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Unidade 2 - Energia em movimentos

Tema A – Transferências e transformações de energia em sistemas complexos. Aproximação


ao modelo da partícula material

1. Modelo da partícula material. Transferência de energia como trabalho.


1.1 Modelo da partícula material. Centro de massa

Um sistema mecânico, em que não se consideram quaisquer efeitos térmicos, pode, em certas
situações, ser representado por um só ponto, o centro de massa.

Um corpo rígido, um sólido indeformável, em que as posições relativas das partículas que o
constituem são constantes, quando em movimento de:

 Translação, pode ser representado pelo seu centro de massa, pois todos os seus
pontos têm a mesma velocidade;
 Rotação em torno do eixo, não pode ser representado pelo seu centro de massa, visto
que os pontos pertencentes ao eixo estão parados e à medida que se afastam deste a
velocidade aumenta.

Assim, um sistema em movimento de translação pode ser representado por um só ponto, o


centro de massa. Pode ser representado como uma partícula material, com a massa igual à do
corpo e com posição e velocidade do centro de massa.

1.2 Transferência de energia como trabalho

A quantidade de energia transferida para um sistema mecânico que envolva força se


movimento é medida pelo trabalho de uma força.

Mas o trabalho, de uma força, e consequentemente, a variação de energia de um corpo,


dependem da força, e do deslocamento e do teu ponto de aplicação.

Na situação (a) a força e o deslocamento têm o mesmo sentido, a velocidade do corpo


aumenta, logo, aumenta a sua energia cinética. Na situação (b) a força e o deslocamento têm
sentidos opostos, portanto, a velocidade diminui, bem como a energia cinética. Na situação
(c)a força é perpendicular ao deslocamento, a velocidade é constante, logo, a energia cinética
do corpo não se altera.
Uma vez que , pode concluir-se:

 O trabalho realizado por uma força de módulo constante, F, que atua sobre um corpo
na direção e sentido do deslocamento, d, é positivo e é dado por:

 O trabalho realizado por uma força de módulo constante, F, que atua sobre um corpo
na direção e sentido oposto ao do deslocamento, d, é negativo e é dado por:

 O trabalho realizado por uma força de módulo constante, F, que atua sobre um corpo
na com direção perpendicular à do deslocamento, d, é nulo:

A unidade SI de trabalho é o joule (J)


Um joule é o trabalho realizado por uma força constante de intensidade um newton, que atua
na direção e sentido do deslocamento, quando o seu ponto de aplicação se desloca um metro.
2. Trabalho realizado pela resultante das forças que atuam sobre um sistema
2.1 Trabalho realizado por uma força constante não colinear com o deslocamento
2.1.1 Expressão geral do valor do trabalho de uma força constante

Para determinar o trabalho realizado pró uma força não colinear com o deslocamento tem que
se decompor a força em duas componentes: uma com a direção do deslocamento, F x,
responsável pelo trabalho realizado, e a outra que lhe é normal, Fy.

Repare-se que o trabalho realizado pela componente vertical é nulo, pois é perpendicular ao
deslocamento, logo, o trabalho realizado pela força é igual ao trabalho realizado pela

componente Fx, que se designa por força eficaz, ou seja, .

Assim, tem-se :

Mas , logo

Esta expressão permite calcular o trabalho realizado por uma força constante qualquer que
seja a sua direção em relação ao deslocamento.

Repare-se que:

 Se , então , logo, o trabalho realizado pela força é positivo e


designa-se por trabalho potente ou motor. A força contribui para o movimento e
apresenta a máxima eficácia quando , pois o .
 Se , como , então o trabalho é nulo
 Se , , então o trabalho realizado pela força é negativo e
designa-se por trabalho resistente. A força opõe-se ao movimento do corpo e
apresenta a máxima eficácia na realização do trabalho resistente para , pois
.
2.1.2 Determinação gráfica do trabalho realizado por uma força

Na figura mostram-se as representações gráficas da força eficaz vs deslocamento, para uma


força potente (a) e uma força resistente (b).
Para cada uma da situações pode definir-se um retângulo de largura F ef e comprimento d, cuja

área é .
Note-se que o valor numérico desta área é igual ao do trabalho realizado pela força durante o
deslocamento respetivo. Contudo, é de salientar:
 Se o trabalho é potente, o seu valor é igual á área contida no gráfico de F ef e o eixo xx,
que está acima deste eixo, é positivo;
 Se o trabalho é resistente, o seu valor é simétrico da área contida no gráfico de F ef e o
eixo dos xx, que está abaixo deste eixo, é negativo.

2.2 Trabalho realizado por várias forças que atuam sobre um sistema

Se, sobre um corpo, atuar mais do que uma força, a alteração da sua energia é igual ao
trabalho total realizado por todas as forças.

Desde que o corpo se comporte como uma partícula material, isto é, que possa ser
representado pelo seu centro de massa, o trabalho total pode ser determinado por 2
processos:

 O trabalho total é a soma dos trabalhos realizados individualmente por cada força

Onde representa o trabalho realizado por cada uma das forças.


 O trabalho total é igual ao trabalho realizado pela resultante das forças, que é igual à
soma vetorial de todas as forças e que traduz o efeito das várias forças que sobre ele
atuam. Ou seja:

Concluindo:
O trabalho realizado pela resultante das forças que atuam sobre um corpo em movimento de
translação é igual a soma dos trabalhos realizados por cada uma das forças.

2.2.1 Trabalho realizado sobre um corpo que se desloca ao longo de um plano inclinado

Considere-se um bloco de massa m, que parte do repouso do topo de um plano inclinado, de


comprimento d e altura h, e que se desloca ao longo deste com atrito desprezável.

A variação da energia cinética do bloco é igual ao trabalho realizado

por todas as forças que sobre ele atuam: o peso do bloco, ,ea

reação normal , , exercida pela superfície de apoio.

Repare-se que a reação normal é perpendicular ao deslocamento,


logo, não se realiza trabalho. E que o peso ao definir um ângulo θ
com a direção do movimento deve ser decomposto segundo a

direção tangente à trajetória, , e a direção perpendicular, .A

componente normal do peso, , não realiza trabalho, mas a sua


componente tangencial, , a força eficaz, é a responsável pela variação da velocidade do
bloco.

Em suma, o trabalho total realizado pelas forças que atuam sobre o bloco, e , no

deslocamento de A a B, é igual ao trabalho realizado pela força eficaz, .

Como e , então:

mas , , substituindo na equação anterior, tem-se ,

2.2.2 Trabalho realizado pelas forças dissipativas

Quando um corpo desliza sobre uma superfície, esta exerce sobre ele uma força de contacto

com duas componentes: uma componente perpendicular à superfície, a reação normal, ;e


uma componente paralela à superfície e de sentido oposto ao deslocamento , a força de atrito,

Repare-se que o trabalho realizado pela força de atrito é um trabalho resistente ,

Responsável pela diminuição da energia mecânica do sistema.

A força de atrito, é pois, uma força dissipativa que traduz a nível macroscópico as complexas
interações que, a nível microscópico, se manifestam entre as minúsculas rugosidades em
contacto.

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