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Lista Sintaxe Dissertativa
Lista Sintaxe Dissertativa
Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nos quais se vende o chá
Matte Leão. Observe as construções a seguir, feitas a partir do enunciado em questão:
Matte à vontade.
Mate a vontade.
Mate à vontade.
a) Complete cada uma das construções acima com palavras ou expressões que explicitem as
leituras possíveis relacionadas à propaganda.
b) Retome a propaganda e explique o seu funcionamento, explicitando as relações
morfológicas, sintáticas e semânticas envolvidas.
2. (Unicamp 2006) Na capa do caderno "Aliás" do jornal "O Estado de S. Paulo" de 10 de julho
de 2005, encontramos o seguinte conjunto de afirmações que também fazem referência à crise
política do Governo Lula:
Getúlio tanto sabia que preparou a carta-testamento. Juscelino sabia que seria absolvido pela
História. Jânio sabia que sua renúncia embutia um projeto autoritário. Jango sabia o tamanho
da conspiração ao seu redor. Médici ia ao futebol, mas sabia de tudo. Geisel sabia que Golbery
entendera o projeto de abertura. (...)
a) Em todas as afirmações, há um padrão que se repete. Qual é esse padrão e como ele
estabelece a relação com a crise política do atual governo?
b) Apresente, por meio de paráfrases, duas interpretações para a palavra 'tanto' na frase"
Getúlio tanto sabia que preparou a carta-testamento".
3. (Unicamp 2004) Em sua coluna na "Folha Ilustrada", Mônica Bergamo comenta sobre o
curta-metragem previsto para ser lançado em novembro de 2003 - "Um Caffé com o Miécio".
Transcrevemos parte da coluna a seguir:
(...) Quando ouvia a trilha sonora do curta "Um Caffé com o Miécio", que Carlos Adriano finaliza
sobre o caricaturista, colecionador de discos e estudioso Miécio Caffé (1920-2003), Caetano
Veloso se encantou por uma música específica. Era a desconhecida marchinha "A Voz do
Povo", de Malfitano e Frazão, que Orlando Silva gravou em 1940, cuja letra diz "QUE raiva
danada QUE eu tenho do povo, QUE não me deixa ser original". "É um manifesto, como SUA
obra", disse o MÚSICO BAIANO ao CINEASTA PAULISTANO. (Adaptado de Mônica Bergamo,
"Folha de S. Paulo", 11/10/2003, p. E2).
a) Explique o título do curta-metragem.
b) Identifique pelo menos duas possibilidades de leitura de "SUA obra" e justifique cada uma
delas.
c) As três ocorrências da partícula "QUE" destacadas estabelecem relações de natureza
linguística diversa. Explicite-as.
d) Os dois trechos MÚSICO BAIANO e CINEASTA PAULISTANO retomam elementos
anteriormente apresentados no texto de maneira diferente dos recursos analisados nos itens b
e c. Como funciona esse processo de retomada?
Poética
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Pelas precedentes considerações se manifesta que não é ofício de poeta narrar o que
aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível
segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta,
por escreverem verso ou prosa (pois que bem poderiam ser postas em verso as obras de
Heródoto, e nem por isso deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram em prosa),
- diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por
isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela
principalmente o universal, e esta o particular. Por "referir-se ao universal" entendo eu atribuir a
um indivíduo de determinada natureza pensamentos e ações que, por liame de necessidade e
verossimilhança, convêm a tal natureza; e ao universal, assim entendido, visa a poesia, ainda
que dê nomes aos seus personagens; particular, pelo contrário, é o que fez Alcibíades ou o que
lhe aconteceu.
(Aristóteles, Poética)
Corte na Aldeia
- A minha inclinação em matéria de livros (disse ele), de todos os que estão presentes é bem
conhecida; somente poderei dar agora de novo a razão dela. Sou particularmente afeiçoado a
livros de história verdadeira, e, mais que às outras, às do Reino em que vivo e da terra onde
nasci; dos Reis e Príncipes que teve; das mudanças que nele fez o tempo e a fortuna; das
guerras, batalhas e ocasiões que nele houve; dos homens insignes, que, pelo discurso dos
anos, floresceram; das nobrezas e brasões que por armas, letras, ou privança se adquiriram.
[...]
[...]
- Vós, senhor Doutor (disse Solino) achareis isso nos vossos cartapácios; mas eu ainda estou
contumaz. Primeiramente, nas histórias a que chamam verdadeiras, cada um mente segundo
lhe convém, ou a quem o informou, ou favoreceu para mentir; porque se não forem estas tintas,
é tudo tão misturado que não há pano sem nódoa, nem légua sem mau caminho. No livro
fingido contam-se as cousas como era bem que fossem e não como sucederam, e assim são
mais aperfeiçoadas. Descreve o cavaleiro como era bem que os houvesse, as damas quão
castas, os Reis quão justos, os amores quão verdadeiros, os extremos quão grandes, as leis,
as cortesias, o trato tão conforme com a razão. E assim não lereis livro em o qual se não
destruam soberbos, favoreçam humildes, amparem fracos, sirvam donzelas, se cumpram
palavras, guardem juramentos e satisfaçam boas obras. [...]
Muito festejaram todos o conto, e logo prosseguiu o Doutor:
- Tão bem fingidas podem ser as histórias que merecem mais louvor que as verdadeiras; mas
há poucas que o sejam; que a fábula bem escrita (como diz Santo Ambrósio), ainda que não
tenha força de verdade, tem uma ordem de razão, em que se podem manifestar as cousas
verdadeiras.
(Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia)
Crônica (15.03.1877)
Mais dia menos dia, demito-me deste lugar. Um historiador de quinzena, que passa os dias no
fundo de um gabinete escuro e solitário, que não vai às touradas, às câmaras, à rua do
Ouvidor, um historiador assim é um puro contador de histórias.
E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de histórias é
justamente o contrário de historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que
um contador de histórias. Por que essa diferença? Simples, leitor, nada mais simples. O
historiador foi inventado por ti, homem culto, letrado, humanista; o contador de histórias foi
inventado pelo povo, que nunca leu Tito Lívio, e entende que contar o que se passou é só
fantasiar.
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O certo é que se eu quiser dar uma descrição verídica da tourada de domingo passado, não
poderei, porque não a vi.
[...]
(Joaquim Maria Machado de Assis, História de Quinze Dias. In: Crônicas)
4. (Unesp 2003) Os pronomes demonstrativos são algumas vezes empregados na frase para
fazer referência a termos antecedentes, ou seja, empregados anteriormente na mesma ou em
outra frase. De posse desta informação,
b) explique, com base nessa e em outras passagens do texto de Aristóteles, a diferença entre o
historiador e o poeta.
Canção do Tamoio
II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
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De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
(GONÇALVES DIAS, Antônio. Obras Poéticas. Tomo II. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1944, p. 42-43.)
Hino do Deputado
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5. (Unesp 2002) No verso do "Hino do Deputado" "A prestação ou sem ela", o pronome
pessoal do caso reto "ela" faz referência ao antecedente "prestação". Fundamentado nesta
informação e neste exemplo,
a) aponte o antecedente a que se refere o pronome "as" no seguinte período de "Oração aos
Moços": "Poderá ser que resigneis certas situações, como eu as tenho resignado.";
b) ainda considerando o período "Poderá ser que resigneis certas situações, como eu as tenho
resignado", identifique a função sintática exercida pelo pronome "as" e por seu antecedente nas
respectivas orações de que fazem parte.
OS LUSÍADAS, VI, 8
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(In: CAMÕES, Luís de. OS LUSÍADAS. Lisboa: Imprensa Nacional, 1971. p.195.)
A ONDA
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda
(In: BANDEIRA, Manuel. ESTRELA DA VIDA INTEIRA. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio
Editora, 1966. p.286.)
6. (Unesp 2000) Na Língua Portuguesa, a colocação das palavras e dos termos nas orações
apresenta certa flexibilidade, o que permite aos escritores buscar efeitos estilísticos e
expressivos pela alteração da ordem usual, ou também, como no caso dos dois últimos versos
da estrofe de Camões, obter o número de sílabas e o ritmo desejados. Releia esses dois
versos e, a seguir,
a) indique a função sintática exercida pelo termo "campo" na oração que constitui o sétimo
verso, e qual a função sintática exercida pelo termo "estas úmidas Deidades", no oitavo verso;
b) reescreva as orações que constituem esses versos, colocando os dois termos acima
mencionados em posições aceitáveis gramaticalmente, mas diferentes das escolhidas pelo
poeta.
CONVITE A MARÍLIA
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Mulher Nordestina:
- Meu santo, minha família foi embora, meu santo. Filho, nora, neto..., fiquei só com o meu
velho que morreu na semana passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu santo, me diga,
onde é que eles foram, meu santo?
Lord Cigano:
- E eu sei lá? Como é que eu vô saber? Quer dizer... eu sei... eu... Eu tô vendo. Eu estou vendo
a sua família, eles estão a muitas léguas daqui.
Mulher Nordestina:
- Vivos?
Lord Cigano:
- É, vivos, se acostumando ao lugar novo.
Mulher Nordestina:
- A gente se acostuma com tudo... Onde é que eles estão agora, meu santo?
Lord Cigano:
- Ah, pera aí, deixa eu ver! Eu tô vendo: eles estão num vale muito verde onde chove muito, as
árvores são muito compridas e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, Que..
ninguém precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os jovens não perdem sua força. É
uma terra tão verde... Altamira!
(In: filme BYE BYE BRASIL (1979). Produzido por Lucy Barreto. Escrito e dirigido por Carlos
Diegues.)
7. (Unesp 1998) A primeira fala da Mulher Nordestina, em "Bye Bye Brasil", caracteriza-se
pelas interpelações em primeira pessoa, repetições de palavras e a retomada insistente dos
mesmos conteúdos. Releia com atenção o referido discurso direto e, em seguida,
a) indique uma frase em que ocorre repetição do elemento vocativo;
b) explique o valor semântico que o vocábulo "povo" representa na elocução emotiva da
personagem.
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8. (Fuvest 1996) No final da Guerra Civil americana, o ex-coronel ianque (...) sai à caça do
soldado desertor que realizou assalto a trem com confederados.
["O Estado de S. Paulo", 15/09/95]
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Gabarito:
Resposta da questão 1:
a) -"Matte à vontade." - O sentido é de haver chá da marca anunciada em grande quantidade.
- "Mate a vontade." - A frase, de teor conativo, convida o receptor a satisfazer seu desejo.
-"Mate à vontade". A frase, também conativa, chama o receptor a matar o quanto queira. Aqui o
verbo matar está empregado em sentido próprio.
b) Na primeira, como se viu, "Matte" é substantivo, com grafia que vale como sinédoque da
marca anunciada, e "à vontade" é locução adverbial .
A segunda - "mate a vontade" - vale como uma exortação ao consumo da bebida (como em
"Beba Coca-Cola"), com a sugestão, logo explicitada, de que a vontade seja de beber o "Matte
Leão". "A vontade" tem função sintática de objeto direto.
A terceira - Verbo "matar", no sentido literal. "À vontade" é locução adverbial (adjunto
adverbial).
Resposta da questão 2:
a) O padrão repetido é o de predicar o verbo "saber" para os sujeitos que são os diversos
presidentes da República alinhados no enunciado. O objeto de "saber", em todos os casos, é a
situação que envolvia o presidente mencionado. A ilação é que, também no caso de Lula, o
presidente sabe.
b) 1) Getúlio sabia tão bem do que se passava, que, em consequência, preparou a carta-
testamento. 2) É tão verdadeiro o fato de que Getúlio sabia, que...
Resposta da questão 3:
a) Faz-se um jogo com o nome de Miécio Caffé, sendo o sobrenome tomado como substantivo
comum.
b) Sua obra pode se referir a obra dos compositores mencionados: Malfitano e Frazão, Orlando
Silva, Miécio Caffé e Carlos Adriano.
c) Primeiro: adjetivo (dá intensidade ao substantivo "raiva")
Segundo: objeto "de tenho"
Terceiro: sujeito "de deixa"
d) As expressões destacadas substituem dois nomes próprios para evitar repetições. Tal
substituição é de tipo metonímico. Trata-se de uma figura de linguagem chamada antonomásia.
Resposta da questão 4:
a) "Aquela" = "a poesia"; "esta" = "a história".
b) Segundo Aristóteles, o que faz o historiador é "narrar o que aconteceu"; logo, o seu objeto
são os fatos concretos, isto é, os fatos em sua singularidade ou particularidade. Quanto ao
poeta, o que ele faz é "representar o que poderia ter sido", ou seja, o seu objeto são os fatos
em sua generalidade ou universalidade.
Resposta da questão 5:
a) O antecedente a que se refere o pronome "as" é "certas situações".
b) O pronome "as" desempenha a função sintática de objeto direto da forma verbal "tenho
resignado".
Resposta da questão 6:
a)
- campo: objeto direto
- estas úmidas Deidades: sujeito
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Resposta da questão 7:
a) Trata-se do vocativo "Meu santo" empregado com repetição em: "MEU SANTO, minha
família foi embora, MEU SANTO"; "MEU SANTO, me diga, onde é que eles foram, MEU
SANTO".
Resposta da questão 8:
a) ... sai à caça do soldado desertor que, com confederados, realizou assalto a trem.
... sai à caça do soldado desertor que realizou assalto a trem com confederados em seu
interior.
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Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®
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