Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cópia de Síntese Das Catequeses PDF
Cópia de Síntese Das Catequeses PDF
(TEOLOGIA DO CORPO)
2018
Todos os direitos reservados
INTRODUÇÃO
Em cada um dos três ciclos dessa primeira parte, o Papa toma como
ponto de partida uma Palavra de Cristo no Evangelho, pela simples razão
de que somente “Cristo revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua
vocação sublime” (GS, n.22).
Essa é uma das frases favoritas de João Paulo II, pois ele tem a
convicção que só no mistério do Verbo Encarnado é descortinado a
verdadeira identidade do ser humano. Em outras palavras, é como se ele
dissesse assim: “O homem esqueceu o que é ser homem, então Deus se faz
homem para ensinar novamente o homem e ser homem de verdade”
(Fernando Gomes). Acho que você já entendeu né?
Nessa primeira parte, João Paulo II enquadra a Teologia do Corpo
como a revelação do Plano de Deus entre dois pontos de referência: o
“início” e o “fim” da história humana, divididos em 3 etapas e cada uma
delas iluminadas pelas palavras de Cristo:
I. ORIGEM
A humanidade original tal como foi sonhada e criada por Deus. Aqui
o papa responde como era a relação do ser humano com o corpo e a
sexualidade antes do pecado original em total harmonia com o Projeto de
Deus.
II. HISTÓRIA
III. DESTINO
1. Quem sou?
2. De onde vim?
3. Onde estou?
4. Para onde vou?
PARTE 2: O SACRAMENTO
É nessa última parte da Teologia do Corpo que ela atinge o seu auge.
Pois sabemos que existe uma grande resistência entre os próprios católicos
em relação ao ensinamento moral da Igreja sobre os métodos
contraceptivos. Sinal claro disso é rejeição à doutrina presente na Encíclica
Humanae Vitae (sobre a vida humana).
Porém, nessas últimas catequeses, com base em tudo o que foi
exposto na Teologia do Corpo, o Papa João Paulo II deixa explícito que o
ensinamento contido na Humanae vitae não é para aprisionar os casais
cristãos, mas para libertá-los. Pois somente a verdade nos torna livres para
amar. Não é uma questão de pode ou não pode, mas sim de dizer a verdade
ou mentir com o corpo.
Pois a fertilidade é um dom e não uma doença. Os filhos são uma
benção e não um fardo. Todo o ato sexual deve estar aberto à vida. Isso não
significa que toda relação sexual deva necessariamente gerar um filho.
Primeiro porque biologicamente isso é impossível. Segundo, porque o
casal, pode sim, por razões sérias (que não brotem do egoísmo) espaçar o
nascimento dos filhos. Para isso devem recorrer à lei natural, respeitando
os períodos de fertilidade e infertilidade do corpo da mulher.
Existe uma diferença brutal entre fazer uso dos métodos artificiais e
recorrer aos meios naturais. Pois no primeiro caso, os casais se comportam
como árbitros da vida, manipulam e ferem a sua sexualidade e a do
cônjuge, falsificam a verdade do amor conjugal e alteram a linguagem da
doação total, para uma doação parcial. Pensam que estão falando a verdade,
mas estão mentindo com os seus corpos.
Já no segundo caso, os casais aceitam a natureza humana, respeitam
a conexão inseparável do significado unitivo e procriativo do sexo,
comportam-se como ministros do plano de Deus e usufruem da sexualidade
dentro do dinamismo da entrega total, sem manipulações e alterações.
Além, de assumirem um estilo de vida que abraça a virtude do
autocontrole, através da abstinência periódica, que fortalece ainda mais a
doação e a união do casal.
AS PALAVRAS DE CRISTO
AS PALAVRAS DE CRISTO
Segundo João Paulo II, Jesus, na sua resposta aos fariseus, evita se
embrenhar em controvérsias jurídicas ou casuísticas, em vez disso, faz
referência duas vezes ao “princípio”. “Princípio” significa, portanto, aquilo
de que fala o Livro do Gênesis (TdC 1). Seguindo o conselho de Cristo,
João Paulo II se volta ao Gênesis para descobrir como começou a
experiência do amor oferecido ao homem em toda a sua grandeza
(ANDERSON; GRANADOS, 2011).
O papa explica os dois relatos da Criação. Dos quais o segundo relato
da criação, o da tradição javista, constitui, de certo modo, a mais antiga
descrição e registro da autocompreensão do homem e, juntamente com o
capítulo terceiro do Gênesis, é o primeiro testemunho da consciência
humana. João Paulo II afirma que esse relato “nos maravilha com a sua
profundidade de natureza, sobretudo subjetiva, e, portanto, em certo
sentido, psicológica (TdC 3). Isso interessa muito a João Paulo II, que
afirmou que o caminho do homem é o caminho da Igreja (RH, 1979).
Assim, esse segundo relato da criação permite-nos perceber e contemplar
aquilo que João Paulo II chama de “experiências originais” do homem. De
acordo como ele, são três experiências especiais que definem o ser humano
em seu estado de inocência: solidão, unidade e a nudez. Dessas
experiências o Papa afirma que em cada um de nós existe um “eco” dessas
experiências.
A primeira experiência do homem, segundo João Paulo II, é a solidão
original, de acordo com Gn 2,18: “E o Senhor Deus disse: Não é bom que o
homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda”. O
significado mais óbvio dessa “solidão” é que o homem se encontra sozinho,
sem mulher. No entanto, deste versículo o Papa extrai um sentido mais
profundo (WEST, 2004), pois João Paulo II aponta que é significativo que
o primeiro homem („adam), criado do pó da terra, só depois da criação da
primeira mulher, seja definido como “varão” ou “macho” („îs). Portanto, no
texto sagrado, não há distinção entre homem e mulher até o “sono
profundo” de Adão. Sendo assim, aqui Adão representa todos os homens e
mulheres („âdâm, no hebraico, significa “homem” em sentido genérico, ou
seja, humanidade). É evidente então que, quando o Criador pronuncia as
palavras a respeito da solidão, refere-se à solidão do “ser humano”. Adão
surpreende-se “sozinho”, pois é a única criatura corpórea feita à imagem e
semelhança de Deus, assim como homem está “sozinho” no mundo visível
como uma pessoa. Quando Adão se põe a dar nome aos animais descobre
seu próprio “nome”, sua identidade. Ele se percebe diferente dos animais.
Assim, o ser humano encontra-se, desde o primeiro momento da sua
existência, diante de Deus, em busca da própria “identidade”. Em sua
solidão, o primeiro homem percebe que sua origem, sua vocação e seu
destino é o amor. Percebe que, diferentemente dos animais, é convidado a
entrar em “aliança de amor” com o próprio Deus. E essa união de amor
com Deus, mais do que qualquer outra coisa, define sua “solidão”. Ao
experimentar esse amor, com todo o seu ser, anseia por partilhá-lo com
outra pessoa igual e ele. É por isso que “não é bom para o homem ficar
sozinho”. É na solidão, portanto, que Adão, descobre a sua dupla vocação:
amar a Deus e ao próximo (cf. Mc 12,29-31). Esta opção fundamental é
expressa e percebida, segundo João Paulo II, em seu corpo (TdC 6).
Solidão – a primeira descoberta da personalidade e da liberdade – é algo
espiritual, no entanto, é “experimentada” corporalmente. Como diz João
Paulo II: “o corpo expressa a pessoa” (TdC 7).
A segunda experiência original, de acordo com João Paulo II, é a
unidade original.“Então o Senhor Deus fez vir sobre o homem um
profundo sono, e ele adormeceu. Tirou-lhe uma das costelas e fechou o
lugar com carne. Depois, da costela tirada do homem, o Senhor Deus
formou a mulher e apresentou-a ao homem”(Gn 2,21-22).
O homem („adam) cai em “profundo sono”ou “torpor”, para acordar
“macho” („is) “fêmea” (isha). Portanto, não há dúvida de que o homem cai
nesse “profundo sono” com o desejo de encontrar um ser semelhante a si
mesmo.
E o homem exclamou: Desta vez sim, é o osso dos meus ossos e a
carne da minha carne! Ela será chamada „humana‟ porque do homem
foi tirada” (Gn 2,23). Deste modo, o homem (macho) manifesta pela
primeira vez alegria e até mesmo exultação, de que anteriormente não
tinha motivo, por causa da falta de um ser semelhante a si.
Ainda que os cônjuges devam ser “submissos uns aos outros, como ao
Senhor”, todavia, no que se segue, o marido é acima de tudo aquele que
ama, e a mulher, em contraste, é aquela que é amada.
Poder-se-ia mesmo levantar a idéia de que a “submissão” da mulher
ao marido, entendida no contexto do trecho completo da Epístola aos
Efésios, significa acima de tudo “experimentar o amor”. Tanto mais que
essa “submissão” se refere à imagem da submissão da Igreja a Cristo, que
certamente consiste em experimentar o Seu amor. (TdC 92)
O papa expõe a partir desse texto bíblico a Analogia Esponsal: “O
relacionamento recíproco entre os esposos, marido e mulher, deve ser
compreendida pelos cristãos de acordo com a imagem do relacionamento
entre Cristo e a Igreja.” (TdC 89)
A relação esponsal que une os cônjuges, marido e mulher, deve –
segundo o Autor da Epístola ao Efésios – ajudar-nos a compreender o amor
que une Cristo com a Igreja. A analogia usada na Epístola aos Efésios,
esclarecendo o mistério da relação entre Cristo e a Igreja, ao mesmo tempo
revela a verdade e a essência sobre o matrimônio: isto é, que o matrimônio
corresponde à vocação dos cristãos só quando reflete o amor que o Cristo-
Esposo dá à Igreja, Sua Esposa.
Como se pode ver essa analogia opera em duas direções (TdC 90). Há
também uma analogia suplementar: isto é, a analogia da Cabeça e do
Corpo. Essa analogia suplementar “cabeça-corpo” mostra que estamos
lidando com dois sujeitos distintos que se tornam, em certo sentido, um só
sujeito: a cabeça constitui, juntamente com o corpo, um só sujeito, um só
organismo, uma só pessoa humana (TdC 91). A analogia do amor dos
esposos (do amor esponsal) parece pôr em relevo, acima de tudo, o aspecto
do dom de si mesmo por parte de Deus ao homem. Esse dom é certamente
“radical” e, por isso, “total”. Quem recebe o batismo, em virtude do amor
redentor de Cristo, torna-se, ao mesmo tempo, participante do Seu amor
esponsal para com a Igreja.
Pode-se dizer que o sinal visível do matrimônio „desde o principio‟, à
medida que está ligado ao sinal visível de Cristo,e sua Igreja na
economia da salvação, transpõe o plano eterno de amor para a
dimensão „histórica‟, e a torna o fundamento de toda a ordem
sacramental (TdC 95b).
2. A DIMENSÃO DO SINAL.