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AGENDA CROPLIFE BRASIL

PELA INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE


NO AGRONEGÓCIO

2023
São Paulo, abril de 2023 02

AGENDA CROPLIFE BRASIL PELA


INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
NO AGRONEGÓCIO

Introdução

A capacidade de inovar é uma condição decisiva para o


sucesso da agricultura. É com a combinação das melhores
tecnologias que o agronegócio brasileiro vem reduzindo
emissões de gases de efeito estufa (GEE), economizando
água, otimizando o uso de insumos e produzindo mais
alimentos, fibras e energia por área. Desta forma, é esperado
que a promoção da retomada da economia brasileira em
bases sustentáveis e inovadoras seja uma prioridade dos
governantes, tanto no nível federal quanto nos Estados.
É com a combinação
Com o intuito de contribuir com esse direcionamento, a
CropLife Brasil, entidade que representa o setor de proteção
das melhores
e melhoramento vegetal, elencou as iniciativas que merecem tecnologias que o
mais atenção das lideranças governamentais. Para isso,
reuniu prioridades da indústria de soluções inovadoras
agronegócio brasileiro
para a agricultura em cinco pilares de convergência - vem reduzindo
Melhoria do Ambiente de Negócios, Segurança Jurídica e
Inovação, Sistemas Alimentares, Iniciativas Multilaterais e
emissões de GEE,
Sustentabilidade. economizando água,
Diante de um mundo em constante transformação e dos
otimizando o uso de
complexos desafios que essa realidade impõe, a CropLife insumos e produzindo
Brasil entende que a apresentação e o engajamento com
os pontos descritos em cada pilar, contribuirão, de forma
mais por área.
decisiva, para a manutenção da competitividade e a busca
contínua por liderança da agricultura brasileira, que se
destaca pelo conhecimento em inovação e vanguarda em
sustentabilidade.
Pilares de convergência:
sustentabilidade e estímulo
à inovação no agronegócio
Para a continuidade do protagonismo e da capacidade
competitiva do Brasil como produtor de alimentos
e exportador desses produtos para mais de 160
países, é essencial que o país continue avançando na
implementação de modelos regulatórios pautados na
ciência e na consolidação de políticas públicas que
visem à preservação ambiental, o empreendedorismo
e os investimentos em inovação.

Além disso, os desafios dos sistemas produtivos têm


aumentado em função de fatores como questões
climáticas, conjuntura dos negócios globais
(complexidade logística e seu consequente impacto
no custo de produção) e aumento do protecionismo
multilateral, em iniciativas transnacionais. Quando
há, porém, um equilíbrio entre o desenvolvimento
sustentável e a adoção de normas que privilegiem o
princípio da inovação, o resultado pode ser observado
na liderança do Brasil na produção global de alimentos,
fibras e energia limpa, além do surgimento de polos de
agtechs e agfintechs voltadas à agricultura tropical.

Dentro desse contexto desafiador do cenário global, é


de suma importância que o governo federal brasileiro
promova, de forma ampla, o reconhecimento e a Dentro desse contexto
capacitação das agências reguladoras, além da desafiador do cenário
valorização dos produtores rurais, do fortalecimento
do novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) – mundial, é de suma
legislação considerada referência para o mundo – e importância que
de iniciativas como o pagamento sobre serviços
ambientais. o governo federal
Neste documento, a CropLife Brasil reúne a visão brasileiro promova,
do setor industrial de soluções agrícolas aqui
representadas (defensivos químicos, biotecnologia, de forma ampla, o
sementes e bioinsumos) para os presidenciáveis. Os reconhecimento e
cinco pilares de convergência destacados a seguir
são capazes de alicerçar o caminho para que o Brasil a capacitação das
continue avançando na produção agropecuária de agências reguladoras.
forma alinhada à responsabilidade socioambiental e à
sua capacidade empreendedora.
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MELHORIA DO AMBIENTE
DE NEGÓCIOS

Neste primeiro pilar, é preciso observar as boas


práticas internacionais e implementá-las junto ao
arcabouço nacional de normas e procedimentos,
com o objetivo de estimular a desburocratização, a
cooperação entre agentes reguladores, a digitalização
dos processos e a revisão de normas infralegais. Esses
são passos importantes para atender às necessidades
da agricultura moderna e aos anseios do consumidor
final, com destaque para:

É preciso observar as boas práticas internacionais


e implementá-las junto ao arcabouço nacional
de normas e procedimentos, com o objetivo de
estimular a desburocratização, a cooperação entre
agentes reguladores, a digitalização dos processos e
a revisão de normas infralegais.

• Continuidade no avanço da modernização do marco legal de pesticidas


(defensivos agrícolas): a lei em vigor foi promulgada em 1989 e passou por
poucas atualizações desde então. Ou seja, não atende mais às necessidades
técnicas de avaliação dos produtos e de previsibilidade regulatória;

• Regulamentação com base científica no setor de biológicos (bioinsumos):


estimular o crescimento do setor, de forma isonômica, entre os diferentes
agentes da cadeia, é um passo fundamental para o país continuar adotando
práticas sustentáveis de produção, em convergência com a integração de
outras tecnologias disponíveis;

• Revisão, alinhada com todos os elos da cadeia, da Lei de Proteção


de Cultivares (LPC): ampliar o potencial produtivo em uma mesma área
geográfica;

• Integração das iniciativas entre os ministérios da Agricultura e Justiça:


em coordenação com as forças regionais, para o aumento do combate às
práticas ilegais de furto, contrabando e adulteração de insumos agrícolas no
campo;

• Reforma do arcabouço tributário: visando à simplificação para gerar mais


investimentos, empregos e diminuir o “custo-Brasil”;

• Desburocratização e digitalização: com foco em processos de importação


e exportação de insumos agrícolas, buscando dar mais
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SEGURANÇA JURÍDICA
E INOVAÇÃO

Outra prioridade que deve estar no cálculo


do governo federal, pelos próximos anos,
é fomentar um ambiente regulatório mais
transparente e previsível para inventores
e titulares de direitos de propriedade
industrial, algo que é fundamental para a
inovação.

Nesse sentido, cumpre ser destacado


o lançamento de duas iniciativas de
relevância: a “Estratégia Nacional de
Propriedade Intelectual 2021-2030”, que
elencou, entre seus eixos estratégicos,
a necessidade de “Modernização dos
Marcos Legais e Infralegais (Eixo 4)” e a
“Estratégia Nacional de Inovação”, sob
a coordenação do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovações.

Na área de segurança jurídica, é de extrema importância que o governo federal continue imprimindo
esforços para a construção de regulamentações que acompanhem o desenvolvimento tecnológico.
Além disso, é essencial avançar na modernização de marcos legais aplicáveis à proteção de
substâncias e materiais biológicos inovadores, da mesma forma que é fundamental revisar as
normas consideradas restritivas à inventividade e à inovação das agtechs.

A título de exemplo, está em vigor desde a década de 1950 uma lei que regula a dedutibilidade de
royalties. Ou seja, trata-se de um dispositivo legal que reflete um momento diferente do atual e que
ocasiona uma limitação injustificável sobre setores inovadores que têm os royalties como retorno
principal ou como despesa necessária em seus modelos de negócio, sendo parte significativa de
seu custo de operação.

Além disso, são igualmente de suma importância para o alcance desse ambiente competitivo e
favorável à inovação o estabelecimento da autonomia financeira e orçamentária do INPI (Instituto
Nacional da Propriedade Industrial), a melhoria constante dos processos e a redução dos prazos de
análise de patentes pela administração pública.
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SISTEMAS
ALIMENTARES

Os sistemas alimentares envolvem todos Em linha com as propostas que o Brasil


os processos relacionados à alimentação, apresentou na ocasião, a inovação e
desde a sua produção, processamento o desenvolvimento científico devem
e distribuição, até sua preparação e ser os alicerces para aprimorar seus
consumo. Entendemos que essa deve diferentes sistemas alimentares, sem
ser outra prioridade do governo federal deixar de contemplar as particularidades
para que o Brasil possa trilhar um locais, como clima, cultura, legislações e
caminho mais sustentável, inclusivo e governança.
com desenvolvimento econômico na Dessa forma, a implementação das ações
agricultura. vinculadas aos compromissos assumidos
deverá ocorrer com base na continuidade
Este tema é urgente também na pauta dos esforços existentes e na construção
mundial: em 2021, foi realizada pela de políticas públicas por parte dos países
primeira vez, durante a Assembleia Geral exportadores.
da Organização das Nações Unidas
(ONU), em Nova Iorque a Cúpula de Em termos diplomáticos, é de suma
Sistemas Alimentares. Parte integrante importância continuar promovendo
da Década de Ação sobre os Objetivos também o engajamento de discussões
de Desenvolvimento Sustentável da ONU, bilaterais e multilaterais para posicionar o
abordou desafios globais, como a fome, modelo agrícola brasileiro como referência
a pobreza e as mudanças climáticas. mundial de produtividade, alinhado à
O encontro teve a participação de 155 conservação ambiental, em especial
países, sendo que 100 deles submeteram diante das coalizões empresariais e
estratégias locais prioritárias para governamentais que o país aderiu durante
implementação nos próximos dez a Cúpula de Sistemas Alimentares.
anos. Foram assumidos, ainda, 231
compromissos pelas nações presentes,
que também apresentaram cerca de
2.500 ideias organizadas como “soluções
revolucionárias” para serem desenvolvidas
na década seguinte.
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INICIATIVAS
MULTILATERAIS

A cooperação multilateral é aquela estabelecida com organismos


internacionais e que pode envolver ou não o aporte de recursos
financeiros. Esses acordos incluem atividades destinadas a promover
mudanças qualitativas ou estruturais, de forma a tratar problemas
específicos ou explorar novos paradigmas de desenvolvimento. No Brasil,
ao longo das últimas décadas, diferentes atores passaram a lançar mão
de mecanismos que visam desenvolvimento de projetos colaborativos.

Nesse cenário, construir relações estratégicas e de cooperação é outro


passo fundamental para o país, a exemplo do acordo de associação
entre o Mercosul e a União Europeia, ainda pendente de ratificação;
da continuidade do processo de acessão do Brasil à Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); e de relações
bilaterais com países como Estados Unidos e China, entre outros.

Além disso, diante do aumento dos desafios e do rearranjo


comercial mundial pós-pandemia, reduzir barreiras
não tarifárias e de assincronias, além de implementar
mecanismos de facilitação de comércio e promoção
de princípios baseados em ciência, é essencial para a
construção das prioridades internacionais do governo
federal nos próximos anos.
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SUSTENTABILIDADE

O Brasil é uma das maiores potências agrícolas


do planeta. Além de produzir alimentos, nossa
agricultura contempla a produção de fontes para
a geração de energia, algo muito importante para
a diversificação, que é um dos pilares centrais da
política energética nacional.
Apesar de toda a expansão dos últimos 50 anos, a
agricultura brasileira não ultrapassa 7,8% do território.
As pastagens se estendem por 21,2%, enquanto as
florestas plantadas ocupam 1,2%.

O incremento na produtividade do campo só foi


possível por conta de um conjunto de fatores,
com destaque para a implementação de políticas
públicas eficientes, empreendedorismo do produtor
rural, investimentos do setor privado na descoberta
de moléculas inovadoras na área de químicos,
aprofundamento de pesquisa e desenvolvimento em
melhoramento vegetal, biotecnologia e bioinsumos.

De forma a potencializar ainda mais o sistema de


produção no país, a adoção, em escala, de uma
agricultura cada vez mais digital é uma necessidade
e já é uma realidade em algumas regiões brasileiras.
Diferentes ferramentas vêm sendo disponibilizadas,
otimizando e agilizando a tomada de decisão dos
agricultores. A precisão que permeia essa atividade
é alta e os benefícios do gerenciamento de dados
são muitos, obtendo-se:

• Mais eficiência no uso das • Maximização das receitas;


tecnologias no campo;
• Mais sustentabilidade
• Elevação da produtividade, nas lavouras.
utilizando menos recursos
naturais;
Portanto, é necessário intensificar a capacitação
de recursos humanos. A difusão de conhecimento
científico e treinamentos de boas práticas, além
de integrarem pequenos e médios produtores e
extensionistas às diferentes cadeias, gera valor
essencial para o desenvolvimento humano e social
atrelado ao setor. Estimular essas práticas, sob a
forma de diretrizes e engajamento para execução de
políticas públicas, é fundamental. A continuidade do
plano nacional de capacitação do uso de tecnologias
no campo e a política nacional de agricultura digital e
de precisão são exemplos do que deve ser feito.

Tais iniciativas, entre outras em andamento, poderão


também ampliar a rastreabilidade de toda a cadeia
agrícola, revelando o nível de sustentabilidade da
produção agropecuária brasileira para o mundo.

A difusão de conhecimento científico e treinamentos


de boas práticas, além de integrarem pequenos e
médios produtores e extensionistas às diferentes
cadeias, geram valor essencial para o desenvolvimento
humano e social atrelado ao setor.
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O futuro de um setor
estratégico para o país,
como é o agronegócio,
passa também pelo
funcionamento dos
mecanismos do mercado
de carbono.

O futuro de um setor estratégico para o país, como é o agronegócio, passa


também pelo funcionamento dos mecanismos do mercado de carbono. Esse
foi um tema de especial relevância na COP26, realizada em 2021, na Escócia.
Com o início da contabilização das Contribuições Nacionalmente Determinadas
(NDC, na sigla em inglês) das Partes, a operacionalização do comércio de
créditos de carbono (offset) como forma alternativa para reduzir emissões de
Gases de Efeito Estufa (GEE) é uma demanda do Acordo de Paris, negociado
durante a COP21 e selado no fim de 2015.

Todos esses mecanismos têm o potencial de alavancar imprescindíveis


investimentos para a modernização tecnológica, necessária para uma economia
de baixo carbono que não onere nem reduza a competitividade do setor
produtivo nacional. Nesse sentido, é preciso propor um marco legal, dotado de
um sistema de registro transparente, que apoie a ampliação e o fortalecimento
do mercado voluntário como importante ferramenta para tornar tangíveis
e monetizar esforços de conservação de recursos naturais.
Conectados pelo campo.
Juntos pelo <futuro>

EDUARDO LEÃO
Presidente executivo da CropLife Brasil

Saiba mais
A CropLife Brasil (CLB) é uma associação que reúne especialistas,
instituições e empresas que atuam na pesquisa e no desenvolvimento
de tecnologias em quatro áreas essenciais para a produção agrícola
sustentável: germoplasma (mudas e sementes), biotecnologia,
defensivos químicos e produtos biológicos.
Agenda Croplife Brasil pela Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio - 2023

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