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Lei de Lavagem de Capitais Cabo Verde
Lei de Lavagem de Capitais Cabo Verde
1. A prescrição da coima interrompe-se com o início da Para efeitos previstos na presente lei, o valor de cada
sua execução, em caso de pagamento fracionado. dia de coima é xado em 5.000$00 (cinco mil escudos)
e em 20.000$00 (vinte mil escudos) quando se tratar,
2. A prescrição da coima ocorre quando, desde o seu respetivamente, de pessoa singular ou de pessoa coletiva
início e ressalvado o tempo de suspensão, tiver decorrido ou entidade equiparada.
o prazo normal da prescrição acrescido de metade.
Artigo 46.º-C
Artigo 44.º-A
Punição de atos preparatórios
Contraordenações leves
São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
1. Constituem contraordenações leves punidas com na presente lei.
coima de 100.000$00 (cem mil escudos) a 2.000.000$00
(dois milhões de escudos): Artigo 3.º
Revogação
a) O incumprimento por Organização de Sociedade
sem Fins Lucrativos (OSFL) da obrigação É revogado o artigo 11.º da Lei n.º 38/VII/2009, de 27
estabelecida nos números 2 e 4 no artigo 20.º-A; de abril.
b) Os incumprimentos de obrigações estabelecidos Artigo 4.º
especicamente na presente lei que não constituam
infração especialmente grave ou grave. Republicação
2. Quando a infração for praticada por uma pessoa É republicada, em anexo à presente lei, a Lei n.º 38/VII/2009,
singular, a coima é de 50.000$00 (cinquenta mil escudos) de 27 de abril, com as modicações ora introduzidas, e
a 1.000.000$00 (um milhão de escudos). procedendo à renumeração dos artigos.
1. Na determinação da sanção atende-se às seguintes A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
circunstâncias: sua publicação.
Ao crime previsto na presente lei são subsidiariamente 2. Compete, especialmente, às autoridades de regulação
aplicáveis as normas do Código Penal, Código de Processo e supervisão:
Penal, a lei que estabelece os princípios gerais da cooperação
a) Editar regras de boas práticas com o propósito de
judiciária internacional em matéria penal.
combater a lavagem de capitais e de outros bens;
Artigo 4.º
b) Garantir que as entidades sujeitas estão a cumprir
Entidades sujeitas as suas obrigações no âmbito da alínea a) do
artigo 8.º.
Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres previstos
na presente lei as instituições nanceiras e as atividades c) Acompanhar e scalizar a aplicação das regras e
e profissões não financeiras designadas que tenham medidas de prevenção aos respetivos setores;
a sua sede no território nacional, assim como as suas
sucursais, liais e outras formas de representação que d) Recolher informação e outros dados junto das
estejam sediadas aqui ou no exterior. entidades sujeitas e executar inspeções no
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local ao nível do grupo, podendo as autoridades o) Determinar o tipo e o âmbito de medidas a adotar
de regulação e supervisão delegar as suas pelas entidades sujeitas para cada um dos
competências a outras entidades; requisitos estabelecidos no artigo 9.º, tendo em
consideração o risco de lavagem de capitais e
e) Ordenar, quando e sempre que necessário, a o volume da atividade comercial;
apresentação de quaisquer informações
relevantes, obter cópias de documentos, em p) Informar as entidades sujeitas sobre o destino
qualquer formato, e retirar documentos das das operações suspeitas comunicadas à UIF;
instalações de uma instituição nanceira ou
instituição não nanceira; q) Emitir diretivas sobre a forma como apresentar
essas comunicações de operações suspeitas.
f) Aplicar medidas e sanções às instituições nanceiras
e atividades e profissões não financeiras 3. Ainda, quanto às instituições nanceiras e pessoas
designadas por violação do cumprimento das físicas ou coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
obrigações, previstas na presente Lei, inclusive ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores de jogos de
o poder de cancelar, restringir ou suspender a fortuna ou azar, cabe à entidade de regulação e supervisão:
autorização, se for caso disso;
a) Procurar que aquelas adotem as medidas necessárias
g) Aprovar regulamentos de execução, orientações e para evitar que os agentes dos crimes ou os
recomendações para ajudar as entidades sujeitas respetivos comparticipantes, adquiram ou
no cumprimento das obrigações previstas na sejam beneciários efetivos de participações de
presente Lei; controlo ou de participações signicativas em
instituições nanceiras ou que nelas ocupem
h) Aprovar regulamentos que obriguem as entidades funções de direção;
sujeitas a aplicar medidas de diligência
reforçadas, ou outras medidas, relativamente b) Gar antir qu e as in stituições financeiras
a relações de negócio e operações com pessoas implementem políticas empresariais consistentes
singulares e coletivas e instituições nanceiras de acordo com as leis nacionais e os padrões
de países que não aplicam normas internacionais internacionais de supervisão, que devem
de prevenção à lavagem de capitais, ou não as ser também aplicadas à supervisão em base
aplicam de forma satisfatória; consolidada.
vi. As sociedades emitentes ou gestoras de cartões d) As pessoas, físicas ou jurídicas, que se dedicam
de crédito; habitualmente ao comércio ou organizam a
venda de joias, pedras ou metais preciosos,
vii. As sociedades de garantia mútua; objetos de arte ou antiguidades;
ix. Outras que como tal sejam qualicadas pela lei; f) As entidades que exerçam atividades de promoção
imobiliária, mediação imobiliária, compra e venda
b) As instituições de moeda eletrónica; de imóveis, bem como entidades construtoras
que procedam à venda direta de imóveis;
c) As seguradoras e as sociedades gestoras de fundos
de pensões; g) Os comerciantes que transaccionem bens cujo
pagamento seja efetuado em numerário, em
d) Os fundos de pensões e os organismos de montante igual ou superior a 1.000.000$00 (um
investimento coletivo desde que dotadas de milhão de escudos), independentemente de a
personalidade jurídica; transação ser realizada através de uma única
operação ou de várias operações aparentemente
e) As sociedades gestoras de fundos de investimento relacionadas entre si;
e as sociedades depositárias de valores afetos
a fundos de investimento, de acordo com o h) As organizações sem ns lucrativos, nos termos
Decreto-lei n.º 15/2005, de 14 de fevereiro; estabelecidos pelo artigo 35.º;
d) Os serviços postais, na medida em que prestem v. Criação, operação e gestão de pessoas coletivas
atividades nanceiras ao público. ou de entidades sem personalidade jurídica e
compra e venda de entidades comerciais;
4. Ainda, consideram-se instituições nanceiras outras
denidas em legislação especíca. vi. Alienação e aquisição de direitos sobre
p ra t i c a n t e s de a t i v i d a de s d e s p o r t i va s
5. São abrangidas também as sucursais, liais e agências prossionais;
situadas em território nacional, das entidades referidas no
número anterior que tenham a sua sede no estrangeiro, j) Os prestadores de serviços a sociedades e a fundos
bem como as sucursais nanceiras exteriores. duciários sempre que preparem ou efetuem
operações para um cliente no quadro das
6. São atividades e prossões não nanceiras designadas: seguintes atividades:
a uma sociedade ou a qualquer outra pessoa 2. Será designada em diploma próprio, no prazo de
coletiva ou a entidades sem personalidade cento e vinte dias após a entrada em vigor desta lei, a
jurídica; autoridade competente para coordenar a resposta nacional
aos riscos mencionados no número anterior.
iv. Atuação como administrador de um fundo
fiduciário explícito ou o exercício de função 3. As avaliações previstas no número 1 devem ser
equivalente para outros tipos de entidade atualizadas, documentadas e colocadas à disposição das
sem personalidade jurídica ou procedam às autoridades competentes e dos organismos de regulação
diligências necessárias para que outra pessoa e supervisão.
atue das formas referidas;
4. As entidades sujeitas devem adotar medidas adequadas
v. Intervenção como acionistas por conta de outra para identicar, avaliar e compreender os respetivos riscos
pessoa ou proceder às diligências necessárias de lavagem de capitais, nomeadamente o risco de cliente,
para que outra pessoa intervenha dessa forma. risco-país ou risco geográco, fatores de riscos associados
ao produto, serviço, operação ou canal de distribuição,
k) As outras atividades e prossões que vierem a ser estando obrigados a:
designadas por lei.
a) Documentar as respetivas avaliações dos riscos;
Artigo 8.º
b) Considerar todos os fatores de risco relevantes
Deveres das entidades sujeitas antes de determinar o nível de risco global e o
nível adequado e tipo de medidas de atenuação
As entidades sujeitas estão vinculadas, no desempenho
a aplicar;
da respetiva atividade, ao cumprimento dos seguintes
deveres: c) Manter essas avaliações atualizadas; e
a) Dever de avaliação e abordagem dos riscos; d) Dispor de mecanismos adequados para comunicar
a informação sobre a avaliação dos riscos às
b) Dever de identicação e vericação de identidade; autoridades competentes e aos organismos de
c) Dever de diligência relativo à clientela; auto-regulação.
sido devidamente identicadas. É vedada, em particular, tenham adquirido através de cartão bancário ou
a abertura, contratação ou manutenção de contas, ativos cheque não inutilizado e no montante máximo
ou instrumentos numerados, cifrados, anónimos ou com equivalente ao somatório das aquisições;
nomes tícios.
b) Para pagamentos de prémios à ordem dos
4. Os elementos relativos à identificação do cliente frequentadores premiados previamente
devem ser anotados, por escrito, em impresso próprio identicados e resultantes das combinações
ou no documento comprovativo da operação realizada. do plano de pagamentos das máquinas ou de
sistemas de prémio acumulado.
5. A identicação de centros de interesses coletivos
sem personalidade jurídica constituídos de acordo com o 4. A identidade dos frequentadores do casino deve ser
direito estrangeiro ou instrumentos legais semelhantes, sempre objeto de registo.
sem personalidade jurídica, deve incluir a obtenção e
5. As entidades pagadoras de prémios de apostas ou
vericação do nome dos administradores, instituidores
lotarias devem identificar os vencedores dos prémios
e beneciários.
sempre que o montante ganho for igual ou superior a
6. Sempre que a entidade sujeita tenha conhecimento 600.000$00 (seiscentos mil escudos).
ou fundada suspeita de que o cliente não atua por conta 6. As entidades que exerçam atividades de mediação,
própria, deve tomar medidas adequadas que lhe permitam promoção imobiliária, compra e venda de imóveis, bem
conhecer a identidade da pessoa ou entidade por conta como entidades construtoras que procedam à venda
de quem o cliente está a atuar, nomeadamente dos direta de imóveis, devem identificar os seus clientes,
beneciários efetivos. representantes e beneficiários efetivos, sempre que
7. As entidades sujeitas devem também vericar se realizem operações para os seus clientes, devendo ainda
os representantes dos clientes se encontram legalmente recolher os seguintes elementos:
habilitados a atuar em seu nome ou representação. a) Identicação clara dos intervenientes;
8. A obrigação de identicação prevista no presente b) Montante global do negócio jurídico;
artigo aplica-se também aos clientes já existentes quanto
às operações em curso e às futuras. c) Menção dos respetivos títulos representativos;
9. A vericação da identidade dos clientes existentes d) Meio de pagamento utilizado e respet ivo
será objecto de regulamentação emitida pelas autoridades comprovativo;
de regulação e supervisão, no prazo de 180 dias após a e) Identicação do imóvel.
entrada em vigor da presente lei.
7. Os negociantes em metais preciosos ou em pedras
Artigo 13.º
preciosas, obras de arte ou antiguidades, devem identicar
Dever de identicação e vericação de identidade especíco os seus clientes sempre que realizem operações em
numerário com um cliente, de montante igual ou superior
1. As companhias de seguros e os intermediários de 800.000$00 (oitocentos mil escudos).
serviços de seguros devem identicar os clientes e vericar
a sua identidade, sempre que os prémios de seguros pagos 8. Os Advogados, Solicitadores, Notários, Conservadores
durante um ano excedam 110.000$00 (cento e dez mil dos Registos, Contabilistas, Auditores e Consultores
escudos), se o pagamento for realizado sob a forma de Fiscais, devem identicar os seus clientes sempre que
um prémio único excedendo 220.000$00 (duzentos e vinte preparem ou efetuem operações para os seus clientes, no
mil escudos) e no caso de contratos de seguros de pensões âmbito das atividades descritas na alínea i) do número
relacionados com o emprego ou a atividade prossional do artigo 7.º.
do segurado, quando estes contratos contenham uma 9. Prestador de serviços a sociedades e a fundos
cláusula de remissão e possam ser usados como garantias duciários, devem identicar os seus clientes sempre
de empréstimos. que preparem ou efetuem operações para um cliente no
2. No caso de concessionários de exploração de jogos e quadro das atividades descritas na alínea j) do número
casinos o dever de identicação e vericação da identidade 6 artigo 7.º.
dos frequentadores deve ser feito à entrada da sala de 10. As entidades que procedam a pagamentos a vencedores
jogo ou quando adquirirem ou trocarem chas de jogo, de prémios de apostas ou lotarias devem proceder à
ou símbolos convencionais utilizáveis para jogar, num identicação e vericação da identidade do beneciário
montante total igual ou superior a 300.000$00 (trezentos do pagamento, sempre que o valor do prémio seja igual
mil escudos). ou superior a 600.000$00 (seiscentos mil escudos).
3. Os concessionários de casinos devem emitir cheques Artigo 14.º
seus, obrigatoriamente nominativos e cruzados, com Elementos de identicação e vericação da identidade
indicação de cláusula proibitiva de endosso apenas: de clientes
a) Em troca de chas ou símbolos convencionais à 1. A identicação das pessoas singulares deve incluir
ordem dos frequentadores identicados que os o nome completo, liação, estado civil, prossão, data e
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lugar de nascimento, residência, Número de Identicação deve abrir a conta, iniciar a relação de negócio ou efetuar
Fiscal, o local de trabalho, o número de contato, o endereço a operação, ou ainda, fazer cessar a relação de negócio e,
eletrónico. considerar a possibilidade de fazer uma comunicação de
operação suspeita à UIF.
2. A vericação é efetuada pela apresentação de qualquer
documento de identicação ocial válido, onde conste a 4. Os procedimentos de diligência relativos à clientela
respetiva fotograa e assinatura. são aplicáveis quer aos novos clientes, quer aos existentes,
de modo regular e em função do nível de risco existente.
3. A identicação das pessoas coletivas deve incluir;
5. Considerando a avaliação do risco representado pelo
a) Nome, natureza e forma legal, lugar da sede; tipo de cliente, pela relação de negócio ou transação, as
b) Identidade dos gerentes ou administradores; entidades de regulação e supervisão podem determinar,
através de regulamento, as situações em que as obrigações
c) Identicação de quem detém os poderes para as constantes previstas na presente Lei podem ser reduzidas
obrigar. ou simplicadas, em relação à identicação e vericação
da identidade do cliente ou do beneciário efetivo.
4. A vericação da identicação das pessoas coletivas é
efetuada pela apresentação da certidão dos seus estatutos. 6. Para além da identicação dos clientes, dos seus
representantes e dos beneciários efetivos as entidades
5. A identicação de fundos duciários constituídos de sujeitas devem:
acordo com o direito estrangeiro ou instrumentos legais
semelhantes, sem personalidade jurídica, deve incluir a) Obter informação sobre a nalidade e a natureza
a obtenção e vericação do nome dos administradores, pretendida da relação de negócio;
instituidores e beneciários.
b) Obter informação relativa a clientes que sejam
Artigos 15.º pessoas coletivas ou entidades sem personalidade
Dever de diligência relativo ao cliente jurídica, que permita compreender a estrutura
de propriedade e de controlo do cliente;
1. As entidades sujeitas devem adotar, para além da
identicação dos clientes, representantes e beneciários c) Obter informação, quando o perfil de risco do
efetivos, as seguintes medidas de diligência em relação cliente ou as caraterísticas da operação o
aos clientes: justifiquem, sobre a origem e o destino dos
fundos movimentados no âmbito de uma relação
a) Tomar medidas adequadas que lhes permitam de negócio ou na realização de uma transação
compreender a estrutura de propriedade e de ocasional;
controlo do cliente e determinar a identidade
da pessoa singular que efetivamente detêm d) Manter um acompanhamento contínuo da relação
poderes ou controlam o cliente; de negócio, a m de assegurar que tais operações
são consistentes com o conhecimento que a
b) Compreender e, quando adequado, obter informação instituição possui do cliente, dos seus negócios
sobre o objeto e a natureza da relação de negócio; e do seu perl de risco, incluindo se necessário
a origem dos fundos;
c) Manter atualizados os elementos de informação
obtidos no decurso da relação de negócio. e) Manter atualizados os elementos de informação
obtidos no decurso da relação de negócio.
d) Manter uma vigilância contínua sobre a relação de
negócio e examinar atentamente as operações 7. Salvo quando existam suspeitas de lavagem de capitais,
realizadas no decurso dessa relação, para as entidades sujeitas cam dispensadas do cumprimento
assegurar que essas operações são consistentes dos deveres enunciados nos númeross 1 e 2 deste artigo
com o conhecimento que a instituição tem do e no artigo 12.º, nas situações em que o cliente seja:
cliente, dos seus negócios e do seu perl de risco,
incluindo, se necessário, a origem dos fundos. a) Estado, autarquias ou pessoa coletiva de direito
público, de qualquer natureza;
2. Essas medidas devem ser adotadas sempre que:
b) Entidade que presta serviços postais;
a) Estabeleçam relações de negócio;
c) Autoridade ou organismo público sujeito a práticas
b) Efetuem transações ocasionais, acima de contabilísticas transparentes e objeto de
1.000.000$00 (um milhão de escudos); scalização.
c) Exista suspeita de lavagem de capitais; ou 8. Nos casos previstos no número anterior, as entidades
d) Tenha dúvidas quanto à veracidade ou à adequação sujeitas devem, em qualquer caso, recolher informação
dos dados de identicação do cliente previamente suciente para vericar se o cliente se enquadra numa
obtidos. das categorias ou prossões, bem como acompanhar a
relação negocial de forma a poder detetar transações
3. Quando as entidades sujeitas não puderem dar complexas ou de valor anormalmente elevado que não
cumprimento ao previsto nas alíneas a) e b) do n.º 1, não aparentem ter objetivo económico ou m lícito.
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c) Nos regimes de pensão, planos complementares de 1. Nenhum banco pode operar em Cabo Verde se
pensão ou regimes semelhantes de pagamento não dispuser de presença física no país, se não estiver
de prestações de reforma aos trabalhadores licenciado pelo Banco de Cabo Verde e não pertencer a
assalariados, com contribuições efetuadas um grupo nanceiro regulamentado sujeito a supervisão
mediante dedução nos salários e cujo regime numa base consolidada.
vede aos beneficiários a possibilidade de
transferência de direitos. 2. As instituições nanceiras não devem estabelecer
nem manter relações de negócio:
Artigo 16.º
d) Recolher informação sobre a natureza das atividades 2. Quando recorram a agentes devem assegurar que
da instituição que solicita a relação; estes se incluam nos seus programas anti lavagem de
capitais e controlem o cumprimento destes programas
e) Avaliar a reputação da instituição que solicita a por parte dos mesmos agentes.
relação e a natureza da supervisão a que está
sujeita, de acordo com a informação disponível Artigo 19.º
publicamente;
Novas tecnologias
f) Determinar se a instituição foi sujeita a investigação
ou a medida regulamentar envolvendo crime 1. A autoridade central em matéria de cooperação
de lavagem de capitais; internacional em matéria penal, as instituições nanceiras
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capitais para esse efeito designados pelo Grupo de Ação Artigo 25.º
Financeira Internacional, os quais devem ser ecaz e Dever de conservação de documentos
proporcional aos riscos.
1. As entidades sujeitas devem conservar, por um
7. As entidades sujeitas devem considerar a possibilidade período mínimo de sete anos após o momento em que
de fazer uma declaração suspeita quando: foi efetuada a transação ou a partir do m da relação
de negócio ou após a data da transação, sob qualquer
a) Se vê impossibilitada de vericar a identidade do
forma de suporte, os originais ou cópias dos seguintes
cliente ou do beneciário efetivo;
documentos, internos ou internacionais:
b) Iniciou uma relação de negócio e se vê
a) Demonstrativos da identidade dos clientes,
impossibilitada de vericar satisfatoriamente a
beneciários e representados;
identidade do cliente ou do beneciário efetivo
e, ainda pôr termo à relação de negócio. b) Cópias dos registos relativos às transações
executadas, de modo a permitir a reconstituição
Artigo 23.º
das transações, bem como os relatórios escritos
Adequação ao grau de risco referidos na presente lei.
1. No cumprimento dos deveres de identicação e de 2. No caso das instituições financeiras, para além
diligência previstos nos artigos 12.º, 15.º e 22.º, as entidades dos documentos constantes do número anterior, devem
sujeitas devem adaptar a natureza e a extensão dos conservar as chas de abertura de contas de depósito
procedimentos de vericação e das medidas de diligência, e correspondência relacionada, durante, pelo menos, o
em função do risco associado ao tipo de cliente, à relação período de sete anos a seguir ao encerramento da conta
de negócio, ao produto, à transação e à origem ou destino ou ao m da relação de negócio.
dos fundos.
3. As entidades sujeitas, sempre que solicitadas, devem
2. As entidades sujeitas devem estar em condições de fornecer cópias dos documentos referidos nos números
demonstrar a adequação dos procedimentos adotados anteriores às autoridades competentes e à UIF, para
nos termos do número anterior, sempre que tal lhes efeitos de investigação do crime de lavagem de capitais
seja solicitado pela competente autoridade de regulação e inteligência de informações.
e supervisão. Artigo 26.º
6. No caso das transferências eletrónicas transfronteiriças, 1. As entidades sujeitas devem aprovar, por escrito e:
as instituições nanceiras intermediárias devem:
a) Desenvolver políticas, procedimentos, programas,
a) Assegurar que conservem as informações sobre o sistemas e controlos internos de prevenção de
ordenante ou o beneciário que acompanham lavagem de capitais que incluam dispositivos
a transferência eletrónica; adequados de observância regulatória;
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3. Ainda, as entidades sujeitas devem possuir uma a) Aplicar medidas equivalentes às previstas
função de auditoria interna independente dos demais na presente lei em matéria de deveres de
serviços, com funcionários especicamente destacados identicação, de diligência, de conservação e
para esse efeito. de formação;
ser congelados ou apreendidos e que sejam necessários à 3. Não constitui violação do dever enunciado no número
instrução do processo por crime de lavagem de capitais, anterior, a divulgação de informações, legalmente devidas,
afastando a obrigação de sigilo. às autoridades de supervisão ou de scalização previstos
na presente lei, incluindo os organismos de regulação
2. As informações constantes do número anterior devem prossional das atividades e prossões não nanceiras
ser transmitidas à UIF e às entidades de regulação e designadas sujeitas à presente lei.
supervisão previstos na presente lei, sempre que estes
o solicitarem. 4. Quem, ainda que com negligência, revelar ou
favorecer a descoberta da identidade de quem forneceu
3. O não cumprimento do dever nos termos dos números informações, ao abrigo dos artigos referidos no número
1 e 2, ainda que negligente, faz incorrer o seu agente anterior, é punido com pena de prisão até três anos ou
num crime de desobediência qualicada, além de coima. com pena de multa.
Artigo 32.º 5. O disposto no número 1 também não impede a
Dever de abstenção divulgação da informação, para efeitos de prevenção
da lavagem de capitais entre instituições congéneres,
1. As entidades sujeitas devem abster-se de executar baseada no memorando de entendimento ou desde que
qualquer operação sempre que saibam ou suspeitem haja reciprocidade, em matéria de prevenção à lavagem
estar relacionada com a prática dos crimes de lavagem de capitais.
de capitais e informar desse fato a UIF. Artigo 34.º
4. O Procurador-geral da República notica a entidade 2. Para além do enunciado no número anterior, as entidades
comunicante da sua decisão dando também conhecimento sujeitas devem comunicar à UIF, independentemente
à UIF. da suspeita, as operações em numerário de que tenham
conhecimento cujos montantes sejam iguais ou superiores,
5. No caso da entidade sujeita considerar que a suspensão tratando-se de uma única ou várias operações que parecem
referida no número 1 não é possível ou que, após consulta ligadas, a:
à UIF, pode ser suscetível de prejudicar a prevenção ou
a futura investigação do crime de lavagem de capitais, a a) 1.000.000$00 (um milhão de escudos) para:
operação pode ser realizada, devendo a entidade sujeita
fornecer, de imediato, à UIF as informações respeitantes i. Operações de depósito em instituições bancárias,
à operação. compra de ações e aplicações nanceiras;
4. Às informações prestadas nos termos do número 4. Para efeito do número anterior, as organizações
anterior é aplicável o regime previsto no artigo 33.º. sem ns lucrativas cam sujeitas durante o período de
sete anos a conservar todos os registos de identicação
5. As informações fornecidas no presente artigo apenas das pessoas que forneçam ou recebam a título gratuito
podem ser utilizadas em processo penal, não podendo fundos ou recursos da fundação, nos termos dos artigos
ser revelada, em caso algum, a identidade de quem as 12.º, 14.º e 15.º, devendo estes registos estar à disposição
forneceu. da UIF e da autoridade judiciária.
6. As comunicações recebidas e os relatórios disseminados
pela UIF ao Procurador-geral da República não têm valor 5. O disposto nos números anteriores será aplicável às
probatório e não podem ser incorporadas nos processos associações, correspondendo em tais casos aos órgãos do
judiciais ou administrativos. governo ou da assembleia geral, aos membros dos órgãos
de representação que gere os interesses da associação e
7. A UIF valora a qualidade das comunicações recebidas o organismo encarregado de vericar a sua constituição,
das entidades sujeitas e notica-lhes periodicamente. no exercício das suas funções.
8. As comunicações de operações suspeitas devem conter 6. Atendendo aos riscos a que se encontram expostos
as seguintes informações: o setor, são extensíveis às fundações e às associações as
a) Relação e identificação das pessoas físicas ou restantes obrigações estabelecidas na presente lei.
jurídicas que participam na operação e conceito Artigo 36.º
de sua participação na mesma;
Suspensão de execução da operação
b) Atividade conhecida das pessoas físicas ou jurídicas
na operação e correspondência entre a atividade 1. As entidades sujeitas, podem, quando haja receio
e a operação; do desaparecimento dos fundos, sem informar o cliente,
c) Relação de operações vinculadas e datas a que se suspender a execução de quaisquer operações que
referem com indicação da sua natureza, prossão, fundadamente suspeitem estar relacionadas com a
moeda em que se realizam, quantia, lugar ou prática dos crimes previstos no artigo 39.º e informar
lugares de execução, nalidade e instrumentos desse fato à UIF.
de pagamentos ou descontos realizados;
2. A UIF deve imediatamente transmitir o pedido
d) Medidas tomadas pelo sujeito obrigado ao comunicante ao Procurador-geral da República ou ao magistrado do
em investigar a operação comunicada; Ministério Público, por ele designado.
1. As organizações sem ns lucrativos devem: 1. O Banco de Cabo Verde deve igualmente informar
a) Produzir relatórios, anualmente ou sempre que a UIF sempre que, na sua atividade de inspeção ou de
haja alteração no objeto e a nalidade das suas qualquer outro modo, tenha conhecimento de fatos que
atividades; indiciem a prática de crime previsto na presente lei.
b) Identicar a pessoa ou pessoas que gerem, controlam 2. Às informações prestadas nos termos do número
suas atividades, e compreendem os dirigentes, anterior é aplicável o regime previsto nos artigos 31.º e
os membros do conselho de administração e os 34.º da presente ei.
administradores.
Artigo 38.º
2. Igualmente, as organizações sem fins lucrativos
devem publicar anualmente, no boletim oficial ou no Exclusão de responsabilidade
quadro de anúncios legais, seus estados nanceiros com
1. Não constitui violação do dever de sigilo bancário,
a divulgação das suas despesas e receitas.
nem envolve responsabilidade penal, civil, disciplinar
3. Os dirigentes ou responsáveis das organizações não- ou contraordenacional a prestação de informação ou
governamentais, em exercício de funções, o pessoal com colaboração, fundadamente e de boa-fé para quem as
responsabilidade pela gestão das mesmas zelam para que tiver prestado ou para a instituição a que se encontrar
estas não sejam utilizadas para a lavagem de capitais. vinculado.
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4. A punição pelo crime de lavagem de capitais previstos Responsabilidade criminal das pessoas coletivas
nos números anteriores tem lugar ainda que o fato ilícito
relativo à infração principal tenha sido praticado no 1. As pessoas coletivas, ainda que irregularmente
estrangeiro, desde que seja também punível pela legislação constituídas, e as associações sem personalidade jurídica
do lugar em que tiver sido praticado. são responsáveis pelo crime de lavagem de capitais,
quando cometido, em seu nome e no interesse coletivo:
5. O fato será punível ainda que o procedimento criminal
relativo à infração principal depender de queixa e esta a) Pelos seus órgãos ou representantes;
não tiver sido tempestivamente apresentada.
b) Por uma pessoa sob a autoridade destes, quando o
6. Ainda incorre na mesma pena, quem: cometimento do crime se tenha tornado possível
a) Se associar para cometer, tentar cometer, ajudar em virtude de uma violação dolosa dos deveres
ou incitar alguém a cometer ou o aconselhar de vigilância ou controlo que lhes incumbem.
para esse efeito, ou facilitar a execução dos
2. A responsabilidade das entidades referidas no número
fatos previstos nos números anteriores;
anterior não exclui a responsabilidade individual dos
b) Estabeleça ou mantenha relação jurídica de respetivos agentes.
natureza económica com quaisquer sujeitos ou
Artigo 43.º
entidades, sabendo que estão envolvidos em
atividades de lavagem de capitais, ou adquira Penas aplicáveis às pessoas coletivas
ou aumente a participação de controlo relativo
a imóvel, empresa ou outro tipo de pessoa 1. Pelo crime referido no número 1 do artigo anterior
coletiva, ainda que irregularmente constituída, são aplicáveis às entidades aí referidas as seguintes
situados, registados ou constituídos em território penas principais:
nacional ou em outra jurisdição;
a) Multa;
c) For autor da infração principal, praticar os fatos
típicos ilícitos estabelecidos neste número e b) Dissolução judicial.
nos anteriores. 2. A pena de multa é xada nos termos do Código Penal.
7. Para a comprovação de que um bem é produto do
crime de lavagem de capitais, não é exigível que a pessoa 3. Se a multa for aplicada a uma associação sem
tenha sido condenada por uma infração subjacente. personalidade jurídica, responde por ela o património
comum e, na sua falta ou insuciência, solidariamente,
8. A negligência é sempre punível. o património de cada um dos associados.
I SÉRIE NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE 24 DE MARÇO DE 2016 787
Destino dos bens perdidos a favor do Estado Cooperação com congéneres estrangeiras
1. Os bens e valores declarados perdidos a favor do 1. As autoridades nacionais competentes devem garantir
Estado são destinados nos termos da Lei n.º 18/VIII/2012, a cooperação internacional com as suas congéneres
de 13 de setembro, que criou Gabinete de Recuperação estrangeiras em matéria de prevenção e repressão da
de Ativos (GRA) e do Gabinete de Administração de Bens lavagem de capitais.
(GAB) e estabeleceu ainda as regras de administração
2. A cooperação deve ser prestada de modo célere,
dos bens recuperados, apreendidos ou perdidos a favor
construtivo e efetivo, devendo ser assegurados mecanismos
do Estado.
ecazes de troca de informação.
2. Não devem ser vendidos os bens, objetos ou 3. A troca de informação deve ser efetuada espontaneamente
instrumentos confiscados pelo Estado que, pela sua ou a pedido do país que submete o pedido de informação,
natureza ou caraterísticas, podem ser utilizados para podendo ser referente à lavagem de capitais, bem como
cometer outros crimes. em relação aos fatos ilícitos típicos de onde provêm as
vantagens.
3. Não devem ser destruídos os bens, objetos ou
instrumentos conscados que tenham interesse criminal, 4. A troca de informação não pode ser recusada ou
cientíco ou didático. sujeita a qualquer condição indevida, desproporcionada,
ou restritiva.
4. Na falta de acordo internacional, os bens, valores
ou produtos apreendidos à solicitação de autoridade 5. A cooperação internacional não pode ser recusada
estrangeira, bem como os fundos provenientes da sua unicamente com o fundamento de que o pedido está
venda, são repartidos em partes iguais entre o Estado relacionado com questões scais.
requerente e o Estado de Cabo Verde, após decretada a
respetiva perda. 6. A cooperação não pode ser recusada com base em
legislação que imponha deveres de condencialidade e de
Artigo 50.º sigilo às autoridades nacionais competentes, exceto se as
informações relevantes forem adquiridas em circunstâncias
Cooperação e coordenação nacionais
que envolvam sigilo prossional.
1. O Governo cria por diploma próprio no prazo de Artigo 54.º
cento e vinte dias após a entrada em vigor deste diploma,
Acesso, difusão e retorno da informação
uma comissão interministerial com atribuição de denir
e determinar a coordenação das políticas em matéria de 1. Para cabal desempenho das suas atribuições de
prevenção e combate à lavagem de capitais. prevenção da lavagem de capitais, a UIF pode requerer
e deve ter acesso, em tempo útil, à informação nanceira,
2. As autoridades nacionais competentes devem cooperar administrativa, judicial e policial, a qual ca sujeita ao
e, quando necessário, coordenar-se, no âmbito desta disposto ao dever de sigilo.
Comissão, ao nível operacional e da denição de políticas,
para o desenvolvimento e a aplicação de estratégias e de 2. Compete à UIF, no âmbito das suas atribuições e
atividades, com base nos riscos identicados, destinadas competências legais, e às autoridades de regulação e
a prevenir e a combater a lavagem de capitais. supervisão mencionadas no artigo 5.º, emitir alertas e
difundir informação atualizada sobre tendências e práticas
Artigo 51.º
conhecidas, com o propósito de prevenir a lavagem de
Cooperação entre autoridades de regulação e supervisão capitais.
As autoridades responsáveis pela regulação e supervisão 3. A UIF deve dar o retorno oportuno de informação
de entidades sujeitas, devem colaborar com as suas às entidades sujeitas e às autoridades de supervisão
homólogas estrangeiras na prevenção e na luta contra a e de fiscalização mencionadas no artigo 5.º, sobre o
lavagem de capitais e crimes subjacentes. encaminhamento e o resultado das comunicações suspeitas
de lavagem de capitais por aquelas comunicadas.
Artigo 52.º
Artigo 55.º
Cooperação entre as Unidades de Informações Financeiras Recolha, manutenção e publicação de dados estatísticos
1. A UIF pode partilhar informações, quer espontaneamente, 1. Cabe à UIF preparar e manter atualizados dados
quer mediante pedido, com qualquer congénere ou outras estatísticos relativos ao número de transações suspeitas
autoridades competentes estrangeiras, em matéria de comunicadas e ao encaminhamento e resultado de tais
prevenção e combate à lavagem de capitais e crimes comunicações.
subjacentes, numa base de reciprocidade ou de comum
acordo no quadro de acordos de cooperação. 2. As autoridades judiciárias, por intermédio do
membro do Governo responsável pela área da Justiça,
2. Para os efeitos referidos no número anterior a UIF bem como as autoridades policiais devem remeter à UIF,
pode celebrar acordos ou memorandos de entendimentos. anualmente, os dados estatísticos relativos à lavagem
I SÉRIE NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE 24 DE MARÇO DE 2016 789
de capitais, nomeadamente o número de denúncias acusação, só o podendo ser em separado, em ação cível,
realizadas, processos-crimes abertos, pessoas acusadas, nos casos previstos no Código de Processo Penal, com as
pessoas condenadas, pessoas extraditadas, pedidos de necessárias adaptações.
cartas rogatórias recebidos e solicitados, montante dos
Artigo 59.º
bens congelados, apreendidos ou declarados perdidos a
favor do Estado. Autonomia dos crimes previstos nesta lei relativamente
aos crimes antecedentes
3. As autoridades judiciárias devem criar um sistema
destinado a manter estatísticas completas sobre auxílio 1. O processo do crime de lavagem de capitais e de consco
judiciário mútuo referente a apreensão, congelamento e de bens é autónomo do processo da infração principal.
conscação de bens, extradição, bem como outros pedidos
2. O processo do crime de lavagem de capitais e o
de cooperação solicitados ou recebidos.
pedido de consco são instruídos, com base em indícios,
Artigo 56.º respetivamente, da existência da infração principal e da
Defesa de direitos de terceiro de boa-fé origem ilícita dos bens, sendo puníveis os fatos previstos
nesta lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o
1. Tomado conhecimento da apreensão, o terceiro que autor daquele crime.
invoque a titularidade de coisas, direitos ou valores
apreendidos nos termos do artigo anterior, pode deduzir, CAPÍTULO V
no processo respetivo, a defesa dos seus direitos, através
CONTRAORDENAÇÕES
de requerimento fundamentado em que alegue e prove
fatos de que resulta a sua boa-fé. Secção I
4. O disposto nos números anteriores é aplicável, ainda Seja qual for a nacionalidade do agente, o disposto no
que o terceiro de boa-fé tenha apenas tido conhecimento do presente capítulo é aplicável a:
desapossamento das coisas, direitos ou valores apreendidos
após terem sido declarados perdidos a favor do Estado. a) Fatos praticados em território cabo-verdiano;
Artigo 57.º b) Fatos praticados fora do território nacional de que
Conscação de bens e direitos
sejam responsáveis as entidades referidas no
artigo 7.º, atuando por intermédio de sucursais
1. O juiz, a requerimento do Ministério Público, pode ou em prestação de serviços.
decretar na decisão nal, o consco de bens imóveis ou
móveis, direitos, títulos, valores, quantias e quaisquer c) Fatos praticados a bordo de navios ou aeronaves
outros objectos depositados em bancos ou outras instituições de bandeira cabo-verdiana, salvo tratado ou
de crédito, mesmo que em cofres individuais, em nome convenção internacional em contrário.
do arguido ou de terceiros, de origem ilícita. Artigo 62.º
2. O pedido de consco de bens ou vantagens do crime 1. Pela prática das contra-ordenações que consistam
é deduzido no processo penal respetivo, até à dedução da na inobservância das regras de conduta das entidades
790 I SÉRIE NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE 24 DE MARÇO DE 2016
nanceiras são responsáveis estas entidades, desde que c) Noticação ao arguido para exercício do direito de
os seus dirigentes, empregados e representantes tenham audição ou com as declarações por ele prestadas
atuado no exercício das suas funções, ainda que de modo no exercício desse direito;
ilícito, ou em nome e no interesse das referidas instituições.
d) Decisão da autoridade de supervisão e inspeção
2. O disposto no número anterior não afasta a que procede à aplicação da coima.
responsabilidade disciplinar dos titulares dos órgãos
dirigentes, empregados ou colaboradores das entidades 2. Nos casos de concurso de infrações, a interrupção da
nanceiras, a que haja lugar, nem o direito de regresso prescrição do processo criminal determina a interrupção
pelos prejuízos causados às instituições nanceiras pelos da prescrição do procedimento contraordenacional.
seus dirigentes, empregados ou representantes. 3. A prescrição do procedimento tem sempre lugar quando,
3. A eventual invalidade ou inecácia das operações desde o seu início e ressalvado o tempo de suspensão,
realizadas entre a instituição e o cliente não obsta à tiver decorrido o prazo da prescrição acrescido de metade.
responsabilidade da entidade nanceira. Artigo 69.º
Artigo 65.º Suspensão da prescrição da coima
Destino das coimas
A prescrição do pagamento da coima suspende-se
O produto das coimas reverte a favor do Estado. durante o tempo em que:
Artigo 66.º a) Por força da lei ou regulamento a execução não
Prescrição
pode começar ou não pode continuar a ter lugar;
a) Não puder legalmente iniciar-se ou continuar por Competência para instrução e aplicação de sanções
falta de autorização legal;
1. A averiguação das contra-ordenações previstas neste
b) Estiver pendente a partir do envio do processo diploma e a instrução dos respetivos processos cabem
ao Ministério Público até à sua devolução à à entidade que detiver a competência de supervisão ou
autoridade administrativa; scalização do respetivo setor de atividade.
c) Estiver pendente a partir da noticação do despacho 2. Compete às autoridades de supervisão de cada setor e
que procede ao exame preliminar do recurso da na sua falta à UIF o poder de aplicar as coimas previstas
decisão da autoridade de supervisão e inspeção neste diploma, com a faculdade de delegação.
que aplica a coima, até à decisão nal do recurso.
3. A UIF é informada, semestralmente, pelas autoridades
2. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número de regulação e supervisão, de todas as sanções denitivas
anterior, a suspensão não pode ultrapassar um ano. aplicadas às entidades reguladas.
Artigo 68.º Artigo 72.º
c) O incumprimento da obrigação de aplicar medidas 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
de diligência reforçada; singular, a coima é de 250.000$00 (duzentos e cinquenta
mil escudos) a 2.500.000$00 (dois milhões e quinhentos
d) O incumprimento da obrigação de abstenção; mil escudos).
e) O incumprimento da obrigação de comunicação Artigo 73.º
sistemática;
Contra-ordenações especialmente graves
f) O incumprimento da obrigação de conservação de
documentos; 1. Constituem contra-ordenações especialmente graves,
puníveis com coima de 750.000$00 (setecentos e cinquenta
g) O incumprimento da obrigação de aprovar por escrito
mil escudos) a 6.000.000$00 (seis milhões de escudos),
e aplicar medidas de políticas e procedimentos
as seguintes infrações:
declarados de controlo interno;
h) O incumprimento da obrigação de estabelecer a) O incumprimento das obrigações de identicação
órgãos de controlo interno independente; e de verificação da identidade de clientes,
representantes ou beneficiários efetivos,
i) O incumprimento da obrigação de tomar medidas previstos neste diploma;
adequadas para manter a condencialidade
sobre a identidade dos funcionários, diretores b) O incumprimento da obrigação de comunicação,
ou agentes que realizaram uma comunicação; nos termos previstos na presente lei;
j) O estabelecimento ou manutenção de relação de c) O incumprimento da obrigação de colaboração à
negócio ou a execução de operações proibidas; UIF, autoridades judiciárias e às entidades de
k) O incumprimento da obrigação de declaração de regulação e supervisão;
movimentos de meios de pagamento; d) O incumprimento da obrigação de condencialidade;
l) A ausência de denição e aplicação de políticas e
e) O incumprimento da obrigação de observância de
procedimentos internos de controlo;
medidas reforçadas aos clientes e às operações
m) A não adopção de medidas e de programas de suscetíveis de revelar um maior risco de lavagem
divulgação e formação em matéria de prevenção de capitais e às relações transfronteiriças de
da lavagem de capitais; correspondência;
n) A abertura de contas anónimas ou manutenção de f) A resistência ou obstrução à realização da inspeção;
contas anónimas ou sob nomes manifestamente
tícios; g) O incumprimento doloso da obrigação de congelar ou
bloquear fundos, ativos nanceiros ou recursos
o) O recurso à execução das obrigações de identicação económicos de pessoas físicas ou jurídicas,
e diligência por entidades terceiras, com entidades ou grupos designados;
inobservância das condições e termos previstos
no artigo 8.º; h) O incumprimento doloso da proibição de colocar os
fundos, ativos nanceiros ou recursos económicos
p) Não inclusão da informação na mensagem ou
à disposição de pessoas físicas ou jurídicas,
formulário de pagamento que acompanha a
entidades ou grupos designados;
transferência eletrónica do ordenante;
q) A constituição de bancos de fachada em território i) A ausência de conservação dos originais, das
cabo-verdiano, assim como o estabelecimento cópias, das referências ou de outros suportes
de relações de correspondência com os bancos duradouros;
fachada ou com outras instituições que
j) O incumprimento do dever de abstenção de
reconhecidamente permitam que as suas contas
execução de operações suspeita e da respetiva
sejam utilizadas por bancos de fachada;
obrigação de prestação de informação à UIF e
r) A não adequação da natureza e da extensão dos às autoridades judiciárias;
procedimentos de vericação da identidade e das
medidas de diligência ao grau de risco existente, k) O incumprimento de ordens de suspensão da
bem como a ausência de demonstração de tal execução de operações suspeita e a execução
adequação perante as autoridades competentes; de tais operações, após a confirmação, pela
autoridade judiciária ou pela UIF, da ordem
s) A omissão, total ou parcial, de medidas acrescidas de suspensão;
de diligência aos clientes e às operações
bancária com instituições estabelecidas em l) O cometimento de uma infração grave antes de
países terceiros; e decorridos 5 (cinco) anos sobre a prática da
mesma infracção.
t) O incumprimento da obrigação de recusa de
execução de operações em conta bancária, de 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
estabelecimento de relações de negócio ou de singular, a coima é de 400.000$00 (quatrocentos mil
realização de transações ocasionais. escudos) a 3.000.000 $00 (três milhões de escudos).
792 I SÉRIE NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE 24 DE MARÇO DE 2016
Artigo 74.º b) Publicidade da decisão punitiva pela autoridade
Contraordenações leves
de regulação ou supervisão, a expensas do
infrator; e
1. Constituem contraordenações leves punidas com
c) Tratando-se de entidade sujeita que para operar
coima de 100.000.$00 (cem mil escudos) a 2.00.000$00
carece de autorização administrativa, a
(dois milhões de escudos):
revogação desta.
a) O incumprimento por Organização de Sociedades Artigo 78.º
sem Fins Lucrativos (OSFL) da obrigação
estabelecida nos números 2 e 4 do artigo 35.º; Proteção dos intervenientes
Determinação da sanção aplicável Para efeitos previstos na presente lei, o valor de cada
dia de coima é xado em 5.000$00 (cinco mil escudos)
1. Na determinação da sanção atende-se às seguintes e em 20.000$00 (vinte mil escudos) quando se tratar,
circunstâncias: respetivamente, de pessoa singular ou de pessoa coletiva
ou entidade equiparada.
a) A quantia da operação ou os ganhos obtidos como
consequência da omissão ou atos constitutivos Artigo 80.º
da infração; Punição de atos preparatórios
b) O grau de responsabilidade ou intenção com que São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
atuou o infrator; na presente lei.
c) A conduta anterior do infrator, na entidade culpada Artigo 81.º
ou em outra, em relação às exigências previstas
Remissões
nesta lei;
As remissões de normas contidas em diplomas
d) O caráter da representação que a pessoa em
legislativos ou regulamentares para a legislação revogada
causa possui;
consideram-se referidas às disposições correspondentes
e) A capacidade económica do infrator quando a do presente diploma.
sanção seja multa. Artigo 82.º
Em caso de negligência, o montante da coima não pode O presente diploma entra em vigor 30 dias após a sua
ser superior a metade do montante máximo previsto para publicação.
a respetiva contraordenação. Aprovada em 3 de março de 2009.
Artigo 77.º
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides
Sanções acessórias Raimundo Lima
Com as sanções previstas no artigo 45.º podem ser Promulgada em 14 de abril 2009
aplicadas ao infrator as seguintes sanções acessórias:
Publique-se.
a) Inibição do exercício de cargos sociais e de funções
de administração, direção, gerência ou chea O Presidente da República, PEDRO VERONA
de entidades nanceiras, por um período de RODRIGUES PIRES
um a dez anos, quando o arguido seja membro Assinada em 16 de abril de 2009
dos órgãos das entidades sujeitas exerça cargos
de direção, chefia, gerência ou atue em sua O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides
representação, legal ou voluntária; Raimundo Lima