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TCC - Linguagem Inclusiva Centro Universitário Fametro
TCC - Linguagem Inclusiva Centro Universitário Fametro
MANAUS/AM
2023
PEDRO PAULO DA SILVA FREITAS
ESTE TRABALHO É
REQUISITO PARCIAL PARA
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
BACHAREL EM
JORNALISMO MOSTRADO
AO PROFESSOR MSC.
HÉLDER MOURÃO.
MANAUS/AM
2023
SUMÁRIO
1 PROBLEMA.......................................................................................................... 4
1.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 5
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................ 5
2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 6
3 MARCO TEÓRICO.............................................................................................. 11
4 METODOLOGIA.................................................................................................. 17
5 CRONOGRAMA................................................................................................... 19
6 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 20
1. PROBLEMA
“Pois se uma língua não mudar, se não evoluir para responder às necessidades da
sociedade que a utiliza, está condenada a perecer, converte-se em uma língua morta” (Toledo,
2014, p.24).
Essa será a frase/pensamento central deste trabalho, pois a partir dela os
questionamentos levantados aqui serão respondidos posteriormente. Podemos separar essa
discussão de algumas formas: A atualização da língua e a necessidade da aplicação desta nova
forma de se informar pelos jornalistas, a resistência da sociedade para com essa atualização,
qual o intuito desta nova medida? O que e quem esta proposta afeta? Como, onde e quando
começar? Por que é necessário? Quais propostas e abordagens os jornalistas podem utilizar
para adquirir uma linguagem mais neutra/inclusiva? Por que não deve haver resistência por
parte da comunidade jornalística para com essa nova linguagem? Fazer parte da comunidade
LGBTQIAPN+ é sinônimo de ter uma doença psicológica? Pessoas trans fingem ser quem
são? Quanto a língua portuguesa, será um processo de difícil aprendizagem?
Segundo William Randolph Hearst, “Jornalismo é publicar tudo aquilo que alguém
não quer que se publique, todo o resto é publicidade”. Partindo desse ponto podemos dizer
que pessoas preconceituosas não querem que seja dito, exposto ou divulgado a respeito da
comunidade queer, principalmente, a respeito das pessoas que não se encaixam ou não se
veem representadas pelo sistema binário de gênero, pessoas não-binárias. No entanto, com o
passar dos anos, a comunidade queer ganhou uma certa notoriedade, onde profissionais das
mais diversas áreas afirmam publicamente que fazem parte desta comunidade.
Existe uma frase que resume muito bem o “problema” ou traz uma outra
perspectiva a respeito do tema discutido que é do Fernando Pessoa, diz assim “Minha pátria é
minha língua”, esta frase bate de frente com o porquê da utilização de uma abordagem mais
inclusiva pela sociedade no que diz respeito a linguagem neutra. Por que querem mudar a
língua? Bom, primeiramente, não é uma mudança e sim uma atualização com o intuito de
representar uma parte da sociedade que existe, mas que ainda não é representada na própria
língua.
O intuito deste trabalho não é forçar ou obrigar ninguém a utilizar a linguagem
neutra, mas trazer reflexões e propostas de mudanças nas frases que as tornam mais acessíveis
e respeitosas, pois, no atual cenário do país, o pronome neutro não é ensinado nas escolas, não
é divulgado para todas pessoas aprenderem a como utilizá-lo, ou seja, as camadas são muito
mais profundas, exigem que profissionais de várias áreas diferentes trabalhem juntos para
facilitar a explicação, a compreensão, a necessidade de se atualizar a língua e
consequentemente atualizar esses profissionais que passarão a aderi-la.
A maneira como Butler descreve sexo e gênero como uma construção cultural
dando margem para serem analisadas as outras vertentes do gênero e do sexo, é intrigante,
pois traz à tona uma reflexão sobre as outras possibilidades, como são? O que são? Judith
também aborda sobre um comportamento, vestimentas como um fator independente de sexo
ou gênero, necessitando apenas de um corpo, um exemplo disso poderíamos citar os modelos
na passarela, principalmente, no cenário atual, onde esse paradigma de feminino e masculino
está sendo debatido e deixando a moda cada vez mais “andrógina”.
Segundo o Art. 1º do código de ética dos jornalistas brasileiros, temos como base
o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu direito de informar, de ser
informado e de ter acesso à informação. Ou seja, esse trabalho tem o objetivo de informar de
maneira ética e coerente a respeito da linguagem neutra e inclusiva, pois é uma possível
mudança histórica na língua.
No Art. 2º do código de ética dos jornalistas, está especificando que os
jornalistas não podem admitir que o acesso a informação seja impedido por nenhum tipo de
interesse, razão. Citarei 3 tópicos dentro desse artigo que são essenciais para explicar a
relevância do tema no jornalismo:
I- A divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de
comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica – se pública,
estatal ou privada – e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.
IV- A prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo
as não-governamentais, é uma obrigação social.
V- A obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de
censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à
comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.
Eu escolhi fazer uma reportagem especial sobre este tema, justamente para
apresentar pessoas não-binárias e expor suas singularidades, particularidades, pois faz parte
do ser não-binário apenas ser, o que isso quer dizer? Muitos temas podem ser percebidos e
recebidos de formas diferentes por parte da própria comunidade, não tem como comparar
pessoas não-binárias porque cada uma se expressa à sua maneira, cada uma veste o que
quiser, cada uma age da forma que quiser (dentro dos conformes da lei, é claro), cada uma é
única.
E é justamente essa particularidade que me fascina, me encanta, pois nada mais é
do que uma expressão de sua personalidade, daquele ser, você gostar ou não, entender ou não,
não te diz respeito, aquela pessoa só quer existir a sua maneira, pois essa lógica binária não
faz sentido na cabeça dessas pessoas, e é isso que quero mostrar com a vídeo reportagem.
Mostrar que nossas diferenças não nos demonizam ou nos distanciam, no final ainda somos
pessoas e temos direitos pelos nossos próprios corpos.
Apresentar essas pessoas de forma digna, pois o preconceito e a intolerância,
muitas vezes chegam antes dessa apresentação, chegam antes de saber o caráter de alguém,
chegam antes delas terem o direito de apenas EXISTIR. Além de ser um ato político, já que
simplesmente por nossa existência, já estamos incomodando muita gente. Gente essa que
demoniza, julga, condena e faz de tudo para impedir que tenhamos visibilidade ou quaisquer
reconhecimentos. No entanto, quero proporcionar um espaço acolhedor e aconchegante para
outros da minha comunidade.
3. MARCO TEÓRICO
O que é Jornalismo? (inserir autores clássicos que dão a definição de jornalismo: Felipe
Pena, Nelson Traquina; Mário Erbolato);
Um importante jornalista brasileiro chamado Clóvis Rossi, trouxe uma perspectiva
única a respeito do que é jornalismo, perspectiva essa que condiz com o intuito deste trabalho,
onde a tentativa de extinguir ou pelo menos diminuir drasticamente o preconceito é o foco
central, através da informação acessível e de qualidade.
Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma
fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos:
leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que
usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida,
no caso da televisão, de imagens. Mas uma batalha nem por isso menos
importante do ponto de vista político e social, o que justifica e explica as
imensas verbas canalizadas por governos, partidos, empresários e entidades
diversas para o que se convencionou chamar veículos de comunicação de
massa. (ROSSI, Clóvis, 2000, p.6).
Em outras palavras o jornalismo é de extrema importância para a sociedade, pois o
trabalho produzido tem em si a expectativa quanto a seriedade, confiabilidade e segurança, na
apuração feita pelo profissional. Além de dar voz para aqueles que muitas vezes não são nem
pauta para a grande maioria, comentar a respeito de problemas que a sociedade sofre e
abordar propostas para soluções.
Rossi aborda a palavra como uma “arma” e que de fato é ameaçadora, porém por
muitos subestimada, porque o que a torna perigosa é justamente o que está sendo dito, quem
está falando, como, onde, quando e por que está falando. Essas 6 (seis) perguntas quando
respondidas se tornam de fato uma arma quando utilizadas para expor algo que grandes
empresários, políticos, celebridades ou algum órgão público não queira que seja exposto para
a sociedade, o que é exatamente a proposta do ser jornalista.
Por se tratar de algo tão poderoso e que nem todes prestam atenção no seu
potencial, citarei um rápido exemplo da importância do jornalismo, nos últimos anos,
principalmente, entre 2018 a 2022. O Brasil enfrentou/enfrenta uma tentativa de invalidação
das apurações feitas pelos veículos de comunicação, onde parte da sociedade, questiona (o
que até certo ponto é saudável) sobre a veracidade dos fatos apresentados nos telejornais,
porém com o aumento dessa desconfiança e o avanço das fake News, que são matérias falsas,
mentiras criadas para justamente causar essa confusão, muitas pessoas foram influenciadas
negativamente e acabaram acreditando em matérias sensacionalistas, mentirosas.
O que até nos dias de hoje, gera uma certa desconfiança por parte da população em
acreditar no que está sendo apresentado, uma batalha árdua estava/está sendo travada para
combater as fake News. Perceba que mesmo com os jornalistas provando por A+B que
estavam certos, apresentando fatos inquestionáveis, a população ainda assim se recusou a
acreditar, devido a gigantesca polarização em que se encontrava/encontra o povo brasileiro.
Park situa a notícia como algo que possui um interesse pragmático para o
leitor, abordando sobre eventos que causam “mudanças súbitas e decisivas,
quase sempre” (PARK, 2008b, p. 64), e cuja função poderia ser associada à
mesma exercida pela percepção no indivíduo: “não apenas informa, mas
orienta o público, dando a todos a notícia do que está acontecendo” (PARK,
2008b, p. 60). Este ponto de vista “parkiano” associa-se à ideia de
“manutenção da ordem social”, que aponta para o jornalismo como voltado
para a manutenção do controle social, preservando a cordura do indivíduo e
sua integração na sociedade (BERGANZA CONDE, 2000). (TAVARES, M.
B. Frederico; BERGER, Christa. P.7).
O trecho final desta citação “casa” perfeitamente com o tema deste trabalho, pois
segundo Park, “o jornalismo é voltado para a manutenção do controle social, preservando a
cordura do indivíduo e sua integração na sociedade”, ou seja, se pensarmos que o jornalismo
tem esse poder de “controle social” podemos sim ajudar na adaptação da sociedade para uma
nova maneira de se comunicar.
Além de se conectar diretamente com a afirmação de Toledo para com a
linguagem, “Pois se uma língua não mudar, se não evoluir para responder às necessidades da
sociedade que a utiliza, está condenada a perecer, converte-se em uma língua morta”.
Podemos dizer que o mesmo se aplica para o jornalismo, se ele não acompanha as mudanças
da sociedade, da língua, do mundo, do que e com o que este profissional estagnado no tempo
trabalhará? Do que adianta estudar comunicação e se recusar a adaptar o seu discurso para
uma nova forma de se comunicar? Essa pergunta não é uma ameaça, algumas pessoas podem
sugerir que a comunidade está querendo “obrigar” a todes a utilizar uma linguagem mais
inclusiva/neutra.
No entanto, ao analisarmos mais afundo a respeito do porquê utilizar essa
linguagem, percebemos que as pessoas as quais serão beneficiadas, não fazem
necessariamente parte apenas da comunidade LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência sofrem
com o bullying de uma sociedade que agride, exclui, ridiculariza, verbal e fisicamente,
pessoas que não se encaixam em seus padrões (diferentes), e a chave para evitar essas
situações é a informação, oferecida e devidamente apurada pelos jornalistas.
O que é Não-Binário?
Não-binário é um termo usado para referir-se as pessoas que não se caracterizam nem
do gênero masculino e nem feminino. Desse modo, esses indivíduos não pertencem de forma
exclusiva a um desses gêneros, sendo, na realidade, o não-binário um gênero. A identidade e a
expressão de gênero de uma pessoa não-binária não se prendem ao masculino ou ao feminino.
Faz-se necessário uma análise rápida sobre o conceito de identidade e como ela é
construída, utilizando da perspectiva do livro “Gênero e sexualidade na atualidade” do autor
Leandro Colling, percebemos que ao fazermos perguntas como:
Quem é você? Onde nasceu? Onde mora? Onde estudou? Do que gosta?
Essas perguntas, que parecem simples, fazem com que criemos um texto
sobre quais são as nossas identidades, sobre como nos identificamos em
relação a diversos aspectos e como nos explicamos para as demais pessoas.
Esse breve texto descreve as identidades dessa pessoa (de ordem nacional,
de gênero, territorial, escolaridade, esportiva e musical). Além disso,
também nos dá pistas sobre como a cultura na qual ela vive interfere e
interferiu profundamente nessas características com as quais ela passou a se
identificar. É por essas e outras coisas que os estudos sobre as diversas
identidades que existem em nossa sociedade tendem a defender que as
nossas identidades são culturais, ou seja, elas não são completamente inatas,
naturais ou determinadas por algum componente genético. (COLLING,
2018, p. 9).
Essa última parte em específico poderia causar uma polêmica, “como assim nossas
identidades não são completamente determinadas por componente genético, sendo que há
diferenças entre homens, mulheres e pessoas intersexo? Para responder esta pergunta Colling
diz o seguinte:
No entanto, é evidente que a composição biológica dos nossos corpos, que é
diferenciada, interfere na construção das nossas identidades. Por exemplo:
uma pessoa com a pele clara não será identificada como negra e não sofrerá
uma série de preconceitos de ordem racial que atingem as pessoas negras em
uma sociedade racista como a nossa. Mas, ainda assim, isso não quer dizer
que as identidades raciais sejam construídas de forma determinista por
algum componente biológico e/ou genético. Se pensássemos assim,
estaríamos, no final das contas, pensando por uma perspectiva racista. O que
os estudos das identidades questionam, dentro dessa perspectiva cultural, é:
por que atribuímos valor positivo para determinados corpos e não para todas
as pessoas? É a partir daí que começamos a perceber que, se formos
responder aquelas perguntinhas iniciais de uma forma um pouco mais
profunda, veremos que as respostas estarão carregadas de processos
históricos, políticos e econômicos que forjaram as formas com as quais
constituímos as nossas identidades. (COLLING, 2018, p. 9 e 10).
1.587 d.C – O Tratado Descritivo do Brasil registra a presença das (indígenas) Cudinas, um
equivalente das travestis ou mulheres transexuais contemporâneas. [...] o tratado em questão
revela que as Cudinas recebiam o mesmo tratamento e exerciam as mesmas atividades que as
mulheres cisgêneras. (Oliveira,2018).
1.670 d.C – Segundo o antropólogo Luiz Mott, Zumbi, líder do Quilombo das Palmeiras e
guerreiro da resistência negra ao escravismo, teve relações homossexuais.
Alemanha, entre 1865-1875 – Karl Heinrich Ulrichs, um dos pioneiros do movimento por
justiça e humanidade para casais do mesmo sexo, defende que os instintos denominados
“anormais” são inatos e, assim, naturais.
1.869 d.C – O médico húngaro Karoly Benkert utiliza o termo homossexual formulado pela
união do prefixo grego homós “semelhante/ a mesmo”, e pelo sufixo sexual do latim sexus
“relativo ao sexo”.
1893 - Médicos que acreditavam que a homossexualidade era uma moléstia física ou psíquica
tentam “curá-la” com choques elétricos, lobotomias, injeções hormonais e até mesmo
castração.
Alemanha Nazista, aproximadamente entre 1933-1945 – Depois da Primeira Guerra
Mundial, em Berlim, na Alemanha, a homossexualidade masculina gozava de maior liberdade
e aceitação do que em qualquer outra parte do mundo. Contudo, a partir da tomada de poder
por Hitler, os gays e, em menor grau, as lésbicas, passaram a ser dois entre os vários grupos
sociais a serem atacados pelo Partido Nazi, acabando também vítimas do Holocausto. As
estimativas sobre o número de gays mortos nos campos de concentração variam muito, mas,
segundo um sobrevivente, “dezenas de milhares” de homossexuais foram mortos nos campos
de concentração (Heger, 1989, p.8).
Nova Iorque – 28 de junho de 1969 – No bairro de Greenwich Village explode uma rebelião
de travestis e gays denominada “Revolta de Stonewall”, na qual, durante uma semana, eles
protestaram e enfrentaram a força policial, dando início ao “Dia do Orgulho LGBTI+”,
popularmente conhecido como “Dia do Orgulho Gay”.
1993 – A homossexualidade deixa de ser classificada como doença após anos de pesquisa e
sem nada que comprovasse não ser ela natural. A Organização Mundial da Saúde (OMS) a
insere no capítulo “Dos sintomas decorrentes de circunstâncias psicossociais”.
Brasil 1999 – Justiça do Rio Grande do Sul, em decisão pioneira, fixa competência às varas
de família para julgar ações decorrentes de uniões homoafetivas, até então julgadas pelas
varas cíveis, dando assim o passo inicial para que estas conquistassem o status de família.
Holanda – 21 de abril de 2001 – Entra em vigor, pela primeira vez na modernidade,
legislação de abertura do casamento a pares do mesmo sexo.
Brasil – 2002 – A então desembargadora do Rio Grande do Sul, Maria Berenice Dias, em
suas decisões utiliza o termo homoafetividade buscando demonstrar que, como entre casais
heterossexuais, as relações homossexuais se baseiam no afeto entre duas pessoas e se trata de
uma ligação muito mais forte que a atração sexual.
Brasil – 07 de agosto de 2006 – Lei Maria da Penha entra em vigor dispondo em seu art.2º
que, independente da orientação sexual, etnia, classe, toda mulher goza dos direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana. Ainda com base em seu art.5º percebe-se que a lei,
em determinadas circunstâncias, pode, por analogia, aplicar-se a Travestis e Transexuais,
abrangendo toda e qualquer violência doméstica independente da sexualidade dos integrantes
da família.
Brasil – 05 a 08 de junho de 2008 – Ocorre a 1º Conferência Nacional GLBT em Brasília, na
qual se decide utilizar a letra “L” antes do “G” na sigla do movimento. Tal ocorre pelo
crescimento do movimento lésbico e como manifestação de apoio por parte da comunidade de
gays, bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, buscando, assim, mais visibilidade
para as mulheres do movimento – que passa, então, a ser denominado LGBT. Este rótulo,
meramente político, ainda é muito debatido e por vezes é acrescido de novas terminologias
como o “I”, de Intersexo.
Brasil – 05 de maio de 2011 - O STF, ao julgar a ADI 4277 e ADPF 132, em decisão
histórica, reconhece união estável para casais do mesmo sexo e cria jurisprudência inédita
pressionando o Legislativo Brasileiro a quebrar seu silêncio frente às relações homoafetivas.
Brasil – entre os dias 15 e 18 de dezembro de 2011 – Ocorre em Brasília a 2ª Conferência
Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de LGBTTT.
Brasil – 14 de maio de 2013 – É publicada a Resolução nº 175 do Conselho Nacional de
Justiça que obriga os cartórios a realizarem a cerimônia de Casamento em igualdade de
condições aos casais homoafetivos, com base nos princípios de liberdade, igualdade e
promoção do bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação, previstos na Constituição Federal. Apesar de o judiciário
Brasileiro reconhecer o direito ao Casamento homoafetivo em igualdade de condições, a
legislação nacional expressa não sofre alterações.
Brasil – 5 de março de 2015 – Em julgamento ao Recurso Extraordinário nº 846.102, o
Supremo Tribunal Federal, tendo como relatora a Ministra Cármen Lúcia, define que a união
entre casais homoafetivos pode ser definida como família nos termos da Constituição
Brasileira, nos seguintes termos: “A Constituição Federal não faz a menor diferenciação entre
a família formalmente constituída e aquela existente ao rés de fato. Como também não
distingue entre a família que se forma por sujeitos heteroafetivos e a que se constitui por
pessoas de inclinação homoafetiva”.
Brasil – 17 de janeiro de 2018 - por meio da Portaria nº 33, o Ministério da Educação
homologou o Parecer CNE/CP Nº 14/2017 e o Projeto de Resolução, do Conselho Nacional
de Educação, que define o uso do nome social em toda a educação básica do Brasil.
Brasil – 28 de janeiro de 2018 – O Conselho Federal de Psicologia publicou a Resolução nº
CFP 01/2018, que regulamenta a forma como a categoria deve atuar no atendimento a
travestis e transexuais. Devem atuar de forma a contribuir para a eliminação da transfobia –
compreendida como todas as formas de preconceito, individual e institucional, contra as
pessoas travestis e transexuais. Orienta, ainda, que as e os profissionais não favoreçam
qualquer ação de preconceito e nem se omitam frente à discriminação de pessoas transexuais
e travestis.
Brasil – 1º de março de 2018 – Em julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) nº 4275, o Supremo Tribunal Federal determinou que a retificação do registro civil, no
tocante a mulheres trans, travestis e homens trans, deve se dar de modo desburocratizado – ou
seja, sem demanda judicial, nos próprios cartórios, por meio de autodeclaração -, sem limite
de idade (respeitando a maioridade civil e a representação dos responsáveis no caso das
pessoas menores de idade), não sendo necessária tanto a apresentação de laudos psicológicos
e psiquiátricos quanto a cirurgia de readequação sexual.
Brasil 1º de março de 2018 – O Tribunal Superior Eleitoral determinou que a partir das
eleições de 2018 a autodeclaração de pessoas transgênero – que não se identificam com o
sexo biológico, como transexuais ou travestis – será considerada na verificação do
cumprimento das cotas obrigatórias de gênero dos partidos políticos e que podem concorrer
nas eleições utilizando o nome social.
Brasil – 27 de março de 2018 – O Conselho Federal de Psicologia publicou a Resolução nº
CFP 10/2018, que dispõe sobre a inclusão do Nome Social na Carteira de Identidade
Profissional da Psicóloga e do Psicólogo e dá outras providências.
2019 – Em maio a 72ª Assembleia Mundial de Saúde adotou a décima primeira revisão da
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-
11), retirando as categorias relacionadas às pessoas trans da lista de Transtornos Mentais e
Comportamentais.
Brasil – 13 de junho de 2019 – No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão nº26 e do Mandado de Injunção nº 4733, o Supremo Tribunal Federal determinou
que a discriminação e a violência LGBTQIfóbicas se enquadram como forma de racismo,
puníveis como tal.
Brasil – 8 de maio de 2020 – No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
5543, o Supremo Tribunal Federal determinou ser inconstitucional a inabilitação temporária
de gays e outros homens que fazem sexo com homens para a doação de sangue, conforme a
Portaria nº 158/2016 do Ministério da Saúde, e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº
34/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Após analisarmos a história da luta da comunidade LGBTQIA+ percebemos que
esta comunidade sofreu e ainda sofre muito com a intolerância, preconceito e discriminação,
contudo, seguiu, segue e seguirá resistindo a toda forma de opressão. Há pessoas que
acreditam que a homofobia não existe, ou que essas violências apresentadas anteriormente
não passam de “mimimi”, isso se estende até os dias atuais.
Vale salientar que a LGBTIfobia pode ser definida como o medo, a aversão, ou o
ódio irracional a todas as pessoas que manifestem orientação sexual ou identidade/expressão
de gênero diferente dos padrões heteronormativos, mesmo pessoas que não são LGBTI+, mas
são percebidas como tais. A LGBTIfobia, portanto, transcende a hostilidade e a violência
contra LGBTI+ e associa-se a pensamentos e estruturas hierarquizantes relativas a padrões
relacionais e identitários de gênero, a um só tempo sexistas e heteronormativos (adaptado de
JUNQUEIRA, 2007).
Essa narrativa nos permite entender que existem pessoas com o poder de decidir o
que será ou não publicado, isto é, para além do processo editorial, onde muitas pautas por
mais bem apuradas que sejam, são excluídas seja pelo dono do jornal/portal não estar de
acordo, seja por haver conflitos de interesses com o Estado, a Igreja (veja bem, aqui não
estou me referindo aos cristãos, mas a instituição), o Mercado, etc. Segundo Mariani
(1996), o discurso jornalístico:
sobretudo na sua forma de reportagens, funciona como uma modalidade de
discurso sobre, pois coloca o mundo como objeto. A imprensa não é o
'mundo', mas deve falar sobre esse mundo. Retratá-lo, torná-lo
compreensível para os leitores. O cotidiano e a história, apresentados de
modo fragmentado nas diversas seções de um jornal, ganham sentido ao
serem 'conectados' interdiscursivamente a um "já"fá" dos assuntos em pauta.
E essa interdiscursividade pode ser reconstruída através da análise dos
processos parafrásticos presentes na cadeia intertextual que vai se
construindo ao longo do tempo. (MARIANI, 1996, p. 64).
AQUI VOCÊ JÁ FAZ OUTRO TÓPICO ONDE DEBATE ESSA QUESTÃO DA LINGUAGEM JÁ
APLICADA AO JORNALISMO, LEVANDO EM CONTA O JORNALISMO COMO A FORMA
DE CONHECIMENTO MAIS PRESENTE NA VIDA DAS PESSOAS;
4. METODOLOGIA
O presente trabalho tem como objetivo trazer uma pesquisa exploratória a respeito
da adesão da linguagem neutra/inclusiva pelos jornalistas. A proposta da pesquisa
exploratória é de entender como as coisas funcionam, para isso utilizarei as autoras Judith
Butler e Leslie Toledo para ajudar na compreensão do tema; uma das características do estudo
exploratório é ter um processo de pesquisa flexível e não estruturado, ou seja, utiliza da
análise de dados primários, considerando uma pequena amostra, numa abordagem qualitativa.
A pesquisa qualitativa apresenta os resultados através de percepções e análises,
descrevendo a complexidade do problema e a interação de variáveis. Onde a interpretação
focará nas opiniões, intenções, pensamentos e comportamentos; a abordagem tem como
objetivo apresentar “o ponto de vista” de cada entrevistado [psicóloga, jornalista, professor e
uma (ou mais) pessoa(as) não-binária(as)].
Utilizarei neste projeto Manaus como centro de pesquisa a respeito da vida de pessoas
não-binárias, apresentando propostas para colegas jornalistas com o intuito de mostrar o
porquê a classe jornalística deve aderir a linguagem, ou melhor, as linguagens neutra e
inclusiva; se torna necessário explicar primeiro para os colegas de profissão, para então
explicar para a sociedade, já que ainda existem tabus, preconceitos, ignorância e intolerância a
respeito desse assunto.
O propósito de introduzir os jornalistas nesta nova forma de se comunicar é
justamente para diminuir ou, com muito esforço, extinguir o preconceito para com pessoas
que não se enquadram no sistema cis heteronormativo, mas o que é a cis
heteronormatividade? A cis heteronormatividade nada mais é do que uma imposição social
para ser ou se comportar de acordo com os papéis de cada gênero. Porém alguns podem
ainda não perceber o problema dessa imposição e o problema é justamente que quem não se
enquadra, sofre bullying, chegando a ser marginalizado como é o caso de pessoas trans (sejam
elas binárias ou não) e/ou ignorados.
A intenção com as pessoas não-binárias é de apresenta-las de forma digna e respeitosa
para a sociedade, para que estas tenham a oportunidade de serem vistas e reconhecidas como
PESSOAS, antes de qualquer julgamento. Mostrar que mesmo com diferenças na forma de
enxergar, entender e viver no mundo, ainda são seres humanos. O que uni els profissionais de
comunicação com els não-bináries é o fato de jornalistas terem compromisso de apresentar
notícias, reportagens de interesse público, de dar voz aos que não tem.
Uma das técnicas utilizadas neste trabalho será a entrevista, onde a elaboração do
roteiro será específica para cada entrevistado, com a psicóloga pretendo abordar questões que
trazem reflexões e algumas respostas mesmo que óbvias, pois alguns precisam delas, com o
objetivo de esclarecer de uma vez por todas que fazer parte da comunidade NÃO É sinônimo
de doença. Já com o professor de português a finalidade é analisar a complexidade e as
possibilidades de como utilizar corretamente os 4 sistemas de pronomes neutros.
A aproximação com pessoas não-binárias já será para obter informações a respeito de
suas vivências, como são tratadas e ouvir suas histórias, e por fim chegamos ao jornalista, os
questionamentos feitos serão sobre o que profissionais da área estão pensando sobre, se há a
possibilidade dessa linguagem entrar em prática o mais rápido possível ou se ainda será
necessário alguns anos a mais, como está o mercado para os que divergem da cis
heteronormatividade, reforçar a necessidade da linguagem.
Uma dificuldade que pode vim a surgir na realização desta pesquisa é a respeito de
não conseguir organizar os dias para as entrevistas, comprometendo assim a obtenção dos
dados; o equipamento necessário também pode ser um problema, comprometendo a qualidade
técnica do trabalho; os dados obtidos não suprirem ou sustentarem o suficiente a pesquisa. O
tempo pode afetar também, dependendo dos locais que serão gravados, possíveis locais para
as gravações são Teatro Amazonas, Largo de São Sebastião, Praça da Saudade ou da Polícia
ou na própria instituição de ensino Fametro.
5 CRONOGRAMA
TIVIDADES MA ABRI MAI JU JU AG SE OU NO DEC
R L O N L O T T V
TEMA/
X
PROBLEMA
OBJETIVOS X
APURAÇÃO E
X X
FONTES
JUSTIFICATIVA X X
MARCO
X
TEÓRICO
PLANEJAMENT
O E ROTEIRO X
DE GRAVAÇÃO
GRAVAÇÃO X X X
EDIÇÃO X
ENTREGA X
18/1
DEFESA
2
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bertucci, Pri. Manifesto Ile para uma comunicação radicalmente inclusiva. 2015.
https://diversitybbox.com/manifesto-ile-para-uma-comunicacao-radicalmente-inclusiva/
Caê, Gioni. Manual para o uso da linguagem neutra na língua portuguesa. 2020.
https://portal.unila.edu.br/informes/manual-de-linguagem-neutra/
Manualdelinguagemneutraport.pdf
Toledo, Leslie. Manual para o uso não sexista da linguagem: O que bem se diz bem se
entende. 2014.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3034366/mod_resource/content/1/Manual%20para
%20uso%20n%C3%A3o%20sexista%20da%20linguagem.pdf