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DIREITO DO TRABALHO 2.

SALÁRIO
A Reforma Trabalhista manteve o conceito de remune-
1. REMUNERAÇÃO ração, mas estabeleceu mudanças no que se refere ao
salário. Desta maneira, atualmente integram o salário:
REMUNERAÇÃO = SALÁRIO + Gorjeta (de a-
além da importância fixa estipulada, as gratificações
cordo com o art. 457, CLT)
legais recebidas bem como as comissões devidas pelo
Remuneração, então, é o salário pago pelo empregador contratante, conforme art. 457 § 1º, CLT.
e os valores recebidos a título de gorjeta.
Assim, temos:
Assim, temos que toda verba salarial é Remuneração.
Entretanto, nem toda verba remuneratória é salário,  Remuneração: salário + gorjeta (pago por
visto que as gorjetas estão no conceito de remuneração terceiros ou pelo próprio empregador)
e não integram o salário, por não serem pagas direta-
mente pelo empregador, mas por terceiros. Toda a contraprestação paga por terceiro a
obreiro = gorjeta
A Reforma Trabalhista manteve conceito de Remunera-
ção, mas estabeleceu mudanças no que se refere ao
salário. Com isso, atualmente, integram o salário as  Salário: Importância fixa + comissões + gra-
gratificações recebidas bem como as comissões devi- tificação legal (contraprestação do serviço pa-
das pelo contratante, o que veremos no item próprio. go diretamente pelo empregador)

1.1 GORJETA 2.1 IMPORTÂNCIA FIXA


De acordo com o § 3º do art. 457, CLT, considera-se A importância fixa é o salário base estabelecido entre
como gorjeta tanto as dadas espontaneamente pelo empregado e empregador.
cliente ao empregado como também o valor cobrado
pela empresa, como serviço ou adicional, a serem des-
tinados à distribuição aos empregados.
2.2 COMISSÕES
Conforme mencionado acima, as comissões integram
Já a Súmula 354, TST, determina que as gorjetas inte-
salário e, por isso, repercutem em todas verbas de
gram a remuneração, no entanto não são consideradas
natureza trabalhista e previdenciária, tais como férias
na base de cálculo de todos os benefícios. Assim, a gor-
mais um terço, 13º salário, FGTS, multa indenizatória e
jeta não serve de base de cálculo para as parcelas de
INSS.
aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso
semanal remunerado. O salário poderá ser pago somente com base em comis-
sões, deste garantido o salário mínimo ou o estipulado
Como esta questão já foi cobrada mais de uma vez na
para categoria, quando houver.
prova da OAB, segue uma estratégia para auxiliar na
memorização das parcelas para as quais a gorjeta não Estabelece o art. 466, CLT, que o pagamento de comis-
serve de base de cálculo: sões e percentagens só é exigível depois de ultimada a
transação a que se refere. O TST vem entendendo que
REPOUSO SEMANAL REMUNERADO ultimada a transação corresponde ao momento em que
o negócio foi efetuado. Já nas as transações realizadas
A DICIONAL NOTURNO por prestações sucessivas, é exigível o pagamento das
A VISO PRÉVIO percentagens e comissões que lhes disserem respeito
proporcionalmente à respectiva liquidação.
H ORA EXTRA
Registra-se que a cessação das relações de trabalho não
prejudica a percepção das comissões e percentagens
Aliás, a gorjeta pode ser estabelecida por convenção ou devidas (art. 466, § 2º, CLT).
acordo coletivo de trabalho, conforme art. 611- A, IX,
CLT.

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2.3 GRATIFICAÇÕES LEGAIS 2.4.2 PAGAMENTO EM UTILIDADES
Conforme mencionado, as Gratificações Legais integram Há de salientar que o salário também pode ser pago em
salários. A Lei 13.467/17 esclareceu que não é qualquer utilidade, tais como alimentação, habitação, vestuário e
gratificação que integra salário, mas apenas as legais. outras prestações in natura, nos termos do art. 458,
As gratificações legais são aquelas previstas em lei, tal CLT. Ressalta-se que, em caso algum, poderá pagar
como o 13º salário. parte do salário com bebidas alcoólicas ou drogas noci-
vas.
Outra gratificação reconhecida em lei é a Gratificação
de Função, no percentual de pelo menos 40% do salário No entanto, o salário não pode ser pago integralmente
efetivo, que é devida ao Gerente que exerce cargo de em utilidades, há limites estabelecidos no parágrafo
gestão(com poder de representação e comando). único do art. 82, CLT, o qual estabelece que o salário-
mínimo pago em dinheiro não será inferior a
Quanto à esta última Gratificação, cabe salientar que,
30%salário-mínimo fixado para a região, zona ou subzo-
pós Reforma Trabalhista, o art. 468, §§ 1º e
na. Portanto, no mínimo 30% do salário deve ser pago
2º, estabeleceu que não se considera alteração unilate-
em dinheiro.
ral a determinação do empregador para que o respecti-
vo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente Em complemento, o § 3º do art. 458, CLT, impõe limites
ocupado, deixando o exercício de função de confiança, quanto aos valores pagos como salário utilidade a
bem como não há direito adquirido, visto que o rebai- título de habitação e alimentação, não podendo exce-
xamento do gerente para o cargo efetivo, com ou sem der:
justo motivo, não assegura ao empregado o direito à
- Habitação: 25% do salário contratual
manutenção do pagamento da gratificação correspon-
dente, que não será incorporada, independentemente - Alimentação: 20% do salário contratual
do tempo de exercício da respectiva função. Sobre o
tema, vide Capítulo dos Princípios Inalterabilidade Con- A lógica dos referidos limites é a de que o empregado
tratual Lesiva. gasta mais para morar do que para se alimentar.
Porém, a Súmula 258, TST, estabelece que os limites
acima apenas se aplicam quando o empregado percebe
2.4 FORMAS E MEIOS DE PAGAMENTO salário-mínimo.
DO SALÁRIO Súmula 258, TST. SALÁRIO-UTILIDADE. PERCEN-
A contraprestação do trabalho realizado pode ocorrer: TUAIS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
- Em dinheiro, ou
Os percentuais fixados em lei relativos ao salário
- Em utilidades. “in natura” apenas se referem às hipóteses em que
o empregado percebe salário-mínimo, apurando-
Assim, ressalta-se que a importância fixa estipulada se, nas demais, o real valor da utilidade.
pode ser em dinheiro ou não!
Neste caso, se o empregado recebe salário maior que o
2.4.1 PAGAMENTO EM DINHEIRO mínimo, não se aplicam os limites de 25% e 20%.

O pagamento em espécie do salário será pago em moe- A CLT ainda estabelece que, tratando-se de habitação
da corrente do País. O pagamento pode ser feito em coletiva, o valor do salário utilidade a ela corresponden-
dinheiro, diretamente ao empregado ou por transfe- te será obtido mediante a divisão do justo valor da
rência bancária. habitação pelo número de coabitantes, vedada, em
qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade resi-
No pagamento do salário, deverá ser efetuado contra dencial por mais de uma família.
recibo, assinado pelo empregado; em se tratando de
analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não
sendo esta possível, a seu rogo. Porém, terá força de  UTILIDADES QUE NÃO INTEGRAM O SALÁRIO
recibo o comprovante de depósito em conta bancária, Ainda cumpre destacar que o § 2º art. 458, CLT, refere
aberta para esse fim em nome de cada empregado, com algumas utilidades que não serão consideradas como
o consentimento deste, em estabelecimento de crédito salário, sendo elas vestuários para a prestação do servi-
próximo ao local de trabalho. ço, equipamentos e acessórios de trabalho para a pres-
tação do serviço, educação, transporte, assistência mé-
dica, seguro de vida, previdências privada e vale-cultura,

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e, portanto, não constituem base de incidência de qual- exceção das utilidades previstas nos incisos do art. 458,
quer encargo trabalhista e previdenciário. 2º, CLT, (que não integram o salário em razão da previ-
são legal assim estabelecer), se a utilidade é fornecida
Art. 458. (...)
pela prestação dos serviços, terá natureza salarial, pois
§ 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não se- é consequência do trabalho feito pelo colaborador,
rão consideradas como salário as seguintes utilida- ocasionando remuneração, tendo caráter retributivo.
des concedidas pelo empregador.
“Pela” quer dizer que o empregado recebe um benefí-
I - vestuários, equipamentos e outros acessórios cio, pois é ótimo funcionário e a utilidade é uma contra-
fornecidos aos empregados e utilizados no local de prestação pelo seu trabalho.
trabalho, para a prestação do serviço;
Em contrapartida, se a utilidade é fornecida para a
II - educação, em estabelecimento de ensino pró- prestação de serviços, não possui natureza salarial,
prio ou de terceiros, compreendendo os valores
como os equipamentos de proteção individual, que são
relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros
e material didático;
utilizados apenas no trabalho. Portanto, determinou-se
que a utilidade disponibilizada ao colaborador e indis-
III - transporte destinado ao deslocamento para o pensável à realização de suas tarefas, fornecida para o
trabalho e retorno, em percurso servido ou não trabalho, não tem natureza salarial, uma vez que seu
por transporte público;
valor não reflete verbas trabalhistas e rescisórias.
IV - assistência médica, hospitalar e odontológica,
prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; Para o trabalho (“ferramenta para o traba-
V - seguros de vida e de acidentes pessoais; lho”): não é salário in natura
VI - previdência privada; Pelo trabalho (“benefício por ser um bom
VIII - o valor correspondente ao vale-cultura.
empregado”): é salário in natura

A reforma trabalhista ainda acrescentou no § 5º do art. Assim, importante analisar a finalidade com que a utili-
458, a determinação de que não integram o salário do dade é fornecida. Portanto, se destinada à execução
empregado para qualquer efeito: dos serviços, não terá natureza salarial.

Art. 458. (...) Portanto, se o empregado é um caseiro, por exemplo, a


habitação é um instrumento para o trabalho, razão pela
§ 5º O valor relativo à assistência prestada por ser-
qual neste caso não será considerado salário in natura a
viço médico ou odontológico, próprio ou não, in-
clusive o reembolso de despesas com medicamen-
habitação fornecida pelo empregador, pois essencial à
tos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órte- realização do labor. Já se o empregador resolve pagar
ses, despesas médico-hospitalares e outras simila- um aluguel ao seu empregado, por espontaneidade,
res, mesmo quando concedido em diferentes mo- como uma vantagem em razão do empregado ser um
dalidades de planos e coberturas (...) bom funcionário, o valor da utilidade deverá ser consi-
derado como salário, devendo repercutir em todas as
verbas trabalhistas.
Referente à não incorporação no salário de utilidades, a
Súmula 367, TST, traz entendimento no sentido de que Por fim, esclarece-se que os cigarros e bebidas alcoóli-
também não integra salário cas fornecidas ao empregado não possuem natureza
salarial. Isto porque, conforme art. 458, CLT, é proibido
I - A habitação, a energia elétrica e veículo forneci- ao contratante pagar o salário ao funcionário por meio
dos pelo empregador ao empregado, quando in- de bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.
dispensáveis para a realização do trabalho, não
têm natureza salarial, ainda que, no caso de veícu- Ainda, cumpre ressaltar que a MP 905/19, retirou a
lo, seja ele utilizado pelo empregado também em palavra alimentação do caput do art. 458, a fim de dei-
atividades particulares. xar claro que a alimentação não constitui salário in natu-
II - O cigarro não se considera salário utilidade em ra. Contudo, tal MP perdeu sua validade, portanto,
face de sua nocividade à saúde. deve-se considerar a redação original do art. 458.

A súmula esclarece que, quando as utilidades forem


indispensáveis para a realização do trabalho, não terão
natureza salarial.
Importante diferenciar a prestação de Utilidade forneci-
da pela ou para a prestação de serviços. Assim, com

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2.5 PARCELAS QUE NÃO INTEGRAM A - equipamentos e acessórios de trabalho para a pres-
tação do serviço;
REMUNERAÇÃO
- educação;
O § 2º do art. 457 é taxativo ao determinar que não
integram a remuneração do empregado, as importân- - transporte;
cias, ainda que habituais, pagas a título de: - assistência médica;
- ajuda de custo (sem limites); - seguro de vida;
- auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em di- - previdências privada;
nheiro;
- vale-cultura;
- diárias para viagem;
- habitação para a prestação do labor;
- prêmios e abonos.
- utilidades indispensáveis para a realização do traba-
lho;
Assim sendo, tais importâncias não se incorporam ao
contrato de trabalho e não constituem base de inci- - bebida alcoólica e drogas nocivas.
dência de qualquer encargo trabalhista e previdenciá-
rio.
No intuito de trazer o conceito de Prêmio, o § 4º do art.
2.6 ADICIONAIS
457, CLT, menciona que O adicional tem sentido de algo que se acrescenta. Do
Art. 457. (...) ponto de vista trabalhista, é um acréscimo salarial de-
corrente da prestação de serviços do empregado em
§ 4º Consideram-se prêmios as liberalidades con- condições mais gravosas. Os adicionais mais comuns e
cedidas pelo empregador em forma de bens, servi-
mais cobrados em provas são:
ços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo
de empregados, em razão de desempenho superi-  Adicional de horas extras;
or ao ordinariamente esperado no exercício de su-
as atividades.  Adicional noturno;
 Adicional de insalubridade e
Desta maneira, para configurar prêmio, o desempenho  Adicional transferência.
do empregado deve ser superior ao ordinariamente
esperado no exercício de suas atividades.
2.6.1 ADICIONAL DE HORAS EXTRAS
Também não integra a remuneração a Participação dos
Lucros (PLR).A Lei 10.101/00, que dispõe sobre a parti- O adicional de horas extras é calculado no percentual de
cipação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da 50% sobre a hora normal, quando ocorre trabalho ex-
empresa, determina, em seu art. 3º, que o PLR não traordinário além da oitava hora diária e quarenta e
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constitui natureza salarial . quatro horas semanais, ou quando o trabalho se esten-
de além do estabelecido entre as partes.
Assim, não integram remuneração, ou seja, não consti-
tuem base de incidência de qualquer encargo trabalhis- Para saber o valor das horas extras trabalhadas no mês,
ta e previdenciário, as importâncias, ainda que habitu- é preciso calcular qual o valor hora, de modo que se
ais, pagas a título de: possa acrescentar o percentual de 50%. Assim, para
calcular o valor hora, o divisor aplicável é de:
- ajuda de custo (sem limites);
a)180, para os empregados submetidos à jornada de
- auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em di-
seis horas.
nheiro;
b) 220, para os empregados submetidos à jornada de
- diárias para viagem;
oito horas.
- prêmios e abonos;
Exemplificando melhor: considerando que o empregado
- participação nos lucros; perceba um salário de R$ 2.200,00 e trabalhe em uma
jornada normal de 8 horas. Neste caso, deve-se aplicar
- vestuários para a prestação do serviço;
como divisor 220 horas para chegar ao salário, feita a
divisão (2.200,00 / 220), chega-se ao valor de R$ 10,00
1
Caso haja rescisão, a Participação dos Lucros será devida proporcio- por cada hora de trabalho. Assim, o valor da hora com o
nalmente aos meses trabalhados no período da gratificação (Súmula
451, TST).

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adicional de no mínimo de 50% (50% de 10,00= 5,00) é 2.6.2 ADICIONAL POR SERVIÇO NOTURNO
igual a R$ 15,00.
O adicional noturno é de 20% sobre a hora diurna para
Importante registrar que o divisor pode ser variável, empregado urbano e de 25% para o empregado rural.
pois é calculado com base no que estabelece o art. Sendo devido ao trabalhador urbano que realiza ativi-
64,CLT, dependendo também de quantos dias ou horas dade das 22h às 5h. No que se refere ao trabalhador
o empregado labora no mês. rural, este terá direito ao adicional noturno ao realizar
Existindo habitualidade no pagamento do adicional de atividade no período das 21h às 5h (quando exercer
horas extras, o referido valor recebido integra o cálculo atividades na lavoura) e das 20h às 4h (quando exercer
de outras verbas como: 13º salário (Súmula 45, TST), atividades na pecuária).
FGTS (Súmula 63, TST), Aviso Prévio Indenizado (Art. Lembrando que, havendo habitualidade no pagamento
487, CLT), Gratificação Semestral (Súmula 115, TST); de adicional noturno, o adicional integrará o cálculo do
Férias (Art. 142, § 5º, CLT), Descanso Semanal Remune- salário do empregado para todos os efeitos, nos termos
rado (Súmula 172, TST). da Súmula 60, TST.
Ainda, conforme Súmula 347, TST, o cálculo do valor das
horas extras habituais, para efeito de reflexos em verbas  SUPRESSÃO DO HORÁRIO NOTURNO
trabalhistas, observará o número de horas efetivamente
prestadas, e a ele aplica-se o valor do salário-hora da A alteração do horário do empregado para o período
época do pagamento daquelas verbas. diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicio-
nal noturno, conforme Súmula 265, TST.

 CÁLCULO DE HORAS EXTRAS X SALÁRIO VARIÁVEL


Para aqueles empregados que recebem de forma mista, 2.6.3 ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
ou seja, parte fixa + variável, a OJ 397 da SBDI I, TST, O adicional de transferência será de no mínimo 25%
determina que, em relação à parte fixa, são devidas as sobre o salário que o empregado percebia na localida-
horas simples acrescidas do adicional de horas extras. E, de de origem.
em relação à parte variável, é devido somente o adicio-
nal de horas extras, aplicando-se à hipótese o disposto Para ter direito ao respectivo adicional, a transferência
na Súmula 340, TST, que estabelece que o empregado, do empregado deve ser provisória (OJ 113 SDI I, TST) e
sujeito a controle de horário, remunerado à base de acarretar mudança de domicílio (art. 469, CLT).
comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% Importante destacar que, em regra, ao empregador é
pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor- vedado transferir o empregado, sem a sua anuência,
hora das comissões recebidas no mês, considerando-se para localidade diversa da que resultar do contrato.
como divisor o número de horas efetivamente trabalha- Porém, não estão compreendidos na proibição: os
das. empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles
cujos contratos tenham como condição, implícita ou
 SUPRESSÃO HORAS EXTRAS HABITUAIS explícita, a transferência, quando esta decorra de real
necessidade de serviço. Também é considerada lícita a
O TST estabeleceu diretrizes sobre este assunto através transferência quando ocorrer extinção do estabeleci-
da Súmula 291, determinando que o empregador que mento em que trabalhar o empregado.
suprimir horas extras que estavam sendo prestadas com
habitualidade pelo empregado, pelo período de no mí- Independente da licitude da transferência, todo empre-
nimo 1 ano, terá que pagar uma indenização para este gado transferido em caráter provisório tem direito ao
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funcionário. O valor devido será correspondente ao de 1 adicional de 25% , inclusive o Gerente, previsto no art.
mês de horas extras suprimidas, para cada ano ou fra- 62, II. CLT, que tenha cargo de gestão e que já perceba
ção igual ou superior a 6 meses de prestação de serviço adicional de 40% ao salário efetivo (OJ 113 da SBDI I,
com horas extras habituais TST). No caso do Gerente que seja transferido provisori-
amente, este receberá 40% de Gratificação de Função,
mais 25% de Adicional de Transferência.

2
OJ 113 SDI I, TST. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFI-
ANÇA OU PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO.
DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA (inserida em
20.11.1997)
O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de
previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito
ao adicional. O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do
mencionado adicional é a transferência provisória.

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2.6.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE  EXPOSIÇÃO PERMANENTE, INTERMITENTE

A atividade perigosa assegura ao empregado um adicio- O TST emitiu a Súmula 364, referente ao adicional de
nal de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultan- periculosidade, na qual fica estabelecida que tem direito
tes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros ao adicional de periculosidade o empregado exposto
da empresa (art. 193, §1º, CLT). Assim, incide o adicional permanentemente ou que, de forma intermitente, sujei-
de periculosidade apenas sobre o salário básico do ta-se a condições de risco.
empregado e não sobre o salário e outros adicionais
(Súmula 191, TST).  EXPOSIÇÃO EVENTUAL OU EM TEMPO EXTREMA-
De acordo com a CLT, em seu art. 193, consideram-se MENTE REDUZIDO
atividades ou operações perigosas aquelas que impli- O pagamento do adicional resta indevido quando o
quem risco ao empregado em virtude de exposição contato com agente periculoso se dá de forma eventu-
permanente do trabalhador perante: al, assim considerado fortuito, ou que, sendo habitual,
- inflamáveis; dá-se por tempo extremamente reduzido (Súmula 364,
TST).
- explosivos;
Também não é devido o adicional de periculosidade aos
- energia elétrica; tripulantes e demais empregados em serviços auxiliares
- roubos ou outras espécies de violência nas ativida- de transporte aéreo que, no momento do abastecimen-
des profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; to da aeronave, permanecem a bordo (Súmula 447,
TST).
- atividades de trabalhador em motocicleta (empre-
gados que utilizam motocicleta para deslocamento Cumpre ressaltar o teor da Súmula 453, na qual está
entre trabalho x casa não tem direito a este adicional). previsto que o pagamento espontâneo do adicional de
periculosidade efetuado por mera liberalidade da em-
presa, ainda que de forma proporcional ao tempo de
Ainda, conforme entendimento jurisprudencial, têm
exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo
direito ao adicional de periculosidade:
legalmente previsto, dispensa a realização da prova
- empregados que operam em bomba de gasolina técnica exigida pelo art. 195, CLT, pois torna incontro-
(Súmula 39, TST) versa a existência do trabalho em condições perigosas.
- empregado exposto à radiação ionizante ou à subs- Não é válida a cláusula de acordo ou convenção coleti-
tância radioativa (OJ 345 da SBDI I, TST) va de trabalho fixando o adicional de periculosidade
em percentual inferior ao estabelecido em lei e pro-
- atividade em construção vertical onde estão instala-
porcional ao tempo de exposição ao risco, pois tal par-
dos tanques de armazenamento (OJ 385 da SBDI I,
cela constitui medida de higiene, saúde e segurança do
TST)
trabalho, garantida por norma de ordem pública nos
arts. 7º, XXII e XXIII, CF, e 193, §1º, CLT (Súmula 364,
O entendimento jurisprudencial, registrado na OJ 385 TST).
da SBDI I, TST, é no sentido de que é devido o pagamen-
to do adicional de periculosidade ao empregado que Por fim, importante destacar que, ainda que recebido
desenvolve suas atividades em edifício (construção durante longos anos, não há direito adquirido de adi-
vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele cional periculosidade, visto que, conforme art. 194, CLT,
onde estão instalados tanques para armazenamento o direito do empregado ao adicional de insalubridade
de líquido inflamável, em quantidade acima do limite ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco
legal, considerando-se como área de risco toda a área à sua saúde ou integridade física.
interna da construção vertical.
Se o adicional de periculosidade for pago com habitua-
lidade, integrará as férias, o 13º salário, o aviso prévio,
o FGTS e a indenização (Súmula 132, I, TST). Contudo,
não haverá integração do adicional de periculosidade no
repouso semanal remunerado.

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2.6.5 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE vidade, dentre as quais a relativa ao uso efetivo do e-
quipamento pelo empregado.
O adicional de insalubridade é devido aos empregados
que laboram em condições insalubres, acima dos limi- Por fim, importante destacar que, ainda que recebido
tes de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Tra- durante longos anos, não há direito adquirido de adi-
balho, sendo calculado conforme o grau da nocividade cional insalubridade, visto que, conforme art. 194, CLT,
do agente insalubre a que o empregado está exposto: o direito do empregado ao adicional de insalubridade
ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco
à sua saúde ou integridade física. A Súmula 248 ainda
Grau mínimo Grau médio Grau máximo permite a reclassificação ou descaracterização deste
10% 20% 40% adicional, sem ferir o princípio da irredutibilidade salari-
al.

A base de cálculo para incidência dos percentuais de 10  IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DO ADICIONAL


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%, 20% e 40% é o salário mínimo . DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE
A constatação da existência ou grau de insalubridade Para fins de prova da OAB, a reposta é de impossibilida-
por meio de laudo pericial é realizada através de classi- de de cumulação de dois adicionais. Salientamos que,
ficação da atividade insalubre na relação oficial elabo- estando o funcionário exposto à atividade insalubre e
rada pelo Ministério do Trabalho. periculosa, este deve optar entre o adicional de insalu-
Após extensa discussão, o TST pacificou o entendimento bridade ou periculosidade (art. 193. § 2º, CLT).
jurisprudencial quanto à higienização de instalações
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circula-
ção, e a respectiva coleta de lixo, determinando que,
2.6.6 ADICIONAL DE PENOSIDADE
por não se equiparar à limpeza em residências e escritó- Atividade penosa é aquela que sujeita o trabalhador a
rios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade “pena” por ser muito desgastante. Por exemplo, traba-
em grau máximo, incidindo a regulamentação quanto à lhar no sol frequentemente e/ou com carga pesada.
coleta e industrialização de lixo urbano (Súmula 428,
TST). O adicional de penosidade, embora previsto no art. 7º,
XXIII, CF, não possui regulamentação. E, então, apenas
Se o adicional de insalubridade for pago com habituali- é devido quando previsto em convenção coletiva.
dade, integrará as férias, o 13º, o aviso prévio, o FGTS e
a indenização (Súmula 139, TST). Porém, não haverá
integração do adicional de periculosidade no repouso 2.7 PROTEÇÃO AO SALÁRIO
semanal remunerado.
A irredutibilidade salarial é um princípio cerne do Direi-
to do Trabalho, que determina, via de regra, que não é
 EXPOSIÇÃO PERMANENTE, INTERMITENTE possível reduzir salário.
Assim como na periculosidade, o trabalho intermitente, Em contrapartida, verificamos que há situações em que
em condições insalubres, não afasta o direito ao paga- é possível flexibilizar este princípio da irredutibilidade
mento de adicional de insalubridade. salarial, desde que formalizados em acordo coletivo ou
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Enfatiza-se que o simples fornecimento do aparelho de convenção coletiva de trabalho , sendo permitida a
proteção pelo empregador não o exime do pagamento redução temporária de salários. Portanto, o princípio
do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medi- da irredutibilidade salarial passou a ser relativo e não
das que conduzam à diminuição ou eliminação da noci- mais absoluto.
Esta flexibilização foi possível em razão de se preferir
3
O Supremo Tribunal Federal dispôs, na súmula vinculante nº 4, que é diminuir, temporariamente, os salários dos empregados,
absolutamente vedada a utilização do salário mínimo como base de a ter de demiti-los, preservando, assim, o seu emprego,
cálculo de qualquer vantagem ao empregado. Diante de tal enunciado,
o Tribunal Superior do Trabalho, ainda em 2008, alterou a Súmula 228,
e priorizando, por consequência, o princípio da continu-
que passou a indicar o salário básico do trabalhador como base de idade da relação de emprego. Além disso, se for pactua-
cálculo. Contudo, ao editar tal enunciado, o Tribunal Superior do da cláusula que reduza o salário ou a jornada, a conven-
Trabalho criou obrigação que não era prevista em lei, ou seja, contra- ção coletiva e o acordo coletivo de trabalho deverão
riou claramente o Princípio da Legalidade, esculpido no artigo 5º inciso
II, da Constituição Federal.
prever a proteção dos empregados contra dispensa
Em razão disto, em 2009, o Supremo Tribunal Federal suspendeu
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liminarmente a nova redação da súmula 228 do TST, na reclamação Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
constitucional nº 6.266-0. Dessa forma, atualmente o Tribunal Superi- outros que visem à melhoria de sua condição social: (...)
or do Trabalho considera válida a utilização do salário mínimo como VI -irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
base de cálculo, mesmo reconhecendo sua inconstitucionalidade. acordo coletivo;

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imotivada durante o prazo de vigência do instrumento do CPC de 1973 contém norma imperativa que não
coletivo, conforme art. 611-A, § 3º, CLT. admite interpretação ampliativa, sendo a exceção
prevista no art. 649, § 2º, do CPC de 1973 espécie
Também é possível o desconto quando o empregado, e não gênero de crédito de natureza alimentícia,
que antes trabalhava em jornada integral, passa a fazer não englobando o crédito trabalhista.
jornada proporcional, desde que isto seja requerido
pelo empregado e previsto em convenção coletiva,
conforme art. 58-A, § 2º, CLT. 2.7.2 PROTEÇÃO EM FACE DOS CREDORES
DO EMPREGADOR
 DESCONTOS NO SALÁRIO DO EMPREGADO
A proteção do salário em face dos credores do empre-
O art. 462, CLT, veda que o empregador efetue descon- gador consiste no privilégio das verbas trabalhistas,
tos nos salários do empregado, excetuando os casos quando houver em processo de falência concurso de
que resultarem de adiantamentos, de dispositivos de lei credores, consoante o art. 83, Lei de Falências
ou de contrato coletivo. 11.101/05. Os créditos derivados da legislação do traba-
lho, limitados a 150 salários mínimos por credor, e os
No mesmo sentido, a Súmula 342, TST, autorizou algu-
decorrentes de acidentes de trabalho têm prioridade
mas situações em que pode haver descontos salariais
sobre quaisquer outros, inclusive os créditos tributá-
efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e
rios.
por escrito do empregado, para ser integrado em pla-
nos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de Para créditos comuns, há limitação de valor com objeti-
seguro, de previdência privada, ou de entidade coopera- vo de que não ocorra o fato que apenas um empregado
tiva, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalha- perceba seus direitos. Assim, a legislação optou por
dores, em seu benefício e de seus dependentes, e que estabelecer um limite por trabalhador. Sublinha-se que,
não afrontam o disposto no art. 462, CLT, salvo se ficar para os créditos decorrentes de acidente de trabalho,
demonstrada a existência de coação ou de outro defeito não há limitação de valores.
que vicie o ato jurídico.
Também, a OJ 251 da SBDI I, TST, autoriza o desconto
salarial no caso específico de frentista, referente à 2.8 SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
devolução de cheques sem fundos, quando o frentista Em algumas situações o empregado pode ser chamado a
não observar as recomendações previstas em instru- ocupar, em comissão, interinamente, ou em substitui-
mento coletivo. ção eventual ou temporária,cargo diverso do que exer-
cer na empresa. E, neste caso, serão garantidas a conta-
gem do tempo no serviço substituído, bem como volta
2.7.1 PROTEÇÃO EM FACE DOS CREDORES ao cargo anterior.
DO EMPREGADO
Em consonância, o TST emitiu a Súmula 159, I, estabele-
A proteção do salário em face dos credores do empre- cendo ao empregado substituto o direito ao salário do
gado consiste na impenhorabilidade dos salários, pre- substituído, enquanto perdurar a substituição, desta-
vista no art. 833, IV, CPC. A penhora dos salários somen- cando que, inclusive nas férias, o empregado substituto
te é possível quando para pagamento de prestação fará jus ao salário contratual do substituído. Todavia, a
alimentícia (pensão alimentar) ou quando a remunera- substituição meramente eventual afasta o direito do
ção exceder a quantia de excedentes a 50 salários- substituto de receber a diferença salarial existente
mínimos mensais. para com o substituído. Considera-se eventual aquela
que depende de acontecimento casual, incerto, aciden-
Conforme OJ 153da SBDI II, TST, não é possível penho-
tal ou fortuito, como as hipóteses previstas no art. 473,
rar salário para pagamentos de verbas salariais:
CLT. Assim, eventual é a falta ao trabalho, durante pou-
OJ 153. MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. cos dias.
ORDEM DE PENHORA SOBRE VALORES EXISTENTES
EM CONTA SALÁRIO. ART. 649, IV, DO CPC DE Desta forma, o empregado que substituir seu colega
1973. ILEGALIDADE. (atualizada em decorrência do nestes poucos dias não tem direito ao salário substitui-
CPC de 2015) - Res. 220/2017, DEJT divulgado em ção, diferente do que ocorre quando o período é maior,
21, 22 e 25.09.2017 a exemplo do empregado substituído ter se afastado em
Ofende direito líquido e certo decisão que deter- razão de auxílio doença ou licença maternidade. Nestes
mina o bloqueio de numerário existente em conta últimos casos, haverá direito do substituto receber a
salário, para satisfação de crédito trabalhista, ain- diferença salarial existente para com o substituído,
da que seja limitado a determinado percentual dos quando houver.
valores recebidos ou a valor revertido para fundo
de aplicação ou poupança, visto que o art. 649, IV,

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 NÃO CONFUNDIR Substituição e Equiparação Sala- renças salariais devidas, em caso de discriminação por
rial motivo de sexo ou etnia.
Na substituição, os substitutos não estão realizando Ainda, de acordo com a Súmula 455, TST, o regramento
simultaneamente a mesma tarefa do substituído, uma do art. 461, CLT, pode ser aplicado às sociedades de
vez que um está na empresa e outro não está no traba- economia mista, visto que uma vez, ao admitir empre-
lho, por isso não há equiparação salarial. gados sob o regime da CLT, equiparam-se a empregador
privado.
Outrossim, o valor devido no caso de substituição é
apenas a diferença salarial existente para com o substi-
tuído. Caso não haja diferença, não será devido nenhum
outro valor.

2.9 EQUIPARAÇÃO SALARIAL


Equiparação salarial, nos termos do art. 461, CLT, é
devida quando se comprovar os seguintes requisitos:
- mesma função e produtividade;
- tempo de serviço para o mesmo empregador não
seja superior a 4 anos;
- a diferença de tempo na função não seja superior a 2
anos;
- mesmo empregador e mesmo estabelecimento.

Vale ressaltar que a Reforma Trabalhista incluiu como


condição da equiparação a diferença de tempo de em-
presa não superior a 4 anos, bem como que os empre-
gados (o que deseja equiparação e o paradigma) labo-
rem no mesmo estabelecimento.
Quando se menciona mesmo empregador e mesmo
estabelecimento, refere-se a mesmo local, mesma filial,
mesma loja. Assim, a equiparação não se dá entre em-
pregados que laboram na mesma empresa, pois a mes-
ma empresa pode ter sede em São Paulo, mas filial Por-
to Alegre, e a equiparação só é possível quando o em-
pregado labora no mesmo estabelecimento, isto é, na
mesma filial.
No entanto, havendo quadro de carreira ou plano de
cargos e salários, através de norma interna ou negocia-
ção coletiva, independente de estar homologada ou
registrada em órgão público, estará excluído o direito à
equiparação salarial. A inovação é que não precisa mais
homologar o quadro de carreira. Ademais, não há mais
obrigatoriedade de alternância. Com isso, as promo-
ções poderão ser feitas por merecimento e por antigui-
dade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada
categoria profissional.
Vale ressaltar que a Reforma Trabalhista incluiu o § 5º
ao art. 461, CLT, vedando a equiparação em cadeia.
Nesse sentido, para que haja equiparação, os emprega-
dos devem ter trabalhando na mesma época.
Também incluiu o § 6º, estabelecendo pagamento de
multa de 50% do teto da Previdência, além das dife-

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