio de ações reflexivas – nas quais o professor deve
desprivilegiar o domínio psicomotor, muitas vezes, único trabalhado -, para que, de
35

forma igualitária, sejam observados os domínios afetivos e cognitivos em


consonância com o psicomotor, dentro de uma concepção holística de formação
humana.
Nessa direção, Bracht (1983), em sua dissertação, intitulada “A Educação
Física Escolar como campo da vivência social e de formação de atitudes favoráveis
à prática do desporto”, aponta a metodologia funcional-integrativa como
incentivadora da reflexão e do diálogo, na qual os estudantes participam, em
conjunto com os demais alunos e com o professor, das tomadas de decisão que
envolvem alterações de regras esportivas. O objetivo é que todos consigam
participar, implantando um clima agradável de cooperação e companheirismo, o que
resulta em aulas de Educação Física que se transformam em um campo de ação e
vivência social.
O esporte na educação não deve, portanto, ser uma ramificação do esporte
rendimento, tendo em vista que deve manter o caráter educativo, vinculando-se a
três áreas de atuação pedagógica, sendo: i) integração social; ii) desenvolvimento
psicomotor; e iii) atividades físicas educativas, que assegurem a interligação e a
equidade entre elas (Tubino, 1992).
Para se obter a integração social, a atividade deve permitir a participação
autêntica, oportunizando decisões sobre a prática, além de visar à atuação na
comunidade em atividades esportivas extraescolares. Da mesma forma, no âmbito
psicomotor, o aluno deve ter oportunidades de ampliação do acervo motor, sempre
com juízo crítico, autoavaliação, sem discriminação, enquanto que, na área de
atividades físicas educativas, o aluno deve concretizar as aptidões de forma a
adquirir níveis superiores dessa capacidade.
Dessa forma, a relevância pedagógica da Educação Física é destacada por
Kunz (2001, p.116) como promotora de uma prática consciente de atividade física:

proporcionando hábitos saudáveis ao longo da vida, responsável pela


formação do aluno como ser ativo no processo pedagógico, crítico,
responsável e social, que utiliza as atividades físicas como forma de
libertação, expressão, autoconhecimento, demonstrando respeito aos
estudantes e professores e que utiliza o desporto bem como as demais
atividades físicas como meios para alcançar uma educação integral.

Tubino (2010, p.43) classifica o esporte de três maneiras, sendo: esporte de


36

desempenho, participação e educação 14 , acreditando que o esporte educação e


participação não devem permanecer restritos ao ambiente escolar. Em meio à
natureza, os adeptos das modalidades que se desenvolvem nesse ambiente são
crescentes, sendo assim, o esporte tem conseguido maior significado social e
ampliado o número de praticantes. Já o esporte competição, tem um caráter
formador global minimizado perante os outros dois, tendo em vista que visa ao
desenvolvimento esportivo e à superação pessoal.
Especificamente, no IFPR - Campus Cascavel, a Educação Física é um
componente curricular com conteúdos abrangentes, contendo, na ementa do
primeiro ano de informática e análises químicas: seis esportes, entre individuais e
coletivos, dança, jogos, lutas, três tipos de ginástica, jogos eletrônicos, além de
conteúdos teóricos, como qualidade de vida, valor nutricional dos alimentos,
distúrbios alimentares, medidas e circunferências abdominais. Todos os conteúdos
devem visar à integração entre a Educação Física e a área técnica, com
contextualização metodológica (Anexo 2).
Dentre os esportes, encontramos: voleibol, basquetebol, handebol, futsal,
peteca e atletismo; para os jogos: recreativo, cooperativo e intelectivos, danças
folclóricas; entre as lutas, está definida a capoeira e, entre as ginásticas, estão:
artística, rítmica e solo.
Observados os componentes da grade curricular de Educação Física,
percebemos a possibilidade de unir os jogos intelectivos, cooperativos e recreativos
ao esporte, de forma a proporcionar uma prática inovadora.
Isto posto, a corrida de orientação configura-se como uma possibilidade de

14
Para Tubino (2010): “o Esporte Educacional, também chamado de Esporte na Escola, pode ser
oferecido também para crianças e adolescentes fora da escola (comunidades em estado de carência,
por exemplo). O Esporte Educacional, segundo Tubino, Garrido e Tubino (2006), deve estar
referenciado nos princípios da: inclusão, participação, cooperação, co-educação e co-
responsabilidade. O Esporte-Participação, também conhecido como Esporte Popular, praticado de
forma espontânea, tem relações com a Saúde e as regras. Estas podem ser oficiais, adaptadas ou
até criadas, pois são estabelecidas entre os participantes, tem como princípios: a participação, o
prazer e a inclusão. Já o Esporte de Desempenho, conhecido também como Esporte de
Competição, Esporte-Performance e Esporte Institucionalizado, é aquele praticado obedecendo a
códigos e regras estabelecidos por entidades internacionais. Objetiva resultados, vitórias, recordes,
títulos esportivos, projeções na mídia e prêmios financeiros. A ética deve ser uma referência nas
competições e nos treinamentos. Os dois princípios do Esporte de Desempenho são: a Superação e
o Desenvolvimento Esportivo. Convém esclarecer que o Esporte de Desempenho pode ser: de
Rendimento ou de Alto Rendimento (Alta Competição, Alto Nível etc.). Os princípios para essas duas
manifestações do Esporte de Desempenho são comuns”.
37

atividade física, que dispõe de um conjunto de conhecimentos e saberes


desafiadores para os estudantes, podendo ser considerada um esporte-
educação/participação/desempenho, dependendo da forma como for abordada.

2.1.3. A Corrida de Orientação

O estudo da corrida de orientação no âmbito escolar, bem como a


possibilidade de ganhos pedagógicos interdisciplinares com base em sua prática, é
uma vertente que cresce, tanto entre os praticantes da modalidade, inseridos em
meio acadêmico, quanto entre os docentes em Educação Física, leigos, mas que
buscam ações curriculares inovadoras e motivadoras para suas turmas.
Contudo, essa prática ainda é desconhecida por alguns docentes da área;
outros receiam-se em aplicá-la devido à falta de confiança no conteúdo, entretanto,
os que se aventuram, descobrem o grande potencial que a atividade possui.
A Corrida de Orientação tem um viés competitivo quando tem uma partida,
cumprimento de um percurso com a passagem pelos pontos de controle e uma
chegada; já no viés recreativo (participação), os estudantes, individualmente ou em
grupo, cumprem o percurso sem a preocupação de competir, mantendo o contato
com a natureza, além de praticar uma atividade física e mental, com o objetivo de se
distrair; na vertente pedagógica (educacional), a atividade utiliza-se da sua
capacidade interdisciplinar, trabalhando diversos componentes curriculares unidos
ao esporte (CBO, 2012 apud SILVA, 2013).
O papel formativo da atividade pode ser encontrado em Silva (2013), o qual
diz que a corrida de orientação engloba aspectos físicos, mentais e pedagógicos;
por meio dela, os alunos intensificam a visão de preservação ambiental, com base
em uma relação direta com o meio em que vivem; também, auxilia na relação
espacial e localização. França (2016) complementa, apontando a importante
relevância de se trabalhar o senso de geolocalização nas escolas e aponta que, no
componente curricular de Educação Física, a corrida de orientação oportuniza o
desenvolvimento coletivo, com base nas habilidades cooperativas e comunicativas;
pessoais, ampliando a autoestima do aluno; cognitiva, aprimorando a tomada de
decisão e resolução de problemas; e física, pela melhoria da aptidão física e
habilidades motoras.
38

Scherma (2010) destaca a aprendizagem da leitura e compreensão do mapa


de orientação como uma habilidade necessária para todos os cidadãos, bem como a
análise do tempo atmosférico, esse conhecimento pode auxiliar para uma
explanação de distribuição de indústrias e nível de poluição do ar, exemplifica.
Para Moreira (2016), a prática da corrida de orientação permite ao aluno
desenvolver o conhecimento sobre escalas, noção de espaço percorrido e a
percorrer, leitura de legenda e assimilação gráfica, utilização da bússola para traçar
azimutes, além de aprimorar a autonomia e tomada de decisões.
Isto posto, a corrida de orientação incita saberes que proporcionam a
abordagem de situações e problemas vivenciados pelos alunos em seu quotidiano,
corroborando para a compreensão da realidade onde este se insere, além de
amplificar os saberes culturais, científicos e tecnológicos, bem como os saberes
técnicos.
Dessa forma, a corrida de orientação afirma seu compromisso com o meio
ambiente, com a prática cidadã, com a interdisciplinaridade, como esporte
educacional e participativo; ajudando na construção do aluno enquanto ser humano,
na sua integralidade e não apenas nos aspectos motores, sendo uma atividade que
proporciona diversos ganhos para a formação do aluno.

2.1.3.1. Corrida de orientação: o que é preciso saber?

A busca de alimentos fez com que nossos ancestrais caçassem em regiões


cada vez mais distantes, utilizando-se da orientação para sobreviver. O
conhecimento de sua localização e os pontos de referência para o seu retorno eram
imprescindíveis para a manutenção de sua existência. Com o passar do tempo,
algumas técnicas de localização se aprimoraram, juntamente com os materiais
utilizados, como o conhecimento dos astros, a criação da bússola, a análise dos
pontos cardeais, o estudo da latitude e longitude, as técnicas cartográficas (PASINI,
2004) até a disponibilização de sistema Global Positioning System (GPS) em meio
civil - facilitando nossa localização e orientação de forma muito mais precisa; assim,
tornou-se uma ferramenta de uso quotidiano acessível e disponível em diversos
meios, que facilitam o nosso deslocamento nos dias atuais (PIRES et al., 2014).
A orientação, sob forma desportiva, teve seu início em 1850 na Escandinávia,
39

em meio militar, como forma de entretenimento das tropas; para a realização dessas
atividades, era necessário o manuseio de bússolas e distâncias, porém, inicialmente,
sem mapas (PASINI, 2004).
O responsável pela divulgação e incentivo do esporte, o Major Ernest
Killander, observando o afastamento dos jovens da corrida e do atletismo, buscou
transformar a atividade por meio da exploração do meio ambiente e da fixação de
pontos na floresta. Assim, entregou um mapa e uma bússola aos atletas, tornando a
prática da corrida algo inusitado (SCHERMA, 2010).
No Brasil, somente em 1956 foi realizado o primeiro percurso de “Cross
Country Orientado”, na Gávea, Rio de Janeiro. A corrida era individual, com rota
livre, pontos de controle sequenciais e obrigatórios, com o uso de bússola e cartão
de controle. Contudo, apenas em junho de 1986 é que aconteceu o I Campeonato
Metropolitano de Orientação, no Parque Barigui, em Curitiba, sendo considerado o
primeiro evento oficial civil do país (CBO, 2017).
A prática da modalidade vem crescendo no Brasil, visto que, até o ano de
2016, já existiam 136 clubes de orientação, 14 Federações e 05 Gerências de
Orientação em estados onde ainda não existem Federações, todos já filiados à
Confederação Brasileira de Orientação, desde o ano de sua criação, em 1999 (CBO
2017). Contudo, apesar desse crescimento, poucas pesquisas são realizadas por
professores de Educação Física, ficando evidenciado que a temática “corrida de
orientação” é estudada por dois grupos de pesquisadores: i) os militares, devido à
atuação na prática de orientação, precedentemente muito utilizada nesse meio e
explorada há pouco tempo entre os civis; e ii) os geógrafos, devido ao conteúdo ser
explícito no componente curricular.
Ou seja, independentemente da área, todos possuem a mesma paixão pela
prática da corrida de orientação e são visionários de sua grandeza educacional;
todos expõem a satisfação em aplicá-la, sendo que Friedmann (2008, p.61) define
que a orientação “é a arte e a habilidade de navegar no terreno com auxílio de um
mapa e de uma bússola a fim de cumprir um percurso informado no mapa”. Pasini
(2004) compara a corrida de orientação com a brincadeira de caça ao tesouro,
devido à utilização do mapa para encontrar pontos de controle, sendo atos
obrigatórios de passagem.
Já Paz (2003, p.23) diz que a corrida de orientação “consiste em trilhar um
40

terreno desconhecido, passando por Pontos de Controle (PC‟s) auxiliado por um


mapa e uma bússola”. Diante das definições, Silva (2013, p.93) alega que “na
prática existem diversas formas de praticar a corrida, utilizando somente o mapa;
utilizando somente a bússola; ou utilizando o mapa e a bússola”.
Embora pareça simples, principalmente quando se compara a corrida de
orientação às brincadeiras, não podemos esquecer que ela é uma corrida, na qual o
tempo de percurso é um fator importante para o competidor lograr êxito, tendo que
executar uma atividade física e mental em conjunto. Nessa circunstância, a
possibilidade de escolher um percurso errado fará com que o competidor perca toda
a vantagem adquirida durante a corrida e, assim sendo, nem sempre quem corre
mais rápido vence, mas sim, o orientista mais hábil e inteligente.
O conjunto das habilidades necessárias para a prática da modalidade requer
algo que difere das demais, pois exige que o praticante utilize mais de uma
estratégia durante todo o percurso. Algumas habilidades observadas na orientação
são: “leitura de mapas, avaliação e escolha do itinerário, uso de bússola, capacidade
de decisão apesar do desgaste físico e mental, raciocínio rápido, atenção e
concentração, boas capacidades físicas gerais” (SCHERMA, 2010, p.55). Dentre as
habilidades necessárias, está o trabalho mental exigido durante a prova, que deixa a
corrida de longa distância menos monótona, pois, quando a competição ou evento é
finalizado, o aluno mal percebe a quilometragem percorrida e o esforço físico que
precisou fazer.
Essa prática pode ser executada em diversos lugares, de preferência em
bosques, parques, florestas, embora França (2016, p.18) a considere como uma
Prática Corporal de Aventura, pela utilização da natureza como campo de jogo. No
entanto, Pasini (2004) destaca que a prática não pode ser considerada um Esporte
de Aventura, justamente pela delimitação e controle do percurso, e que a atividade
pode ser realizada em área rural e urbana ou até dentro da própria escola. Na
escola, o professor pode direcionar o ensino da modalidade, iniciando com um
aspecto de jogo e inserindo as regras oficiais aos poucos.
Na Geografia, existe uma abordagem chamada de Geografia
Ecológica/Ambiental, que defende a manutenção do ambiente natural, preservação
da natureza e o aumento do contato com ela (PINTO, 2015, p.50). Tal concepção é
claramente evidenciada na corrida de orientação, em que a necessidade de
41

preservação ambiental aparece como um dos seus princípios estruturadores, de


forma que, ao término das atividades, o ambiente deve permanecer limpo e
organizado da mesma forma que foi encontrado inicialmente, uma preocupação não
visível nas corridas pedestres.
Independentemente do local, a atividade, segundo Ferreira (2004), pode ser
trabalhada de diversas formas, individual (quando um aluno compete sozinho), em
equipe (dois ou mais participam juntos) ou em revezamentos (dois ou mais alunos
formam uma equipe com participações sucessivas). Dessa maneira, cabe ao
organizador da atividade verificar qual a forma a que se enquadra melhor,
considerando o tempo disponível, quantidade de participantes, dificuldade do
percurso, forma de divisão das equipes, a fim de possibilitar a prática escolar versátil
e diversificada. Para sua prática, é necessário o conhecimento de alguns
instrumentos da corrida de orientação, porém, nem todos serão utilizados em todas
as atividades, cabendo ao organizador planejar quais instrumentos serão
necessários para a prática sugerida, sendo eles: i) Mapa; ii) Cartão de Controle,
Picotador e Prisma; e iii) Bússola, que serão detalhadas a seguir.

2.1.3.2. Mapas

O mapa de orientação é uma carta topográfica, elaborada especificamente


para o uso em corridas de orientação e representa graficamente a área onde a
atividade ocorrerá, porém, em escala reduzida (FRIEDMANN, 2008), o qual deve
conter todos os detalhes óbvios de serem reconhecidos, visíveis e identificáveis. É
crucial, portanto para o sucesso do aluno, pois servirá como guia para sua atividade
(PASINI, 2004).
Ainda segundo Pasini (2004), são itens imprescindíveis de um mapa: i) uma
legenda com a simbologia dos pontos; ii) a orientação do norte magnético; iii) nome
da atividade; iv) escala; v) equidistância das curvas de nível; vi) o nome do
cartógrafo; vii) a categoria do percurso traçado; viii) os patrocinadores; e ix) a região
do mapa, podendo ser confeccionado utilizando o software Swiss software
application for Cartography and Orienteering (OCAD) (PASINI, 2004).
O símbolo que inicia a corrida de orientação é caracterizado por um triângulo,
ligado por uma linha reta aos pontos de controle, marcados e sequenciados por
42

círculos, de forma crescente, até o ponto final delimitado por dois círculos
concêntricos; esses símbolos são universais, sendo encontrados em todos os
mapas de corrida de orientação (figura 1).

Figura 1. Exemplo de mapa de orientação

Fonte: Valdir Tasca15 (2014).

Por convenção, a simbologia e cores do mapa são regulamentados pela


Federação Internacional de Orientação (IOF) e devem ser memorizadas pelos
praticantes da modalidade, para facilitar o entendimento do mapa, conforme
demonstrado na figura 2, sendo a cor: i) castanha e suas variações de tons para
exemplificar o terreno; ii) amarelo para indicar a vegetação rasteira; iii) verde e suas
variações de tons para indicar as vegetações mais altas, observando que, quanto
mais escuro for, mais difícil será sua transponibilidade; iv) azul, a fim de representar
a hidrografia; v) preta para exemplificar as rochas e interferências humanas; vi)
vermelha para destacar as áreas proibidas; e viii) branco para indicar a vegetação

15
Valdir Tasca é militar da reserva, condecorado pela Federação Paranaense de Orientação, o qual já
recebeu os títulos de Orientador Honorário do Paraná e Orientador Benemérito do Paraná. Fundador
da Confederação Brasileira de Orientação (1999), Federação Paranaense de Orientação (1998) e
Cobra Clube de Orientação (1996), é Presidente deste último. É árbitro internacional de orientação,
oferecendo clínicas na modalidade em diversas escolas. Para este trabalho, colaborou com a
confecção dos mapas de orientação utilizados e com a marcação do percurso da primeira atividade
prática, dentre outras participações importantes.
43

que permita uma corrida facilitada por baixo de suas folhas (PASINI, 2004;
FRIEDMANN, 2008; SCHERMA, 2010; CBO, 2000).

Figura 2. Cartão de descrição contendo alguns símbolos utilizados em mapas de orientação

Fonte: Manual do Jovem Orientista (FRANCO, 2018)

Embora pareça um processo complexo, aos poucos, o jovem orientista 16


memoriza os símbolos e executa a prova sem grandes dificuldades. Para isso, é
necessária uma explanação detalhada do significado de cada item até sua definitiva
fixação, pois o conhecimento dos códigos implica em melhor agilidade durante a
prova, fazendo com que a tomada de decisões seja embasada racionalmente. Além
do mais, isso promove a escolha certa de percurso e, consequentemente, a
diminuição do tempo necessário para completá-lo.

16
Pessoa que pratica corrida de orientação.
44

Figura 3. Especificações do cartão de descrição de símbolos

Fonte: Manual do Jovem Orientista (FRANCO, 2018)

Além do mapa, os instrumentos Cartão de Controle, Picotador e Prisma são


imprescindíveis durante a realização da prática da Corrida de Orientação e podem
ser construídos de maneiras diversas no ambiente escolar.

2.1.3.3. Cartão de Controle, Picotador e Prisma

O cartão de controle é como um gabarito, entregue ao aluno na largada; nele,


o aluno marcará a passagem por cada Ponto de Controle (PC), para controlar se ele
passou por todos os pontos obrigatórios, sendo devolvido ao professor no final da
atividade para conferência.
A forma com que é feita a marcação no cartão varia de acordo com o tipo de
competição, na escola o uso do instrumento pode ser adaptado. Em provas oficiais,
desde 2005, no Brasil, são utilizados “picotadores e cartões de controle inteligentes”,
que funcionam como um pen drive que o aluno coloca nos pontos de controle; a
passagem fica armazenada no dispositivo eletrônico e a conferência é feita no final
da prova com base em um computador (FRIEDMANN, 2008).
45

Contudo, ainda é muito utilizado o cartão de controle em papel especial (para


não molhar), que, durante a prova, é picotado por um tipo de grampeador (FIGURA
4) nos PC‟s; para cada grampeador, há uma marcação diferenciada, como um
código braile, sendo que, no final da prova, será conferido pela equipe de arbitragem
(FIGURA 5).
No ambiente escolar, o prisma, o cartão de controle e os mapas podem ser
confeccionados pelos próprios estudantes e a modalidade trabalhada de inúmeras
maneiras; uma delas será debatida com maior clareza no capítulo 4, intitulado
Produto Educacional.

Figura 4. Modelo de Picotador

Fonte: Site www.orientista.com.br (2018)

Figura 5. Modelo de cartão de controle

Fonte: Clube de Orientação (CASCAVEL, 2018).

O picotador (FIGURA 4), para melhor visualização, é identificado por um


prisma (FIGURA 6) nas cores laranja e branca, no tamanho oficial de 30x30cm, para
que o aluno consiga visualizá-lo a média distância.
46

Figura 6. Prisma oficial de uma corrida de orientação

Fonte: Portal do Professor – MEC (2018)

Além do mapa, Cartão de Controle, Picotador e Prisma, é imprescindível a


utilização de uma Bússola durante a realização da prática da Corrida de Orientação,
porém, todos esses elementos podem ser confeccionados na escola.

2.1.3.4. Bússola

Definida como um aparelho com uma agulha magnética, que é atraída para o
polo magnético terrestre, a bússola é um item permitido, mas não obrigatório durante
a prova. Contudo, o conhecimento sobre a bússola se faz necessário para qualquer
orientista. Os alunos “utilizam-na para orientar o mapa na direção norte fazendo
coincidir a agulha da bússola com as linhas de norte presentes no mapa” (AIRES et
al. 2011, p.13).
O uso da bússola, de acordo com Silva (2013, p.89): “é trabalhado de maneira
superficial, apenas com imagens nos livros didáticos, ou seja, não há, na maioria
das vezes, uma preocupação maior com o trabalho prático acerca deste
conhecimento”. Por isso, é natural encontrarmos pessoas que se dizem com
dificuldades de orientação, mesmo com a utilização de dispositivos de localização,
como os Sistemas de Posicionamentos Globais (GPS‟s); a falta de profundidade e
de exploração prática faz com que o conhecimento adquirido, no componente
47

curricular de Geografia, se torne insuficiente. Dessa forma, a aprendizagem da


utilização desse dispositivo é extremamente importante na corrida de orientação.
Corroborando essa afirmação, Pasini (2004) ressalta a sua indispensabilidade
na orientação e seu conhecimento enquanto condição básica para a prática da
modalidade, o qual norteia e referencia o aluno, bem como o mantém na direção
certa e indica a direção exata do PC almejado.
Com a bússola (FIGURA 7), o aluno encontra o norte magnético, sobrepondo-
a ao mapa, já descrito por meio das linhas norte-sul, voltado para a posição norte;
podemos encontrar o azimute magnético, no qual o aluno pretende correr, deixando
assim o mapa orientado na direção correta.
Azimute é descrito por Pontes Junior (2017, p. 382) como o “percurso descrito
no mapa, correspondendo a rota mais curta para os PC‟s”. De maneira mais simples,
Pasini (2004, p. 66) descreve como “o ângulo formado entre o norte magnético e a
direção em que o aluno pretende ir”, sendo o azimute descrito, na maioria das
vezes, em graus.

Figura 7. Exemplo de bússola Silva

Fonte: www.trekkingbrasil.com (2018)

Delimitada a direção a percorrer, o aluno deve calcular a distância a ser


percorrida, sendo que uma das formas de efetuar a aferição da distância, sem a
utilização de equipamentos específicos, é a contagem de passos duplos. Isso nada
48

mais é do que uma técnica simples, que leva em consideração a individualidade do


ritmo e do comprimento médio da passada de cada pessoa (FRIEDMANN, 2008,
p.16), sendo útil principalmente no período de iniciação ao desporto, melhorando a
noção de distância e da relação mapa-terreno, além de aperfeiçoar a orientação
espacial do aluno (RODRIGUES; FERREIRA, 2005, p.53).
Para utilizar o método dos passos duplos, o aluno conta quantos passos
consecutivos são dados com a mesma perna, bem como quantos consegue dar em
cem metros; depois, multiplica o resultado para distâncias maiores, utilizando, para
isso, a escala do mapa e uma regra de três. Diante do exposto: “um passo duplo,
equivale a dois passos e conta-se cada vez que o mesmo pé toca o solo”
(RODRIGUES; FERREIRA, 2005, p.53).
Para efetuar essa técnica, o aluno deve: i) saber a distância em metros entre
os PC‟s; ii) utilizar o escalímetro ou a régua da bússola; e iii) calcular a quantidade
de passos necessários para concluir as distâncias entre os pontos. Dessa forma, o
aluno não corre o risco de passar pelo ponto de controle, mesmo estando na
orientação correta.
A escala, segundo Aires et al. (2011), é uma representação do terreno em
tamanho reduzido, em que uma escala de 1:15000 significa que, a cada 1
centímetro do mapa, serão 15000 centímetros no terreno real, ou seja, 150 metros.
De forma prática, o aluno deve converter a distância em centímetros do mapa para
metros, com o propósito de descobrir a quantidade de passos duplos necessários
para percorrer determinada distância.
Assim, a condução das atividades teórico-práticas, durante o desenvolvimento
da Corrida de Orientação, trabalhará a interdisciplinaridade desse conteúdo de
maneira mais ou menos evidente para o aluno. Contudo, não é plausível subestimar
a prática dessa atividade no âmbito escolar, tendo em vista a multiplicidade de
assuntos distintos e o alto poder interdisciplinar que a acompanha.
Pensando no trabalho escolar, a CBO (2016) propõe uma política de
desenvolvimento do desporto, subdividindo-se em quatro vertentes distintas: a
competitiva, a pedagógica, a ambiental e de turismo. A fim de se atentar ao alvo
principal deste trabalho, como a corrida de orientação no ambiente escolar, a única
mencionada será a vertente pedagógica.
A proposta dessa vertente, segundo Pasini (2004, p.48), é: “formar o aluno ao
49

pleno exercício da cidadania atentando-se a qualidade de vida e a motivação do


aluno, sem esquecer a questão social pré-existente em toda prática esportiva
educacional”. Para Scherma (2010), a importância da orientação, no processo
educativo, é devido ao seu caráter interdisciplinar e abrangência de várias áreas do
conhecimento, oferecendo um conjunto de práticas pedagógicas eficientes e
motivadores, que podem auxiliar na superação do ensino fragmentado do
conhecimento.
Diante do exposto e considerando como base que um dos princípios da EPT,
aplicado nos Institutos Federais de Educação, é a formação integral do aluno – pois
se concilia teoria e prática como promoção de uma educação unitária -, vê-se a
importância da inclusão curricular de atividades que proporcionem a unidade entre
os componentes curriculares, viabilizando uma aprendizagem significativa e a
aplicabilidade do conteúdo ensinado, como acontece na prática da Corrida de
Orientação.

2.2. FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO

Para desenvolver um processo investigatório, é premente que o pesquisador


saiba conviver com as dúvidas e as incertezas, inerentes à pesquisa, considerando
que não existem respostas prontas sobre como proceder em cada situação e os
critérios específicos para seguir nessa ou naquela direção. Contudo, existem
sugestões gerais na literatura e a experiência de outros pesquisadores, como
encerebração; entretanto, existem situações que vão demandar ações específicas
do pesquisador.
Dentro das regras gerais, estão as definições dos critérios sobre os métodos
de coleta, sobre os locais, os participantes, o tempo de observação e os recursos
que serão utilizados. Pesquisadores da área advertem que esses parâmetros
podem ser esboçados num primeiro momento, no entanto, somente a partir de
como a pesquisa vai se desenvolvendo, é que eles vão ficando mais claros e
legítimos.
A pesquisa é definida por Gil (2007, p. 17) como o “procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são
50

propostos” e, sendo assim, desenvolve-se por um processo constituído de várias


fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos
resultados.
Dessa forma, devemos elaborar o planejamento da pesquisa e levar em
consideração, inclusive, nossos próprios limites (pessoais, materiais e financeiros).
O passo a passo, com todos os procedimentos metodológicos que serão utilizados
na pesquisa, faz parte da primeira fase da pesquisa científica, envolvendo a
escolha do tema, a formulação do problema, a especificação dos objetivos e a
operacionalização dos métodos. E, para compreender a articulação dessas etapas,
Quivy & Campenhoudt (1995) destacam três eixos constitutivos;
i) a ruptura: consiste em romper com as ideias preconcebidas e com as falsas
evidências, as quais nos oferecem somente a ilusão de compreender as coisas;
ii) a construção: consiste em construir as propostas explicativas do objeto em
estudo, quando é possível elaborar o plano de pesquisa a ser realizado; além disso,
as operações necessárias a serem colocadas em prática e os resultados esperados
ao final da pesquisa;
iii) a constatação: consiste na comprovação dos fatos. Os três eixos da
pesquisa científica não são independentes uns dos outros.
Contudo, cabe reforçar que a fundamentação metodológica, enquanto opção
para o desenvolvimento desta pesquisa, e a especificidade do objeto investigado
requerem, além dos métodos estabelecidos, o comprometimento das pesquisadoras
no que se refere às ações exploratórias mais acuradas durante a análise dos dados,
constituindo a descrição, o elemento sustentador metodológico. Como resultado, a
teoria vai sendo construída dialeticamente ao longo de todo o processo, numa
permanente interação pensar-fazer ou teoria-metodologia, em que, reciprocamente,
novas asserções de conhecimento podem levar a novos conceitos, à reformulação
de conceitos já existentes ou, ocasionalmente, a novos princípios, teorias e
filosofias.

2.2.1. Abordagem da Pesquisa: Qualitativa

Esta investigação, objetivando utilizar a prática da corrida de orientação de


forma interdisciplinar, com vistas à formação integral do aluno, bem como à
51

experimentação de novos conteúdos capazes de desenvolver o esporte no IFPR,


desenvolveu-se como uma sequência didática para a prática da corrida de
orientação, com os estudantes do IFPR - Campus Cascavel. Foi utilizado o
smartphone como recurso tecnológico e os aplicativos disponíveis nos aparelhos
móveis como facilitadores da localização e controle das etapas.
Considerando a complexidade do objeto a ser investigado, suas relações e
causas, caracterizamos esta investigação como de abordagem qualitativa do tipo
estudo de caso. Quando evocados os seus princípios, encontramos, na abordagem
qualitativa, a metodologia de intensidade necessária para “tratar” a pesquisa, tendo
em vista a problemática e os objetivos a serem investigados.
Para Bogdan & Biklen (1994, p.11), a abordagem qualitativa “contempla uma
metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a indução, a teoria
fundamentada e o estudo das percepções pessoais”. Nessa perspectiva, para Lüdke
e André (1986, p.18), o estudo qualitativo “se desenvolve numa situação natural, é
rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de
forma complexa e contextualizada”.
Para Minayo (2002), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. A pesquisa qualitativa é
criticada por seu empirismo, pela subjetividade e pelo envolvimento emocional do
pesquisador.
Diante de tais premissas e ao encontro do objeto desta pesquisa, optou-se
pela utilização da abordagem qualitativa, quando as problemáticas imbricadas na
relação entre a Educação Física Escolar na Educação Profissional e Tecnológica e a
prática da Corrida de Orientação, por meio da Interdisciplinaridade, são de ordem
das relações humanas, do significado da prática e da importância do processo de
mediação da aprendizagem e o ensino, quando se investiga o campo pedagógico.

2.2.2. Tipo da Pesquisa: Estudo de Caso

A partir do seu caráter exploratório, esta pesquisa, quanto aos procedimentos,


52

caracteriza-se como “Estudo de Caso”.


A finalidade dessa pesquisa é o desenvolvimento de uma sequência didática
que ajude os docentes a trabalhar o conteúdo “corrida de orientação” nas escolas.
Assim, de acordo com Lüdke e André (1986, p.17), quando queremos estudar algo
singular, que tenha um valor em si mesmo, devemos escolher a estratégia de
investigação do “estudo de caso”.
Dentre as características do estudo de caso, Lüdke e André (1986) destacam
que: i) visam à descoberta (nada é acabado); ii) visam à interpretação “em contexto”
(é necessário levá-lo em conta); buscam retratar a realidade de forma completa;
usam variedades de fontes de informação; permitem generalizações naturalísticas.
As fases que envolvem este estudo de caso sequenciam-se na própria
elaboração e no seu desenvolvimento, ou seja, foi no decorrer de tal elaboração que
os indicativos de relevância ao estudo foram se constituindo.

2.2.3. Campo de Pesquisa

Esta investigação foi realizada no IFPR - Campus Cascavel. As atividades de


ensino no Campus foram iniciadas em 2014, com o Curso Técnico em Informática,
integrado ao Ensino Médio. Atualmente, oferta dois cursos de nível médio técnico
integrado a saber, o Curso Técnico em Análises Químicas, integrado ao Ensino
Médio (CTAQIEM), e o Curso Técnico em Informática, integrado ao Ensino Médio
(CTIIEM), além da Licenciatura em Química, Tecnologia em Análise e
Desenvolvimento de Sistemas (TADS), ambos de nível superior e Especialização em
Educação, Tecnologia e Sociedade.

2.2.4. Período de Investigação

O período de investigação foi iniciado em agosto de 2017, quando houve o


ingresso no mestrado, e passou a se desenvolver até a finalização desta pesquisa,
em março de 2019.
A análise bibliográfica ocorreu durante todo o segundo semestre de 2017. A
submissão e aprovação ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) ocorreu no período de
março a julho de 2018. A pesquisa-ação com os participantes ocorreu no 2.º
53

semestre de 2018, logo com o retorno das aulas, após o recesso acadêmico, e
finalizou em setembro de 2018. A análise dos dados aconteceu no período de agosto
de 2018 a outubro de 2018, no decorrer da pesquisa-ação. A aplicação do
questionário foi realizada no período de setembro a outubro de 2018.

2.2.5. Sujeitos Investigados

Lefèvre e Lefèvre (2000) afirmam que a seleção dos participantes para a


pesquisa qualitativa deve respeitar os critérios de quantidade, variabilidade e
qualidade dos atores, no sentido da possibilidade de fornecimento de dados ricos,
interessantes e suficientes, portanto, a variável quantidade não é crítica, e sim, a
variável da variabilidade. Neste caso, trata-se dos estudantes que estavam
regularmente matriculados, em 2018, no primeiro ano do curso técnico integrado ao
ensino médio, dos Cursos Técnico em Análises Químicas, integrado ao Ensino
Médio (CTAQIEM), e Técnico em Informática, integrado ao Ensino Médio (CTIIEM),
totalizando 88 estudantes de ambos sexos, com idades entre 14 e 17 anos, os quais
estão distribuídos da seguinte forma: 24 estudantes no 1º A e 22 estudantes no 1º B
do CTIIEM; e 42 estudantes matriculados no 1º ano do CTAQIEM.
A escolha pela aplicabilidade da pesquisa direcionada aos estudantes
matriculados nos primeiros de ambos os cursos efetivou-se por dois motivos: i) a
distribuição do componente curricular de Educação Física na grade horária dos
cursos, pois, até o ano de 2017, o componente era distribuído da seguinte forma:
duas aulas no primeiro ano, uma aula no segundo, nenhuma no terceiro e duas no
quarto ano; e ii) a alteração na grade para 2018, que faz a diferenciação entre os
dois cursos, sendo que, para o CTAQIEM, as aulas de educação física ficaram
distribuídas em duas aulas semanais nos três anos de curso e, no CTIIEM, há
apenas duas aulas no primeiro e uma aula no segundo ano; nenhuma no terceiro.
Partindo dessa nova distribuição e da possibilidade de inculcar já nos
primeiros anos o pensamento de integralidade curricular, formação tecnológica e
aprimoramento da crítica e reflexão, para progressão sequencial nos demais anos,
foi escolhido o público iniciante na instituição, regularmente matriculado, que esteja
nos primeiros anos dos cursos técnicos integrados ao ensino médio.
54

2.2.6. Instrumentos de Coleta de Dados

A opção pelos instrumentos de coleta de dados desta investigação está


relacionada com a sua opção qualitativa e de estudo de caso; ademais, com a
natureza de seu objeto.
Para compreendermos os aspectos bio-psico-sociais da prática da corrida de
orientação, observados pelos adolescentes participantes da pesquisa, os
instrumentos para a coleta de dados tornam-se fundamentais.
Acerca dessa questão, Yin (2010) estabelece que são os instrumentos e a
sua escolha que validam a confiabilidade de um estudo de caso; o autor destaca três
princípios que convergem nas opções que fizemos, quando nos propusemos a
realizar esta investigação: i) utilizar várias fontes de evidências; ii) criar um banco de
dados para o estudo de caso; e iii) manter o encadeamento de evidências.
Ao elegermos a pesquisa bibliográfica, pesquisa-ação e o questionário como
instrumentos para a coleta das informações sobre o objeto a ser investigado, não se
pretendeu esgotar o campo da pesquisa, mas garantir o cuidado e as percepções
das evidências que a exploração do campo exige, utilizando da complementariedade
entre os instrumentos de coleta de dados, como possibilidade de composição desta
pesquisa.
Cabe destacar que, no estudo de caso, a escolha de mais de um instrumento
para a coleta de dados é fundamental, não com o intuito de estabelecer
comparativos entre o emprego de um em relação ao outro, o que seria naturalizar ou
simplificar os dados, descaracterizando o campo da pesquisa, mas no intuito de
formar um escopo de relevância para a análise posterior das evidências
caracterizadoras, oriundas da utilização dos instrumentos.
Considerando os aspectos da pesquisa qualitativa de ponderar
substancialmente o processo da investigação de forma mais ampla possível, o
estudo de caso, à luz dessa abordagem de investigação, requer que o pesquisador,
segundo Yin (2010), tenha versatilidade metodológica, que não é necessariamente
exigida em outras estratégias; ele deve também obedecer a certos procedimentos
formais para garantir o controle de qualidade durante o processo de coleta.

2.2.6.1. Pesquisa Bibliográfica


55

A pesquisa bibliográfica é a base de qualquer trabalho científico e serviu para


reunir o conhecimento teórico já disponível às contribuições de diferentes autores
sobre temáticas que já foram estudadas, mapeadas, analisadas e comparadas, ou
seja, as informações já foram tratadas, materializando-se como fontes secundárias.
A pesquisa bibliográfica possibilitou uma análise mais elaborada e um
conhecimento mais aprofundado, que possibilitasse a implantação de uma corrida
de orientação e a construção, a partir disso, do processo de pesquisa-ação de uma
sequência didática norteadora da prática, com potencial de aplicabilidade em outras
instituições.
Foram consultadas as Plataformas Sucupira, Scielo e o
scholar.google.com.br, obtendo-se os seguintes resultados condizentes com a
pesquisa, sendo os demais descartados:

Quadro: 1. Material online consultado


Local Tipo de
Título Autor Ano
Pesquisado Arquivo

Richard
Plataforma Esporte em Busca de um Novo Caminho
Dissertação Wallace Scott 2001
Sucupira para Natureza
Murray

Práticas corporais de aventura nas aulas de


Plataforma Educação Física: As possibilidades Dilvano Leder
Dissertação 2016
Sucupira pedagógicas no 5º ano do ensino de Franca
fundamental

Corrida de Orientação: uma proposta


Plataforma Elka Paccelli
Tese metodológica para o ensino da Geografia e 2010
Sucupira Scherma
da Cartografia

Práticas corporais de aventura nas aulas de


Google Educação Física: As possibilidades Dilvano Leder
Dissertação 2016
Acadêmico pedagógicas no 5º ano do ensino de Franca
fundamental

Ana Manuela
Google A potencialidade da Pordata no ensino (da
Relatório Salvador 2016
Acadêmico Geografia)
Moreira

André Accioly
Esporte de orientação na Educação Física Nogueira
Google Capítulo de
Escolar: Histórico, características e Machado; 2017
Acadêmico livro online
possibilidades pedagógicas
Nívea Lima
Cruz; Elano
56

Cordeiro
Soares; Bráulio
Nogueira de
Oliveira

Atividades esportivas no ensino de geografia:


Google Daniel Araújo
Artigo Experiência a partir da corrida de orientação 2013
Acadêmico Silva
na escola

Google João Manoel


Manual Manual do jovem orientista s/d
Acadêmico Franco

Google Documentos da Confederação Brasileira de 2000 à


Regulamento
Acadêmico Orientação 2017

Fonte: elaborado pela autora com base nos autores acima (2018).

Também, foram consultadas na literatura nacional, sobre corrida de


orientação no Brasil e seu desenvolvimento na escola, em livros físicos:
 Corrida de Orientação: esporte e ferramenta pedagógica para o ensino
(2004); Corrida de Orientação: Pedagogia Técnica e Tática (2013), de Carlos
Giovani Delevati Pasini;
 Fundamentos de Orientação, Cartografia e Navegação Terrestre (2008), de
Raul Friedmann.

2.2.6.2. Pesquisa-ação

A pesquisa-ação é uma metodologia muito utilizada em projetos de pesquisa


educacional e foi utilizada para fundamentar a parte prática do processo de pesqui-
sa. A pesquisa-ação, que é uma forma de investigação, de acordo com KEMMIS e
MC TAGGART (2001, p. 248), é baseada:

em uma autorreflexão coletiva empreendida pelos participantes de um


grupo social de maneira a melhorar a racionalidade e a justiça de suas
próprias práticas sociais e educacionais, como também o seu entendimento
dessas práticas e de situações onde essas práticas acontecem. A
abordagem é de uma pesquisa-ação apenas quando ela é colaborativa.

Nessa perspectiva, a pesquisa-ação, de acordo com Elliot (1997, p.17), é um


processo que se modifica continuamente em espirais de reflexão e ação, em que
cada espiral inclui:
57

 Aclarar e diagnosticar uma situação prática ou um problema prático que se


quer melhorar ou resolver;
 Formular estratégias de ação;
 Desenvolver essas estratégias e avaliar sua eficiência;
 Ampliar a compreensão da nova situação;
 Proceder os mesmos passos para a nova situação prática.
Dessa forma, a pesquisa-ação, como instrumento de coleta de dados para
esta investigação, foi pensada partindo da proposta de construção coletiva da
atividade, com o objetivo de organização comunitária de uma prática, com vistas a
alcançar um nível maior de compromisso com todo o processo pedagógico, tornando
o aluno ativo durante todo o processo de ensino. Além disso, deve proporcionar
maior aceitação em uma atividade sugerida e modificada pelos próprios estudantes,
tornando-os parte importante na organização das tarefas.
Para atingir esse objetivo, a proposta da prática partiu da pesquisadora,
porém, a cada etapa percorrida, os estudantes faziam interferência e, por
conseguinte, contribuíam no processo, por meio da avaliação das práticas e das
etapas anteriores, propondo e sugerindo ações para as práticas seguintes. Assim
sendo, a participação dos estudantes possibilitou a construção das atividades
práticas, de acordo com as suas reflexões críticas, tornando a participação e a
aceitação da atividade final quase unânime.
Quanto à participação dos docentes, a ideia principal era a construção de
uma atividade que integrasse o currículo, contendo conteúdos abordados, ao longo
do ano, pelos docentes, de forma que os estudantes conseguissem visualizar o
conteúdo na forma de revisão, como algo desafiador.
Dessa maneira, foi proposto aos docentes que recrutassem três questões
sobre o conteúdo trabalhado ao longo do ano, objetivas, contendo entre três e cinco
alternativas, de nível fácil e médio. As questões foram transformadas em QR codes 17
e fixadas nos pontos de controle, sendo necessário respondê-las para

17
De acordo com Coelho (2013), o QR (Quick Response) Code é um processo de identificação de
informações textuais, no qual a leitura de um gráfico 2D, em uma caixa preta e branca, permite o
acesso das informações constantes no gráfico. Sua criação ocorreu em 1994, por uma subsidiária da
Toyota no Japão. Para maiores informações, verificar em: <https://tecnologia.ig.com.br/dicas/2013-
03-04/qr-code-o-que-e-e-como-usar.html>. Acesso em 06/Jan/2019.
58

prosseguimento da atividade prática.


Pensando em uma atividade prática com duração bimestral, a atividade foi
construída visando o tempo de cinco aulas, da confecção das questões, execução
da prática final e da aplicação da avaliação final; o tempo total de organização da
pesquisa foi de dois meses. É importante ressaltar que a apreciação coletiva das
atividades e das aulas teóricas foram fatores delimitantes para o prosseguimento
das atividades seguintes, sendo a atividade final construída coletivamente.
As atividades foram aplicadas durante as aulas regulares de Educação Física
(QUADRO 2), com exceção da Aula 2 18 , para as turmas do primeiro ano do
CTAQIEM e CTIIEM, totalizando 88 estudantes, distribuídos em três turmas; houve
participação e cooperação técnica do Mapeador do Clube de Orientação de
Cascavel, Valdir Tasca, distribuídas em cinco encontros de duas horas/aulas (1h40
minutos).

18
A aula 2 foi uma atividade prática, em que as três turmas foram reunidas em um sábado letivo. As
demais atividades foram durante o horário da aula regular.
59

Quadro: 2. Programação das Atividades Presenciais

Fonte: elaborado pela autora com base na pesquisa-ação (2018).

Para a atividade da quarta aula, os estudantes, divididos em grupos,


instalaram a bússola e o leitor de QR code nos seus celulares e, em cada ponto de
passagem encontrado, o aluno efetuou a leitura do QR code do ponto, impresso em
uma folha branca, que estava fixada em qualquer estrutura no perímetro de prática
da atividade, como pedra, poste, parede, estaca. A leitura desse código gerou uma
mensagem de texto com uma pergunta elaborada pelos professores de um dos
componentes curriculares de sua grade. O aluno só se deslocou para o próximo
ponto após responder à pergunta no cartão controle; ele também deveria mencionar
à qual componente curricular pertence a pergunta e qual alternativa acreditava ser
correta, conforme Quadro 3. A resposta escrita no cartão controle foi o comprovante
de que o aluno passou pelo ponto de controle. Essa atividade da quarta aula deve
ser pensada e organizada com antecedência, para que não haja contratempos na
hora de marcar o percurso, baixar os aplicativos e divisão das equipes, de forma que
a separação seja feita de maneira mais equipolente quanto possível.
60

Todo o processo de construção e resultado das atividades está descrito no


item 3.2.

Quadro: 3. Exemplo de Cartão Controle utilizada na atividade 4


Equipe: Hora Saída: Hora Chegada:

Percurso: (A) (B)

Componente
Alternativa Correta*
Curricular*

PC 1 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 2 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 3 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 4 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 5 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 6 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 7 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 8 (A) (B) (C) (D) (E)

PC 9 (A) (B) (C) (D) (E)

Erros:

Tempo Final:

Integrantes da equipe:

Fonte: elaborado pela autora (2018).


*Os campos em destaque foram preenchidos pelos alunos.

Para a atividade prática, foi necessário o uso de, pelo menos, um smartphone
por grupo. Dessa forma, os estudantes foram divididos em equipes com quatro
integrantes cada, na qual pelo menos um dos integrantes tivesse um smartphone.
61

As equipes foram liberadas a cada três minutos, para que não houvesse
obstrução nos pontos de passagem, “encarneiramento”, e o tempo contabilizado foi
o tempo total da equipe.
Finalizada a atividade, as respostas foram tabuladas e, para cada resposta
incorreta, foi acrescentado 15” (quinze segundos) ao tempo total da equipe, medida
adotada para evitar que os estudantes respondessem às questões sem a análise do
conteúdo. Da mesma maneira, as equipes que responderam corretamente tiveram a
oportunidade de recuperar o conceito do componente curricular com o professor
correspondente, de forma que o critério e a quantidade de pontos válidos para a
tarefa variou de acordo com cada professor.
Para a confecção do mapa, da primeira atividade prática, na segunda aula, foi
distribuída aos estudantes uma bússola e um mapa por dupla; ademais, utilizou-se o
programa OCAD, em dois tipos de percursos, chamados de Alpha e Bravo, com
saída escalonada de 1 minuto, sendo obrigatória a saída de uma equipe Alpha e
uma equipe Bravo, sequencialmente, tornando a saída escalonada em 2 minutos
para cada percurso.
Para a segunda atividade prática, na aula quatro, os estudantes
permaneceram no Campus; todos os pontos de controle foram fixados em alguma
estrutura existente previamente no local. Os professores foram orientados a formular
questões simples e objetivas com respostas curtas, contendo entre três e cinco
possíveis alternativas para serem fixadas nos PC.

2.2.6.3. Questionário

Como instrumento de coleta de dados, para a quinta e última aula, foi


utilizado um questionário, com base no google forms.
A escolha do questionário, como instrumento de coleta de dados para esta
investigação, justifica-se por ser “um instrumento desenvolvido cientificamente,
composto de um conjunto de perguntas ordenadas de acordo com um critério
predeterminado, que deve ser respondido sem a presença do entrevistador”
(MARCONI; LAKATOS, 1999, p.100) e objetiva levantar as opiniões dos estudantes
participantes. Para garantir a padronização e a comparação dos dados, o
questionário foi elaborado com questões fechadas e abertas, categorizadas em
62

escala, de análise quali-quantitativas, aplicado para todos os participantes na quinta


aula, de forma a obedecer aos critérios estabelecidos (Quadro 4).

Quadro: 4. Roteiro de elaboração do Questionário


Tópicos de discussão Objetivos

Analisar as limitações e potencialidades da prática da corrida


1 – Limitações e Potencialidades
de orientação no ambiente escolar.

Analisar a usabilidade e funcionalidade do aplicativo durante


2 – Interação com a tecnologia
a execução da proposta das atividades.

Analisar a estrutura curricular e a organização Pedagógica


3 - Estrutura Pedagógica no alcance dos objetivos da prática da corrida de orientação
no ambiente escolar.

Analisar a relação da aprendizagem com o alcance dos


4 - Relação com a Aprendizagem objetivos da atividade durante a execução da corrida de
orientação no ambiente escolar.

Fonte: elaborado pela autora (2018).

Os tópicos de discussão serviram de embasamento para o questionário


proposto na última aula (Anexo 1).
63

3. PROCESSO DE ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A análise de dados é uma fase importante na pesquisa qualitativa. É o


processo pelo qual o pesquisador procura estabelecer ordem, estrutura e significado
aos dados coletados. De acordo com Creswell (2010, p. 147), a análise de dados em
pesquisa qualitativa consiste,

da preparação e organização dos dados (isto é, dados em texto como


transcrições, ou dados em imagens como em fotografias) para análise,
depois a redução dos dados em temas por meio de um processo de criação
e condensação dos códigos e, finalmente, da representação dos dados em
figuras, tabelas ou uma discussão.

A natureza da análise de dados na abordagem qualitativa é variada; o


pesquisador tem a liberdade de escolher o tipo de análise que deseja realizar, de
acordo com o objetivo do estudo, considerando as dimensões e os enfoques da
pesquisa. Existem diferentes técnicas para organizar e analisar os dados da
pesquisa qualitativa. Assim sendo, a opção para esta pesquisa foi realizar a análise
bibliográfica por meio dos estudos já concretizados sobre a temática, a análise de
votação múltipla da pesquisa-ação e a análise do conteúdo nos questionários
aplicados aos estudantes.

3.1. ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA

A análise bibliográfica constituiu-se em etapas integradas, que só foram sepa-


radas para se compreender didaticamente a metodologia empregada, de modo a
permitir a compreensão do processo e dos fenômenos estudados para responder
aos objetivos a que se propôs esta pesquisa. Os objetivos da análise bibliográfica
foram: i) constituir o objeto de pesquisa desta dissertação; ii) fundamentar o percur-
so teórico-metodológico da pesquisa; e iii) fundamentar a análise e discussão dos
dados.
No quadro 5, estão sintetizados os textos utilizados para fundamentar
conceitualmente “uso de tecnologia na educação” e “o currículo na Educação
Profissional e Tecnológica”.
64

Quadro: 5. Bibliografia utilizada na construção teórica


Temáticas Autores Título Ano

Novas tecnologias e o re-encantamento


José Moran 1995
do mundo

Uso de
José Moran; Mar-
Novas tecnologias e mediação pedagó-
tecnologia na cos Masetto e 2013
gica
educação Marilda Behrens

Vani Moreira Educação e tecnologias: o novo ritmo da


2011
Kenski informação

Concepção do Ensino Médio Integrado,


Marise Ramos promovendo o currículo integrado atra- 2007
O currículo na vés de interdisciplinaridade
Educação Educação básica e educação profissional
Dante Henrique
e tecnológica: dualidade histórica e pers- 2007
Profissional e Moura
pectivas de integração
Tecnológica
José Gimeno
O currículo: uma reflexão sobre a prática 2000
Sacristán

Fonte: elaborado pela autora com base nos autores acima (2018).

Esses textos expõem a: i) utilização de tecnologia móvel, por meio de seu


encantamento, capacidade de motivação, sendo de baixo custo, fácil uso; possuem
maior mobilidade e flexibilidade, como facilitadores da inter-aprendizagem, além de
facilitarem o trabalho do papel do professor, já que esse suporte tecnológico permite
ao professor a exploração da tecnologia para promover o ensino de maior qualidade;
e ii) para sustentar a problematização e a discussão da integralidade do currículo no
Ensino Médio.
Já os livros consultados sobre a Corrida de Orientação, vistos no ítem 2.2.6.1
deram o embasamento técnico necessário para o planejamento das atividades

3.2. ANÁLISE DA PESQUISA-AÇÃO

Com o objetivo de mapear as turmas, quanto ao conhecimento teórico e


prático da modalidade, na primeira aula, os estudantes responderam a quatro
questões objetivas e uma subjetiva, trabalhadas na forma de brainstorming. As
65

respostas foram anotadas na lousa e analisadas sob a forma de votação múltipla,


que, de acordo com Thiollent apud Nunes e Infante (1996 p.101): “é uma seleção
dos itens mais importantes, numa lista de problemas, causas e soluções”.
A aplicação da atividade e do questionário final aconteceu durante as aulas de
Educação Física; as atividades foram efetuadas e o questionário foi respondido
somente pelos estudantes presentes nas aulas, portanto, devido ao absenteísmo
dos estudantes, não obtivemos a participação completa do total de matriculados em
todas as etapas.
Do total dos 81 estudantes questionados, conforme Quadro 6, presentes nas
três turmas pesquisadas, 20% responderam que já tinham ouvido falar da
modalidade, no entanto, apenas 4% dos respondentes já conheciam e haviam
praticado alguma vez. Questionados sobre a manipulação da bússola, 32%
afirmaram saber manipulá-la, facilitando a assimilação do conteúdo teórico da
primeira aula.

Quadro: 6. Questões objetivas levantadas na aula 1

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Na questão aberta, questionou-se sobre quais eram as habilidades que os


respondentes consideravam importantes para a prática da corrida de orientação. As
respostas foram categorizadas em habilidades físicas, psicológicas, técnicas,
conforme apresentado no Quadro 7.

Quadro 7. Questão discursiva levantada na aula 1.


Agilidade, Controle da respiração, Ter preparo físico, Boa Visão,
Físicas
Coordenação motora, Velocidade, capacidades físicas, Disposição

Paciência, Tranquilidade, Reconhecer seus limites, Percepção,


Psicológicas
Estratégia, Memorização, Determinação
66

Localização, Saber usar a bússola, Saber ler o mapa, Noção de


Técnicas
direção, Orientação

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

A partir das respostas dos estudantes, seguiu-se a aula com a explicação


teórica do que seria a corrida de orientação, exemplos de picotador, cartão controle,
prisma, tipos de terreno, cores do mapa, tipos de mapas, como fazer a leitura do
mapa, principais símbolos, contagem de passos duplos correndo e caminhando,
explicando que a corrida em linha reta nem sempre é o melhor caminho, bem como
manusear na prática a bússola e utilizá-la em conjunto com o mapa.
Ao término da explanação teórica, os alunos se dirigiram ao ginásio
poliesportivo, onde realizaram, na prática, a contagem dos passos duplos, correndo
e andando, além de efetivar uma marcação diagonal da quadra com 50 metros de
distância.

Figura 8. Atividades desenvolvidas na aula 1

Fonte: a autora (2018)

Na aula dois, dos 88 estudantes, 71 compareceram na atividade prática no


Parque Hilário Zardo, conhecido como Parque Vitória (FIGURA 9), em um sábado
letivo, onde puderam colocar em prática o que aprenderam na aula teórica e
vivenciar como a atividade se desenvolve em lugares abertos.
67

A adesão menor para essa atividade efetivou-se pelo fato de ter sido
desenvolvida em um sábado, o que dificulta a frequência dos alunos que residem
fora do município de Cascavel; mesmo os estudantes que residem no município,
porém, em bairros mais afastados ao Parque, relataram dificuldades no
deslocamento, visto que há menor frota de ônibus municipal disponível nos finais de
semana.
O parque possui cerca de 18 hectares, sendo que, em seu interior,
encontramos trilhas pavimentadas, sanitários, estacionamento, academias da
terceira idade, parques infantis, os quais são cercados com cinco acessos de
entrada; porém, aos estudantes, era vedada a saída do parque.

Figura 9. Parque Vitória - Cascavel - PR

Fonte: www.wikipedia.org (2018)

Para a atividade prática da aula dois, os estudantes foram divididos em


duplas, sendo que cada dupla possuía um mapa do Parque – o qual foi
confeccionado utilizando o software OCAD e uma bússola. A largada foi com um
escalonamento de um minuto, utilizando dois mapas distintos, sendo que a dupla 1
68

tinha o mapa “Alpha” e a dupla 2 o mapa “Bravo” e, assim, sucessivamente.


Como a atividade tinha o objetivo de proporcionar uma vivência com o
ambiente e com a corrida de orientação, os prismas e os pontos de controle foram
posicionados próximos às trilhas, com um nível de dificuldade reduzido, propiciando
agilidade à atividade.

Figura 10. Atividades desenvolvidas na aula dois

Fonte: a autora (2018)

Na terceira aula, foram feitas duas perguntas objetivas e três discursivas


(QUADRO 5), com o objetivo de mapear as dificuldades dos estudantes na utilização
dos recursos oferecidos, bem como direcioná-los para uma prática sem os recursos
propiciados ou com recursos modificados; buscar sugestões, tornando o aluno
corresponsável pelo desenvolvimento da próxima atividade, além de ouvir o
feedback dos estudantes para melhoramento da próxima prática, deixando-a mais
atrativa.
Foram utilizados os mesmos métodos, sendo trabalhados na forma de
brainstorming; após anotadas na lousa, foram analisadas sob a forma de votação
múltipla. Para as duas questões objetivas, encontrou-se o resultado detalhado no
Quadro 8:
69

Quadro 8: Questões objetivas levantadas na aula 3

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Nota-se que somente 9% dos estudantes tiveram dificuldade na utilização do


mapa ou da bússola, sendo que 22% acharam necessária a utilização dos dois
recursos, pois a localização dos pontos, próximos às margens da trilha, era fácil,
necessitando apenas de um dos recursos - sendo esse o que melhor oferecia o
apoio visual gráfico do terreno e do percurso.
Muito embora os estudantes não tivessem dificuldades para a utilização da
bússola, seu emprego se tornou obsoleto, devido à baixa complexidade da atividade.
Esse ponto era um dos propósitos da tarefa, visto que consistia em uma atividade de
aprendizagem inicial e exploração de um ambiente novo, sendo uma ação nunca
vista por muitos, conforme respostas da primeira aula.
Dessa forma, seguiu-se para as demais perguntas abertas, com o objetivo de
organizar a próxima atividade prática, em consonância com as expectativas dos
estudantes.
Para a primeira questão discursiva: “O que acharam do percurso?”, as
respostas foram divididas em argumentos positivos e negativos, da seguinte
maneira, conforme destacado (Quadro 9).

Quadro: 9. Questões discursivas levantadas na aula 3


Bom para esconder os pontos de controle, Suave, “Top”, Bonito, Legal,
Pontos Positivos
Relaxante, Acessível.

Pontos Negativos Fácil, Curto, Com muitos insetos, Longo, Cansativo, Perigoso

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Essa divisão foi utilizada de forma a direcionar a próxima prática, sendo que
foram observados os pontos de maior aceitação para os estudantes. Condizendo
com o objetivo da prática, apareceram os termos: acessível, suave, amparando o
sentido básico da tarefa, devido à sua baixa complexidade; os termos top e legal
70

indicam a aceitação da tarefa nova; relaxante e bonito deve-se ao fato de a atividade


ser conduzida em ambiente externo, em contato direto com a natureza e bom para
esconder os pontos de controle, em que os estudantes conseguem descortinar o
potencial da atividade em uma tarefa um pouco mais complexa.
Quanto aos pontos negativos em discordância, encontramos os termos curto
e longo, justificado pela heterogenia dos grupos, contendo pessoas completamente
sedentárias e ativas fisicamente. Sendo assim, entende-se a mesma atividade física
como algo dispendioso, no ponto de vista energético para alguns, mas
extremamente leve para outros, visto que, no mesmo grupo de pessoas, encontrou-
se o termo cansativo.
O termo fácil foi colocado no grupo dos pontos negativos, devido à
necessidade de alcançar os limites, ser testado, provar as capacidades físicas que
os adolescentes demonstraram; diante disso, foram analisados nos
questionamentos seguintes, levando o termo a um sentido de não ter alcançado as
expectativas.
Já os termos: perigoso e com insetos foram encontrados na fala dos grupos,
sendo que um dos participantes foi picado por uma abelha e outro se arranhou em
um espinho. Essas situações são aceitáveis em um esporte em que sua premissa é
de envolvimento com a natureza, preservando-a, não podendo mudar a
configuração do ambiente para sua prática, mas mudar a prática para se adaptar ao
ambiente. Não podemos deixar de citar que esses acontecimentos são normais para
quem faz a utilização dos espaços de parques, de modo geral, como atividade física
habitual, porém, na próxima atividade, serão levados em consideração para que os
riscos com uma nova incidência sejam minimizados.
Percebeu-se que os jovens frequentam pouco os espaços de lazer
disponíveis na cidade, diante da dificuldade de encontrar o local da prática. Além
disso, também demonstra-se tal situação pela fala dos alunos, os quais retrataram o
espaço como perigoso, apenas porque o ambiente possui insetos. Sendo assim,
efetiva-se como uma atividade que possibilita um contato maior com os parques da
cidade; também é papel da escola desenvolver tais práticas, visto que, segundo
Moro (2017, p. 29), se não houver o fomento à educação para o lazer, com base nas
atividades da escola e do Estado, à oportunidade de apropriação dos espaços
públicos, têm-se prejuízos nas experiências significativas de sociabilização,
71

convivência e organização para o desenvolvimento dos sujeitos e de toda a


sociedade.
Quando a pergunta foi sobre como poderíamos desenvolver a atividade
dentro do IFPR, as respostas dos estudantes foram caracterizadas em: elementos
pré-atividade, em atividade, subdividida em elementos físicos e cognitivos e
elementos gerais, de forma a clarificar qual é a parte da atividade que necessita de
maior atenção e quais são as possíveis maneiras de conduzir a atividade, em
consonância com os estudantes; isso tudo levando em consideração o que é
possível de ser realizado. Diante disso, as respostas estão destacadas no Quadro
10.

Quadro: 10. Questões discursivas levantadas na aula 3 - parte 2


Em atividade
Elementos
Turma Pré-atividade
Elemento gerais
Elemento Físico
Cognitivo

1-Colocar os PCs
na estrutura
1-Largada mais construída, 1-Ter o nível de
afastada para não
1º INFO A dificuldade
visualizar os 2-Colocar
maior,
alunos da frente obstáculos,

3-Afastar os PCs

1-Colocar 1-Tem que ter


obstáculos ou charadas ou
armadilhas, enigmas, 1-Não dá para
fazer porque o
1º INFO B 2-Utilização de 2-Ser tipo caça ao
local é muito
tecnologias, tesouro,
aberto,
3-Esconder os 3-Colocar pontos
pontos de controle falsos no mapa

1-Colocar
1-Largada com
obstáculos,
escalonamento
maior, 1- Ter desafios
2- Esconder os 1-Ser mais
relacionados aos
1º AQ Pontos de longo porque é
2- Fazer grupos componentes
Controle, muito plano.
sortidos com curriculares,
indivíduos de 3- Ter diferentes
todas as turmas. percursos

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Quanto aos elementos pré-atividade, os estudantes sugeriram que a largada


72

tivesse um escalonamento maior, já que, quando a dupla da frente era liberada para
iniciar a atividade, as duplas de trás conseguiam se nortear por ela, trazendo os
recursos em desuso. Portanto, ao invés de um escalonamento de um minuto para a
largada, ocorrerá a ampliação para três minutos.
Quanto aos elementos físicos observados durante a atividade, a sugestão é
de que sejam distribuídos em diferentes percursos, diminuindo a chance de
direcionamento pelos colegas de outra equipe, sugestão que foi feita devido à
utilização de apenas dois percursos diferentes na tarefa anterior. Os pontos de
controle também visam afastar uns dos outros, de forma que não sejam vistos no
ponto de controle precedente; ademais, é possível esconder esse ponto e utilizar
obstáculos como forma de dificultar sua visualização e acesso, não colocando o
prisma, objeto utilizado nas corridas convencionais, para detecção em média
distância do PC.
O fato de estarmos em uma área descampada sugestionou a utilização de
todo o espaço do instituto, levando em consideração que é um ambiente plano, sem
árvores ou qualquer obstáculo natural; para isso, utilizaram-se os ambientes
construídos, quadra, blocos dentre outros.
Como última colaboração neste item, os estudantes sugeriram que fossem
adotados recursos tecnológicos durante a atividade, tendo em vista o caráter da
instituição e a falta de alguns recursos físicos, como bússolas manuais, picotadores,
dentre outros necessários para o desenvolvimento da atividade.
Como pontos cognitivos, a sugestão foi: a presença de enigmas, charadas e
pontos falsos, fazendo com que o participante, caso erre a resposta, perca tempo e
volte ao ponto anterior, precisando refazer o trajeto. Sendo assim, há uma
interdependência entre as respostas, podendo essas questões estarem relacionadas
aos componentes curriculares e às atividades vistas neles.
Caso todas ou a maioria das sugestões sejam acatadas, ocorrerá o aumento
da dificuldade da tarefa, sugerido pela turma do primeiro ano A de informática,
tornando a atividade mais longa e desafiadora, como sugeriu a turma do primeiro
ano do CTAQIEM. Isso contraria a crença do primeiro ano B do CTIIEM, que acredita
na impossibilidade da atividade ser realizada no IFPR Campus Cascavel, devido às
condições do terreno.
Todas as respostas são válidas como sugestão nesse método, porém,
73

algumas não são aplicáveis, devido aos recursos disponíveis, à organização geral e
à disponibilidade de outros agentes, portanto, as respostas encontradas no
questionamento “como tornar a atividade mais estimulante e atrativa?”, foram
tabuladas em viáveis e inviáveis.

Quadro: 11. Questões discursivas levantadas na aula 3 - parte 3


Turma Viáveis Inviáveis

1 - Ter comida, 1 - Ter premiação,


1º INFO A
2 - Ter nota em várias matérias. 2 - Participação dos professores.
1 - Notas nos componentes 1 - Ter prêmios,
1º INFO B curriculares, 2 - Ter comida escondida,
3 - Ter comida de premiação.
1 - Ter comida no final, 1 - Ter algum tipo de prêmio,
1º AQ 2 - Ter pontos nos componentes 2 - Ter a participação dos professores
curriculares. nas equipes
Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Quanto aos itens viáveis, torna-se possível, ao término da atividade, uma


confraternização com alimentos, desde que em local adequado, organizado e que a
turma colabore na manutenção do ambiente, posteriormente à atividade.
Em relação às notas nos componentes curriculares, em contato com os
professores, alguns participaram, propondo questões de múltipla escolha para
serem colocadas nos pontos de controle, contribuindo colaborativamente com a
atividade. Considerando isso, viabilizou-se a pontuação nos componentes
curriculares em que houve a participação dos docentes, desde que os estudantes
acertassem as questões durante a atividade; para isso, foi necessária a tabulação
das respostas dos estudantes para repasse aos professores. Dessa maneira, o risco
de o aluno escolher qualquer alternativa, somente com o objetivo de completar a
tarefa no menor tempo, foi diminuído, tendo em vista que as respostas valeram
conceitos nos componentes curriculares em que o aluno necessitava de pontuação.
A proposta de inserção das questões elaboradas pelos professores de outros
componentes curriculares serviu como desafio a ser cumprido nos pontos de
controle, durante as atividades da corrida, para os alunos participantes, as quais
podem ser substituídas e ou adaptadas por outras atividades, como a fotografia de
um item do local, o desenvolvimento de uma atividade prática, relacionada à
Educação Física, a formação de uma pirâmide humana ou a montagem de 10 peças
de um quebra cabeças. Isso consiste em uma tentativa de promover a
74

interdisciplinaridade entre os componentes curriculares, previstos nas matrizes dos


Cursos Técnico em Análises Químicas, integrado ao Ensino Médio (CTAQIEM), e
Técnico em Informática, integrado ao Ensino Médio (CTIIEM).
Como inviáveis, estão as questões relacionadas à premiação de qualquer
tipo, pela limitação de recursos financeiros e pelo objetivo da atividade, como
promoção de uma prática prazerosa, divertida, diversificada, que integre as demais
componentes curriculares. Tendo em vista que foi um dia letivo normal e que os
professores estarão em outras salas, com outras turmas, eles participaram como
disponibilizadores das questões inseridas nos QR codes; sua participação na tarefa
é prática optativa, ou seja, caso tenha disponibilidade, não podendo ser um fator que
auxilie algum grupo específico, oferecendo vantagem a este.
A atividade prática da quarta aula exigiu uma preparação prévia, nos dias que
a antecederam, portanto, as pesquisadoras, no sábado e domingo antecedentes ao
evento, geraram os QR codes com base em um software, Labeljoy 6. Esse software
possibilita a criação e a impressão, na versão teste, de 500 etiquetas com QR codes
ou código de barras diferentes. Conforme os professores enviavam as questões
referentes ao seu componente curricular, elas eram transformadas em QR code e
impressas.
O tempo de preparação, que antecedeu a atividade, foi imprescindível para
seu brilhareto, considerando que, conforme Kenski (2013, p.13):

a incorporação do tempo móvel deve ser precedida pela compreensão das


novas formas de percepção temporal dos alunos e pela conscientização e
organização do tempo de ensino na escola. Neste sentido, é importante
rever a distribuição da carga horária dos cursos e o estabelecimento de
novos cálculos dos tempos de trabalho docente (grifo nosso).

Nessa direção, é basilar e indiscutível a revisão dos cálculos de trabalho


docente, haja vista que a Resolução nº 02 de 30 de março de 2009 do IFPR, que
estabelece as diretrizes para a gestão das atividades de Ensino, Pesquisa e
Extensão na instituição, delimita quatro horas para manutenção de ensino,
independentemente da quantidade de aulas ou componentes curriculares constantes
na carga horária semanal do professor. (IFPR, 2019b). Destaca-se, de acordo com o
mesmo documento, como manutenção de ensino “as ações didáticas do docente,
relacionadas ao estudo, planejamento, preparação, desenvolvimento e avaliação
75

das aulas ministradas nos cursos e programas regulares do IFPR”(IFPR 2019b).


Kenski (2013) aponta que a relação temporal do trabalho docente, juntamente
com a redefinição dos espaços de atuação profissional, foi alterada pela tecnologia,
basta haver a conexão. Assim, a atuação é realizada de qualquer lugar e a interação
com o trabalho é constante, avançando pelos tempos “livres”, invadindo finais de
semana e férias, tempo de atuação, de responsabilidades pedagógicas não
contabilizadas e não remuneradas. Ainda segundo a autora:

as horas dedicadas ao estudo, à pesquisa, ao planejamento pedagógico, ao


preparo das aulas, à produção de materiais didáticos e às correções das
atividades dos alunos – normalmente realizadas fora do ambiente escolar –
não são, em geral, computadas na jornada semanal de dedicação docente.
(KENSKI, 2013, p.57).

Não obstante, o que é observado na prática onde leciono, é a disposição,


cada vez maior, dos professores, do seu tempo “livre”, na busca de aprimoramento
profissional, com preparação de conteúdos diferenciados, que demandam um tempo
maior de planejamento, como exemplo da atividade proposta neste trabalho. Além
disso, há sempre uma preocupação constante com elementos extraclasse,
relacionadas com as atividades docentes e administrativas, que comumente são
inexequíveis e que merecem, portanto, uma reavaliação da relação tempo de
preparação/manutenção de ensino x tempo de execução prática/ tempo em sala,
levando em consideração a insuficiência do primeiro e a resultante disso sobre o
segundo.
Machado (2016) aponta que os processos formativos de curtíssima duração,
emergenciais e fragmentados, proporcionam um distanciamento gigantesco entre a
idealização profissional e a realidade do trabalho vivenciado pelos professores da
EPT, também oportunizado pela gama de tarefas absorvidas cotidianamente por
esses profissionais. Analisando a falta de tempo para planejamentos e formações
consistentes nos processos laborais do professor, questiona-se: como promover
uma atividade interdisciplinar, se não há tempo disponível para o encontro e
deliberações entre as áreas, voltados para a busca de atividades com a finalidade
de manter um currículo integrado?
Gentilmente, os professores convidados a participar, docentes do primeiro
76

ano do CTAQIEM e CTIIEM, dispensaram um pouco do seu tempo e enviaram por e-


mail três questões objetivas, de nível fácil e médio sobre o conteúdo já ministrado. A
solicitação ocorreu logo após a atividade do Parque, para que tivessem tempo de
formular as questões, já que seriam utilizadas na atividade prática da aula 4. Dos 16
professores, 8 enviaram questões, sendo química, física, inglês, português, artes,
geografia, filosofia, biologia; porém, foram utilizadas entre uma e duas questões de
cada componente curricular.

Figura 11. Exemplo de QR code criado com a utilização do software Labeljoy (início)

Fonte: elaborado pela autora (2018).

Após a criação de todos os códigos, no dia anterior à atividade, foram


demarcados onde ficariam os pontos de controle, sua direção e distância, de forma
que os estudantes só conseguissem saber qual seria o próximo destino quando
passassem pelo PC. Essa forma de organização foi pensada para que os
estudantes não vissem onde seria instalado cada ponto.

Figura 12. Exemplo de QR code criado com a utilização do software Labeljoy (final)
Número do PC

Direção para o
próximo PC

Distância até o
QR code próximo PC

Pergunta realizada

Fonte: elaborado pela autora (2018).

Os PCs continham um QR code que, após sua leitura, apontava de 4 a 5


77

alternativas possíveis de resposta para a pergunta; a indicação da pista (A), ou (B),


o número do PC, direção e distância para o próximo PC, uma questão de algum
componente curricular. Uma outra uma possibilidade a ser adotada pode ser a de
que, cada alternativa informe uma coordenada e distância diferentes, sendo que
somente a resposta correta leve ao PC correto
Os PCs, foram instalados momentos antes da prática com a primeira turma,
ainda antes de amanhecer, para que nenhum aluno visse sua localização, de forma
que, às 7h30min da manhã, todos os pontos estavam postos, os obstáculos
construídos e as fichas de controle impressas.
Essa atividade prática, proposta na quarta aula, foi a atividade final; os
estudantes construíram-na coletivamente, em consonância com a pesquisa-ação,
levando em consideração as atividades anteriores e a participação nas aulas
teóricas. Esses são fatores delimitantes para o prosseguimento das atividades,
oferecendo sugestões e apontamentos para transformar a atividade prática da
segunda aula em algo mais atraente e divertido.
Inicialmente, a atividade foi planejada para ser efetivada na forma de
revezamento, com equipes de quatro participantes, quantas equipes forem
necessárias. Porém, alguns acontecimentos impossibilitaram a prática dentro desse
molde, de forma que a ação foi alterada para atividade em grupos, contendo quatro
pessoas, que corriam simultaneamente, nos 1os anos A e B do CTIIEM e com cinco
estudantes no 1º ano do CTAQIEM.
O primeiro contratempo foi o de que nem todos os estudantes conseguiram
baixar a bússola no seu celular, devido à falta de um sensor chamado
magnetômetro, capaz de medir a intensidade, direção e sentido dos campos
magnéticos em sua proximidade. A falta desse sensor impossibilita o funcionamento
do smartphone na função de bússola, dessa forma, as turmas foram divididas em
equipes, de acordo com o número de bússolas disponíveis. A partir disso, a
indicação é que se faça as verificações em todos os recursos tecnológicos utilizados
previamente.
Outro aplicativo necessário para a prática foi o leitor de QR code; todos
conseguiram baixar algum tipo de leitor, sendo que os leitores QR code Reader e o
QR code & código de barras foram testados previamente pelos celulares de
professores colaboradores, os quais foram indicados, caso o aparelho móvel do
78

aluno não tivesse um instalado de fábrica.


Cada equipe recebeu um cartão controle, conforme Quadro 2 19 , sendo
necessário o preenchimento da coluna referente ao componente curricular
encontrado em cada ponto e à alternativa que a equipe acreditava ser correta;
haviam dois mapas diferentes, de maneira que todas as equipes deveriam fazer os
dois percursos. Os tempos necessários para finalizar os dois percursos seriam
somados e acrescentados em 15 segundos para cada resposta errada, nas
alternativas colocadas nos Pontos de Controle.
A largada de cada equipe seguiu um escalonamento de dois minutos ao invés
de três minutos, propostos inicialmente, devido ao tempo destinado à explicação
inicial da atividade e à dificuldade de os estudantes baixarem os aplicativos
necessários, sendo que a largada se iniciou pela equipe que faria o percurso A,
seguida pela equipe que faria o percurso B. Portanto, o escalonamento entre
equipes que fariam o mesmo percurso era de quatro minutos, sendo largada e
chegada de ambos os percursos na guarita de entrada do Instituto. O segurança
patrimonial era encarregado de colocar nos cartões controle a hora de início e
término da atividade, para futuro cálculo de tempo e classificação das equipes.
Enquanto os estudantes percorriam essa etapa, os demais aguardavam o tempo
previsto na sala de aula.
Nos pontos de controle, os estudantes encontravam um papel fixado em
alguma estrutura física (poste, muro, tela, cano, porta, etc.), contendo o tipo de pista
(A ou B), uma pergunta, um código tipo QR code, que apresentava as possíveis
alternativas para a resposta, e as coordenadas para o próximo ponto, sendo em
direção e distância. Ambas as pistas possuíam 9 pontos de controle e, somente na
pista A, existiam obstáculos no ponto de controle fixado dentro da pista, de forma
que todos os integrantes da equipe tinham que passar pelos obstáculos para chegar
ao próximo ponto (Figura 13).

19 Na página 58.
79

Figura 13. Exemplo de ponto de controle fixado na pista B e exemplo de obstáculo da pista A

Fonte: a autora (2018).

Dessa forma, para a atividade prática, foi necessário o uso de ao menos um


smartphone por grupo, com a função bússola, e um smartphone, com a função de
leitor de QR code.

Figura 14. Mapa das pistas A e B (uso somente para colocar os pontos de controle no lugar, sem
acesso dos estudantes)

Fonte: Mapeador Valdir Tasca (2018)

Outro ponto a ser considerado na atividade foi que, em algumas perguntas,


tidas como mais complexas, embora o escalonamento tenha sido de 4 minutos,
acarretou-se o encarneiramento, fazendo com que uma equipe se direcionasse por
80

outra, ao invés de seguir as orientações da bússola.


Mesmo em competições oficiais, é possível acontecer o encarneiramento.
Dessa maneira, para minimizar essa situação, pode-se aumentar o escalonamento,
e/ou, ampliar o número de pistas, pois cada pista marcada se torna duas pistas de
corrida, soltando uma equipe para rodar na pista A, no sentido crescente dos Pcs, e
outra, simultaneamente, no sentido decrescente; assim sendo, 4 equipes rodariam
em 2 percursos ao mesmo tempo.

Figura 15. Exemplo de 2 grupos no mesmo ponto

Fonte: a autora (2018)

Finalizada a atividade, as respostas foram tabuladas e, para cada resposta


incorreta, foram acrescentados 15” (quinze segundos) ao tempo total da equipe.
Após o término da atividade com cada turma, era feita uma vistoria para
constatar se os PCs continuavam em seus lugares e se não estavam sujos,
rasgados e inutilizáveis de alguma forma; caso não estivessem em perfeito
funcionamento, eram substituído por outro do mesmo componente curricular e
mesmo código.
Para a confecção dos mapas da segunda atividade prática (Figura 14), foi
utilizado o programa OCAD, somente para implantação dos PC, não sendo
disponível aos estudantes. Não foi fixado nenhum ponto fora do perímetro do
campus, de forma que os estudantes não saíssem do Campus Cascavel; todos os
81

pontos de controle foram fixados em alguma estrutura existente previamente no


local, com fita adesiva e/ou amarrados com barbante, utilizando, para isso, o furador
de papel e barbante.
Como o QR code, para ser lido, deve estar em uma superfície plana, a
exemplo da primeira imagem da figura 16, alguns pontos geraram dificuldades, pois
a superfície era cilíndrica, tornando o código arredondado; nessas situações, os
estudantes eram instruídos a descolar o código e fixá-lo novamente após a leitura.
Pontualmente, na primeira turma em que a atividade foi aplicada, a velocidade do
vento conseguiu arrancar alguns pontos de lugar, fazendo com que os estudantes
não conseguissem concluir as duas pistas.

Figura 16. Desenvolvimento da atividade da aula 4

Fonte: a autora (2018)

Na quinta e última aula, foi disponibilizado um questionário via google forms,


com o objetivo de avaliar a atividade proposta, corrigir e aprimorar a prática e
verificar o reconhecimento interdisciplinar da prática pelos estudantes, para que, a
partir dessa experiência, fosse confeccionada uma sequência didática com as
orientações gerais da prática proposta para uso em outras instituições.

3.2.1. Análise dos questionários


82

Para análise dos questionários, foi utilizada a análise de conteúdo - com base
em Bardin (2011); por meio dela, foi classificado o conteúdo das falas, alocando as
declarações, as sentenças ou as palavras a um sistema de categorias, assim,
permitindo a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção dessas mensagens.
A condução da análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2011), abrangeu
várias etapas, a fim de conferir significação aos dados coletados e obedeceu às
seguintes fases: coleta de dados, preparação dos dados, codificação, categorização
e a análise de conteúdo.
Sendo assim, consideramos que o método adotado, seja quanto à forma de
abordagem, quanto aos métodos, ou quanto à análise dos dados levantados,
adequado às expectativas do tema proposto.
As questões objetivas foram tabuladas de acordo com a escala Likert, com
cinco alternativas, sendo que [1] eram utilizadas para discordância total do
enunciado da pergunta e [5] para a concordância total. Ao todo, foram
disponibilizadas três questões objetivas.
Já as quatro questões discursivas, foram categorizadas de acordo com
Bardin (2011), seguindo as etapas de análise de conteúdo sugeridas pelo autor, a
saber, coleta de dados, preparação dos dados, codificação, categorização e análise
do conteúdo.
Dos 88 estudantes matriculados nos primeiros anos do ensino técnico
integrado ao ensino médio, 82 realizaram a atividade, totalizando 93% do total de
estudantes matriculados na instituição; desses 88, 71 responderam ao questionário,
sendo 87% do total de praticantes.
Dos seis alunos que não fizeram a atividade da aula quatro, somente um
estava presente e não se sentia bem para a prática, tendo recomendações médicas
para não praticar atividades físicas; os demais não estavam presentes.
Encontrou-se grande aceitação do conteúdo, quanto à prática na Educação
Física escolar, quando a pergunta foi “De acordo com sua experiência nas práticas
sugeridas, em uma escala de 1 à 5, como você avalia a prática da corrida de
orientação no ambiente escolar?” - foram encontradas as seguintes respostas, de
acordo com o Gráfico 1.
83

Gráfico 1: Avaliação da prática da corrida de orientação

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Dessa forma, 73% concordaram totalmente com a prática no ambiente


escolar e 91% responderam que concordaram parcialmente ou totalmente com a
atividade, mostrando que a prática da corrida de orientação, mesmo quando
efetuada em ambiente escolar, tem a capacidade de motivar e agradar aos jovens,
gerando afetividade com a prática.
Quando perguntados sobre o que mais gostaram na prática vivenciada, as
respostas encontradas foram categorizadas em aspectos físicos, emocionais,
cognitivos e interativos, sendo que os estudantes poderiam apontar mais de uma
característica.
Nesse contexto, quanto aos aspectos físicos, foram encontradas 30 vezes o
uso dos termos “obstáculos e/ou correr”, seguidos ou não de expressões como
“explorar o local”, “de um ponto a outro”, esforço físico. Com base no componente
curricular de Educação Física, podem ser trabalhadas questões quanto à utilização
de sistemas energéticos aeróbios e anaeróbios, tipos de corrida, principais
movimentos envolvidos para captura dos pontos, dor muscular pós-exercício, dentre
outras questões inerentes à prática física.
Outra questão observada é que os estudantes não eram obrigados a correr,
nem foram induzidos a competir; mesmo os estudantes que praticam menos
atividades físicas não perceberam o tempo passar durante a prática e correram a
maior parte do tempo, mostrando que a prática pode ser estimulante para a melhoria
do condicionamento físico.
Quanto aos aspectos emocionais, foram encontrados os termos
84

dificuldade/emoção de encontrar ou procurar os pontos, por 25 vezes,


evidenciando o aspecto desafiador da prática, em que, quanto maior a dificuldade de
encontrar os pontos, maior era o sentimento de realização em vencer o desafio
proposto, maior a autoestima e a autonomia para a tomada de decisões.
Por 13 vezes, apareceram os termos responder as perguntas dos
componentes curriculares; entrando no aspecto cognitivo, essas expressões
evidenciam a importância de promover práticas de integração entre as áreas, de
forma a vislumbrar a indissociabilidade entre aspectos físicos e cognitivos,
necessários para efetuar uma educação unitária, conquistada com base na corrida
de orientação.
Relacionada com os aspectos cognitivos, também foram encontradas 7
respostas com referência aos termos uso de estratégia/uso da bússola; para se
alcançar o objetivo, mostra-se que os estudantes não estavam preocupados apenas
com a prática física, e sim, com uma prática diferenciada das já vistas, que
proporcionasse a interação entre conhecimentos teóricos e práticos.
Quanto aos aspectos interativos, foram encontradas 6 respostas com os
termos competição/cooperação; dessa forma, fica clara a flexibilidade com que a
tarefa foi proposta, pois, enquanto uns gostaram da competição, outros ficaram
satisfeitos pela interação e trabalho em equipe, sendo uma forma de vencer cada
ponto da atividade.
Quando a pergunta foi sobre o que mudaria na prática vivenciada, as
respostas foram categorizadas em nenhuma alteração, alterações dentro do instituto
e alterações para fora do instituto, sendo que, em 22 questionários, encontrou-se o
termo Nada. Isso evidencia a busca por práticas diferenciadas na escola, a
aceitação do novo e a necessidade de mudanças de padrões antigos e prática
docente.
Quanto à organização da atividade, foram encontradas 21 respostas,
solicitando a ampliação da dificuldade da atividade, a saber: aumentar a quantidade
de percursos/ou obstáculos/ou dificuldade de localização dos pontos, mas
mantendo-a dentro do perímetro do instituto.
Ainda dentro do perímetro da instituição, 9 respostas solicitaram para ampliar
o espaço de liberação dos grupos, a fim de evitar que uma equipe se direcionasse
por outra.
85

Três questionários apontavam para a facilitação da prática, sendo para a


diminuição da distância entre os pontos, e mais três apontavam para a
substituição das questões dos componentes curriculares por enigmas.
Contudo, somente três questionários solicitaram a substituição do local para
ambientes maiores, mais fechados ou desconhecidos, como parques e florestas.
As questões apontadas como pontos a serem alterados são extremamente
importantes para a construção de uma atividade democrática e colaborativa, fazendo
com que o jovem se sinta corresponsável pela produção da atividade, valorizando
sua participação, respeitando as regras impostas pelo próprio grupo e atuando como
protagonista no processo de ensino e aprendizagem.
Dessa maneira, as sugestões abordadas pelos estudantes foram acatadas
como elementos essenciais para a construção da sequência didática, de maneira a
proporcionar o sucesso da atividade, apontando que, como prática colaborativa, ela
sofreu alterações devido à flexibilidade da tarefa e às inúmeras possibilidades de
prática, sendo a sequência didática escrita de maneira norteadora e não impositiva.
Quanto à quarta questão apresentada, sobre as dificuldades encontradas
pelos estudantes na prática, a categorização foi feita em nenhuma: dificuldades
físicas, dificuldades cognitivas, dificuldades instrumentais.
Em 10 questionários, foi apresentado o termo nenhuma dificuldade,
mostrando que, para esses estudantes, a atividade estava dentro das suas
capacidades físicas, cognitivas, organizativas e instrumentais.
Para 20 estudantes, a dificuldade maior foi referente aos aspectos físicos,
sendo apontada a corrida (8) e o cansaço (7), a distância entre os pontos (3) e os
obstáculos na quadra (2) como os maiores limitadores.
Vale ressaltar que, na pista A, nenhuma distância entre os pontos ultrapassou
70 metros, tendo o total de 503 metros. Já na pista B, a maior distância era de 100
metros e a totalidade da pista era de 635 metros, porém, os erros, ao encontrar os
pontos, podem aumentar consideravelmente, impedindo a contagem da distância
com maior exatidão.
Quanto aos aspectos instrumentais, 28 estudantes responderam apresentar
dificuldades, sendo: para encontrar os pontos (19), calcular os metros (1), usar a
bússola (7) e ler os QR codes (1). Embora o número de estudantes com
dificuldades nesse quesito aparentemente seja alto, é preciso lembrar que a
86

dificuldade para encontrar os pontos fazia parte da atividade, pois estavam


propositalmente escondidos, sendo pelos mesmos estudantes respondida como algo
que proporcionou maior agrado.
Quanto às dificuldades cognitivas, encontraram-se nove questionários
apontando dificuldades em responder as questões, como maior dificultador. Sobre
esses aspectos, reiteramos que as questões enviadas pelos docentes das áreas
foram de dificuldade fácil e média, sobre conteúdos já vistos, de forma a comportar-
se como revisão de conteúdo.
Sobre a organização, seis estudantes apontaram que os pontos estavam
fora do lugar proposto (2), o tempo de largada do grupo muito próximo (2) e a
divergência entre os graus da bússola e distâncias solicitados no cartão controle e
as reais (2) dificultaram a execução da atividade.
Uma atenção deve ser dada ao quesito organizacional, atentando-se às
condições climáticas, pois o vento e a chuva podem retirar os pontos do lugar e
molhar o QR code, fazendo com que não sejam lidos pelos celulares. O tempo de
largada dependerá muito da quantidade de grupos e de percursos disponíveis, tendo
ciência do tempo de aula e da necessidade de todos os estudantes fazerem os
percursos aproximadamente iguais em distância e dificuldade.
Quanto à interdisciplinaridade apresentada na atividade, a pergunta feita aos
estudantes foi se conseguiram relacionar o conteúdo de outros componentes, por
meio da corrida de orientação, de forma que os estudantes apresentaram as
seguintes respostas, de acordo com a escala Likert, representadas com base no
gráfico 2, a seguir.
87

Gráfico 2: Verificação da interdisciplinaridade

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Conforme apontado pelos estudantes, 41% dizem concordar totalmente com


o aprendizado de outros componentes curriculares por meio da corrida de
orientação, 30% concordam parcialmente e 20% nem concordam, nem discordam,
de forma que apenas 10% discordam totalmente ou parcialmente da afirmação.
Analisando o gráfico, percebe-se que, para 70% dos estudantes, a
interdisciplinaridade é vista de maneira clara pela prática, favorecendo a efetivação
de atividades integradas entre os componentes curriculares.
Com relação ao próximo questionamento efetuado, quando foi perguntado em
qual componente curricular foi visto a interdisciplinaridade da tarefa (Gráfico 3), 62%
apontaram ter notado a interdisciplinaridade em um ou mais componentes
curriculares; somados a estes, estão 21% dos estudantes acreditando que as
atividades, embora não tenham servido para aprendizagem, efetivaram uma revisão
dos conteúdos já vistos. Isso totaliza 82% dos estudantes, que notaram o
aprendizado ou revisão dos conteúdos pela prática proposta, e apenas 18% dos
estudantes apontaram não notar nenhuma aprendizagem de outros componentes
curriculares por meio da prática da corrida de orientação.
Esses dados também mostram a relação entre alguns componentes
curriculares; para alguns alunos, concretizou-se somente pelas questões, apontando
que o trabalho teórico deve ser melhor explorado, além de enfatizar a associação
entre os componentes curriculares, antes das atividades práticas, já que o objetivo
das questões era somente de desafio, obstáculo, estímulo aos PCs.
Outros alunos tiveram maior facilidade de trazer algumas questões para
88

debate, após a prática, como “o que fazer com os quero-queros?”; isso possibilitou a
interação entre os componentes curriculares, de forma a proporcionar uma visão
ampliada da atividade, para além do esporte.

Gráfico 3: Quantidade de componentes curriculares percebidos

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).

Como último questionamento, foi perguntado se os estudantes acreditavam


que a corrida de orientação, tal qual foi apresentada no IFPR Campus Cascavel,
poderia ser realizada em outras instituições. Nesse contexto, obtivemos os seguintes
resultados, de acordo com a representação do gráfico 4.

Gráfico 4: Possibilidade de difusão da atividade proposta

Fonte: elaborado pela autora com base nas respostas dos questionários (2018).
89

Dos estudantes que responderam à pesquisa final, 87% concordam


totalmente com a aplicação da atividade e 7% concordam parcialmente, de forma
que totalizam 94% dos que responderam “acreditam que a prática pode ser
replicada em outras instituições”, de maneira total ou parcial; 3% não concordam
nem discordam da aplicação da atividade e 3% discordam parcialmente ou
totalmente da aplicação da atividade em outras instituições.
Os dados apontam que, apesar de a atividade ainda necessitar de alguns
ajustes instrucionais e organizativos, proporcionou ganhos físicos, intelectuais,
sociais e psicológicos aos estudantes, fazendo com que absorvessem, na forma de
revisão dos conteúdos, as questões que envolviam os demais componentes
curriculares. Além disso, apresentou-se como uma atividade criativa, motivadora e
eficiente nas aulas de Educação Física, tanto no conteúdo esportivo para uma
prática inovadora quanto na aplicação de um conteúdo integrativo entre diversos
componentes curriculares, fazendo com que o princípio da integração entre
conteúdos de base comum fosse atingido.
Confrontando as respostas dos estudantes com os objetivos traçados para
análise do questionário, proposto no Quadro 9, entendemos que as limitações da
atividade, encontradas no Tópico 1, foram de ordem organizacional, verificadas
quanto ao tempo disponível para a realização da atividade, resultando em:
 Escalonamento menor, o que provocou encarneiramentos;
 Grupos com maior quantidade de estudantes do que o previsto inicialmente;
 Problemas na instalação dos aplicativos;
 Instalação de poucos obstáculos.
Como a conclusão da atividade teria que ser no curso da aula de 1h40
minutos, os estudantes tiveram que fazer os dois percursos sequencialmente,
podendo essa prática ser repensada em aulas separadas, aumentando-se o
escalonamento, diminuindo a quantidade de integrantes nos grupos, baixando os
aplicativos previamente à data da atividade. Sendo assim, sobraria tempo para
percursos maiores e com mais obstáculos.
Visto isto, acredita-se que todas as questões organizacionais podem ser
alteradas para uma nova prática, minimizando as intercorrências, porém, nenhuma
delas é fator limitador para a prática na escola.
Quanto às potencialidades, foram observadas na fala dos estudantes, nas
90

respostas da mesma questão, visto que diversos responderam que gostaram muito,
não devendo mudar nada para a próxima prática. Nas perguntas anteriores, nas
falas em que apareciam os principais fatores pelos quais gostaram da prática, com a
avaliação positiva de 72% da prática na escola e na conclusão dos estudantes, 87%
acreditam que a atividade proposta pode ser encaminhada às outras instituições.
Verificou-se a aceitação dos estudantes para a corrida de orientação, mesmo
sendo trabalhada em ambiente restrito e considerada de grande potencial para, a
partir desta, serem desenvolvidas outras práticas relacionadas com o esporte,
partindo da colaboração dos estudantes.
Quanto ao Tópico 2, Interação com a tecnologia, observamos que alguns
dispositivos não vêm com os recursos suficientes para o desenvolvimento da
atividade, sendo assim, é indispensável a sua verificação prévia para definir qual a
melhor forma de divisão dos grupos.
Por outro lado, o fato de alguns smartphones não possuírem o magnetômetro
fez com que a programação inicial fosse ajustada, o que proporcionou maior
interação entre os componentes do grupo, destacando a distribuição de tarefas, a
organização da equipe, além de potencializar a comunicação entre seus membros
durante todo o andamento da corrida.
Pode-se perceber a utilização dos seguintes aplicativos durante a atividade:
 Bússola - A falta do magnetômetro fez com que alguns smartphones não
fossem utilizados, porém, os que conseguiram instalar tiveram sua utilização
essencial para o desenvolvimento da atividade, devido à grande quantidade
de cerca, linhas de transmissão de energia e antenas ao redor do Instituto,
objetos que causam interferência na bússola manual.
 Leitor de QR code - Para que o aplicativo funcione corretamente, os códigos
devem ser instalados em locais planos, evitando o arredondamento da
imagem, dessa maneira, os estudantes foram instruídos a descolar os
códigos que apresentaram maior dificuldade de leitura e colá-los novamente,
após sua validação. Todos conseguiram baixar o aplicativo, tendo 100% dos
códigos lidos.
 Câmera fotográfica – Para essa tarefa, seu uso não foi obrigatório, porém,
aos estudantes, foi permitido fotografar o andamento da atividade, caso
quisessem; isso sem, no entanto, fotografarem os códigos validados. Uma
91

forma de utilização poderia ser a formação de uma pirâmide humana e a


validação da tarefa por meio da imagem do grupo.
 Bloco de Notas - Seu uso não foi obrigatório, sendo permitido para efetuar os
cálculos das questões, somente.
 Calculadora – Item opcional; os estudantes poderiam utilizar para fazer os
cálculos de física, geografia, distância equivalente aos passos duplos, etc.
Portanto, os aplicativos funcionaram, de acordo com a proposta inicial.
Para o item 3, Estrutura pedagógica, ao analisar o Projeto Pedagógico do
curso de Informática, percebeu-se observância com o objetivo geral, proposto pelo
documento, já que o Curso Técnico em Informática, integrado ao Ensino Médio, tem
por objetivo:

oportunizar aos estudantes uma formação sólida, crítica e reflexiva, com


vistas a possibilitar-lhes as condições necessárias para que apropriem-se
de forma qualitativa dos conhecimentos socializados nas disciplinas,
levando-se em consideração o princípio da integralidade das dimensões
técnica e humana, e tendo como intuito formar cidadãos emancipados,
competentes para atuar como profissionais técnicos de nível médio,
seguindo uma postura ética e política, com elevado grau de
responsabilidade social, e desta forma, criando um novo perfil para saber,
saber fazer e gerenciar atividades de especificação, projeto e
implementação de tecnologias de computação, visando a aplicação na
produção de bens, agregação de valor, serviços e conhecimentos (IFPR -
PPC INFO 2013, p.10).

Ademais, o objetivo geral, proposto pelo Projeto Pedagógico do Curso


Técnico em Análises Químicas, integrado ao Ensino Médio, tem por objetivo:

favorecer uma formação sólida, crítica e reflexiva, que oportunize aos


estudantes não só compreender-se enquanto sujeitos ativos socialmente,
mas também enquanto cidadãos que contribuam à medida em que
apropriam-se dos conhecimentos socializados no curso para com o
progresso tecnológico e social da humanidade. Bem como, promover a
formação de profissionais técnicos em análises químicas em consonância
com o desenvolvimento das atividades inerentes à profissão, capazes de
desempenhar as suas atribuições com ética, responsabilidade e
competência, de possuir interesse pela pesquisa e de atentar-se para as
produções técnicas e científicas recentes na área. (IFPR - PPC AQ 2013, p.
9).

Observou-se a possibilidade de trabalhar a corrida de orientação, em


consonância com os objetivos dos cursos, quando, em sua prática, a atividade
92

apresentada possibilita a crítica e a reflexão, tornando os estudantes ativos, tanto


socialmente quanto na prática pedagógica, aptos a trabalhar na integralidade
humana, considerando-se os benefícios da prática destacados nos capítulos
anteriores desta dissertação.
Diante desse contexto, a ementa do componente Educação Física aponta a
interlocução entre os objetivos gerais dos cursos acima; o esporte aparece como
componente do primeiro ano de ambos os cursos. Dentro do rol de possíveis
esportes destacados, encontra-se o atletismo, sendo que pode ser subdividido da
seguinte forma:
1. Atletismo
1.1 Corridas
1.1.1 Corridas de pista e corridas externas
1.1.1.1Corridas rasas e com obstáculos, corridas de rua, cross country e
corrida de orientação.
De acordo com essa subdivisão, a corrida de orientação se encaixa no
esporte „atletismo‟ e pode ser trabalhada já com os primeiros anos, contudo, a
modalidade é extremamente flexível, podendo se encaixar em Esportes da
Natureza, de Aventura ou ser inserida na ementa como um esporte único,
desconexo dos demais.
Relacionando a aprendizagem com a atividade, conforme item 4 do tópico de
discussão, temos a observância da interdisciplinaridade de forma nítida, destacada
pelos estudantes na questão 5, sendo que 69% relataram a percepção total ou
parcial do auxílio da corrida de orientação no aprendizado de outros componentes
curriculares, bem como a citação de alguns deles na questão seguinte.
É importante destacar que esta pesquisa adota o conceito de
“interdisciplinaridade” da pesquisadora Japiassu (1976), no qual:

nos reconhecemos diante de um empreendimento interdisciplinar todas as


vezes que ele conseguir incorporar os resultados de várias especialidades,
que tomar de empréstimo a outras disciplinas certos instrumentos e técnicas
metodológicos, fazendo uso dos esquemas conceituais e das análises que
se nos encontram diversos ramos do saber, a fim de fazê-los integrarem e
convergirem, depois de terem sido comparados e julgados. Donde
podermos dizer que o papel específico da atividade interdisciplinar consiste,
primordialmente, em lançar uma ponte para ligar as fronteiras que haviam
sido estabelecidas anteriormente entre as disciplinas com o objetivo preciso
de assegurar, a cada uma, seu caráter propriamente positivo, segundo
93

modos particulares e com resultados específicos. (JAPIASSU, 1976, p. 75).

A percepção da interdisciplinaridade na atividade proposta não foi identificada


por alguns entrevistados e este apontamento não causou estranheza, pois nem todo
aprendizado é nítido para os todos os alunos, já que aprendemos a enxergar os
conteúdos dos componentes curriculares de forma fragmentada e compartimentada
desde pequenos.
No entanto, PASINI (2004) aponta alguns ensinamentos da corrida de
orientação quanto à prática interdisciplinar, que podem ser destacados para os
alunos, trabalhando-os precedentemente à prática, desvelando a utilização dos
conteúdos presentes na corrida de orientação, sendo alguns deles:
 História - Instrumentos de orientação (sol, estrelas, bússola, GPS), sua
utilização com o passar do tempo.
 Geografia - Elementos da cartografia, confecção do mapa, conhecimento
de escala, topografia, pontos cardeais e orientação do mapa utilizando a bússola,
diferença entre norte geográfico e norte magnético, latitude e longitude, altimetria.
 Biologia - Meio ambiente, vegetação, preservação do solo e da natureza,
consciência ecológica, poluição, gasto energético em repouso e durante atividade,
respiração aeróbia e anaeróbia.
 Matemática - ângulos, deslocamento em quadrantes, análise gráfica do
mapa, medições das escalas e contagem dos passos duplos, regras de 3.
 Física - Funcionamento da bússola, funcionamento dos sensores
magnéticos, magnetismo, energia cinética exigida na movimentação, força de
reação ao solo, estudo do movimento e das velocidades.
 Educação Física - Prática de exercício físico competitivo, recreativo,
esportes, respiração anaeróbia e aeróbia, análise dos principais movimentos da
corrida de orientação, dor muscular pós-exercício, ciclo respiratório, alteração de
pisada versus terreno, além das questões sociais, psicológicas, afetivas e formativas
que envolvem a prática de atividades físicas, como responsabilidade com o
ambiente e com o próximo, com os instrumentos e com a instituição, respeito,
autonomia, empatia, trabalho em equipe, cooperação, socialização, dentre outras
que vão além do conhecimento biológico, técnico e tático que envolvem a prática da
Educação Física escolar.
94

Tendo em vista que esses são apenas exemplos, pode-se destacar que
muitos não percebem o grau de interdisciplinaridade promovido pela prática, porém,
não significa que tal fator não esteja presente, podendo, ainda, ser direcionada para
cada componente em maior ou menor grau, de acordo com os objetivos e a
possibilidade de integração curricular, podendo ainda se transformar em um projeto
interdisciplinar com a colaboração de outros docentes da instituição.
95

4. CAPÍTULO: SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O PRODUTO EDUCACIONAL E SUA VIN-


CULAÇÃO COM A ÁREA DE ENSINO

O processo de pesquisa visa responder uma inquietação, uma frustração


profissional, uma necessidade de mudança, na qual o pesquisador, amparado por
uma árdua pesquisa teórica, tenta responder ou solucionar o problema que o aflige,
pelo menos teoricamente. Contudo, os mestrados profissionais visam às soluções
práticas, próximas ao pesquisador, a fim de solucionar, na ação concreta, a
inquietude teórica, aplicando a pesquisa teórica.
O Produto Educacional, amparado pela dissertação: i) é o produto final do
trabalho de pesquisa dos mestrados profissionais, sendo que as produções na área
de Ensino possuem enorme potencial de alcance, pois apresentam condições reais
de usabilidade; e ii) são divididos em 12 categorias, sendo elas e seus exemplos:

mídias educacionais (vídeos, simulações, animações, vídeo-aulas,


experimentos virtuais, áudios, objetos de aprendizagem, aplicativos de
modelagem, aplicativos de aquisição e análise de dados, ambientes de
aprendizagem, páginas de internet e blogs, jogos educacionais, etc.);
Protótipos educacionais e materiais para atividades experimentais;
Propostas de ensino (sugestões de experimentos e outras atividades
práticas, sequências didáticas, propostas de intervenção, roteiros de
oficinas, etc.); Material textual (manuais, guias, textos de apoio, artigos em
revistas técnicas ou de divulgação, livros didáticos e paradidáticos, histórias
em quadrinhos e similares); Materiais interativos (jogos, kits e similares);
Atividades de extensão (exposições científicas, cursos, oficinas, ciclos de
palestras, exposições, atividades de divulgação científica e outras).
(CAPES, 2016, p. 27 (grifo nosso).

Dentro desse contexto, o objetivo geral deste trabalho é construir uma


sequência didática na forma de material textual, que auxilie a promoção da prática
da corrida de orientação no ambiente escolar, contendo a apresentação da corrida
de orientação, definições, possibilidades de prática interdisciplinar e de integração
curricular. Ademais, evidencia um exemplo prático de atividade desenvolvida com
poucos recursos, a partir de um estudo de caso vivenciado no IFPR - Campus
Cascavel.
Para que o objetivo seja atingido, o processo de criação dessa sequência
96

didática buscou por um template acessível, contendo linguagem textual e gráfica


atrativa e diversificada; de forma a estimular a criatividade do leitor para novas
práticas, servindo de norteador, um guia, e não possuindo regras impositivas; de
forma a facilitar a implantação da corrida de orientação no ambiente escolar, mesmo
que de forma adaptada; estimulando a participação de discentes e docentes para a
construção coletiva dos conteúdos, e busca de um currículo integrado e
interdisciplinar.
A escolha desse produto foi ocasionada pela maior minúcia nos detalhes,
potencial de inclusão de gêneros textuais variados e multimodalidades,
proporcionados pelo meio impresso e digital. Isso corrobora para que haja uma
prática reproduzida, modificada ou melhorada em outras instituições, onde a
sequência apresentada poderá adequar-se à aplicação em outros contextos, bem
como por causa do alto potencial de alcance que esse meio proporciona, com baixo
custo.

4.2. SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: PLANEJA-


MENTO E CONSTRUÇÃO

O planejamento e construção da sequência didática foi baseado em uma


atividade prática, vivenciada no Campus Cascavel, amparada pelos recursos
existentes no Campus e os recursos tecnológicos acessíveis aos estudantes.
Dessa forma, a atividade foi desenvolvida em cinco aulas não consecutivas,
durante o horário das aulas de educação física, com as turmas do primeiro ano de
análises químicas, primeiro ano de informática, turma A e turma B, nas quais
ocorrerão atividades teóricas e práticas. Essas atividades sugeridas foram baseadas
na pesquisa-ação, portanto, não foram estanques, sendo imprescindível ouvir a
opinião dos estudantes quanto ao conteúdo proposto.
Na aula 1, os estudantes responderam aos questionamentos iniciais, com o
intuito de mapear quem já conhecia a atividade, já tinha praticado, bem como
explicar como funciona a corrida de orientação, vestuário, ambiente, regras,
manipulação da bússola, contagem de passos duplos, tipos de ambiente, vegetação,
como ler o mapa, principais símbolos, dentre outras.
Na aula 2, os estudantes experimentaram uma vivência fora do ambiente
97

escolar, com uma corrida de orientação no Parque Vitória, utilizando um mapa


elaborado, por meio do sistema OCAD, e uma bússola cedida pelo mapeador do
clube de orientação local. A atividade foi em dupla, em percurso fácil, para
verificação da aprendizagem, sendo que o objetivo da prática foi aprender a
manipular a bússola, utilizar a contagem de passos duplos, direcionar o mapa pela
bússola, conhecer a prática em ambiente aberto, confrontar as explicações teóricas
da aula anterior com as práticas.
Na aula 3, os estudantes deram sua opinião sobre a vivência da aula
anterior e como aprimorar a prática, de forma que sejam utilizadas as instalações da
escola, bem como os recursos pré-existentes, descobrindo novas possibilidades de
práticas. De acordo com os interesses dos participantes, houve o planejamento da
próxima atividade prática, levando em consideração a atividade enquanto
construção coletiva. Sendo assim, foi perguntado aos estudantes sua opinião sobre
a atividade anterior e como modificá-la para que se tornasse mais atraente,
dinâmica, divertida e desafiadora. O objetivo dessa prática foi mapear a dificuldade
dos estudantes na utilização dos recursos disponíveis, direcionar para uma prática
sem a utilização dos recursos, tornar o aluno corresponsável pelo desenvolvimento
das atividades, visualizar uma prática amparada pelos recursos tecnológicos
acessíveis aos estudantes.
Na aula 4, os estudantes, em grupos, experimentaram a atividade prática
proposta e adaptada por eles na aula anterior, sendo que as principais alterações
sugeridas foram: colocar obstáculos nos PC‟s, pontos falsos, desafios relacionados
aos componentes curriculares, como charadas e questões, usar a tecnologia e todo
o espaço do campus, envolver os professores, avaliar a possibilidade de nota ou
aplicação de conceitos nas demais componentes curriculares, como forma de
premiação, bem como finalizar com um lanche para comemoração.
De acordo com as sugestões dos estudantes, os professores foram
consultados para enviar questões referentes aos componentes curriculares e
conteúdos trabalhados com eles, a fim de que fossem colocadas nos pontos de
controle, sendo essas de dificuldade fácil e moderada, com enunciados curtos e de
múltipla escolha. Assim, quando os estudantes passassem pelos pontos,
obrigatoriamente, teriam que responder às perguntas feitas pelos professores. As
questões foram desenvolvidas na forma de QR code, sendo necessário que cada
98

grupo de estudantes tivesse pelo menos, em um dos celulares, o leitor de QR code e


uma bússola digital para encontrar os pontos.
Na aula 5, houve uma avaliação da atividade, levando em consideração a
possibilidade de transportar a prática para outras instituições. Nessa etapa, os
estudantes avaliaram a atividade prática final, apontaram possíveis alterações,
sugeriram novas práticas, fizeram apontamentos quanto à interdisciplinaridade da
tarefa e colaboraram com dicas para a escrita da sequência didática.
A partir da prática da atividade nessas cinco aulas, a sequência didática
básica foi construída, sendo que após as modificações necessárias observadas na
prática, foi finalizada com o propósito de facilitar a divulgação da modalidade em
outras escolas.
Para concretizar essa proposta, foi necessário utilização de recursos
materiais, tais como: Impressões em preto e branco, folha A4, computador e
impressora, bússola manual, mapas de orientação, de acordo com o software
OCAD, prismas, picotadores, cartão controle.
Foram utilizados recursos pessoais, a saber: a colaboração dos docentes
para a confecção das questões, o apoio do mapeador do Cobra Clube de orientação
de Cascavel.

4.3. A SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: AVALIA-


ÇÃO E RESULTADOS

A construção da sequência didática, proposta como produto educacional,


levou em consideração os valores democráticos da construção coletiva da atividade,
amparada pela discussão com os discentes envolvidos durante todo o processo de
construção da atividade final. Desse modo, o produto tem como base o
desenvolvimento de uma ação coletiva dos discentes e docentes da instituição, em
avaliações processuais a cada etapa, cada qual com seu instrumento e objetivos
para prosseguimento às etapas seguintes, sendo que, para os estudantes, houve a
avaliação da atividade final, por meio do questionário aplicado na aula 5. Portanto,
quando o questionamento foi sobre se a construção da sequência didática teria a
adesão e colaboração dos estudantes, o resultado, de acordo com a avaliação na
aula cinco, foi exitoso.
99

A partir da verificação do resultado da atividade prática, a sequência didática


foi construída e disponibilizada a 19 docentes de Educação Física da Rede Federal,
para validação do material produzido. Foi utilizado o princípio deontologista, além do
Skimming test., observando a potencialidade do recurso educacional, as
perspectivas de objetivos alcançados, efetividade do recurso, satisfação do usuário
(Anexo 3).
Já o Skimming test abordaria a primeira impressão sobre o produto, o qual
abrange sugestões de melhoria e pontos de vista dos avaliadores.
Para a avaliação do resultado, foi utilizada a escala Likert, para a análise
quantitativa e para a questão discursiva. A análise foi feita de acordo Bardin (2011),
por meio da análise de conteúdo.
Diante respostas dos entrevistados, apresentamos as categorias com maior
incidência: i) aplicabilidade no contexto escolar; ii) promoção da pesquisa para o
ensino; iii) construção colaborativa e interdisciplinar; iv) Adequação para a faixa
etária, para o tempo, para o contexto local, para os conhecimentos prévios; v)
Acessibilidade/usabilidade; vi) Focado (sem desperdício de carga cognitiva); vii)
Multimodal/multimídia; viii) Relação proximidade texto/imagem/recursos gráficos; e
ix) Interatividade/personalização.
A avaliação do produto educacional ocorreu entre os meses de fevereiro e
março de 2019, durante 15 dias, sendo que 19 docentes da Rede Federal, incluindo
os Institutos Federais do Amazonas (1), Rondônia (7), Mato Grosso do Sul (3),
Paraná (4) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (4) participaram, a
escolha por estes docentes levou em consideração fatores como: afinidade pessoal,
carga horária em sala menor que 15 horas aulas por semana, disponibilidade para a
validação do produto e a prática docente na modalidade de atletismo e da corrida de
orientação. Os docentes receberam o material via Google Drive e o formulário de
avaliação por meio do Google Forms. A escolha por essa forma de envio foi devido à
agilidade na recepção do documento e a não compatibilidade do envio por e-mail,
por causa do tamanho do arquivo.
Dentro do prazo estipulado, 13 professores enviaram suas devolutivas,
divididos da seguinte forma: Instituto Federal do Amazonas (1), Instituto Federal de
Rondônia (3), Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (3), Instituto Federal do
Paraná (4) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2).
100

O objetivo do questionário foi quantificar a potencialidade do produto


educacional enquanto instrumento de orientação a uma prática pedagógica
inovadora e de utilização no cotidiano escolar de forma interdisciplinar. Para tanto,
questionou-se também sobre a linguagem e a apresentação como forma de
efetividade do recurso, na economia de carga cognitiva do leitor e na adaptabilidade
no seu contexto pedagógico.
Dessa forma, a construção do produto educacional convergiu para um
material que possuísse aplicabilidade no contexto da educação física escolar e essa
foi a primeira categoria encontrada nas respostas dos respondentes. Para doze
professores, a corrida de orientação está inserida no cotidiano dos professores de
Educação Física e faz parte dos conhecimentos que são trabalhados no seu
contexto escolar.
O cotidiano, na perspectiva de Patto (1993, p.126), é voltado para a
realização de atividades cotidianas, permeadas pelo imediatismo tanto do
pensamento quanto das ações, sendo que “essa unidade imediata, faz com que o
"útil" seja tomado como sinônimo de "verdadeiro", o que torna a atividade cotidiana
essencialmente pragmática”.
A corrida de orientação é um esporte e, por esse motivo, possibilita que esteja
entre os conhecimentos possíveis de serem aplicados nas aulas de Educação Física
escolar. No entanto, em uma resposta, percebeu-se que nem todos os avaliadores
conheciam a prática da corrida de orientação; os que conheciam e já trabalhavam o
conteúdo nas aulas de Educação Física reconheceram o material como um
facilitador para novas possibilidades didáticas, sendo que o ponto de vista utilitarista
se mostrou eficiente, possuindo grande usabilidade.
Foi questionado “se a proposta promovia a pesquisa para o ensino” e onze
professores afirmaram que sim, constituindo a segunda categoria de análise, a
promoção da pesquisa para o ensino.
O produto educacional avaliado foi composto de uma sequência didática com
o intuito de ampliar as possibilidades didáticas quanto à corrida de orientação na
educação escolar, baseada em uma situação pedagógica, cenário e condições
ímpares, porém, aproximadas às situações vivenciadas no cotidiano docente. As
novas experimentações convergem para a compreensão e para a conscientização
dessas novas possibilidades, ampliando tanto o acervo material docente como
101

também o olhar diante de novos contextos, gerando conhecimento por meio da


experimentação e da reflexão crítica.
Nessa perspectiva, a prática docente deve partir da consciência de que o
ensino é “uma família deliberada e intencional de atos lógicos e estratégicos que
têm como meta introduzir habilidades de aprendizado, conhecimentos e valores”
(HYMAN, 1974, p. 35 citado por BOLFER, 2008, p.66), em que a complexidade do
ato de ensinar imbui-se de ações metodológicas e intelectuais, dinâmicas, as quais,
embora planejadas, são imprevisíveis, gerando conhecimento em constante
transformação, mudando sentidos e significados pela reflexão (BOLFER, 2008).
O entendimento é de que a própria finalidade da sequência didática deve
organizar intencionalmente os atos que compõem uma situação de ensino e
aprendizagem, de forma a estabelecer uma ação sistemática, a qual proporcione a
busca pelo conhecimento. Embora seja planejada, não é fixa, exigindo
adaptabilidade, transformação constante e reflexão sobre o material criado, o que
também permite compreender que o material enviado para a avaliação, o qual era
portador de uma sequência didática, possibilitava a pesquisa, o ensino, a
transformação, o raciocínio e ação dos docentes.
De forma geral, esse questionamento deve avaliar o perfil profissional dos
docentes entrevistados, uma vez que o perfil desse profissional pressupõe, segundo
Machado (2016), um sujeito reflexivo, crítico, autônomo, pesquisador, aberto ao
trabalho coletivo e colaborativo, comprometido com a sua atualização permanente e
que conhece os limites e as possibilidades da prática pedagógica que realiza e
precisa realizar.
Com o questionamento sobre a efetividade do produto educacional na
promoção do processo de construção coletiva e interdisciplinar, constituiu-se a
terceira categoria de análise. Para esse item, nove professores responderam
afirmativamente, dois não responderam e outros dois entenderam que a pergunta
não se aplicava a esse produto.
O processo de aprendizagem e ensino, durante a construção da sequência
didática, foi orientado pelas premissas da interdisciplinaridade, perquirindo práticas
de interação, de autonomia e de colaboração entre alunos e professora, em que a
pesquisa se constituiu como a base de todas as atividades.
Para Machado (2016), os princípios educativos de colaboração precisam
102

estar integrados para que a ação educativa no processo ensino-aprendizagem dos


estudantes se efetive com concretude.
A colaboração é defendida por pesquisadores como uma metodologia com
potencial para promover uma aprendizagem mais ativa, por meio do estímulo i) ao
pensamento crítico; ii) ao desenvolvimento de capacidades de interação; iii) à
negociação de informações e à resolução de problemas; e iv) ao desenvolvimento
da capacidade de autorregulação do processo de aprendizagem e ensino (TORRES;
IRALA, 2014). Essa forma de aprender e ensinar, para Machado (2016), torna os
estudantes mais responsáveis por sua aprendizagem, levando-os a construir
conhecimentos de forma mais significativa.
No Instituto Federal do Paraná, busca-se a educação tecnológica, visando
propiciar uma formação omnilateral; esse tipo de formação requer que seja utilizada
uma concepção de ensino progressista, pois “visam a transformação social, rumo a
uma sociedade igualitária e justa” (BRACHT et al. 2007, p.77). Diante disso, o aluno
deve ser convidado a uma participação ativa no processo de aprendizagem, sendo o
“caminho mais efetivo para isso a utilização da perspectiva estratégia da pesquisa-
ação” (BRACHT et al. 2007, p.79).
Visto isto, no início do material, houve a exposição sobre o fato de que tal
recurso foi baseado em uma experiência, desenvolvida durante as aulas de
Educação Física, vista em minúcia nesta dissertação, porém, de forma não tão clara
no material enviado. Contudo, a sequência sugerida, baseada na pesquisa-ação
possibilita a construção coletiva de muitas partes essenciais para a prática da
atividade proposta.
Ao longo do material produzido, buscou-se a integração entre quatro
componentes curriculares, com vistas a um trabalho mais interdisciplinar, sendo: na
página 15 e 30, a proposta para o componente de Geografia; na página 15 e 22, a
proposta para o componente de Física; Matemática, na página 46, e, durante a aula
2, Biologia, na página 24; Programação, na página 46, além da intenção de
construção dos equipamentos pelos alunos, na aula 3.
Diante disso, a busca pela interdisciplinaridade demonstra o possível amparo
colaborativo, proporcionado pelos docentes dos componentes curriculares do núcleo
comum, Assim sendo, o material apresenta-se como uma possibilidade de criação
coletiva e colaborativa.
103

No que se refere à compatibilidade do produto educacional à faixa etária, ao


contexto local e aos conhecimentos prévios dos alunos, quarta categoria analisada,
treze professores responderam que o material analisado, organizado em cinco
encontros, apresenta adequação ao público do ensino médio.
A formação esportiva escolar, segundo Kunz (2016, p. 91), deve se preocupar
com a formação omnilateral, ou seja, a formação do ser humano sob todos os
aspectos de constituição individual e grupal, tendo em vista os valores morais,
sociais, afetivos, cognitivos utilizados ao longo da vida. Nessa perspectiva, a
proposta de prática esportiva, apresentada por Kunz (2016), vai ao encontro da
política institucional dos Institutos Federais, voltados para a formação tecnológica,
presente no ensino médio integrado e nos demais cursos oferecidos na instituição,
sendo, portanto, condizente com a proposta apresentada no material enviado.
Quando questionados sobre a acessibilidade/usabilidade da proposta, quinta
categoria analisada, treze professores concordaram que o produto educacional é
fácil de utilizar no contexto escolar, possuindo usabilidade didática.
Para Falcão; Soares (2013), citando Nielsen (1993), destaca-se ser um
produto que apresenta uma interação fácil, agradável, com eficácia e eficiência, no
qual é permitido ao usuário controlar o ambiente sem que este se torne um
obstáculo a ser transpassado, ou seja, possui usabilidade.
Com base nessa afirmação, defende-se que a intencionalidade na construção
do produto educacional foi atingida, configurando-se pela necessidade de que se
apresentasse como um material útil e aplicável, que proporcionasse uma visão inicial
sobre o assunto, para que o professor galgasse o aprimoramento dos seus
conhecimentos a partir deste e não somente nele.
O material enviado para apreciação dos professores foi pensado, levando em
consideração a quantidade de tempo disponível para manutenção de ensino dos
professores do IFPR, proporcionando uma leitura rápida, prática e que
possibilitasse, por meio do próprio material, acesso a recursos externos, ampliando
o acesso a diversas fontes de conhecimento externas.
Não podemos deixar de destacar que a parceria orientanda e orientadora
proporcionou a organização textual, que possibilitou uma linguagem eficiente e
menor desperdício de carga cognitiva na leitura.
A sexta categoria apresentada foi o desperdício de carga cognitiva do
104

material, na qual onze professores concordaram totalmente que o recurso


educacional enviado é focado, não permitindo desperdício de carga cognitiva; um
discorda parcialmente e outro não concorda, nem discorda. Segundo Gomes (2019),
a teoria da carga cognitiva:

fundamenta-se na impossibilidade que o ser humano manifesta em


processar muitas informações em simultâneo. O excesso de informação
gera um esforço demasiado para todo o processo cognitivo o que origina
uma sobrecarga cognitiva que dificulta a compreensão do conteúdo que se
deseja apreendido.

Diante disso, para que não haja desperdício de carga cognitiva, segundo a
mesma autora, o material deve ser objetivo, eliminando informações
desnecessárias. Além disso, deve evitar concorrência de atenção, utilizando a
simultaneidade entre texto e imagem, dentre outros princípios, vistos a seguir, que
farão com que o processo de aprendizagem se torne significativo.
A multimodalidade/multimidialidade, um dos princípios de grande importância
para evitar o desperdício de carga cognitiva em materiais didáticos, constitui-se na
sétima categoria de análise do produto educacional. Nesse questionamento, onze
professores concordaram que o material se configura como um material multimodal/
multimídia.
Para se obter um produto educacional com baixo desperdício de carga
cognitiva, é necessário que ele possua o princípio da multimodalidade e princípio da
representação múltipla, em que a representação múltipla é a união de imagens,
dinâmicas ou estáticas, bem como de textos, escritos ou falados, para a
apresentação de uma ideia. Isso se torna mais efetivo quanto a minimizar o
desperdício de carga cognitiva e, consequentemente, à ampliação à aprendizagem
do que ao utilizar somente texto. Portanto, multimídia é: “a comunicação com a
utilização de múltiplos meios, como sons, imagens, textos, vídeos e animações”
(ARAUJO; SOUZA; LINS, 2015, p.4).
Cockell (2009, p. 84) afirma que todo texto é multimodal, por possuir aspectos
semióticos próprios, sendo identificáveis pelo leitor; mesmo o texto sendo verbal,
possui outros modos de comunicação contributivas para o seu significado. Sendo
assim, o mesmo texto apresenta múltiplas formas de representação; quando são
105

acompanhados por áudio, proporcionam melhor apropriação da aprendizagem


GOMES (2019).
Isto posto, observa-se que o material avaliado apresenta imagens, vídeos,
texto escrito, Qr codes, tornando-se um recurso multimídia e multimodal de
aprendizagem.
A oitava categoria analisada foi a relação de proximidade entre texto, imagem,
recursos gráficos próprios de uma abordagem multimídia, na qual treze professores
afirmaram existir a proximidade entre texto, imagem e recursos gráficos, combinados
a formas representativas diferentes. Assim sendo, a leitura tornou-se menos
cansativa e mais agradável para a maioria dos professores entrevistados, com a
presença de diversos recursos midiáticos diferentes, possuindo relação de
proximidade entre eles.
Na última categoria, questionados sobre “a interatividade/personalização do
material”, doze professores concordaram que o material pode possibilitar a sua
transformação, baseando-o em experiências pessoais, adaptando-o às diversas
realidades existentes nas escolas. Dessa forma, os professores foram convidados à
reflexão sobre a plasticidade do material e de suas práticas pedagógicas.
A ideia inicial desse material foi que servisse como instrumento de apoio à
prática da corrida de orientação, na educação física escolar, a fim de que partisse
desse material a orientação para o professor; também, objetiva-se que os docentes
fizessem adaptação ao material às diversas realidades existentes nos seus espaços
escolares e alunos, de forma a construir uma proposta colaborativa de aulas com os
seus estudantes.
Dos respondentes, somente um professor não conseguiu visualizar uma
forma de personalizar a proposta à sua realidade pedagógica.
Segundo Kunz (2016, p.26), é importante ofertar ao aluno possibilidades de
esportes não padronizados, tanto em termos de locais e materiais, principalmente,
para os que possuem pouca ou nenhuma experiência nas modalidades clássicas.
Isso porque a experiência corporal mais importante é a descoberta da relação
consigo próprio e com o meio, de forma que, com base no esporte, possa haver uma
vivência diferente de experiências diretas de vida.
Portanto, não devemos nos limitar a ensinar esportes baseados no material e
no espaço geográfico que temos, mas no que podemos construir a partir do que
106

temos, do trabalho colaborativo com os alunos, de forma a promover a autonomia e


a reflexão crítica. É importante ressaltar que essa prática não deve se restringir ao
esporte, mas que o aluno deve ser convidado, de acordo com Moro (2017, p. 29), a
se desenvolver e aprender através das novas perspectivas que adquiriu:

com vistas para a vida além de seus muros, vida essa que ultrapassa os
conteúdos programados, sistematizados e permanentemente orientados,
voltados muitas vezes, principalmente para o mundo do trabalho. Trata-se
de permitir aos alunos que participem da escola não enquanto
expectadores, e sim protagonistas, apropriando-se de seus espaços e
envolvendo-se em suas problemáticas, para que se sintam parte importante
e pertencente ao contexto, e assim tenham condições de reproduzir tais
comportamentos fora do ambiente escolar, nos espaços públicos da cidade.

Isto posto, o esporte deve ser visto para além do esporte, com o foco na sua
compreensão, experimentação e transformação, de maneira problematizadora,
gerando liberdade de agir e descobrir, além de possibilitar o protagonismo das
ações que ultrapassam a dimensão motora do gesto esportivo (KUNZ, 2016), tal
qual a formação tecnológica preconiza.
Quanto à questão aberta no skimming test, os professores foram
questionados sobre “a sua primeira impressão do produto”. Com base na análise de
conteúdo (BARDIN, 2011), as respostas foram divididas por meio de suas
incidências, de acordo com a semelhança em cinco categorias, que revelaram as
impressões do material impresso com a sequência didática para a corrida de
orientação, conforme destacado abaixo:
a) O produto possui qualidade gráfica, com apresentação agradável,
múltiplas formas de linguagem e recursos multimidiáticos, bem como o tema
apresenta-se bem contextualizado, de fácil compreensão e de forma interativa.
b) O produto possui qualidade didática, respeita a diversidade leitora, por
meio das explicações e informações adicionais; colabora com os professores que
não têm contato com o conteúdo; apresenta sugestões para ampliar o repertório das
aulas; possibilita adaptações e criações; apresenta linguagem clara, sucinta e de
fácil compreensão.
c) O produto permite a integração entre as áreas e entre a teoria e prática;
proporciona experiências multi/interdisciplinares; vai ao encontro dos princípios da
educação profissional e tecnológica.
107

d) O produto possibilita a ação docente diversificada; apresenta um


conteúdo diferenciado, que foge do tradicional e promove uma aprendizagem com
base em uma atividade divertida, atrativa e inovadora.
e) O produto apresenta boas possibilidades de aplicação; possui um tema
relevante, interessante; apresenta-se de forma completa, apontando-se como uma
excelente ferramenta a ser utilizada nas aulas de Educação Física.
Com base nas respostas apresentadas pelos professores avaliadores, a
construção da sequência didática apresentada possibilitou a divulgação da
modalidade como uma alternativa de desenvolvimento no ambiente escolar. Foi
reconhecida como uma atividade promotora da interdisciplinaridade, além da
formação integral do aluno, por meio da união teoria/prática, além de facilitar a
capacitação docente. Dessa forma, o material apresentado teria aceitação e possível
execução por parte dos docentes, sendo que as modificações propostas por estes já
foram incorporadas à versão final do material.
108

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação omnilateral, almejada pela educação profissional e tecnológica, se


torna possível por meio da integração de todas as dimensões da vida no processo
educativo, de forma a buscar não só a formação pedagógica curricular, mas também
a formação humana. Ao encontro dessa questão, temos como premente a
integração entre as áreas do conhecimento, a interdisciplinaridade e a indissociação
entre teoria e prática, para que se amplie a visão, quebrando as barreiras colocadas
entre os núcleos curriculares, princípios estruturadores da Educação Profissional e
Tecnológica.
A corrida de orientação se mostra como possibilidade para alcançar esses
objetivos, pois permite a integração entre áreas, concilia teoria e prática no processo
de aprendizagem e proporciona a reflexão crítica durante o processo de ensino.
Entretanto, sua prática é pouco conhecida, especificamente entre os docentes da
área de educação física. Alguns receiam-se em aplicá-la em sua prática pedagógica,
devido à falta de conhecimento teórico-prático sobre o esporte, sendo que se
observa a necessidade de revisão dos saberes docentes e a abertura para inovação
de novos temas, experiências e discussões (BRASIL, 2007, p.56), indispensáveis
para se alcançar a interdisciplinaridade e a integralidade curricular.
Isto posto, o problema delineado para esta pesquisa partiu das seguintes
indagações: a construção de uma sequência didática que possibilite tanto a
divulgação da modalidade quanto seu desenvolvimento no ambiente escolar,
visando à construção interdisciplinar do conhecimento, à formação integral do aluno
e à capacitação docente, utilizando pouco investimento e recursos materiais; assim,
teria: a) a adesão e colaboração dos estudantes? b) a aceitação e possível
execução por parte dos docentes?
Para responder a esses questionamentos, esta pesquisa buscou analisar a
corrida de orientação como uma prática viável na educação profissional e
tecnológica, voltada para o despertar no discente o interesse pela prática desportiva,
por meio de uma sequência didática que viabilize a prática da corrida de orientação
no ambiente escolar da Educação Profissional e Tecnológica.
Para tanto, os passos necessários para alcançá-lo se iniciam com uma
discussão sobre o currículo da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), pois é
109

nesse contexto que a educação será tratada em sua relação com o trabalho. Da
mesma forma, resgata a importância de repensar o esporte no currículo da
educação física escolar, numa perspectiva de contemplar os conteúdos advindos da
cultura corporal, bem como suas modificações desenvolvidas ao longo do tempo.
Além de apresentar a corrida de orientação como uma proposta de atividade
interdisciplinar, com vistas à formação integral do aluno da Educação Profissional e
Tecnológica.
Após concluir a pesquisa teórica, foi desenvolvida, de forma colaborativa com
os alunos, uma sequência didática que promovesse a corrida de orientação em suas
diversas utilidades na educação física escolar e para incentivar a colaboração dos
alunos no processo de construção da proposta teórico-prática com a utilização de
recursos tecnológicos, foram desenvolvidas ações durante cinco aulas não
consecutivas, contendo atividades teóricas e práticas. Essas atividades sugeridas
foram fundamentadas na pesquisa-ação, portanto, não foram estanques. Por meio
da colaboração dos alunos, as atividades seguintes foram se desenvolvendo, até
chegar à avaliação final. Durante o itinerário formativo, eles experienciaram a
construção coletiva do conhecimento, de forma colaborativa e autônoma, orientada
didaticamente pela professora de educação física, a mediadora do processo de
aprendizagem. O estudante foi incentivado a analisar o processo, a discutir
exigências normativas, a identificar princípios metodológicos da corrida de
orientação, a partir dos desdobramentos da proposta teórico-prática desenvolvida,
enquanto ela ia sendo construída.
Por fim, a grande maioria dos alunos participantes indicou que a corrida de
orientação apresenta a capacidade de motivar e agradar os jovens, gerando
afetividade com a sua prática na educação física escolar e que as atividades
práticas e teóricas foram ao encontro das ações pedagógicas inovadoras. Contudo,
como proponentes da atividade, sugeriram melhorias como a instalação de mais
obstáculos, colocar QR codes com enigmas, pontos de controle falsos, pegadinha e
aumentar o intervalo de saída das equipes.
Para os alunos, vários aspectos na realização das atividades foram positivos,
a saber: transcorrer o percurso com obstáculos, explorar o local, a emoção de
encontrar os pontos, saber responder as perguntas e usar a bússola, fazer uma
atividade cooperativa e competitiva.
110

Sabemos da dificuldade em construir uma atividade que atenda às


necessidades a todos os alunos, no entanto, uma estratégia didática baseada na
parceria e no trabalho colaborativo se mostrou mais promissora do que a velha
utilização da autoridade docente.
A motivação dos participantes mudou, e nem sempre o combustível que
permeia a vida acadêmica de muitos alunos – a nota - é o suficiente para
desenvolver uma atividade prática com a participação efetiva de todos. Assim sendo,
proporcionar uma atividade na qual os envolvidos se sintam motivados a participar,
que promova ganhos pessoais para além do conteudismo tradicional terá
certamente mais probabilidade de aceitação.
A corrida de orientação se mostrou promissora, visto o contentamento dos
alunos pela forma com que responderam aos questionamentos realizados ao final
das ações propostas: “quando faremos aquela atividade novamente?”, sendo que
não valia nota e eles não eram obrigados a participar. Isso já demonstra a
atratividade da prática sugerida e, por consequência, a colaboração e adesão da
maioria dos alunos.
Finalizadas as fases de implementação e implantação com os alunos, a
sequência didática foi avaliada por docentes da área de educação física de
diferentes instituições da Rede Federal, que ratificaram a relevância do tema e a
forma de abordagem, bem como a qualidade gráfica do material e a didática da
apresentação do conteúdo como fatores que possibilitariam a possível implantação
em suas atividades docentes cotidianas.
Diante disso, verifica-se a viabilidade do produto educacional como fonte de
pesquisa dos professor, para a implantação da corrida de orientação na escola,
mostrando que o objetivo de pesquisa proposto foi alcançado.
Contudo, como todo estudo com prazo para sua conclusão, evidentemente,
houve limitações. Pela juventude da prática da corrida de orientação no ambiente
escolar, existem muitas lacunas a serem pesquisadas e o tempo não foi suficiente
para abarcar todas elas.
Entretanto, esse produto educacional configura-se como uma minúscula
parte de todo o material produzido até este momento sobre o assunto, iniciado com
base em um conhecimento também em construção, efetivado pela pesquisadora.
Funciona como uma sugestão de práticas adaptáveis e dinâmicas, que devem ser
111

reconstruídas de acordo com as especificidades de cada professor e seu ambiente


de trabalho.
O imprescindível neste momento é enxergar o poder formador da corrida de
orientação, não para os alunos, somente, mas para o professor, que repensa sua
metodologia, que busca recursos para melhorar sua prática pedagógica
continuamente, que, ciente de sua incompletude profissional, se propõe a aceitar
novos desafios e, consequentemente, se refaz como professor e como ser humano.
O que começou apenas como uma proposta de produto educacional,
somente mais um, sem sentimento, transformou minha visão profissional, me
transformou como pessoa, me tornou mais crítica, mais receptiva e isso é formação
omnilateral.
112

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Eletrotécnica e de Computadores. Faculdade de Engenharia da Universidade de
Porto. 2014. p.23.
PONTES JUNIOR, José Airton de Freitas (Org). Conhecimentos do professor de
educação física escolar [livro eletrônico] – Fortaleza, CE: EdUECE, 2017. 834p.
QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. Manuel de recherche en sciences sociales.
Paris: Dunod, 1995.
RAMOS, Marise. Concepção de ensino médio integrado, 2007. <Disponível em:
https://tecnicadmiwj.files.wordpress.com/2008/09/texto-concepcao-do-ensino-medio-
integrado-marise-ramos1.pdf> . Acessado em:03/Abri./2018
117

RODRIGUES, Emanuel Alte; FERREIRA, Hélder Silva. Caderno Didáctico 4:


Iniciação à orientação na escola em mapas simples. Documentos de apoio ao
ensino básico e secundário e escolas de orientação dos clubes da modalidade.
Portugal. 2005. 65p.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000
SAVIANI, Dermeval. Trabalho e Educação: fundamentos ontológicos e históricos.
Rev Brasileira de Educação. v12, n.34 Jan./abr.2007
SCHERMA, Elka Paccelli. Corrida de Orientação: uma proposta metodológica para
o ensino da Geografia e da Cartografia. 01/10/2010 201 p. Doutorado em
GEOGRAFIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE
MESQUITA FILHO/RIO CLARO, Rio Claro Biblioteca Depositária: IGCE/UNESP/RIO
CLARO
SCHMID, Christian, A teoria da produção do espaço de Henri Lefebvre: em direção a
uma dialética tridimensional. Revista GEOUSP – espaço e tempo, São Paulo, N°32,
pp. 89- 109, 2012
SILVA, Daniel Araújo, Atividades esportivas no ensino de geografia: Experiência
a partir da corrida de orientação na escola. Rev. Geosaberes, Fortaleza, v. 4, n. 8, p.
87-99, jul. / dez. 2013
SOUSA, Dandara Queiroga Oliveira. [et al.]. Esporte Orientação: Relato de
experiência Pedagógica no Ensino Médio, Revista Brasileira de Ciência do Esporte
p. 88-100, set. 2015
SPINELLI, Walter. Os Objetos Virtuais de Aprendizagem: Ação, Criação e
Conhecimento. S/d. Disponível em:
<http://rived.mec.gov.br/comousar/textoscomplementares/textoImodulo5.pdf>.
Acesso em 03/Abr/2018
TORRES, Patrícia Lupion; IRALA, Esrom. Aprendizagem Colaborativa: teoria e
prática. In: TORRES, Patrícia Lupion (Org.). Complexidade: redes e conexões na
produção do conhecimento. Curitiba: SENAR - PR, 2014, p. 61-94
TUBINO, Manoel José Gomes. As dimensões sociais do esporte - São Paulo:
Cortez: Autores Associados, 1992 (Coleção: Polêmicas do nosso tempo; v.44), p.77
____, Estudos brasileiros sobre o esporte: ênfase no esporte-educação –
Maringá: EDUEM, 2010, p.163.
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa. Pesquisa e ensino: considerações e reflexões.
Revista e-scrita: Nilópolis, 2010. Disponível em
http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RE/article/viewFile/26/pdf_23 Acesso
em 19/09/2015.
118

ANEXO1 - QUESTÕES RESPONDIDAS NOS PONTOS DE CONTROLE

ARTES
1 - Ponto de Controle 7 - Pista A
Sobre os elementos compositivos das artes visuais, sabemos que as cores e os contrastes são
recursos importantes para a produção da imagem, seja para chamar a atenção do espectador ou
para demonstrar os sentimentos e estados de espírito suscitados pela imagem. Sendo assim,
assinale abaixo quais são os três pares de cores complementares?
A) AMARELO-VERMELHO; AZUL-VERDE; ALARANJADO-VIOLETA;
B) VERMELHO-VERDE; AZUL-ALARANJADO; AMARELO-VIOLETA;
C) VERDE-VERMELHO; AZUL-AMARELO; VIOLETA-ALARANJADO;
D) VIOLETA-VERDE; AZUL-ALARANJADO; VERMELHO-AMARELO

2 - Ponto de Controle 6 - Pista B


Sobre a arte primitiva assinale a alternativa correta:
A) Aconteceu na Europa no Deserto do Saara e na cavidade marítima de San Príncipe;
B) No Brasil aconteceu apenas no Interior do Parque dos Veadeiros, no estado do Piauí;
C) ocorreu na Europa em grutas como Lascaux e Altamira e na América Latina no Parque
Nacional da Serra da Capivara;
D) Ocorreu exclusivamente no continente africano, na gruta de Pech Merle, por exemplo;

3 - A arte Greco-romana, que ocorreu na antiguidade clássica, influenciou de maneira definitiva toda a
produção artística do ocidente. Sobre a Arte Antiga assinale a alternativa correta:
A) Os períodos de desenvolvimento da estatuária grega foram. Geométrico, Helenistico e Clássico;
B) As ordens arquitetônicas são Dóriane, Corintia e Jôanica;
C) Na arquitetura Grega, diferente da romana, não existiam arcos;
D) Os templos Romanos eram do formato do Coliseu;

GEOGRAFIA
1 - Ponto de Controle 9 - Pista B
A cristalização é o processo de solidificação do magma, que se transforma em:
A) rochas metamórficas
B) rochas ígneas
C) rochas fundidas
D) rochas sedimentares
E) rochas cristalinas
119

2 -Ponto de Controle 2 - Pista B


(UEL-2006) Considere que um avião supersônico sai da cidade de Tóquio à 1 h da manhã de um
domingo com direção à cidade de Manaus - AM. A duração do voo é de oito horas e a diferença de
fuso horário de uma cidade a outra é de onze horas. Assinale a alternativa que apresenta
corretamente a hora e o dia da semana da chegada desse avião na cidade de Manaus.
A) 22 h do sábado.
B) 23 h do sábado.
C) 01 h do domingo.
D) 10 h do domingo.
E) 12 h do domingo.

3 -Ponto de Controle 3 - Pista A


O Professor Lineker pediu para os estudantes do IFPR realizarem o mapeamento do Campus
Cascavel. Assim, os mesmos foram divididos em grupos, cada qual responsável por determinada
área. Considerando-se que determinado grupo estabeleceu a escala de 1:150, com uma distância no
terreno de 45 m, qual é a medida no mapa?
A) 35 cm
B) 60 cm
C) 15 cm
D) 30 cm
E) 45 cm

QUÍMICA GERAL
1 - Ponto de Controle 4 - Pista B
Segundo Arrhenius Base é:
A) espécie capaz de produzir como único cátion íons H+
B) espécie capaz de produzir como único ânion íons OH-
C) espécie capaz de receber um par de elétrons
D) espécie capaz de doar um par de elétrons
E) espécie que produz um cátion diferente do hidrogênio

2 -Ponto de Controle 5 - Pista A


A palavra Ácido é antiga, vem do latim e significa:
A) Azedo
B) Doce
C) Salgado
D) Amargo
E) Nenhuma das alternativas
120

3 – Qual dos ácidos abaixo está presente no estômago fazendo parte da composição do suco
gástrico:
A) ácido clorídrico;
B) ácido fluorídrico;
C) ácido sulfúrico;
D) ácido fórmico;
E) ácido bromídrico.

PORTUGUÊS

1- Um soneto tem:
A) 14 versos
B) 5 estrofes
C) redondilhas maiores
D) versos brancos

2- Ponto de Controle 8 - Pista A


Qual das frases abaixo apresenta erro de acentuação?
A) Prefiro homens morenos, lindos e que tem carro.
B) O voo dos pássaros é leve.
C) A ideia foi bem recebida na reunião
D) Cera de abelha é um antibiótico natural.

3- Ponto de Controle 7 - Pista B


Qual é a figura de linguagem presente na frase a seguir? “João é bom de garfo”
A) Comparação
B) Metáfora
C) Paronomásia
D) Metonímia

INGLÊS

1- Em relação à frase a seguir, escolha a alternativa correta. “Turn computer off at powerpoint when
not in use”
A) O verbo está no presente simples.
B) O verbo está no imperativo.
C) Powerpoint é um software do windows.
D) A frase está errada, deveria-se trocar when por if.
121

2- Ponto de Controle 5 - Pista B


Complete a sentença com a palavra correta. “_________ was the text published?”
A) What
B) Where
C) When
D) Who

3- Ponto de Controle 6 - Pista A


Escolha a palavra que melhor completa a sentença a seguir: “We believe in him because he is
__________________”
A) charming
B) selfish
C) reliable
D) lazy

BIOLOGIA

1 - Ponto de Controle 9 - Pista A


Uma célula, em condições de laboratório, teve cortado seu suprimento de aminoácidos. De
imediato, não mais poderão ser formados:
A) nucleotídeos
B) lípideos
C) glicídios
D) proteínas
E) polissacarídeos

2 - Ponto de Controle 2 - Pista A


O retículo endoplasmático geralmente tem suas porções classificadas em granular e agranular. A
porção do retículo chamada de granular ou rugosa está relacionada com a produção de proteínas e
recebe essa denominação em virtude da presença de:
A) lisossomos aderidos.
B) mitocôndrias aderidas.
C) peroxissomos aderidos.
D) ribossomos aderidos.
E) vacúolos aderidos.

3 - Ponto de Controle 1 - Pista B


122

São exemplos de ácidos nucleicos:


A) Proteínas e lipídios.
B) DNA e RNA.
C) Monossacarídeos e dissacarídeos.
D) Adenina e guanina.
E) Timina e uracila.

FILOSOFIA
1 - Ponto de Controle 4 - Pista A
No silogismo de forma típica abaixo, qual é a premissa maior do argumento?
Todo homem é mortal.
Sócrates é homem.
Portanto, Sócrates é mortal.
a) Todo homem é mortal.
b) Sócrates é homem.
c) Portanto, Sócrates é mortal.
d) Sócrates é mortal.
e) Nenhuma das alternativas.

2 - Ponto de Controle 3 - Pista B


Os mitos são uma espécie de conhecimento difundido na Grécia antiga que precedeu ao nascimento
da filosofia. Estudos mais recentes, publicados por Joseph Campbell, têm apresentado os mitos como
a jornada de um herói dividida em:
a) 12 estágios
b) 3 fases: manhã, tarde e noite, que representam infância, adolescência e vida adulta
c) Anos e séculos
d) 4 grandes fases que representam um relógio biológico do homem
e) Antes e depois de ter seus poderes revelados

3 - O conceito de “filosofia” pode ser entendido como “amizade ou amor com o saber”. Isso significa
que, em filosofia:
a) Tem-se um conhecimento fantasiado do mundo, por isso ele não é ciência
b) Busca-se entender o homem e seu mundo por meio da razão
c) Descobre-se o que é o mundo por meio das paixões como amor, ódio, paixão
d) Sempre importa que a verdade é diferente para cada pessoa que existe
e) Nenhuma das alternativas anteriores

FÍSICA
1 - Ponto de Controle 1 - Pista A
123

Um móvel em M.R.U gasta 10 h para percorrer 1.000 km com velocidade constante. Qual a distância
percorrida em 3 horas?
A) 100 km
B) 200 km
C) 300 km
D) 400 km

2 - Ponto de Controle 8 - Pista B


Uma partícula em movimento retilíneo uniformemente variado movimenta-se de acordo com a
equação
v = 10 + 3t (SI).
Essa partícula possui:
A) velocidade inicial igual a 3 m/s
B) velocidade inicial igual a -10 m/s
C) aceleração igual a 3 m/s 2
D) aceleração igual a - 6 m/s 2
E) aceleração igual a 10 m/s 2

3 - Qual é a alternativa correta?


a) Aceleração e velocidade são grandezas escalares.
b) Força centrípeta e temperatura são grandezas vetoriais.
c) força e comprimento são grandezas escalares.
d) tempo e temperatura são grandezas escalares.
e) massa e peso são grandezas escalares.
124

ANEXO 2 – ROTEIRO BASE PARA QUESTIONÁRIO

Avaliação da Corrida de Orientação, uma possibilidade de realização no ambiente


escolar.
Manifeste-se sobre cada afirmação considerando a escala:
(1)Discordo Totalmente
(2)Discordo Parcialmente
(3)Indiferente
(4)Concordo Parcialmente
(5)Concordo Totalmente

*Obrigatório
1.De acordo com sua experiência nas práticas sugeridas, em uma escala de 1 à 5,
como você avalia a prática da corrida de orientação no ambiente escolar *
Marcar apenas uma alternativa.
1 2 3 4 5

2.Durante a realização da corrida de orientação, quais foram as atividades que você


mais gostou? *
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3.Durante a realização das atividades, quais foram as dificuldades que você


enfrentou realizadas ? *
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4. O que você mudaria das práticas da corrida de orientação vivenciadas?*


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
125

___________________________________________________________________

5.Você considera que a atividade prática da corrida de orientação te ajudou no


aprendizado do conteúdo de outras disciplinas? *
Marcar apenas uma alternativa.
1 2 3 4 5

6.Você considera que a atividade prática da corrida de orientação te ajudou no


aprendizado do conteúdo de outras disciplinas? Quais? *
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

7.Você acha que esta atividade poderia ser apresentada para outras escolas, tal
qual foi realizada no IFPR - Cascavel? *
Marcar apenas uma alternativa.
1 2 3 4 5
126

ANEXO 3– PPC INFORMÁTICA IFPR CÂMPUS CASCAVEL

EMENTA:
As Atividades corporais e intelectuais dentro dos conteúdos globais da Educação
Física escolar: os esportes: Voleibol, basquetebol, handebol, futsal, peteca,
atletismo os jogos(cooperativos, recreativos, inteletivos), Danças folclóricas, as
lutas (capoeira) e as ginásticas (artística, rítmica, solo) jogos eletrônicos. Qualidade
de vida. Valores nutricionais dos alimentos (pirâmide alimentar). Distúrbios
alimentares (obesidade, anorexia, bulimia), IMC e circunferência abdominal. Todos
com fundamentação teórica e com o intuito de integração da Educação Física com
a área técnica utilizando-se de metodologia contextualizada para direcionar os
conteúdos para a área de informática.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BRASIL. Livro Didático de Educação Física. Secretaria do Estado da educação.

BRASIL, Secretaria de Educação Média. Parâmetros Curriculares Nacionais:


Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997. 96p.

BRASIL,LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. LEI Nº


9.394, de 20 de Dezembro de 1996.
127

CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: História que não se conta. 4


ed. Campinas: Papirus, 1994.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São


Paulo: Cortez 1992.

DARIDO, S. C. Educação Física na Escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2003.

DARIDO, S.; GALVÃO, Z; FERREIRA, L. FIORIN, G. Educação Física no Ensino


Médio: reflexões e ações. Motriz, v. 5 n. 2, 1999, p. 138-145.

Bibliografia Complementar:

COICEIRO, Geovana Alves. 1000 Exercícios e Jogos para Atletismo. Sprint.


2005.

EADE, James. Xadrez - O Guia Definitivo.1. Ed. Editora Marco Zero, 2012.
JUNIOR, Antunes Rodrigues. Xadrez Passo a Passo.1. ed. Editora Ciência
Moderna. 2008.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 9 ed. São Paulo: Cortez,


1999.

MACHADO, Nelson. Método de ensino de tênis de mesa para professores,


colégios e escolas. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora Abril. 2013.

NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: Conceitos e


sugestões para um estilo de vida ativo. 3. Ed Londrina: Midiograf, 2003.

SANTOS, Sergio. L. C. Jogos de Oposição: Ensino das Lutas na Escola.1. Ed:


Editora Phorte. 2012.
128

ANEXO 4 – ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL

Avaliação da Sequência didática - Corrida de Orientação, uma possibilidade de


realização no ambiente escolar.
Manifeste-se sobre cada afirmação considerando a escala:
(1)Discordo Totalmente
(2)Discordo Parcialmente
(3)Indiferente
(4)Concordo Parcialmente
(5)Concordo Totalmente

1 2 3 4 5

Parte da cotidianidade

Promove pesquisa, ensino, transformação, raciocínio, ação

Constrói junto com a comunidade – colaborativo

Adequado para a faixa etária, para o tempo, para o contexto local, para
os conhecimentos prévios.

Acessibilidade/usabilidade

Focado(sem desperdício de carga cognitiva)

Relação proximidade texto/imagem/recursos gráficos

Repetição positiva – combinação de formas representativas diferentes

Multimodal/multimídia

Interatividade/personalização

Skimming test – Qual sua primeira impressão sobre o produto?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
129

ANEXO 5 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP


INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: ORIENTAÇÃO POR AZIMUTE EM SMARTPHONES: UMA PROPOSTA DE


TRABALHO INTERDISCIPLINAR NO CAMPUS CASCAVEL DO IFPR
Pesquisador: Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado
Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 88882218.7.0000.8156
Instituição Proponente: Reitoria
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 2.762.814

Apresentação do Projeto:
De acordo com as pesquisadoras: "Esta pesquisa materializa-se como proposta de dissertação por meio
dos critérios estabelecidos pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica
(PROFEPT) do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Tem origem nas reflexões desenvolvidas a partir do
fazer profissional cotidiano das pesquisadoras, professoras de Educação Física e servidoras do IFPR, que
buscam por atividades inovadoras e de fácil aplicabilidade, que possibilitem a participação não excludente
dos alunos, possibilitando a divulgação e sistematização de novas práticas que constituem um arcabouço
facilitador, para sistematizar o conhecimento sobre a relação imbricada entre: i) o processo pedagógico em
cursos integrados; ii) as aulas de educação física; iii) a tecnologia; e iv) a corrida orientada. Desta forma esta
pesquisa busca desenvolver um manual de orientação com uma sequência pedagógica para trabalhar a
corrida de orientação pedestre no IFPR Campus Cascavel. Esse trabalho será do tipo exploratório
associado à pesquisa-ação."

Objetivo da Pesquisa:
Segundo as pesquisadoras os objetivos da pesquisa são:
"Geral
Desenvolver uma sequência pedagógica com a utilização de aplicativos disponíveis nos aparelhos móveis
para trabalhar a corrida de orientação pedestre, com os alunos do Campus Cascavel do

Endereço: Av. Vitor Ferreira do Amaral, 306, 2º andar, Tarumã


Bairro: Tarumã CEP: 85.530-230
UF: PR Município: CURITIBA
Telefone: (41)3595-7683 E-mail: cep@ifpr.edu.br

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INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR

Continuação do Parecer: 2.762.814

IFPR.
Específicos
Analisar o perímetro do Campus Cascavel;
Desenhar o mapa da atividade com os pontos de passagem e o percurso sugerido.
Criar os QR codes para os pontos de passagem.
Escrever o manual da atividade e suas possíveis adaptações para outros tipos de terreno."
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
De acordo com as pesquisadoras:
"Para garantia dos professores e alunos entrevistados, quanto aos riscos para durante os procedimentos
desta pesquisa, estão previstas no TCLE as medidas de: sigilo e privacidade, autonomia, ressarcimento e
indenização, o contato dos pesquisadores envolvidos e o uso de imagem.

O principal risco será o constrangimento tanto na realização do questionário, quanto na realização da prática
da atividade, podendo ser minimizado através da não utilização da atividade como prática avaliativa
formal,sendo o aluno desobrigado a fazer quaisquer atividades.
Como benefícios: Conhecimento de uma atividade diferenciada, que possibilite o aprimoramento prático de
conteúdos vistos nas disciplinas teóricas, como geografia, biologia, matemática, bem como o
desenvolvimento de práticas singulares na disciplina de Educação Física que possibilitarão uma vivência
auxiliadora para aquisição de habilidades motoras de orientação espaço temporal, resistência, agilidade na
tomada de decisões, conciliando conhecimento teórico e prático em diversas áreas."

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:


As solicitações do parecer anterior foram atendidas.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
As pesquisadoras apresentaram todos os termos.
Recomendações:
Quando entrarem em contato com os participantes da pesquisa e/ou responsáveis explicar o significado dos
termos técnicos da pesquisa, como por exemplo: Azimute.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Todas as solicitações foram atendidas. Projeto aprovado.

Endereço: Av. Vitor Ferreira do Amaral, 306, 2º andar, Tarumã


Bairro: Tarumã CEP: 85.530-230
UF: PR Município: CURITIBA
Telefone: (41)3595-7683 E-mail: cep@ifpr.edu.br

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INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR

Continuação do Parecer: 2.762.814

Considerações Finais a critério do CEP:


- Solicita-se retirar na secretaria do CEP-IFPR uma cópia do TCLE ou, quando for o caso, do TALE, com
carimbo, sendo este o modelo reproduzido para aplicar junto aos participantes;

- O TCLE deverá conter duas vias, uma ficará com a pesquisadora e a outra ficará com o participante da
pesquisa. Todas as páginas que antecedem os campos de assinatura devem ser rubricadas pelos
participantes da pesquisa e pelos pesquisadores;

- Solicitamos que sejam apresentados a este CEP relatórios semestrais e final, sobre o andamento da
pesquisa, bem como informações relativas às modificações do protocolo, cancelamento, encerramento e
destino dos conhecimentos obtidos, através da Plataforma Brasil - no modo: NOTIFICAÇÃO Demais
alterações e prorrogação de prazo devem ser enviadas no modo EMENDA.

Lembrando que o cronograma de execução da pesquisa deve ser atualizado no sistema Plataforma Brasil
antes de enviar solicitação de prorrogação de prazo.

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:


Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação
Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 23/06/2018 Aceito
do Projeto ROJETO_1117864.pdf 19:11:59
Outros CARTA_SIMPLES.docx 23/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
19:10:10 DA SILVA
Projeto Detalhado / Modelo_18_versao2.docx 23/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Brochura 19:09:19 DA SILVA
Investigador
Outros Modelo_05A_versao2.pdf 23/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:49:04 DA SILVA
Outros Modelo_06_versao2.pdf 23/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:39:57 DA SILVA
TCLE / Termos de TCLE_responsavel_pelo_participante_m 17/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Assentimento / enor_de_idade.docx 20:00:32 DA SILVA
Justificativa de
Ausência
TCLE / Termos de Modelo_15_versao2.docx 17/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Assentimento / 19:58:23 DA SILVA
Justificativa de

Endereço: Av. Vitor Ferreira do Amaral, 306, 2º andar, Tarumã


Bairro: Tarumã CEP: 85.530-230
UF: PR Município: CURITIBA
Telefone: (41)3595-7683 E-mail: cep@ifpr.edu.br

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INSTITUTO FEDERAL DO
PARANÁ - IFPR

Continuação do Parecer: 2.762.814

Ausência Modelo_15_versao2.docx 17/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito


19:58:23 DA SILVA
TCLE / Termos de Modelo_14_versao2.docx 17/06/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Assentimento / 19:58:10 DA SILVA
Justificativa de
Ausência
Folha de Rosto Untitled_20180425_150330.pdf 25/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
16:15:07 DA SILVA
Declaração de Modelo_13.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Pesquisadores 19:00:08 DA SILVA
Outros Modelo_12.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:59:27 DA SILVA
Outros Modelo_10.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:58:49 DA SILVA
Outros Modelo_09.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:58:04 DA SILVA
Outros Modelo_08.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:57:24 DA SILVA
Outros Modelo_07.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:56:23 DA SILVA
Outros Modelo_06.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:55:26 DA SILVA
Outros Modelo_05B.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:54:31 DA SILVA
Outros Modelo_05A.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:52:58 DA SILVA
Declaração de Modelo_04B.PDF 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Instituição e 18:51:31 DA SILVA
Infraestrutura
Declaração de Modelo_04A.PDF 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Instituição e 18:51:06 DA SILVA
Infraestrutura
Outros Modelo_03.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:50:14 DA SILVA
Outros Modelo_02B.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:49:15 DA SILVA
Outros Modelo_02A.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:47:58 DA SILVA
Outros Modelo_01.pdf 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
18:46:47 DA SILVA
Projeto Detalhado / Modelo_18.docx 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Brochura 18:43:33 DA SILVA
Investigador
TCLE / Termos de Modelo_15.docx 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito
Assentimento / 18:41:57 DA SILVA
Justificativa de
Ausência

Endereço: Av. Vitor Ferreira do Amaral, 306, 2º andar, Tarumã


Bairro: Tarumã CEP: 85.530-230
UF: PR Município: CURITIBA
Telefone: (41)3595-7683 E-mail: cep@ifpr.edu.br

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PARANÁ - IFPR

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TCLE / Termos de Modelo_14.docx 19/04/2018 FLAVIA HELOISA Aceito


Assentimento / 18:41:35 DA SILVA
Justificativa de
Ausência

Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não

CURITIBA, 10 de Julho de 2018

Assinado por:
Elisangela Valevein Rodrigues
(Coordenador)

Endereço: Av. Vitor Ferreira do Amaral, 306, 2º andar, Tarumã


Bairro: Tarumã CEP: 85.530-230
UF: PR Município: CURITIBA
Telefone: (41)3595-7683 E-mail: cep@ifpr.edu.br

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APÊNDICE 1 – PRODUTO EDUCACIONAL

O produto educacional é uma sequência didática com o objetivo de auxiliar na


promoção da prática da corrida de orientação no ambiente escolar, contendo a
apresentação do esporte, conceitos, definições, instrumentos utilizados e
possibilidades de prática de integração curricular na educação profissional e
tecnológica. Apresenta uma situação pedagógica que concilia teoria, prática e
componentes curriculares diversos, premissas fundamentais da educação unitária,
com vistas na formação integral do aluno, por meio da corrida de orientação.
O planejamento e construção da sequência didática foi baseada em uma
atividade prática, amparada pelos recursos existentes no IFPR – Campus Cascavel
e pelos recursos tecnológicos acessíveis aos estudantes. As atividades sugeridas
levaram em consideração os valores democráticos da construção coletiva,
amparada pela discussão com os estudantes envolvidos, durante todo o processo
de construção desta sequência didática.
Desse modo, este produto tem como base o desenvolvimento de uma ação
coletiva entre estudantes e pesquisadora, por meio de discussões e avaliações pro-
cessuais a cada etapa, cada qual com seu instrumento e objetivos para prossegui-
mento das etapas seguintes. A cada etapa vencida, novas experimentações conver-
giam para a compreensão e para a conscientização de novas possibilidades, ampli-
ando tanto o acervo material docente, como também o olhar diante de novos contex-
tos.
Assim sendo, finalizado o processo - de planejamento, construção, avaliação
e validação – foi gerado conhecimento por meio da experimentação, da reflexão crí-
tica e da adaptação do material às diversas realidades existentes nos espaços esco-
lares.
FLÁVIA HELOÍSA DA SILVA

PROPOSTA
DE ENSINO
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO
FLÁVIA HELOÍSA DA SILVA

PROPOSTA DE ENSINO
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO

Curitiba
2019
Texto: Flávia Heloísa da Silva

Orientação: Dra. Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado

Diagramação: Flávio Morin - www.evidenciabr.com.br

Ilustrações: Letícia Pereira

Revisão: Silvana de Araújo Vaillões

Imagens Pixabay.com e arquivo pessoal da autora

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


Ficha catalográfica elaborada por Jeanine da Silva Barros CRB-9/1362

S586p Silva, Flávia Heloísa da


Proposta de ensino: sequência didática para corrida de orientação/
Flávia Heloísa da Silva.— Curitiba, PR: IFPR, 2019.
60 f.

Produto da Dissertação “Corrida de orientação: estratégia


pedagógica na educação profissional e tecnológica” – Instituto Federal
do Paraná.

1. Educação Física (Estudo). 2. Corrida de orientação. 3.


Educação Profissional e Tecnológica. 4. Produto educacional.

CDD 21.ed. 796.07


Apresentação
Este material é o resultado de uma pesquisa do Mestrado Profissional no Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Educação Profissional e Tecnológica do IFES – Instituto Federal do
Espírito Santo, tendo como Instituição Associada o IFPR – Instituto Federal do Paraná, Campus
Curitiba, intitulada “Corrida de Orientação: estratégia pedagógica para a educação física na Educação
Profissional e Tecnológica”.
Partiu de uma experiência pessoal, contudo, não é um guia inexorável, pois é sabido que,
permeadas por realidades distintas e complexas, cada escola abarca suas singularidades, por-
tanto, adaptar este material para sua própria realidade é fundamental. Compartilhando algu-
mas experiências, esperamos contribuir para o desenvolvimento da prática exequível da corrida
de orientação na escola.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho é construir, como arcabouço facilitador, disponível em
meio digital, material que promova - com a agilidade necessária nos dias atuais - a formação
docente inicial. Também, tal recurso deve facilitar o desenvolvimento do plano pedagógico
como um documento auxiliar do tema da corrida de orientação, para que os docentes possam
inspirar-se a produzir, a partir desta, suas próprias sequências didáticas, que abarquem suas
especificidades.
As temáticas foram divididas em unidades, sendo que cada uma delas corresponde a uma
aula; todavia, pode ser ampliada ou reduzida de forma a atender às demandas de conteúdo,
tempo e carga horária disponível.
Possui uma linguagem acessível e disponibiliza, com base em recursos digitais, acesso a ou-
tros materiais que poderão ajudá-lo na construção de suas aulas. Dessa forma, no decurso
do texto, você verá os tópicos Atenção - com informações importantes, que não podem ser
esquecidas; Saiba + - representa dicas de aprofundamento de leitura; no item Atividade, en-
contram-se dicas de atividades práticas; os QR codes o levarão a páginas externas, com acesso
a conteúdos de suporte teórico; no Você sabia?, será possível encontrar curiosidades sobre a
corrida de orientação.
Espero que este material facilite o acesso ao conhecimento sobre a corrida de orientação e
sirva de estímulo para que o tema seja trabalhado nas aulas de Educação Física escolar.
A proposta
A corrida de orientação é uma prática divertida e estimulante, que desen-
volve a consciência crítica e ambiental; a conquista de metas parciais faz com
que os estudantes corram sem perceber o grau de esforço empregado.
Ademais, é um esporte que, por ter uma alta plasticidade, permite uma
variedade de métodos de aplicação, como o uso da tecnologia, a sa-
ber, os smartphones e todos os recursos disponíveis nele; isso minimiza
a necessidade de uma bússola manual e a compra de materiais para
o desenvolvimento dessa atividade na escola. Dessa maneira, a elabo-
ração dos conteúdos nas aulas de Educação Física seria facilitada, bem
como haveria a interlocução com a tecnologia.
O conjunto das habilidades necessárias para a prática da modalidade exige que o praticante
utilize mais de uma estratégia durante todo o percurso. Algumas habilidades observadas na
orientação são: “leitura de mapas, avaliação e escolha do itinerário, uso de bússola, capacida-
de de decisão apesar do desgaste físico e mental, raciocínio rápido, atenção e concentração,
boas capacidades físicas gerais” (SCHERMA, 2010, p.55). Dentre as habilidades necessárias,
está o trabalho mental exigido durante a atividade, que deixa a corrida de longa distância
menos monótona, pois, quando a competição ou evento é finalizado, o aluno mal percebe a
quilometragem percorrida e o esforço físico que precisou fazer.
Essa prática pode ser executada em diversos lugares, de preferência, em bosques, parques,
florestas; porém, já existem práti-
cas percebidas em centros urba-
Você sabia? A orientação de sprint é um formato rápido, nos, como a modalidade sprint,
visível e fácil de entender, permitindo que a orientação seja facilmente aplicada em uma ou
executada dentro de áreas de população significativa. O perfil duas aulas, pois demanda um
do sprint é de alta velocidade, com corridas em parques bem tempo de execução de aproxima-
movimentados, ruas ou florestas. O tempo do vencedor, tan- damente 12 à 15 minutos, o que
to para mulheres como para homens, será de 12-15 minutos. indica a oportunidade de realiza-
Tradução nossa (ISSOM, 2007). ção também nos ambientes es-
colares. Isso não exige, portanto, grandes áreas abertas; devido à sua plasticidade, a prática
esportiva pode ser adaptada para qualquer espaço físico.
Segundo Ferreira (2004), a corrida de orientação pode ser trabalhada de diversas formas,
individual (quando um aluno efetua o percurso sozinho), em equipe (dois ou mais participam
juntos) ou em revezamentos (dois ou mais alunos formam uma equipe com participações su-
cessivas). Diante disso, cabe ao organizador da atividade verificar qual é a modalidade que seria
melhor enquadrada à sua realidade, considerando o tempo disponível, quantidade de partici-
pantes, dificuldade do percurso, forma de divisão das equipes, o que possibilita a prática escolar.
Assim sendo, a corrida de orientação é uma atividade praticada de múltiplas formas, que
proporciona vivências e experiências corporais diversificadas, além de significativas aos seus
praticantes. Portanto, torna-se uma temática significativa, que deve ser explorada em ambien-
te escolar.
A partir disso, este material, que objetiva auxiliar professores no desenvolvimento do tema,
apresenta uma “Sequência Didática para a prática da Corrida de Orientação em Ambientes
Escolares” (Figura 1), considerando que a prática do esporte deve ser: I) compreendida; II) ex-
perimentada; III) transformada (KUNZ, 2016); e IV) a realidade do Instituto Federal de Cascavel.

Figura 1: sequência didática para a prática da Corrida de Orientação em Ambientes Escolares


Fonte: elaborado pela autora com base em Kunz (2016).

Está organizada, conforme detalhamento a seguir:

• Na aula 1 - a corrida de orientação será abordada em sua perspectiva conceitual,


compreendendo os conhecimentos basilares, seus elementos e estru-
tura necessários, que auxiliam no avanço para as temáticas discutidas
na aula 2.
• Na aula 2 - serão apresentadas as formas de abordagem prática para o aluno
compreender melhor o passo duplo e o itinerário de corrida.

• Na aula 3 - serão abordadas as possibilidades de construção dos instrumentos


necessários e o planejamento dos desafios instalados no percurso.

• Na aula 4 - será trabalhada a corrida de orientação somente com mapa de orien-


tação, criado na aula anterior.

• Na aula 5 - será trabalhada a corrida de orientação somente com bússola.

Finalizando com uma conversa de professor para professor, com sugestões


de materiais de consulta online, que podem facilitar a exploração deste tema.
Esperamos que este material, além de uma agradável leitura, proporcione
reflexões e contribua também de forma significativa para uma mudança na
prática pedagógica, no que diz respeito à prática da Corrida de Orientação
em Ambientes Escolares.
Sumário

Aula 1
Compreendendo o esporte 11
Aula 2
Compreendendo e experimentando o esporte 19
Aula 3
Experimentando o esporte 25
Aula 4
Experimentando e transformando o esporte
Corrida de orientação com mapa
33

Aula 5
Experimentando e transformando o esporte
Corrida de orientação com azimute
41

De professor para professor 51


Referências 55
10
Aula 1
Compreendendo o esporte

11
1.1 Orientações gerais

A disciplina de Educação Física é detentora de uma multiplicidade de saberes, constituídos e


elaborados pelas Ciências Biológicas, Sociais e Humanas; inserida na área de linguagens, que
dimensionam o conhecimento, objetiva a cultura corporal do movimento humano, sendo ca-
racterística da área a interdisciplinaridade (SOUZA, 2009 apud KUNZ, 2016).
O esporte é um dos conteúdos trabalhados na disciplina de Educação Física e, incontestavel-
mente, é considerado patrimônio cultural da humanidade; conteúdo aclamado pelos alunos, a
partir da sua prática, podem acontecer aprendizagens no âmbito cognitivo, motor, psicológico
e social.
A forma com que esse conteúdo é abordado diverge entre os professores, de acordo com a
formação e concepção pedagógica que cada um evidencia, além de também haver
a influência das experiências esportivas de cada um deles.
Partindo de uma concepção crítica da educação, o esporte é
apresentado de forma a desvincular-se dos padrões e mate-
riais usados nas competições esportivas televisionadas, de
maneira a apresentar-se com “[...] maior atratividade princi-
palmente para aqueles com pouca ou nenhuma experiência
nas clássicas modalidades esportivas” (KUNZ, 2016, p.27).
Com o objetivo que vai além do resultado do jogo, essa
desconstrução de local e material é responsável por “mu-
dar os desafios, os destaques, as relações com o meio,
os outros e consigo mesmo e enfim, também o resulta-
do, resultado no relacionamento, na aprendizagem,
na vivência e experiência corporal desta prática”
(KUNZ, 2016, p. 27).
Embora a Corrida de Orientação possa
possuir um viés competitivo, quando tem

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uma partida, cumprimento de um percurso com a passagem pelos pontos de controle e uma
chegada, ela também possui a possibilidade de prática em um viés recreativo (participação), no
qual os estudantes, individualmente ou em grupo, cumprem o percurso sem a preocupação de
competir. Assim, praticam uma atividade física e mental com o objetivo de se distrair, eviden-
ciando uma vertente pedagógica (educacional) na qual a atividade utiliza-se da sua capacida-
de interdisciplinar, além de trabalhar diversas disciplinas unidas ao esporte (CBO, 2012 apud
SILVA, 2013).
Dessa forma, podemos encontrar o papel formativo desse esporte em Silva (2013), em que a
corrida de orientação engloba aspectos físicos, mentais e pedagógicos; com base nela, os alu-
nos intensificam a visão de preservação ambiental, pois há uma relação direta com o meio em
que vivem, o que também auxilia na relação espacial e localização. França (2016) complemen-
ta, apontando a importante relevância de se trabalhar o senso de geolocalização nas escolas,
além de ressaltar que, na disciplina de Educação Física, a corrida de orientação oportuniza o
desenvolvimento coletivo, por meio das habilidades cooperativas e comunicativas; pessoais,
ampliando a autoestima do aluno; cognitiva, aprimorando a tomada de decisão e resolução de
problemas; e física, pela melhoria da aptidão física e habilidades motoras.
Scherma (2010) destaca a aprendizagem da leitura e compreensão do mapa de orientação
como uma habilidade necessária para todos os cidadãos, bem como a análise do tempo atmos-
férico, o que corrobora para uma explanação de distribuição de indústrias e nível de poluição
do ar, exemplifica.
Para Moreira (2016), a prática da corrida de orientação permite ao aluno desenvolver o
conhecimento sobre escalas, noção de es-
paço percorrido e a percorrer, leitura de le-
Você sabia? Azimute pode ser definido como
genda e assimilação gráfica, utilização da
“o ângulo formado entre o norte magnético e a
bússola para traçar azimutes, além de apri-
direção que se pretende ir” (PASINI 2004,p.66).
morar a autonomia e tomada de decisões.
Isto posto, a corrida de orientação incita
saberes que proporcionam a abordagem de situações e problemas vivenciados pelos alunos em
seu quotidiano, corroborando para a compreensão da realidade na qual eles se inserem, ampli-
ficando os saberes culturais, científicos e tecnológicos, além dos saberes técnicos.
Nesse contexto, a corrida de orientação afirma seu compromisso com o meio ambiente, com
a prática cidadã, com a interdisciplinaridade, como esporte educacional e participativo, ajuda
na construção do aluno enquanto ser humano, na sua integralidade e não apenas nos aspectos
motores, sendo uma atividade que proporciona diversos ganhos para a formação do aluno.
De maneira geral, a corrida de orientação é um esporte bem simples de ser praticado, porém,
a compreensão dos principais fundamentos técnicos, do que é e como se pratica, são aprendi-
zagens cruciais para o bom desenvolvimento da atividade.
Nesta aula, de aproximadamente 1h40minutos, a corrida de orientação será abordada em
sua perspectiva teórica e conceitual, compreendendo os conhecimentos basilares, seus elemen-
tos e estrutura necessários, que auxiliam no avanço para as temáticas discutidas na aula 2.

13
Para tanto, ao terminar esta aula, os alunos deverão ser capazes de:
• Conhecer a corrida de orientação enquanto prática esportiva;
• Identificar os principais fundamentos técnicos que norteiam a corrida de orientação;
• Compreender o esporte como prática interdisciplinar.

Os materiais necessários para esta aula são: lousa; canetão (giz); computador; recursos au-
diovisuais; datashow; folha A4.

1.2 Iniciando a aula

É importante, ao iniciar qualquer conteúdo, que o professor consiga instigar os alunos à nova
atividade que irá propor. Como sugestão, insira o aluno em um determinado contexto por meio
de uma história problematizadora, conforme o exemplo a seguir.
Quarenta alunos de determinada escola es-
tão participando de uma aula de campo, re-
ferente à disciplina de química e geografia.
O grupo todo se desloca até o caminho do
Saiba Itupava – PR para recolher amostras de água
IAP é o Instituto Ambiental do Paraná. dos riachos para análise. O tempo fecha e to-
Cada estado possui sua unidade de pre- dos são obrigados a acampar no local; quando
servação e conservação do patrimônio amanhece, os alunos percebem que os pro-
ambiental. Nunca entre em uma mata
fessores sumiram. Após aguardar várias horas
sem antes comunicar esses órgãos e ser
sem sinal dos professores, sem internet e ne-
autorizado por ele.
No Paraná o endereço eletrônico é nhuma outra forma de contato, os alunos de-
http://www.iap.pr.gov.br/paginas-8.html cidem usar a bússola para guiar a turma até o
IAP mais próximo, mas percebem que só viram
esse equipamento nos livros, o que deixa todos
em pânico.

Se você estivesse nessa situação, você saberia usar uma bússola?

Continue a discussão e faça os seguintes questionamentos aos alunos:


• Conhecem algum esporte que seja praticado em matas, reservas ou parques que envolvam
a corrida?
• Vocês já praticaram a corrida de orientação?
• Sabem quais conhecimentos são necessários para praticá-la?
• Vocês sabem como funcionam os aplicativos de localização?
• E uma bússola, já utilizaram?
Essas questões objetivam mapear os conhecimentos prévios dos alunos, bem como a cons-
trução coletiva do conhecimento conceitual da modalidade.

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O professor poderá anotar as respostas dos alunos no quadro para dimensionar o quantita-
tivo de alunos para cada situação. Se surgir algum aluno com experiência teórico-prática, este
poderá auxiliá-lo durante as aulas e exemplificar alguma situação já vivenciada.
A assimilação dos conceitos que envolvem a corrida de orientação pode não ser tão simples
inicialmente; explore imagens e vídeos para facilitar a compreensão dos alunos.
Verifique, de acordo com as suas possibilidades, em qual forma se enquadra melhor, consi-
derando o tempo disponível, quantidade de participantes, dificuldade do percurso, maneira de
dividir as equipes, possibilitando a prática escolar versátil e diversificada.
A interdisciplinaridade com a disciplina de geografia é muito grande; converse com um pro-
fessor da área para um trabalho interdisciplinar, visto que a observação de relevos, altimetria,
equidistância, curvas de nível e escala de um mapa é apresentada aos alunos durante o con-
teúdo de cartografia, no primeiro ano do ensino médio. Esses conhecimentos são necessários à
leitura do mapa de orientação.

1.3 Conceitos trabalhados durante a aula


Você sabia? De acordo com PASINI (2004), a
corrida de orientação se assemelha a uma caça
O que é a corrida de orientação? ao tesouro, onde os alunos utilizam um mapa
São encontradas definições de diversos au- para achar os pontos de controle definidos,
tores, nas quais o professor pode embasar sua passar por todos os pontos, na ordem estipula-
busca. Alguns deles são: Friedmann (2008, da é obrigatório, portanto, este esporte une fí-
p.61), Pasini (2004 p.8), Paz (2003, p.23). A for- sico e inteligência, pois nem sempre o caminho
ma como a atividade é trabalhada pode ser vista mais curto será o melhor.
por Ferreira (2004), em que a atividade pode
ser trabalhada de diversas formas: individual,
em equipe ou em revezamentos.

Quais são os fundamentos técnicos da corrida?


Nem todos os equipamentos são necessários em todas as situações. Existem corridas que
utilizam somente a bússola (sem mapa); são
chamadas de corrida de orientação por azimu-
te. Outras utilizam bússola e mapa de orienta-
ção e, finalmente, algumas utilizam somente o
mapa de orientação, sem a bússola. Saiba
Dessa forma, por convenção, incluem-se nos A bússola é um objeto utilizado para
fundamentos técnicos: a bússola - Além da fi- orientação geográfica. Sua construção
nalidade principal, que é a de orientar o aluno, ocorreu tendo como referência a rosa
a bússola também pode servir de escalímetro dos ventos, que é composta pelos pontos
e lupa. Esse assunto faz parte da disciplina de cardeais, colaterais e subcolaterais. É um
objeto com uma agulha magnética que é
geografia e o funcionamento do material pode
atraída para o polo magnético terrestre.
ser discutido na disciplina de física, durante o

15
conteúdo de eletromagnetismo; busque a in-
terdisciplinaridade para o desenvolvimento da
sua aula.
Mapa de orientação: é necessário o co-
nhecimento dos símbolos do mapa para efe-
tuar uma leitura precisa. Fique atento também
às cores, visto que elas simbolizam a transponi-
bilidade do terreno. Por convenção internacio-
nal, cores, símbolos e informações constantes
nos mapas de orientação são parametrizados.
Como orientar o mapa e bússola pode ser
Figura 2: cores do mapa de orientação
visto nesse vídeo https://www.youtube.com/
Fonte: arquivo pessoal da autora
watch?v=x1nf53rxbcI
Passo-duplo: é uma forma de calcular a
distância entre dois pontos, utilizando as próprias pernas. Para isso, o aluno deve saber a dis-
tância, em metros, entre o local de saída e o
pretendido. Assim, ele fará uso do escalímetro
Você sabia? O mapa de orientação é uma
da bússola, convertendo a escala do mapa de
carta topográfica elaborada especificamen-
centímetros para metros; depois, calculará a
te para o uso em corridas de orientação e
quantidade de passos necessários para concluir
representa graficamente a área onde a com-
as distâncias entre os pontos. O aluno deve con-
petição ocorrerá, porém em escala reduzida
tar quantos passos são necessários para percor-
(FRIEDMANN, 2008). Acesse a lista de símbo-
rer metros; depois, multiplicará o resultado para
los presentes nos mapas de orientação, leia o
distâncias maiores, ou subtrairá para distâncias
QR code abaixo. Nele, você também terá as
menores. Diante do exposto, “um passo duplo,
informações necessárias para a introdução ao
equivale a dois passos e conta-se cada vez que o
esporte de orientação.
mesmo pé toca o solo” (RODRIGUES; FERREIRA,
2010/11b, p.53).

Enfatize a importância deste conhecimento para aferir distâncias e se localizar no mapa.

Atenção: é necessário fixar bem este conceito, para que o aluno não erre a distância devi-

Q do a falta de percepção espacial, desta forma, a segunda aula será destinada para a execu-
ção prática da técnica em diversos terrenos e velocidades de marcha e pela respiração.

16
Prisma: identificam a localização do picotador. Podem ser confec-
cionados pelos próprios alunos, com cartolina ou papel cartão, em
cores vivas, para que seja vista a média distância, conforme Figura 3.
Tem 3 faces e é de cor laranja e branca; medem 30cm x 30cm, porém,
na escola, pode ser em tamanho reduzido e ter apenas uma face a ser
colada em alguma estrutura da escola.
Figura 3: exemplo de
Picotador: instrumento responsável por efetuar a marcação no car- Prisma e Picotador
tão controle, apontando a passagem do aluno pelo ponto de contro- Fonte: ilustração ba-
seada nos Prismas e
le. Amiúde é usado em competições amadoras como uma espécie de
Picotadores oficiais
grampeador, conforme Figura 3. Nas escolas, podem ser colocados
códigos numéricos, QR codes, com perguntas disciplinares. Ademais,
pode conter uma tarefa a ser seguida pelo grupo, a qual deverá ser filma-
da ou fotografada.
Cartão controle: funciona como um gabari-
Você sabia? No Brasil, em provas oficiais,
to; é entregue ao aluno na largada e nele será
desde 2005, são utilizados “picotadores e car-
marcada a passagem pelos Ponto de Controle
tões de controle inteligentes”, que funcionam
(PC), veja o exemplo na Figura 4, para registrar
como um pen drive, inserido pelo atleta nos
se o aluno passou por todos os pontos obriga-
pontos de controle; a passagem fica armaze-
tórios. É devolvido ao professor, no final da pro-
nada no dispositivo eletrônico e a conferência
va, para conferência.
é feita no final da prova, por um computador
(FRIEDMANN, 2008).

Figura 4: modelo de cartão controle


Fonte: ilustração baseada em Rodrigues; Ferreira
(2010/2011a)

1.4 Terminando a aula

Para concluir a aula, proponha as seguin-


tes Atividades, utilizando como exemplo a
Figura 5.
Figura 5: exemplo de atividade da aula
Atividade 1 - Solicite que os alunos Fonte:<http://geografalando.blogspot.
com.br/2013/02/1-serie-em-3-bimestre.
desenhem o croqui da sala, simbolizando html >. Adaptado

17
o espaço geográfico de forma bidimensional e
reduzida, contendo todos os elementos que jul-
guem importantes. Devem posicioná-lo acordo
com o norte geográfico; utilize a bússola do ce- Saiba
lular para isso. Veja quais são os outros equipamen-

Lembre os alunos que, quando nortear o tos que os alunos devem conhecer.
Clique em https://www.youtube.com/
mapa com a bússola, ele se posiciona na di-
watch?v=sNEvrm6C2nk
reção a seguir; o mapa fica estático e o aluno
movimenta-se em torno dele. Divida os alunos
em 4 grupos.

Atividade 2 - Solicite que os alunos saiam da sala e coloque elementos numerados


sobre algumas estruturas; na lousa, coloque 4 sequências de passagem. Cada grupo
terá que traçar o percurso sugerido pelo professor no mapa desenhado, indicando
ponto de saída com um triângulo, pontos de passagem com círculos e ponto de chega-
da com dois círculos concêntricos. Depois, solicite que tentem encontrar a distância
entre os pontos.
Exemplo – Grupo 1 - precisa encontrar os elementos 4, 9, 10, 6, 1, 7.
Grupo 2 - precisa encontrar os elementos 2, 8, 5, 12, 4 e assim sucessivamente.

Atividade 3 - Solicite que o aluno escreva atrás do mapa, ou em sua lateral, se


couber, a sinalética de onde estavam os pontos sugeridos pelo professor, como PC
3 – mesa do Alfredo; PC 4 – cadeira do João; para, assim, ir se acostumando com a
organização visual de um mapa de orientação.
Esta atividade coloca em prática alguns conceitos vistos durante a aula, como a
leitura, o norteamento do mapa de orientação e dos pontos, o posicionamento da
pessoa que lê o mapa, o cálculo de distância por passo-duplo, dentre outras aprendizagens
que também serão trabalhadas nas aulas seguintes. Então, ao finalizar a aula, dialogue com
os alunos para a verificação dos conceitos apreendidos e os que ainda estão em assimilação.
Pergunte: quais outras atividades poderiam ser feitas trabalhando o mesmo conceito? Quais
disciplinas eles acreditam estar envolvidas nesse esporte?

Saiba
Por meio do QR code você terá
acesso ao histórico da Corrida de
Orientação no Brasil. Acesse o
site Confederação Brasileira de
Orientação.

18
Aula 2
Compreendendo e experimentando o
esporte

19
2.1 Orientações gerais

É natural que alguns alunos tenham muita dificuldade na percepção de distâncias, portanto,
fixar o sistema de aferição por passos-duplos facilitará o desenvolvimento das demais atividades
práticas.
Nesta aula prática, de aproximadamente 1h40minutos, serão apresentadas as formas de
abordagem prática para o aluno compreender melhor o passo duplo e o itinerário de corrida.
Para tanto, ao terminar esta aula, os alunos deverão ser capazes de:
• Identificar a quantidade de passos-duplos necessários para percorrer diversos tipos de ter-
reno e em diferentes velocidades;
• Analisar a frequência respiratória necessária para efetuar a quantidade de passos duplos
desejados;
• Conhecer as adaptações de passada, necessárias em cada situação, de forma que o aluno
assimile melhor a biomecânica da corrida em diferentes velocidades e terrenos.
Os materiais necessários para esta aula são: papel, caneta, trena, cones, bambolês.

2.2 Iniciando a aula

Inicie a aula perguntando se os alunos lembram dos conceitos aprendidos na aula anterior.
Leve-os até a quadra ou um ambiente aberto e plano e pergunte qual a distância aproximada
do ponto onde estão até alguma estrutura visível.
Confeccione uma tabela de passos duplos para seu aluno, anteriormente à aula; nela, deve
conter o tipo de terreno e o local para que o aluno marque o resultado andando e correndo.
É solicitado que o aluno efetue o mesmo percurso mais de uma vez; em seguida, deve fazer a
média e colocar na referida tabela, pois isso facilita a memorização do resultado.
A execução da primeira prática na quadra facilita a contagem de passos, uma vez que as
dimensões do ambiente já são conhecidas pelo professor; se a quadra for oficial, possui 40

20
metros de comprimento; se não for, acrescente a me-
tragem restante, utilizando o recuo das linhas de fundo
da quadra. Nesse caso, é facilitado ao professor fazer
as medidas de 10 metros e 40 metros, convertendo-as,
posteriormente, para distâncias maiores. A contagem
dos 40 metros seria paralela às linhas laterais, iniciando
na linha de fundo A até a linha de fundo B; para a con-
tagem dos 10 metros, seria iniciada na linha central e
finalizada 1 metro após a linha de fundo da quadra de
voleibol, conforme ilustração da Figura 6.
Figura 6: exemplo de atividade prática
Caso a instituição não possua quadra poliesportiva, Fonte: ilustração baseada em arquivo
a aferição pode ser feita na metragem de 50 metros e pessoal

100 metros, no estacionamento ou área aberta, desde


que seja plana e proporcione segurança aos alunos.
Outra situação importante é efetuar a contagem de passos em subidas e descidas, em am-
biente com e sem a transposição de obstáculos (naturais ou artificiais). Dessa forma, o aluno
consegue perceber a diferença na amplitude de passada que o terreno proporciona.

Tabela 1: tabela de contagem de passos-duplos


Fonte: elaborado pela autora com base em Rodrigues; Ferreira (2010/2011a)

2.3 Conceitos trabalhados durante a aula

Lembre aos alunos o conceito de passo-duplo, aprendido na aula anterior; enfatize a impor-
tância desse tipo de aferição de distância na corrida de orientação e diga que esse método tem
suas variações. Fazer o percurso andando e correndo em diversos terrenos é uma delas, já que o
tipo de piso e o ângulo de inclinação dos aclives podem alterar a quantidade de passos duplos.
Para facilitar, podemos utilizar o sistema de pernadas; a pernada é a divisão da distância entre
dois pontos, em múltiplos de 100 metros. Portanto, se a distância a ser percorrida for 500 me-
tros, teremos 5 pernadas de 100 metros, deixando a contagem dos passos duplos mais simples.

21
Outra forma de contagem de distância é por ciclo respiratório; dessa maneira, abre-se a
contagem na primeira expiração a partir do início do percurso e encerra-se quando atingir o
primeiro ponto de marcação na tabela de contagem de passos duplos.
Ponto positivo: a contagem será sempre menor que a quantidade de passos, tornando-se
mais prática, habilidade treinável que auxilia o aluno a manter o controle respiratório, mesmo
em condições de fadiga. Funciona melhor para as pessoas altas e de passada larga.
Ponto negativo: é menos precisa que a contagem de passos duplos, tendo maior interferên-
cia em terrenos mais acidentados.

Q
Atenção: oriente seu aluno para tentar expirar a cada 2, 4 ou 6 passos duplos e veja a
qual dessas formas ele se adapta melhor.

Saiba
sobre o passo duplo e o sistema de per-
nadas, no QR code ao lado.

É importante ressaltar os conceitos de deslocamento e distância. O percurso traçado nos


mapas de orientação parte do deslocamento entre os pontos de controle, pois se constituem
como uma linha reta entre os dois pontos, ao passo que o passo-duplo afere a distância entre
os pontos. Isso acontece porque nem sempre o melhor caminho é a linha reta; o aluno deve
tomar a decisão de qual o melhor trajeto a seguir, verificando o nível de transponibilidade do
terreno, o que pode aumentar a distância percorrida.

Você sabia? A análise do vetor deslocamento


é estudada na disciplina de Física e seu concei-
to é muito importante na corrida de orientação.
Verifique a diferença na Figura 7. Converse
com o professor da disciplina para um trabalho
interdisciplinar.

Figura 7: exemplo de percurso


Fonte: ilustração baseada em Pasini (2004)

22
2.4 Terminando a aula

Diversas atividades podem ser desenvolvidas para trabalhar o passo-duplo. Proponho as ati-
vidades que se seguem para concluir a aula:

Atividade 1 – Aprendendo o passo-duplo. Após demarcar o percurso com 1 cone,


sinalizando o início e o término, peça para o aluno permanecer atrás da marcação de
início, começando o trajeto com o pé esquerdo, contando, a partir disso, todas as
vezes que o pé direito tocar o solo. Fazer o mesmo percurso 3 vezes e anotar a média
das 3 tentativas no cartão. O aluno deve fazer a conversão da distância percorrida
para 100 metros, utilizando a regra de 3. Dessa maneira, é mais fácil converter para
distâncias maiores, utilizando o sistema de pernadas.

Atividade 2 – Peça para o aluno fa-


zer o percurso 3 vezes, contando o ci- Você sabia? A melhora do condicionamento
clo respiratório, convertendo para 100 físico dos alunos influencia na amplitude de
metros, caso faça em distâncias meno- passada, fazendo com que a tabela tenha que
res. Anote na tabela e pergunte aos ser refeita periodicamente.
alunos qual foi sua preferência.

Atenção: para que o aluno não se perca na contagem de passos devido às interferências
do terreno espalhe no ambiente diversos equipamentos que simbolizem terrenos intrans-

Q poníveis; bambolês podem ser as árvores, enquanto que tatames podem ser rios, forçando
o aluno a desviar-se de sua rota, adicionando os passos-duplos, condizentes com a distân-
cia acrescentada na pernada.

Atividade 3 – Como última atividade, efetue a aferição de 50 metros de distância


em uma subida próxima à escola; sinalize o início e o término do percurso; peça para
que os alunos efetuem a contagem de passos-duplos ou por ciclo respiratório em acli-
ve e, posteriormente, em declive, anotando o resultado na tabela. Solicite que o aluno
perceba se houve diferença significativa de quantidade de passos ou de respirações
em cada situação; explique a eles por que isso acontece.
As 3 atividades práticas servem para o aluno assimilar melhor o conceito de aferição de
distâncias por passo duplo, de maneira que consiga escolher a forma a que melhor se adapte.

23
Atenção: uma questão que pode ser levantada ao final da aula é se os alunos perceberam
se havia muito lixo no entorno da escola, jogado na rua, nas lixeiras, nos terrenos, na pró-
pria escola. Você pode, a partir das respostas, abrir uma discussão sobre a coleta regular

Q e seletiva de lixo, descarte adequado de resíduos, para onde vai o resíduo descartado
incorretamente. Esse diálogo é fundamental, levando em consideração que o cuidado e
preservação ambiental são também focos da corrida de orientação. Portanto, oriente os
alunos a não descartar inadequadamente os materiais que usarem durante as atividades,
aproveitando para levar essa reflexão para além das aulas de Educação Física.

24
Aula 3
Experimentando o esporte

25
3.1 Orientações gerais

Até agora, os alunos viram os conceitos principais da corrida de orientação e vivenciaram a


aferição de distância por passo-duplo. Devem estar um pouco perdidos quanto às próximas ati-
vidades, portanto, essa aula servirá para a confecção dos materiais fundamentais para a corrida
de orientação, que serão utilizados nas aulas práticas subsequentes.
Nesta aula, teórico-prática de aproximadamente 1h40minutos, serão abordadas as possibi-
lidades de construção dos instrumentos necessários e o planejamento dos desafios instalados
no percurso.
Diante disso, ao terminar esta aula, os alunos deverão ser capazes de:
• Confeccionar os materiais adaptados que serão utilizados nas aulas práticas;
• Propor sugestões de materiais alternativos.
Para tanto, ao terminar esta aula, os alunos deverão ser capazes de:
• Conhecer a corrida de orientação como prática esportiva;
• Identificar os principais fundamentos técnicos que norteiam a corrida de orientação;
• Compreender o esporte enquanto prática interdisciplinar.
Os materiais necessários para esta aula são: papel cartão alaranjado, cartolina, papel sulfite,
cola branca, furador, barbante, impressora e computador com acesso à internet, ímã, copo com
água e agulha.

3.2 Iniciando a aula

Antes do início da aula, separe de antemão todos os objetos que utilizará para a confecção
dos materiais, pensando na sua distribuição por equipes. A maioria desses materiais é encon-
trada com facilidade nas escolas, mas devem ser solicitados com antecedência na seção peda-
gógica ou almoxarifado.
Dê as boas-vindas aos alunos; retome os conceitos da aula passada e esclareça as possíveis
dúvidas que surgirem.

26
Depois disso, separe os alunos em 3 grupos, com o mesmo número de participantes.
O grupo 1 ficará responsável pela confecção dos cartões controle. Para este, o professor
entregará folhas de sulfite e caneta. Cada folha comporta 4 cartões-controle, se utilizada na
posição vertical; na atividade prática da aula 4, cada grupo possuirá um cartão controle, portan-
to, se a prática for feita em dupla, cada dupla deverá possuir o seu. Confeccione um número
excedente, levando em consideração a possibilidade de perda, esquecimento ou rasuras.
Informe aos alunos os elementos que devem constar no cartão controle, ajudando-os a de-
senvolver o material de forma que fique harmonioso; pode-se permitir a utilização de planilhas
computadorizadas e softwares de edição de texto, caso os alunos tenham notebooks ou o pro-
fessor tenha acesso ao laboratório de informática e possa imprimir o material.

Atenção: Já tenha em vista quantos pontos de controle terá sua pista de orientação,

Q para que os alunos sejam instruídos a inserir a quantidade de campos correspondente nos
cartões controle.

Após a finalização do material, ensine os alunos a preencher corretamente o cartão, confor-


me o exemplo na Figura 8. Isso evitará rasuras na hora da atividade prática e pode dificultar a
verificação do professor, se todos passaram pelos pontos de passagem correspondentes.

Figura 8: modelo de preenchimento do cartão controle


Fonte: ilustração baseada em Rodrigues; Ferreira (2010/2011a)

No triângulo, o aluno marcará (na frente do professor) o horário em que o grupo iniciará
o percurso. Da mesma forma, nos dois círculos concêntricos, marcará o término do percurso,
deixando o campo com o símbolo de = para a diferença entre o início e o término (alguns ado-

27
lescentes são estimulados pela competição; mesmo
dizendo que a atividade não esteja direcionada para
isso, permita que eles consigam visualizar qual foi o
tempo gasto no percurso).
A utilização do campo reserva só é necessária caso
haja rasura no campo do ponto de controle corres-
pondente. Peça para que o aluno redija suas respos-
tas com atenção para evitar usar esses campos.
O grupo 2 ficará responsável pela confecção dos
prismas; para esse grupo, o professor entregará papel
cartão laranja, cartolina ou folha sulfite, caneta preta,
furador e barbante. Será confeccionada a quantidade
de prismas correspondentes ao número de pontos de
controle. Use como exemplo a Figura 9.
Esse material pode ser confeccionado na forma de
prisma (com 3 lados iguais), conforme figura abaixo. Sendo assim, todos os lados devem possuir
a numeração do ponto de controle onde será instalado.

Figura 9: Exemplo de confecção de prisma


Fonte: Ilustração baseada em Rodrigues; Ferreira (2010/2011a)

Saiba
Outras formas de confeccionar os pris-
mas, cartão controle, mapas, o professor
encontrará no material disponível neste
QR code, a partir da página 14.

28
Atenção: os prismas ficarão instalados em locais em que, possivelmente, poderão sofrer
interferências do clima. Assim, para evitar danos ao material, proteja-o, por meio de plas-

Q
tificação, pois, dessa forma, será possível reutilizá-lo. O professor poderá confeccionar
prismas diferentes a serem usados em estruturas diferentes; como exemplos, vistos no
material disponível no QR code, podem ser de face única, colado em alguma estrutura, ou
em forma de fita, para disposição em alambrados. O tamanho pode variar; mantenha a
simetria confeccionando todos do mesmo tamanho.

O grupo 3 responsabilizar-se-á pelo croqui da escola, que nós chamaremos de mapa de


orientação sem escala. Para isso, o professor entregará folhas de sulfite ao grupo.
Peça para que o grupo detalhe o mapa de orientação o máximo possível, colocando nele
todas as estruturas naturais e artificiais que chamam a atenção. Os alunos podem acessar o
Google Earth de um computador ou do celular para iniciar esse projeto, colocando os itens me-
nores depois de finalizado o desenho inicial, como árvores, postes, construções. Comparando
com o software OCAD, o Google Earth se mostra como uma opção prática e viável. Verifique
esse comparativo na Figura 10.
Utilize o QR code da aula 1 para visualizar a lista de símbolos dos mapas de orientação, o qual
pode ser pintado de acordo com as cores já mencionadas na mesma aula. Se preferir, utilize
símbolos próprios, desde que seja de conhecimento de toda a sala.

Figura 10: imagem comparativa do IFPR Cascavel, utilizando o software OCAD e o Google Earth
Fonte: A: Produzido por Valdir Tasca / B: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/

29
Atenção: o Google Earth permite que os alunos adicionem pontos para cálculos de distân-
cia, facilitando a instalação e a aferição da distância percorrida; contudo, o sistema possui

Q alguns pontos cegos, dessa forma, entregue o mapa de orientação sem escalas feito pelos
alunos ao professor de Geografia e peça para que os alunos trabalhem as escalas do mapa
nessa disciplina. Até que fique pronto, utilize o mapa sem escalas feito pelos alunos.

Esse primeiro mapa de orientação será utilizado na próxima aula, portanto, digitalize-o para
que sirva a outras atividades práticas.
Coloque os pontos de controle pelas estruturas desenhadas, de forma que fiquem bem
espalhados; o aluno não pode ter conhecimento de onde estarão os pontos de controle ante-
cipadamente, então, faça os círculos, indicando os pontos; o triângulo, indicando o ponto de
início e os círculos concêntricos, que indicam o término do percurso; quando não estiver com
os alunos, não ligue os pontos de controle.
Distribua todos os pontos de controle construídos, observando o tempo de aula, organização
dos grupos/duplas/equipes, devolução e retirada dos materiais; lembre-se que os pontos de
controle também são orientados, então, deixe a numeração sempre direcionada para o Norte.
Imprima os mapas correspondentes na quantidade de equipes e guarde até a aula seguinte.
Picotador – Esse instrumento é de difícil confecção; cada um deve conter um tipo de picote
diferente, marcando o cartão controle do aluno como um código braile, pois a sinalização dei-
xada no cartão indica a passagem pelo ponto correto.
Uma forma de controlar a passagem dos alunos pelos pontos é criar um código conhecido
somente pelo aluno que passar pelo ponto de controle. Esse código será anotado no cartão
controle, podendo ser letras – que formam uma palavra, ao término do percurso; uma palavra
– que forma, ao final, uma frase; podem ser perguntas das disciplinas, com conteúdos já vistos
pelos alunos. Diante disso, servirá de revisão da matéria ou pode conter alguma tarefa prática
que o aluno deverá executar,
sendo possível filmar e foto-
Você sabia? Criar os QR codes com as questões ou as tarefas grafar a execução em frente
a serem executadas, de forma que os alunos façam a leitura do ao ponto de controle, como
código, para saber qual tarefa terá que executar, pode dificultar a forma de comprovar sua pas-
“cola” que um aluno pode fazer do cartão de outro grupo. Para a sagem.
criação do código, existem vários softwares gratuitos e fáceis de Cole o código impresso no
manusear. Indico o Labeljoy (esse software é desenvolvido para prisma, como na Figura 12,
criar e imprimir QR codes, código de barras, texto, imagem, dentre de forma que consiga reti-
outros elementos gráficos, inclusive, de fonte de dados externas, rar depois sem danificá-lo.
contendo informações dinâmicas); com ele, você consegue criar, Lembre-se de que a pergunta
na versão teste, 500 etiquetas gratuitas, conforme Figura 11. deve ser objetiva e as possí-
Aproveite e já faça um banco de questões para agilizar as próxi- veis respostas devem ser cur-
mas atividades. tas. Converse com os profes-

30
sores das outras disciplinas afins, para o envio das perguntas, uma vez que isso fará com que a
atividade tenha um desafio extra para os alunos.

Figura 11: exemplo de criação de QR code utilizando o software Labeljoy


Fonte: elaborado pela autora

Atenção: os códigos devem ser fixados em estruturas planas. Caso seja colado em estru-

Q
turas que façam curvas, o celular não conseguirá lê-lo. Isso também pode acontecer se a
luminosidade do celular estiver muito baixa. Peça para que os alunos baixem o aplicativo
de leitura de QR codes e código de barras. É gratuito.

A bússola exige uma atenção especial, já que dificilmente as esco-


las terão bússolas suficientes para uma atividade com tantos alunos.
Diante disso, sugiro 2 procedimentos.
1º- Solicite que os alunos baixem um aplicativo de bússola, caso não
venha pré-instalado no celular. Para isso, o smartphone do aluno deve-
rá conter um sensor chamado de magnetômetro. Se após baixar o apli-
cativo a bússola não funcionar corretamente, é porque o celular não Figura 12: exemplo
de prisma e QR
vem equipado com esse sensor. Verifique quantos alunos conseguiram
code unidos
baixar o aplicativo e distribua-os em quantas equipes forem pos-
síveis, sendo que cada equipe deverá conter 1 smartphone com a
bússola em funcionamento.
2º - Solicite que os alunos façam uma bússola caseira; isso será
necessário somente no dia da prática da aula 5. Para facilitar o
entendimento de como fazer esse tipo de bússola, converse com
o professor de física; nessa atividade, você vai precisar de agulha,
ímã e copo com água. O vídeo do link também auxiliará na com-
preensão: https://www.youtube.com/watch?v=1ItwpRKaKg0.
Pronto! Agora os materiais estão prontos. Os aplicativos bai-
xados e testados, Qr codes com as perguntas impressos e fixados Figura 13: utilizando a
nos prismas. Só falta organizar a aula prática. bússola no celular

31
3.3 Conceitos trabalhados durante a aula

A organização das atividades práticas pode ser complexa, porém, trabalhar em prol de uma
construção coletiva torna os alunos corresponsáveis pelo seu desenvolvimento, aumentando o
interesse e a participação de todos no desenvolvimento desta atividade. Sendo assim, o aluno
conseguirá identificar com maior facilidade os principais fundamentos técnicos que norteiam a
corrida de orientação, pois é integrante ativo no processo de ensino.
Para isso, durante a confecção dos equipamentos, lembre aos estudantes sobre a importân-
cia daquele equipamento para que a próxima aula seja exitosa. Retome os conceitos e utilidade
do prisma, picotador, cartão controle, bússola e mapa, certificando-se de que os alunos com-
preenderam que a corrida de orientação é uma prática esportiva, além de recreação, lazer e um
importante instrumento prático de aprendizagem interdisciplinar; mas, para ser praticada, deve
ser bem organizada.
O processo de ensino tradicional vincula cada conteúdo a uma disciplina específica; estimule
o aluno a compreender o esporte enquanto prática interdisciplinar, enfatizando o conhecimen-
to de outras áreas, necessários tanto para a confecção dos materiais quanto à prática que os
alunos verão na próxima aula.
Um dos conceitos importantes da corrida de orientação, que deve ser transmitido nesta aula,
é que não adianta ser um bom corredor e ter boas habilidades físicas, se não souber orientar e
se localizar no mapa; se não conseguir manter a concentração para enxergar os prismas; se não
conseguir aferir a distâncias por meio dos passos duplos; se não manter o ambiente limpo e
organizado para práticas futuras; se não souber escolher o melhor itinerário. Nesse esporte, não
vence o mais rápido, mas o que consegue utilizar da melhor forma todas as suas habilidades.

3.4 Terminando a aula

Atividade – Para concluir a aula, proponha como atividade que os alunos fotogra-
fem o seu desenvolvimento e apresentem os materiais construídos, mostrando a foto
do processo construtivo para os demais grupos. Eles podem explicar para que serve,
como serão usados, se tiveram alguma dificuldade na construção do equipamento, ou
no entendimento dos conceitos, se têm alguma sugestão de adaptação.
A construção de um relato de experiência das tarefas realizadas pode ser efetivada
no formato de um blog coletivo, com fotos, textos e acesso a conteúdos de pesquisa; pode ser
concretizada como tarefa de pesquisa para casa, assim, os alunos terão um material de consulta
construído coletivamente.

32
Aula 4
Experimentando e transformando o
esporte
Corrida de orientação com mapa

33
4.1 Orientações gerais

A vivência da corrida de orientação pode despertar, principalmente nos alunos pouco simpa-
tizantes das modalidades coletivas clássicas, uma identificação espontânea, devido à equivalên-
cia de condições entre capacidades físicas e intelectuais utilizadas. Portanto, essa prática pode
incitar no aluno o interesse pela prática esportiva.
Na aula anterior, os alunos confeccionaram o mapa de orientação, os cartões controle e os
prismas, que serão utilizados nesta aula, devendo estar ansiosos para vivenciar uma prática que
ajudaram a construir. Porém, o professor deve decidir sozinho o que fará a função de picotador
nos pontos de controle. Observe o exemplo na Figura 14; se optar pela criação dos QR codes,
com questões multidisciplinares, faça-o com antecedência, cole nos prismas. Utilizando uma
cópia dos mapas dos alunos, identifique onde serão os pontos de controle, conforme figura
abaixo; mantenha consigo um gabarito das respostas dos alunos.

Ao terminar esta aula, os alunos


deverão ser capazes de:
• Participar de uma atividade inte-
gradora, que promova o aperfeiçoa-
mento social e físico;
• Conseguir se localizar no mapa,
bem como utilizar todos os equipa-
mentos construídos;
• Avaliar a escolha do itinerário de
forma rápida, aprimorando a capaci-
dade de decisão, atenção e concen-
tração, além das capacidades físicas
gerais.
Figura 14: exemplo de pontos de controle espalha-
dos pela instituição
Fonte: produzido por Valdir Tasca e adaptado pela
autora

Atenção: a ordem de instalação dos PCs deve ser surpresa aos alunos, portanto, chegue

Q com antecedência ou instale os prismas no dia anterior, após a saída dos alunos, desde
que os equipamentos estejam protegidos das intempéries com plástico.

Os materiais necessários para esta aula são: cartão controle, mapas de orientação, prismas,
relógio e celular.

34
4.2 Iniciando a aula

Instale os prismas nos PCs e coloque suas localizações no mapa, sem ligar os pontos.
Para a sala de aula, leve os mapas com os PCs impressos, lá, será seu ponto de saída e de
chegada.
Divida os alunos em equipes, possibilitando que possam escolher os integrantes. Recorte pa-
péis com os números dos pontos de controle, dobre e peça para que um aluno de cada equipe
sorteie quantos pontos foram combinados (o ideal é que fique entre 7 e 10 PCs para aulas de
1h40min.; apesar de ser uma atividade de sprint, a organização inicial e final demanda alguns
minutos de aula); a ordem sorteada deverá ser anotada pelos alunos no cartão controle e tra-
çada no mapa, conforme a Figura 15.

Figura 15: exemplo de preenchimento de cartão controle e de percurso traçado no mapa


Fonte:: ilustrada por Letícia Pereira, produzido por Valdir Tasca e adaptado pela autora

Utilizando o exemplo no cartão controle acima, o grupo


1 passará pelos pontos de controle 12, 5, 19, 24, 2, 7, 9, 4 Você sabia? Se vários alunos
e 1 e o grupo 2 fará o percurso contrário, passando pelos saírem para o percurso ao mesmo
pontos 1, 4, 9, 7, 2, 24, 19, 5 e 12. Dessa forma, o tempo tempo, ocorrerá o que chamamos
de percurso dessas duas equipes poderá ser equiparado, de encarneiramento, que é quan-
já que os percursos terão metragem diferente e definida do um aluno segue outro, que
somente após os sorteios. está à sua frente, deixando de
A cada ordem sorteada, existe uma ordem oposta, por- se direcionar pelo mapa ou pela
tanto, não há necessidade de fazer 10 sorteios; a cada se- bússola. Para evitar essa situa-
quência sorteada, peça para que o segundo grupo faça o ção, dê o intervalo de pelo menos
mesmo percurso em sentido contrário, assim, o processo 3 minutos entre as equipes.
será agilizado.

35
Para não se perder no tempo da largada, anote a saída e a chegada das equipes na lousa,
bem como a ordem dos PCs de cada grupo; assim, ficará mais fácil entregar um percurso dife-
rente ao aluno sem a necessidade de fazer um novo sorteio.
Não retorne os números para o sorteio até que todos os pontos já tenham sido sorteados.
Caso tenha tempo e os alunos se interessem, permita que façam mais de uma pista, ofere-
cendo a oportunidade de um novo sorteio.
Após a saída das primeiras equipes, inicia-se o sorteio dos pontos das segundas equipes e,
assim, sucessivamente. Anote no quadro o tempo de cada percurso, somando ao término de
todas as equipes o tempo final dos grupos.
Quando finalizar a atividade, não se esqueça de recolher
o cartão controle dos alunos e conferir se as passagens fo-
Você sabia? Uma possibilidade ram corretas; calcule o tempo das equipes em conjunto com
de divisão das equipes, para uma os alunos; peça para que todos ajudem a recolher os pris-
atividade mais competitiva, é for- mas e a verificar se o ambiente continua organizado.
mar 2 grandes grupos, cada um Sabemos que cada turma tem um perfil diferente e reagi-
contendo metade dos alunos da rá, também, diferentemente a qualquer atividade proposta,
sala. Dentro desse grande grupo, portanto, tome essas atividades propostas como exemplos
ocorrerão subdivisões em grupos norteadores. Faça de sua prática algo exequível, levando em
menores, quantos grupos forem consideração seu tempo, seus recursos, o perfil da turma e
necessários. todos os fatores que julgar contribuintes para sua prática.

Saiba
No QR code da aula 3, encontram-se vá-
rios exemplos de atividades com mapas
simples de orientação. Utilize-o para ter
mais ideias.

O QR code ao lado tem mais propostas de jogos, percursos e exercícios que te ajudarão a
escolher a melhor forma de organizar esta atividade.
Estimule os alunos a registrar a participação na atividade, usando seus celulares.

4.3 Conceitos trabalhados durante a aula

Nesta aula, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar a corrida de orientação com mapa
e, a partir desta experiência, puderam traçar um comparativo entre a teoria e a prática.

36
Agora, ficará muito mais fácil para os alunos sugerirem mudanças, bem como imaginar no-
vas atividades, partindo desta.
Alguns conceitos ficaram mais fáceis de ser percebidos, como a habilidade de leitura do
mapa, percepção espacial, o trabalho em equipe, o preenchimento correto do cartão controle,
avaliação do melhor percurso, o que é encarneiramento, além da tomada rápida de decisão,
poder de concentração e velocidade de raciocínio.
Portanto, durante a atividade, verifique se há integração entre a equipe, se os alunos estão
conseguindo ler o mapa e se localizar no espaço geográfico a partir dele; também, se conse-
guiram usar todos os equipamentos construídos corretamente, se fizeram boas escolhas de
percurso, lembrando do conceito de deslocamento e distância, e se ficou perceptível o nível de
aptidão física dos alunos durante a atividade.
Todos esses conceitos devem ser retomados ao término do exercício.

4.4 Terminando a aula

Atividade – Como atividade final, entregue ao aluno uma ficha de autoavaliação


ou envie via google forms, para que preencham em casa. Lembre-se que, dessa forma,
há a possibilidade de alguns formulários se extraviarem, então, utilize a parte final da
aula para entregar e recolher os formulários. Neles, devem constar os principais pontos
observáveis na atividade prática, de forma que precisam ser preenchidos de maneira
individual. Algumas sugestões de perguntas podem ser vistas no quadro 1:

37
Quadro 1 - Ficha de autoavaliação

Nome: pode ser identificável ou não Turma:

Nem discordo, nem concordo

Concordo parcialmente
Discordo parcialmente

Concordo totalmente
Discordo totalmente
Você conseguiria efetuar o percurso sozinho?

Você teria confiança de fazer essa atividade em um terreno desconhecido?

Teve a participação de todo o grupo durante a atividade?

Encontrou outros grupos durante o percurso e se norteou por eles?

Utilizou o mapa de maneira precisa, observando os detalhes?

Compreendeu a ficha sinalética?

Cometeu erros ao preencher o cartão controle por falta de atenção?

Traçou o percurso e seguiu a ordem preestabelecida dos pontos?

Encontrou alguma dificuldade na atividade?

Qual?

Quais sugestões você daria para melhorar a atividade?

Quais foram os pontos positivos que encontrou?

Fonte: elaborado pela autora com base em Rodrigues; Ferreira (2010/2011a)

38
Abra uma roda de conversa e peça a opinião dos alunos, visando à melhoria da atividade
proposta; às vezes, mais alunos compartilham da mesma opinião.
A ideia do blog pode ser mantida, de forma que, ao término de cada aula, os alunos possam
fazer o upload das imagens e registrar a sua contribuição para as próximas aulas.
O ideal é que o ambiente siga descontraído para que os alunos não se sintam tolhidos ao se
expressar; lembre-os de que as críticas devem ser construtivas.
A atividade desenvolvida no campus Cascavel buscou a construção coletiva e a participação
dos alunos; superou a participação nas aulas com os esportes coletivos mais conhecidos, além
de despertar a curiosidade nas turmas em que o esporte não foi trabalhado. A aceitação da mo-
dalidade é percebida nas reiterações das falas dos alunos, que pedem a repetição da atividade
com sugestões plausíveis.

Figura 16: atividade prática realizada no IFPR - Campus Cascavel

39
40
Aula 5
Experimentando e transformando o
esporte
Corrida de orientação com azimute

41
5.1 Orientações gerais

Esta atividade exigirá um tempo maior de preparação; se o professor já tiver feito um banco
de questões, criado os QR codes e os alunos já tiverem baixado o aplicativo com a bússola, de
forma prévia, conforme recomendações da aula 3, o trabalho inicial já está realizado.
Para esta atividade, os alunos não poderão utilizar o mapa, pois irão se guiar apenas com a
bússola do celular ou a caseira. Os estudantes serão divididos em equipes, de forma que cada
grupo fique com um celular equipado com bússola.

Atenção: as recomendações de instalação prévia dos pontos de controle estão mantidas.

Q
Organize-se para que os alunos não o vejam instalando-os. Insira alguns pontos na quadra
poliesportiva, aproveitando-a para montar alguns obstáculos entre os pontos, o que au-
menta o desafio.

Nesta aula, de aproximada-


mente 1h40minutos, os alunos
Saiba
vivenciarão, na prática, a corrida
Manter o local de instalação dos pontos da aula anterior
de orientação com azimute, sem
pode facilitar o desenvolvimento da atividade. Delimite
o apoio do mapa, sendo impres- quantas pistas serão confeccionadas e coloque os pontos
cindível a aferição de distância no local planejado. Com o mapa em mãos, instale os
por passo-duplo. pontos já encontrando o azimute para o ponto seguinte;
Para tanto, ao terminar esta caminhe até o próximo ponto, contando a distância em

aula, os alunos deverão ser capa- metros. Lembre-se que cada pista criada gera uma pista
oposta; anote nos mapas que utilizará para gabarito: a
zes de:
direção e a distância abaixo de cada ponto de contro-
• Participar de uma ativida-
le (uso somente para colocar os pontos de controle no
de integradora, que promova o lugar, sem acesso dos estudantes).
aperfeiçoamento social e físico;

42
• Conseguir se localizar utilizando a bússola, seguindo as recomendações constantes nos
pontos de controle;
• Aferir a distância utilizando os passos-duplos ou a contagem por ciclo respiratório, aprimo-
rando a capacidade de orientação espacial, atenção e concentração, além das capacidades
físicas gerais.
Os materiais necessários para esta aula são: cartão controle, prismas, relógio, celular, bússola
caseira (se for o caso).

Figura 17: exemplo de percurso traçado, para uso como gabarito


Fonte: produzido no OCAD por Valdir Tasca

5.2 Iniciando a aula

Nos mapas apresentados na figura 17, foram criadas 2 pistas, cada uma com 9 pontos de
controle, com a distância e a direção descritas na tabela 3.
Cada ponto continha a informação para a chegada no ponto seguinte.

43
Tabela 3: exemplo de azimutes utilizados na
atividade prática, com 9 Pontos de Controle

Pista A Pista B
Azimute Contra Azimute Distância Azimute Contra Azimute Distância O que encontro

Partida/ Chegada 190º 170º 45m 116º 244º 40m PC1

PC1 145º 215º 70m 150º 210º 40m PC2

PC2 136º 224º 40m 285º 75º 35m PC3

PC3 344º 16º 50m 125º 235º 50m PC4

PC4 106º 254º 48m 18º 342º 90m PC5

PC5 300º 60º 50m 130º 230º 100m PC6

PC6 120º 240º 48m 230º 130º 90m PC7

PC7 280º 80º 60m 274º 86º 60m PC8

PC8 202º 158º 50m 330º 30º 65m PC9

PC9 300º 60º 65m 26º 334º 65m Partida/ Chegada

Fonte: elaborado pela autora com base em Rodrigues; Ferreira (2010/2011b)

Pensando na formação de 4 pistas a partir


dessas duas, utilize a tabela acima na direção
contrária, com o valor do contra azimute, de
forma que o PC 9 seja o PC 1 da nova pista,
assim, você terá 2 para cada uma criada.
Na partida, os alunos devem encontrar a in- Saiba
dicação de direção e distância para o próximo O Contra-Azimute de uma direção é o
Azimute da direção inversa.
ponto, conforme exemplo da Figura 18.

Figura 18: informações necessárias na largada


Fonte: elaborado pela autora

44
Em cada ponto de controle, coloque as informações necessárias para que o aluno chegue ao
ponto seguinte, conforme Figura 19.

Figura 19: informações dos pontos de controle


Fonte: elaborado pela autora

Atenção: se a pista for pensada levando em consideração que o aluno saiba o próximo
PC somente na hora da passagem pelo ponto de controle, durante a atividade, o professor

Q terá que instalar as informações de todas as pistas. Portanto, se criou 2 pistas com lar-
gadas e chegadas no mesmo local, destas, foram gerados mais 2, observando os contra
azimutes, de forma que, na largada, terá que constar 4 códigos com informações.

Sendo assim, para otimizar o tempo, você poderá colocar nos PCs somente o QR code com
a questão e alternativas; na largada, entregar aos alunos a sinalética dos pontos, conforme o
exemplo da Tabela 4. Será necessário construir, para a mesma situação, 4 sinaléticas diferentes,
mas, instalará somente 2 códigos nos PCs.

Tabela 4: sinalética de direção dos PCs


Fonte: elaborado pela autora com base em Rodrigues; Ferreira (2010/2011b)

45
Obs: O professor pode entregar as informações de distância e direção dos pontos aos alunos
para que anotem no próprio cartão controle, a fim de que não transportem 2 papéis diferentes
durante a atividade, o cartão controle e a ficha sinalética.
Divida os alunos em equipes; lembre-os de que é imprescindível o cálculo do passo-duplo
durante a atividade, visto que é a forma mais fácil de aferir as distâncias sem o uso de equi-
pamentos e sem o suporte do mapa; a bússola deve sempre ficar na posição horizontal para
minimizar erros, permanecendo com o celular deitado.
Entregue a sinalética e o cartão contro-
le para cada uma; espere o preenchimento Você sabia? Os alunos que não possuírem a bús-
das informações; anote o horário de saída sola no celular e, por isso, estejam usando a bússo-
da equipe no cartão controle e inicie a pri- la caseira, devem imantar a agulha a cada aferição
meira equipe, marcando na lousa o horário de direção, executando o procedimento do vídeo
de saída e o percurso que ela percorrerá. da aula 3. Nesse caso, a possibilidade de erro de
Escalone os grupos de forma a evitar o direção é maior, direcionar-se por quadrante ame-
encarneiramento; o tempo necessário para niza os erros.
uma pista entre 7 e 9 PCs é de 3 minutos
por equipe, contudo, reorganize da melhor
forma levando em consideração a atividade Você sabia? Os alunos já devem ter visto cálculo
da aula anterior. por quadrante na disciplina de matemática, duran-
Verifique se, durante a atividade, os alu- te o conteúdo de geometria. Peça para que os alu-
nos relatam que algum ponto de controle nos procurem um professor da área para esclarecer
está fora do lugar; tenha outros de reserva dúvidas sobre o assunto, caso você perceba que
para recolocar, caso seja necessário. apresentaram dificuldades.
Se houver tempo disponível e interesse
dos alunos, permita que façam a outra pista.
Quando cada equipe chegar, anote o Você sabia? Tendo como base a figura 15b, na
tempo de percurso, no cartão e na lousa; aula 4, e as figuras 17 a e b, na aula 5, percebe-
confira a resposta dos alunos, verificando se -se que o percurso percorrido pelos alunos gerou
estão congruentes com o seu gabarito. um desenho no mapa. Esse desenho é um modelo
Após todos concluírem o percurso pro- matemático que pode ser discutido na disciplina de
posto, solicite um trabalho em equipe e re- Programação, para alunos da área de informática.
tire todos os prismas, observando se o am- Para saber mais sobre grafos, acesse o QR code.
biente permanece limpo e organizado.
As atividades práticas são uma constru-
ção coletiva. Lembre aos alunos que eles também são organizadores e, por
isso, a responsabilidade de relatar as situações que possam prejudicar o an-
damento das atividades é deles, cabendo ao professor fazer as correções
necessárias após o comunicado. Se não for possível que as correções sejam
feitas nesta atividade, que sejam revistos os procedimentos para as futuras.

46
5.3 Conceitos trabalhados durante a aula

Nesta aula, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar a corrida de orientação sem mapa,
utilizando a bússola e o passo duplo como elementos de direção e aferição de distância. Assim,
a partir dessa experiência, puderam traçar um comparativo entre a teoria, a prática da aula
anterior e essa nova atividade.
A partir das duas atividades vivenciadas, ficará muito mais fácil para os alunos sugerir mudan-
ças e imaginar novas atividades, integrando o conhecimento das duas práticas.
Alguns conceitos ficaram mais fáceis de ser percebidos, como a capacidade de observação
de direção e utilização correta dos passos-duplos ou contagem por ciclo respiratório, leitura da
bússola, o termo azimute e a capacidade de segui-lo, percepção espacial, o trabalho em equi-
pe, o preenchimento correto do cartão controle, avaliação do melhor percurso, prevendo os
desvios, além da tomada rápida de decisão, poder de concentração e velocidade de raciocínio.
Portanto, durante a atividade, utilize a observação como estratégia de avaliação dos concei-
tos apreendidos e perceba se houve integração entre a equipe, se os alunos estão conseguindo
se direcionar sem o mapa, se conseguiram ler corretamente os dados da bússola, encontrando
com facilidade os PCs; se estão utilizando a contagem de passos-duplos ou por ciclo respira-
tório, se conseguiram usar todos os equipamentos construídos corretamente, se fizeram boas
escolhas de percurso, se houve manutenção da concentração e da atenção durante a atividade
ou se preocuparam-se prioritariamente com os outros grupos.
Todos esses conceitos devem ser retomados ao término da atividade.

5.4 Terminando a aula

Atividade – A observação da prática pode auxiliar a perceber se essa atividade de-


mandará mais tempo de prática. A bússola do celular é muito mais simples e acessível
do que a bússola manual, utilizada nas corridas de orientação, porém, alguns alunos
podem ter maiores dificuldades na utilização desse equipamento; da mesma forma, é
muito comum haver relatos de que esse tipo de corrida é mais complexo que a corrida
de orientação com mapa.
Para verificar a compreensão e a aceitação desta atividade e de todo o conteúdo, como ati-
vidade final, solicite uma auto avaliação. Ela pode ser entregue pronta ou enviada via google
forms, caso tenha utilizado esse recurso na aula anterior e tenha obtido êxito. Nele, devem
constar os principais pontos observáveis na atividade prática, necessitando ser preenchido de
maneira individual.

47
Um texto corrido na forma de relato de experiência também pode ser utilizado. Algumas
sugestões de perguntas podem ser:

Quadro 2 - Ficha de Auto avaliação da atividade 2

Nome: pode ser identificável ou não Turma:

Nem discordo, nem concordo

Concordo parcialmente
Discordo parcialmente

Concordo totalmente
Discordo totalmente
Você conhece o material e o equipamento básico da Orientação (mapa, picotador, cartão
controle, lista de sinalética, bússola, prisma?

Você conseguiu se orientar com a bússola sem dificuldades?

Utilizou da técnica do passo-duplo para encontrar os pontos de controle?

Encontrou os pontos de controle com facilidade?

Achou mais fácil a corrida de orientação com mapa do que a corrida com a bússola?

Conseguiria orientar-se em um local desconhecido com o uso da bússola aliado ao mapa?

Cometeu erros ao preencher o cartão controle por falta de atenção?

Achou necessário o conhecimento de outras disciplinas para praticar essa modalidade?

Achou mais cansativa que uma corrida pedestre?

Encontrou alguma dificuldade na atividade?

Qual?

Quais sugestões você daria para melhorar a atividade?

Quais foram os pontos positivos que encontrou?

O que você achou do conteúdo proposto e das adaptações sugeridas?

Fonte: elaborado pela autora com base em Rodrigues; Ferreira (2010/2011a)

48
A partir desta atividade, você poderá visualizar quantas aulas serão necessárias até que os
alunos estejam prontos para uma prática fora do ambiente escolar.
Na prática vivenciada pelos alunos do IFPR Cascavel, foi percebido que a aceitação foi gran-
de, mas houve muito encarneiramento em alguns pontos. Isso ocorreu porque foram utilizadas
questões interdisciplinares nos pontos de controle e as questões que possuíam cálculos exigi-
ram um tempo maior no ponto de controle; a partir dessa situação, alguns grupos não mais se
direcionavam pela bússola.
Outro ponto interessante é que os alunos tiveram dificuldade de evitar percursos intrans-
poníveis, como a área de procriação dos quero-queros, fazendo com que alguns estudantes
tivessem dificuldade no pensamento não linear da corrida de orientação.
Lembre-os de que a segurança deve estar presente na corrida de orientação; dessa forma,
incentive-os a buscar sempre um percurso mais curto dentro dos mais seguros.
Esse é uma hora interessante para verificar o aprendizado dos conceitos trabalhados desde a
primeira aula. Verifique as sugestões dos alunos e proponha que eles organizem uma atividade
a ser aplicada para outras turmas, o que pode se tornar um projeto de ensino.

Figura 20: atividade prática 2, realizada no IFPR Campus Cascavel


Fonte: elaborado pela autora com base em Rodrigues; Ferreira (2010/2011a)

49
50
De professor para professor

51
Se considerarmos as três dimensões fundamentais do tempo, sugeridas por Kenski (2016),
duração, ritmo e localização, perceberemos que as tecnologias modernas reduzem o tempo
de trabalho para uma determinada tarefa, porém, ampliam a quantidade delas. Temos, então,
mais horas de trabalho para cumprimento de mais tarefas. Citando Borgers, Kenski (2016 p.36)
aponta a urgência das demandas, nas quais não basta fazer, visto que o imediatismo trazido
pelo uso da internet e celulares escraviza o profissional, propondo uma “dedicação ininterrupta
de trabalho”, flexibilizando, além do tempo, o espaço.
A organização do tempo de trabalho dos professores não é diferente. Esse tempo é permeá-
vel, elástico e personalizado, pois deve “atender às necessidades de cada aprendiz em suas
relações com os conhecimentos e com a tecnologia” (Kenski, 2016, p.13). Nesse contexto,
observamos professores:

isolados e solitários, cumprindo ações muito além de suas jornadas, os


professores percebem que, para a reformulação das condições de ensino,
não basta a mudança em suas formas de atuação. São necessárias também
mudanças estruturais nos currículos, na administração, na organização do
trabalho e na hierarquia de poderes que permeiam todas as esferas educa-
cionais. (KENSKI, 2016, p.15).

Portanto, há que se considerar o homework docente como horas de trabalho e dedicação à


sua profissão. Esse tempo de leitura, estudo, preparação, formação, criação, permite aos pro-
fessores, em geral, a compreensão dos conteúdos pedagógicos do seu trabalho para transfor-
má-lo, revisá-lo e reconstruí-lo constantemente, almejando uma construção processual de ensi-
no e aprendizagem mais responsável e crítica. Em nosso caso, de Educação Física, deve abarcar
a importância do ato de se movimentar como de grande valor para a existência humana.
Dessa forma, a proposta deste material é fornecer informações iniciais para o desenvolvimen-
to da corrida de orientação na escola, para professores com pouca experiência na modalidade
e com pouco tempo para pesquisar em inúmeros documentos, visando à aplicabilidade em
instituições, sem a necessidade de compra de materiais.

52
Este material foi pensado, levando em consideração a realidade de uma escola técnica federal
de Cascavel. É essencial adaptá-lo à sua realidade; aumente a quantidade de aulas, caso seja
necessário; procure auxílio de um orientista, no mapeamento e marcação dos percursos; utilize
os materiais de apoio presentes neste material.
Muitos outros materiais podem te ajudar, deixando sua pesquisa ainda mais rica. Existe bas-
tante suporte da Federação Portuguesa de Orientação; todos os materiais abaixo são de divul-
gação eletrônica e veiculados de forma gratuita.

Orientação: Desporto dos pés e cabeça, de António Aires e co-


laboradores. Disponível em: <http://www.fpo.pt/www/images/fpo/
OrientacaoEscolas/livro_orientacao_desporto_com_pes_e_cabeca.pdf>
O livro Orienta-te por valores: a ética e o fair play para todos, escrito por
Tadeu Ferreira de Sousa Celestino, também está disponível na página da
FPO. Acesse pelo link < http://www.fpo.pt/www/images/Brochura.pdf>
Além dos cadernos didáticos 1, 2, 3, 4 e 5, de Hélder da Silva Ferreira
e Emanuel Alte Rodrigues, a página da FPO ainda disponibiliza um do-
cumento de apoio à formação de praticantes de orientação e um docu-
mento de orientação na escola de Jorge Baltazar. Você consegue aces-
sar por meio do endereço eletrônico: < http://www.fpo.pt/www/index.
php?option=com_content&task=view&id=456&Itemid=145>.
Esses materiais possuem diversos exemplos de atividades para desen-
volver a corrida de orientação na escola, que podem te auxiliar a desen-
volver as suas práticas de acordo com as suas possibilidades.
Dos pesquisadores brasileiros, encontramos o ebook Introdução do
esporte e leitura de mapas de orientação, de Junior Dias e Susamara
Moreno, lançado em 2019, disponível no endereço eletrônico <https://
drive.google.com/file/d/1K9RIRPRbN5KtDniPpFOgBk9xdkgUizuJ/view?
fbclid=IwAR2amFCg2SVxXKX29ktYYDYUdEfxe-2_9raJN5aUb0bY5O-
D2K5rZdYXdDNk>; e o livro Conhecimentos do professor de Educação
Física Escolar, organizado por José Airton de Freitas Pontes Junior, tam-
bém na versão online, gratuitamente disponível neste endereço <http://
www.uece.br/eduece/dmdocuments/Conhecimentos%20do%20profes-
sor%20de%20Educacao%20Fisica%20escolar.pdf>; além de muitos ou-
tros, não gratuitos, da área de geografia, incluindo dissertações e teses
na área.

Outra questão interessante é levar os alunos a situações desconhecidas para praticar, como
parques da cidade. Para isso, verifique se na sua cidade há algum clube de orientação para te
oferecer suporte.

53
A Federação Paranaense de Orientação é filiada à confederação Brasileira de Orientação e
está disponível na página https://www.fpo.esp.br/; lá estão presentes os clubes filiados, o resul-
tado de competições, além de alguns documentos e regulamentos para consulta.
Caso você tenha acesso ao laboratório de informática, trabalhe com os alunos a corrida de
orientação por meio dos jogos virtuais. Alguns jogos que podem ser baixados no computador
são:

CATCHING FEATURES http://www.catchingfeatures.com/


SUUNNISTUSSIMULAATTORI http://www.suunnistussimulaattori.net...
VIRTUAL-O https://virtualo.org/

Na versão app, utilizando o sistema Android, também existem:


ORIENTEERING COMPASS & MAPS
ORIENTAÇÃO PARA INICIANTES
ORIENTEERING 2.0

Espero que este material tenha colaborado para a inicia-


ção desse conteúdo e que possibilite a implementação de
novas práticas no ambiente escolar, diversificando os es-
portes trabalhados tradicionalmente e promovendo uma
formação integral, com base na interdisciplinaridade e na
indissociabilidade dos conhecimentos. Além disso, pode
também articular conteúdos em uma atividade de prática
democrática-participativa, que possibilita a ampliação
da visão reducionista, existente nos métodos de ensino
tradicionais, os quais estruturam o processo de apren-
dizagem de forma compartimentada.

54
Referências

55
FERREIRA, André Augusto de Menezes. Perfil dermatoglífico, somatotípico e das qualida-
des físicas de atletas brasileiros de corrida de orientação de alto rendimento. 2004. 168
f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Motricidade Humana), Universidade Castelo Branco, Rio
de Janeiro, 2004.

FRANÇA, Dilvano Leder de. Práticas corporais de aventura nas aulas de Educação Física:
as possibilidades pedagógicas no 5º ano do ensino fundamental. 17/08/2016 220 p. Mestrado
Profissional em Educação: Teoria e Prática de Ensino. Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ, Curitiba. Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da Universidade
Federal do Paraná

FRIEDMANN, Raul M. P. Fundamentos de Orientação, cartografia e navegação terrestre.


2ª ed. Curitiba: Editora UTFPR, 2008. 412 p.

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e tempo docente. Campinas, SP: Papirus, 2013.

KUNZ, Elenor. Didática da Educação Física 4: Educação Física e Esportes na escola (Coleção
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Orienteering-Maps-2007.pdf>. Acesso em 11/Fev./ 2019.

MOREIRA, Ana Manuela Salvador. Relatório detalhado da atividade profissional: A poten-


cialidade da Pordata no ensino (da Geografia). 2016. Mestrado em Ensino da Geografia. 129
p. Instituição de Ensino: Faculdade de Letras da Universidade de Porto. Portugal. Disponível
em: < https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/87012/2/166250.pdf>. Acessado em
03/ Abr./2018

PASINI, Carlos Giovani Delevati. Corrida de Orientação: esporte e ferramenta pedagógica


para o ensino. Três Corações: Gráfica Excelsior, 2004. 220 p.

PAZ, Paula Iracema. Corrida de orientação: promovendo o desporto no Brasil. 2003.


Monografia apresentada para bacharelado em Comunicação Social, Universidade Federal de
Fluminense, 2003.

56
RODRIGUES, Emanuel Alte; FERREIRA, Hélder Silva. Caderno Didáctico 3: Iniciação à orienta-
ção na escola em mapas simples. Portugal. 2010/2011a. 71p.

RODRIGUES, Emanuel Alte; FERREIRA, Hélder Silva. Caderno Didáctico 4: Iniciação à orienta-
ção na escola em mapas simples. Portugal. 2010/2011b. 65p.

SCHERMA, Elka Paccelli. Corrida de Orientação: uma proposta metodológica para o ensi-
no da Geografia e da Cartografia. 01/10/2010 201 p. Doutorado em GEOGRAFIA Instituição
de Ensino: UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO/RIO CLARO, Rio Claro
Biblioteca Depositária: IGCE/UNESP/RIO CLARO

SILVA, Daniel Araújo, Atividades esportivas no ensino de geografia: Experiência a partir da


corrida de orientação na escola. Rev. Geosaberes, Fortaleza, v. 4, n. 8, p. 87-99, jul. / dez. 2013.

57
58
Autora
Flávia Heloísa da Silva é natural de Cornélio Procópio - PR,
fez Licenciatura e Bacharelado em Educação Física pela
Universidade Paulista - UNIP - SP, em 2011.
Especializou-se em Educação Especial e Inclusiva pela Faculdade
Educacional da Lapa FAEL- 2015 e em Formação Pedagógica
para docentes da Educação Profissional e Tecnológica pelo
Instituto Federal do Amazonas - IFAM 2018. Em 2017 iniciou o
Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica
em Rede Nacional, pelo Instituto Federal do Espírito Santo -
IFES, com aulas na Instituição Associada Instituto Federal do
Paraná - IFPR, Campus Curitiba com orientação da Prof Drª
Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado. Flávia é ex atleta de
atletismo e atual professora do IFPR Campus Cascavel.

Orientadora
A Prof Drª Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado é natural
de Mossoró - RN. Iniciou a carreira docente em Boa Vista -
RR. Possui Licenciatura em Educação Física pela Universidade
Federal do Amazonas (1990), Especialização em Formação de
Professores em Educação a Distância pela Universidade Federal
do Paraná (2001), Especialização em Exercício e Qualidade de
Vida pela Universidade Federal do Paraná (2001), Mestrado
em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(2011) e Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (2016). Atualmente é professora titular
do Instituto Federal do Paraná e pesquisadora da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná.

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