Você está na página 1de 5

1º teste de Análise Matemática 3-B

2º semestre de 2020/21, duração: 1 hora e 30 minutos

08 de Maio de 2021
Só serão consideradas respostas devidamente justificadas.
1. (a) Estude a natureza das seguintes séries numéricas reais, indicando se divergem, convergem
simplesmente ou convergem absolutamente. Na alı́nea a) indique também a soma
da série caso esta seja convergente.
X
i. (2 valores.) (−1)n 2n 5−n 3−1 .
n≥2
2
X  1 − n2 n
ii. (2 valores.) .
n2
n≥1
 
X 3n 2
iii. (2 valores.) √ sin .
n − n2 n
n≥2
(b) (2 valores.) Resolva, em C, a equação eiz + 1 = 2e−iz .
(c) (2 valores.) Calcule a imagem do conjunto
n π πo
A = z ∈ C \ {0} : 1 < |z| < 2 ∧ < Arg(z) <
6 3
pela função complexa de variável complexa f (z) = −2z 5 .

Resolução.

1.(a).i Temos que


(−1)n+1 2n+1 5−(n+1) 3−1 2 2
= − = , ∀n ∈ N.
(−1)n 2n 5−n 3−1 5 5
2
Como tal, a série dos módulos é geométrica de razão R = . Sendo |R| < 1, a série dos
5
módulos converge, pelo que a série do enunciado converge absolutamente.

2 22
A série do enunciado é geométrica de razão − e primeiro termo 2 , pelo que a sua
5 5 3
soma é
22 1 22
2 2
= .
5 3 1 − −5 3.5.7

1
1.(a).ii Temos que
n2 n2 n2
1 − n2 n2 − 1
  
−1
lim = lim = lim 1+ 2 = e−1 6= 0
n→+∞ n2 n→+∞ n2 n→+∞ n

Coucluı́mos assim que o termo geral da série não converge para zero, pelo que a série
diverge.
1.(a).iii Para todo o n ≥ 2, √
n − n2 < 0
e  
2
sin > 0.
n
Como tal a sériedo 
enunciado é uma série
 de termos negativos. Pela álgebra das séries,
X 3n 2 X 3n 2
√ sin e √ sin têm a mesma natureza. Além disso, como
n − n2 n n2 − n n
n≥2   n≥2
X 3n 2
2
√ sin é a série dos módulos do enunciado, se esta convergir a série do
n − n n
n≥2
enunciado converge absolutamente.

Temos que
3n√ 2

sin 6n2 sin n2

n2 − n n
lim 1 = lim 2 √ 2 = 6.1 = 6 6= 0, +∞.
n→+∞ n→+∞ n − n
n2 n
 
X 3n 2 1
Pelo 2º critério geral de comparação, as séries
P
√ sin e n≥2 n2
têm a
n2 − n n
n≥2
mesma natureza. A série n≥2 n12 é uma série de Dirichlet com parâmetro 2 > 1, logo
P
convergente. Concluı́mos assim que a série do enunciado converge absolutamente.
1.(b) Vamos multiplicar ambos os lados da igualdade pela quantidade não nula eiz .
 2
iz −iz iz 2
 iz iz 2
 iz iz 1 9
e +1 = 2e ⇔ e +e = 2 ⇔ e +e −2 = 0 ⇔ e + − =0⇔
2 4

1 3 1 3
⇔ eiz + = ∨ eiz + = − ⇔ eiz = 1 ∨ eiz = −2 ⇔ eiz = e0 ∨ eiz = eln 2+iπ ⇔
2 2 2 2
⇔ iz = 2kπi ∨ iz = ln 2+iπ+2kπi, k ∈ Z ⇔ z = 2kπ ∨ z = (2k+1)π−i ln 2, k ∈ Z.

1.(c) A forma trigonométrica da função f (z) é


 5
−2z 5 = 2e−iπ |z|eiArg(z) = 2|z|5 ei(5Arg(z)−π)

Temos que
1 < |z| < 2 ⇔ 2 < 2|z|5 < 26 ⇔ 2 < |f (z)| < 26 .

2
e
π π 5π 5π π 2π
< Arg(z) < ⇔ < 5Arg(z) < ⇔ − < 5Arg(z)−π < ⇔
6 3 6 3 6 3
π 2π
⇔− < Arg(f (z)) < .
6 3
Concluı́mos assim que a imagem de A por f é o conjunto
 
6 π 2π
z ∈ C \ {0} : 2 < |z| < 2 ∧ − < Arg(z) < .
6 3

———————————– Mude de folha ———————————–

2. (a) Considere a função de uma variável complexa definida por


1
f (z) = z̄ 2 + 2iz̄ + .
z
i. (2 valores.) Determine a parte real e a parte imaginária de f .
ii. (3 valores.) Indique o maior conjunto de pontos onde f admite derivada e calcule
f 0 nesses pontos.
(b) Seja c uma constante real. Considere a função real a duas variáveis reais

u(x, y) = x2 + x − c2 y 2 .

i. (2 valores.) Sem a calcular, mostre que existe v(x, y), a conjugada harmônica de u
(a função f (z) = f (x + iy) = u(x, y) + iv(x, y) é inteira), se e só se c = 1 ou c = −1.
ii. (3 valores.) Para os valores de c indicados na alı́nea anterior, determine a função
v(x, y) conjugada harmônica de u tal que f (−1) = 3i. Escreva a expressão da função
f em termos de z.

Resolução.

2.(a).i Seja z = x + iy, (x, y) ∈ R2 \ {(0, 0)}. Temos que


1 x − iy
z̄ 2 +2iz̄+
= (x−iy)2 +2i(x−iy)+ 2 =
z x + y2
   
2 2 x y
= x − y + 2y + 2 +i 2x − 2xy − 2 .
x + y2 x + y2
Obtemos assim que
x
u(x, y) = Re(f (x + iy)) = x2 − y 2 + 2y +
x2 + y2
e
y
v(x, y) = Im(f (x + iy)) = 2x − 2xy − .
x2 + y2

3
2.(a).ii Dado que u, v ∈ C ∞ (R2 \ {(0, 0)}), u e v são funções diferenciáveis em todos os pontos
de R2 \ {(0, 0)}. Calculemos o conjunto dos pontos onde se verificam as condições de
Cauchy-Riemann. Para (x, y) ∈ R2 \ {(0, 0)},

x2 + y 2 − x.2x x2 + y 2 − y.2y

∂u ∂v

 =

 2x + = −2x −
(x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2
 
 ∂x
 ∂y 

⇔  ⇔
 ∂u = − ∂v

x.2y y.2x

 

 −2y + 2 − = − 2 − 2y +
 

∂y ∂x (x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2

y 2 − x2 x2 − y 2


 2x + = −2x −  
(x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2  4x = 0  x=0



⇔ ⇔ ⇔ .

 2xy 2xy 
4y = 4

y=1
 −2y + 2 − = 2y − 2 −


(x2 + y 2 )2 (x2 + y 2 )2

Pelo teorema de Cauchy-Riemann, f apenas admite derivada em i e


∂u ∂v
f 0 (i) = (0, 1) + i (0, 1) = 1 + i.0 = 1.
∂x ∂x

2.(b).i A função u(x, y) admite conjugada harmônica v(x, y) em R2 se e só se u(x, y) for
harmônica em R2 . Para todo (x, y) ∈ R2 ,

∂2u ∂2u ∂ ∂ 2
= 2−2c2 .

∆u(x, y) = (x, y)+ (x, y) = (2x + 1)+ −2c y
∂x2 ∂y 2 ∂x ∂y
Então

∆u(x, y) = 0 ⇔ 2−2c2 = 0 ⇔ c2 = 1 ⇔ c = −1 ∨ c = 1.

Concluı́mos assim, por definição, que u é harmônica em R2 se e só se c = −1 ∨ c = 1.


2.(b).ii Dado que f é inteira então verifica as condições de Cauchy-Riemann em R2 , ou seja,
para todo o (x, y) ∈ R2 ,

∂u ∂v ∂v
 

 = 
 = 2x + 1
 ∂x
 ∂y  ∂y

⇔ .
 ∂u = − ∂v  ∂v = 2c2 y = 2y

 

 
∂y ∂x ∂x
Primitivando a segunda equação do sistema em ordem a x, existe uma função g(y) tal
que
v(x, y) = 2xy + g(y).
Substituindo a expressão obtida para v na primeira equação, obtemos

2x + g 0 (y) = 2x + 1 ⇔ g 0 (y) = 1 ⇔ g(y) = y + k, k ∈ R.

4
Da condição f (−1) = 3i vem que

u(−1, 0)+iv(−1, 0) = 3i ⇔ ((−1)2 −1−c2 .0)+i(2.(−1).0+0+k) = 3i ⇔ ik = 3i ⇔ k = 3.

Vamos agora escrever a expressão de f em termos de z.

f (z) = f (x+iy) = x2 + x − c2 y 2 +i (2xy + y + 3) = x2 − y 2 + 2ixy +(x+iy)+3i =


 

= (x+iy)2 +(x+iy)+3i = z 2 +z+3i.

Você também pode gostar