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Conceitos de remuneração e de trabalho, assim como a distinção entre eles, e análise das
situações de direito a férias e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
PROPÓSITO
Compreender os conceitos de salário, remuneração, férias e FGTS, bem como suas
características e seus aspectos legais, para identificação das obrigações das empresas e dos
direitos dos trabalhadores.
OBJETIVOS
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MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Quando falamos em salário, automaticamente pensamos no valor recebido por alguém que
prestou serviços para outra pessoa física ou jurídica. No entanto, salário é um conceito técnico
para o Direito do Trabalho e está diretamente ligado à relação de emprego, ou seja, uma
relação de trabalho regulada pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Estudaremos o conceito de férias, o direito de gozo, como são contados os seus períodos de
aquisição e os efeitos para o contrato de trabalho.
Por fim, identificaremos importantes aspectos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS), observando as razões para a sua implementação, a forma como se constitui, as
obrigações da empresa e o direito do trabalhador em acessar tal fundo.
MÓDULO 1
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Reconhecer o conceito de remuneração e de salário
CONCEITO DE SALÁRIO
Quando refletimos de forma leiga ou não especializada sobre salário, pensamos na quantia
paga em retribuição aos serviços prestados por um trabalhador, o que não está incorreto. No
entanto, o salário será para o Direito do Trabalho a retribuição paga em contraprestação em
uma relação de emprego, em um contrato de trabalho.
SUBORDINAÇÃO
PESSOALIDADE
NÃO EVENTUALIDADE
ONEROSIDADE
ATENÇÃO
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É importante ressaltar que esses requisitos são indispensáveis para a caracterização da figura
do empregado, sendo ainda tais elementos cumulativos, ou seja, a ausência de qualquer um
deles não dará ao trabalhador os direitos trabalhistas previstos na legislação.
O conceito de utilidade será trabalhado mais à frente quando for analisado o conceito de
salário-utilidade. Por ora, basta apresentarmos que contraprestação na forma de utilidade
implica o pagamento meio de um bem, uma utilidade, seja alimento, roupa, bens de consumo
duráveis etc. O salário pode ser fixo ou variável.
FIXO
Pagamento de uma parcela idêntica a cada dia, mês, semana ou hora trabalhada, ou por
obra.
VARIÁVEL
Pode variar de acordo com o que o trabalhador produz, vende, entre outros aspectos. No
entanto, em caso de salário variável, sempre haverá um valor salarial mínimo, seja ele
fixado em lei (salário mínimo federal ou estadual) ou em normas coletivas (como
Convenção Coletiva e Acordo Coletivo de Trabalho).
VERIFICAR /
Não. Veremos a seguir a diferença.
CONCEITO DE REMUNERAÇÃO
De acordo com Bonfim (2017), enquanto o salário é o pagamento direto recebido pelo
trabalhador pelo seu tempo e sua força de trabalho, a remuneração é a soma do salário com as
demais verbas pagas habitualmente pelo empregador ou por terceiros ao empregado, seja em
dinheiro ou em utilidade. Ou, como alguns doutrinadores colocam, a soma do pagamento
direto (pelo empregador) com o indireto (por terceiro).
VERIFICAR
Todas as demais verbas que não são pagas pelo empregador, mas que integram a
remuneração do trabalhador, como a gorjeta recebida pelo garçom. Este é o exemplo mais
claro, pois é comum ao nosso cotidiano. Trata-se de uma contribuição feita por terceiro (o
cliente) aos serviços prestados pelo empregado (normalmente o garçom).
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SAIBA MAIS
GORJETAS
Como vimos anteriormente, a gorjeta possui natureza remuneratória, ou seja, é uma verba que
irá integrar a remuneração − conforme prevê o art. 457, caput, da CLT −, ainda que paga por
terceiro e não pelo empregador.
Em regra, quando falamos de verbas de caráter remuneratório, estamos dizendo que são as
verbas que, pagas habitualmente, não possuirão caráter indenizatório. Isso significa que são
pagas em retribuição a um serviço e não para a realização de um serviço.
Há de se mencionar que a gorjeta não pode ser paga a todos os tipos de profissionais e,
especialmente, não pode ser paga em retribuição a um favorecimento ilegal, pois, neste caso,
será configurada como ilícita.
O parágrafo 3º do art. 457 inclui como gorjeta tanto o valor pago pelo cliente diretamente ao
empregado quanto o valor cobrado pela empresa ao cliente. Ou seja, um valor pago
adicionalmente por este ao empregador e não ao empregado.
As aspas nos termos se justificam pelo fato de em regra não se poder exigir o pagamento da
gorjeta, sendo tais conceitos muito mais relacionados ao fato de constar ou não na nota fiscal.
Embora seja uma inovação legislativa, já havia entendimento jurisprudencial de que caso o
empregador parasse de permitir ou cobrar gorjetas até então recebidas habitualmente por seus
trabalhadores, deveria garantir o mesmo patamar salarial aos referidos trabalhadores, sob
pena de violação ao princípio da irredutibilidade salarial (art. 7º, da CF) e do princípio da
proibição à alteração unilateral prejudicial ao trabalhador (art. 468 da CLT).
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL
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Exemplo: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região TRT-3 - RECURSO ORDINÁRIO
TRABALHISTA: RO 1246308 01519-2007-043-03-00-1.
ATENÇÃO
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No entanto, para o cálculo das férias e o terço de férias, 13º salário, para o recolhimento dos
depósitos relativos ao FGTS e da contribuição previdenciária, bem como outras parcelas de
natureza remuneratória, as gorjetas integrarão a base de cálculo.
ELEMENTOS DO SALÁRIO
Conforme demonstra a figura, a remuneração será composta de salário-base + sobressalários
− sendo que o salário-base pode ser fixo, variável ou misto (Uma parte fixa e outra variável.)
− e ainda ser pago na forma de utilidade ou em dinheiro. Os sobressalários normalmente
integram o salário, produzindo efeitos semelhantes aos da gorjeta, ou seja, repercutindo em
outras parcelas e encargos.
A Lei nº 13.467/17 trouxe diversas modificações sobre algumas dessas parcelas, para afastar a
sua natureza salarial. Há de se ressaltar, no entanto, dois aspectos dessas mudanças:
Não basta que tais parcelas possuam a nomenclatura prevista em lei para que se afaste o seu
caráter salarial, mas que elas possuam a natureza de tais parcelas, por respeito ao princípio da
primazia da realidade.
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Fonte:Shutterstock
COMENTÁRIO
No momento, basta que tenhamos isso em mente, pois mais à frente analisaremos tais
questões.
SALÁRIO-UTILIDADE
Como utilidade entendemos qualquer bem que não seja dinheiro, moeda − incluindo
transferência bancária ou cheque. Assim, alimentos, roupas, eletrodomésticos,
eletroeletrônicos, produtos de higiene pessoal, entre outros, que sejam utilizados como
pagamento habitual em retribuição ao trabalho de um empregado serão considerados como
salário-utilidade e, desde que a lei não preveja expressamente que ela não possui natureza
salarial, será este o seu caráter. Ou seja, tais utilidades dadas como pagamento integram o
salário do trabalhador.
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MAS, E SE A UTILIDADE FOR DADA PELO
EMPREGADOR, DE FORMA HABITUAL, PARA
QUE O EMPREGADO POSSA REALIZAR O SEU
TRABALHO, TERÁ TAMBÉM NATUREZA
SALARIAL?
VERIFICAR
Não. Essa é uma diferenciação fundamental: a utilidade só será considerada como salário-
utilidade quando for dada em retribuição pelo trabalho realizado pelo empregado. Quando for
dada para que este execute a sua função, não será tratada como tal, não integrando o salário.
Por exemplo: se eu trabalho em uma loja de roupas e, ao final de cada mês, recebo 5 camisas
para utilizar em meus momentos de lazer, estas integram o meu salário, são salário-utilidade,
dadas como pagamento em retribuição pelo meu trabalho.
No entanto, se ao final de cada mês eu recebo 5 camisas para usar como vestimenta no
trabalho, tal qual um uniforme, não estamos falando de salário-utilidade, pois tais camisas me
foram dadas para que eu pudesse desempenhar a minha função devidamente trajado. E, neste
caso, não terá natureza salarial. Da mesma forma que macacão, luvas e capacete para
proteção individual na construção civil.
SAIBA MAIS
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Além do critério pelo e para o trabalho para identificação do salário-utilidade, podemos citar o
critério da dispensabilidade e indispensabilidade: se a utilidade for indispensável para o
trabalho, não será considerada salário-utilidade, não integrando o salário do empregado; por
outro lado, se a utilidade for dispensável para o desempenho da função, será sim considerada
salário-utilidade e integrará o salário do empregado.
Há de se mencionar ainda que tais utilidades devem ser dadas gratuitamente (pois são dadas
pelo trabalho realizado) e devem ser benéficas, entendendo-se como maléficas aquelas que
causem danos à saúde, tais como cigarro ou bebida alcóolica. É o que preveem a parte final do
caput do art. 458 da CLT e o inciso II da Súmula nº 367 do TST.
Ser uma utilidade benéfica, que não faça mal ao trabalhador, especialmente à sua saúde.
Ser habitual.
Ser dada em retribuição pelo trabalho realizado, sendo, portanto, gratuita ao trabalhador.
/
E
Não ter lei que disponha o contrário, retirando sua natureza salarial.
O art. 82 da CLT impõe uma limitação ao pagamento em utilidade ao prever que ao menos
30% do salário do empregado seja pago em dinheiro, ou seja, impõe uma limitação de 70%
para a compensação por meio de utilidades.
ESPÉCIES DE UTILIDADES
Antes de adentrarmos às principais formas de concessão de utilidades, é fundamental
esclarecer que o Direito não pode prever todas as possibilidades do mundo real. Além das
hipóteses previstas a seguir, existem outras formas de utilidades não tratadas pelo legislador,
mas que poderão ser caracterizadas como salário-utilidade. Para tanto, é sempre bom ter em
conta os cinco critérios apresentados e o princípio da primazia da realidade.
ALIMENTAÇÃO
Até a edição da Lei nº 13.467/17, o entendimento consubstanciado na jurisprudência era o de
que o auxílio-alimentação pago in natura, ou seja, na forma de utilidade − fosse na forma de
vale-alimentação ou a refeição em si − possuía natureza salarial caso pago em retribuição pelo
trabalho, desde que não definido como de natureza indenizatória em acordo ou convenção
coletiva de trabalho e desde que o empregador não tivesse aderido ao Programa de
Alimentação do Trabalhador (PAT).
Antes da reforma trabalhista de 2017, afastava-se a natureza salarial da alimentação caso ela
fosse fornecida PARA a realização do trabalho, caso a sua implantação ocorresse por meio de
negociação coletiva ou caso a empresa aderisse ao PAT, respeitados os direitos adquiridos e a
vedação da alteração prejudicial ao trabalhador.
Após a reforma trabalhista, ou seja, após a edição da Lei 13.467/17, por força de lei, o auxílio-
alimentação passou a ter natureza indenizatória (§ 2º, do art. 457 da CLT), sendo vedado seu
pagamento em dinheiro.
NATUREZA INDENIZATÓRIA
HABITAÇÃO
É importante lembrar que estamos falando da habitação fornecida em retribuição PELO
trabalho e não PARA o trabalho, como no caso de zeladores, caseiros, entre outros
profissionais para os quais esta utilidade é fundamental para o exercício profissional Súmula
nº 367 do TST.
Já o parágrafo 3º do art. 458 da CLT estabelece para o trabalhador urbano um teto de 25% do
salário a ser pago por meio da utilidade habitação, enquanto para o trabalhador rural o
percentual máximo é de 20% do valor do salário mínimo, nos termos do art. 9º, “a”, da Lei nº
5.889/73. Para os empregados domésticos, em regra, a habitação só possuirá natureza salarial
quando se tratar de local distinto daquele em que labora.
TRANSPORTE
Neste caso, estamos falando da concessão de meio de transporte para o trabalhador, seja
carro, motocicleta ou qualquer outro. Devemos, primeiramente, aplicar as regras anteriormente
dispostas para caracterizar o salário-utilidade: dado em retribuição ao trabalho e não para a
sua realização e que seja gratuito, gracioso.
O art. 458 da CLT em seu parágrafo 2º, inciso III, afasta a natureza salarial do transporte
fornecido pelo empregador para sua ida ao local de trabalho e retorno. Também não podemos
caracterizar como salário-utilidade o veículo fornecido por uma empresa para que o seu
empregado possa realizar o seu ofício. Exemplos: um carro fornecido a um engenheiro
eletricista que precise fazer medições em subestações elétricas ou a um representante
comercial para que realize suas vendas, mesmo que o empregado utilize o veículo em suas
horas livres (Súmula nº 367, I, do TST).
O segundo ponto do fornecimento gratuito implica o fato de que não só o veículo deve ser
fornecido, mas também o seu combustível para que seja possível falar em salário-utilidade.
Caso o empregado possua veículo próprio e lhe seja fornecido gratuitamente, ou seja, sem
descontos, combustível para ele, estaremos também falando de salário-utilidade (com relação
ao valor do combustível somente).
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É bom lembrar que o vale-transporte é distinto do fornecimento de transporte, possuindo o vale
natureza indenizatória por força do que estabelece a Lei nº 7.418/85 em seu art. 2º, “a”,
combinado com o art. 6º, I, do Decreto nº 95.247/85.
VESTUÁRIO
O vestuário só será considerado como salário-utilidade quando tiver como finalidade o uso na
vida social do empregado, não para a realização do trabalho. Isso se dá por força da
interpretação anteriormente apresentada e por determinação expressa do art. 458, § 2º, I, da
CLT.
§ 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as
seguintes utilidades concedidas pelo empregador.
Para os domésticos, foi retirada a natureza salarial do vestuário e proibido o desconto (art. 18
da Lei Complementar nº 150/15).
Caso sejam fornecidos produtos de higiene pessoal, medicamentos, livros ou outros bens
como integrantes, por exemplo, de uma cesta para uso na vida social, poderão ser
considerados como salário-utilidade.
Conforme estabelecido pela Lei nº 13.467/17, no § 5º do art. 458 da CLT, os serviços médicos
e odontológicos, mesmo quando prestados na forma de reembolso de despesas, não possuirão
natureza salarial, e sim indenizatória, não repercutindo o valor recebido pelo empregado a esse
título nos demais direitos trabalhistas.
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§ 5º DO ART. 458 DA CLT
§ 5º. O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio
ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos
ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo
quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o
salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do
previsto na alínea q do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
SOBRESSALÁRIOS
Vamos agora descrever as diversas modalidades de sobressalários:
GRATIFICAÇÕES
A gratificação é um acréscimo salarial recebido em razão de alguma excepcionalidade em
comparação com o exercício comum de uma atribuição, seja em razão de maior grau de
confiança (função), época especial, situação específica ou como forma de incentivar alguma
conduta.
A gratificação pode ser prevista em lei, norma coletiva de trabalho ou ajustada individualmente
entre as partes, ou seja, somente no contrato de trabalho celebrado entre o empregador e o
empregado. Este ajuste pode ser tácito ou expresso, escrito ou verbal. Portanto, ainda que não
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prevista em norma escrita, uma vez paga com habitualidade ou ao menos com periodicidade, a
parcela recebida com natureza de gratificação integrará o salário do trabalhador (entendimento
majoritário).
Uma vez prevista a condição para o seu implemento, esta deve ser observada pelo
empregador, que deve cumpri-la, ou seja, se prevista em lei, norma coletiva ou no contrato,
torna-se obrigatório o seu pagamento.
Algumas das gratificações mais comuns são: de função, semestral, por tempo de serviço e
natalina (13º salário). Existem ainda diversas outras, como gratificação por titulação devida a
professores que obtenham títulos acadêmicos, por quebra de caixa aos caixas de bancos etc.
A gratificação de função merece especial atenção, pois é condicionada, como o nome já diz,
ao exercício de uma função. Assim, ao não mais ocupá-la, o trabalhador perde o direito de
receber tal parcela. Um exemplo é a gratificação para quem ocupa o cargo de reitor ou diretor
em uma universidade. Caso deixe a função e volte tão somente a exercer as suas atribuições
em sala de aula, não terá mais direito a receber esta parcela.
O art. 62, II, da CLT, prevê regra específica para determinado tipo de função gratificada que
implica afastamento do limite e controle de jornada sobre o empregado. Para tanto, este terá
que exercer cargo de gestão, diretoria, chefia de departamento ou assemelhado, bem como
receber uma gratificação de função igual ou superior a 40% do salário efetivo (parágrafo
único). Nesta situação, o empregado não fará jus a receber horas extras, ainda que ele assim
as fizer.
COMISSÕES
Comissão é em regra um valor aleatório e variável pago em retribuição por um resultado
alcançado pelo empregado, pode integrar o salário-base ou ser sobressalário, possuindo, em
regra, natureza salarial.
NATUREZA SALARIAL
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É paga por mera liberalidade pelo empregador, por espontânea vontade, já que não há lei
que imponha tal obrigatoriedade. E por que um empregador − não estando obrigado por
lei a pagar comissão − o faz? Motivação, ou seja, a comissão é paga tendo como objetivo
incentivar a equipe a alcançar metas e resultados estipulados.
É exigível o seu pagamento pelo empregado após “ultimada” a transação (art. 466, caput,
da CLT), sendo que majoritariamente entende-se ultimada a transação com a sua efetiva
contratação pelo cliente/contratante. Ou seja, a pactuação do negócio jurídico entre
contratado/empregador e contratante/cliente, ainda que não efetivamente adimplido pelo
cliente, vez que o empregador não pode transferir ao empregado o risco do negócio por
ele desenvolvido (art. 2º, da CLT).
As comissões podem ser pagas em prazo superior a um mês. No entanto, caso sejam
parte do salário e não do sobressalário, deve-se garantir ao menos o pagamento de um
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salário mínimo mensal ao empregado.
SALÁRIO MÍNIMO
Salário mínimo será aquele fixado por lei nacional, estadual ou ainda aquele previsto em
norma coletiva (Convenção Coletiva de Trabalho ou Acordo Coletivo de Trabalho).
PRÊMIO
Os prêmios, como o próprio nome indica, procuram estimular a produção, assiduidade,
senioridade ou qualquer outro comportamento do empregado. Podem ser pagos em bens
diversos, serviços ou pecúnia.
Em regra, são instituídos por liberalidade do empregador e só serão exigíveis caso haja
pactuação de pagamento de determinado prêmio se atingida certa condição por parte dos
empregados. Há ainda a possibilidade de situações estabelecidas verbalmente e até
tacitamente (uma tradição na empresa). Este é, inclusive, o entendimento consolidado na
Súmula nº 209 do Supremo Tribunal Federal (STF).
SÚMULA 209
COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA
Esta é a parcela paga pelo empregador para contribuir com a aposentadoria complementar do
empregado. Por exemplo, se um trabalhador contrata um plano de aposentadoria
complementar no qual paga uma parcela de 10% do que exceder o teto de benefícios do INSS,
e o seu empregador paga 5% deste valor, esta cobertura é considerada a complementação de
aposentadoria.
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A partir da Emenda Constitucional nº 20/98, a complementação de aposentadoria deixou de ter
natureza salarial, mas ainda é entendida como parcelas às quais se aplicam normas de
proteção do direito do trabalho, tal como a irredutibilidade (natureza indenizatória).
ADICIONAIS
Os adicionais se traduzem em sobressalário e possuem natureza salarial, ou seja, integram o
salário e repercutem no FGTS, entre outros encargos.
Trata-se de acréscimo salarial que tem por objetivo compensar algum desgaste maior a que o
empregado esteja submetido, tal como: trabalho noturno, trabalho exposto a agentes nocivos à
saúde, jornada mais extensa do que o normal ou transferência unilateral empreendida pelo
empregador.
Os adicionais são compulsórios, já que previstos em lei. Eles são classificados da seguinte
forma:
Adicional noturno;
Adicional de transferência.
ABONO
Os abonos tratavam de verba referente a um adiantamento que posteriormente seria
compensado (não se inclui aqui o denominado abono pecuniário de férias) e, portanto,
possuíam natureza salarial. Já o abono salarial é relativo aos trabalhadores inscritos no PIS e
no PASEP.
No entanto, a Lei 13.467/17 atribuiu natureza indenizatória aos abonos, não se sabe se para
garantir a mesma natureza ao segundo tipo. Tal inovação legislativa, porém, deixa em dúvida o
que seria o abono consistente no adiantamento salarial.
Com relação ao abono pago aos trabalhadores inscritos no PIS e no PASEP, cabe tecer as
seguintes considerações:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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2. MARQUE A OPÇÃO QUE APRESENTA DESCRIÇÃO CORRETA DAS
GORJETAS E DOS SOBRESSALÁRIOS:
A) As gorjetas são verbas de natureza indenizatória pagas por terceiro em troca do serviço
prestado. Sobressalários são os adicionais, as gratificações e comissões, entre outros.
B) Gorjetas são parcelas não obrigatórias e que, portanto, não devem integrar a remuneração,
ainda que possuam natureza salarial. Sobressalários são verbas que integram a remuneração.
C) Gorjetas são verbas de natureza salarial pagas indiretamente, mas que se incorporam ao
salário do empregado. Sobressalários são verbas de natureza indenizatória que compõem a
remuneração.
GABARITO
2. Marque a opção que apresenta descrição correta das gorjetas e dos sobressalários:
As gorjetas são verbas de natureza remuneratória, pois “são pagas de forma espontânea ou
obrigatória, não integrando o salário, mas a remuneração do empregado” (CORREIA, 2018).
São, porém, consideradas parcelas remuneratórias indiretas, pois são pagas por terceiro
(cliente) e não pelo empregador. Já os sobressalários são as diversas verbas para além do
salário-base e que, juntas com ele, vão compor a remuneração.
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MÓDULO 2
PREMISSA
Neste módulo, vamos analisar o direito de férias estabelecido para os trabalhadores: como é
adquirido, como e quando pode ser utilizado, as penalidades cabíveis ao empregador que não
respeitar corretamente os prazos e a forma de gozo deste direito por parte do empregado e
seus efeitos sobre o contrato de trabalho.
Vamos, ainda, compreender o que é Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e como
e quando pode ser acessado pelo trabalhador.
FÉRIAS: AQUISIÇÃO
Primeiramente, devemos mentalizar que o direito de férias está diretamente relacionado à
garantia, preservação e proteção à saúde do trabalhador. Está inserido no mandamento
constitucional que consta do art. 6º da CF/88 e assegurado no art. 7º, XVII, da CF.
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ART. 7º, XVII, DA CF
XVII − gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal.
Quando falamos que o trabalhador poderá gozar anualmente de férias remuneradas, estamos
falando que há uma interrupção do contrato de trabalho. Isso significa que o empregado não
está obrigado a laborar durante o período de férias, mas o empregador está obrigado a pagá-
lo. Além disso, tal período deve ser computado para todos os efeitos, seja para aposentadoria,
promoções, aquisição de parcelas remuneratórias etc.
Chamamos este período de aquisitivo, ou seja, a cada ano de trabalho o empregado vai
completando sucessivamente novos períodos aquisitivos de férias.
VERIFICAR
De acordo como o art. 134 da CLT, o trabalhador deverá gozar de férias em até um ano após a
aquisição de tal direito. É o que chamamos de período concessivo: o intervalo de um ano
subsequente ao período aquisitivo.
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Ocorre que para cada ano de trabalho se soma um novo período aquisitivo. Portanto, entre
janeiro de 2021 e janeiro de 2022, o empregado completará novo período aquisitivo de férias e
terá como período concessivo os 12 meses entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023.
Isso é fundamental, inclusive, no momento da rescisão contratual, pois as férias adquiridas são
devidas até mesmo na despedida por justa causa.
SAIBA MAIS
Deve-se mencionar, porém, que as faltas não justificadas, a partir da 6ª falta em 12 meses,
poderão ser compensadas com dias de férias nos termos do art. 130 da CLT.
CONCESSÃO
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Conforme mencionado anteriormente, as férias deverão ser concedidas pelo empregador no
período de 12 meses subsequentes ao período aquisitivo (art. 134 da CLT). Logo, é um direito
do empregado o de gozar férias anualmente após o primeiro ano de trabalho, mas cabe ao
empregador estabelecer o melhor momento dentro desses 12 meses para que isso aconteça
(art. 136 da CLT) − com exceção do trabalhador menor de 18 anos de idade e estudante, uma
vez que este detém o direito de gozar suas férias no trabalho junto com as escolares. Além
disso, os membros de uma mesma família que trabalham para o mesmo empregador, se assim
desejarem, poderão gozar férias no mesmo período, conforme prevê o artigo 136 § 1º da CLT.
A regra é que as férias anuais sejam gozadas de uma só vez por 30 dias corridos (art. 134,
caput, da CLT). No entanto, a Lei nº 13.467/17 alterou o § 1º do art. 134 da CLT para permitir
que, caso haja a anuência individual do empregado, estas poderão ser gozadas em até 3
períodos, sendo que um desses três períodos não poderá ser inferior a 14 dias e o(s) demais,
não inferiores a 5 dias. É vedado o início de seu gozo dois dias antes de feriado ou de dia de
repouso semanal remunerado.
É fundamental, ainda, que o empregado dê sua anuência ao período de férias a ser gozado
com 30 dias de antecedência, normalmente no documento denominado Aviso de Férias, bem
como conste na CTPS, nos livros do empregador e nas fichas financeiras do trabalhador.
ABONO DE FÉRIAS
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Nos termos do art. 143 da CLT, é facultado ao empregado a opção de “vender” até 1/3 dos
seus dias de férias (normalmente 10 dias), desde que requerido até 15 dias antes do término
do período aquisitivo.
FORMA DE PAGAMENTO
Como mencionado no art. 7º, XVII, da CF, o trabalhador terá o direito ao gozo de férias anuais
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Tal questão é de
simples resolução quando falamos de salário fixo, uma vez que o art. 142 estabelece que o
valor a ser pago é justamente o relativo à remuneração devida no momento da concessão,
sobre o qual também incidirá o terço constitucional de férias.
O que difere é quando o salário é variável, já que deverão ser feitas médias:
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Para o salário pago por hora, com jornadas variáveis, será feita uma média das horas
trabalhadas durante o período aquisitivo, mas aplicando-se o valor do salário-hora vigente no
momento da concessão.
O salário pago por tarefa ou peça deverá ter calculada a média da produção do período
aquisitivo, mas também se aplicando o valor da tarefa vigente na data da concessão.
Já para o salário baseado em porcentagem ou com comissão (salário variável) será feita a
média dos salários recebidos nos últimos 12 meses anteriores à concessão, mas atualizando
os valores monetariamente. Assim, o terço de férias será calculado sobre tais valores.
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COMENTÁRIO
Por força do art. 145 da CLT, as férias (o terço de férias e mesmo o abono de férias) devem ser
pagas até dois dias antes do período de gozo.
Tal entendimento serve também para o caso (com fracionamento ou não) em que parte do
gozo das férias se dá fora do período concessivo. Neste caso, no entanto, a Súmula nº 81 do
TST estabelece que somente os dias gozados após o período concessivo deverão ser pagos
em dobro:
SÚMULA Nº 81 DO TST
Os dias de férias gozados após o período legal de concessão deverão ser remunerados em
dobro.
Por fim, cabe mencionar a possibilidade de concessão de férias coletivas, desde que
obedecidos os termos previstos nos art. 139 e 140 da CLT.
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ESTABILIDADE DECENAL
Estabilidade decenal era o direito que um empregado conquistava após laborar por 10
anos para o mesmo empregador, sendo que só poderia ser despedido por justa causa ou
força maior devidamente comprovados.
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, portanto, tem justamente o objetivo de servir como
uma espécie de colchão mínimo aos trabalhadores (urbanos, rurais e domésticos) que venham
a ser despedidos, sendo a multa rescisória incidente sobre os valores depositados na conta
vinculada do fundo um instrumento de desestímulo à demissão. Ou seja, uma proteção mínima
ao tempo de serviço dos trabalhadores.
Tais valores são depositados no que se denomina conta vinculada ao FGTS, da qual poderão
ser levantados parcial ou totalmente pelo empregado, especialmente após o término
involuntário do contrato de trabalho. Essas contas vinculadas são administradas pela Caixa
Econômica Federal, responsável pelo controle do FGTS desde maio de 1991. Os depósitos
são corrigidos monetariamente de acordo com os mesmos parâmetros de atualização dos
saldos de depósitos de poupança e capitalização de juros de 3% ao ano.
COMENTÁRIO
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BASE DE CÁLCULO DO FGTS
O FGTS terá como base de cálculo 8% de toda remuneração recebida, ainda que de forma
eventual. Excetuam-se, portanto, as parcelas de natureza indenizatória. Vejamos as Súmulas
nº 63, 148 e 305 do TST:
SÚMULA Nº 63 DO TST
O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito à contribuição
para o FGTS.
Como se nota nas referidas súmulas, toda parcela remuneratória, mesmo adicionais, horas
extras, 13º salários, aviso prévio (mesmo quando denominado indenizado possui natureza
salarial) ou outras verbas salariais recebidas eventualmente serão inseridas na base de cálculo
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do FGTS. A exceção com relação ao percentual referente ao FGTS se dá com o menor
aprendiz, que, neste caso, será de 2%.
10%
40%
Logo, a multa que era de 10% do valor dos depósitos efetuados no fundo durante o contrato de
trabalho passou a ser de 40%. Já o art. 18, da Lei 8.036/90, veio a disciplinar a matéria,
estipulando a multa em 40% em casos de despedida sem justa causa; em caso de culpa
recíproca ou força maior, multa de 20%.
MULTA DE 20%
A Lei nº 13.467/2017 trouxe mais uma hipótese em que a multa será paga no patamar de
20%: trata-se da rescisão contratual por comum acordo, prevista no art. 484-A da CLT.
Falecimento do trabalhador
Doença grave terminal, neoplasia maligna ou HIV a que tenham sido acometidos o trabalhador
ou seus dependentes
Aposentado
Desastre natural
ATENÇÃO
A dispensa do empregado por justa causa não lhe permite o saque do montante do FGTS,
tampouco este terá direito a qualquer multa sobre o montante.
COVID-19
Cabe mencionar que, em razão da pandemia de COVID-19, diversos pedidos de levantamento
dos valores depositados nas contas vinculadas de FGTS foram dirigidos à Justiça do Trabalho,
mesmo por empregados com o contrato de trabalho em curso. A base de tais requerimentos
/
era a situação de força maior e o conceito de desastre natural, que abrange os desastres
biológicos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Deverá ser gozada no período de 12 meses após o período de aquisição (12 meses
anteriores), sob pena de o empregador ter que pagá-las em dobro, acrescidos do 1/3
constitucional de férias também em dobro.
B) São adquiridas após o trabalho por mais de 6 meses, denominando-se este tempo como
período aquisitivo.
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C) Pode ser parcelada unilateralmente pelo empregador, pois, ainda que seja um direito do
trabalhador, é o empregador quem detém o poder de dizer quando e como deve ser gozada
para que não haja prejuízos à sua atividade.
D) Trata-se de direito previsto na Constituição Federal de 1988, mas que pode ser negociado
para que o trabalhador receba um abono pecuniário e não as goze, se assim desejar.
C) O empregado pode levantar os depósitos da conta vinculada quando despedido por justa
causa.
GABARITO
As férias são um direito estabelecido na CF/88 e devem ser gozadas nos 12 meses
subsequentes ao período aquisitivo, denominando-se tal período como concessivo, e o
descumprimento de tal regra implica o pagamento em dobro das parcelas referidas. Além
disso, quando gozadas, as férias devem ser pagas até 2 dias antes e com acréscimo de 1/3 do
valor da remuneração devida no momento da concessão, sob pena do pagamento em dobro.
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Conforme os art. 18 e 20 da Lei nº 8.036/90, não constam a possibilidade de pagamento de
multa ou levantamento dos depósitos da conta vinculada quando o empregado for despedido
por justa causa.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, desenvolvemos conceitos fundamentais para a compreensão das naturezas de
determinadas verbas e suas repercussões contábeis, sendo de fundamental importância
entender o que significa salário, remuneração ou salário-utilidade.
Por fim, os aspectos tratados sobre o FGTS dizem respeito às obrigações do empregador com
relação ao Estado e ao empregado, tanto no que tange aos depósitos quanto no que concerne
à incidência da multa em determinadas condutas que podem ser assumidas.
REFERÊNCIAS
/
BOMFIM, Volia. Direito do Trabalho. 14. ed. 2. Reimpr. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2017.
EXPLORE+
Para aprofundar a discussão sobre o conceito de salário, leia o artigo Contrato laboral
do músico empregado e a natureza jurídica do couvert artístico, de Fábio Menezes
de Sá e Wolney Alves Ramos Mororó.
CONTEUDISTA
Bruno M. C. Freitas
CURRÍCULO LATTES