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Sigvard The Nameless - Denali Day
Sigvard The Nameless - Denali Day
Atribuído por seu chefe, Sigvard, o Sem Nome, fará o que for
preciso para salvar seu povo, e todo Sestoria, de sucumbir às trevas.
Ele viajará pelo continente para reivindicar uma maga tão poderosa
que ela poderá acordar uma montanha adormecida. Não será uma
verdadeira ligação. É preciso ter um coração para tais coisas, e
Sigvard ficou dormente anos atrás.
Tipos de Elementais
Hidromante : Água
Piromante : Fogo
Gaiamante : Terra
Aeromante : Vento
Metalmante : Metal
Clormante : Flora
Katamance : Tempestades
O DESPERTAR
O grito de outro mundo tirou Adira de seu pesadelo.
Seu olhar disparou para as cortinas brancas ondulando ao
longo da varanda que dava para a face rochosa do penhasco. Por
um momento, Adira permaneceu em sua cama. Ela inclinou a
cabeça, esforçando-se para discernir se o som que tinha ouvido era
real ou um resquício de um sonho que era mais memória do que
imaginação. As cachoeiras trovejantes obstruíam seus ouvidos,
quase ensurdecendo.
Então ela ouviu. Outro grito poderoso.
Adira jogou os lençóis de cetim para trás e tropeçou no chão
de mármore. Ela tropeçou em seu caminho, e seu coração acelerou
quando ela olhou para o horizonte matinal do lado de fora de seu
quarto. Ela rasgou as cortinas e bateu sua barriga contra o parapeito
da varanda e se esticou sobre a borda, os olhos correndo em todas
as direções para localizar a fonte do barulho.
Uma névoa fria flutuava das quedas altas ao lado de seu
quarto. Elas desembocavam em um desfiladeiro de rio abaixo da
Ordem Arcana, que foi esculpida a trezentos metros acima da terra
no lado de sotavento da montanha. Este templo empoleirado era sua
casa. Um jardim de pedra e água em cascata, perturbado apenas
pelos caminhos sinuosos cortados ao longo das bordas traiçoeiras
das falésias. Adira inclinou a cabeça para o lado em direção ao
pavilhão de recepção. De onde vieram os rugidos misteriosos?
Seus olhos caíram sobre o pátio de granito reluzente, que
brilhava ao sol do final da primavera. Suplicantes dignos eram
levados para lá para solicitar os serviços da Ordem Arcana. As
criaturas que enchiam a área aberta faziam parecer uma toalha de
mesa que um trio de elefantes estava tentando fazer um palco. Os
olhos de Adira se arregalaram.
Dragões. Três dragões lotavam o pátio.
Dois dos adjuntos da Ordem se amontoaram sob o abrigo do
pavilhão enquanto os dragões atacavam um ao outro. As feras
pareciam mais agitadas do que decididas a fazer uma refeição com
os companheiros de Adira. A visão deles encolhidos fez Adira franzir
os lábios. Seus ombros relaxaram. Talvez ela também devesse ter
medo. Afinal, dragões estavam à sua porta. Certamente essa era a
reação razoável. Mas enquanto ela olhava para as feras escamosas,
tudo o que ela sentia era excitação.
O chamado estridente de um berrante atravessou as torres
das montanhas. Guardas desciam pelos caminhos do penhasco
como um exército de formigas respondendo ao chamado de sua
rainha. O aperto de Adira no corrimão aumentou.
Assim que um gemido saiu de sua garganta, os três dragões
se viraram para enfrentar a ameaça que vinha em direção a eles.
Adira inclinou a cabeça e piscou. Um homem cavalgava em cima de
cada um dos três dragões. Essas feras não eram selvagens. E eles
não tinham vindo aqui por acaso.
Ela ficou com o olhar grudado nos três homens em dragões
enquanto os guardas da Ordem cercavam suas montarias com
pontas de lança treinadas. Adira levou a mão à boca. O que os
cavaleiros de dragão fariam em seguida? O que seus colegas de
ordem fariam? Se quisessem matar, teriam trazido Leander ou
Gretchen com eles. Havia magos com habilidades defensivas
prontas na guarita superior, com certeza. Haveria outro próximo ao
capitão, que estava dando um passo à frente para se dirigir aos
homens no dorso de dragão agora mesmo.
O coração de Adira estava martelando em seu peito enquanto
uma centena de perguntas surgiam como lírios da primavera em sua
mente. Como se os dragões não fossem misteriosos o suficiente.
Homens que os montavam? Ela não conseguia entender. Ela não
seria capaz de dormir novamente até que tivesse respostas. E ela
não podia confiar em ninguém na Ordem para lhe dar essas
respostas. Não o suficiente delas. Nem todas elas.
Ela estreitou os olhos, apertando os olhos para uma visão
melhor. O homem que respondeu ao capitão tinha cabelos ruivos.
Ele se moveu para trás em seu assento e parecia mexer em alguma
coisa. Sua montaria era uma criatura pálida com asas, cauda e
pontas pretas polidas nas pontas, como se ele tivesse sido queimado
nas bordas por uma vela. Uma vela muito grande. No momento em
que o cavaleiro passou a perna sobre a sela e foi com o capitão,
Adira estava decidida.
Virando-se, ela saiu da luz quente do sol e voltou para seu
quarto. A névoa da cachoeira molhava seus pés descalços, e ela
passou pela cama e foi até o armário do lado oposto do quarto
cavernoso. Foi colocado em uma alcova sombria. Tapeçarias de
seda pintada pendiam de cada lado da peça ostensiva. Ela abriu as
portas de marfim. Faixas de tecido branco penduradas no armário.
Talmar sempre lhe dava roupas brancas. Contra a pele branca como
a neve e os olhos sem cor, ele a teria sempre parecendo um
fantasma, um lembrete do que ela poderia muito bem ser para o
resto do mundo. Ou talvez ele simplesmente não quisesse que ela
escapasse do que estava prestes a fazer.
Adira arrancou uma gaveta cheia de roupas íntimas e tirou
uma trouxa de roupas dobradas. Elas não eram tão boas quanto
qualquer coisa que ela tivesse pendurado, mas esse não era o
ponto. Ela as roubou de uma escrava anos atrás. Adira rasgou sua
camisola e mexeu no roupão marrom que cobria a maior parte de
sua pele. Ela amarrou o cabelo em um lenço que ela cortou na parte
inferior. Não havia nada que ela pudesse fazer sobre seu rosto
pálido, garganta ou mãos. Ela não era realmente um fantasma, e ela
não podia ficar invisível ou atravessar paredes. Ela teria que se
contentar em se esgueirar atrás delas.
Adira calçou alguns sapatos e enfiou os dedos no fundo do
armário, procurando o trinco que escondia a entrada do corredor.
Quando se abriu, ela respirou fundo e entrou.
Desta vez, quando Sigvard foi embora, Adira não correu atrás
dele. Quando seus ombros largos desapareceram nas sombras, seu
coração se partiu.
Duas coisas finalmente ficaram claras. Primeiro, ela entendeu
muito mal o fardo que Sigvard estava puxando. Sim, ela sabia que
ele arcava com a sobrevivência de seu clã, de todos os clãs Dokiri.
Mas o que ela sentiu falta foi a culpa acorrentada ao tornozelo dele
como uma âncora em um mar sem fundo. Em segundo lugar, o peso
o estava quebrando.
Ele era como o falcão ferido que ela uma vez encontrou em
seu jardim, letal mesmo em seu sofrimento. Ela tentou cuidar da
criatura caída, mas quando ela se aproximou, o pássaro esticou as
asas quebradas e inteiras e abriu seu poderoso bico em um aviso
digno do caçador do céu que ele era. Apenas sua respiração
ofegante havia entregado sua dor. E medo.
As falas de Sigvard eram diferentes.
Ele estava tão incrivelmente quieto quando ele colocou a
verdade diante dela. Ele manteve o olhar distante, exceto nos
momentos em que poderia doer mais olhar nos olhos dela. Assim,
sempre que aqueles orbes de cobre se voltavam contra ela, Adira
estremecia de uma maneira que ele não conseguia fazer por si
mesmo. Tanto sofrimento. E para quê?
O que quer que Sigvard acreditasse, ele merecia um futuro.
E eu também.
A voz de Sigvard perfurou a escuridão.
— Vamos, maga.
Adira respirou trêmula e depois o seguiu.
Ele perguntou se ela queria que ele a reivindicasse. A
resposta dela foi um retumbante sim, mas não por causa do próprio
Sigvard. Ela queria que ele lhe desse liberdade, excitação, alegria...
vida.
Ele não queria as mesmas coisas.
Ela queria alguém para amá-la. Alguém que veria além de
seus arcanos. Alguém para desejá-la pela mulher que ela era sem
pensar no que poderia dar a ele.
Sigvard não era aquele homem.
Com exceção daquele breve momento, quando ele a beijou
como se ela fosse tudo que pudesse salvá-lo, ele sempre quis algo
dela. Sua preocupação não era dar-lhe nada em troca. Isso sempre
foi sobre alimentar sua culpa e salvar seu povo.
Galhos estalaram sob seus pés quando ela deixou a margem
de cascalho para atravessar a floresta. A ampla silhueta de Sigvard
marchava à frente, emoldurada pelo lampejo da luz laranja do fogo.
Callum estaria esperando por eles. Ele sorriria quando entrassem no
acampamento, e ela teria que fingir que não estava cambaleando.
Isso tudo era tão inútil. Seu captor estava certo sobre uma
coisa: o que Adira queria para si não importava. Nunca importou.
Como sua vida teria parecido diferente se ela tivesse o luxo de tornar
suas fantasias realidade. Uma vida longe da Ordem? Essa era a
maior fantasia de todas. Entregar-se a essa visão não era mais uma
fonte de prazer inocente. Agora Sigvard abriu caminho para o sonho
secreto dela, como sua lanceta atravessando o peito de um inimigo.
Doeu cem vezes mais.
Não mais.
Ela não era uma garotinha, chorando em sua cama e
implorando a um deus desconhecido para trazer de volta a vida que
ela derrubou em um acesso de raiva infantil. Ela era uma mulher
adulta que entendia a finalidade de seu destino. Adira voltou seu
olhar para a lua e respirou o ar fresco.
Chega de esperar. Ela tinha que encontrar uma maneira de
chamar Talmar, o monstro, para ela. Pelo menos ele nunca poderia
tentá-la a alcançar mais.
LAÇOS DE AMIZADE
— Acabou. A chakva da comida acabou!
Adira ergueu os olhos do fogo do café da manhã que estava
acendendo, bem a tempo de ver um Sigvard sem camisa se
aproximando dela. Ela se encolheu, tanto por sua expressão furiosa
quanto por sua palma aberta descendo sobre ela. Ele a agarrou pelo
braço.
— O que você fez com ela? — Ele disse, seu rosto a
centímetros do dela.
Adira tentou se livrar de seu aperto. Ele apertou. — Me deixe
ir.
— Você escondeu? O que você está fazendo?
— Eu disse para me soltar! — Adira se afastou, escorregando
de seu alcance. Ela cambaleou para trás, evitando por pouco a pilha
de gravetos que juntara. Sigvard seguiu atrás dela.
— O que você estava tentando fazer? Forçar-nos de volta à
cidade?
— O que? Não. — Seus olhos correram ao redor.
Callum apareceu na borda do acampamento, uma das selas
em seus braços. Ele já estava vestido, pronto para continuar o
passeio do dia. Sua testa franziu ao ver Sigvard.
— O que está acontecendo?
— Metade da comida acabou. — Sigvard gesticulou para
Adira enquanto ela se encostava em uma árvore. — Ela teve os dois
sacos ontem. Agora só tem um.
Adira piscou várias vezes. Então ele notou? Claro que ele
tinha. Ela tinha sido tola em esperar que ele não fizesse isso, mas
ela estava muito envergonhada com sua própria leviandade para
mencionar isso. Mesmo assim, ela nunca esperava uma reação
como essa.
Sigvard estava sobre ela, seu peito nu quase tocando sua
túnica. Sua voz baixou, mas manteve seu veneno quando ele se
inclinou.
— Isso é por causa da noite passada? Você acha que pode
mexer comigo agora?
— Eu não... Esqueci enquanto ouvia o piadista. Achei que
tinha agarrado os dois sacos.
— Me entenda, maga. Não estou menos determinado a vê-la
em Bedmeg.
— E-eu sei disso.
— Você sabe?
O coração de Adira bateu em seu peito ao ver a violência nos
olhos de seu captor. Ele não iria machucá-la, disso ela estava certa,
mas ele provou repetidamente que não tinha escrúpulos em intimidá-
la e aterrorizá-la. Hoje foi diferente, no entanto. Hoje havia mais do
que determinação alimentando suas ações. Dolorosa vulnerabilidade
encadeou seu rugido. Ela estava ciente disso desde que eles
voltaram do riacho na noite passada. Sigvard se arrependeu de
mostrar a ela seu verdadeiro eu, e agora parecia decidido a esconder
a vergonha por trás da raiva.
— Eu disse, você entende? — Sigvard bateu a palma da mão
na árvore acima da cabeça dela, enviando pó de casca de árvore
caindo em seus cílios. Adira estreitou os olhos.
A voz de Callum veio em um grunhido.
— Voltem!
Sigvard rosnou, virando-se de Adira para empurrar Callum no
peito.
O homem menor deu um passo para trás, então disparou para
frente, colocando-se na frente de Adira.
— Acalme-se. Foi um acidente.
— Foi? Eu não tenho tanta certeza. — Sigvard recuou, mas
manteve seus olhos furiosos em Adira. Ele fez um gesto largo para
ela. — Diga-nos o que você está fazendo, maga. Você espera que
alguém tenha te reconhecido ontem? Acha que voltar vai te
resgatar?
A boca de Adira se moveu, mas ela não conseguia pensar no
que dizer. Isso poderia realmente ter sido um plano decente. Era
melhor do que qualquer coisa que ela tinha pensado na noite insone
anterior.
— Foi um acidente, — Callum repetiu, sua voz um aviso
baixo.
O olhar de Sigvard deixou Adira e se fixou no homem que a
protegia.
— Afaste-se dela.
— Não até que você verifique a si mesmo.
— Ela não é sua, raksa. Mova-se. Antes que eu mova você.
— Ela também não é sua.
A expressão de Sigvard ficou dura como aço, fazendo Adira
estremecer. Ele não disse nada, mas seus ombros ficaram tensos.
De alguma forma, ele parecia ficar mais alto.
— Isso já foi longe o suficiente — disse Callum. — Você não a
quer. Isso está claro.
As próximas palavras de Sigvard foram quase calmas. — E
você quer?
— Não importa. Eu vou reivindicá-la.
A boca de Adira caiu. Que? Callum estava tentando tirá-la das
mãos de Sigvard?
— Ela não quer você.
— Então nada vai mudar. Ela pode cavalgar comigo, e quando
isso acabar, eu a levarei de volta para a Ordem. Mas você? Acabou.
O estômago de Adira caiu. Ela começou a se afastar da
árvore, certa de que deveria dizer ou fazer alguma coisa. Antes que
ela pudesse decidir o que, os dois homens saltaram um para o outro.
Adira não tinha ideia de quem havia se movido primeiro, mas em um
único suspiro, eles estavam travados em combate.
— Parem! — Ela gritou. Era como uma grade contra o vento.
Sigvard deu um soco. Callum bloqueou. Sigvard fingiu outro,
então tirou as pernas de seu oponente debaixo dele. Callum desceu
suavemente. Sigvard não. Adira piscou, sem saber o que acabara de
acontecer. Tudo o que ela sabia com certeza era que agora os dois
homens estavam no chão, e nenhum deles estava pronto para ceder.
Os dois guerreiros rolaram um sobre o outro, jogando punhos
e joelhos. Eles rosnaram e cuspiram. O som de tecido rasgando
pontuou sua briga. Loucura. Adira apertou as mãos e gritou.
Uma das pernas de Sigvard subiu e girou ao redor do corpo
de Callum. No momento seguinte, ele estava em cima de seu
oponente, um antebraço protuberante enfiado bem alto sob sua
garganta. O rosto de Callum ficou vermelho enquanto ele se
esforçava para derrubar Sigvard. Não adiantou. O homem maior o
prendeu.
— Não, não! — Adira correu para eles e caiu de joelhos. —
Por favor, parem. Por favor!
Sigvard parecia não ouvir. Quando a pele de Callum ficou
roxa, Adira se jogou contra o ombro de Sigvard. Ela empurrou com
todo o seu corpo, os pés cavando nas folhas e na sujeira.
— Parem!
Sigvard recuou e Adira cambaleou para frente, praticamente
caindo sobre o peito arfante de Callum. Cambaleando para o lado, o
pobre Callum tossiu e chiou. Adira deslizou de cima dele, então ficou
de pé.
— Você é um animal!
— O animal que irá reivindicar você, — Sigvard gritou de
volta. Ele zombou de um Callum ofegante. — Não se esqueça disso.
Ela era tão suave. Tão doce. Tão totalmente acima dele.
Sigvard não deveria confessar. Ele não tinha direito. Mas ela o
achou indiferente. Claro que ela achava. Levou toda a sua força para
fazê-la acreditar nisso, e agora ele chegou ao fundo daquele poço.
Sua dor, a mágoa distorcendo sua voz, foi o sorteio final. Fechando
os olhos, ele respirou fundo.
— Quando eu era menino, pensava na menina que seria
minha noiva.
Sigvard verificou a expressão de Adira. Estava vazia como a
neve. Esperando. Ele pressionou.
— Ela me seguiria aonde quer que eu fosse, riria das minhas
piadas, imploraria para ouvir as histórias que eu inventava sobre
mim. Compartilharíamos lágrimas, dançaríamos juntos em noites de
festa. Em minha mente eu a seguraria, como meu pai segurava
minha mãe. Eu faria isso porque ela exigiu.
O aperto de Adira em seus pulsos aliviou como o conjunto de
sua mandíbula. Por que você está me contando isso? Porque agora?
A pergunta cintilou na varredura de seus cílios.
— À medida que cresci, medi o que da minha vida eu queria
lembrar pelas partes que compartilharia com ela. E quando eu tinha
idade suficiente para começar a gegatudok, eu planejei. Procuraria
todas as terras baixas, o mundo inteiro abaixo de mim, até encontrar
a única mulher que deveria ser minha. E então eu tornaria todas as
minhas fantasias reais.
Arrependimento se agitou no peito de Sigvard com a memória
daquela inocência. A esperança desenfreada lhe deu coragem para
dominar um wyvern. Ele foi declarado um homem antes de todo o
clã, mas o menino que ele foi realmente não morreu até que ele
acordou sob sua montaria abatida.
— Bastava um dia. Minha montaria morreu e eu perdi meu
nome e meu legado com ela. Que os curandeiros me salvassem era
mais do que eu merecia. Você pensaria que eu ficaria grato por isso,
mas ainda assim eu ansiava pela minha noiva. Mesmo depois de
tudo, eu não era forte o suficiente para deixá-la ir.
A boca de Adira se curvou em uma curva miserável em seu
nome. Sigvard engoliu em seco, deixando suas mãos deslizarem
pelo rosto dela para cobrir os lados de seu pescoço esbelto.
— Então eu escolhi uma nova montaria, não pela beleza,
poder ou velocidade. Eu o escolhi porque ele era o mais rápido para
dominar. Um meio de serviço. Cacei veligiri noite e dia, tomando
todas as patrulhas abertas. Para cada três que eu matei, meu idadi
cresceu apenas um marca, e isso para manter meus irmãos em
silêncio. Quando não podia patrulhar, treinava até minhas mãos
sangrarem. E, ao fazê-lo, imaginei meus inimigos me subjugando,
levando minha noiva como aqueles homens que levaram Joselyn.
Adira ofegou. — Por que?
— Porque eu não era digno. Eu tive que acabar com meu
desejo.
— Então por que veio para mim? Por que ser voluntário?
Sua mandíbula endureceu.
— Sabíamos que nunca teríamos permissão para manter a
maga que contratamos. Quem a reivindicasse tinha que estar
disposto a honrar o juramento do nosso clã e mandá-la de volta.
Achei que era meu teste final. Que, ao concordar, eu estava me
despedindo, de uma vez por todas, da noiva das planícies da minha
infância. Adeus à minha fraqueza. Eu estava tão pronto para parar
de querer. — Ele deixou Bedmeg resolvido. Amargo. Forte. — Mas
então eu vi você naquela noite, e você sabe o que eu percebi?
A respiração de Adira acelerou como seu pulso sob suas
palmas.
— O que?
— Eu poderia ter procurado minha noiva por anos. Eu poderia
ter saído de casa e viajado o mundo a pé, atravessado os mares,
vasculhado cada canto escuro. Mas eu nunca a teria encontrado...
porque ela não estava nas planícies.— Ele acariciou um polegar
sobre seus lábios. — Ela estava no topo de uma montanha. Apenas
como eu.
A cabeça de Adira ficou pesada em suas mãos.
— Sigvard? — ela murmurou.
Ele respondeu na mesma moeda.
— Agora eu conheço você. O querer nunca vai parar.
Ele se inclinou para inalar seu perfume feminino. Inebriante,
como tudo nela. Suas testas se tocaram, trocando calor. Com os
olhos fechados, ele roçou a boca dela com a sua.
Minha noiva. Mu hamma. As palavras doíam para se formar.
Ele a beijou em vez disso.
Um ronronar se formou na garganta de Adira, roubando seus
sentidos. Sua mão errante os puxou para trás enquanto ela roçava
sua marca tanshi crua. Isso doeu. Sigvard olhou para ela.
Compaixão rodou em seus olhos. Pena. Quando ela ficou na ponta
dos pés para outro beijo, ele recuou.
— Não me olhe assim, mulher.
Ela franziu a testa. — Como o quê?
— Você vê a dor e quer aliviá-la. Mas eu mereço sua pena
ainda menos do que sua paixão. — O desejo de esfregar o rosto e
sair para tomar um gole de ar gelado o tentou. Ele não conseguia
pensar direito tão perto dela. — Tudo o que eu disse, nada disso
importa porque eu não mereço você.
Ela enfiou os dedos atrás do pescoço dele. — Eu não acredito
nisso.
Ele desviou o olhar. — Tem outra coisa.
Ela deve ter sentido sua reserva, porque ela o deixou ir,
afundando em seus calcanhares. — O que é?
Ele tirou a língua do céu da boca. — Quando meu povo
reivindica noivas, temos um ano para convencê-las a permanecer
conosco. Se não pudermos, nós as deixamos ir.
— O que? Bem desse jeito? Mas você só reivindica uma noiva
uma vez.
— Exatamente. É a penalidade pelo fracasso. — Um que ele
seria forçado a pagar. O preço final por seus crimes. — Daqui a um
ano, você estará livre para fazer o que quiser. Ir onde quiser... casar-
se com quem você quiser.
A traição varreu suas feições. Ela deu um passo para trás.
— Você me prometeu.
— Eu prometi. — Ele apressou um aceno firme. — E eu
mantive essa promessa. Se você quiser permanecer em Bedmeg
quando nosso ano acabar, você pode. Ou eu posso te levar onde
você quiser. — A ideia de nunca mais ver Adira o perfurou como uma
flecha. — Eu até te levarei de volta para a Ordem se você mudar de
ideia até lá.
O ar saiu dela em um woosh. — A ordem?
Ele encolheu os ombros. — Você viu como é minha casa. Eu
vi a sua. O que Bedmeg poderia oferecer sobre sua antiga vida?
Ela piscou. — Você.
Meio virando, Sigvard bufou. — Você não me entende.
— Não?
— Não. — Ele bateu um braço para ela. — Você acha que eu
sou melhor do que sou, mas você está errada. Suponha que você vai
entender algum dia. Por enquanto, apenas aceite.
— Eu não posso.
O tom de Sigvard perdeu o tom de súplica quando milhares de
dúvidas vieram à tona. Por fim, ele se atreveu a fazer a pergunta que
o vinha provocando há semanas.
— Por que você me fez fazer esse voto na aldeia?
Seu olhar assustado acendeu seu instinto de caçador. Ele se
virou para encará-la de frente.
— Do que você está fugindo?