Você está na página 1de 1

CONSIDERAÇÕES SOBRE O IGUALITARISMO

Há quem considere que o igualitarismo pretenda que todos sejam iguais. Não é isso. As
pessoas são diferentes em raça, sexo, estatura, peso, força, agilidade, inteligência, beleza,
saúde, paternidade, nacionalidade, idioma e outros aspectos, muitos genéticos e outros
ambientais. Não há como contornar isso e nem se pretende. O que tem que ser igual, no
igualitarismo, são os direitos, os deveres, as oportunidades e as responsabilidades que a
sociedade há de imputar às pessoas. Esses têm que ser independentes de todos os aspectos
acima mencionados. Para tal é necessário, primeiramente, que as pessoas sejam livres, isto é,
que possam fazer suas escolhas em tudo, desde que elas não sejam maléficas para os outros e
para a natureza. Mas elas precisam dispor de opções para escolher. Ou seja, oportunidades
que a sociedade lhes ofereça. Então, se tiverem capacidade, as abraçarem e se esforçarem,
obterão o que desejam, não lhes sendo obstado por razão outra que não a incapacidade. Uma
vez que todos poderão ser o que quiserem e terão possibilidade disso, lhes é imputada,
correspondentemente a responsabilidade em fazer uso das oportunidades para o bem geral, o
que inclui o próprio bem, mas, nunca, às custas do prejuízo a outrem. O que também tem que
ser igual para todos são os direitos e os deveres. As únicas restrições a que alguém possa fazer
algo legítimo, ou seja, não danoso, não criminoso, são de idade para alguns aspectos (como
dirigir veículos) ou de incapacidade física ou mental. Certamente aos direitos correspondem os
deveres. Todos têm obrigação de colaborar para o bem geral. Essa concepção igualitária é que,
fundamentalmente, significa a opção política de "esquerda". Outros aspectos, como a
estatização da economia, não são o que caracteriza o esquerdismo, como se pensa. A
esquerda é associada, economicamente, ao Comunismo. Mas Comunismo não é o que se deu
na ex União Soviética e seus satélites, onde os trabalhadores deixaram de ser empregados dos
patrões privados e passaram a o ser do único patrão, o estado. Comunismo é o sistema
econômico em que os próprios trabalhadores são sócios dos empreendimentos em que
trabalhem e, não, empregados assalariados. É preciso entender, ainda, que Comunismo é um
sistema “econômico” e, não, político. Politicamente o Comunismo pode coexistir com regimes
democratas ou autocratas, mas, de preferência, ácratas. A esquerda, contudo, não se coaduna
com autocracias, principalmente as tirânicas da União Soviética e congêneres. Por outro lado,
a "direita" é a concepção de que as desigualdades sejam justas e, até, desejáveis e necessárias.
Certamente que a esquerda é eticamente muito superior à direita. Na concepção direiteista, a
economia é a Capitalista, em que há patrões e empregados, o que o Comunismo verdadeiro
não admite existir. Desigualdades existem, mas o que se precisa é minimizá-las ao máximo. Daí
a sociedade organizada, enquanto o mundo não for anarquista, ter que estabelecer leis que
garantam essas igualdades de direitos, deveres, oportunidades e responsabilidades.

Você também pode gostar