Você está na página 1de 17

,B10 PESAV

E~NANDO
• ,, t....

ar)l~adõràs
•."' \, V

Coleção Novos Estudos de


História Econômica do Brasil

HISTÓRIA
ECONÔ MICA
DO BRASIL
COLÔN IA
Y,: · _ -)=-~ti
" ..,r.,· •

-~~::f:.~.4" ,
<,, f ••

. ,
' -~ ...,,t. ,.; ~.,:
:-'. ,--~- .•JF>ª"'. •.
.· "'~·•·,
; •t ... •
..,_._
~•:4-~·- ~~·~, . ~---
.. ~
:;: : t~·~: , ~•.
.. .-,,.;,, ... ,,, .. ·!!,í.:..,-,... ,..,,. -~ ·~t..f·· .l l 1

. .- ., .., __ ,.,,_r-»>~ •..: ~~~~ .


. . -~·,;:.:~;}; ~~.... :,. t"~
·- ··~. .-...:.·,~1~_. ;
- ·'...t\.:.:_:,
eira Lima
© 2022 Fábio Pesav ento e Ferna ndo Carlo s G. de Cerqu
sem autorização
É proib ida a repro dução total ou parcia l desta obra
expressa da editora.

, v. 6
Coleç ão Novos Estud os de Histó ria Econ ômica do Brasil

Equipe de realização
Edito r responsável: Renat o Franc o
Coor denad or de produ ção: Ricar do Borges
Revisão: Graça Carva lho
Norm alizaç ão: Cami lla Alme ida
Proje to gráfico, capa e diagr amaç ão: Natál ia Brun net
Super visão gráfica: Mare io Andr é Bapti sta de Olive ira

A utiliz ação da imag em da obra Garimpeiros (1938 ),


de Cand ido Portin ari, foi autor izada graci osam ente por
artista.
João Cand ido Portin ari, titula r dos direit os de autor do

Dados Internacionais de Catalogaç:ão-na-Publicaç:ão - CIP


ento e Ferna ndo Carlos G.
H673 Histó ria econô mica do Brasil : colôn ia/ Fábio Pesav
Associação Brasileira
de Cerqu eira Lima (organizadores); organ ização geral da
e Luiz Ferna ndo Saraiva. -
de Pesquisadores em História Econô mica (ABPHE)
cm. - (Coleção Novos
Niterói : Eduff; São Paulo : Hucitec, 2022. - 240 p.: il. ; 21
Estudos de Histó ria Econô mica do Brasil, v. 6)

Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-5831-010-5
ISBN 978-85-8404-250-0
omic Histo ry
BISAC BUS023000 BUSINESS & ECON OMIC S / Econ
ial. I. Pesavento,
1. Brasil - Cond ições econô micas . 2. Brasil - Perío do colon
. IV. Série.
Fábio. II. Lima, Ferna ndo Carlo s G. de Cerqu eira. III. Título

CDD 330.981
(CRB7-4700)
Ficha catalográfica elabora da por Márcia Cristin a dos Santos

Direitos desta ediçã o cedid os à

Eduff - Editora da Universidade Hucitec Editora Ltda.


Federal Fluminense Rua Dona Inácia Uchoa, 209
Rua Miguel de Frias, 9, anexo/sobreloja São Paulo - SP CEP 04110-020 - Brasil
Icaraí - Niterói - RJ CEP 24220-008 - Brasil Tel.: +55 11 3892- 7772
Tel.: +55 21 2629-5287 www.hucite cedito ra.com .br
www.eduff.uff.br - faleconosco@eduff.uff.br lerereler@hucitec editor a.com .br

Publicado no Brasil, 2022.


Foi feito o depósito legal.
Economia da Amazônia
Colonial: um balanço
historiográfic o

Rafael Chambouleyron
Alírio Cardoso

Introdução
O objetivo deste texto é o de apresentar os principais debates relati-
vos à história econômica da região amazônica no período colonial.
Infelizmente, a historiografia avançou timidamente com relação às
dinâmicas econômicas mais gerais que caracterizaram essa vasta e
heterogênea região, mesmo na historiografia clássica.
É preciso esclarecer que, por região amazônica, entendemos
aqui o territó.rio do antigo Estado do Maranhão e Pará, cujo nome
foi alterado, em meados do século XVIII, para Estado do Grão-Pará
e Maranhão (comportando as capitanias do Maranhão, Pará, Piauí e
Rio Negro - ver Figura 1). Em meados dos anos 1770, desdobrou-se
em Estado do Grão-Pará e Rio Negro e Estado do Maranhão e Piauí.
Ambos os Estados se mantiveram separados do Estado do Brasil
até a Independência.
Como pode-se ver, trata-se de um território muito heterogê-
neo, do ponto de vista ecológico e, portanto, também econômico.
Assim, a oeste, compreendia uma região de flo_resta equatorial sin-
grada por uma complexa malha fluvial, con~nante com as terras d~
Castela, ao passo que a leste, estendiam-se campinas em que vice-
jaria a criação do gado e os limites do Estado com o Brasil, região
que, a rigor, não pode ser considerada propriamente amazônica.
Apesar dessa heterogeneidade, resolvemos dar conta do território
da
como um todo, porqu e havia uma considerável unidad e, media
r alentador e permite, sobretudo, superar uma percepção do Estado
principalmente pela capacidade da Coroa portug uesa de afirma
de do Maran hão e Pará como uma vasta área isolada, periférica e mar-
a sua autoridade, de manei ra mais ou meno s intens a, é claro, rio,
ginal que se consolidou na historiografia brasileira. Ao contrá
acordo com cada região do território. ões
cada vez mais a historiografia aponta para as inúme ras conex
e contin entais que forma -
globais, transatlânticas, transamazônicas
Figura 1 ram a região ao longo do períod o colonial.
Região Amazônica em meado s do XVIII
Este texto está dividido em cinco partes, fruto das escolhas
pri-
de algumas questões que têm anima do a historiografia. Em
meiro lugar, analisaremos a relação entre fronteira e economia.
tem
Em segundo lugar, o proble ma das múltiplas redes que permi
compreender o funcio namen to da econo mia colonial ama~ô nica.
Em terceiro lugar, exami narem os um dos principais debates sobre
a economia da região no períod o colonial, que é o da relação entre
das
agricultura e extrativismo, e o lugar da econo mia das chama
do
drogas do sertão e da expansão da econo mia colonial em finais
século XVII e prime ira metad e do século XVIII. Em quarto lugar,
enfocaremos o proble ma das reformas pomba linas, consideradas
Em
um grande marco da história econô mica (e política) da região.
dos anos 1770,
quinto lugar, o desenvolvimento da economia a partir
principalmente, com o increm ento da agricultura a leste e a oeste.

Econ omia e front eira


A economia da Amazônia portuguesa, entre os séculos XVII e XVIII,
ta-
pode ser caracterizada como uma econo mia de fronteira, perfei
do
mente condizente com as características ecológicas e geopolíticas
os compl ement ares. Em
território. Essa definição guard a três sentid
ado,
primeiro lugar, o antigo Estado do Maran hão e Pará está localiz
a do
<iY'f'IO"W $0"0'0"W 40"0'0"W fisicamente, entre duas realidades macro econô micas distintas,
Estado do Brasil, a leste, e a das Índias castelhanas, a oeste, preser van-
1
Fonte: Elaborado por Eduardo Alves Machado (LAIG/ UFP'')
,... e pe os autores
do diferenças relevantes em relação às suas fórmulas de exploração
do
Nos últimos anos ho . mercantil e estratégias de obtenção da mão de obra; em segun
torio rafia . ' uve uma 1D1portante renova ção na his- tou
o assim, lugar, ao longo do períod o colonial, a Amazônia, de fato, transi
com;disse::sdanuzt1d~ na e sobre a região amazônica. Mesm desde a extraç ão de
enormente esse processo nao- . . entre formas fronteiriças de gestão da riqueza,
riamente um aprofu d ' s1gmficou necessa- que
n amento da compreensao - d fu . amento produtos nativos; o cultivo, em larga escala, algo aproxi mado ao
das diversas atividades • . o nc1on para a ambie ntação
.-
econom1cas que se d eram na reg1ao. De qual- a historiografia chamou de plantation, até passar
quer modo O tom gera1 d essa nov d -
, ª pro uçao historiográfica é
22 23
de produtos exóticos, ao modo do que fazia na índia portugue sa,
história maior que conectaria as Guianas a São Vicente, o Orinoco
sobretudo Ceilão, Banda e Molucas (KEAY, 2006, p. 19). Em terceiro
ao rio da Prata (MAGALHÃES, 1935, p. 31). Portanto, Magalhães
lugar, a economia desta região sempre ,f~i, em tod~s _os sen~idos, antecipa questões que estariam presentes, de forma mais sistemá-
definida pela transição entre rotas mantrma s e fluvtais, realidade tica, em Eulália Lobo (1963), Arthur Cezar Ferreira Reis {1993),
ue entrava necessariamente nos cálculos de negocian tes e agen- Frédéric Mauro (1997), entre outros. Em outro contexto, a própria
!s, quer fossem eles portugueses, espanhóis, irlandeses, franceses, coletânea organizada por Frédéric Mauro, cujo capítulo dedicado à
holandeses, indígenas ou africanos; todos tinham que resolver 0 fronteira luso-maranhense ficou a cargo de Guy Martiniere, avança
onipresente problema da mobilidade espacial. Os caminho s fluviais consideravelmente na busca de uma dimensão compara da entre
da Amazônia são meios de conexão. Diferentemente de boa parte do as duas grandes unidades políticas da América portuguesa, Bra-
Estado do Brasil, os rios servem para transpor te de longa distância; sil e Maranhão, ao registrar o impacto do processo que os autores
jamais foram considerados barreiras ou empecilhos. chamara m de "lusitanização" das fronteiras, dimensão que expli-
A avaliação sobre as caracter ísticas gerais da econom ia caria, também, certas escolhas econômicas. Com efeito, segurido
da região, como não podia ser diferente, causou reações diver- Martiniere, o Mararihão chegaria a espelhar certas opções comer-
sas na historiografia. Muitas vezes, os historiad ores definiram a ciais adotadas nas Guianas, durante a segurida metade do século
XVIII, a exemplo do comérci o das drogas corantes e do cultivo do
região como uma zona periférica da econom ia do Atlântic o Sul,
cacau, experiências compart ilhadas entre as duas regiões frontei-
ignorando escolhas não ortodoxas, motivad as por caracterí sti-
riças (MARTINIERE, 1991, p. 120-21).
cas peculiares, como veremos. Entretan to, é possível dizer que as
Não é possível falarmos de fronteiras econômicas da Amazô-
peculiaridades da Amazônia, e sua condição de fronteira, nunca
nia sem citar o historiad or amazone nse Arthur Cezar Ferreira Reis
estiveram completamente ausentes da reflexão de uma parte da his-
( 1906-1993). Reis é um pioneiro na busca pela dimensão comparada
toriografia nacional. Apesar disso, os estudos realizados, até finais
entre economias e processos de ocupação, ao traçar paralelos entre a
do século XX, parecem, invariavelmente, limitado s a uma certa
Amazônia portuguesa, o Estado do Brasil e as índias de Castela. Se
noção de formação -do território nacional, -a-o buscar um-mo-delo
não é possível negar, em sua obra, uma prevalência do conquistador
geral de desenvolvimento do "capitalismo" no Brasil, padrões ainda
português, em comparação, por exemplo, com o esparihol, o fran-
tributários dos conhecidos clássicos da história econômi ca, como
cês ou o holandês, bem como uma certa linearida de no processo
Roberto Simonsen (1937), Caio Prado Júnior (1942) e Celso Fur-
de ocupação produtiv a da chamada costa Leste-Oeste, Reis, por
tado (1987). Nesse sentido, a dimensã o compara da s'ervia, muitas outro lado, é um dos primeiro s a reconhec er os limites da adoção
vezes, para confirmar a regra, ao constata r a natureza periféric a de de grandes modelos de desenvolvimento econômico, pautados na
economias similares, como a do Grão-Pará e a da Guiana Francesa, noção de formação nacional, aplicados à Amazôn ia (REIS, 1993).
por exemplo (CARDOSO, 1984).
Ao mesmo tempo, Reis reconhece que a própria 'J\rnazôn iá' é um
EMm 1935' no seu Expansão Geográfica do Brasil Colonial• Basí- conceito arbitrário, fruto da necessidade funcional de aproxim ar
lio de agalh- ·, ·
·- . a~s Jª antecipava a ideia de que a condição limítrofe economias, ecologias, sociedades e culturas bem diversas entre si
da reg1ao tena sido um .
) . enseJo, no contexto da União Ibérica (1580- (REIS, 2001, p. 18).
1640 , a proJetos econômicos que d
portugueses e espanh , . A b pu essem aproxim ar interesses Sobre a historiografia local, durante quase todo o século XX,
ois. o ra de Mag lh- -
da ocupação do Atlan ' t· " . ª aes propoe uma história houve uma ausência de trabalhos comparativos entre as capitanias
ico setentrional" ·
do próprio Estado do M h- ' CUJO processo de criação que formavam o antigo Estado do Maranhã o e que ensejassem uma
aran ao, em 1621, estaria inserido numa

24 25
f.$W-1t êk

. despeito das flagrantes intera ções comer ciais , 2013) .


visão de conJunto, a . as pecul iarida des da região (CO ~A. 2011; XIME NDES
aso da produ ção maran hense , mmta s vezes, mara nhens es,
entre as partes. No c . . . . . Temas como O perfil socio econô mico das elites luso-
· a empírica estava restri ta aos hm1tes da capita..nia traba lho
. .
a propn a pesqu1s - . d sistem a de crédit os e as moda lidad es de empr éstim os,
o da ilha do Mara nhao, 1gnor an o ammd e
0
mesm ena e africa no), circul ação de pro-
doMaranh ao,
- ou livre e trabal ho escrav o (indíg
semelhantes que se desenvolviam, ao mesm o tempo, no o, a partic ipaçã o
processoS dutos, inclui ndo o tráfic o irregu lar, contr aband
, 1954; olhar sobre
Pará, Piauí, Rio Negro, ou no Cabo do Norte (VIVEIROS das mulhe res, passa m a fazer parte de um renov ado
2005;
MEIRELES, 1980; TRIBUZI, 1981). O mesm o pode se dizer com
0
proce sso econô mico local (MOTA, 2006; MAR CON DES,
histór ia .
relação à capitania do Pará e às páginas dedic adas a sua PEREIRA; PACH ECO FILH O; CO ~A, 2014)
iras do
econômica (CRUZ, 1973, p. 63-12 5), limita da pelas fronte
a ofusc ada pelo
moderno Estado da federação, e em grand e medid Rota s e rede s do com ércio
mico
fausto e influência do períod o áureo do desenvolvimento econô ao tema
mead os do século XIX e A econo mia amaz ônica parec e ser irrem ediav elmen te ligada
da região, com a exploração do látex entre a histor io-
histor iador das rotas, camin hos fluviais e marít imos. Não obsta nte,
princípios do século XX, como já se queixava o clássico tais quest ões
grafia ainda não deu o devid o valor ao tema. Não que
Manuel Barata (1915). havia estab e-
s fossem comp letam ente novas. Afina l, Russe ll-Wo od já
No caso do Maranhão propr iamen te dito, herde iros direto Portu guesa ,
historia- lecido três possíveis rotas inter- regio nais para a Amér ica
do trabalho original de Raim undo Gaioso (1818 ), esses camin hos ª1Ilaz ônico s,
s funda menta is na época, entre os séculos XVII e XVII I, inclu indo os
dores estavam preocupados com tópico galês, as vias
luso-m a- quer sejam fluviais ou oceân icos. Para o histo riado r
tais como o processo de empobrecimento da socie dade ica lusa em
mica por onde a rique za circul ava desen volvi am-se na Amér
ranhense, a ruína do Estado ou as raízes da decad ência econô rcio local emi-
do comé rcio de algod ão dimen sões espaciais, a parti r de três forma s: o comé
da "províncià; em consequência da queda a troca de
nteme nte, nente mente costeiro; o comé rcio de gross o trato oceân ico;
durante o final do século XIX (BASÍLIO, 2018) . Evide -WOO D,
sobre a produ tos específicos entre as regiõe s e capitanias (RUS SELL
não se poderia esperar nenhu ma reflexão mais sistemática e conte mpla vam
hoje cham amos de Amaz ônia 1992, p. 65). As rotas amaz ônica s eram lubrid as
macrorregião socioeconômica que e fluviais
s conex ões os três forma tos, transi tando entre terra, águas salga das
portuguesa, embora se reconhecesse, aqui e ali, as muita . Para Rus-
entre as capitanias e a un·p ortAanc1a ºal
· d a red e fl UVI nesse processo. (HOR CH, 1985; LOPES, 2013; BASTOS; LOPES, 2015)
entre as
- sell-W ood, estava clara a existê ncia de uma relaçã o direta
Nos últimos anos, entretanto, a historiografia tem redimensio do em cada
nado • , .
muitos aspectos n o que diz respeito a circulação de produ tos e condições de circul ação e o padrã o econô mico adota
, . za fluía tinha
·
as formulas econômicascn ·d ~onquista. Em outra s palav ras, a forma como a rique
- a asnaA mazô niapo rtugu esa' emco m- nistra ção
paraçao com o Estado do B il , impac to sobre a organ izaçã o da vida econô mica e admi
p d . . ras , e mesm o com as India s de Castela. D, 2010, p. 117).
" 1 . I"
o er-se-1a dizer que o espaço co oma retom ou protag onism o, das redes comerciais, em geral (RUS SELL -WOO
ganh d . ira do
°
an uma dimensão propname ·
produção foi 1· . . . de brasili · tnte transf.ronteiriça. Parte
dessa . O antigo Estad o do Mara nhão não perte ncia à carre
es como área
mciativa Bra~~-~orta nto, a própr ia noção que defin e essas regiõ
ram da história do Maranh- ams as especializados ou que trata- herde ira de
ALDEN, penfe nca do desen volvi mento do comé rcio do Brasi l,
1984; GóMEZ GON ZAL; ;do Grão-Pará (GROSS, 1969; a ser redim ensio nada.
, 2_014; HERZOG, 2015; MAR QUES, uma vertente da Teoria da Depe ndênc ia, precis
2009). Outros estudos tudo
'fi mono grafic os têm ti d A geografia da conqu ista não explica, evide nteme nte, , mas era
• .
espec1 cas, revisitando c1ass1ca oca o em quest ões mais el t da época ,
·
s prem issas, mas sem negligenciar emen o a ser consi derad o pelos home ns e mulh eres

26
27
. t essavam pelo comércio. Em geral, as rotas
d squesem er
sobretu O ao , . da Amazônia portuguesa são formadas abertura da fronteira da pecuária (CABRAL, 1992; MOTT, :ºl?;
, . ara o comeroo
possiveis P d te a Norte Equatorial e a Contracorrente SILVA 2016). De fato, a historiografia tem enfatizado a ausenc1a
d . istemas e corren ' de est;adas e caminhos viáveis que pudessem conectar mercados,
por ois _s . Amazônia integra naturalmente um conjunto.
E atonal Assim, a .b d , do anterior ao século XIX (RUSSELL--WOOD, 1992, t
qu · tam a Guiana ao mar do Car1 e, e um lado num peno
d carreiras que conec ' 79) Durante todo o século XVII, por exemplo, a rota t~rres re
e A ores e às ilhas do Atlântico, de outro. No caso da P· B. . Maranhão é realizada a partir da serra de Ib1apaba,
as Bahamas aos Ç • f' • Sal entre ras11 e . b ·
_ · ortanto há uma barreira 1S1ca entre vador
navegaçao costeira, P • . . localizada entre o Ceará e o Piauí. A jornada pela Ib1apa a resum1a
_ , ilho que qualquer negociante, . financista ou con- ·t dos perigos inerentes às rotas terrestres, matas densas, deslo-
e Sao Lms, empec
trabandista, levaria em consideração. Essa realidade faz com que a mm os - m
d as naçoes · d'
camento d emorado, P erigo de enfrentamento . 1genas
conexaoen- tre O Maranhão e Angola, por exemplo, seja dificultosa, . . . as o problema do abastecimento, da falta de sertanistas expe-
ao passo que, a Partir do porto de São Luís, seria possível acessar, sem
imrrug , navegad. ores d a, época
l das·
.
nentes nessa rot a, em comparaça-0 -com os
dificuldades, o Golfo da Guiné (RUSSELL-WOOD, 1992, p. 52-55). .
Por tud o isso, a economia da Amazônia parece ser mseparave
Do ponto de vista técnico, concernente às práticas de navega- vicissitudes dos rios e mares e das estratégias encontradas para
ção, 0 Grão-Pará e Maranhão fazem parte do circuito d~ ~avegação conectar as suas margens.
do Atlântico Norte. Com efeito, qualquer navegador, mm1mamente
bem informado na época, sabia que os navios chegariam mais facil- o debate agricultura versus extrativismo
mente aos portos europeus, saídos de Belém ou São Luís, mas que Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a economia da regiã~ ~azô-
tardariam mais tempo a partir do Recife ou do Rio de Janeiro. De fato, nica propriamente dita - que englobava o territóri~ da c~p1~arna d~
uma viagem entre Lisboa e São Luís durava cerca de cinco semanas, Pará, 0 qual se estendia até o alto rio Negro e alto no Solimoes - foi
ao passo que de Lisboa para o Recife, a jornada tardava cerca de 65 dominada em grande parte pela extração de produtos da floresta.
dias (RUSSELL-WOOD, 1992, p. 52-55). O conhecimento sobre Cacau, cravo do Mararihão (ou pau-cravo ou cravo de casca), sal-
o regime de ventos alísios, também, era relevante. Viagens para o saparrilha, óleo de copaiba, cascos de tartaruga e, já para finais do
Brasil eram realizadas acessando os ventos de Sudeste, entre abril e século XVIII, castanha e até borracha foram os principais produtos
outubro. Entre o Maranhão e a Europa, o limite técnico era julho; de exportação embarcados no porto de Belém. Embora, no caso
preferencialmente, viajava-se em abril ou maio para o porto de do cacau, desde finais do século XVII, parte da produção também
Belém (MAURO, 1997, p. 112). Mercadorias, pessoas e informações derivasse do cultivo, não há dúvida da importância fundamental das
sempre faziam a travessia para a Europa utilizando as ilhas atlânticas atividades extrativas para o funcionamento da economia amazônica.
como escala. As ilhas atlânticas, com efeito, constituem parte funda- Essa realidade ensejou um debate na historiografia sobre as
mental da história econômica do Maranhão e Grão-Pará, essenciais razões que teriam levado a essa trajetória singular no contexto do
no pr~cesso de conquista e povoamento, papel parecido com o que restante das conquistas portuguesas na América. A h istoriografia
exerciam no restante do mundo caribenho (RODRIGUES, 2003, clássica apostou principalmente no argumento da impossibilidade
p. lSO; CHAMBOULEYRON, 2008; SOLBES FERRI, 2018). de desenvolvimento de uma agricultura de exportação, à seme-
As rotas do comércio entre os séculos XVII e XVIII claro lhança da indústria açucareira da Bahia e Pernambuco, por exemplo.
estava, eram caminhos . . . '
. pnontanamente aquáticos, inclusive os com- De fato, o açúcar se tornou o grande horizonte para se pensar o
p1exos cammhos internos E t t -
importância p t . d · n re anto, nao se pode negligenciar a desenvolvimento amazônico, até porque a conquista inicial da
os enor as novas r t
o as terrestres, principalmente na

28 29
região esteve princi palme nte a cargo de elites perna mbuc anas
que
viram a região como um campo aberto para ascen são e afirma
ção
social (CARDOSO, 2017). exportação do restante da América portuguesa (SCHWARTZ, 1997,
p. 465). Assim, a Amazônia estaria caracterizada pelo fracasso de
Autores clássicos como Rober to Simon sen ( 1937), Caio Prado se
estabelecer uma economia de exportação, dispersão da população,
Jr. (1945) e Celso Furtad o (1959), por exemp lo, acentu aram as
difi- mínim a presença de africanos, independência dos governos locais,
culdades e impossibilidade de desen volvim ento da agricu ltura, mestiçagem e, principalmente, pelo papel central dos índios na
em
razão de condiç ões desfavoráveis que iam desde a qualid ade região (SCHWARTZ, 1997, p. 473,47 5).
dos
solos até a crise e desorg anizaç ão dos merca dos mund iais de Historiografia recente tem procu rado repensar esta pers-
açú-
car. Assim, a econo mia amazô nica se caract erizar ia tanto pela pectiva. Não se trata de reiterar argumentos clássicos como o do
sua
ligação ao mund o da floresta e explor ação extrat iva de seus gênero impor tante histor iador amazonense Arthu r Cezar Ferreira Reis
s,
como pela forte depen dência da mão de obra indíge na, à diferen sobre o sucesso dos empre endim entos agrícolas e coloniais
ça na
de várias regiões econô micas do litoral da Amér ica portug Amaz ônia (claram ente inspir ados na sua própri a participação
uesa.
Disso derivou o isolamento amazô nico (FURTADO, 1987, p. 67-68) política nas políticas de incentivo econômico à região amazônica
,
a centralidade econô mica das orden s religiosas, notad ament dos anos 1950 e 1960), expresso em um texto de síntese sobre
e os a
jesuítas (SIMONSEN, 1937, p. 115, 128, 138-139; PRAD O JÚNIO história econô mica da região (REIS, 1974).
R,
1987, p. 70-71), a disper são popul aciona l e a inexis tência de O que tem se tentad o fazer é apostar na compreensão das
uma especificidades da região amazônica, sem necessariamente atrelá-
base fundiá ria para a produ ção econô mica (PRA DO JÚNIO la
R, do ponto de vista explicativo ao restante da América portuguesa.
1987, p. 72). Ao mesm o tempo , defen dem esses autores, a econo
mia Assim, uma reflexão desenvolvida nos últimos anos foi a de com-
das drogas e a centra lidade da força de trabal ho indíge na tiveram
preender a consolidação da economia das drogas do sertão sem
uma impor tante dimen são territo rial, ao permi tir o esprai ament
o pensá-la a partir de uma narrativa da incompletude, reiterada pela
dos portugueses (leigos e missio nários ) pelo imens o vale amazô
- historiografia. Tal narrativa pode ser traduzida pela ideia de que
nico (SIMONSEN, 1937, p. 139; PRAD O JúNIO R, 1987, p. 69-72; éo
fracasso de uma suposta economia agrícola que leva os portugueses
FURTADO, 1987, p. 68). a
se voltarem para a floresta e seus produ tos e, consequentemente,
Essa interp retaçã o acerca da região amazô nica se desdo brou à incorporação do trabalho indígena (e não africano) como força
em trabalhos posteriores que reitera ram os princi pais eleme motriz das atividades econômicas.
ntos
dessa explicação. Ciro Flama rion Cardo so (1984), em obra Não há dúvid a da impor tância de um ideal agrícola para se
com-
parativa sobre a Guian a Francesa e o Pará, por exemp lo, retom pensar o desenvolvimento das colônias. Mas o que uma recent
aa e
incipiência da agricultura até meado s do século XVIII ( apesar historiografia aponta é para a necessidade de se pensa r e perce-
dos
incentivos da Coroa), a centra lidade do trabal ho indíge na, a ber outras conexões econômicas que não apenas a do açúcar,
natu- ou,
reza predatória da exploração das droga s do sertão e a impor tância se preferirmos, a da monoc ultura agroexportadora beneficiada pela
econômica das orden s religiosas (CAR DOSO , 1984, p. 95-10 mão de obra escravizada africana. Assim, a emergência de produ
3). tos
Apesar das reformas pombalinas, esse quadr o revela ria a "figur como o cacau e o cravo de casca tem sido associada a conjun turas
a de
zona marginal no grande conju nto brasileiro'' (CAR DOSO , econô micas específicas (não "brasileiras") que levara m a Coroa
1984,
P· 104), após dois séculos de colonização. No mesm o sentid o, Stuart portug uesa a promo ver e incentivar a exploração desses gênero
s.
Schwartz em trab Ih d , . E aqui temos que levar em conta també m a importância do períod
' a o e smtese, public ado inicia lment e em 1984, o
defende a integraça·0 · al d a reg1ao
•- amazo,
margm nica à econo mia· de

30
31
. . , . ( l 580-1640) e suas implicações para entender
da monarqUia 1benca ._ • .
C se voltou para a reg1ao amazoruca. tema clássico da historiografia amazônica, indicam, para além da
a maneira como a oroa - · rtância do tráfico transamazônico e continental de escravos
O incremento da circulaçao entre o mundo 1mpo • .
No caso do cacau, ·- para O funcionamento da econo~ia _e da a~ic~tura amazomcas~
rtugues • e casteIhanO, em tempos da umao das duas Coroas,
inclusive de exportação, a escravizaçao dos mdios como uma fun
na Espanha e no, restante da
o aumento d o consumO de chocolate
po
<lamentai atividade econômica no mundo amazônico (SOMMER,
Europa, a partir . da segunda metade do século XVII, alem 1 da .expe- 2005; PELEGRINO, 2015, p. 126-161; DIAS; BOMBARDI, 2016).
. • . •
nenc1a exitosa e pr d odução de cacau nas terras de Caste_a, enseJaram A agricultura, nesse sentido, tem também sido repensa~a
.
um mteresse c1ar0 da Coroa portuguesa na exploraçao
. __ vastos
dos
· ortante atividade econômica em expansão desde• finais .
que viceJ·avam em diversos nos da reg1ao, como como 1mp
·
cacaua1s na ur t ai·s do século XVII a meados do século XVIII. Textos recentes tem dis-
0 Amazonas e O
Madeira (CHAMBOULEYRON, 2014). Não sem cutido a expansão econômica e territorial a partir ~esse momento,
razão, houve inúmeros incentivos para o cultivo do cac~u, que, de ue ensejou um incremento do assentamento -em areas que pode-
fato, se desenvolveu e expandiu a partir de finais do seculo XVII ~amos denominar de fronteiras internas, notadamente, o complexo
(CHAMBOULEYRON, 2019). fluvial dominado pelo rio Tocantins, nas proximidades da cidade
No caso do cravo de casca, apesar de se tratar de uma planta de Belém, incluindo porções orientais da ilha do Marajó (ou Ilha
propriamente amazônica, sua valorização por parte dos portu~eses Grande de Joanes) (SOUZA FILHO, 2016), bem como as campinas
decorreu notadamente da crise do império português no Oriente para pastoreio nos sertões orientais do Estado do Maranhão, nas
e do interesse crescente em encontrar um sucedâneo americano capitanias do Maranhão e do Piauí (ROLAND, 2018).
(no caso, amazônico) para algumas das especiarias mais importan- Essa produção historiográfica se enquadra num outro debate
tes do comércio asiático (CARDOSO, 2015). Não sem razão, como fundamental sobre a história econômica da Amazônia colonial, que é
ocorreu com outras partes da América portuguesa, houve intentos o papel e a extensão da influência das reformas pombalinas na região.
de transplantação de espécies asiáticas no Estado do Maranhão
(LAPA, 1973; ALMEIDA, 1975). As reformas pombalinas
Por outro lado, a dicotomia agricultura versus extrativismo Tal qual para outras regiões da América portuguesa, a ascensão de
tem sido também reavaliada. O que se busca agora é compreen-
Sebastião José de Carvalho e Melo ao poder e o reinado josefino
der a complexa inter-relação entre os dois tipos de atividade têm sido considerados um marco para a história econômica, política
econômica, desvendando os seus diversos imbricamentos. Assim, e social do antigo Estado do Maranhão e Pará. Não há dúvida das
diversos trabalhos apontam para a interdependência entre o cul- inúmeras transformações que o novo ministro ensejou, a começar
tivo de cana-de-açúcar e mandioca, para produção de aguardente com a própria alteração do estatuto administrativo dessa província
e farinha, por exemplo, e as jornadas· ao sertão em busca de dro- norte da América portuguesa: a sua recriação em Estado do Grão-
gas e também de índios escravos e livres (CRUZ, 2011; RAVENA; -Pará e Maranhão, a criação da capitania de São José do Rio Negro,
ACEVEDO MARIN, 2013; DIAS, 2014, p. 179-307). Um trabalho na década de 1750, a consolidação do governo da capitania do
recente mostrou como se articularam as dinâmicas fiscais em torno Piauí, na década de 1760, e a transformação da cidade de Belém em
à economia das drogas do sertão, no contexto mais geral do fim- capital oficial do novo Estado (SANTOS, 2011). É preciso lembrar
cionamento das atividades econômicas do Estado do Maranhão e igualmente do contexto de demarcações de fronteiras, suscitado pela
Pará (NEVES NETO, 2019). Do mesmo modo, estudos que abor- assinatura do Tratado de Madri, em 1750 (DOMINGUES, 2000).
dam a temática da escravização e do trabalho forçado dos índios,

l 32
33
wz,~ee

_ d !'herdade dos índios (1755), o fim do


e do Pará, notadam ente a partir dos anos 1760 (CARRE IRA, 1988;
Finalmente, a decretaça o. ª. 1 .1 ..1·os nos aldeame ntos (1755) e a
ai dos m1ss1oncu SILVA, 2008; HAWTH ORNE, 2010). A dinamiz ação do tráfico
governo temp~r , . d 1- di s como forma de governo civil das
- dO D!fetono os n °,
gora transform adas em vilas e lugares
negreiro teria permitid o ao Estado do Grão-Pa rá e Maranhã o final-
instalaçao . . , .
anti as aldeias m1ss10nanas, a , . mente se conectar aos circuitos atlânticos. E aqui há que se distingu ir
g . 1 t foram responsáveis por uma sene de a maneira como a historiog rafia tem pensado o caso das duas prin-
de índios (1758), igua men e , . .
• conômic as e de poder constrmd as, pnnc1- cipais capitania s do território setentrio nal.
mudanças nas re1açoes e . .
1 • n 1·co, como tem discutido a h1stonog rafia No caso da capitani a do Maranhã o, consider a-se qu e até a
paimente no va e amazo
ER 2000·' SAMPAIO, 2012; ROLLER, 2014; instalaçã o da Compan hia de Comérci o as atividade s econômi cas
recentemente (SOMM ,
COELHO, 2016; COELHO; MELO, 2016). patinava m e o isolamen to era a regra geral. As medidas pombali nas,
Para além dessas questões, a atuação da Compan hia Geral dentre elas a criação da Compan hia, teriam ensejado o desenvo l-
do Grão-Pará e Maranhão (1755-1777) tem sido objeto de ampla e vimento econômi co, não necessariamente de maneira imediata ,
importante discussão central para os debates sobre a história eco- principa lmente com incentiv os à exploraç ão do arroz (Carolin a)
nômica da região. Criada em 1755, essa companh ia de comércio e do algodão nos diversos rios da capitani a, como o ltapecur u,
monopolista tinha como objetivo estimula r o desenvo lvimento o Mearim e a hoje denomin ada baixada maranhe nse, e também
econômico da região amazônica e o incremen to do comércio com por meio de novas oportunidades para as elites locais e adventíc ios
o reino, principalmente por meio da dinamiza ção da produçã o (CAMPO S, 2010; MOTA, 2012; ASSUNÇÃO, 2015, p. 250). Assim,
agrícola associada ao envio de escravizados africanos para a região. a economi a política do período pombali no é considerada um ver-
É em torno do impacto das ações da Compan hia ( que de
. <ladeiro marco da transfor mação do Maranhã o em capitania d e
exportação e de sua integraç ão aos mercado s atlântico s.
qualquer modo não pode ser dissociad o das demais políticas do
período, ligadas ao território e ao mundo do trabalho ) que boa No caso da capitania do Pará, a situação é mais complexa,
parte da discussão bibliográfica se articula. Não se trata aqui de uma vez que a economi a das drogas do sertão, ao lado da agri-
abordar o debate em torno da economi a política josefina, inclusive cultura, manteve -se fundame ntal, o que significo u a centralid ade
com relação à América portuguesa, o que tem sido feito por uma do trabalho indígena. A distribui ção de africanos foi desigual e
historiografia já consolidada, mas sim de chamar a atenção para amplas e vastas áreas do Grão-Pa rá e do rio Negro mantive ram-se
o fato de que a instauração da Compan hia Geral do Grão-Pa rá e fortemen te depende ntes do trabalho dos índios (SAMPA IO 2012·
Maranhão tem sido tomada pelos estudiosos como um marco para VI~IRA J~IOR , 2019). De qualque r modo, às políticas, pom~
o desenvolvimento econômico da região. Diferent emente de outros bahnas e a Compan hia Geral são tributado s o desenvolvimento
temas da ~ist~ria econômica da região, com relação à Compan hia ~grícola da região e a formação do campesi nato, bem como a sua
mserção nos circuitos atlântico s por meio não só do increm ento da
Geral, a histono_grafia conta com dois trabalhos de fôlego, que hoje
produção (CARDO SO, 1984, p. 102-103; ÃNGELO -MENEZ ES,
podem ser considerados clássicos, escritos por Manuel Nunes Dias
(1970) e por António Carreira (1988). · l999: ACEVED O MARIN, 2000; BARBOSA, 2017; COSTA, 2019),
Manuel Nunes Dias (1970) , num trabalho de ampla pesqmsa . mas ~gu_a lmente pela integraçã o aos m ercados africanos . O próprio
c~me~c10 ~o sertão - em grande medida ainda uma grande lacuna
do~umental, chamou inicialmente a atenção para o papel da Campa- objeto da regulaçã o pombali na, g raças
nhia no fomento e incremento d d - ,· h1stonog
, . _ - teria sido
ráfica
. . a pro uçao agncola, principal mente
por me10 da mtroduçã o de e . d . a mtervenç ao do Estado por meio da criação das vilas de índios e
scraviza os afncanos·' estes ' de fato ' do seu governo civil e econômi co (ROLLER, 2010).
passaram a che d
gar em gran e número às capitanias do Maranhão

34 35
• t mado a Companh ia Geral, expio- No caso do algodão, produto de interesse para a litera~ra
Trabalhos recentes tem re o .d
. l - s interesses locais e, nesse senti o, lino econômic a da região, o Maranhão chegou a ser o segundo ~a1or
d sua articu açao ao e te ortador da América portuguesa, período em que os negociant es
ran o a ,: balinas a1·udando a consolidar uma exp d · ·
t xto das re1ormas pom , . 1 .
con e . ..,: . d articulaçõe s comerciais das ehtes oca1s desse gênero auferiam lucros de mais de 4~%, segun estrmat1~as
o
antil ou mteuenn o nas de Matthias Rõhrig Assunção (ASSUNÇ AO, 2000, p. 32). ~ ssrm
~~~ZA JúNIOR, 2012; MARTINS, 2019). Do mesmo modo, ~em- como outros gêneros, o transporte do algodão cru dependia dos
( fu d do a inserça-o e implicações das dinâmicas mercantis da
-seapro n ª OS 2019) caminhos fluviais e de rotas internas que ligavam o litoral a~ ser-
própria metrópole na atuação da Companhi a Geral (MAT , .
- o produto era levado, via de regra, para São Lu ís a partir
tao. M
das
·
Jantações estabelecid as às m argens dos rios Itapecuru e eanm.
Lavoura em finais do século XVIII: arroz, algodão ~ ós ser transporta do em canoas, o produto era distribuíd o por
e cacau to~a a Europa pela ação de agentes ingleses. Aliás, a agência de e~e-
As últimas décadas do século XVIII assistem ao desenvolvimento da mentos não portugues es, principalm ente britânicos , nesse negócio,
lavoura no Maranhão e no Pará, processo, como vimos, em grande ainda é um tema a ser devidame nte explorado (PAULA; SILVA,
medida atribuído aos desdobramentos das políticas pombalina s 2009, p. 131 -145).
para a região. A historiografia chamou a atenção para uma atlanti- Com relação ao algodão, em geral, os trabalhos têm se con -
zação das atividades econômicas da região, com franco suporte em centrado principalm ente no comércio internacio nal do produto e
políticas oficiais do reino, atento à descoberta de novos gêneros ou no papel do algodão maran hense (e do restante da América p or-
ao redimensionamento dos produtos já conhecidos. De fato, como tuguesa, como o de Pernambu co) n o contexto da denomin ada
vimos, a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão dinamizou revolução industrial (ARRUDA, 20 16; MARTINS; MELO, 20 19),
certos processos, sobretudo de distribuição de gêneros, incentivo à inclusive revendo a tradiciona l hipótese de que o avanço do algodão
circulação de navios, disposição da mão de obra africana, sobretudo na América portugues a seria decorrent e da crise na produção norte-
oriunda da praça de Cacheu. Apesar disso, há registros de inúmeras -american a e cariben ha (PEREIRA 2018); p or outro lado, tentando
tensões entre produtores, fazendeiros e autoridades da Companhi a, entender as razões para a crise do algodão nas políticas fiscais por-
em função do sistema de créditos abusivo adotado (ASSUNÇÃO, tuguesas, a partir de 1808, para além dos argument os relacionad os
2000; SOUZA JÚNIOR, 2012). à queda dos preços, escassez de mão de obra e custos de transport e
(PEREIRA, 2017). Embora haja trabalhos que estudem o impacto
Embora não haja um estudo aprofunda do dos principais pro-
do desenvolv imento da lavoura do algo dão (e do arroz) na forma-
dutos explorados na segunda metade do século XVIII, notadame nte
ção das familias ligadas a sua produção e comércio (MOTA, 2006;
a partir dos anos 1770, a historiografia tem avançado em diversos
MOTA, 2012), para as décadas fin ais do século XVIII, infelizme nte,
aspectos do desenvolvimento das principais lavouras desse período:
não há trabalhos que se debrucem sobre as dinâmicas de produção ,
cacau (na capitania do Pará), arroz (no Maranhão e Pará) e algo-
territorialização, e mesmo que aprofunde m as dinâmica s do traba-
d:o_(no Maranhão). Para o caso da capitania do Maranhão, não há
lho escravo, para além do tráfico negreiro.
duvida de que o legado do texto escrito em princípios do século
O arroz foi igualment e lavoura imp ortante no Maranhão e no
XIX por Raimundo Gaioso foi fundamental, apontando dados e
descrevend o processos que senam • b Pará, fruto do incentivo da Coroa para o cultivo do chamado arroz
. corro orados pelas gerações
postenores. Entretanto, boa parte do que se sabe sobre esse mer- de Carolina, embora houvesse cultivo anterior do chamado "arroz da
cado tem como bas ,• d terra''. Foi durante a criação do Estado do Maranhão e Piauí, 1775 a
e empmca a ocumenta ção sobre o século XIX.

36 37
- s primeiros engenhos de arroz, respon- • · d , das do século XIX' argumentan do sobre a necessidade
, . d pnme1ras eca _
779 e se estabe1eceram o
1 , qu E am no início umas poucas fabricas e
h . de se superar a ideia de que ela decorreu de uma crise d a exportaçao.
d ndo à demanda externa. r , , -
e d - A partir de então, a produçao con ecena Há que se considerar, segundo o autor, "as estrut~as de consum~, os
processamento o grao. alh . t
. ificativo em arrobas anuais. Trab os lnlportan es investiment os na agricultura, assim como a relaçao entre fazend eiros
um aumento s1gn _
o a questão do tráfico negreiro e sua relaçao com o e negociantes, e a ação do Estado': bem ~o~o o fat~ de que o set~r
têmaprofundad rtação parece ter perdido importanc1 a relativa na economia
cultivo do arroz, principalmente para-º Maranhão ( CARN~Y, 200_4; d eexpo « · . . - ,, d f .d d
HAWTHORNE, 2010; BARROSO JUNIOR, 2011), mas a~d~ nao do Maranhão, caracterizan do uma mtenonzaç ao as a 1VI a es
há trabalho de fôlego sobre a economia do arroz na capitama do econômicas da região (ASSUNÇÃ O, 2015, p. 250).
Maranhão, apesar de sua importância , inclusive dando conta das Quanto ao cacau, na capitania do Pará, apesar da importân-
dinâmicas de ocupação do espaço, de produção e de trabalho. cia do produto para a economia amazônica, tendo representad o o
Para o Pará, Rosa Acevedo Marin (2005) publicou importante principal produto da sua pauta de e~o.r tação, ~ont~--se com po~cos
texto analisando os desdobrame ntos do incentivo ao cultivo de trabalhos sobre a produção, as dinam1cas terntonais que enseJOU,
arroz no Pará, principalmente, na região do Cabo do Norte (região as transformaç ões da força de trabalho, notadamen te em finais do
que corresponde aproximadamente ao atual estado do Amapá), século XVIII, quando novas regiões de cultivo se destacam n o rio
explicando as dificuldades sofridas pelos lavradores em razão da Tocantins e no médio Amazonas. Em texto pioneiro, Dauril Alden
própria política de comercialização da Companhia Geral. Significati- ( 1976) procurou dar conta das dinâmicas de produção e comercia-
vamente estatísticas coletadas em clássico de Manuel Barata indicam lização do produto ao longo do período colonial, concentran do-se
um considerável incremento da exportação de arroz "paraense" para mais no comércio. Argumenta que a Companhia Geral não teve
o reino, a partir de 1779 (BARATA, 1915, p. 3-10). um papel tão significativo para o desenvolvim ento da indústria do
Cabe dizer que a história da lavoura na capitania do Maranhão, cacau - contrariame nte, sobretudo, à perspectiva de Manuel N unes
especificamente, exerce, ainda, um papel fundamenta l na memória Dias (1962) - e indica a forte reexportaçã o do produto de Lisboa,
historiográfica e social da região. A ascensão e queda das grandes nos anos posteriores ao monopólio.
fazendas, a fundação das fábricas e engenhos, de algodão e arroz, Pesquisas recentes têm indicado a importânci a do médio
a influência sobre o processo de urbanização das cidades luso-ma- Amazonas (entre as vilas de Santarém e Óbidos) onde teria se
ranhenses, a organização de um novo mercado escravista são temas intensificado o cultivo do cacau, notadamen te a partir dos anos
constantes e, de certa forma, incontornáveis. É possível dizer que, 1790, vários anos após o fim da Comparihia , graças a incentivos da
de Gaioso a Jerônimo de Viveiros, passando por Mário Meireles, Coroa, como a facilitação de acesso a escravos. Esse process o teria
ª história da lavoura no Maranhão é, também, representada como levado à extensão da economia do cacau, ensejando igualmente
uma_ história das expectativas sobre o devir dessa sociedade, retros- a desterritoria lização das populações nativas. Para Mark Harris,
P:ctivamente influindo sobre a interpretação de períodos anteriores. esse processo teria tornado a estrutura agrária m ais "cindida : com
N~o por acaso, essa lavoura é, muitas vezes, apontada como uma das grandes extensões de terras cultivadas por escravos e o aumento de
raizeds do_processo de empobrecimento da região, tópica historiográ- pequenas roças de camponeses (HARRIS, 201 7, p . 168). o cacau
fi ca o discurso da decad • · · , · · t:i-rnbém seria cultivado com m ão de obra escrava n o vale d o To can-
(FARIA encia, Ja reV1sitada por diferentes autores
, 2003; MARTINS, 2006; ALMEIDA, 1983). t~ns e seus afluentes, como indicam os trabalhos de M aria d e Nazaré
Em trabalho recent Matth.ias Rongh
. e,
.. .
Assunção (2015) p·ro- Angelo-Men ezes (1998) e Carlos Eduardo Barb osa (2017), regiã o
curou re fl etu sobre as ra - d . que se tornou um dos principais polos agrícolas d o G rão-Pará.
zoes a cnse da lavoura maranhense das

38
39
Para esses autores, as décadas finais do século XVIII e as primeiras internas também ainda não foram devidamente investigadas, inclu-
décadas do século XIX indicam a lenta instalação de urnaiecono- sive as que conectam a Amazônia colonial ao Estado do Brasil, pelas
mia de base agrícola, em que o cacau tem um papel fundamental, rotas que o articulam do Piauí à Bahia e Minas Gerais e do Pará
em grande medida trabalhada por uma mão de obra escravizada
ao Mato Grosso.
de origem africana (BARROSO, 2014). De qualquer modo, o avanço da historiografia sobre a região,
Nesse quadro, uma reflexão importante ganha lugar, que é produzida nela ou sobre ela, nos permite revelar a sua complexidade
a da formação de um campesinato, inclusive de um campesinato e a necessidade urgente de compreendê-la a partir das diversas dinâ-
negro, cujo papel na produção agrícola, notadamente de produtos micas econômicas que nela se engendraram, dando-lhe um outro
de consumo interno, passa cada vez mais a ser colocado em pauta lugar no quadro mais geral 9a história da América portuguesa, que
e repensado, e que Francisco de Assis Costa (2019, p. 73-80) deno- não apenas o de uma província "periféricà' ou "marginal".
minou de "campesinato caboclo" (BARBOSA, 2017; GOMES, 2011;
ACEVEDO MARIN, 2005). Referências bibliográficas
Finalmente, os trabalhos de Matthias Rõhrig Assunção (2015)
ACEVEDO MARIN, Rosa Elizabeth. Camponeses, donos de engenhos e
e de Mark Harris (2017) buscam nas dinâmicas econômicas e sociais escravos na região do Acará nos séculos XVIII e XIX. Papers do NAEA,
da segunda metade do século XVIII, incluindo as lógicas de pro- Belém, n. 131, 2000.
dução e de organização do trabalho, com as reformas pombalinas _ _ _. Agricultura no delta do rio Amazonas: colonos produtores de
e no período posterior, elementos que ajudem a compreender as alimentos em Macapá no período colonial. Novos Cadernos NAEA, v. 8,
famosas e complexas revoltas populares da Balaiada (1838-1841), n. l , p. 73-114,2005.
no Maranhão, e da Cabanagem {1835-1840), no Pará. ALJ?EN, Dauril. Toe significance of cacao production in the amazon region
dunng ~e late colonial ~eriod: an essay in comparative economic history.
Proceedmgs of the A m erzcan Philosophical Society, Filadélfia, v. 120 n. 2
Considerações finais p. 103-135, 1976. , ,
A historiografia sobre a economia do Estado do Maranhão e Pará - - - · lndian versus black slavery in the state of Maranhão durin th
seventeenth and the e·ght 1 eenth centuries. . .
. B1blzotheca g e
Americana, Coral
tem c~rt~ente se desenvolvido recentemente, em razão, inclusive,
,
da propna expansão d os cursos d e pos-graduação Gª bles, V. 1, n . 3, p . 91-142, 1984.
nas regiões Norte
e Nordeste. Entretanto, há ainda imensas lacunas.
ALENCASTRO
• . • Luiz Feripe d e. o trato dos viventes: formação do Brasil
no atlantico sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
d . _ por exemplo• que am
É notável, _ haja obra que dê conta
. d a nao
ALMEIDA, A~fr~do Wagner Berno de. A ideologia da decadência: lei-
d a organizaçao. administrativ
_ ª d0 Estad o, inclusive do ponto de vista tur_a antropologica a uma história da agricultura do Maranh- s-
e sua organ1zaçao fazend , . Lu1s: IPES, 1983. ao. ao
Escapa-nos igual ana, apesar de alguns esforços pontuais.
mente a compreensão d dº • . ZLMEIDA, Luís Ferrand de. Aclimatação de plantas do oriente no Brasil
fundamentais co d e mam1cas econômicas
, mo a os negó · . urante os séculos XVII e XVIII. Revista Portuguesa de História Co. b
amazônico, e que env . , ~ios que se faziam no vasto sertão t. XV. p. 339-418, 1975. ' rm ra,
01viam md1os col · · af ·
portugueses outros ' ornais, ncanos, mestiços, ÂNGELO-MENEZES' M aria · d e Nazare. . . sociale des system
, Histo1re
' europeus aut ºd d .
há trabalho de fôleg0 d· '
que e conta d
onª es e missionários. Não
· • dans la vallée du Tocantins - Etat du Pará - Brésil· c0 l . . es a~aires
dans la d ·' •- · omsation europeenne
exportação da região n os prmc1pais produtos de eUXIeme mo1t1é du XVIIIe siecle et la premiere moitié d .,
, uma perspect"
dução, território e comé . iva que englobe trabalho, pro- ~ e s1e-
ele. 1998. Tese (Doutorado em História e Civilizações) - EHESS' puar1 s, 1998.
rc10, por exemplo. As dinâmicas econômicas

40 41
, . d y; le do Tocantins colonial: agricultura CARDOSO, Alírio. Especiarias na Amazônia por~gue_sa: circulaçã~_veg~--
O sistema agrano o a . , . -
_. t - Projeto Historia, Sao Pau1o, v. 18, , . atlântico no final da monarquia hispânica. Tempo, itero1,
para consumo e para expor aça0 . tal e comercio
V 1, n . 37, p. 116-133, 2015. _ _ ,
2
P· 237-259, 1999.
, b
il ·
A d de de o algodão bras eiro na epoca d a
, . Amazônia na monarquia hispânica: Maranhao e Grao-Para nos
ARRUDA Jose Jo son n ra . , .
' .al A , . Latina en la Historia Economica, v. 23, n. 2, - · d União Ibérica (1580-1655). São Paulo: Alameda, 2017.
revolução industn . merica tempos a , 1 · · ·
OSO Ciro Flamarion. Economia e sociedade em a~eas co oniais pen-
p. 167-203, 2016. . . CARD . , francesa e Pará (1750-1817). Rio de Janeiro: Graal, 1984.
ASSUNÇÃO, Matthias Rõhrig. Exportação, mercado mte~no e cnses de , . . Gmana
fiericas. . O trab alh • . ln· UNHARES Maria Yedda (org.). História
• • ·
subs1stenc1a numa província brasileira: o caso do Maranhao, 1800-1860. o na co1orna. . • .
- ·1 9 d rev. e atual. Rio de Janeiro: ElseV1er, 2000, p. 95-109.
Revista Estudos Sociedade e Agricultura, Campinas, n. 14, p. 32-71, 200?. geral do Brasi . • e · . . 1
. De caboclos a bem-te-vis: formação do campesinato numa soc1e- .th "With grains in her hair": rice in colonial Brazil. S avery
CARNEY, Ju d 1 ·
~cravista: Maranhão, 1800-1850. São Paulo: Annablume, 2015. and Abolition, Londres, v. 25, n. 1, p. 1-27, 2004. - , -
BARATA, Manuel. A antiga produção e exportação do Pará: estudo histó- CARREIRA António. A Companhia Geral do Grao-Para e Mara~hao
, ·o ,:iono,polista Portugal-África-Brasil na segunda metade do seculo
rico-econômico. Belém: Livraria Gillet, 1915. (o comerei 1 B ili INL 1988 2 vols
BARBOSA, Carlos Eduardo Costa. Planta-me no pó e não tenhas de mim XVIII). São Paulo: Companhia Editora Naciona ; r~s a: . , : . .
dó: agricultura no Grão-Pará setecentista (1750-1808). 2017. Dissertação CHAMBOULEYRON , Rafael. A Amazônia colonial e as ilhas atlanticas.
(Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Uni- Canoa do Tempo, Manaus, v. 2, n. 1, p. 187-204, 2008. ,
versidade Federal do Pará, Belém, 2017. . "Como se hace en Indias de Castilla": el cacao entre la Amazoma
BARROSO, Daniel Souza. Coletando o cacau "bravo: plantando o cacau portuguesa y las Indias de Castilla (siglos XVII y XVIII). Revista Complu-
"manso" e outros gêneros: um estudo sobre a estrutura da posse de cativos tense de Historia de América, Madrid, v. 40, p. 23-43, 2014.
no Baixo Tocantins (Grão-Pará, 1810- 1850). ln: ENCONTRO NACIONAL . Rivers and land grants in the colonial amazon region (late seven-
DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 9., 2014, São Pedro - SP. Anais... São teenth and first half ofthe eighteenth century). ln: · SOUSA, Luís
Pedro: ABEP, 2014. Disponível em: http://www.abep.org.br/publicacoes/ Costa (orgs.). Rivers and shores: 'fluviality' and the occupation of colonial
index.php/anais/article/view/2200/. Acesso em: 2 fev. 2020. Amazonia. Peterborough: Baywolf Press, 2019, p. 107-131.
BARROSO JUNIOR, Reinaldo dos Santos. O arroz de Veneza e os tra- COELHO, Mauro Cezar. Do sertão para o mar: um estudo sobre a expe-
balhadores de Guiné: a lavoura de exportação do Estado do Maranhão e riência portuguesa na América: o caso do Diretório dos Índios ( 1750-1798).
Piauí (1770-1800). Outros Tempos, São Luís, v. 8, n. 12, p. 108-127, 2011. São Paulo: Livraria da Física, 2016.
BASÍLIO, Romário Sampaio. Raimundo José de Sousa Gaioso e os 200 anos _ ___,· MELO, Vinícius Zúniga. Nem heróis, nem vilões: o lugar dos
da publicação do compêndio histórico-político dos princípios da lavoura diretores de povoações nas dinâmicas de transgressão à lei do Diretó-
do Maranhão (1818): notas bibliográficas. Outros Tempos, São Luís, v. 15, rio dos índios (1757-1798). Revista de História (USP), São Paulo, v. 174,
p. 23-48, 2018. p. 101-129, 2016.
BASTOS, Carlos Augusto; LOPES, Siméia de Nazaré. Comercio, conflíctos CORRÊA, Helidacy. Para aumento da conquista e bom governo dos mora-
Y alianzas en la frontera luso-espafiola: Capitanía de Río Negro y província dores: o papel da câmara de São Luís na conquista, defesa e organização
de Maynas, 1780-1820. Procesos: revista ecuatoriana de historia, Quito, n. do território do Maranhão (1615-1668). 2011. Tese (Doutorado em His-
41, p. 83-108, 2015.
tória) - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal
CABRAL M · dO S Fluminense, Niterói, 2011.
_ ' ana ocorro Coelho. Caminhos do gado: conquista e ocu-
paçao do Sul do Maranhão. São Luís: Sioge, 1992. COSTA, Francisco de Assis. A brief economic history of the Amazon ( 1720-
CAMPOS, Marize Helena d S h 1970). Newcastle: Cambridge Scholars Publishing, 2019.
. e. en oras donas: economia povoa-
mento e vida material t '
, , . em erras maranhenses (1755-1822) s- L , . CRUZ, Ernesto. História do Pará, v. 1. 2. ed. Belém: Governo do Estado
Cafe & Lap1s, 2010. . ao ms. do Pará, 1973.

42
43
r. . ha de "pau" e de "guerra": os usos da farinha HAWTHORNE, Walter. From Africa to Brazil: culture, identity, and
UZ R0 b rto Borges d a. rann
CR • e N rt ( 1722_1759).2011.Dissertação(Mestrad o an atlantíc slave trade, 1600-1830. Cambridge: Cambridge Univer-
de mandioca no extremo o e . ºd d
. , . . t d Filosofia e Ciências Humanas, Umvers1 a e sity Press, 2010.
em Histona) - lnstltu o e
Federal do Pará, Belém, 2011. HERZOG, Tamar. Frontiers of possession: Spain and Portugal in Europe
S Camila Loureiro. D\mazonie avant Pombal: politique, économie, and the Americas. Cambridge: Harvard University Press, 2015.
DIAt, . 2014 ,rese (Doutorado em História e Civilizações) - EHESS, HORCH, Rosemarie Erika. Tentativas de penetração amazônica por vias
tern 01re. • 1'
fluviais no século XVII. Revista da Universidade de Coimbra, Coimbra, v.
Paris, 2014.
.; BOMBARDI, Fernanda Aires. O que dizem as licenças? Flexibi- 32,p.225-238, 1985.
lização da legislação e recrutamento particular de trabalhadores indígenas KEAY, John. The spice route: a history. Berkeley: University of Califor-
no Estado do Maranhão (1680-1755). Revista de História, São Paulo, n. 175, nia Press, 2006.
p. 249-280, 2016. LAPA, José Roberto do Amaral. O problema das drogas orientais. ln:
DIAS, Manuel Nunes. As frotas do cacau da Amazônia ( 1756-1777): sub- _ _ _. Economia colonial. São Paulo: Perspectiva, 1973, p. 111-140.
sídios para o estudo do fomento ultramarino português no século XVIII. LOBO, Eulália Maria Lahmeyer. Aspectos da influência dos homens do
Revista de História (USP), São Paulo, v. 24, n. 50, p. 363-377, 1962. negócio na política comercial Ibero-Americana, século XVII. Rio de
___. Fomento e mercantilismo: a Companhia Geral do Grão-Pará e Janeiro: [s.n .), 1963.
Maranhão, 1755-1778. 2 vols. Belém: EdUFPA, 1970. LOPES, Siméia de Nazaré. As rotas do comércio do Grão-Pará: negociantes
DOMINGUES, Ângela. Quando os índios eram vassalos: colonização e e relações mercantis (c.1790 a c.1830). 2013. Tese (Doutorado em História
relações de poder no norte do Brasil na segunda metade do século XVIII. Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
Lisboa: CNCDP, 2000. MAGALHÃES, Basílio de. Expansão geográfica do Brasil colonial. São Paulo:
FARIA, Regina Helena Martins de. Repensando a pobreza no Maranhão Companhia; Brasília: INL, 1935.
(1616-1755): wna discussão preliminar. Ciências Humanas em Revista, São MARCONDES, Renato Leite. Posse de cativos no interior do Maranhão
Luís, v. 1, n. 1, p. 7-20, 2003. (1848). Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernam-
FURTADO, Celso. ( 1959). Formação econômica do Brasil. 22. ed. São Paulo: bucano, Recife, n . 6 1, p. 169-186, 2005.
Companhia Editora Nacional, 1987. MARQUES, Guida. I..:ínvention du Bresil entre deux monarchies: gouver-
GAIOSO, Raimundo José de Sousa. Compêndio histórico-político dos prin- ~e~ent et pratiques politiques de l'Amérique portugaise dans l'union
cípios da lavoura do Maranhão. Paris: P. N. Rougeron, 1818. ibenque (1580-1640). 2009. Tese (Doutorado em História e Civilizações)
- EHESS, Paris, 2009.
GOMES, Flávio dos Santos. Migrações, populações indígenas e etno-ge-
nese na América Portuguesa (Amazônia Colonial, s. XVIII). Nuevo Mundo MARTINIERE, Guy. Geopolítica do espaço português da América: o
Mundos Nuevos, Paris, 2011. ~~tado do Maranhão. ln: MAURO, Frédéric (org.). O Império Luso-Brasi-
ezro (1620- 1750), v. VII. Lisboa: Estampa, 1991, p. 103-142.
Gó~z GONZÁLEZ, Sebastián. Frontera selvática: espafioles, portugueses
Ysu dis~uta por el noroccidente amazónico, siglo XVIII. Bogotá: Instituto MARTINS, Diego de Cambraia. A Companhia Geral de Comércio do
Grão-Pará e Maranh- e os grupos mercantis . . ,
Colombiano de Antropología e Historia, 2014. ( ao no 1mperio português
c. l ~SS-c.l 787). 2019. Tese (Doutorado em História Econômica) - Uni-
GROSS, Sue. The economic life of the Estado do Maranhão e Grão Pará, verSidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
1686-1751. 1969. Tese (Doutorado em História) - Tulane University Nova
Orleans, 1969. ' _ . ; MELO, Felipe Souza. O algodão do Brasil e a economia atlântica:
comparações entre Maranhão e Pernambuco (c.1750-c.1810). ln: CON-
::!:•dMark. ~ebelíão na Amazônia: cabanagem, raça e cultura popular FERÊNCIA INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DAS EMPRESAS, 7.,
o Brasil, 1798-1840. Campinas: EdUnicamp, 2017. ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA
9 20l9, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: USP/ABPHE, 2019. '
.,

44
45
esus Barros· O'Perários da saudade: os novos ate-
MARTINS, M anoe1 d e J (1945). História econômica do Brasil. 35. ed. São Paulo:
. s e a invenção do Maranhão. São Luís: EdUFMA, 2006. - - -.
~nK « " Brasiliense, 1987.
MATOS, Frederik Luizi Andrade de. O com~rcio d~s 'drogas ~o sertão RAVENA, Nírvia; ACEVEDO MARIN, Rosa Elizabeth. A teia de relações
da Companhia Geral do, Grao-Para e Maranhao (1755-
sob o monopo'l'IO . • . entre índios e missionários: a complementaridade vital entre o abasteci-
177 8). 2019. Tese (Doutorado em Historia) -Umvers1dade Federal do mento e o extrativismo na dinâmica econômica da Amazônia Colonial.
Pará, Belém, 2019. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 29, n . 50, p. 395-420, 2013.
MAURO, Frédéric. Portugai o Brasil e o Atlântico, 1570-1670, v. 1. Lis- REIS, Arthur Cezar Ferreira. Economic history of the Brazilian Amazon.
boa: Estampa, 1997. Jn: WAGLEY, Charles (org.). Man in the Amazon. Gainesville: University
MEIRELES, Mário. História do Maranhão. São Luís: Fundação Cultural Presses ofFlorida, 1974, p. 33-44.
do Maranhão, 1980. _ _ _. Limites e demarcações na Amazônia brasileira: a fronteira com as
MOTA, Antonia da Silva. Família e fortuna no Maranhão Colônia. São colônias espanholas, v. 1. Belém: SECULT, 1993.
Luis: EdUFMA, 2006. _ _ _ . A Amaz ônia e a integridade do Brasil. Brasília: Senado
_ _ _. As Jam11ias principais: redes de poder no Maranhão colonial. São Federal, 2001.
Luis: EdUFMA, 2012. RODRIGUES, José Damião. São Miguel no século XVIII: casa, elites e poder.
MOTT, Luiz. Piauí colonial: população, economia e sociedade. 2. ed. Tere- Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2003.
sina: APL/FUNDAC, 2010. ROLAND, Sarnir Lola. Sesmarias, índios e conflitos de terra na expansão
NEVES NETO, Raimundo Moreira das. Em aumento de minha fazenda e portuguesa no vale do Parnaíba (Maranhão e Piauí, séculos XVII e XVIII).
do bem desses vassalos: a coroa, a fazenda real e os contratadores na Ama- 2018. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do
zônia colonial (séculos XVII e XVIII). Jundiaí: Paco, 2019. Pará, Belém, 2018.
PAULA, Ricardo Zimbrão Affonso de; SILVA, Mario Roberto Melo.- ROLLER, Heather Flynn. Colonial collecting expeditions and the pursuit
O comércio marítimo do Maranhão no século XIX. Revista de História of opportunities in the Amazonian sertão, c. 1750-1800. The Americas,
Econômica e Economia Regional Aplicada, v. 4, n. 6, p. 131-145, 2009. Washington, v. 66, n . 4, p. 435-467, 2010.
PELEGRINO, Alexandre de Carvalho. Donatários e poderes locais no Mara- _ _ _. Amazonian routes: indigenous mobility and colonial communities
nhão seiscentista (1621-1701). 2015. Dissertação (Mestrado em História) in northern Brazil. Stanford: Stanford University Press, 2014.
- Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Flumi- RUSS~LL-W?OD, ~ed J. R. Um mundo em movimento: os portugueses
nense, Niterói, 2015. na Afnca, Asia e America (1415-1808). Lisboa: DIFEL, 1992.
PEREIRA, Josenildo de Jesus; PACHECO FILHO, Allan. K. G.; CORREA, - - - · Padrões de colonização no império português, 1400-1800. In:
Helidacy. (orgs.). São Luís 400 anos: (con)tradições de uma cidade histó- B~THE~_C OURT, Francisco; CURTO, Diogo Ramada (orgs.). A expan-
rica. São Luís: EdUEMNCafé e Lápis, 2014. sao maritima portuguesa, 1400-1800. Lisboa: Edições 70 , 20 lo, p. 17 1-206.
PEREIRA, Thales Augusto Zamberlan. The cotton trade and brazilian SAMP~I?, Patrícia Melo. Espelhos partidos: etnia, legislação e desigualdade
foreign comrnerce during the industrial revolution. 2017. Tese (Doutorado na coloma. Manaus: EdUA, 2012.
em Economia) -Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. S_ANTO~, ~abiano Vilaça dos. O governo das conquistas do norte: trajetó -
-.- -· Th~ rise of the Brazilian cotton trade in Britain during the indus- n~s administrativas no Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1780)
tnal revolut10n. fournal ofLatin American Studies, Cambridge v. 50 n . 4 Sao Paulo: Annablume, 20ll. ·
p. 919-949, 2018. ' ' ' SCHWARTZ Stua t Pl t · .
BE ' . r . an ations and penpheries, c. 1580-c. 1750. ln:
PRADO_J~IOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São CaTH~LL,. Leshe (~rg.). -n:e Cambridge history of Latin America, v. II.
Paulo: L1vrana Martins, 1942 _ mbndge. Cambndge Umversity Press, 1997, p. 423-499.

46
47
ant ic slave tra de to Maranhao, -
da. To e atl
SILVA, Da nie l B. Do mi ng ue s . . n, Londres
0-1 846 : vo lum e, rou tes an d org am sat lon . Slavery & Abolitio
168 '
v. 29, n. 4, p. 47 7-5 01 , 200 8.
Ma irt on Ce les tin o. Um cam inh o para o Estado do Brasil: colonos )

SILVA,
esc rav os e índ ios no tem po da s con qu ist as do Estado do
mi ssi on ári os, ria) -Uni-
2016. Tese (D ou tor ad o em Histó
Ma ran hã o e Piauí, 1600-1811.
uco , Recife, 2016.
ver sid ade Fe der al de Pe rna mb Paulo:
SIMONSEN, Roberto. História
econômica do Brasil: 1500-1820. São
1937.
Co mp an hia Ed ito ra Nacional, ns and
SO MM ER , Ba rba ra An n. Negot
iated settlements: nat ive am azo nia
ad o em
gu ese po lic y in Pa rá, Bra zil, 1758-1798. 2000. Tese (D ou tor
po rtu
Mexico, Al bu qu erq ue, 2000.
Hi stó ria ) - University ofN ew ian slave
azo nia n expeditions an d the Ind
_ _ _ . Co lon y of the sertão: Am
, v. 61, n. 3, p. 401-428, 2005.
tra de. The Americas, Washington éri ca y su
egación dir ect a de Ca nar ias a Am
SOLBES FERRI, Sergio. La nav a en la
ntico, 1718-1778. América Latin
pa pe l en el sistema comercial atlá
xico, v. 25, n. 1, p. 36-97, 2018.
historia económica, Cidade do Mé azô -
FIL HO , Du rva l de. Ge op roc essamento de sesmarias na Am
SO UZ A orno
oni al. ln: GIL , Tia go Lu ís; VIL LA, Carlos Valencia (orgs.). O ret
nia col :
: sis tem as de inf orm açã o geo gráfica em his tór ia. Po rto Alegre
dos mapas
Ladeira Livros, 2016, p. 48 -68. err a
UZ A JU NI OR , Jos é Alv es. Tra ma s do cotidiano: religião, política, gu
SO
neg óci os no Gr ão- Pa rá do s set ecentos. Belém: EdUFPA, 2012.
e osta de
TRIBUZI, Bandeira. Formação
econômica do Maranhão:-uma-prÕp
on ôm ica s
açã o Ins titu to de Pesquisas Ec
desenvolvimento. São Luís: Fu nd
e Sociais, 1981.
: um viés
viano. Entre epidemia e imigração
VIEIRA JUNIOR, An ton io Ota ). 2019.
est iga ção da his tór ia da po pu laç ão no Gr ão- Pa rá (1748-1778
de inv
fes sor Tit ula r - Un ive rsi dad e Fe der al do Pa rá, Belém, 2019.
Tese pa ra Pro
S, Jer ôn im o de. His tór ia do com ércio do Maranhão, 1612-1895,
VIVEIRO
rci al do Ma ran hã o, 1954.
v. 1. São Luís: Associação Co me
r na
a mira da Câmara: viv er e tra ba lha
XIMENDES, Carlos Alberto. Sob pis, 2013.
ade de São Lu ís (16 44- 169 2). São Luís: Ed UE MA /C afé e Lá
cid

48

Você também pode gostar