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ERRO DE PROIBIÇÃO

ERRO DE PROIBIÇÃO
Nesse estudo, o erro recai sobre a potencial consciência da ilicitude, sendo tratado no art. 21
do Código Penal. Além disso, veremos os efeitos gerados nos casos de ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO,
INDIRETO (DESCRIMINANTES PUTATIVAS) e DESCRIMINANTES PUTATIVA POR ERRO DE TIPO.
ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO

Art. 21 - O desconhe-
cimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Enquanto o Erro de Tipo pode excluir o crime ou punir o indivíduo a título de culpa, o erro de
proibição isenta (quando inevitável) ou diminui de 1/6 a 1/3 a pena (quando evitável) do autor
que comete fato típico e antijurídico. O erro sobre a ilicitude do fato recai sobre a Potencial Cons-
ciência da Ilicitude, que é um dos elementos da Culpabilidade.

O desconhecimento da lei é indesculpável/inescusável, não havendo possibilidade de permis-


sivo para prática de crimes por causa disso. O conhecimento do que está escrito em lei tem presun-
ção legal. Conhecer a norma escrita é uma presunção legal absoluta. Por outro lado, o erro sobre o
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conteúdo proibitivo por causa de falta de acesso à informação, por exemplo, poderá incorrer em
erro de proibição. O autor pratica determinada conduta com vontade livre e consciente, sabendo
plenamente o que está fazendo, mas erra sobre a ilicitude do fato (conteúdo proibitivo da norma).
Exemplo: Nucci se utiliza de um exemplo bem simples de um soldado que está em guerra
juntamente de sua tropa, mas se perde dela, sem ter consciência de que, posteriormente, foi
celebrada a paz. Se esse soldado mata um inimigo acreditando que ainda está em situação
de combate, é plenamente aplicável o instituto do Erro de Proibição. Ora, o autor praticou
o homicídio com animus de cometer aquela conduta, mas errou quanto à ilicitude do fato,
pois achava que estava em período de guerra.

ESCUSÁVEL, DESCULPÁVEL OU INEVITÁVEL


Considera-se escusável quando o agente não possuía, no momento da prática delituosa,
consciência da ilicitude e nem teria condições alguma de saber o caráter ilícito do fato, por causa
das circunstâncias culturais levadas ao caso concreto, embora mentalmente são e maior de idade.
Nesses casos da falta de consciência potencial da ilicitude do fato, o autor será ISENTO DE PENA. A
banca vai tentar te enganar, afirmando que o Erro de Proibição exclui o crime, mas não é verdade.
A exclusão do crime se dá quando há a supressão de um fato típico ou quando se torna jurídico o
fato, exemplo das excludentes de ilicitude. A exclusão da culpabilidade gera a ISENÇÃO DE PENA.
ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL – ISENTO DE PENA
Holandês, com 40 anos de idade, que resolve vir ao Brasil e é flagrado fumando maconha
na rua. Na Holanda, é plenamente autorizado possuir maconha para consumo pessoal.
Indígena que foi criado em uma tribo isolada da sociedade. Ao possuir maioridade penal,
resolve conhecer a cidade de Recife e quebra uma loja que vende animais, acreditando que
está os salvando, pois na sua cultura os animais devem viver livres.

INESCUSÁVEL, INDESCULPÁVEL OU EVITÁVEL


É indesculpável quando, ainda que não plenamente, tem condições de consciência da ilicitude
diante das circunstâncias culturais. Nesses casos, o autor terá sua pena reduzida de 1/6 a 1/3.
ISENÇÃO DE PENA: DESCULPÁVEL/ESCUSÁVEL/INEVITÁVEL
REDUÇÃO DE PENA: INDESCULPÁVEL/INESCUSÁVEL/EVITÁVEL
Se a banca afirmar, simplesmente, que o indivíduo será isento de pena por cometer um
crime em Erro de Proibição, a questão estará errada!
Na mesma esteira, ao afirmar que terá sua pena reduzida de 1/6 a 1/3 por erro de proi-
bição o autor da conduta delituosa, também estará errada.
É necessário verificar o verbo “PODER” ou, em caso impositivo, observar se foi por Erro
Inevitável (que isentará a pena); ou por Erro Evitável (que reduzirá a pena – 1/6 a 1/3)

ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO E INDIRETO


o Erro de Proibição Direto recai sobre a falta de possibilidade do conhecimento da ilicitude
do fato. O agente sabe o que está fazendo, mas não tem a consciência de que é crime. Por outro
lado, o Erro de Proibição Indireto recai sobre a existência de uma excludente de ilicitude (cria na
sua cabeça uma causa de justificação que não existe) ou sobre os limites dela, sendo as descrimi-
nantes putativas.
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DESCRIMINANTE PUTATIVA
O QUE É DESCRIMINANTE?
As descriminantes são as causas legais que excluem o crime, as excludentes de ilicitude,
previstas no art. 23 do Código Penal: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
de dever legal e exercício regular de direito e outras que estão topograficamente localizadas na
Parte Especial do Código Penal, aborto praticado por médico em determinadas situações, coação
exercida para impedir suicídio, etc.

O QUE É PUTATIVO?
É aquilo que aparenta ser verdadeiro, legal e certo, mas não é. Está determinado apenas no
imaginário do agente.

DESCRIMINANTES PUTATIVAS
As descriminantes putativas ocorrem nas hipóteses em que o agente acredita estar amparado
por uma causa legal de exclusão da antijuridicidade (descriminante) que não existe (putativa). Sendo
assim, ele acredita estar amparado pelo estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
do dever legal ou exercício regular de direito, porém não há tais situações no caso concreto.
Art. 20 (...)
§1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
ͫ Podem ocorrer 3 formas diferentes de o agente fantasiar a situação de fato:
» Sobre o pressuposto fático do evento de uma causa de exclusão de ilicitude;
» Sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude;
» Sobre os limites de uma causa de exclusão da ilicitude.
O Código Penal Brasileiro e a maioria da doutrina entendem que a CULPABILIDADE É
NORMATIVA, MAS EM SEU ASPECTO LIMITADO. Nesse caso, adota-se, nessa vertente
normativa, a TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE, que acaba gerando efeitos diversos
quando o erro recai sobre as descriminantes putativas.
Descriminante Putativa por Erro do Tipo (Efeitos do ERRO DE TIPO) – FATO TÍPICO – Art.
20, §1º do CP.
a) Erro sobre os pressupostos fático que, se existisse, tornaria a ação legítima. (Excludente
de ilicitude existente, mas o agente achava que estava nesta situação de fato).
Descriminante Putativa por Erro de Proibição Indireto (Efeitos do ERRO DE PROIBIÇÃO)
– CULPABILIDADE – Art. 21 do CP.
a) O erro recai sobre a existência de uma excludente de ilicitude, isto é, o agente cria na
cabeça uma causa de justificação que não existe na lei;
b) Erra sobre os limites de uma exclusão de ilicitude.
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ERRO RELATIVO AO PRESSUPOSTO FÁTICO DO EVENTO DE UMA CAUSA


DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE (ERRO DE TIPO)
O erro recai sobre uma situação fática que faz o agente acreditar que está amparado pelas
descriminantes. Dessa forma, provocado por uma falsa percepção da realidade.
Aqui usaremos a regra do erro do tipo. O dolo estará sempre excluído, mas se for percebido
que o agente poderia evitar, será responsabilizado por culpa (imprópria).
É a chamada culpa imprópria, em que o agente age com dolo, mas responde a título de culpa,
desde que previsto em lei.

Exemplos:

Imagine que você tenha prendido um perigoso bandido e ele o ameaçou de morte.
Após dias você o encontra na rua e ele leva a mão à cintura dando a crer que sacaria uma
arma. Você, “pensando” estar em legítima defesa (excludente de ilicitude), efetua dispa-
ros para conter injusta agressão, que não existia de fato, pois o perigoso bandido estava
apenas tirando uma bíblia para mostrar sua conversão ao catolicismo, ou seja, você pen-
sou erroneamente que estava correndo perigo quando na verdade não estava.
Você estava fazendo reforma na sua casa, à noite, pouca iluminação, quando um amigo aden-
tra à sua residência, anuncia um assalto com uma furadeira para te dar um susto. O local estava
com baixa iluminação, você estava assustado e as circunstâncias do contexto fático não permitiam
diferenciar, naquele momento, uma arma de uma furadeira. Diante disso, você saca sua arma e
efetua disparos contra seu amigo.

ERRO RELATIVO À EXISTÊNCIA DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DA


ILICITUDE (ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO)
Aqui o agente CRIA uma permissão que NÃO EXISTE NO ORDENAMENTO JURÍDICO. Nessa
modalidade, aplica-se a regra do erro de proibição, art. 21 do Código Penal.
A” é de uma linhagem dos senhores de engenho e o seu avô é conhecedor exímio do direito
no Brasil, vindo a falecer em 1910. Todavia, o Avô passou a vida toda falando ao neto que
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que matar a esposa em flagrante adultério não era crime, pois se estaria diante da legítima
defesa da honra. Sendo que essa excludente não existe, e o agente a cria na própria cabeça
e assim o faz, acreditando que estará amparado por ela.

ERRO RELATIVO AOS LIMITES DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DA


ILICITUDE (ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO)
O agente acredita que poderia se valer da legítima defesa em qualquer contexto fático e acaba
errando sobre os limites

QUADRO SINÓTICO SOBRE O ESTUDO DOS ERROS

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