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Introdução Ao Direito Tributário
Introdução Ao Direito Tributário
PROPÓSITO
Compreender os conceitos básicos do Sistema Tributário Nacional a fim de absorver os
elementos introdutórios ao Direito Tributário.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos, ou acessível, uma versão da
Constituição Federal (especialmente os artigos 145 a 156) e o Código Tributário Nacional
(CTN) – Lei nº 5.172, de 1966.
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OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
A partir da evolução de nossa história jurídico-tributária, a ordem constitucional consagrou a
sistematização da atividade tributária nacional. O Sistema Tributário do Brasil, resultado de um
conjunto de princípios constitucionais (legalidade, anterioridade, igualdade etc.) tem como
finalidade manter a estrutura social e econômica do país, de forma a distribuir as receitas
obtidas por meio dos tributos.
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MÓDULO 1
PREMISSA
Ao determinar a competência das unidades federativas e as modalidades tributárias, a
Constituição definiu o poder de tributar. Entretanto, tal poder não é de natureza absoluta, tendo
a própria Carta Política estabelecido uma série de limites ao seu exercício.
As limitações ao poder de tributar estão concentradas nos artigos 150 a 152 da Constituição
Federal (CF), salientando, por oportuno, que tal listagem não é ali fixada de modo exaustivo,
mesmo porque o caput do art. 150 indica a possibilidade de existência de outras garantias
asseguradas ao contribuinte. Tais limitações, apesar de estarem previstas naquele trecho
constitucional, poderão ainda ser regulamentadas por lei complementar, como indica o art. 146,
inciso II, da CF.
CAPUT
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Limitação mais tradicional do Estado de Direito, o princípio da legalidade está fundamentado no
caso tributário no art. 150, inciso I, da Constituição Federal. Por ele, qualquer criação ou
majoração dos tributos deverá ser realizada por meio de lei em sentido formal, sendo a matéria
mais bem regulamentada pelo art. 97 do CTN.
Como regra, a instituição dos tributos será realizada por lei ordinária, sendo, em alguns casos,
exigida pela própria Constituição a edição de lei complementar. Nesse sentido, podemos
destacar que são submetidos ao rigor do quórum de maioria absoluta:
Art. 148
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IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS
Art. 154, II
Some-se a isso a previsão constitucional (art. 150, § 6º) de que quaisquer favores fiscais sob a
forma de subsídio, isenção, redução da base de cálculo, anistia, remissão ou concessão de
crédito presumido em relação a impostos, taxas e contribuições somente podem ser
concedidos por meio da lei específica federal, estadual ou municipal, conforme a competência
do tributo em questão.
Quanto à criação dos tributos a que se refere o inciso I, não cabe qualquer exceção. Todos os
tributos serão sempre instituídos por meio de lei editada pela unidade federativa competente.
No que diz respeito à majoração ou modificação, alguns impostos (II, IE, IPI, IOF) têm
tratamento excepcional, sendo diferenciados pela própria Constituição ao permitir que o Poder
Executivo altere suas alíquotas por meio de decreto ou outro ato normativo, com base no art.
153, § 1°, da Constituição Federal.
Sem prejuízo dessas exceções, como a instituição dos tributos é dada mediante lei, todas as
modificações que venham a ser feitas na estrutura deles também demandarão, igualmente,
uma lei daquela mesma unidade federativa competente.
IMPOSTOS
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IPI: imposto sobre produtos industrializados;
Assim, segundo a isonomia, tanto na condição genérica (art. 5º da CF) como na condição
específica na matéria tributária (art. 150, II), todos deverão ser tratados igualmente perante a
lei. Mas a própria redação do art. 150 demonstra que tal igualdade não será absoluta, já que
admite tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação não equivalente.
COROLÁRIO
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SEMPRE QUE POSSÍVEL, OS IMPOSTOS TERÃO
CARÁTER PESSOAL E SERÃO GRADUADOS
SEGUNDO A CAPACIDADE ECONÔMICA DO
CONTRIBUINTE, FACULTADO À ADMINISTRAÇÃO
TRIBUTÁRIA, ESPECIALMENTE PARA CONFERIR
EFETIVIDADE A ESSES OBJETIVOS, IDENTIFICAR,
RESPEITADOS OS DIREITOS INDIVIDUAIS E NOS
TERMOS DA LEI, O PATRIMÔNIO, OS RENDIMENTOS E
AS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO CONTRIBUINTE.
(BRASIL, 1988)
Ou seja, os impostos, sempre que possível, deverão ter caráter pessoal, acompanhando a
capacidade econômica do contribuinte. Um exemplo é o Imposto de Renda Pessoa Física.
Objetivamente, entretanto, a Constituição apenas refere tais indicações para os impostos, mas
isso não tem sido compreendido como um afastamento para os demais tributos. Talvez nos
impostos seja mais fácil e corrente o emprego da capacidade contributiva, mas os conteúdos
do princípio também serão aplicados nas outras formas ou espécies de tributos.
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
Com base no art. 150, inciso III, alínea “a”, da CF, o sentido da irretroatividade significa que não
se pode exigir o tributo referente a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei
que os tenha definido ou majorado.
A lei sempre se aplicará a fatos ocorridos após iniciada sua vigência, protegendo os fatos já
ocorridos. De tudo, a própria redação constitucional reforça que o seu conteúdo deve ponderar
sobre a aplicação da lei no tempo e sempre exigindo atenção sobre o próprio sentido da
ocorrência dos fatos geradores em cada caso.
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PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DO
EXERCÍCIO
Como regra geral, as entidades tributantes não podem exigir um tributo no mesmo exercício
financeiro em que tenha sido publicada a lei que o criou ou o aumentou – art. 150, inciso III,
alínea “b”, CF. Dessa forma, quando publicada uma lei que cria ou majora determinado tributo
durante o exercício financeiro (ano civil), ele somente poderá ser exigido a partir de 1° de
janeiro do ano seguinte.
Por outro lado, assim como o princípio da legalidade, também o da anterioridade tem
exceções, segundo o § 1° do art. 150 da CF; são elas:
SAIBA MAIS
PRINCÍPIO DA NOVENTENA OU DA
ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
Para reforçar a segurança dos contribuintes, a Emenda Constitucional nº 42, de 2003, incluiu
nova alínea no art. 150, inciso III, passando a exigir não apenas a atenção ao exercício
financeiro, mas também que não poderiam ser exigidos os tributos antes de decorridos
noventa dias da publicação da lei que os instituiu ou aumentou. /
Na mesma forma da referência anterior, a exigência da noventena tem algumas exceções,
todas no § 1° do art. 150; são elas:
ANTERIORIDADE NOVENTENA
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EXCEÇÕES – QUADRO RESUMO
Além dessas, a contribuição para a seguridade social está submetida a regime jurídico próprio,
ou seja, tão somente ao prazo do nonagintídio, conforme art. 195, § 6º da CF.
NONAGINTÍDIO
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PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO
O princípio da vedação ao confisco tem duas finalidades básicas: reforçar o caráter não
sancionatório dos tributos; e evitar que os tributos sejam demasiadamente previstos, evitando a
onerosidade não razoável, o excesso da tributação (art. 150, IV, CF).
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Esse princípio tem como objetivo a liberdade de trafegar, tanto pessoas como bens, impedindo
que se torne fato gerador e, assim, cobrando qualquer tipo de tributo para o impedimento ou a
inibição do tráfego.
Além dessas limitações que passaram a ser consideradas como os princípios gerais da
tributação, o texto constituído determinou ainda algumas limitações direcionadas ora ao poder
federal (art. 151), ora aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.
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LIMITAÇÕES ESPECÍFICAS PARA A UNIÃO
Princípio da uniformidade geográfica (art. 151, inciso I, da CF), exigindo que a União não crie
tributos que não sejam uniformes em todo o território nacional. Como óbvia exceção a tal
determinação, admite a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país, como ilustra a Zona
Franca de Manaus.
Tratamento tributário mais oneroso para os estados, Distrito Federal e municípios (art. 151,
inciso II, da CF), proibindo que a União estabeleça a tributação para as rendas das obrigações
da dívida pública e a remuneração dos agentes públicos dos demais entes tributantes níveis
superiores aos que fixar para si mesma e para seus agentes.
Proibição de invasão da competência para isentar (art. 151, inciso III, da CF) – A União não
pode conceder isenções dos tributos de competência dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios. Tal dispositivo mantém a coerência lógica das competências para os tributos, só
podendo legislar para conceder isenção quem detém competência para a sua respectiva
instituição. Assim, a União só pode criar isenções relativas a tributos de sua competência, não
sendo permitida a invasão sobre os tributos dos demais entes políticos.
Ou seja, a tributação sobre a renda das obrigações da dívida pública dos estados e dos
municípios, ou sobre a remuneração de seus agentes públicos, poderá ser, no máximo, igual
ao que a União fixar para os seus próprios. Tem relação com a ideia natural de igualdade, mas
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reflete também preocupações federativas e resulta de histórico de tratamentos realizados de
forma distinta do esperado ao longo dos tempos.
(art. 152)
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) A União, os estados e o Distrito Federal não podem instituir impostos sobre patrimônio,
renda ou serviço uns dos outros.
A) De imediato.
GABARITO
Ainda que decorrente da mesma matriz, o importante é não confundir a isonomia com as
exigências da uniformidade geográfica. Mesmo que várias alternativas tenham assertivas
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coerentes, a mais adequada ao texto constitucional é aquela que orienta para uma regra geral
da isonomia.
Sendo uma hipótese de imposto de importação, ele pode ser modificado por decreto, não
exigindo necessariamente lei por conta da autorização dada pela Constituição. A CF/88, além
de permitir a modificação da alíquota desse imposto por ato do Poder Executivo, admite que tal
majoração pode ter efeito imediato já que está dispensada tanto da exigência do exercício
financeiro como do mínimo nonagesimal.
MÓDULO 2
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Fonte:
COMENTÁRIO
Esse artigo 3º determina os aspectos básicos de todo e qualquer valor exigido e, por isso, a
partir de agora, estudaremos cada parte componente.
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TRIBUTO É TODA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
COMPULSÓRIA
Ainda que socialmente tenhamos várias obrigações que decorrem da vontade individual, os
valores devidos ao poder público têm sua compulsoriedade determinada da própria lei
instituidora do tributo, que é de natureza impositiva.
Resulta daí que não se deve considerar como tributo as prestações que muitas vezes são
devidas ao Estado, mas que, ou não são entregues em dinheiro, ou não são compulsórias
como, por exemplo, o serviço militar (por ser prestação em forma de serviço, ainda que
compulsória) ou, pelo mesmo motivo, as requisições (quando o Poder Público determina que o
particular lhe entregue certos bens).
Em dinheiro, ou valor de moeda que se possa exprimir. Claro que toda obrigação tributária
deve ser primeiramente pensada para o seu cumprimento em dinheiro, mas nada impede que
se possa admitir outras formas de cumprimento, especialmente a partir dos próprios
mecanismos definidos no CTN.
Destaca-se da própria disposição incluída no CTN: será sempre (e tão somente) em bens
imóveis. E, mesmo assim, cada unidade federativa ainda deve fazer uma lei para estabelecer
as condições e os critérios para tanto. A Lei nº 13.259/2016 estabeleceu as condições para
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extinção do crédito tributário inscrito em dívida ativa da União mediante dação em pagamento
de bens imóveis.
O tributo representará um dever assumido pelo particular que jamais constitui sanção de ato
ilícito (contrário à lei). O ato ilícito é sancionável por algumas formas (art. 5º, inciso XLVI, da
CF), ali prevista a possibilidade de pena pecuniária (multa). A sanção – advinda ou não de
situações criminais – expressa em multa não é tributo, assim como não o são as sanções
administrativas e civis, quando o particular é condenado a entregar dinheiro ao Estado.
ATO ILÍCITO
Nesse sentido, conclui-se que não se pode dar ao tributo qualquer sentido punitivo, o que não
quer dizer que os atos ilícitos não possam ensejar resultados tributáveis. Por exemplo, se uma
pessoa comete conduta tratada como crime ou contravenção penal, sofrerá a condenação
criminal pelo exercício ilegal. Por outro lado, se a referida pessoa obteve renda com aquela
ilegalidade, essa renda é tributável pelo imposto de renda. Não se confunde o ato criminoso
com os resultados – percepção dos rendimentos – daquele ato.
O próprio Código Tributário Nacional expressa que a interpretação do fato gerador (art. 118,
CTN) será dada abstraindo a validade dos atos praticados. É a consagração do princípio do
pecunia non olet (expressão em latim que significa “dinheiro não tem cheiro”). Essa máxima
tributária afirma que, uma vez ocorrendo o fato gerador, ainda que tenham ocorrido fatos ilícitos
antes, o tributo será devido. É o caso de alguém que pratica atividade ilícita e, a partir dela,
venha a auferir renda. Nesse caso, o imposto de renda será devido.
Para ilustrar, um caso que chegou ao Supremo Tribunal Federal que assim concluiu a sua
análise:
A pretendida desclassificação do tipo previsto no art. 1º, inciso I, para art. 2º, inciso I, da
Lei nº 8.137/90 não foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Com efeito sua
análise neste ensejo configuraria, na linha de precedentes, verdadeira supressão de
instância, o que não se admite.
(BRASIL, 2011)
INSTITUÍDO EM LEI
O tributo só pode ser instituído mediante lei expressa; nenhum tributo poderá ser criado por
circulares, portarias, decretos etc. Trata-se de exigência decorrente do Estado de Direito e
fundamental para a segurança jurídica dos contribuintes.
Evidentemente, não é o CTN que afirma o tipo de lei necessária. Isso ficará a cargo da
Constituição, que indicará, nos casos em que entender, a necessidade eventual de lei
complementar. Caso contrário, será mantido o padrão da lei ordinária. Por outro lado, nos
limites estabelecidos pelo art. 62 da Constituição, admite-se a utilização das medidas
provisórias para instituição (ou majoração) de impostos que naturalmente não sejam
reservadas à lei complementar.
Além disso, instituir significa dizer que o legislador deverá trazer a previsão dos elementos
mínimos caracterizadores do tributo, ou seja:
O FATO GERADOR /
A BASE DE CÁLCULO
A ALÍQUOTA
O SUJEITO PASSIVO
MEDIDAS PROVISÓRIAS
A medida provisória (MP) se constitui em instrumento com força de lei, adotado pelo
presidente da República para situações de relevância e urgência. Seus efeitos são
imediatos, mas a MP precisa ser aprovada no Congresso Nacional para se tornar
definitivamente lei.
Além de se preocupar com a fase legislativa do tributo, a definição do CTN ainda traz o
tratamento da cobrança administrativa. Para esta, afirma que será sempre cobrada por meio de /
uma atividade da administração pública. E os agentes públicos atuarão sem qualquer exercício
de conveniência ou oportunidade nessa cobrança. Toda atividade do Estado em relação a
tributo estará disciplinada na lei tributária, sem qualquer discricionariedade do agente fiscal
responsável pela arrecadação.
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ESPÉCIES DE TRIBUTOS
A primeira referência às espécies de tributos reporta ao art. 5º do CTN, que prevê que os
tributos seriam impostos, taxas e contribuições de melhorias. Apesar de apenas essas três
espécies estarem previstas no art. 5º, a Constituição Federal, além de manter a existência
dessas formas clássicas no art. 145, considera também tributos os empréstimos
compulsórios e as contribuições especiais ou parafiscais. Essas duas últimas se encaixam
perfeitamente na definição de tributo e tiveram sua natureza tributária reconhecida pelo
Supremo Tribunal Federal.
COMENTÁRIO
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IMPOSTOS
Conceitualmente, os impostos são tributos não vinculados a qualquer atividade específica do
Estado que justifique o pagamento. Ou como afirma o próprio Código, o imposto é o tributo cuja
obrigação tem como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica relativa ao contribuinte (art. 16).
De acordo com a Constituição Federal, os impostos são de competência privativa de cada ente
tributante, tudo na forma dos arts. 153 a 156, separando os federais, os estaduais e do Distrito
Federal e os municipais, a saber:
Impostos da União
Imposto sobre produtos industrializados (IPI);
Art. 153 CF
* Desses, o único ainda não legislado é o imposto sobre grandes fortunas, sendo que os
demais já foram objeto de atividade legislativa e são efetivamente exigidos pela secretaria da
Receita Federal.
Impostos dos
estados Art. 155
CF
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Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação (ITCMD);
Impostos dos municípios Art. Imposto sobre a transmissão, inter vivos, de bens
156 CF imóveis (ITBI);
Além desses, a Constituição ainda autoriza que a União institua novos impostos, desde que por
lei complementar, ou mesmo extraordinários no caso de guerra externa ou na sua iminência
(art. 154 CF).
Orienta a Constituição (art. 145, §1°) que, sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultando à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte. Dessa forma, o § 1° determina que os impostos,
sempre que possível, observarão a pessoalidade e serão calculados de acordo com a
capacidade contributiva.
TAXAS
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As taxas são tributos vinculados a uma atividade específica do Estado, que visa vantagem
direta a quem paga, podendo ser a prestação de serviços públicos, específicos e divisíveis, ou
o exercício do poder de polícia. Como qualquer das entidades federativas podem executar tais
atividades, a União, estados, DF e municípios podem instituir esses tributos por serem de
competência comum.
A definição do CTN (art. 77) é praticamente repetida pela Constituição (art. 145, inciso II). A
partir daqueles dispositivos, podemos dividir as taxas de acordo com os seus dois fatos
geradores admitidos:
TAXA DE POLÍCIA
Tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, que é uma das maiores
manifestações do poder de império realizado pelo Estado, conceituado no art. 78 do CTN.
ATENÇÃO
Deve-se observar que esse poder de polícia de que trata o art. 78 não diz respeito ao poder da
polícia, aí entendido como órgão de segurança pública. Esse poder de polícia é aquele que o
Estado tem para disciplinar ou limitar a liberdade ou os direitos dos particulares, visando ao
interesse público como, por exemplo, normas de construção em relação ao direito de
propriedade, entre outros. Sem prejuízo da diversidade entre as unidades federativas, temos
como exemplos comuns as taxas de fiscalização: taxa de alvará, taxa de inspeção e taxa
sanitária.
TAXAS DE SERVIÇOS
São as taxas cobradas pelos serviços públicos já existentes e que estejam em funcionamento,
tendo como fato gerador a utilização efetiva ou potencial de determinados serviços públicos,
específicos, divisíveis, prestados efetivamente ao contribuinte, ou ao menos aqueles que
estejam à disposição e sejam passíveis de utilização efetiva ou potencial.
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Serviços específicos são serviços públicos estruturados em unidades autônomas de
intervenção. Serviços divisíveis são os que podem ser utilizados individualmente, em separado,
por cada um dos usuários. Tais definições são reforçadas pelos conceitos dispostos no art. 79
do CTN.
Por outro lado, basta o usuário estar com o serviço à sua disposição para existir a justificativa
da cobrança da taxa, independentemente de o serviço estar sendo utilizado efetivamente ou
em potencial. Isso porque, para serem remunerados por taxas, os serviços púbicos devem
estar fixados sem alternativas de outras utilizações. Se não houver essa compulsoriedade, os
serviços serão remunerados por preços públicos (receita não tributária).
Pode ser cobrada por utilização de Não pode ser cobrada por utilização de
serviço disponível serviço disponível
Sujeito ativo é sempre pessoa Sujeito ativo pode ser pessoa de direito
jurídica de direito público privado (ex.: concessionária)
(BRASIL, 1969)
Ainda para nortear a cobrança da taxa, o art. 145, § 2º, da CF determina que as taxas não
poderão ter base de cálculo própria de impostos, reproduzindo o conceito já anteriormente
previsto no parágrafo único do art. 77 codificado.
(BRASIL, 1977)
(BRASIL, 2003)
Súmula Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem
667 limite sobre o valor da causa.
(BRASIL, 2003)
Súmula
Vinculante
19 /
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção
Súmula
e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o
Vinculante
artigo 145, II, da Constituição Federal.
19
A taxa
Atenção! Paracobrada exclusivamente
visualização emtabela
completa da razão utilize
dos serviços públicos
a rolagem de coleta, remoção
horizontal
e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o
(BRASIL, 2009)
artigo 145, II, da Constituição Federal.
(BRASIL, 2010)
Súmula Vinculante 41 O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado por taxa.
(BRASIL, 2015)
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIAS
A contribuição de melhoria é tributo vinculado, de competência comum, ou seja, a União, os
estados, o DF e os municípios podem instituí-la, conforme previsão do art. 145, inciso III, da
CF, a partir da realização de obras públicas.
Além de determinar o fato gerador, o Código prevê ainda os limites da cobrança. O art. 81 do
CTN determina a existência dos limites global e individual, segundo os quais não pode o poder
público cobrar além do ressarcimento do gasto da obra pública e, no que é pertinente ao limite
individual, deve respeitar a valorização ou o benefício decorrente de obras públicas.
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ATENÇÃO
Vale lembrar que não é toda obra pública que pode ter a cobrança da contribuição de melhoria
autorizada. É preciso que fique caracterizada a valorização do imóvel do contribuinte em
função dessa obra. O art. 82 do Código Tributário Nacional traz ainda algumas exigências para
que o legislador possa exercer tal competência tributária.
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Os empréstimos compulsórios têm como característica principal a promessa de restituição dos
valores pagos, já que devem ser devolvidos em determinado período. Na forma da atual
redação do art. 148 CF, compete exclusivamente à União a criação dos empréstimos
compulsórios, mediante lei complementar, e devem obedecer ao regime jurídico-tributário, com
exceção do princípio da anterioridade e da noventena, no caso de calamidade pública, guerra
externa ou sua iminência.
Então, para esses casos, eles podem ser cobrados no mesmo exercício em que foram
instituídos, ou seja, no mesmo ano da publicação da lei, diferentemente da maioria dos
impostos, que só podem ser cobrados no 1º dia do ano subsequente àquele em que foram
instituídos. A cobrança, no caso, poderia ser imediata, justificando-se tal situação pelos motivos
excepcionais de sua criação.
Sendo reservado para a lei complementar, é impossível que o presidente da República legisle
sobre a matéria por meio da edição de uma medida provisória, o que pode ser conferido no art.
62, §1º, da CF.
São restituíveis.
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2
A União não poderá utilizar a receita arrecadada pelos empréstimos compulsórios para outros
fins diferentes daqueles para que foram instituídos.
A lei complementar que instituiu o empréstimo compulsório deverá prever a devolução total da
importância arrecadada, respeitando ainda o art. 15, parágrafo único, do CTN.
É importante repetir que a criação de empréstimos compulsórios somente pode ser feita por lei
complementar (art. 148 da Constituição Federal). É preciso ainda registrar que o princípio da
anterioridade e da noventena (art. 150, inciso III, alíneas “b” e “c”, da Constituição Federal)
aplica-se apenas aos empréstimos compulsórios instituídos em caso de investimento público
de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
A doutrina tradicional já identificava que as contribuições parafiscais corresponderiam ao
emprego das finanças públicas com objetivos que não visavam principalmente à obtenção de
receitas, mas sim a regular ou a modificar a distribuição da riqueza nacional, a equilibrar os
níveis de preços de utilidades ou de salários, bem como outras finalidades econômicas ou
sociais semelhantes.
Atualmente, tais contribuições estão amparadas no art. 149 da CF e, em regra, são instituídas
por lei ordinária de competência da União e estão classificadas em:
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
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CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
São contribuições cobradas para o financiamento de áreas de interesse social ou para custeio
da seguridade social. Além da previsão do art. 149, trata também das contribuições para a
seguridade social o art. 195 da Constituição Federal, dispondo sobre as seguintes incidências:
a receita ou o faturamento;
o lucro.
Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art.
201.
4
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Do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele equiparar.
sobre a importação.
As contribuições sociais previstas no art. 195 da Constituição Federal podem ser exigidas após
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado (art. 195, § /
6°), não se sujeitando, portanto, ao princípio da anterioridade (art. 150, III, “b”, da Constituição
Federal). Por outro lado, a lei que institui contribuição social baseada no § 4° do art. 195 da
Constituição Federal (outras fontes) tem que ser de natureza complementar.
Sobre essas contribuições, que fazem parte do Regime Geral da Previdência Social, existe
também o regime de previdência típico dos servidores, sendo que cada unidade federativa
deverá manter tal sistema. Para tanto, o art. 149, §1º da CF determinou que, além da União, os
estados, o Distrito Federal e os municípios instituam contribuição sobre os servidores –
unicamente para os fins previdenciários – não podendo utilizar alíquota menor do que a
prevista na norma federal.
CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO
DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)
Em algumas situações, o poder público utiliza o tributo para intervir no domínio econômico com
o objetivo de controlar a produção de certos bens ou para financiar determinados setores
econômicos por meio de recursos de outros domínios.
Fonte:
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CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DAS
CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU
ECONÔMICAS
Importante observar que a atual redação do art. 149 ainda atribui algumas características para
as contribuições sociais e para a CIDE, tudo na forma do §2º, a saber:
Poderão ter alíquotas, ad valorem (na forma de percentuais), tendo por base o faturamento, a
receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; ou
específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
Além dessas contribuições, a Emenda Constitucional nº 39, de 2002, introduz o art. 149-A com
a previsão de contribuição de iluminação pública (COSIP), de natureza distinta das demais e
com características diferentes dos demais tributos, de competência dos municípios e do Distrito
Federal, sendo ali facultada a cobrança nas contas de consumo de energia elétrica.
A partir disso tudo, podemos entender que as contribuições especiais são assim divididas:
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Sociais gerais
Sociais
Seguridade social – Art. 195
Art. 149 União
Interventivas ou CIDE
Profissionais ou corporativas
Tributos vinculados: têm por fato gerador uma ação estatal voltada diretamente para a
prestação de uma atividade específica ao contribuinte.
Tributos não vinculados: têm por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Ou seja, o Estado cobra tais tributos
em razão de seu poder de império e porque precisa de recursos para satisfazer os
interesses gerais da sociedade. Os tributos não vinculados são os impostos especificados
no texto constitucional.
FISCALIDADE, EXTRAFISCALIDADE E
PARAFISCALIDADE
A razão original dos tributos sempre foi associada à obtenção de recursos financeiros para o
Estado. No entanto, esse não é mais o seu único objetivo. Mais recentemente, o tributo passou
a ser utilizado como fonte de recursos destinados ao custeio de atividades que, em princípio,
não são próprias do Estado, mas que ele as desenvolve por intermédio de entidades
específicas como, por exemplo, a Previdência Social. Assim, quanto ao seu objetivo, o tributo é
puramente fiscal, extrafiscal e parafiscal.
Fiscais: são os tributos que visam basicamente ao objetivo de obter recursos para os
cofres públicos. Sua instituição tem como fundamental finalidade satisfazer a essa
necessidade, seja para remunerar-se pela prestação de um serviço – como no caso das
taxas e das contribuições de melhoria –, seja para atender à manutenção do Estado em
geral. São normalmente desse tipo os impostos sobre o patrimônio e a renda.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Ter por fato gerador a obra pública de que decorre valorização imobiliária.
C) Ser instituído para fazer frente à obra pública a ser iniciada após sua arrecadação.
D) Ter por base de cálculo o quantum da valorização dos imóveis adjacentes à obra.
GABARITO
/
O importante é distinguir os impostos dos demais, sobretudo porque os impostos independem
de qualquer atividade estatal, por isso chamados de tributos não vinculados.
No caso da contribuição de melhoria, a obra deve ser realizada antes da exigência do tributo.
Por ser o fato gerador a valorização imobiliária decorrente da obra, esta deve ser prévia.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Naturalmente, a partir das previsões iniciais e regulamentações do Código Tributário, o mundo
fiscal ganhará vida com a edição das normas de cada tributo por meio das entidades
federativas competentes. Algumas espécies ganharão mais relevo ou não na prática nacional,
dependendo muito dos montantes de arrecadação efetiva na sociedade e seus efeitos nas
vidas dos contribuintes.
Sem prejuízo disso, todas as espécies tributárias possuem como raiz fundamental esses
conceitos extraídos do Código Tributário Nacional, o que revela a importância das definições
observadas, apesar da já avançada data de sua promulgação.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Casa Civil. Código Tributário Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1966.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Habeas Corpus nº 94240/SP – São Paulo, Relator:
Ministro Dias Toffoli, Pesquisa de Jurisprudência. Acórdão de 23 ago. 2011.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 19. DJ de 10 nov. 2009.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 29. DJ de 17 fev. 2010.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 41. DJ de 20 mar. 2015.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Súmula vinculante 50. DJ de 23 jun. 2015.
EXPLORE+
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Para continuar estudando sobre a importância dos princípios tributários, leia o artigo Limitações
ao poder de tributar à luz dos princípios constitucionais tributários, de Joyce Barros.
CONTEUDISTA
Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão
CURRÍCULO LATTES