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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
Neocriticismo, Historicismo
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locke husserl foucault sartre hobbes hegel heráclito demócrito hobbes m
heráclito habermas sêneca parmênides aristóteles schopenhauer maqui
e Neoidealismo
pascal galileu platão hegel tales de mileto kant sócrates montesquieu fo
aristóteles spinoza descartes marx arendt popper epicuro nietzsche hob
leibniz schopenhauer kant bacon
Filosofia rousseau maquiavel
Contemporânea Aula 12 pitágoras sêneca b
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rousseau
Filosofia 360°
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kegaard hobbes
leu leibniz kant 1
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pascal heráclito
er sartre parmênides
más1.deAaquino
filosofia na era da Restaura- nha e atrasado em relação à Revolução
ttgenstein
ção e o hume
Posi�vismo na Cultura Eu- Industrial.
schopenhauer
ropeia
l marx epicuro Pode-se organizar a filosofia deste perí-
1.1 A filosofia odo da seguinte forma: 1) na França: os
al voltaire tales na França e na Itália na ideólogos (Antoine-Louis-Claude Des-
carteserarousseau
da Restauração
tutt de Tracy e Pierre Cabanis); o espiri-
galileu heidegger
Marcado por revoltas, a Revolução tualismo (Maine de Biran); o espiritua-
x popper spinoza
Industrial e o crescimento da classe lismo eclético (Victor de Cousin); os tra-
avel média, o período da Restauração euro- dicionalistas (Louis de Bonald e Joseph
kierkegaard
ntaigne (1814-1848) refere-se à luta por de Maistre); 2) na Itália: na esteira do
peia heráclito
dos par�dários da monarquia Iluminismo (Gian Domenico Romagno-
parte hume
el platão
caulteuropeia pela legi�midade interna si, Carlos Cattaneo e Giuseppe Ferrari);
wittgenstein
contra os carbonários e por vezes mili- hostis ao Iluminismo (Pascal Galluppi,
es tomás de aquino
tares que seguiam os ideais jacobinos Antônio Rosmini e Vincenzo Gioberti).
auvoir
da habermas
Revolução Francesa. Essas guerras
galileu leibniz os ideais de liberalismo e 1) na França: os ideólogos (Antoine-
espalhavam
a pascal por toda a Europa. Os mo- -Louis-Claude Destu� de Tracy e Pierre
heráclito
socialismo
narcas europeus (como João VI de Por- Cabanis); o espiritualismo (Maine de
aire wittgenstein
uinotugal, Fernando I das Duas Sicílias, Fer- Biran); o espiritualismo eclé�co (Victor
kierkegaard
nando I da Áustria, Frederico Guilherme de Cousin); os tradicionalistas (Louis de
picuro hegel
III da Prússia, e Carlos X da França) Bonald e Joseph de Maistre)
dt bacon
viram platão
esses movimentos como uma
stinho sócrates
tenta�va de subjugar seus tronos. Em Antoine-Louis-Claude Destu� de Tracy
kegaard hobbes
resposta, eles tentaram afirmar seu foi um filósofo, polí�co, soldado francês
kant e a legi�midade mo- e líder da escola filosófica dos Ideólo-
conservadorismo
leu leibniz
pascalnárquica, mas apenas “jogaram lenha gos. Criou o termo idéologie (1801) no
heráclito
na fogueira”. A mudança finalmente se tempo da Revolução Francesa, com o
er sartre parmênides
fez claro durante as difundidas revolu- significado de ciência das ideias, toman-
másções
de aquino
de 1848. Os monarcas responde- do-se ideias no sen�do bem amplo de
kegaard
ram ouhobbes
abdicando ou aderindo aos prin- estados de consciência. Militar de car-
leu leibniz kant
cípios democrá�cos e cons�tucionais. reira, aderiu à Revolução, destacando-
pascal à essa conturbada época, após a -se como deputado. Fez parte do grupo
heráclito
Devido
do jacobi�smo e a implantação dos sensualistas, com orientação nos
derrotaparmênides
per sartre
do protestan�smo liberal por parte dos pensamentos de Condorcet. Seus pen-
omás de aquino
ingleses, o Con�nente europeu ficou samentos republicanos entraram em
1
ttgenstein hume
poli�camente afastado da Grã-Breta- conflito com os par�dários de Bonapar-
schopenhauer
l marx epicuro
2
Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
te, que os acusaram de idéologues. De- fisiologista e filósofo francês. Foi sepul-
corrido cerca de uma década da queda tado no Panteão de Paris. Contrário à
da Bastilha, o filósofo francês, exilado psicologia como estudo da alma, ele
em Bruxelas, começou a publicar Elé- reduz a vida consciente ao funciona-
ments D'Idíologie (1801-1815), em 4 mento do sistema cerebral: o cérebro é
volumes, postulando a fundação de um o órgão do pensamento e da vontade.
original campo de estudos des�nado a
formar a base de todas as ciências: a Maine de Biran foi um filósofo francês.
ciência das ideias. O projeto desta ciên- Seu trabalho filosófico foi realizado na
cia era o de tratar as ideias como fenô- forma de memórias, reflexões e diários.
menos naturais que exprimiam a rela- Através da meditação introspec�va dos
ção entre o homem, organismo vivo e seus próprios estados �sicos e psíqui-
sensível e o seu meio natural de vida. cos, chegou à concepção de que a cons-
Assim, para ele, o que o estudo da ideo- ciência, entendida como uma substân-
logia possibilitava era o conhecimento cia independente, existe somente como
da verdadeira natureza humana ao per- esforço oposto à resistência do objeto
guntar de onde provinha nossas ideias e externo. Na resistência é que se daria a
como se desenvolviam. Poucos anos consciência do “eu”, resultado final da
depois dessa publicação, o termo ideo- introspecção que iria além dos múl�-
logia adquiriu uma conotação, eminen- plos estados, nos quais os sensualistas
temente pejora�va, a ponto do ensino (como Condillac), dissolviam a subje�vi-
da disciplina Ciência Moral e Polí�ca, dade. Maine de Biran estabelece ainda
ser proibida no Ins�tut de France (1812) uma dis�nção fundamental entre a
por Napoleão Bonaparte, que pragma�- impressão passiva (provocada pelo
camente preferia a força dos canhões a exterior) e a a�va (resultante da a�vida-
das palavras, que acusou o autor e de interna do sujeito). Seus esforços
outros professores da citada disciplina, foram para cons�tuir o que seria uma
de pregarem oposição ao seu governo. antropologia filosófica: a dis�nção
Inspirou o posi�vismo de Auguste entre vida animal, vida humana e vida
Comte e teve como discípulos Stendhal espiritual. Seu pensamento manifestou
e Sainte-Beuve e morreu em Paris. De- uma evolução, através de etapas que
fendia a distribuição de poderes, a podem ser caracterizadas como verda-
liberdade polí�ca, considerando que deiras conversões ao platonismo e ao
esta não pode florescer sem liberdade cris�anismo. Maine de Biran foi o inicia-
individual e sem liberdade de imprensa. dor da reação espiritualista que marcou
a filosofia francesa no começo do
Pierre-Jean-Georges Cabanis foi um século XIX. Sua vida, seus desenganos,
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
pelo seu próprio interesse (self-inte- Jeremy Bentham foi filósofo, jurista e
rest), promoviam o crescimento econô- um dos úl�mos iluministas a propor a
mico e a inovação tecnológica. construção de um sistema de filosofia
moral, não apenas formal e especula�-
David Ricardo foi um economista e polí- va, mas com a preocupação radical de
�co britânico. Ele e sua família tem ori- alcançar uma solução a prá�ca exercida
gens sefarditas que remontam a Holan- pela sociedade de sua época. As pro-
da e Portugal. Ricardo exerceu uma postas têm, portanto, caráter filosófico,
grande influência tanto sobre os econo- reformador e sistemá�co.
mistas neoclássicos, como sobre os eco-
nomistas marxistas, o que revela sua James Mill foi um historiador e filósofo
importância para o desenvolvimento da escocês e o pai de John Stuart Mill. Foi
ciência econômica. Os temas presentes um par�dário do liberalismo e um
em suas obras incluem a teoria do famoso representante do radicalismo
valor-trabalho, a teoria da distribuição filosófico, uma escola de pensamento
(as relações entre o lucro e os salários), também conhecida por u�litarianismo,
o comércio internacional, temas mone- a qual defende uma base cien�fica para
tários. A principal questão levantada a filosofia.
por Ricardo nessa obra trata da distri-
buição do produto gerado pelo trabalho John Stuart Mill foi um filósofo e econo-
na sociedade. Isto é, segundo Ricardo, a mista britânico. É considerado por
aplicação conjunta de trabalho, maqui- muitos como o filósofo de língua inglesa
naria e capital no processo produ�vo mais influente do século XIX. É conheci-
gera um produto, o qual se divide entre do principalmente pelos seus trabalhos
as três classes da sociedade: proprietá- nos campos da filosofia polí�ca, é�ca,
rios de terra (sob a forma de renda da economia polí�ca e lógica, além de
terra), trabalhadores assalariados (sob influenciar inúmeros pensadores e
a forma de salários) e os arrendatários áreas do conhecimento. Defendeu o
capitalistas (sob a forma de lucros do u�litarismo, a teoria é�ca proposta
capital). O papel da ciência econômica inicialmente por seu padrinho, Jeremy
seria, então, o de determinar as leis Bentham. Além disso, é um dos mais
naturais que orientam essa distribuição, proeminentes e reconhecidos defenso-
como modo de análise das perspec�vas res do liberalismo polí�co, sendo seus
atuais da situação econômica, sem livros fontes de discussão e inspiração
perder a preocupação com o cresci- sobre as liberdades individuais ainda
mento em longo prazo. nos tempos atuais. Mill chegou a ser
membro do Parlamento Britânico,
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
Bentham e Stuart Mill são os dois gran- Contudo, o U�litarismo afirma que não
des pensadores u�litaristas. O u�litaris- devemos considerar a felicidade destas
mo é a doutrina que visa promover a pessoas como melhores ou especiais.
maior felicidade para as pessoas envol- Para entender isso, imagine a seguinte
vidas na ação. Podemos ver a definição situação hipoté�ca: um trem desgover-
do U�litarismo em três afirmações, as nado está em alta velocidade dirigindo-
quais estão necessariamente relaciona- -se diretamente contra 5 operários que
das: 1. “As ações são julgadas certas ou estão sob o trilho, os quais certamente
erradas em virtude de sua consequên- iriam morrer. Entretanto, antes do trem
cia”, isto é, se considerarmos que o chegar nestes 5 operários, há uma
nosso agir tem um início (intenção) e bifurcação no trilho, a qual conduziria o
um fim (consequência), o u�litarismo trem, caso fosse desviado, para uma
julga o agir como certo ou errado atra- linha paralela e, por conseguinte, não
vés da consequência/fim que ele mataria os 5 operário. Há, no entanto,
obteve (diferente de Kant que julga o uma criança brincando no trilho parale-
agir por meio da intenção); 2. Ao avaliar lo, a qual também seria morta caso o
a consequência, a única coisa que trem fosse desviado. Na bifurcação há
importa é a quan�dade de felicidade ou um homem que tem o poder de mudar
infelicidade produzida, ou seja, o U�li- o rumo do trem para a linha paralela, na
tarismo considera a ação certa se ela qual está a criança. Por força do des�-
produziu como consequência a maior no, o homem que está na bifurcação e
felicidade/deleite das pessoas que tem o poder de mudar o rumo do trem
estão envolvidas na ação; 3. A felicidade é o pai da criança. Ele tem duas opções:
deve ser promovida de maneira impar- deixar o trem seguir e matar os 5 operá-
cial, ou seja, ao agir preciso produzir rios ou desviar o trem e ver seu filho
uma consequência que gere a maior morrer. Qual seria a decisão certa
felicidade para as pessoas envolvidas de segundo o U�litarismo? Ele precisa des-
maneira imparcial. O que significa este viar o trem e salvar a maior quan�dade
termo imparcial? A felicidade das pes- de vidas, ou seja, gerar a maior quan�-
soas possuem o mesmo valor. No dade de felicidade. Ele deve promover a
entanto, estamos acostumados a tratar felicidade de modo imparcial, isto é,
algumas pessoas na sociedade como não poderia deixar 5 vidas se perderem
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
porque a vida que estava na linha para- produz a maior quan�dade de felicida-
lela era de seu filho. Se ele �vesse salva- de, ou seja, quanto maior a duração e
do a vida de seu filho e deixado os 5 intensidade (=quan�dade) de felicidade
operários morrerem, a consequência gerada, mais felizes serão as pessoas.
do agir teria gerado maior infelicidade e No entanto, Stuart Mill, em sua obra
seria, portanto, segundo o U�litarismo, U�litarismo, é quem sofis�ca a teoria.
uma ação errada. Na Parte II do seu livro, Mill traz uma
inovação ao U�litarismo, a saber, o
A imparcialidade é, em resumo, a pro- hedonismo qualita�vo. Desta forma,
moção da felicidade dos presentes na durante a avaliação de uma ação deve-
ação sem olhar quem eles são. O U�lita- mos prestar a atenção, além da quan�-
rismo é uma doutrina atraente por dois dade (duração e intensidade), na quali-
mo�vos: 1. O bem que o U�litarista dade dos prazeres gerados, uma vez
busca promover – felicidade/deleite – é que há prazeres inferiores e prazeres
o que todos nós buscamos promover na superiores. São prazeres superiores: os
nossa vida; 2. Outro atra�vo é o conse- prazeres do intelecto, das emoções, da
quencialismo, ou seja, o que importa na imaginação e os sen�mentos morais;
ação é a consequência dela, isto é, a são prazeres inferiores: os prazeres cor-
consequência da ação para estar certa póreos, etc. Os prazeres superiores são
precisa promover a felicidade das pes- mais desejáveis em função do maior
soas envolvidas. Desta forma, precon- bem que geram. São superiores
ceitos, como, por exemplo, contra também pela sua permanência, maior
negros etc., não são em momento segurança para alcançá-lo e menor
algum aprovados pelo U�litarismo, custo. Stuart Mill chama a atenção para
porque os “preconceituosos” não con- o fato de que a fraqueza de caráter faz
seguem explicar como pessoas negras as pessoas escolherem os prazeres que
poderiam ser causa da infelicidade da estão “mais à mão”, ou seja, os prazeres
maioria. Nesta medida, o U�litarismo inferiores. Stuart Mill valoriza mais os
fornece um teste para visualizar quais prazeres superiores pela qualidade da
as regras de conduta irão assegurar a felicidade, de modo que é melhor ser
felicidade da maioria, além de ser um ser humano insa�sfeito do que um
alheio e autônomo em relação às porco sa�sfeito (o porco sa�sfaz apenas
supers�ções e preconceitos. os prazeres inferiores). Uma objeção/-
crí�ca contra essa teoria é que o U�lita-
Dito isso, sabemos que o pai do U�lita- rismo exige muito das pessoas. Esta ob-
rismo é Jeremy Bentham, o qual trouxe jeção ganha relevância quando o U�li-
a ideia de que a ação certa é aquela que tarismo pede para que a promoção da
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
felicidade seja imparcial, ou seja, não Durante quatro dias, os três homens se
podemos promover a felicidade apenas alimentaram do corpo e do sangue de
daqueles que conhecemos (família, Parker. Por fim, o socorro chegou. Esse
amigos, etc.), mas da maioria envolvida relato lembra a Tragédia dos Andes.
na ação. Em outras palavras, o U�litaris- Esses homens agiram corretamente? 2.
mo afirma que as felicidades do melhor No seu país, a tortura de prisioneiros de
amigo, da mãe, do pai, etc. possuem o guerra é proibida. Você é tenente do
mesmo valor que a felicidade de uma Exército e recebe um prisioneiro recém-
pessoa desconhecida. Deste modo, -capturado que grita: 'Alguns de vocês
quando se faz uma ação é necessário morrerão às 21h35'. Suspeita-se que
promover a felicidade da maioria das ele sabe de um ataque terrorista a uma
pessoas, mesmo que entre a minoria boate. Para saber mais e salvar civis,
das pessoas não estejam o amigo, a você o torturaria? 3. Um amigo quer lhe
mãe e o pai. O U�litarismo considera a contar um segredo e pede que você não
felicidade de todas as pessoas como conte a ninguém. Ele conta que atrope-
iguais. Porém, nós preferimos promo- lou um pedestre e, por isso, vai se refu-
ver a felicidade de algumas pessoas giar na casa de uma prima. Quando a
específicas na sociedade simplesmente polícia lhe procura querendo saber do
porque temos afinidade com elas. amigo, o que você faz? 4. Você está em
um parque de diversões com sua famí-
A seguir, será citado vários dilemas e lia, esposa e filhos e quando vai com-
casos morais. Pode-se responder a eles prar uma pipoca, um barulho abafado
via o universalismo kan�ano ou o u�li- te chama a atenção. Você vê que atrás
tarismo consequencialista. Ei-los: 1. No dos sanitários uma cena bizarra se con-
verão de 1984, quatro marinheiros figura. Um pedófilo abusa de uma crian-
ingleses estavam à deriva em um ça e a menina parece bastante sua filha,
pequeno bote salva-vidas no Atlân�co idade aproximada, cor dos cabelos,
Sul. Eles �nham apenas duas latas de aparência. Você toma um choque...
nabos em conserva e estavam sem água avista uma ferramenta, uma chave de
potável. Quando não �nham mais o que boca... O que você faz? Esmaga o crânio
comer, o capitão sugeriu um sorteio do monstro? Chama a polícia? O mons-
para determinar quem morreria para tro será julgado e em breve poderá
que os outros pudessem sobreviver. estar livre, pois poderá pagar um bom
Porém, Parker (um dos tripulantes) não advogado e dirá que ouve vozes, que
concordou e não houve sorteio. Toda- possui problemas psiquiátricos e em
via, no dia seguinte, não havendo navio breve estará nas ruas novamente e
à vista, o capitão decidiu matar Parker. poderá molestar mais crianças... quem
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
sabe seus filhos... 5. Na Roma an�ga, fosse libertada e levada à luz do Sol,
cristãos eram jogados aos leões no Coli- toda a prosperidade, beleza e deleite da
seu para a diversão da mul�dão. Sim, cidade seria destruída. Entretanto,
de fato, o cristão sofre dores excrucian- alguns cidadãos, homens ou mulheres,
tes quando o leão o ataca e o devora, jovens ou velhos, resolvem silenciosa-
mas pensemos no êxtase cole�vo dos mente sair da cidade, se afastando para
expectadores que lotam o Coliseu. longe de Omelas, e ninguém sabe para
Também havia a figura dos gladiadores onde vão. É jus�ficável prender a crian-
(na polí�ca do “pão e circo”), que se ça no porão para o bem estar de todos
enfrentavam para entreter o público e o na cidade? 7. Imagine que é um prisio-
duelo só terminava quando um deles neiro num campo de concentração. Um
morria ou quando um deles ficava guarda está prestes a enforcar o teu
desarmado ou ferido sem poder com- filho que tentou escapar e quer que
bater. Nesse momento do combate é sejas tu a executá-lo. O guarda diz que,
que era determinado por quem presidia caso não o faças, não só ele irá matar o
aos jogos se o derrotado morria ou não, teu filho, como também outro prisio-
frequentemente influenciado pela neiro inocente. Não tens qualquer
reação dos espectadores do duelo. dúvida de que ele o consegue fazer. O
Jogar cristãos aos leões e a luta de gla- que fazer? Enfim, dilemas e casos
diadores é justificável? 6. O conto Os morais são analisados, filosoficamente,
que se afastam de Omelas, de Ursula K. por meio de critérios na tomada de
Le Guin relata a história de uma cidade decisão. E os dois grandes critérios são:
utópica de felicidade e deleite, cujos o universalismo kan�ano ou o u�litaris-
habitantes são inteligentes e cultos. mo consequencialista.
Tudo em Omelas é agradável, exceto
pelo terrível segredo da cidade: a boa 4) o posi�vismo evolucionista: Spencer
aventurança de todos na cidade exige (Inglaterra)
que uma única criança seja man�da
infeliz, presa na sujeira, escuridão e Tratar-se-á, agora, do posi�vismo evolu-
miséria, e que todos os seus cidadãos cionista de Herbert Spencer. Spencer
descubram isso quando �verem idade foi um filósofo, biólogo e antropólogo
para compreender, normalmente entre inglês, bem como um dos representan-
os oito e os doze anos. Após descobri- tes do liberalismo clássico. Ele foi um
rem a verdade sobre a criança, a maio- profundo admirador da obra de Charles
ria das pessoas em Omelas ficam inicial- Darwin. É dele a expressão “sobrevivên-
mente chocadas e enojadas, mas cia do mais apto”, e em sua obra procu-
acabam por concluir que se a criança rou aplicar as leis da evolução a todos
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
�co italiano. Aris�de Gabelli estava polí�ca secular e liberal. Segundo An-
entre os principais promotores do posi- giulli, a primeira forma de pedagogia
�vismo filosófico na Itália. No entanto, ocorre na família em que o pai repre-
ele não compar�lhou algumas tendên- senta a autoridade e a mãe o tempera-
cias, como o materialismo e a a�tude mento, através do afeto, de comporta-
an�clerical. Mais do que um teórico po- mentos infan�s: esses elementos
si�vista, como Roberto Ardigò, foi ele essenciais des�nados à formação har-
quem quis traduzir em prá�ca os princí- moniosa de um cidadão capaz de
pios de organização escolar. Sua con- expressar solidariedade social e vonta-
cepção filosófica é considerada muito de de progredir resistindo às pressões
semelhante ao pragmatismo do ameri- administrativas que caracterizavam os
cano John Dewey. primeiros anos do nascimento do
estado unitário italiano.
Andrea Angiulli foi um filósofo e educa-
dor italiano, importante expoente do Pasquale Villari dedica seus estudos à
posi�vismo pedagógico italiano. An- historiografia e à metodologia da histo-
giulli acreditava que deveriam ser feitos riografia por meio do posi�vismo. Villari
esforços para reformar a educação em estuda o período medieval, modernista
um sen�do popular e nacional, colocan- e, portanto, também posi�vista. O
do esse projeto no contexto de uma caminho historiográfico de Villari
renovação de toda a sociedade que também está entrelaçado com os temas
somente através da educação teria con- filosóficos da segunda metade do
seguido manter suas caracterís�cas ao século XIX.
longo do tempo. Era necessária uma
fusão entre cultura, sistemas educacio- Salvatore Tommasi foi um patologista
nais e polí�ca social, realizando, assim, italiano, um importante representante
o programa de pensamento posi�vista da pesquisa médica na segunda metade
que, segundo Angiulli, tem um valor do século XIX na Itália e um dos princi-
principalmente pedagógico, uma peda- pais expoentes do posi�vismo italiano.
gogia cien�fica, segundo os ditames po-
si�vistas, mas também literário e libe- Augusto Murri era um médico italiano.
ral. Portanto, a pedagogia não pode Ele é considerado um dos maiores clíni-
deixar de levar em consideração a cos de seu tempo, autor de uma vasta
antropologia que demonstra a impor- a�vidade cien�fica.
tância da família como núcleo fundador
da sociedade e da sociologia que esta- Roberto Felice Ardigò foi psicólogo, filó-
belece o elo entre a educação e uma sofo e pedagogo italiano. A originalida-
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
ração entre tais indivíduos, seja por ou o dinossauro, e nesse sen�do somos
aproximação, seja pelo distanciamento, todos spenglerianos”. As previsões pes-
compe�ção, subordinação, etc. simistas de Spengler sobre o inevitável
declínio do Ocidente inspiraram intelec-
Oswald Arnold Go�ried Spengler foi tuais do Terceiro Mundo, desde a China,
um historiador e filósofo alemão, cuja Coréia até o Chile, ansiosos para iden�-
obra O Declínio do Ocidente (1918) foi ficarem a queda do imperialismo oci-
uma referência nos debates historiográ- dental. Na Grã-Bretanha e Estados
ficos, filosóficos e polí�cos entre os Unidos, no entanto, o pessimismo de
intelectuais conservadores europeus, Spengler foi posteriormente anulada
ao longo do século XX. Seu livro foi um pelo o�mismo de Arnold J. Toynbee, em
sucesso entre os intelectuais em todo o Londres, que escreveu a história do
mundo, uma vez que previa a desinte- mundo na década de 1940, com uma
gração da civilização europeia e norte- maior ênfase na religião.
-americanos depois de uma “idade de
cesarismo” violento, argumentando por Ernst Troeltsch foi um escritor e teólogo
analogias detalhadas com outras civili- alemão que ao lado de Max Weber ela-
zações. Ele aprofundou o pessimismo borou alguns conceitos relacionados à
pós Primeira Guerra Mundial na religião. Na obra Die Soziallehren der
Europa. O filósofo alemão Ernst Cassirer christlichen Kirchen und Gruppen, Tro-
explicou que, no final da Primeira eltsch, visando analisar a organização
Guerra Mundial, muitos �tulos de religiosa dentro dos parâmetros buro-
Spengler foram o suficiente para infla- crá�cos, fez a dis�nção de igreja e seita.
mar a imaginação: “Neste momento A primeira significa um organismo reli-
muitos, se não a maioria de nós, se deu gioso grande e bem-estabelecido,
conta de que havia algo de podre no exemplo �pico é a Igreja Católica. A
estado de nossa civilização ocidental segunda refere-se a um agrupamento
altamente valorizada. O livro de Spen- menor de fiéis, geralmente iniciado em
gler expressa de uma forma ní�da e protesto aos rumos tomados por uma
incisiva esta inquietação geral.” Nor- determinada igreja. Na sequência,
throp Frye argumenta que, embora Howard Becker acrescentou dois outros
todos os elementos da tese de Spengler �pos: denominação e culto, sendo o
tenham sido refutados uma dúzia de primeiro para representar uma seita
vezes, é “um dos grandes poemas que se acalmou e se transformou em
român�cos do mundo” e que suas um organismo ins�tucionalizado e o
ideias principais são “tão parte de nossa segundo para conceber organizações
perspec�va mental hoje como o elétron religiosas menos coesas e mais transitó-
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Restauração, Positivismo, Neocriticismo, Historicismo e Neoidealismo
Indicações de Leituras