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A Cura Milagrosa

No ano de 1999, na escola privada Sinodal, no Município de São Leopoldo, localizado a 30


minutos da região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, um professor realizou
um milagre: afirmou “levanta-te, toma o teu leito, e anda.”. Dessa forma, ele introduziu o
método científico de forma extracurricular e eletiva a seus alunos. Milagres à parte, o projeto
de Iniciação Científica no Ensino Médio, publicado em forma de artigo por Tiago Gomes
Heck, mestre em Ciências Médicas, Alexandre Maslinkiewicz, mestrando em Ciências
Médicas, Míriam Gil, bibliotecária, e alguns outros profissionais das áreas tecno-biológicas,
tinha por objetivo garantir aos alunos do colégio em questão maior rendimento em áreas
acadêmicas e pessoais.

Explicando sobre a estimulação de rotinas neurais e circuitaria cerebral auto estimulatória, os


autores demonstram que a aplicação do método científico no ensino médio corrobora para a
extinção de grandes problemas assoladores da comunidade acadêmica como um todo. São
eles: a baixa aplicabilidade das matérias lecionadas em grande escolar na vida fora dela e o
exponencial avanço das áreas de tecnologias e biologias em contraste com o lento processo
de ensino/aprendizado utilizado atualmente. Nesse ínterim, o projeto em vigor atuaria
aumentando a rapidez desses processos e sanando as adversidades citadas. Mas como
exatamente algo se propõe a ser tão milagroso quanto o menino Jesus?

O artigo afirma que a introdução desse método e a permanência dos estudantes nele durante
os três anos de estudos promove um aumento na capacidade de resolver problemas cotidianos
e no rendimento pós ensino médio, auxiliando-os a aproveitar a universidade de maneira mais
completa. Realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aqueles
que desejassem participar da proposta passavam por um período de 6 meses de treinamento
em laboratório. Em seguida, começaram a desenvolver seus próprios projetos e manuscritos.
A partir daí, viraram monitores para os novos participantes. Isto posto, todos aproveitavam de
uma educação de alta qualidade e com altos ganhos. Os resultados mostraram-se super
positivos: as notas escolares aumentaram para 65% dos alunos contemplados, alguns tendo
conceitos similares aos de alunos de graduação. Após 7 anos de seu início, o programa
contemplou mais de 168 adolescentes.

Embora, em dado momento, a aplicabilidade a outras áreas fora da Fisiologia seja


mencionada (como Filosofia e Sociologia), é válido questionar: depois de tantos anos
focando em ciências exatas e naturais, não seria produtivo também incluir demais eixos
científicos? Expandir uma iniciativa tão útil como a apresentada para mais pessoas e incluir
outros assuntos certamente é um desafio feroz. Assim, faz-se totalmente necessário uma
discussão e a apresentação de tais ideias ao maior número possível de pessoas, de modo a
disseminá-lo, tendo em vista o papel das instituições de ensino de oferecer uma educação
com a maior qualidade possível.
Alguns outros colégios são contemplados com projetos similares, como a Escola Sesc de
Ensino Médio, parte do Polo Educacional Sesc no Rio de Janeiro, que proporciona aos seus
alunos de primeiro e segundo ano a oportunidade de desenvolver suas próprias pesquisas na
área de sua escolha. Com o auxílio de um professor-orientador, a investigação torna-se um
artigo formal que participa de um grande fórum acadêmico propiciado pela própria escola.

Em suma, compreendamos que novas formas de ensinar como as citadas são de urgência
extrema para uma sociedade que vive de novas atualizações em suas formas de ver o mundo e
pensá-lo. O acesso a boas formas de ensino devem ser para todos, não somente para aqueles
que podem executar milagres no Rio Grande do Sul.

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