Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TCC - Leandro Henrique Da Silva
TCC - Leandro Henrique Da Silva
Chapadão do Sul – MS
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CÂMPUS DE CHAPADÃO DO SUL
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Chapadão do Sul - MS
2021
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Aprovado pela Banca Examinadora como parte das exigências da disciplina de TCC, para
obtenção do grau de Bacharel em Administração, pelo curso de Graduação em Administração
da UFMS/CPCS.
_______________________________________
Prof.ª Dr.ª Rocío del Pilar López Cabana
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
_______________________________________
Prof. Francisco de Assis da Silva Medeiros, PhD.
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
_______________________________________
Prof. Dr. Alessandro Silva de Oliveira
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
Dedico este trabalho aos meus pais, por sempre
acreditarem em min e proverem minha
educação.
Agradecimentos
Resumo
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
2 METODOLOGIA .................................................................................................. 13
3 LICITAÇÃO .......................................................................................................... 14
3.1 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO .............................................................................. 15
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 34
11
1 INTRODUÇÃO
A principal lei que regulamenta o universo das licitações, seus princípios, modalidades
e tipos é a Lei nº 8.666, de 1993 (MORAES, 2016). Mais tarde junto à promulgação da Lei nº
10.520/02 e a introdução da modalidade pregão às práticas licitatórias, a Administração
obteve nova vertente para a compra de bens e contratação de serviços. Também, através da
regulamentação do pregão no modo eletrônico, ocorreu melhoria nos serviços utilizando a
tecnologia da informação (FARIA; OLIVEIRA, 2017). No entanto, a nova lei n° 14.133/21,
chega para substituir a legislação anterior de licitações, porém, deve coexistir juntamente com
as regras da antiga legislação, pois as normas anteriores somente serão revogadas
completamente no prazo de dois anos (BORDALO, 2021).
Existem várias definições referentes ao ato de licitar, no entanto podemos conceituar
como o procedimento adotado por lei para a realização dos processos de compras e
contratações de serviços públicos de maneira objetiva e padronizada em todo o país, ou seja, é
o método usual na escolha da oferta mais vantajosa para a administração pública (BRASIL,
1993; TCU, 2010).
É uma atividade que tem como objetivo principal oferecer maior segurança, agilidade,
transparência e qualidade nos processos de escolha de prestação de serviços e produtos sem
abrir mão da concorrência e preço competitivo. Demonstrando assim fundamental
importância não só na manutenção dos órgãos e departamentos públicos como também para a
prática de uma boa gestão (DALBOSCO, 2014).
Dessa forma, o presente estudo traz a ser investigada a seguinte questão: Quais as
principais alterações ocorridas com a nova lei de licitações n° 14.133/21 em relação à
legislação anterior regida pela lei nº 8.666/93?
Assim, com a finalidade de responder à questão citada, o objetivo geral deste artigo
foi identificar as mudanças outorgadas com a nova lei de licitações n° 14.133/21.
Para atingir este objetivo geral foram estruturados os seguintes objetivos específicos:
Descrever os conceitos e princípios norteadores das licitações.
Descrever as modalidades, tipos e fases licitatórias da lei nº 8.666/93.
Descrever as principais mudanças nas modalidades, tipos e fases com a nova
lei nº 14.133/21.
A Metodologia abordada para o desenvolvimento desse artigo foi através de uma
pesquisa bibliográfica e documental, reunindo informações de livros, artigos, teses, leis e
publicações pertinentes ao tema de licitações públicas.
13
O presente estudo justifica-se por ser mais uma ferramenta para a administração
pública em abordar e proporcionar entendimento das informações do processo licitatório,
sendo seu auxílio relevante. Visto que, por se tratar de um assunto recente ainda é pouco o
material bibliográfico disponível atualmente.
A estrutura do trabalho é composta pela introdução, apresentada nessa seção,
relatando um breve contexto histórico da licitação, assinalando o problema de pesquisa, o
objetivo geral, os objetivos específicos e as justificativas da elaboração do artigo.
Posteriormente é exposta a metodologia utilizada para alcançar o objetivo apontado. Na seção
seguinte é apresentado o referencial teórico, onde são abordados os princípios e definições da
licitação, as modalidades licitatórias, os tipos e as fases da licitação. Adiante é apresentada a
nova lei de licitações 14.133/2021 e as principais mudanças ocorridas aos tópicos
mencionados na seção anterior. Por fim, o artigo expõe uma breve discussão e aborda na
última seção as considerações finais.
2 METODOLOGIA
complementa que esse “tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em
contato direto com aquilo que foi escrito sobre um assunto determinado”.
Já a pesquisa documental, segundo Gil et al. (2002), se assemelha à bibliográfica,
sendo que às vezes não fica claro distingui-las, porém o que as diferencia está na natureza de
suas fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica é fundamentada através de trabalho de variados
autores referente algum assunto, a pesquisa documental dispõe de conteúdos que ainda não
foram tratados de forma analítica ou que podem ainda serem reformulados conforme os
objetivos da pesquisa. O autor também destaca o fato da documentação constituir de uma
fonte rica e estável de dados, na qual o pesquisador poderá conseguir evidências para
fundamentar suas afirmações.
Sendo assim, tendo como base: Leis, relatórios do Tribunal de Contas da União e
diversas fontes da literatura científica do campo das licitações, foi possível realizar a revisão e
análise destas referências bibliográficas para atingir o objetivo proposto.
3 LICITAÇÃO
De acordo com o TCU (2010), a licitação pode ser definida como o procedimento
administrativo formal onde através de publicação em edital ou convite são convocadas
empresas interessadas a ofertarem propostas para contratação de serviços ou aquisição de
produtos por parte da Administração pública.
Licitação é o conjunto de procedimentos administrativos, legalmente
estabelecidos, através da qual a administração Pública cria meios de verificar,
entre os interessados habilitados, quem oferece melhores condições para a
realização de obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações,
concessões, permissões e locações (PISCITELLI, 2004, p. 234 citado por
TORMEM et al., 2007, p. 3).
Conforme Monteiro (2009 citado por AZEVÊDO FILHO, 2010), as leis que
regulamentam o Processo Licitatório são embasadas em princípios. Assim, toda ação
realizada pelo administrador público que venha a ferir qualquer deles o deixará suscetível a
sanções podendo ocorrer até mesmo a perda do mandato.
No 3º Artigo da Lei 8.666 (1993) são estabelecidos os princípios aplicáveis nas
licitações públicas:
A licitação [...] será processada e julgada em estrita conformidade com os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos (BRASIL, 1993, s. p.).
Princípio da Legalidade
De acordo com o TCU (2010), o princípio da legalidade submete que todo ato dos
licitantes e da Gestão Pública devem estar de acordo com as normas, regras e princípios em
vigor estabelecidos.
Do mesmo modo Coelho (2009 citado por SILVA, 2014, p. 13), descreve que “o
Estado será obrigado a fazer exatamente aquilo que a lei mandar e só poderá fazer o que a lei
expressamente autorizar”. Os atos licitatórios encontram-se todos especificados na Lei
8.666/93, assim é preciso que o ente público a execute de acordo com o exposto.
Princípio da Isonomia
Princípio da Impessoalidade
Princípio da Publicidade
É direito de todo interessado ter acesso ao processo licitatório público, e seu respectivo
controle, mediante publicação das ações executadas pelos gestores em todas as etapas da
licitação (TCU, 2010).
Neste sentido Silva (2014, p. 14) destaca que:
Princípio da Celeridade
Princípio da Eficiência
Por fim, Meirelles (2009 citado por SILVA, 2014, p. 14) define que:
Princípio da Competição
Concorrência
Tomada de Preço
Convite
Carvalho e Silva (2015) consideram essa modalidade de licitação a mais simples, onde
os licitantes cadastrados ou não, são escolhidos e convidados em número mínimo de três pela
Administração, onde esta deverá realizar a divulgação mediante afixação de cópia do
instrumento convocatório em amplo local de divulgação. Os licitantes interessados deverão
solicitar o convite até vinte e quatro horas antes da data de apresentação das propostas
conforme a lei.
Concurso
Leilão
Pregão
Di Pietro (2017 citado por PENA, 2019) relata que o pregão é a modalidade de
contratação de serviços e aquisição de bens sem atrelamento a limite estimado de valor. A
decisão do fornecimento do objeto ocorrerá através de lances e propostas em sessão pública
aberta. De modo simples é um leilão inverso, onde os licitantes darão lances decrescentes e
sucessivos, ou seja, o ganhador será o participante que propor o lance com menor valor.
Em concordância o TCU (2010, p. 46) complementa que “ao contrário do que ocorre
nas demais modalidades, em pregão a escolha da proposta é feita antes da análise da
documentação, razão maior da celeridade que envolve o procedimento”.
O pregão é uma das modalidades mais executadas, sendo uma evolução do processo
licitatório na Gestão Pública, proporcionando aumento no número de interessados e
contribuindo na redução das despesas, dado que poderá ser executado de forma eletrônica
(SOARES; POSSOBOM, 2017).
Pregão Eletrônico
Di Pietro (2017 citado por PENA, 2019) expõe que a modalidade do pregão eletrônico
é uma derivação do presencial, que concede a liberdade aos interessados de poderem
participar dos processos diretamente de seu computador, através da tecnologia da informação.
No entanto, o pregão eletrônico contém as mesmas obrigações e legislação do presencial.
Segundo Grau (1991 citado por ALBUQUERQUE, 2018), é mencionado pela lei de
licitações várias situações em que a licitação é dispensável ou inexigível, as quais são
exceções à regra. Constam expressamente detalhadas na legislação as circunstâncias em que a
22
licitação pode ser dispensável, uma vez que é permitido realizar a licitação, mas não é
obrigatório. Já as condições em que a licitação é considerada inexigível são expostas de forma
exemplificada pela legislação, tendo em base que são circunstâncias na qual a competição é
inviável. Uma vez que o objeto da futura contratação possui característica específica, não
deixando escolha a gestão pública a não ser optar a contratação do único licitante habilitado
em satisfazer as exigências pretendidas.
a dispensa de licitação pode ocorrer por alguns motivos, como por exemplo,
nos casos de obras e compras de materiais e serviços em até 10% do valor
previsto, nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem, nos casos de
emergência e de calamidade pública, quando a segurança nacional estiver
comprometida, quando a licitação ficar deserta repetidamente nos processos,
podendo ser justificada, dentre vários outros casos que podem se enquadrar.
Já a inexigibilidade de licitação, [...] pode ocorrer quando a aquisição é
oferecida por um fornecedor exclusivo, para o caso de serviços
especializados, de natureza singular, para contratação de profissional do
setor artístico, em caso de aprovação pela opinião pública, e para outros
casos específicos (BRASIL, 1993 citado por PENA, 2019, p. 13).
Por fim, Barbosa (2012) alerta que mesmo que o objeto pretendido de contratação seja
compatível com essas hipóteses, é essencial que o gestor público seja responsável e cauteloso
ao optar em não realizar o processo licitatório, visto que não poderá se omitir de conceder
satisfatória fundamentação sobre a não utilização da licitação. Essas ações são de extrema
importância para impedir contratações superfaturadas e desvio de dinheiro público.
Menor preço
23
É conhecido como o critério mais objetivo. Possuí o preço como fator exclusivo no
julgamento da proposta mais vantajosa para a Administração dentro das regras do edital. Ou
seja, a menor proposta de preço que estiver de acordo com as regras contidas no edital será
declarada vencedora. É usado em compras e prestações de serviços de modo geral quando a
modalidade executada é a de pregão presencial ou eletrônico (MORAES, 2016).
Melhor técnica
No tipo de licitação melhor técnica e preço, ocorre à busca da gestão pública pela
melhor proposta se baseando em uma ponderação de menor preço e melhor técnica. Vale
ressaltar que há uma ponderação, onde nem sempre o menor preço estará atrelado à melhor
técnica e vice-versa. Assim, a proposta mais vantajosa para a administração tende a revelar o
melhor custo-benefício na respectiva contratação. Importante ressaltar que nesse tipo de
licitação é fundamental que os requisitos pretendidos estejam claramente destacados no edital
para os participantes, facilitando sua elaboração da proposta e o trabalho do agente julgador
(MORAES, 2016).
24
Lima (2014 p. 12) alerta para que “somente utilize a licitação do tipo técnica e preço
para serviços com características eminentemente de natureza intelectual, de modo a atender o
disposto nos arts. 45 e 46 da Lei 8.666/1993”.
Para Albuquerque (2018, p. 5), “outro aspecto relevante no estudo da licitação é sua
divisão em fases. Estas fases não estão explicitamente descriminadas na lei, sendo
denominadas “fase interna” e “fase externa” da licitação”.
Fase Interna
Considera o tempo em que será feito todo o planejamento da licitação. No decorrer dessa fase
é essencial definir o objeto a ser contratado, a justificativa da necessidade de sua contratação, a
dotação e previsão orçamentária, a elaboração do estudo técnico e termo de referência ou projeto
básico. Também na fase interna é feita uma pesquisa mercadológica, visando obter um preço médio,
para que depois sirva de base na fase externa no julgamento das propostas apresentadas
(ALBUQUERQUE, 2018; NOVO, 2019; FISCHER, 2021).
Ao longo da fase interna deverá ser determinada a modalidade licitatória, o critério de
julgamento e elaboração da minuta do edital e contratual. O edital deverá ser analisado pela
assessoria jurídica do órgão a fim de verificar se o processo está compatível com os ditames
legais (TCU, 2010; NOVO, 2019; FISCHER, 2021).
Fase Externa
25
Começa com o edital publicado nos meios estabelecidos na legislação. Assim, todos
que tiverem interesse estarão cientes do processo licitatório e poderão manifestar suas
propostas (TCU, 2010; ALBUQUERQUE, 2018). No decorrer da fase externa ocorrem dois
atos importantes: um é a etapa de habilitação dos proponentes, onde a gestão pública irá
averiguar a idoneidade técnica, jurídica e econômica financeira. A outra fase essencial será a
análise das propostas dos licitantes, onde a Comissão designada irá julgar de maneira objetiva
conforme os termos do processo (NOVO, 2019; FISCHER, 2021).
Fischer (2021) ressalta que em geral a etapa de habilitação dos interessados acontece
antes das propostas. No entanto, na modalidade do pregão acontece uma exceção onde esses
procedimentos são invertidos.
O processo depois da habilitação e julgamento das propostas será enviado à autoridade
competente para que possa ser feita a adjudicação e subsequente convocação dos vencedores a
fim de formalizar o contrato administrativo (NOVO, 2019; FISCHER, 2021).
Após viger por pouco mais de vinte e cinco anos, a Lei 8.666/93, enfim, deu seu lugar
à Lei 14.133/21, sancionada no dia 1º de abril de 2021. No entanto, ainda não podemos dizer
que o regimento da década de 90 do século anterior acabou de vez, dado que sua vigência
ainda durará por mais dois anos (BORDALO, 2021). Período este no qual a Administração
Pública terá para se adaptar gradativamente às diretrizes da nova legislação. Assim, a gestão
terá a prerrogativa de decidir se no decorrer deste tempo seguirá as normas antigas ou se, já
utilizará a nova legislação como base para elaborar seus editais (BRASIL, 2021; BORDALO,
2021).
O Art. 193, da Lei 14.133/2021, relata que a contar da data de sua publicação, além da
Lei (8.666/1993), também deverão coexistir com o novo regime da legislação, a Lei do
Pregão (10.520/2002) e a Lei do Regime Diferenciado de Contratações – RDC (12.462/2011),
igualmente sendo revogadas ao término de dois anos. No entanto, no ato da publicação da Lei
14.133/2021, são revogados de imediato os artigos 89 a 108 da Lei 8.666/1993 (BRASIL,
2021).
26
MODALIDADES DE LICITAÇÕES
O antes denominado “Tipos de licitações”, agora tem sua nomenclatura renovada para
“Critérios de julgamento”. Desta forma, a nova lei de licitações além de continuar com os
critérios já previstos na legislação anterior existindo, também adiciona novas normas para
escolha da contratação (BORDALO, 2021). Sendo elas: Maior desconto; Melhor técnica ou
conteúdo artístico e Maior retorno econômico (BRASIL, 2021).
Maior desconto
28
O julgamento de maior retorno econômico tem a característica por ser o critério usado
exclusivamente na celebração dos denominados contratos de eficiência, onde a contratação
será feita elegendo o serviço que gerar maior economia para a Administração Pública. Nesse
caso, a remuneração deverá ser fixada em percentual, onde incidirá de forma proporcional à
economia efetiva obtida em execução contratual (BRASIL, 2021).
CRITÉRIOS DE JULGAMENTO
Com a aprovação da nova lei de licitações, aconteceu uma mudança sutil nas fases,
mas de fundamental importância para o procedimento licitatório (FISCHER, 2021;
PORTELA, 2019). De acordo com a norma anterior, antes da fase do julgamento das
propostas era realizado a fase de habilitação. Ou seja, primeiramente analisava a
documentação dos licitantes, para depois julgar as propostas (BRASIL, 1993).
Deste modo, a fim de trazer ao processo licitatório eficiência e agilidade, a nova lei
determina que o sistema já adotado anteriormente no Pregão e RDC passa a ser regra. Dessa
forma, ocorre então a inversão de fases, realizando primeiramente a apresentação e
julgamento das propostas para depois analisar a documentação da habilitação somente das
empresas vencedoras (BORDALO, 2021; FISCHER, 2021).
30
Conforme menciona Fischer (2021), as fases da nova lei de licitações estão destacadas
no Art. 17, igualmente abaixo:
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência: I
preparatória; II de divulgação do edital de licitação; III de apresentação
de propostas e lances, quando for o caso; IV de julgamento; V de
habilitação; VI recursal; VII de homologação (BRASIL, 2021, s. p.).
Ainda, ressaltasse que a “fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá,
mediante ato motivado com explicitação dos benefícios decorrentes, anteceder as fases
referidas nos incisos III e IV do caput deste artigo, desde que expressamente previsto no edital”
(BRASIL, 2020, s. p.).
Disposto no Art. 174 da nova lei de licitações está uma importante novidade, a criação
do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), que se trata do sítio eletrônico oficial
destinado a reunir as informações dos editais, contratos, atas de registro de preços e outros
documentos do processo de compras e contratações. Também centralizar a divulgação de todo
o processo licitatório das entidades e órgãos da Administração direta, autárquica e fundacional
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Ou seja, será o portal oficial
usado pelos órgãos e entidades dos variados poderes e entes federativos no processo de
contratações públicas (BRASIL, 2021).
Para muitos, o PNCP é somente uma ferramenta criada para dar
cumprimento ao princípio da publicidade, sequer elevando-o ao princípio da
transparência [...]. Porém, o PNCP pode e deve ser muito mais do que isso. É
uma das principais iniciativas para superar a antiga visão legalista,
procedimental e economicamente ineficiente, por uma nova visão gerencial,
orientada para resultados, que promove os princípios da transparência
(openness), integridade (integrity) e responsividade (accountability) típicos
de uma boa governança pública (FURTADO; VIEIRA, 2021, s. p.).
No entanto, Lopes (2021) ressalta que já existe o Portal Comprasnet do Governo Federal,
que atualmente é bastante usado por municípios e alguns estados, bem como existem sistemas
igualmente avançados quanto. Assim, a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas
31
6 DISCUSSÃO
A nova Lei das Licitações nº 14.133 de 2021 evidencia mudanças significativas nos
procedimentos licitatórios que contribuem para uma evolução nas contratações públicas, pois
além de incorporar o que antes já se mostrou eficiente, como as normas da lei do pregão
10.520 de 2002, também inova com a criação da modalidade Diálogo Competitivo. Onde os
licitantes poderão dialogar juntos com a administração, proporcionando melhor relação e
maior participação das empresas privadas na busca da melhor solução para suprir às
necessidades dos órgãos em aquisições ou contratações inovadoras e complexas.
No entanto, Silva e Santos (2021), ressaltam a importância de alguns cuidados que a
Administração deve levar em conta ao utilizar a modalidade do diálogo competitivo. Afinal o
temor da possível quebra do sigilo e compartilhamento dos segredos pode gerar insegurança
afastando os fornecedores ocasionando descrédito para a modalidade. Conforme mencionado
por Lopes (2021), o dialogo competitivo vem de cultura Europeia. Sendo assim é importante
observar o seu desenvolvimento e os impactos ocasionados no decorrer de sua implementação
em nosso meio cultural.
Outra mudança em destaque, segundo a nova Lei das Licitações nº 14.133 de 2021, é a
extinção das modalidades de Tomada de Preço e Convite. De acordo com Lopes (2021), as
modalidades de Tomada de Preço e Convite são regras pouco utilizadas desde a chegada do
Pregão. Também é revogado o Regime Diferenciado de Contratações - RDC, visto que muitas
de suas normas são incorporadas de outras modalidades. Portanto, com a nova legislação as
modalidades aplicáveis são o já mencionado: Diálogo competitivo, o Pregão para bens ou
serviços comuns, Concurso para trabalhos técnicos ou científicos, Leilão para alienação de
um bem e a Concorrência.
Como mencionado por Bordalo (2021), a contar da data de sua publicação a nova lei
de licitações irá coexistir juntamente com as regras da antiga legislação, sendo estas
32
revogadas no prazo de dois anos. Assim os gestores nesse período poderão ir se adaptando
gradativamente as mudanças, podendo licitar conforme a nova lei ou a legislação anterior.
Os critérios de julgamento também recebem relevantes mudanças, passando de quatro
para seis, incorporando o “maior desconto” do decreto que regulamentava o pregão eletrônico.
Trazendo a “melhor técnica ou conteúdo artístico” para ser o critério de julgamento da
modalidade Concurso, deixando o “maior lance” como exclusividade na modalidade Leilão.
Por fim, trazendo o “maior retorno econômico”, onde o licitante vencedor receberá uma
porcentagem em cima do que gerar de benefícios para administração.
Com a inversão de fases, a etapa do Julgamento acontece antes da Habilitação. Dessa
forma, esta última etapa ocorre a princípio somente com os licitantes vencedores, o que
proporcionará rapidez e eficiência. Como citado por Fischer (2021), é uma pequena mudança,
mas de grande relevância no processo licitatório. Visto que na antiga legislação esse
procedimento poderia tomar tempo em demasia, pois era verificada a documentação de
habilitação de todos os licitantes antes do julgamento das propostas. No entanto, segundo
Brasil (2021) é permitido mediante ato justificado que a administração realize a Habilitação
antes do Julgamento, ou seja, a inversão das fases, assim o que era exceção passa a ser regra e
vice-versa.
A criação do Portal Nacional de Contratações Públicas também é uma importante
novidade, visto que irá reunir as informações de todo processo licitatório das entidades e
órgãos de todas as esferas do governo, centralizando a publicidade e promovendo princípios
de uma boa governança pública como a transparência. Apesar disso Lopes (2021), alerta que
hoje em dia o Governo Federal já contempla o Comprasnet, um sistema amplamente usado. E
além desse existem outros tão modernos quanto, desse modo instituir o Portal Nacional de
Contratações Públicas é interessante, porém além demandar um grande esforço no tratamento
das informações, envolverá toda uma colaboração e diálogo dos envolvidos.
Por fim, as mudanças trazidas com a nova lei licitações demonstram grande potencial
em se tornar uma forte ferramenta a proporcionar maior segurança e transparência nos atos do
certame. No entanto só poderemos afirmar se essas mudanças foram realmente efetivas com
passar do tempo.
33
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada vez mais a sociedade exige da Administração Pública qualidade e eficiência nos
serviços prestados, com procedimentos de maior eficácia e menor burocracia, e somente em
casos excepcionais que a contratação de serviço ou aquisição de objeto não será através do
processo licitatório. Desse modo, a licitação, independente da modalidade usada, é um
procedimento de vital importância para a Administração Pública, portanto, acompanhar suas
mudanças na legislação é essencial para prática de uma boa gestão administrativa.
A partir do que foi apresentado e discutido, no que tange aos conceitos e princípios
norteadores das licitações, modalidades, tipos e fases licitatórias da lei nº 8.666/93, bem como
as principais mudanças ocorridas nestas através da nova lei nº 14.133/21, compreende-se que
os objetivos específicos desse trabalho foram atingidos. Sendo assim, ao atingir os objetivos
específicos e identificar as alterações mais relevantes nos processos licitatórios, como a
extinção e inclusão de modalidades, modificações nos tipos de licitações, inversão de fases
licitatórias e a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas, pode-se dizer que o
objetivo geral de identificar as mudanças outorgadas com a nova lei de licitações n°
14.133/21 foi alcançado.
Este trabalho pode contribuir para a área da administração de modo geral, agregando
conhecimento e podendo auxiliar em futuras pesquisas sobre esta temática, visto que, ocorrem
licitações em todo o país e do mesmo modo que a gestão pública deve dominar os
procedimentos para poder aplicá-los, qualquer empresa que deseje participar do certame,
deverá possuir o mínimo de entendimento sobre os procedimentos licitatórios.
Referente às dificuldades encontradas na realização do artigo, se destacou o pouco
conteúdo de material bibliográfico disponível sobre a nova lei de licitações no momento da
pesquisa.
Enfim, para estudos futuros sugere-se realizar pesquisas e análises “in loco” dos
impactos ocasionados e resultados alcançados com as mudanças ocorridas pela nova lei de
licitações.
34
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Felipe Luiz Fonseca dos Santos. Análise da qualidade do projeto básico
na licitação de obras públicas. Revista Estação Científica - Juiz de Fora, nº 20, julho –
dezembro, 2018. Disponível em: <https://portal.estacio.br/media/3732331/an%C3%A1lise-
da-qualidade-do-projeto-b%C3%A1sico-na-licita%C3%A7%C3%A3o-de-obras-
p%C3%BAblicas.pdf>. Acesso em 07 de set. de 2021.
ARAÚJO, Edmir Netto. Curso de direito administrativo. 5ª Ed, São Paulo: Saraiva, 2010.
BARBOSA, Ramon Caldas. Licitação Pública: Noções gerais do dever de licitar. Revista de
Direito UNIFACS–Debate Virtual, n. 139, 2012. Disponível em:
<https://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/download/1892/1439>. Acesso em 02 de set.
de 2021.
COSTA, Aparecida Marlucia de Melo. Licitação: Lei 8.666/93. TCC (Graduação) – Curso de
Gestão Pública da Universidade Federal de São João Del Rei, Araxá, 2018. Disponível em:
<http://dspace.nead.ufsj.edu.br/trabalhospublicos/bitstream/handle/123456789/145/MONOG
RAFIA%20VERS%c3%83O%20FINAL%20-
%20Aparecida.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 07 set. 2021.
FARIA, Messias Anain Almeida; OLIVEIRA, Ionara Lúcia de Melo Castro. Licitação pública:
análise da utilização da modalidade pregão na forma eletrônica–pregão eletrônico. Revista
Uniaraguaia, v. 9, n. 9, p. 349-366, 2017.
FISCHER, Carlos Felipe et al. A nova lei de licitações: inovações legislativas e percepções
dos servidores que atuam com licitações no município de Guaramirim/SC. TCC (Graduação)
– Curso de graduação em Administração Pública, Departamento de Ciências da
Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Jaraguá do Sul, 2021. Disponível em
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/225224/TCC.pdf?sequence=1&isAll
owed=y>. Acesso em: 09 set. 2021.
GIL, Antonio Carlos et al. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
LIMA, Rogério Gabriel Nogalha de. Módulo 2 - conceitos, princípios e boas práticas da
licitação pública aplicadas à SFTI: curso seleção de fornecedores de TI (SFTI). Brasilia:
Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, 2014. Disponível em:
<https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/1127/1/M%c3%b3dulo_2.pdf> Acesso em 07 de
set. de 2021.
LOPES, Virgínia Bracarense. A Nova Lei de Licitações: 5 mudanças trazidas pela norma
aprovada. ANESP, 2021. Disponível em <http://anesp.org.br/todas-as-noticias/nova-lei-de-
licitacoes> Acesso em 25 de set. de 2021.
MORAES, Ana Paula Arruda. Gestão pública em saúde: fundamentos básicos de licitação.
São Luís: EDUFMA, 2016.
NOVO, Benigno Núñez. Licitações e contratos administrativos. Revista Jus Navigandi, mar.
2019. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/72728/licitacoes-e-contratos-
administrativos>. Acesso em: 09 set. 2019.
PENA, Felipe Lopes et al. Planejamento das licitações: um estudo de caso em uma empresa
pública. TCC (Especialização) - Curso de pós-graduação latu sensu do programa nacional de
formação em administração pública - PNAP, Departamento de Ciências Administrativas,
Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Sete Lagoas,
36
2019. Disponível em
<https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32320/1/TCC%20FELIPE%20LOPES%20PENA
%20-%20GP.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2021.
SANTOS, Erika Farias dos. Licitação como ferramenta de controle na gestão pública:
dificuldades, limitações e avanços. TCC (Especialização) - Curso de Especialização em
Gestão Pública da Universidade Federal de São João Del-Rei, Matão, 2018. Disponível em
<http://dspace.nead.ufsj.edu.br/trabalhospublicos/bitstream/handle/123456789/158/Erika%20
Farias%20dos%20Santos%20_Trabalho%20Final.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso
em: 22 ago. 2021.
SILVA, Cibele Cristina Marques da. A visão em uma empresa de porte grande da área de
saúde sobre o princípio da eficiência nas licitações públicas dos municípios do estado de
Minas Gerais. TCC (Especialização) - Curso de especialização em gestão pública municipal,
Departamento Acadêmico de Gestão e Economia, da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, São José dos Campos, 2014. Disponível em
<http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/21343/2/CT_GPM_2013_01.pdf>. Acesso
em: 23 ago. 2021.
SILVA, Halisson Vilar da; SANTOS, Letícia Carvalho dos. Nova lei de licitações e suas
principais alterações: um norte ao administrador público. RECIMA21 - Revista Científica
Multidisciplinar. v. 2, n. 8, p. e28625-e28625, 2021.
SOUSA, Angélica Silva de; OLIVEIRA, Guilherme Saramago de; ALVES, Laís Hilário. A
pesquisa bibliográfica: princípios e fundamentos. Cadernos da FUCAMP, v. 20, n. 43, 2021.
TORMEM, Dirceu Silvio; METZNER, Cláudio Marcos; BRAUM, Loreni Maria Dos Santos.
Licitações e transparência na contabilidade pública. In: IV Simpósio de excelência em gestão
e tecnologia - SEGET, 2007, Resende. Anais. Resende: Associação Educacional Dom Bosco,
2007.