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DA FOLHA DE
PAGAMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender quais são os elementos que compõem a
folha de pagamento, os proventos, os descontos e os encargos, a sua forma
de cálculo e as variantes que podem surgir nas diversas situações práticas
das organizações. As empresas têm por obrigação a preparação e o registro
da folha de pagamento, justificando a pertinência do estudo deste tema.
Salário
Salário é o valor econômico pago diretamente pelo empregador ao
empregado em razão da prestação de serviços, destinado à satisfação das
necessidades pessoais e familiares (MARTINS, 2020), e possui caráter familiar
– este último podendo ser observado no § 1º do art. 100 da Constituição:
“[…] § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles
decorrentes de salários” (BRA- SIL, [2016], documento on-line). O salário
corresponde, então, ao pagamento feito pelo empregador, e não por terceiros
(diferente da remuneração, engloba a parcela paga por terceiros).
A classificação do salário poderá ser diversa. Por exemplo, em relação
à forma de aferição, poderá ser fixo, variável e misto. Fixo, quando
estipulado
em quantia certa, sem variação, podendo ser calculado com base na unidade
de tempo (hora, dia, mês, semana); variável, quando aferido conforme
desem- penho do trabalhador e mensurado por um parâmetro acordado (por
unidade produzida, por percentual da venda concretizada, por tarefa
cumprida, etc.); e, por fim, misto quando há a parte fixa e a variável.
Em relação à base de cálculo, poderá ser fixada por unidade de tempo
ou por unidade de obra. Na concepção de unidade de tempo, é irrelevante
o tempo do serviço ou da obra realizada, levando em conta o tempo
disponibi- lizado pelo empregado à empresa, tempo esse medido em
qualquer unidade temporal. Vale ressaltar que o critério de remuneração por
unidade de tempo não deve ser confundido com os intervalos de
pagamento: um funcionário horista poderá receber em bases quinzenais ou
semanais.
Plá Rodriguez (2015) destaca algumas desvantagens do salário por
unidade de tempo, como a sua imprecisão (remunera-se igualmente os
trabalhadores sendo irrelevante o seu grau de atividade ou habilidade).
Pode ser injusto (pois não há compensação equivalente por esforços
extras) e não funciona como um mecanismo estimulador (pois ao
empregado pouco lhe importa o resultado do trabalho).
A concepção de unidade de obra leva em consideração a produção
apre- sentada pelo trabalhador, independentemente do tempo
utilizado pelo profissional. Veja, por exemplo, este belíssimo material da
Sagah: o autor é remunerado pela (literalmente) unidade de obra produzida,
não importando se ele demandou 20 horas ou 2 horas para preparar a
entrega final. Esta forma de remunerar o trabalho encontra previsão na CLT,
como observado na alínea g do art. 483: “Art. 483 - O empregado poderá
considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:
[…] g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou
tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários” (BRASIL,
2017a, p. 80).
O dispositivo legal cita, inclusive, a hipótese de remuneração por
tarefa. Trata-se de uma forma mista de salário, na qual o trabalhador deve
cumprir certa “meta” dentro de uma jornada de trabalho determinada. Por
exemplo: preparar 50 bolos em uma jornada de seis horas. Caso os 50
bolos sejam concluídos em, digamos, quatro horas, o trabalhador estaria
liberado de seus deveres.
Em relação à forma de pagamento, pode o salário ser em dinheiro ou em
utilidades. O salário em dinheiro está disposto no art. 463 da CLT
(BRASIL, 2017a, p. 76): “[…] prestação, em espécie, do salário será paga em
moeda cor- rente do País […]” e dessa forma são nulos de pleno direito os
contratos que estipulem pagamento em outro, em moeda estrangeira, ou
no art. 458 da CLT (BRASIL, 2017a, p. 74–75): “Art. 458 - Além do pagamento em
dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimenta-
ção, habitação, vestuário ou outras prestações ‘in natura’ que a empresa, por
força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado”, e
dois critérios precisam ser atendidos: a habitualidade (a utilidade
fornecida não pode ser eventual ou esporádica) e a gratuidade (a
utilidade fornecida não pode ser cobrada do empregado).
O conceito do salário em utilidades é de extrema importância, pois não
são raras as situações em que há confusão sobre o que é considerada uma
utilidade. Além do aspecto da gratuidade e da habitualidade abordados
anteriormente, devemos observar uma regra fundamental disposta no § 2º do
art. 458 da CLT (BRASIL, 2017a). Nesse dispositivo há uma distinção clara
entre uma prestação disponibilizada ao trabalhador pela ou para a prestação
dos serviços.
Jd = Jm ÷ 30
Jd = 220 ÷ 30 = 7,33333
A jornada diária para um regime mensal de 220 horas seria de 7.33333 horas.
Referente ao salário, tomando como base um salário de R$ 2.000,00,
temos o seguinte:
Horas extras
Conforme disposto no inciso XIII do art. 7º da Constituição Federal (BRASIL,
[2016]), a duração normal do trabalho dos empregados não será superior a
oito horas diárias e 44 semanais. Em algumas categorias profissionais, por conta
de legislação ou acordo específico, a jornada poderá ser inferior (como nos
casos dos trabalha- dores do telemarketing, considerados de turno
ininterrupto). A jornada poderá ser ampliada em no máximo duas horas e a
remuneração será, no mínimo, 50% superior à hora normal e integrará a
remuneração do trabalhador. Vale ressaltar que o documento coletivo de
trabalho (acordo coletivo de trabalho [ACT] ou con- venção coletiva de
trabalho [CCT]) poderá prever outros percentuais e regras de hora extra,
desde que respeitado o mínimo de 50% fixado constitucionalmente.
Adicional noturno
Por força de ordem econômica e social, alguns trabalhos devem ser realizados
no período noturno. É o caso de trabalhadores da área de saúde atendendo em
seus plantões, docentes que ministram cursos no período noturno ou fábricas
que operam em mais de um turno. O trabalho noturno exige um esforço maior
do trabalhador, e, do ponto de vista do Direito do Trabalho, demanda-se uma
tutela especial: a legislação garante regras especiais em relação à
remuneração.
É considerado noturno o trabalho prestado entre as 22h00min de um dia
até as 5h00min do dia seguinte, sendo que a legislação criou o conceito de
“hora noturna reduzida” para o trabalhador urbano e o doméstico (Lei
Complementar nº. 150, de 1 de junho de 2015) (BRASIL, 2015). A “hora”
noturna é computada como 52 minutos e 30 segundos. Na prática, o
empregado que trabalhar das 22h00min até as 5h00min prestará sete horas,
mas será remunerado por oito horas. No caso dos trabalhadores rurais,
considera-se hora noturna a jornada das 21h00min de um dia até as
5h00min do dia seguinte na lavoura, e das 20h00min de um dia até as
4h00min do dia seguinte na pecuária, em ambos os casos não se aplicando a
“hora noturna reduzida”.
Contagem Adicional
Trabalhador Jornada noturna da hora noturno
Adicional de insalubridade
O art. 189 da CLT (BRASIL, 2017a) dispõe que são consideradas atividades ou
operações insalubres aquelas que por sua natureza, condições ou
métodos de trabalho exponham os empregados a agentes nocivos à saúde,
acima dos
Adicional de periculosidade
As atividades ou operações perigosas são aquelas que implicam em
riscos acentuados em virtude de exposição permanente do trabalhador a
inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de
violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial.
Periculosidade:
Insalubridade:
riscos à saúde;
10%, 20% ou 40% de adicional sobre o salário-mínimo;
NR 15 (BRASIL, 2019a).
Adiantamentos
1. Salário-base: R$ 2.000,00
2. Comissões recebidas no mês: R$ 200,00
3. Outras verbas não indenizatórias: R$ 500,00
Salário de contribuição (1 + 2 + 3) = R$ 2.700,00
a) cônjuge;
b) o companheiro ou companheira que comprove vida em comum por
mais de 5 anos, ou por período menor, se da união resultou filho;
c) a filha ou filho, enteado ou enteada, até 21 anos de idade ou até 24
anos de idade se estiver cursando o ensino superior ou escola técnica
de 2º grau, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou
mentalmente para o trabalho;
d) o menor pobre, até 21 anos de idade, que o contribuinte crie ou
eduque e do qual detenha a guarda judicial;
e) o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais até 21 ou 24 anos
de idade se estiver cursando o ensino superior ou escola técnica de
2º grau, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de
qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o
trabalho;
f) os pais, os avós ou bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tri-
butáveis ou não, superior ao limite de isenção mensal (atualmente
R$ 1.903,98);
g) o absolutamente incapaz, nos termos da lei, do qual o contribuinte
seja tutor ou curador.
1. Salário-base: R$ 2.000,00
2. Comissões recebidas no mês: R$ 200,00
Parcela a deduzir
Base de cálculo (R$) Alíquota (%) do IRPF (R$)
Até 2.112,00 – –
Veja que, na prática, a parcela a deduzir nada mais é do que 7,5% aplicado
à parcela isenta de R$ 1.903,98.
Outros descontos
Como discutido anteriormente, descontos autorizados por lei envolvem as
con- tribuições sindicais autorizadas pelo empregado, a contribuição
previdenciária (contribuição ao INSS), o imposto de renda retido na fonte, o
vale-transporte e as faltas e atrasos do empregado. Já tratamos dos
cálculos da contribuição previdenciária e do imposto de renda retido na
fonte. Abordaremos em seguida o desconto autorizado do vale-transporte.
Apesar do transporte ser um direito do empregado, a legislação não veda
ao empregador descontar parte do benefício concedido. Nos termos do art.
9º, I, do Decreto nº. 95.247/87 (BRASIL, 1987), poderá ser descontado do
em- pregado até 6% do salário-base.
Note que se trata de uma faculdade do empregado e que o princípio
da norma mais benéfica ao empregado é aplicável ao desconto (ex. caso
um documento coletivo tenha a previsão de um desconto menor,
prevalecerá a condição mais favorável ao empregado). Um outro ponto de
destaque se refere à base de cálculo do desconto para o empregado que
recebe salário fixo e variável. Não há dispositivo expresso que determine a
inclusão ou não da parte variável no cálculo do desconto do vale-
transporte, de modo que se recomenda uma consulta prévia à Secretaria
Especial de Trabalho e/ou sindicato da categoria.
R$ 2.000,00 × 6% = R$ 160,00
Salário-base: R$ 2.000,00
Jornada de trabalho: 220 horas / mês
Sh (salário-hora) = R$ 2.000,00 / 220 = R$ 9,09
Atrasos e faltas na semana: 8 horas – 1 dia
Valor do desconto de horas = R$ 9,09 × 8 horas = R$ 72,73
Salário-base: R$ 2.000,00
Horas extras do mês: R$ 84,00
Adicional de periculosidade: R$ 600,00 (30% sobre o salário)
Comissões do mês: R$ 1.200,00
Adicional Noturno: R$ 200,00
Instituição Alíquota
Senai 1,0%
Sesi 1,5%
Senac 1,0%
Sesc 1,5%
Sest 1,5%
Senat 1,0%
Sescoop 2,5%
Salário-educação
Trata-se de uma contribuição social que tem como objetivo fomentar os pro-
gramas, projetos e ações voltados para a educação básica pública. O salário
educação possui fundamento na Constituição Federal, mais especificamente
no § 5º do art. 212 (BRASIL, [2016], documento on-line):
Referências
BRASIL. Consolidação das leis do trabalho: CLT e normas correlatas. Brasília: Senado
Federal, 2017a. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/
id/535468/clt_e_normas_correlatas_1ed.pdf?sequence=6. Acesso em: 30 out. 2020.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/del0020.htm. Acesso
em: 29 out. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943... Brasília:
Presidência da República, 2017b. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em:
29 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Economia. Receita Federal. IRPF (Imposto sobre a renda das
pessoas físicas). Brasília, 2020b. Disponível em: https://www.gov.br/receitafede-
ral/pt-br/assuntos/orientacao-tributaria/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-
-fisica#calculo_mensal_IRPF. Acesso em: 29 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Economia. Segurança e Saúde no Trabalho. Normas Regulamen-
tadoras (NR). NR 15 – Atividades e operações insalubres. Brasília: SIT, 2019a.
Disponível em:
https://sit.trabalho.gov.br/portal/images/SST/SST_normas_regulamentadoras/ NR-
15-atualizada-2019.pdf. Acesso em: 29 out. 2020.
em: https://sit.trabalho.gov.br/portal/images/SST/SST_normas_regulamentadoras/
NR-16-atualizada-2019.pdf. Acesso em: 29 out. 2020.