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Quando a empresa é uma mãe

Telma Geron, diretora de RH do Magazine Luiza

Tudo que uma mãe quer, ao nascer o seu bebê, é ficar perto da criança,
amamentá-la, acompanhar o seu crescimento. Mas nem sempre isso possível
para as mulheres que trabalham fora. Há também situações em que muitas
precisam abrir mão do emprego, para cuidar dos filhos pequenos.

Esses problemas, no entanto, deixam de existir para quem trabalha em


empresas que oferecem benefícios como berçário, vale-creche, cheque-mãe e
até lactário, para facilitar o dia-a-dia da mãe que trabalha fora.

A Natura, o Magazine Luiza e a Schering-Plough encontraram diferentes


alternativas, moldadas às suas necessidades, para apoiar a funcionária que é
mãe e, com

raras exceções, podendo até estender o benefício ao pai, em casos especiais.

Não é à toa que essas três empresas figuram na listagem das 100 Melhores
Empresas para se Trabalhar no Brasil, prêmio concedido anualmente pela
revista Exame.

No Magazine Luiza, rede lojas de varejo sediada em Franca, interior de São


Paulo, 49% de seu quadro de colaboradores são mulheres. Com 4.300
funcionários, distribuídos nas 174 lojas localizadas em quatro Estados, foi
preciso pensar numa solução para ajudar que tem filho pequeno, que não fosse
berçário ou creche.

“Muitas funcionárias pediam demissão voluntariamente, por não ter com quem
deixar os filhos, o que nos intrigava, porque estávamos perdendo funcionárias
muito boas”, explica a diretora de RH da empresa, Telma Geron.
Foi quando em 1994 a empresa instituiu o cheque-mãe, que é oferecido
gratuitamente à funcionária, a partir de seis meses de casa, no valor que oscila
de R$ 128,00 à R$ 151,00 por mês, conforme a produtividade.

“O benefício entra em vigor assim que a funcionária volta da licença-


maternidade e permanece até a criança completar dez anos”, esclarece Telma.
Ressalta-se que o cheque-mãe é um valor pago por mãe e não por criança e é
válido também para mães adotivas. Hoje, 650 funcionárias do Magazine Luiza
recebem o cheque-mãe e, segundo Telma, tem sido muito útil para ajudar a
custear o dia-a-dia da criança.

Cheque-pai

E em casos de exceção? Se é o pai que tem a guarda do filho ou é viúvo, com


filhos pequenos? “Já temos alguns casos como esses e estamos revendo e
analisando para o próximo ano a possibilidade de criarmos o cheque-pai, para
acompanhar essas mudanças”, informa Telma.

Alcançar um patamar elevado de satisfação, principalmente quando a


descentralização é um desafio para manter os funcionários nesse segmento
altamente competitivo, o Magazine Luiza investe no desenvolvimento de planos
de carreira, gerenciados pelos próprios funcionários, na política de remuneração
e benefícios atrelada ao empreendedorismo, na transparência das relações, na
aprendizagem coletiva, tendo em vista o foco no cliente. O raciocínio é simples:
o cliente só é bem atendido, se houver respeito e motivação entre todos os
funcionários.

A Natura optou pela implantação do berçário, em 1992, nas duas sedes da


empresa- Cajamar e Itapecerica da Serra-, que atende mais de cem crianças,
de quatro meses a quatro anos. Dos seus 2.600 colaboradores, 62% são
mulheres. O modelo foi terceirizado há quatro anos e hoje, além das funções de
berçário, ainda desenvolve vivências educativas, na linha do construtivismo,
para o desenvolvimento do raciocínio lógico da criança.

“O nosso berçário é um espaço educacional e de formação da criança, onde os


funcionários são educadores”, explica a gerente de Relações com o Colaborador
da Natura e gestora do berçário, Rosângela Brandão. “Temos também pediatra,
nutricionista e enfermeira neonatal que dão o suporte e as orientações
necessárias”.

De acordo com Rosângela, o berçário dentro da fábrica ajuda a preservar a


relação da mãe com o filho, incentiva a amamentação e a socialização da
criança.

O benefício, totalmente gratuito para o colaborador, custa para a empresa em


média R$ 750,00 por criança. A equipe de vendas, que trabalha fora da
empresa e não utiliza o berçário (cerca de 35% das colaboradoras), recebe o
auxílio-creche, no valor de R$ 250,00/mês, até a criança completar um ano e
oito meses de idade.

Na Natura, também há exceções. Embora o benefício seja voltado


exclusivamente à mulher, a empresa não deixou de atender o caso de um
colaborador, que ficou viúvo com filhos gêmeos pra criar.

A orientação da consultora da IOB Thomson, Ydileuse Martins, para as


empresas que mantêm benefícios diferenciados como esses, é estabelecer
regras claras e abrangentes. “As empresas hoje buscam atrativos para reter o
funcionário, com benefícios diferenciados e não padronizados e, por isso, é
importante estabelecer regras claras e abrangentes, com regulamento interno
ou documento coletivo, especificando quem pode utilizar e prazos de
utilização”.

A política de RH da Natura inclui ainda a participação nos lucros e resultados,


bonificação por resultados e stock option. Os principais benefícios oferecidos
pela empresa, além do berçário, estão a assistência médica e odontológica,
seguro de vida em grupo, restaurante, clube, venda de interna de produtos
Natura com desconto de 40% e transporte fretado.

Em 2003 , a empresa colecionou vários prêmios: primeiro lugar entre as


empresas mais admiradas do setor de Cosmético e Perfumaria, pela Revista
Carta Capital e Interscience; a melhor empresa para a mulher trabalhar, pela
Revista Exame; e empresa nacional mais inovadora, em sondagem pela Monitor
Group.

Amiga do peito

A indústria química e farmacêutica Schering-Plough, multinacional americana


com sede no Rio de Janeiro, acertou em cheio quando em julho de 2002 criou
um lactário dentro da empresa, com o objetivo de prolongar e facilitar o
processo de amamentação. “As mães adoraram”, comemora do gerente de RH,
Alberto Gerhardt.

Nesse espaço reservado, as mães retiram o leite- sempre acompanhadas por


alguma funcionária do Departamento Médico- e o conservam refrigerado até o
final do expediente. O leite é colocado em recipientes etiquetados e, na hora da
mãe ir para casa, o produto é acondicionado numa bolsa térmica, garantindo o
alimento do seu bebê no dia seguinte. “A nossa intenção é proporcionar à mãe
o melhor alimento para seu filho, que é o leite materno”, argumenta Gerhardt.

“A amamentação contribui também para que o corpo da mulher volte ao normal


mais rapidamente, há menores índices de depressão pós-parto, menor
incidência de câncer de mama, além de deixá-la mais tranqüila no trabalho”,
complementa.
A Schering-Plough dispõe de 1.113 funcionários, sendo 35% constituído de
mulheres. A empresa oferece também convênio com creches, pagando até um
salário mínimo para a mãe com filho até cinco anos de idade.

Há três anos a empresa é escolhida como uma das cem melhores para se
trabalhar no Brasil. Saúde, crescimento profissional, cultura e cidadania formam
o seu alicerce. Para os funcionários, além dos benefícios tradicionais, oferece
aulas de ginástica e coral, associação recreativa, programas de qualidade de
vida, cursos e treinamentos contínuos.

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