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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

ESTUDO SOBRE O ESCOAMENTO LAMINAR MONOFÁSICO DE UM


FLUIDO EM MEIO POROSO POR MÉTODOS COMPUTACIONAIS

RECIFE
2023
JEFFERSON JOSÉ ALVES PRAGANA
LETÍCIA FEITOSA TAVARES
VÍCTOR DE ANDRADE LIMA
WALTER SPENCER DE HOLANDA NETTO
YAUCHA MAYSA COUTINHO COSTA

ESTUDO SOBRE O ESCOAMENTO LAMINAR MONOFÁSICO DE UM


FLUIDO EM MEIO POROSO POR MÉTODOS COMPUTACIONAIS

Trabalho apresentado no curso de Engenharia Química


da Universidade Federal de Pernambuco, como parte da
avaliação referente à disciplina de Fenômenos de
Transporte I ministrada pelo Prof. Paulo Roberto
Maciel Lyra .

RECIFE
2023
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 5

2.1. MASSA ESPECÍFICA ............................................................................................ 5

2.2. POROSIDADE ........................................................................................................ 5

2.3. PERMEABILIDADE .............................................................................................. 6

2.4. VISCOSIDADE....................................................................................................... 6

2.5. LEI DE DARCY ...................................................................................................... 7

2.6. CONSERVAÇÃO DA MASSA.............................................................................. 7

2.7. EQUAÇÕES GERAIS PARA O ESCOAMENTO MONOFÁSICO


EM MEIO POROSO.......................................................................................................... 8

2.8. DIFERENÇAS FINITAS ........................................................................................ 8

3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 9

3.1. PROBLEMA PROPOSTO ...................................................................................... 9

3.2. USO DO SOFTWARE CFD STUDIO ................................................................. 10

3.3. CONFIGURAÇÕES DAS MÁQUINAS .............................................................. 17

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 18

4.1. CONFIGURAÇÃO A............................................................................................ 18

4.2. CONFIGURAÇÃO B ............................................................................................ 29

4.3. CONFIGURAÇÃO C ............................................................................................ 41

5. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 52

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 53


1. INTRODUÇÃO

Diariamente surgem diversos problemas de soluções complexas para


profissionais da engenharia que precisam de soluções mais elaboradas para suprir as
necessidades e mesmo assim, ainda há áreas que não se têm uma completa explicação dos
seus fenômenos. Uma delas é a fluidodinâmica que é envolta e ligada à mecânica dos
fluidos.

A fim de entender e descrever de forma mais eficiente o comportamento dos fluidos como
líquidos e gases, as equações de Navier- Stokes foram usadas para descrever fluidos
newtonianos através do princípio de balanço linear, aplicado a um meio contínuo em
descrição euleriana (MELO, 2020). Por diversas vezes, a única forma de entender o
comportamento de determinado fluido foi por meio de experimentos, como a utilização de
túneis de vento (FORTUNA, 2000). Portanto, uma alternativa que não exigisse a
frequente utilização de protótipos físicos ou experimentos , que de certa forma encarecem
muito os projetos a depender da natureza de sua complexidade , era muito procurada.
Graças à falta de facilidade em se determinar a solução analítica de problemas envolvendo
fluidos, há o surgimento de alternativas que possibilitam a determinação numérica destas
soluções como a computação fluidodinâmica.

O CFD tem início nos anos 60 e 70 e passou por aprimorações graças aos avanços
tecnológicos, na qual os modelos de solução rápida permitem integrações com outros
simuladores de processos. O CFD tem aplicações desde aeroespacial quanto hidrodinâmica,
na qual com essas modelagens, determina-se grandezas físicas como pressões, temperaturas
e velocidades, que atuam sobre o sistema físico, podendo o afetar ou não, envolvendo os
princípios de conservação e equações de mecânica dos fluidos. No problema resolvido, o
caso será um fluido que escoa em meio poroso e por isso a Lei de Darcy atende bem às
expectativas. Entretanto, foram feitas as seguintes considerações para uma melhor solução
numérica.

a) Fluido é homogêneo e newtoniano;


b) Permeabilidade deve independer da pressão, temperatura e fluido;
c) O escoamento além de laminar deve ser isotérmico e não deve haver reação química entre
o fluido e o meio;
d) Conhecimento das características do escoamento nas fronteiras do domínio.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para realizar a análise do fluido, faz-se necessária a consideração não só das


propriedades do fluido, como também das propriedades do meio, sendo elas
permeabilidade e porosidade. Visando descrever o escoamento em meio poroso,
existe a Lei de Darcy juntamente com a lei de conservação de massa.

2.1. MASSA ESPECÍFICA

Uma das principais características de um fluido, é a sua massa específica, a qual é a


base para determinação do volume ocupado pelo fluido, dimensionamento de bombas,
determinação de escoamento, entre outros. A definição da grandeza pode ser vista na
fórmula abaixo:

𝑝 = 𝑣𝑙𝑖𝑚 → 𝑣′𝑀𝑉

A fórmula pode ser interpretada como uma certa quantidade de massa, em um


determinado volume, e seu efeito pode ser observado na sobreposição de dois fluidos
de densidades diferentes.

2.2. POROSIDADE

É uma propriedade física que explicita a razão entre os “espaços vazios”


(volume dos poros) de um corpo e seu volume total. Existem dois tipos de
porosidade: efetiva e absoluta, conforme mostra as equações 1 e 2:

𝜙𝑎 = 𝜙𝑒 =
Porosidade absoluta Porosidade efetiva
Equações 1 e 2

A porosidade efetiva é a razão entre o volume poroso interconectado e o volume


total do meio, enquanto a absoluta é a razão entre todos os poros (intercomunicáveis
ou não) e o volume total do corpo.
Então, quanto mais poroso for o corpo, maior sua capacidade de acumular fluido e
dificultar o escoamento completo.
2.3. PERMEABILIDADE

Unido à porosidade está a permeabilidade, que é a capacidade que um material


de permitir o escoamento de fluidos através dos seus poros. Em equações como a Lei
de Darcy, a permeabilidade é representada pela letra K e normalmente é medida em
milidarcy. A permeabilidade, assim como a porosidade, leva em consideração os poros
do meio, mas não o seu volume, e sim sua quantidade. Essa grandeza é definida como
a razão entre o número de poros e o seu volume total, ou seja, a capacidade que
determinado meio possui de transmitir um fluido. Esse conceito é citado na Lei de
Darcy. Assim como a porosidade, existem dois tipos de permeabilidade, absoluta e
relativa. A absoluta diz respeito à condutividade do material poroso, quando este está
saturado por um único fluido, já a relativa, se refere à condutividade quando coexistem
duas ou mais fases no mesmo meio, e nesse caso, a permeabilidade absoluta é maior do
que a relativa.

2.4. VISCOSIDADE

Em 1856, o cientista Henry Darcy, através de um experimento para estudar o


fluxo de água através de uma camada porosa, desenvolveu uma Equação que estabelece
uma relação entre a velocidade do fluido e o gradiente de potencial hidráulico. A
Equação 3 (Lei de Darcy) possui 6 variáveis, sendo elas: gradiente de pressão (p), massa
específica do fluido(𝜌), módulo da aceleração gravitacional(g), gradiente de cota(z),
permeabilidade do meio(K) e a viscosidade do fluido (𝜇). A Equação de possui o sinal
negativo pois o fluido se move de um ponto de maior pressão para um ponto de menor
pressão. Existem algumas hipóteses nas quais a Equação se baseia: o fluido é
newtoniano e homogêneo, não ocorrem reações químicas entre o fluido e o meio, o
escoamento é laminar e isotérmico, a permeabilidade independe da pressão, da
temperatura e do fluido, e foram desprezados os efeitos eletrocinéticos e o efeito do
deslizamento de gases a baixa pressão (efeito de Klinkenberg).
2.5. LEI DE DARCY

Informa que a velocidade média do fluido é diretamente proporcional ao gradiente de


pressão no domínio e inversamente proporcional à viscosidade do fluido. Na Equação 3, é
possível ver a representação algébrica da Lei de Darcy.

𝑣⃗ = − 𝐾(𝛻𝑃 − 𝜌𝑔𝛻𝑧) Equação 3

Nesta equação, μ representa a viscosidade do fluido, K é a permeabilidade absoluta do meio P


é a pressão aplicada, g é a aceleração da gravidade e z é a cota medida verticalmente.
Substituindo o valor de 𝑣⃗ na Lei de Darcy na Equação da Continuidade, gera uma equação
geral que descreve o escoamento de um fluido em meio poroso,como descrita na Equação 4.
𝛛( )
𝛛
= −𝛻( − 𝜌𝑔𝛻𝑧) + 𝑞 Equação 4

2.6. CONSERVAÇÃO DA MASSA

Determina que para um sistema fechado que sofre mudanças, a taxa de variação de
massa é igual a zero, ou seja, a massa inicial deve ser igual a massa final do processo,
se conservando. Essa lei é expressa pela Equação 5.
=0 Equação 5

Quando aplicada para um fluido incompressível, é conhecida como equação da


continuidade e quando se considera em um meio poroso, a equação fica na forma da
Equação 6.
𝛛( )
𝛛
= −𝛻(𝜌𝑣⃗) + 𝑞 Equação 6

Nesta equação, ⍴ é a densidade ou massa específica do fluido, ɸ é a porosidade, 𝑣⃗ é a


velocidade superficial do fluido e q é termo de fonte ou sumidouro.
2.7. EQUAÇÕES GERAIS PARA O ESCOAMENTO MONOFÁSICO
EM MEIO POROSO

Visando melhorar a eficiência e acelerar o desenvolvimento de processos


envolvendo meios porosos, foi descrito o movimento do fluido em um meio poroso para
diferentes condições. Essa Equação generalizada foi obtida substituindo a velocidade
da Equação da Lei de Darcy, na Equação de conservação da massa em meio poroso.

2.8. DIFERENÇAS FINITAS

Soluções numéricas, são os conjuntos de técnicas aproximativas que são usadas para a
transferência da geometria de interesse para um domínio discretizado.
A solução numérica, fornece um resultado em um número finito de pontos definidos pelo
analista, esses pontos que formam a malha de cálculo, onde a malha consiste em uma
representação discretizada de um domínio infinito, porém em um domínio finito de pontos.
Uma das formas de se discretizar o espaço, é o método das diferenças finitas, que tem como
objetivo, tratar um problema com Equações diferenciais, transformando-o em um problema de
Equações algébricas. A aproximação é obtida através da série de Taylor da função derivada.
problema de Equações algébricas. A aproximação é obtida através da série de Taylor da função
derivada.
Para transformar uma Equação diferencial num problema linear, é feita a aproximação do
quociente de diferenças de qualquer derivada de ordem. Para isso, é necessário que "h" seja um
número extremamente pequeno, mas não pequeno a ponto de causar instabilidade na
aproximação da derivada.
Equações de primeira e segunda derivada por diferenças finitas:

Todavia, esse método não é o mais adequado no tocante à mecânica dos fluidos, pois
ele não tem o princípio da conservação como base. Para garantir que não haverá criação
nem consumo de propriedades fora das condições reais do problema, o método que
melhor se adequa é o de volumes finitos.
3. METODOLOGIA

O problema fornecido tem como objetivo promover uma simulação acerca do


comportamento de um fluido. Para isso, o problema foi abordado em uma forma de
escoamento, por meio do emprego do software CFD Studio 1.0.

3.1. PROBLEMA PROPOSTO

O problema proposto foi o 2, exibido na Figura 1. A região branca, k1, possui


permeabilidade constante e igual a 100, enquanto a região alaranjada, k2, apresenta
permeabilidade variável, como mostra a tabela 1.

Figura 1: Problema proposto


CONFIGURAÇÃO VALOR DE K2

A 100

B 10^-4

C 10^4

Tabela 1: Valores de permeabilidade de k2

Localizado do lado superior direito, apresentando coloração avermelhada, verifica-se a


presença de um poço injetor que introduz fluido ao sistema. Do lado inferior esquerdo, de
coloração cinza, existe um poço produtor que retira o fluido. Todos os poços apresentam
dimensão 10x10. Além disso, todas as fronteiras de domínio do sistema caracterizam por um
fluxo de calor nulo, sendo essa a condição de contorno.

Ademais, foram determinadas três malhas 3 malhas com diferentes níveis de


discretização, para as quais foram feitas as simulações. As malhas propostas foram: 10x10,
20x20 e 40x40. Com isso, será possível observar as diferenças obtidas com o aumento do
refinamento da malha.

3.2. USO DO SOFTWARE CFD STUDIO

O software foi utilizado para fazer as simulações e, assim, gerar gráficos diferentes. O
primeiro passo a ser realizado, é a escolha do problema que será resolvido, como é explicado
na figura 2. A partir disso, é selecionado o tipo “condução de calor” como visto na figura 3,
devido às semelhanças entre as equações de calor com as de escoamento do fluido.

Figura 2: Tipo de problema


Figura 3: Escolha do tipo de problema

No segundo passo, a malha é definida para discretizar o domínio, explicado na figura 4.


Na figura 5, é mostrada a definição das dimensões do problema, sendo 100 de largura e 100 de
altura para todas as malhas. A seguir, nas direções I e J são determinados a quantidade de
divisões que será a discretização da malha. Dessa forma, em cada uma das malhas deverá ser
alterada a quantidade de divisões nas direções I e J.

Figura 4: CFD Mesh


Figura 5: Definição da malha

O passo 3 é a etapa em que são definidas as condições iniciais do problema, mostrado


na Figura 7. Em todas as simulações foram mantidas as especificações da Figura 7. Os valores
usados foram nulos devido ao fato de que não foi imposto nenhuma condição inicial ao
problema proposto.

Figura 6: Condições iniciais

Figura 7: Escolha das condições iniciais


No passo 4, são definidas as condições de contorno com as instruções da Figura 8. Para
o problema proposto, considerou-se a condição de fluxo de calor igual a zero, como abordado
na Figura 9. Essa condição deve ser usada em todas as simulações, assim como nas fronteiras:
norte, sul, leste e oeste. Isso porque a velocidade nas fronteiras do domínio é nula, de acordo
com a proposição do problema.

Figura 8: Condição de contorno

Figura 9: Definição das condições de contorno

No passo 5 foram definidas as propriedades do meio, elucidado na Figura 10. Na Figura


11 são exibidos os parâmetros físicos que devem ser exibidos. As informações dos poços
injetores, que admitem valor positivo, e produtores, que admitem sinal negativo, devem ser
adicionadas na parte indicada para “geração de calor”, tal convenção se dá pelo fato de que nos
poços injetores haverá a injeção de fluido , promovendo-se então aumento de escoamento e
consequentemente aumento de pressão. Enquanto as informações sobre a permeabilidade do
meio, ou seja, k1 e k2, devem ser adicionadas onde está nomeado de “condutividade térmica”.
Isso porque a condutividade é análoga à permeabilidade do meio.

Figura 10: Parâmetros físicos

Figura 11: Definição dos parâmetros físicos

No passo 6, são definidos os parâmetros numéricos, como dito na


Figura 12. Em seguida, deve-se escolher o passo no tempo, conforme pode ser visto na Figura
13, o tempo final e o número de passos são consequência disso. Com o intuito de adentrar no
estado estacionário à medida que as simulações são realizadas, deve-se colocar um tempo final
grande, de forma que o sistema seja capaz de atingir o estado estacionário antes do tempo final,
com o passo do tempo igual a 1 para que a simulação não demore mais que o necessário.

Figura 12: Parâmetros numéricos

Figura 13: Definição dos parâmetros numéricos


Na etapa 7 foi escolhido o solver, método de resolução de sistema linear. Na Figura 14
mostra a importância desse passo. O tipo escolhido é o TDMA, como mostra a figura 15, com
tolerância pequena e número de iterações máximas muito pequenas.

Figura 14: Solver

Figura 15: Definição do solver

Por fim, é possível dar início a simulação. Na Figura 16 é possível observar a interface
da simulação, em que basta escolher a opção “iniciar simulação”, para construção dos gráficos.
Figura 16: Simulador

Após isso, é possível obter todos os gráficos na seção de pós-processamento do CFD


Studio, para que assim seja possível realizar as análises e interpretações.

3.3. CONFIGURAÇÕES DAS MÁQUINAS

As simulações foram realizadas em diversos computadores, com os detalhes técnicos


exibidos na Tabela 1.
Especificações técnicas das máquinas
Configuração Processador: Memória RAM Edição do Windows Tipo de sistema

A Intel(R) Core(TM) 32,0 GB 10 Sistema operacional


i7-7700HQ CPU @ de 64 bits,
2.80GHz processador baseado
em x64
B 1ºMáquina): 1ºMáquina): 8 GB 1º Máquina): 10 1ºMáquina): Sistema
Processador Home operacional de 64
Intel(R) bits, pc baseado em
Core(TM) i7-5500U x64
CPU @ 2.40GHz

C Intel(R) 8 GB 10 Sistema operacional


Core(TM) i5-8256U de 64 bits
CPU @3.9GHz

Tabela 2: Especificações da máquina utilizada


4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como o software CFD Studio 1.0 foi desenvolvido para execução de simulações
numéricas de problemas 2D incluindo fluxo e transferência calor, é válido ressaltar que
analogias foram levadas em consideração com o objetivo de promover a melhor interpretação.
O parâmetro de temperatura corresponde à pressão, o fluxo de calor é relacionado ao fluxo de
fluido e a vazão é apresentada como geração de calor, visto que os gráficos obtidos são
apresentados em termos destinados a problemas ligados ao calor.

A Tabela 2 abaixo descreve as quantidades necessárias de iterações para a simulação de


cada malha até atingir o estado estacionário para cada configuração apropriada de
permeabilidade.

Configuração Malha 10x10 Malha 20x20 Malha 40x40


A(K2 = K1) 64 iterações 64 iterações 65 iterações
B(K2 = 10-4) 137 iterações 133 iterações 9773 iterações
C(K2 = 104) 34 interações 37 interações 64 interações
Tabela 2: Iterações necessárias para cada simulação.

4.1. CONFIGURAÇÃO A

O valor da permeabilidade é o mesmo para as três malhas e suas divisões, ou seja, K1=
K2 = 100. Com isso é possível relacionar os valores com comportamentos observados em
campos escalares, isolinhas de pressão e campos vetoriais de velocidade. As áreas dos poços
de injeção têm uma pressão mais alta e estão representadas pela cor vermelha, localizado na
parte superior direita da malha de acordo com as informações apresentadas na Figura 17, com
valores de pressão entre 75 e 150 no estado estacionário. No poço produtor, a pressão é menor,
logo apresenta um tom azul suave localizada na parte inferior esquerda da malha com valores
de pressão entre -75 e -150 ao alcançar o estado estacionário. Deve-se notar também que a
variação tanto no gráfico de isolinhas quanto no de campos escalares são mais uniformes. Tal
peculiaridade torna-se perceptível devido ao fato de que a permeabilidade do meio é constante.
Figura 17 : Gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas iterações a)1 b)10 c) Estado
estacionário da malha 10x10.

a)

b)

c)
Figura 18: Segue abaixo os gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas iterações a)1
b)10 e c) Estado estacionário da malha 20x20.

a)

b)

c)
Figura 19: Segue abaixo os gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas iterações a)1
b)10 e c) Estado estacionário da malha 40x40.

a)

b)

c)
Outra propriedade levada em conta na análise foi a velocidade do fluido, a qual está
diretamente relacionada ao gradiente de pressão observado nos gráficos. A partir dos campos
de vetores de velocidade, pode-se observar que os vetores são mais intensos na área próxima
aos poços injetores, as quais são as áreas que apresentam maior pressão, e menos acentuados
nos poços produtores, que são as áreas que se caracterizam por baixas pressões,

Portanto, é possível afirmar que o escoamento ocorre indo de uma área de alta pressão
para outra de baixa pressão, confirmando a fundamentação teórica proposta pela lei de Darcy,
que determina a velocidade sendo proporcional ao oposto do vetor gradiente de pressão.

Figura 20: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)1 b)10 e c) Estado
Estacionário da malha 10x10.
a)

b)
c)

Figura 21: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)1 b)3 e c) Estado
Estacionário da malha 20x20.

a)
b)

c)
Figura 22: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)1 b)3 e c) Estado
Estacionário da malha 40x40.

a)

b)
c)

Avaliando os resultados do método numérico para diferentes domínios e realizando a


comparação entre eles , é possível observar que o comportamento da pressão ao longo da
largura da malha é muito similar nas 3 malhas apresentadas, o que indica que está de acordo
com a realidade das condições uniformes de permeabilidade do problema proposto. O
comportamento da pressão ao longo da largura pode ser observado na Figura 23:
Pressão x Largura
180

160

Malha
140 20x20
Malha
10x10
120 Malha
40x40

100

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100 120

-20

Figura 23: Gráfico Pressão X Largura para permeabilidade K2 = 100

Ainda com essa configuração, os gráficos dinâmicos são capazes de avaliar a área de
maior pressão nas três malhas e mostram possíveis simetrias do problema. Com isso, para a
configuração K2 = 100, na Figura 24 é possível identificar a presença de simetria através da
modelagem obtida pelos gráficos dinâmicos para as 3 malhas. No entanto, o software utilizado
para construção dos gráficos e modelação do sistema não é capaz de simplificar o problema
dada a simetria apresentada, sendo mesmo assim necessário a análise de toda malha para
garantir a uma solução confiável do problema proposto.
Figura 24: Gráficos da pressão ao longo da linha central perpendicular ao domínio no estado
estacionário para as malhas a) 10x10, b) 20x20 e c) 40x40.
a)

b)
c)

4.2. CONFIGURAÇÃO B

Nesta configuração, o valor da permeabilidade K1, com região indicada na figura 1, continua
igual a 100. Porém o K2 agora passa a ser considerado muito baixo, e o valor atribuído a ele é
de 10 . Para esta configuração, o sistema apresentou o estado estacionário com um maior
número de iterações quando comparado com as configurações A e C, como demonstrado na
tabela 2; em vista disso os valores de iterações escolhidos para representarem o regime
transiente foram 1 e 60, para as malhas 10x10 e 20x20 e 100 e 1000 para a malha 40x40. Como
firmado teoricamente, as áreas dos poços de injeção apresentam pressões mais altas, onde nesta
configuração resultaram em valores entre 127 e 246 no estado estacionário para as três malhas,
e tais poços são caracterizados pela cor vermelha nos gráficos do campo escalar demonstrados
adiante. Já os poços produtores possuem pressões baixas, consequentemente são representados
por uma cor que indique tenuidade, nesse caso, azul; tais poços apresentaram valores entre -107
e -226 no estado estacionário para as três malhas. Como nesta situação o K2 é 10.000 vezes
menor que o K1, ocorre a introdução de uma área que atua como obstáculo para o escoamento
do fluido, já que segundo a Lei de Darcy quanto menor a permeabilidade maior a dificuldade
para a ocorrência do fenômeno de escoamento; portanto as variações tanto no gráfico de
isolinhas quanto no de campos escalares perdem suas características de uniformidade.
Figura 25 : Gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas iterações a)1 b)60 c) Estado
estacionário da malha 10x10.

a)

b)
c)

Figura 26 : Abaixo apresenta-se os gráficos do campo escalar e isolinhas de pressão nas


iterações a)1 b)60 e c) Estado estacionário da malha 20x20.

a)

b)
c)

Figura 27 : Abaixo apresenta-se os gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas


iterações a)100 b)1000 e c) Estado estacionário da malha 40x40.

a) 100

b) 1000
c) estado estacionário

Quanto à velocidade do fluido, igualmente à análise realizada nos resultados das


simulações da configuração A, ela está diretamente relacionada ao gradiente de pressão presente
nos gráficos gerados. Com base nos campos vetoriais de velocidade apresentados a seguir,
identificamos que tais vetores são mais acentuados na região próxima aos poços injetores, o que
converge com o fato de que altas pressões geram vetores de maior intensidade. Esses vetores
caminham para as áreas próximas dos poços produtores, caracterizados como de menor pressão;
consequentemente concluímos que o fluido escoa de uma região de alta pressão para uma de
baixa pressão, concordando com a fundamentação teórica proposta pela lei de Darcy, de que a
velocidade de escoamento do fluido é proporcional ao oposto do vetor gradiente de pressão,
assim como firmamos na análise da configuração A
Figura 28: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)1 b)60 e c) Estado
estacionário da malha 10x10.

a)

b)
c)

Figura 29: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)1 b)60 e c) Estado
estacionário da malha 20x20.

a)
b)

c)
Figura 30: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)100
b)1000 e c) Estado estacionário da malha 40x40.

a)100

b) 1000
c) Estado estacionário

O comportamento da pressão ao longo da largura das três malhas, ilustrado graficamente abaixo
(Figura 31), apresenta certo nível de homogeneidade já que as linhas de cada malha
demonstram relativa sobreposição outrossim a mesma tendência de comportamento; portanto
o método numérico utilizado no programa está de acordo com a realidade das condições
variáveis de permeabilidade com a área da malha do problema proposto. Além disso, ao
analisarmos a figura 31 observamos que a maior discretização das malhas influencia menos
nos resultados obtidos quando comparado com menores discretizações, concordando com a
boa eficiência do programa na execução da simulação para o problema proposto citado
anteriormente; assim, utilizar menos discretizações pode ser uma alternativa viável para a
geração de resultados confiáveis por meio de uma menor demanda por poder computacional.
Por fim, ao observarmos a figura 31 juntamente com os gráficos dinâmicos da figura 32,
notamos que existe um certo nível de simetria, porém sua quantificação não é suficiente para
que possamos reduzir a malha no momento da simulação a fim de obter os mesmos resultados
quando aplicarmos a malha completa.
Figura 31 : Gráfico Pressão X Largura para a permeabilidade K2 = 10

Figura 32: Gráficos da pressão ao longo da linha central perpendicular ao domínio no estado
estacionário para as malhas a) 10x10, b) 20x20 e c) 40x40.
a)
b)

c)
4.3. CONFIGURAÇÃO C

Neste caso, o valor da permeabilidade é K1=100 e região demarcada por K2, apresenta
o valor de 10⁴. A partir desses dados, foi possível obter e analisar os comportamentos
observados em campos escalares, isolinhas de pressão e campos vetoriais de velocidade. Assim
como nas demais configurações, áreas dos poços de injeção têm uma pressão mais alta e estão
representadas pela cor vermelha, localizado na parte superior direita da malha de acordo com
as informações apresentadas na Figura 33, com valores de pressão entre 60 e 121 no estado
estacionário. No poço produtor, a pressão é menor, logo apresenta um tom azul suave
localizado na parte inferior esquerda da malha com valores de pressão entre -60 e -121 ao
alcançar o estado estacionário. Inicialmente, é importante ressaltar a alteração dos valores
escalares obtidos uma vez que a malha não opera em um regime de uniformidade quanto a sua
permeabilidade, e que a presença de uma região com um aumento dessa característica reduz a
pressão necessária para escoamento do fluido. Continuamente, é notória que as isolinhas não
apresentam curvas suaves tal como na configuração A devido a existência de uma região de
permeabilidade consideravelmente maior, que por apresentar uma resistência menor a
passagem do fluido, direciona o escoamento do mesmo para essa área, localizada na região
central da malha (o que pode ser observado pelo afastamento das extremidades da isolinha
central das extremidade da malha para sua parte mais central) indicando a mudança no padrão
de escoamento.

Figura 33: Gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas iterações a) 6 b) 20 c) Estado
estacionário da malha 10x10.

a)
b)

c)

Figura 34 : Segue abaixo os gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas iterações a)6
b)20 e c) Estado estacionário da malha 20x20.

a)
b)

c)

Figura 35 : Segue abaixo os gráficos do campo escalar, isolinhas de pressão nas iterações a)10
b)20 e c) Estado estacionário da malha 40x40.

a)
b)

c)

As Figuras 34 e 35, mostram que o aumento do volume da malha, por produzir um


volume de dados maior, melhora qualitativamente os resultados e torna observável um
comportamento mais real nas curvas de isolinhas, uma “suavização” delas.
Figura 36: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)6 b)10 e c) Estado
Estacionário da malha 10x10.

a)

b)
c)

Figura 37: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a) 6 b) 20 e c) Estado
Estacionário da malha 20x20.

a)
b)

c)
Figura 38: Segue abaixo o gráfico do campo vetorial nas iterações a)10 b)20 e c) Estado
Estacionário da malha 40x40.

a)

b)
c)

Utilizando o gradiente de pressão obtido graficamente através do campo vetorial , foi


possível visualizar e analisar outra importante característica: a velocidade do fluido.
Reafirmou-se a partir dos campos de vetores de velocidade, que mesmo após mudanças de
permeabilidade na malha os vetores são mais intensos na área próxima aos poços injetores,
áreas que apresentam maior pressão, e menos acentuados nos poços produtores, áreas que se
caracterizam por baixas pressões, ou seja, como fundamentado pela Lei de Darcy, a velocidade
de escoamento do fluido é proporcional ao oposto do vetor gradiente de pressão.

É possível observar a partir das Figuras 36, 37 e 38 que o escoamento ocorre da maneira
esperada – majoritariamente através da região de maior fator de permeabilidade e direcionada
da região de alta pressão para região de baixa pressão. Ainda é importante salientar que, com a
maior discretização da malha, o perfil ficou melhor definido e os valores escalares mais
próximos do real. Tal característica também possibilitou a observação da redução considerável
de velocidade nas regiões onde K1 e K2 estão próximos – zonas de transição, como mais um
fator que corrobora com a proposição já observada no gráfico de isolinhas, que indica a que
fluxo de escoamento ocorrerá mais centralizado na região de maior fator de permeabilidade. O
comportamento da pressão ao longo da largura pode ser observado na Figura 36:
Figura 39: Gráfico Pressão X Largura para permeabilidade K2 = 10⁴

Analisando a Figura 39 é possível perceber que quanto mais discretizada a região


analisada, mais informações são obtidas sobre o comportamento do fluido nas regiões próximas
aos limites do problema. Sobretudo, à similaridade no perfil das curvas de cada malha positiva
os bons resultados obtidos pelo software mesmo com a adoção de malhas menos discretizadas.
A Figura 40, usando gráficos dinâmicos, reforça as questões citadas a pouco.
Figura 40: Gráficos da pressão ao longo da linha central perpendicular ao domínio no estado
estacionário para as malhas a) 10x10, b) 20x20 e c) 40x40.
a)

b)
c)

5. CONCLUSÃO

A partir dos resultados práticos obtidos foi possível afirmar que o CFD Studio 1.0 é
eficiente para resolver problemas de escoamento de fluido, descrevendo o comportamento
escoamento laminar em meio poroso. Utilizando os gráficos de pressão e vetores de velocidade
fornecem-se informações suficientes para a possibilidade de não se fazer uso de métodos
analíticos na caracterização do escoamento, auxiliando na redução de custos e tempo de
operação. Ainda se percebeu que, ao realizar as simulações, dois fatores se mostraram os mais
determinantes no tempo de simulação, sendo estes: as discretizações das malhas que
diretamente se relacionam ao número de interações, em consequência, ao tempo gasto –
aumentando diretamente com a maior subdivisão da malha – e o fator de permeabilidade
aplicada na região, cuja aumento criava regiões de obstáculo ao escoamento do fluido
aumentando assim o tempo gasto para atingir o estado estacionário. Observado por exemplo
nas malhas de 40x40, como aumento considerável no número de interações quando se aplicou
a variação de k2= 0,0001 para k2=10000. Através das simulações observou-se exatamente
uma das características que corroboram para o que foi determinado teoricamente pela lei de
Darcy, que os poços injetores, configurando as áreas de maior pressão, representado pelo uso
gráfico de cores quentes, eram a origem do escoamento e que ele se direcionava em oposição
ao gradiente de pressão, atingindo a região dos poços produtores, que faziam uso de cores frias
para indicar pressão negativa.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M. Mecânica dos fluidos-3. Amgh


Editora, 2015.

CUPERTINO, D. F. Caracterização de propriedades do meio poroso em solo


arenoso através de Pemo-Porosímetro a gás. Monografia submetida ao curso
de Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005.

LORIA, Herbert; PEREIRA-ALMAO, Pedro; SATYRO, Marco. Prediction of


density and viscosity of bitumen using the Peng− Robinson equation of state.
Industrial & engineering chemistry research, v. 48, n. 22, p. 10129-10135,
2009.

MARTINS, António Augusto Areosa et al. Fenômenos de transporte em meios


porosos: escoamento monofásico e transporte de massa. 2006.

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