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ProjetoTCC EricPereiraV4 Assinado
ProjetoTCC EricPereiraV4 Assinado
CAMPUS ARARANGUÁ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
Araranguá
2021
Eric Teixeira Pereira
Araranguá
2021
Eric Teixeira Pereira
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
“Bacharelado em Tecnologias da Informação e Comunicação” e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Graduação em Tecnologias da Informação e Comunicação do Centro de
Ciências, Tecnologias e Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina – Campus
Araranguá.
________________________
Prof. Vilson Gruber, Dr.
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof. Paulo Cesar Leite Esteves, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Giovani Mendonça Lunardi, Dr.
Avaliador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Profª Natana Lopes Pereira, Mestra
Avaliadora
Universidade Federal de Santa Catarina
Este trabalho é dedicado aos meus primos, amigos e aos meus
queridos pais e avós.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho de conclusão de curso visa explorar como a tecnologia de Realidade Virtual
pode ser uma ferramenta eficaz na luta contra as fobias, ou seja, transtornos de ansiedade que
causam medo exagerado a certas situações, objetos ou seres vivos. Para chegar ao objetivo
deste trabalho foi aplicado um método denominado como Revisão Sistemática da Literatura,
que consiste na busca por trabalhos relacionados ao tema em bases de dados, neste caso o
PubMed que é um recurso gratuito desenvolvido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos
Estados Unidos que contém um grande acervo de publicações essenciais para a conclusão
deste trabalho. A partir da exploração sobre o tema abordado foi realizado um levantamento
afim de descobrir os autores que mais publicaram trabalhos relacionados ao tema nos últimos
cinco anos, através deste levantamento observou-se que o tema Realidade Virtual para o
tratamento de fobias vem sido muito explorado, com um alto avanço de pesquisas nos últimos
anos. Com o crescente número de pesquisas publicadas foi realizado um estudo com base no
autor com o maior número de publicações deste período, onde foram abordados e destacados
os objetivos e resultados das pesquisas deste autor. Com isso foram analisadas e descritas ao
longo deste trabalho as vantagens, oportunidades e desafios para este tipo de tratamento,
também foram realizadas comparações com os tipos de tratamentos convencionais e os
métodos que utilizam realidade virtual. Foram explorados exemplos de sistemas e ambientes
virtuais que consolidam a tecnologia para o tratamento, visando contribuir para a saúde dos
indivíduos. Conclui-se que a tecnologia de realidade virtual tem muito a oferecer
principalmente na área da psicologia, tornando o tratamento de fobias uma atividade segura,
ágil, eficaz e de baixo custo para os envolvidos.
This course conclusion work aims to explore how Virtual Reality technology can be an
effective tool in the fight against phobias, that is, anxiety disorders that cause exaggerated fear
to certain situations, objects or living beings. To reach the objective of this work, a method
called Systematic Literature Review was applied, which consists of searching for works
related to the theme in databases, in this case PubMed, which is a free resource developed by
the National Library of Medicine of the United States that contains a large collection of
publications essential for the completion of this work. Based on the exploration of the topic
addressed, a survey was carried out in order to discover the authors who have published the
most works related to the theme in the last five years. Through this survey, it was observed
that the theme Virtual Reality for the treatment of phobias has been widely explored, with a
high advance in research in recent years. With the growing number of published researches, a
study was carried out based on the author with the largest number of publications from this
period, where the objectives and results of this author's research were addressed and
highlighted. With this, the advantages, opportunities and challenges for this type of treatment
were analyzed and described throughout this work, comparisons were also made with the
types of conventional treatments and the methods that use virtual reality. Examples of systems
and virtual environments that consolidate technology for treatment were explored, aiming to
contribute to the health of individuals. It is concluded that virtual reality technology has a lot
to offer mainly in the field of psychology, making the treatment of phobias a safe, agile,
effective and low-cost activity for the involved.
FIGURA 1 - Consultório equipado com sistema para tratamento com EAV ............ 28
FIGURA 2 - Vista obtida a partir do elevador panorâmico ....................................... 31
FIGURA 3 - Imagem do túnel com tráfego intenso ................................................... 32
FIGURA 4 - Imagem do túnel em ambiente de cidade. ............................................. 33
LISTA DE QUADROS
RV Realidade Virtual
OMS Organização Mundial da Saúde
TA Transtorno de Ansiedade
3D Tridimensional
2D Bidimensional
RA Realidade Aumentada
RE Realidade Estendida
VRE Virtual Reality Exposure Therapy
SE Standard Exposure Therapy
WL Waitig Lista
AVI Ambiente Virtuais Imersivos
VESUP Virtual Environments for Supporting Urban Phobias Treatment
RSL Revisão Sistemática da Literatura
NLM Biblioteca Nacional de Medicina
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 16
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 45
16
1INTRODUÇÃO
A Realidade Virtual (RV) por ser uma tecnologia experimental e inovadora pode ser
usada em diversas áreas do conhecimento. Esta tecnologia aplicada para a área da saúde vem
se tornando um referencial para tratamentos de transtornos psicológicos, dentre eles as
“fobias, que são as formas mais comuns de ansiedade, que por sua vez é o mais comum dentre
os transtornos psicológicos”. (NETTO, 2006, p. 1). De acordo com Keldt e Kapczinski (1999
apud ESTÁCIO; JACOB; ARTERO, et al., 2000) fobia é um medo irracional e incontrolável
que um indivíduo experimenta diante de um objeto específico, atividade ou situação.
O tratamento de uma fobia pode ser realizado de várias formas, como psicanálise e
hipnose, porém a abordagem mais eficaz é conhecida como terapia cognitivo-
comportamental. Esta abordagem “se baseia na dessensibilização gradual do indivíduo fóbico
por meio da exposição ao estímulo causador do medo, controlando fobias em poucas sessões,
é a mais procurada por pacientes fóbicos.” (NETTO, 2000, p. 1). Conforme proposto por
Netto (2000) a tecnologia de Realidade Virtual possibilita esta exposição de uma forma muito
mais ágil, segura e com baixo custo em relação aos tratamentos convencionais, pois permite
que o paciente acesse ambientes, objetos e situações causadoras de fobia sem se expor
realmente ao fator causador do transtorno fóbico. Apesar das terapias convencionais
conseguirem bons resultados, mostra-se necessário o desenvolvimento de novas ferramentas
que encorajem o indivíduo a procurar tratamento, pois estima-se que cerca de 60% a 85% das
pessoas que sofrem desses transtornos não procuram ajuda, e por meio da realidade virtual o
indivíduo se sente mais confortável ao procurar tratamento, de modo que não será exposto
diretamente ao fator que lhe causa tanto medo.
1.2 JUSTIFICATIVA
de pessoas que sofrem com ansiedade, que são causadas pelo cotidiano ou por situações
inesperadas que ocorrem na vida de cada indivíduo.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a prevalência
mundial do Transtorno de Ansiedade (TA) é de 3,6%. No continente americano esse
transtorno mental alcança maiores proporções e atinge 5,6% da população, com destaque para
o Brasil, onde o TA está presente em 9,3% da população, possuindo o maior número de casos
de ansiedade entre os países do mundo (PLENAMENTE, 2019).
As fobias, aspectos aversivos, que geram pânico, e causam travamento no indivíduo,
são os tipos mais comuns de TA e estima-se que as fobias, acometem em algum momento da
vida, de 20% da população mundial. (SIAH, [2020]).
De acordo com Estácio, Jacob e Artero (2000), as fobias são diferentes de medos
comuns, pois causam muito sofrimento ao indivíduo, possivelmente interferindo no dia a dia
de uma pessoa, como no trabalho ou na escola. O indivíduo que sofre com alguma fobia evita
intencionalmente o objeto ou a situação que o provoca, ou suportam com intenso medo e
ansiedade. Como muitos outros transtornos de ansiedade as fobias podem ser tratadas por um
profissional de saúde especializado, o que é extremamente necessário pois as fobias quando
não são tratadas, além de causar muito sofrimento, ao longo do tempo podem causar outros
tipos de complicações mentais adicionais como depressão e abuso de drogas, especialmente o
álcool. Em alguns casos extremos, combinados com outros distúrbios, as fobias podem levar o
indivíduo à morte.
Segundo Buttler (1997, apud NETTO, 2000). O tratamento cognitivo-
comportamental, se mostrou o mais eficaz na luta contra as fobias, visando extinguir ou
reduzir a ansiedade e a “evitação” ao expor o indivíduo a situações ou objetos temidos.
“O tratamento requer que o paciente seja exposto repetidamente ao estímulo eliciador
do medo até que o medo comece a ceder, quebrando os círculos viciosos que mantêm os
sintomas.” (BUTTLER, 1997 apud NETTO, 2000, p. 2)
Ainda de acordo com Buttler (1997, apud NETTO, 2000) através das técnicas de
exposições reais (in vivo) o paciente confronta gradualmente o objeto ou situação real, que lhe
causa a fobia, por outro lado o indivíduo pode ser submetido a exposição imaginária, o que
não exige o contato imediato com o fator fóbico, por sua vez a exposição imaginária exige
que o paciente consiga recordar-se de uma situação análoga já ocorrida. Se a tendência de
18
fuga ou “evitação” for revertida, o indivíduo pode aprender que o objeto ou situação não
apresenta perigo de fato.
O método de exposição apesar de bons resultados apresenta dificuldades importantes
ao longo do processo, pois pode ser muito dificultoso para o indivíduo fóbico imaginar
determinada situação, o estímulo causador da fobia pode ser difícil de encontrar como no caso
de fobias que envolvam animais e pode ter um alto custo, considerando que o profissional
precisa se deslocar junto ao paciente até o local específico se este for o estímulo fóbico. Em
situações que o tratamento deve ser conduzido fora do consultório, o profissional pode
encontrar dificuldades em monitorar as variáveis psicofisiológicas necessárias, como os
batimentos cardíacos, de modo a ajudar o profissional a compreender o nível de medo e assim
controlar o processo de exposição (CUNHA; LEITÃO, 2003).
1.3 OBJETIVOS
Investigar na literatura como a realidade virtual pode ser utilizada para o tratamento
de fobias.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Wauke (2004 apud Wauke, Costa e Carvalho 2004, p. 2),
“tratamento de fobias que explora técnicas de exposição gradativa do paciente aos elementos
geradores da ansiedade é denominado dessensibilização sistemática.”
De acordo com Knapp e Caminha (2003) e Negrão (2011 apud PORTAL
COMPORTA-SE, 2012),
Os estímulos receados existentes em um ambiente virtual são mais fáceis de controlar do que
os existentes no mundo real, como no caso dos estímulos provocados por animais, onde
somente o trabalho exercido pelo terapeuta não seria o suficiente. Utilizando a RV o terapeuta
pode variar precisamente a intensidade do medo.
Na opinião de Schuemie (2003 apud NETTO, 2006) um sistema RV deve oferecer
interfaces distintas para os usuários, caracterizados pelo paciente e terapeuta, pois antes e
durante o procedimento altera-se a simulação no ambiente virtual de forma que o paciente
possa se habituar a situações de medo gradualmente intensas. Enquanto o paciente deve ter
uma forte sensação de imersão, o terapeuta deve poder observá-lo por meio de outra interface
que permita avaliar a sessão.
O paciente interage com o ambiente por meio de uma interface específica para ele,
como óculos ou capacetes com visores, conectando também dispositivos de entrada, como
joypads, mouse, e simuladores de controle reais de aviões ou carros, por exemplo. A interface
deve ser projetada de forma a aumentar sua sensação de imersão no ambiente. O terapeuta
deverá acompanhar a sessão por um ou mais monitores comuns, onde podem oferecer opções
de seguir o ponto de vista do usuário ou utilizar um ponto de vista exterior. O paciente e o
terapeuta devem cooperar em coordenar suas ações por meio de comunicação e interação para
que o tratamento seja bem sucedido. É muito importante que o paciente se sinta imerso e
envolvido no ambiente, de modo que ele experimente respostas emocionais similares a de
uma exposição in vivo. (SCHUEMIE, 2003 apud NETTO, 2006).
Conforme Krijn et al. (2007, tradução do autor) “O medo de voar pode ser um
problema sério para indivíduos que desenvolvem essa condição e para organizações militares
e civis que operam aeronaves.”
Através de um estudo que comparou a terapia de exposição por Realidade Virtual,
Virtual Reality Exposure Therapy (VRE) com terapias tradicionais in vivo, Standard
Exposure Therapy (SE) e um controle de lista de espera, Waiting List (WL) com um
acompanhamento de 6 a 12 meses, 83 participantes com fobia de voar foram designados para
os tipos de terapias supracitados, 75 participantes, 25 por grupo, completaram o estudo. O
tratamento consistiu em 4 sessões de treinamento de gerenciamento de ansiedade, seguido de
exposição a um avião virtual no caso do VRE e um avião real no aeroporto para SE,
conduzido durante 6 semanas (ROTHBAUM et al., 2006, tradução do autor).
Os resultados indicam que o VRE foi superior ao WL em todas as medidas,
incluindo a vontade de voar no voo pós-tratamento (76% para VRE e SE; 20% para WL). A
realidade virtual e o tratamento in vivo foram essencialmente equivalentes em questionários
padronizados, disposição para voar, avaliações de ansiedade durante o voo, auto-avaliações de
acompanhamento em 6 e 12 meses indicaram que o os ganhos do tratamento foram mantidos,
com mais de 70% dos entrevistados de ambos os grupos relatando que continuaram voando
no acompanhamento (ROTHBAUM et al., 2006 tradução do autor).
24
Conforme Rothbaum et al. (2006, tradução do autor) este estudo sugere que as
experiências no mundo virtual têm bastante eficácia no tratamento de uma fobia específica
que é voar, se assemelhando muito às experiências reais.
Uma das maiores vantagens do tratamento por Realidade Virtual é que o terapeuta ou
profissional especializado pode escolher os cenários pelos quais o cliente irá percorrer e
hierarquizar os estímulos a serem apresentados, eliminando as distrações que podem
prejudicar a exposição (HAYDU et al, 2016).
A RV pode ser considerada como a forma mais avançada de interface entre o usuário
e o computador (EICHENBERG, 2012 apud HAYDU et al., 2016, p. 69). Ainda na opinião
de Haydu et al (2016), a RV envolve processos em 3D altamente interativos, se diferenciando
de outras tecnologias, especialmente pelo alto nível de senso de presença que ela é capaz de
proporcionar ao usuário.
25
De acordo com Sanchéz-Vives e Slater (2005 apud HAYDU et al., 2016, p. 69),
o senso de presença [...] é definido como o sentimento de “estar lá” ou de “fazer lá”
no ambiente programado. Ou seja, o senso de presença é o sentimento produzido a
partir da interação do indivíduo com o ambiente virtual, sob o controle dos estímulos
presentes nos cenários e não daqueles produzidos pela tecnologia em si mesma ou de
seu papel mediador.
Segundo Price e Anderson (2007 apud HAYDU et al., 2016) o senso de presença
contribui para que o usuário se sinta ansioso no ambiente virtual, o que é essencial para poder
estimular o paciente ao medo temido tornando a experiência por realidade virtual mais
próxima da vida real.
2.5.4 Receptividade
por fatores externos. Nas diretrizes de Antony e Barlow (2003 apud NETTO, 2006), o
tratamento por RV proporciona um método muito eficiente possibilitando que pacientes com
dificuldade em imaginar situação não tenham tanto esforço em imaginar o estímulo fóbico,
pois ele será projetado no ambiente.
Além disso o tratamento por RV proporciona ao terapeuta uma variedade muito
grande de projeções de estímulos, podendo o terapeuta tratar de casos de fobias que antes era
impossível devido a falta de recursos e também ao perigo no enfrentamento direto com a
situação temida, aumentando o número de pacientes do consultório e o número de pessoas
curadas.
De acordo com Karlin e Cross (2014) e Pheula e Isolan (2007 apud HAYDU et al.,
2016) um dos aspectos que desafia o desenvolvimento de pesquisas sobre RV é que deve estar
claro para o terapeuta o que sua atuação está produzindo com este tratamento, pois ele poderá
chegar a conclusões falsas, por esta razão é necessário que as intervenções psicoterapêuticas
sejam avaliadas antes, durante e depois das aplicações, para que sua eficácia seja
demonstrada.
Apesar de inúmeros projetos sendo desenvolvidos na área de RV para transtornos
psicológicos e de um grande avanço obtido por esses projetos, a análise dos resultados dos
tratamentos utilizando RV ainda se baseia em métodos subjetivos como observação e
questionários, pois acaba se tornando mais fácil para o terapeuta avaliar, entretanto não são os
métodos mais efetivos a se utilizar (NETTO, 2006).
A diversidade nos tipos de procedimentos para avaliação da utilização da RV é muito
grande, o que indica a necessidade de se conhecer e analisar esses procedimentos para que,
em estudos futuros, seja possível optar pelos procedimentos mais apropriados do ponto de
vista analítico-comportamental (HAYDU et al., 2016).
A maioria dos sistemas de RV desenvolvidos até o momento são muito simples,
limitados mais pelo hardware do que pelas necessidades do usuário. Segundo Schuemie (2003
apud NETTO, 2006) sabe-se que para o sucesso do uso de Realidade Virtual, dois pontos são
imprescindíveis, a RV deve ser capaz de provocar os estímulos relacionados ao transtorno do
paciente, ou seja, quanto mais o paciente acreditar na situação a qual ele está sendo exposto,
28
maior será a resposta aos estímulos oferecidos, para atingir o objetivo a RV deve oferecer a
maior gama de estímulos possíveis ao paciente. As informações obtidas durante o tratamento
que são processadas e fornecidas pelo sistema devem ser precisas a fim de garantir uma boa
análise do terapeuta.
É essencial que o paciente consiga imaginar Atende determinados pacientes que têm
o objeto ou situação que provoca a fobia. dificuldade em imaginar o objeto ou situação
responsável pela fobia.
O paciente está sujeito a imprevistos que Não há perigo envolvido já que a exposição
podem ocorrer no ambiente real. pode ser controlada pelo terapeuta.
Segundo Gomes (2014) para avaliar a eficácia da aplicação foi realizada uma
avaliação com terapeutas e participantes voluntários. Os terapeutas avaliaram a usabilidade da
aplicação e deram a sua opinião sobre a utilidade dela na terapia de exposição do medo de
túneis rodoviários. Este mesmo grupo e o grupo de participantes voluntários avaliaram os
cenários quanto ao realismo e compararam a sensação de presença das visualizações
observadas em uma tela de projeção e no equipamento de RV imersivo.
Os terapeutas consideraram a ferramenta valiosa e fácil de usar para este tipo de
terapia. Apesar da forte sensação de imersão apenas com a tela de projeção entre os aparatos
utilizados para a comparação de imersão, o equipamento de RV imersivo foi o preferido dos
participantes voluntários (GOMES, 2014).
3 METODOLOGIA
Para alcançar o objetivo deste trabalho foi necessário investigar em bases de dados os
métodos de tratamentos de fobias utilizando a tecnologia de Realidade Virtual, para isto foi
escolhida a metodologia Revisão Sistemática da Literatura (RSL).
Para Galvão e Ricarte (2020) A Revisão de literatura é um termo genérico, que
compreende todos os trabalhos publicados que oferecem um exame da literatura abrangendo
assuntos específicos.
Ainda na opinião de Galvão e Ricarte (2020, p. 58):
Para determinar uma estratégia de busca para se chegar ao objetivo deste trabalho foi
elaborada a seguinte pergunta de revisão: Como a tecnologia de Realidade Virtual tem sido
abordada para o tratamento de uma fobia.
A partir desta questão, pode-se entender que o intuito da revisão é identificar as
abordagens do tratamento de fobias por meio da tecnologia de Realidade Virtual e descobrir
quais os benefícios esta tecnologia pode oferecer.
Para chegar ao objetivo do Trabalho de Conclusão de Curso, que tem um prazo para
desenvolvimento restrito, optou-se pela busca apenas na base de dados PubMed por se tratar
de um recurso gratuito, desenvolvido e mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina (NLM)
dos Estados Unidos, além de oferecer acesso aos recursos relacionados ao Medline, principal
componente do PubMed, também contém registros de artigos em fase de indexação,
informações sobre os publicadores de revistas, registros de livros disponíveis no NCBI
Bookshelf, links para sites que possuam artigos com texto completo e outros assuntos
relacionados, filtros especiais para consultas específicas, entre outros.
Para localizar os trabalhos relacionados foram utilizados os seguintes construtores de
busca: (phobias with virtual reality) AND (phobia[Text Word] AND virtual reality[Text
Word]).
Para seleção dos estudos delimitou-se as pesquisas publicadas no período de 2017 a
2021, selecionando artigos publicados em língua portuguesa e inglesa, como línguas
relevantes para o tema e região investigada.
Conforme apresentado nos gráficos nota-se que ao longo dos últimos anos vem
crescendo as pesquisas relacionadas à Realidade Virtual para o tratamento de fobias indicando
um tema bastante atual e que está chamando a atenção de muitos pesquisadores.
Foram selecionados os pesquisadores que mais publicaram trabalhos relacionados ao
tema, obtendo os resultados demonstrados abaixo.
37
Département de psychoéducation et de
Stéphane Bouchard psychologie, Université du Québec en Canadá
Outaouais,
(conclusão)
Autor Instituição País de Origem
Department of Psychology
Youssef Shiban (Clinical Psychology and Alemanha
Psychotherapy), University
of Regensburg
Fonte: elaborado pelo autor (2021)
Após a análise dos autores mais publicados foi selecionado o autor Alexander Miloff,
por ter o maior número de pesquisas na área durante o período investigado. Os trabalhos
publicados por este autor por estarem no idioma inglês foram traduzidos para o português
para uma melhor análise e entendimento dos resultados e serão demonstrados a seguir.
39
(continuação)
Título Objetivos Resultados
Virtual Reality exposure Avaliar a eficácia de um Após a avaliação em
therapy for public speaking protocolo de tratamento pacientes recrutados por
anxiety in routine care: a assistido por RV para meio de uma clínica privada
single-subject effectiveness ansiedade de falar em e tratados por um dos quatro
trial. (2020). público, em cuidados de psicólogos com apenas um
rotina usando hardware de mínimo de treinamento em
RV acessível. RV, foi visto uma
diminuição significativa na
autoavaliação da ansiedade
de falar em público. A
modelagem multinível de
medidas de processo em
sessão sugere que o
protocolo funciona como
pretendido, diminuindo a
expectativa e angústia de
crenças catastróficas e
aumentando a qualidade de
desempenho percebido. Foi
concluído que a terapia de
exposição à RV pode ser
eficaz em condições de
tratamento de rotina e é uma
abordagem atraente para
futuros testes de
implementação e eficácia em
larga escala e aumentando a
qualidade percebida do
desempenho.
41
(conclusão)
Título Objetivos Resultados
Virtual Reality exposure Examinar as experiências do Após análise com os
therapy for public speaking usuário de terapia participantes que haviam
anxiety in routine care: a automatizada de exposição à participado do ensaio clínico
single-subject effectiveness realidade virtual gamificada paralelo onde foi comparado
trial. (2020). usando métodos qualitativos a terapia de exposição de RV
aprofundados. automatizada e gamificada
para fobia de aranha com um
equivalente de exposição in
vivo observou-se que o
formato automatizado foi
percebido como natural e os
elementos de gamificação
parecem ter tido sucesso em
enquadrar a experiência
como um jogo sério com um
objetivo psicoterapêutico,
sendo assim concluiu-se que
a terapia automatizada de
RV gamificada parece ser
uma modalidade de
tratamento atraente e
funcionar pelos mecanismos
pretendidos.
What do users think about Realizar um estudo sobre o Após a análise de 1379
Virtual Reality relaxation ponto de vista dos usuários comentários publicados
applications? A mixed em relação a aplicativos de (incluindo classificação por
methods study of online user relaxamento de RV. estrelas) de 30 aplicativos
reviews using natural diferentes de RV disponíveis
language processing. (2021) para Oculos Go and Gear Vr
observou-se que os usuários
têm uma visão geral positiva
dos aplicativos R,
descrevendo-os como bem
sucedidos na indução de
imersão e relaxamento e
tendo apreciado os
elementos de gamificação,
por outro lado a qualidade
percebida variou
substancialmente entre os
aplicativos que explicaram
mais variação nas
classificações por estrelas do
que recursos específicos.
Fonte: elaborado pelo autor (2021).
42
A partir da exploração dos trabalhos do autor mais publicado nos últimos 5 anos,
Alexandre Miloff, está claro que a tecnologia de RV pode contribuir e muito para o
tratamento dos casos de fobias, os trabalhos explorados também indicam que este tipo de
tratamento está trazendo resultados promissores através de estudos que implementaram a
tecnologia para tratar determinadas fobias em voluntários e estudos que almejam entender no
ponto de vista dos usuários se a ferramenta é realmente eficaz.
4CONCLUSÃO
A partir da exploração na base de dados PubMed, foi possível construir uma noção
de como o assunto vem sendo explorado ao longo dos anos e atingiu-se o objetivo geral deste
trabalho, que consistia na investigação de como o tratamento de exposição às fobias por meio
da tecnologia RV vem sendo abordado e estudado nos últimos anos, onde observou-se que a
quantidade de estudos na área está crescendo cada vez mais.
Conforme visto durante o desenvolvimento deste trabalho o tratamento de fobias
utilizando RV é superior em muitos aspectos em relação ao tratamento convencional, mas
ainda possuem muitos pontos a serem explorados e que podem gerar dúvida para o terapeuta
na hora de optar em realizar um tratamento convencional que já demonstra resultados
satisfatórios ou apostar em uma tática alternativa para atrair mais pacientes.
Foram abordados os tipos de tratamentos convencionais que utilizam a técnica de
exposição in vivo, que consiste na exposição real ou imaginária do paciente ao fator fóbico,
este tipo de tratamento é bastante eficaz para as fobias porém é perceptível a necessidade de
inovação nesta área, através de uma comparação entre o método convencional e o método
utilizando a tecnologia RV para criar um ambiente virtual semelhante ao real para o
tratamento de fobias foi possível identificar que a tecnologia é capaz de transmitir ao
terapeuta segurança, agilidade e ainda em baixo custo, permitindo que os pacientes se sintam
confortáveis ao buscar o tratamento de uma fobia pelo fato de não serem expostos diretamente
com o fator fóbico, como é realizado em tratamentos convencionais.
A tecnologia RV tem muito a oferecer para a área do tratamento psicológico, vários
tratamentos experimentais, já realizados, permitiram a validação da RV como uma ferramenta
eficiente no tratamento de fobias.
43
tratamentos de fobias, buscando comprovar que esta tecnologia pode ser capaz de tratar e até
curar pessoas com transtornos fóbicos.
45
REFERÊNCIAS
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Realidade Virtual no Tratamento de Fobia de Altura. São Paulo, p. 1-2, 2000. Disponível
em:
https://www.researchgate.net/publication/268186037_Emprego_da_Realidade_Virtual_no_Tr
atamento_de_Fobia_de_Altura. Acesso em: 25 fev. 2021.
GALVÃO, Maria Cristiane Barbosa; RICARTE, Ivan Luiz Marques. Revisão Sistemática da
Literatura: Conceituação, Produção e Publicação. LOGEION: Filosofia da informação,
Rio de Janeiro, v. 6 n. 1, p.57-73, set.2019/fev. 2020. Disponível em:
https://sites.usp.br/dms/wp-content/uploads/sites/575/2019/12/Revis%C3%A3o-
Sistem%C3%A1tica-de-Literatura.pdf. Acesso em: 02 de mai. 2021.
HAYDU, Verônica Bender. et al. Terapia por meio de exposição à realidade virtual para
medo e fobia de dirigir: uma revisão da literatura. Avances en Psicología Latinoamericana,
Colombia, v. 34, n. 1, p. 67-81, mai. 2016. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/799/79943294006.pdf. Acesso em: 22 de mar. 2021.
KRIJN, Merel. et al. Fear of flying treatment methods: virtual reality exposure vs.
cognitive behavioral therapy. [S. I.]: Aviat Space Environ Med, fev, 2007. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17310883/. Acesso em: 03 de abr. 2021.
ROTHBAUM, Barbara Olasov. et al. Virtual reality exposure therapy and standard (in vivo)
exposure therapy in the treatment of fear of flying. Behavior Therapy, [S. I.], v. 37, Ed. 1, p.
80-90, mar. 2006. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0005789406000104. Acesso em: 03 de
abr. 2021.
VITOR, Rafael Ferreira, Gêmeo digital e realidade estendida: uma abordagem para
interação homem-máquina como suporte à decisão em contexto industrial. Ouro Preto,
MG: Universidade Federal de Ouro Preto, 2020. Disponível em:
https://repositorio.ufop.br/handle/123456789/13042. Acesso em: 18 de mai. de 2021.
WAUKE, Ana Paula T.; COSTA, Rosa Maria E. M.; CARVALHO, Luis Alfredo V. VESUP:
O Uso de Ambientes Virtuais no Tratamento de Fobias Urbanas. [Rio de Janeiro], 2004,
p. 2. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/266369548_VESUP_O_Uso_de_Ambientes_Virtua
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