Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artigo Leonardo
Artigo Leonardo
RESUMO
O presente trabalho faz uma reflexão sobre a importância do Plano Diretor nos processos de
expansão urbana do Município de Maquiné, que se localiza em uma zona de transição bastante
singular no contexto do Litoral Norte gaúcho, abrangendo as encostas da Serra do Mar, que iniciam
nas bordas dos Campos de Cima de Serra, até os campos úmidos da planície costeira, os vales
entre os morros e as lagoas que compõem a sistema fluvial no Rio Maquiné/Forqueta. Nesse
sentido, são retomadas em perspectiva alguns aspectos da apropriação deste território pelas
atividades humanas, com especial ênfase às regras estabelecidas no Plano Diretor. Em seguida, são
feitas algumas considerações a respeito das implicações sociomateriais adstritas ao território em
questão, destacando-se a presença de uma comunidade remanescente de quilombo, da Reserva
Biológica de Mata Atlântica, aldeias indígenas e APPs. Por fim, enfatiza-se as deficiências dos
processos formais de discussão das alterações legislativas que refletem intensamente na vida da
população propondo-se, nesse contexto, um olhar mais crítico para a realidade territorial envolvida
nesses processos, incluindo na dinâmica do pensamento sobre desenvolvimento local e regional
algumas variáveis socioambientais.
ABSTRACT
This paper reflects on the importance of the Master Plan in the processes of urban expansion in the
municipality of Maquiné, which is located in a very unique transition zone in the context of the
northern coast of Rio Grande do Sul, covering the slopes of the Serra do Mar, which begin at the
edge of the Campos de Cima de Serra, up to the humid fields of the coastal plain, the valleys
between the hills and the lagoons that make up the river system of the Maquiné/Forqueta River. In
this sense, some aspects of the appropriation of this territory by human activities are taken into
perspective, with special emphasis on the rules established in the Master Plan. Next, some
considerations are made about the socio-material implications attached to the territory in question,
highlighting the presence of a quilombo remnant community, the Atlantic Forest Biological Reserve,
indigenous villages and APPs. Finally, it emphasize the shortcomings of the formal processes for
discussing legislative changes that have an intense impact on the lives of the population. In this
context, it propose a more critical look at the territorial reality involved in these processes, including
some socio-environmental variables in the dynamics of thinking about local and regional
development.
A apropriação de uma determinada área em seu aspecto físico pode ser explicada por múltiplos
aspectos, como a partir do próprio conceito de território, podendo este assumir os limites políticos
administrativos de um município ou, de maneira mais abstrata, se referir a outros tipos de relações
estabelecidas objetiva e intersubjetivamente entre os habitantes de um lugar com o ambiente e entre
si, com outros lugares e com o Estado, atravessados por sua cultura, seus costumes, por relações
de poder.
Essa perspectiva vai além daquela concepção de território mais ligada ao Direito e à Política que o
considera como elemento material essencial da constituição Estado Moderno, indispensável,
portanto, à existência do próprio Estado, em conjunto com o povo sujeito a um poder soberano
(DALLARI, 1994, pp. 60-61)
Nesse sentido, quando se fala de território, ainda que o pano de fundo seja o Município de
Maquiné, não se quer dizer com isso que seja apenas a circunscrição territorial municipal decorrente
de lei o objeto de estudo, previamente dada e imutável, senão a multiplicidade de fenômenos e
eventos produzidos nesse lugar, sendo ponto de partida, de passagem ou destino final de suas
consequências ou fim, produzindo-o e transformando-o.
Importa, também, o conteúdo social e coletivo humano de uma concepção de território, na medida
em que a sua apropriação e produção se dá, ao mesmo tempo, através de processos ou dinâmicas
econômicas, culturais e políticas, as quais sofrem a ação constante de grupos ou classes sociais em
suas territorialidades cotidianas (SAQUET, 2015, p. 127).
No caso específico da reflexão sobre a expansão urbana Maquiné, emerge a preocupação com a
expansão das áreas urbanas sobre as áreas rurais, a expansão desordenada das atividades
econômicas sobre áreas de preservação permanente, bem como a questão específica da
transformação da matriz econômica local, antes eminentemente agropastoril, com o advento de
empreendimentos turísticos e imobiliários.
Assim, a dicotomia urbano/rural deve ser entendida com ressalvas, mas também reconhecendo-se
que o espaço rural aqui e em várias partes do mundo, é atravessado pelo lógica que preside as
relações sociais no espaço urbano, que são profundamente condicionadas pela relações de
produção e consumo, em cujo bojo a mercadoria, como fetiche (MARX, 1996, p. 165-166), se
torna bem mais que um meio, mas um fim em si mesma ou, ainda, um meio para alcançar um fim que
nada tem de relação com as propriedades essenciais dessa mercadoria (função atualmente assumida
pelo marketing).
Não é somente em nível industrial, nos shopping centers e megastores das grandes cidades que a
força do acúmulo de capital estendeu suas raízes, e não apenas em relação a bens de móveis,
fungíveis e de primeira necessidade, também a moradia se transformou em investimento bem além
de seu valor de uso como morada, assim como:
Dentre essas questões, todas determinantes no processo de expansão urbana, tem destaque então a
ocupação irregular solo, que é realidade em diversos municípios país afora, não sendo diferente em
Maquiné. Ao mesmo tempo, o conjunto de ações do poder público, seus atos administrativos e a
própria iniciativa legislativa local, assumem um papel preponderante na definição de como essa
ocupação se dá e a partir de quais premissas.
Assim, o Plano Diretor como premissa orientadora desse agir público, deve (ou deveria) ser ampla
e continuamente discutido com a sociedade local, população em geral, os diversos atores, técnicos
dos diversos campos do conhecimento implicados pelas disposições da referida norma, para
somente então promover alterações em qualquer sentido, sobretudo aquelas que têm o potencial de
promover profundas alterações na configuração territorial do município.
.
Entretanto, não são raras as vezes em que tais alterações não passam pela necessária discussão
pública, sendo levadas a termo de maneira açodada e sem o devido fundamento técnico a respeito
de seu conteúdo, razão pela qual são aqui analisadas, por fim, as iniciativas legislativas que alteraram
o Plano Diretor de Maquiné, a fim de melhor compreender as suas razões e quais os reflexos
práticos que delas podem decorrer.
1
Para um maior detalhamento das descrições das legendas ver: MAPBIOMAS BRASIL. DESCRIÇÃO DA
LEGENDA COLEÇÃO 7.0. Disponível em:
<https://storage.googleapis.com/mapbiomas-public/brasil/downloads/Legenda%20Colec%CC%A7a%CC%83o%
207%20-%20Descric%CC%A7a%CC%83o
%20Detalhada.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2023.
De lá para cá sua população permaneceu praticamente estagnada, de maneira significativamente
diversa da evolução apresentada por outros municípios do Litoral Norte gaúcho, sobretudo os
costeiros, nos quais há uma variação demográfica evidente, a qual não deve ser confundida com a
sazonal, que se refere a migração temporária de muitas pessoas durante o verão ou em períodos de
férias e feriados prolongados, mesmo que parte destas tenham constituído suas segundas residências
na praia (STROHAECKER, 2007).
A Tabela 1 a seguir apresenta essa evolução demográfica diferenciada entre alguns dos municípios
costeiros e não costeiros, escolhidos por sua proximidade ou semelhanças socioeconômicas com
Maquiné:
Tabela 1
MUNICÍPIO 1991 2000 2010 2022
Caraá 5.891 6.403 7.312 8.957
Imbé 7.352 12.242 17.667 26.824
Itati 1.483 - 2.589 2.941
Maquiné 7.434 7.304 6.908 7.418
Osório 29.423 36.131 40.941 47.400
Terra de Areia 8.924 11.453 9.878 10.286
Três Cachoeiras 7.999 9.523 10.217 11.551
Três Forquilhas 3.255 3.239 2.914 2.760
Xangri-lá 3.036 8.197 12.434 16.463
Fonte: Censos do IBGE, 1991, 2000, 2010 e 2022.
Por outro lado, observa-se nos Gráficos 1 e 2 e nas Tabelas 2 e 3 abaixo, adaptados no Projeto
MapBiomas, que a despeito da imobilidade demográfica de Maquiné, a expansão urbana no
município é significativa e se dá a partir de um território de 613,58 km2 (61.358 hectares), cuja
maior parte da área é ocupada por florestas e corpos d’água, sendo menor, mas também marcante,
o percentual do território destinado a atividades agropecuárias:
Fonte: MAPBIOMAS.
Tabela 2 Tabela 3
Fonte: MAPBIOMAS.
Com efeito, verifica-se que a área urbanizada passou de apenas 8 ha em 1992, para 53 ha em
2021, isto é, apesar de sua população ter permanecido praticamente imóvel no período, a
urbanização aumentou 662% nessas três décadas, sendo que mesmo assim essa área urbanizada
representa apenas 0,086% do território.
Nesse sentido, ainda que tenha permanecido discreta presença de áreas urbanizadas em relação ao
total, o território de Maquiné inclui muitas áreas que são suscetíveis a serem urbanizadas, conforme
pode ser observado no Mapa 1 abaixo, como as áreas de preservação permanente, a Reserva
Biológica da Serra Geral2 (destacada em verde) e uma área indígena demarcada com cerca de
1.437,58 ha3 (destacada em amarelo), assim como duas outras áreas indígenas e um território
remanescente de quilombo4 (destacado em branco) não titulados e/ou em processo de demarcação.
2
Cf. SEMA. Reserva Biológica da Serra Geral. Disponível em:
<https://www.sema.rs.gov.br/reserva-biologica-da-serra-geral>. Acesso em: 01 ago. 2023.
3
Cf. TERRAS INDÍGENAS DO BRASIL. Terra Indígena Guarani Barra do Ouro. Disponível em:
<https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3675>. Acesso em: 07 ago. 2023.
4
Cf. BRASIL. Portaria nº 19, de 14 de maio de 2004. Ministério da Cultura. Fundação Palmares. Diário Oficial da
União. Seção 1, nº 107. Brasília: IN, 2004. p. 19. Disponível em:
<https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=04/06/2004&jornal=1&pagina=19&totalArquiv
os=72>. Acesso em: 01 ago. 2023.
Mapa 1
Tais dados podem, então, ser lidos em conjunto, a fim de que se componha um quadro cada vez
mais fidedigno a respeito desses padrões de uso e de cobertura, como, por exemplo, os dados do
IBGE.
A esse respeito, os Censos Agropecuários de 2006 e 20175, realizados pelo referido instituto,
indicam que uma redução de 8,76% na área utilizada para atividades agropecuárias, e de 23,02%
no número de pessoas trabalhando em estabelecimentos agropecuários, e um aumento de 64,73%
no número de tratores (não foram encontrados dados referentes a variável “construções,
benfeitorias ou caminhos” para o ano de 2017), conforme Tabela 2 abaixo:
Tabela 2
2006 2017
VARIÁVEL Hectares Quantidade Hectare Quantidade
s
Área dos estabelecimentos
10.630 - 9.699 -
agropecuários
Nº de estabelecimentos
- 691 - 532
agropecuários
Pessoas trabalhando em
- 1.508 - 1.318
estabelecimentos agropecuários
5
Cf. IBGE CIDADES. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/maquine/pesquisa/24/76693?ano=2006>. Acesso em: 14 ago. 2023.
Tratores - 173 - 285
Construções, benfeitorias ou
316 - - -
caminhos
Fonte: IBGE Cidades.
Como é possível perceber, os dados acima se não confirmam, também não invalidam a hipótese de
que a zona urbana esteja se expandindo, dado que indicam um decrescimento da atividade a da
força de trabalho agropecuária (o que não implica necessariamente em redução na produção, sendo
o incremento no número de tratores um dado a ser aprofundado no sentido de investigar a
mecanização dessas atividades e, por consequência, até o aumento de produtividade, mesmo com
redução de área, por exemplo).
O mesmo movimento pode ser observado na Tabela 3 a seguir, em que percebe-se o incremento de
7,22% na população urbana no período de 2000 a 2010 (sendo que nesse período a população
rural apresentou uma redução de 10,01%), mesmo sem os dados do Censo de 1991 (quando o
território de Maquiné ainda pertencia ao município de Osório), o que poderá ser melhor
compreendido a partir dos microdados do Censo de 2022, ainda não divulgados:
Tabela 3
POPULAÇÃO 1991 2000 2010 2022
Urbana - 1.925 2.064 -
Rural - 5.379 4.841 -
Total 7.434 7.304 6.905 7.418
Fonte: IBGE Cidades.
Em nível regional, para bem dimensionar as devidas escalas com o local e o nacional, se em 2010 a
população de Maquiné totalizava 6.905 pessoas, das quais 2.064 (29,89%) residiam na zona
urbana e 4.841 pessoas (70,11%) residiam na zona rural, ao mesmo tempo, inversamente, no Rio
Grande do Sul essa relação era de 9.100.291 (85,09%) pessoas residindo na zona urbana e
1.593.638 (14,90%) pessoas na zona rural e, no Brasil, de 160.925.792 (84,36%) pessoas
residindo na zona urbana e 29.830.007 (15,63%) pessoas na zona rural6.
6
Cf. IBGE. Sinopse do Censo Demográfico 2010. Disponível em:
<https://www.ibge.gov.br/censo2010/apps/sinopse/index.php?dados=8>. Acesso em: 10 jul. 2023.
claramente qual o papel do Plano Diretor na construção social desse espaço, sobretudo a partir de
sua ordenação territorial.
2 TERRITÓRIO E NORMA
Conforme já referido, neste trabalho o conceito de território é alargado para uma perspectiva de
imaterialidade, estabelecida por ações entre a multiplicidade de atores que o compõem e destes
com o ambiente natural, de maneira contínua e relativamente pragmática.
Considera-se, igualmente, que muito do que se pensa em termos de espaço urbano é orientado pela
lógica das grandes cidades, de onde decorre que seja mais razoável e frequente a análise de
questões ligadas ao mundo rural a partir de pequenas cidades, visto que, igualmente, elas compõem
o chamado “interior”, da própria cidade, do estado ou do país.
Entretanto, também é verdade que onde quer que se encontrem os espaços rurais eles estão, hoje
em dia, profundamente marcados pela influência do mundo urbano, suas tecnologias, valores,
instituições e, sobretudo, sua relação com o tempo.
Surge, nesse sentido, a ideia de fluxo contínuo de ações de foro privado e público, as quais
transcorrem como cotidianidade e interação, no interior de estruturas postas, sendo causa e efeito
de si mesmo, e pela qual:
Assim, a partir da implementação e das alterações do Plano Diretor de 1992, destacam-se, a seguir,
os pontos que refletem mais incisivamente na conformação territorial do município, assim como a
forma em que se deu a participação da sociedade nas discussões a respeito dessas mudanças.
Questiona-se a partir daí se análise da apropriação do território de Maquiné pelas atividades
humanas, com especial ênfase ao Plano Diretor, pode evidenciar alguma tendência na estratégia de
ocupação e de ideia de desenvolvimento, sobretudo partindo das ações do poder executivo, já que
é dele a iniciativa legislativa a respeito das alterações no plano diretor.
E no arcabouço legal que incide sobre o presente objeto de reflexão, como instrumentos de
organização do próprio Estado, o primeiro a ser considerado é a própria Constituição Federal de
1988, a partir da qual se dá a implementação de políticas públicas e a garantia dos direitos
individuais e coletivos, especialmente aqui referidos aqueles decorrentes das relações territoriais.
Por sua vez, em cumprimento a própria Lei Orgânica, o primeiro Plano de Diretor de Maquiné foi
criado pela Lei Municipal nº 905, de 16 de abril de 2010, o qual já trazia como princípio, evocando
a Lei Federal nº 10.257/2001 - Estatuto das Cidades, o seguintes fundamentos ligados aos aspectos
democráticos de gestão do território, entre outros:
Já nesses dois primeiros dispositivos legais observa-se a presença marcante de princípios ligados à
gestão democrática e participativa na ordenação do território, pressupondo o diálogo com a
população envolvida. O próprio Estatuto das Cidades impõe, nesse sentido, uma série de
mecanismos que devem ser mobilizados pelo poder público por ocasião:
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre
outros, os seguintes instrumentos:
I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal;
II – debates, audiências e consultas públicas ;
III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual
e municipal;
IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano;
V – (VETADO)
Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea
f do inciso III do art. 4o desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e
consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes
orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação
pela Câmara Municipal. (Grifou-se)
A esse respeito, vale registrar que a referida alteração se deu antes do que preconizava o próprio
Estatuto das Cidades, segundo o qual o plano diretor deve ser revisto a cada 10 anos (art. 40, §
3º), sob o argumento de que:
Assim, sobretudo os anexos do art. 4º da Lei Municipal nº 905/2010 foram alterados, os quais
tratam dos diversos tipos de zoneamento e regras de ocupação, sendo que aqui analisaremos
especificamente a prancha 6.1 - Morro Alto e Faxinal, do Mapa de Zoneamento Territorial, no qual
é possível verificar que a área mais propícia para a expansão urbana, dada as características
topográficas de seu relevo, é aquela abaixo da RS 407, no trecho que vai da comunidade de Morro
Alto em direção a Barra do João Pedro.
Vale registrar que parte desta área está compreendida no polígono da Comunidade Remanescente
de Quilombo Morro Alto (Mapa 1), além de haver ali várias APPs. Dito isso, o zoneamento nessa
área compreende, entre outros: Eixo Comercial e de Serviços 2 - ECS2 (em parte da faixa de
100m do eixo da RS 407); Eixo Comercial e de Serviços 3 - ECS3; Área Mista 1 - AM1; Área
Mista 4 - AM4; Área Mista 5 - AM5; Área de Proteção do Ambiente Natural - APAN; Área de
Produção Primária Sustentável - APPS; Área de Proteção Primária Integral - APAI (com faixas de
100m e 150m das margens da Lagoa das Malvas, da Lagoa da Pinguela, da Lagoa Negra, Lagoa
do Ramalhete e do Canal do João Pedro); Área de Produção Primária Diversificada - APPD; Área
Predominantemente Residencial 1 - APR1; Área de Desenvolvimento Sustentável - ADS; Área
Especial de Interesse Cultural - AEIC.
7
CÂMARA DE VEREADORES DE MAQUINÉ. Exposição de motivos do Projeto de Lei nº 58/2017. p. 40.
Disponível em: <https://www.maquine.rs.leg.br/tec/proposicao_print_pdf.php?item=1333&assinatura=0>. Acesso
em: 15 ago. 2023.
Mapa 2
Fonte: Revisão do Plano Diretor Municipal - Dez/2009 - Mapa do Zoneamento Territorial / Anexo 6.1 -
Em outras palavras, as áreas que estavam sujeitas a expansão urbana (sendo assim, passíveis de
serem usadas para loteamentos e condomínios, por exemplo), com taxas de ocupação e índices de
aproveitamento maiores, se restringiam a alguns trechos da faixa de 100m e de 150m da RS 407
(ECS 2 e AM4), já que na zona rural (APAN, APPS e APPD), onde as taxas de ocupação e
índices de aproveitamento são evidentemente menores e somente era permitido o parcelamento de
solo em lotes de no mínimo 3 ha8, conforme Tabela 4 abaixo:
Tabela 4
Fonte: Revisão do Plano Diretor Municipal - Dez/2009 - Anexo 3 - Regramento de Controle das Edificações e
Parcelamento do Solo
8
Atualmente, o lote mínimo para fins de parcelamento em zona rural em Maquiné é de 2 ha, segundo o ANEXO III
- ZONAS TÍPICAS DE MÓDULO POR REGIÃO GEOGRÁFICA IMEDIATA, da INSTRUÇÃO ESPECIAL Nº 5, DE
29 DE JULHO DE 2022, que dispõe sobre os índices básicos cadastrais e os parâmetros para o cálculo do módulo
rural. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
Disponível em: <https://in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-especial-n-5-de-29-de-julho-de-2022-418986404>.
Acesso em: 15 ago. 2023.
Ocorre que as alterações realizadas pela Lei Municipal nº 1.320/2017, oriunda do mencionado
Projeto de Lei nº 58/2017, modificaram substancialmente o zoneamento territorial do município e,
diferentemente do que consta no parecer técnico e na exposição de motivos já mencionados, não
foi possível identificar a participação da sociedade civil organizada nas discussões que precederam
ou deveriam ter precedido tais alterações. Foram alterações substanciais, conforme se observa no
Mapa 3 abaixo, a zona urbana de expansão simplesmente foi estendida uniformemente por toda a
área do Morro Alto e da Faxina (ou Faxinal do Morro Alto), resumindo-se em Corredor de
Produção - CP, Zona Industrial - ZI, Área Predominantemente Residencial - APR, e Áreas
Especiais de Interesse Cultural e Turístico - AEICT:
Mapa 3
Fonte: Revisão do Plano Diretor de Maquiné - Nov/2017 - Anexo 3.4 - Morro Alto e Faxina.
Assim, conforme as Tabelas 5 e 6 abaixo, toda a referida área foi transformada em CP, ZI, APR ou
AEICT, cujas regras de uso e ocupação são bem mais permissivas que as anteriores.
Tabela 5
Tabela 6
Assim, mesmo que as atividades a serem desempenhadas nas referidas áreas ainda estejam sujeitas
às regras previstas em outras legislações, como as referente a licenciamentos ambientais, essas
alterações deveriam ter sido amplamente discutidas e postas tanto ao crivo técnico quanto popular,
conforme determinam as leis citadas anteriormente.
E nesse ponto chama-se a atenção para o fato de que não se está dizendo que tais audiências,
reuniões de conselho, entre outros encontros de cunho coletivo, informativo e dialético não tenham
ocorrido, mas sim que efetivamente os documentos a eles relacionados não estão disponíveis para
consulta, o que pode si só vai de encontro ao princípio da publicidade e da transparência públicas,
em como ao devido controle social que deve haver sobre estes processos.
Como agravante, em relação aos outros estudos elaborados com o objetivo de fornecer diretrizes
para o desenvolvimento e ordenação territorial do Litoral Norte do RS e, portanto, de Maquiné, é
possível verificar uma série de contradições que apontam para a desnecessidade das alterações
realizadas pela Lei Municipal nº 1.320/2017.
Entre eles, os resultados da Etapa 4 do “Banco de Dados Regional Digital e preparação do
Zoneamento Regional da Aglomeração Urbana do Litoral Norte – AULINOR” (2016, pp. 10-11),
ao concluírem sua análise do Plano Diretor decorrente da Lei Municipal nº 905/2010, contraponto
às Diretrizes de Uso e Ocupação da BR 101, referem que ambos coincidem em sua maior parte, e
que o plano diretor era mais específico e deveria ser priorizado, mantendo sua previsão sobre as
determinações do Plano de Diretrizes.
Tais fatores trazem consigo a necessidade ainda maior de que efetivamente sejam promovidas
amplas discussões com toda a sociedade nos processos de atualização do Plano Diretor, não
somente tendo em vista o bem estar e a qualidade de vida da população residente no município, mas
também sua própria segurança, no sentido da prevenção relacionada aos eventos climáticos
extremos, o que está diretamente ligado às regras de ordenação do território, com a indicação das
áreas em que deve (ou se deve) se dar a expansão urbana municipal.
Por sua vez, ainda que seja posterior às alterações do Plano Diretor aqui tratadas, o Zoneamento
Ecológico Econômico Costeiro do Litoral Norte do Rio Grande do Sul - ZEEC LN (2022),
elaborado pela FEPAM, previu as seguintes metas e diretrizes para a planície costeira interna (que
pode ser observada no Mapa 4 a seguir):
Metas da ZEEC:
- Manter e recuperar os remanescentes naturais de áreas úmidas, vegetação de
restinga, florestas e campos.
- Manter e recuperar a qualidade e quantidade dos recursos hídricos superficiais e
subterrâneos.
- Manter a qualidade e a quantidade da água das lagoas e a sua batimetria natural.
- Compatibilizar atividades, empreendimentos e serviços de infraestrutura (sistemas
de transporte, geração e transmissão de energia, estações de tratamento de efluentes,
entre outros) às condições de suporte do ambiente natural e da paisagem, conforme
estudos específicos para cada atividade.
- Manter e recuperar os habitats da fauna e da flora ameaçada de extinção,
promovendo ações para a restauração desses ambientes.
Diretrizes ZEEC:
4.1 Controlar a conversão dos campos nativos, bem como a supressão da vegetação
nativa.
4.2 Identificar e conservar os banhados, as áreas úmidas e as drenagens naturais
remanescentes.
[...]
4.5 Controlar e adequar a captação de água subterrânea, a fim de evitar a salinização e
contaminação do aquífero freático, das lagoas e corpos hídricos superficiais.
[...]
4.7 Incentivar o uso de práticas conservacionistas nas atividades agropecuárias.
[...]
4.9 Controlar o parcelamento do solo rural e a expansão urbana e industrial através
do incremento da fiscalização, assegurando o cumprimento da legislação vigente.
4.10 Realizar avaliação ambiental estratégica (AAE) para o licenciamento de polos e
atividades de alta complexidade, considerando a sinergia com outras atividades e
assegurando sua viabilidade ambiental.
Mapa 4
Fonte: FEPAM. Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro do Litoral Norte do Rio Grande do Sul (2022).
É possível perceber, mesmo que por meio de uma rápida análise dessas diretrizes, que muitas delas,
senão todas, dialogam estreitamente com aspectos da ordenação do território, como as
relacionadas à gestão dos recursos hídricos, a preservação da flora e da fauna, a agricultura,
tratamento de efluentes, transmissão de energia, entre outros.
Em sentido contrário, analisando os instrumentos de participação da sociedade nas discussões a
respeito das alterações propostas, verifica-se a ausência de um debate significativo acerca das
consequências que tais medidas podem acarretar, principalmente em termos de danos ao meio
ambiente e de segregação socioespacial.
Com efeito, nas audiências e reuniões que antecederam a votação do Projeto de Lei nº 58/2017,
que resultou na Lei Municipal nº 1.320/2017, além de perceber-se a presença majoritária de
agentes públicos do governo municipal e empreendedores e técnicos ligados ao ramo imobiliário e
pouquíssima discussão técnica e informativa efetiva, destaca-se a evidente promoção e incentivo a
empreendimentos imobiliários, conforme trechos destacados Anexo I, na ordem cronológica dos
eventos registrados no Projeto de Lei nº 58/2017, consultado diretamente no arquivo físico da
Câmara de Vereadores de Maquiné.
Ainda que tenham ocorrido algumas audiências e reuniões, a ampliação da zona urbana de expansão
foi muito significativa, sem mencionar que boa parte dela se deu sobre o polígono em processo de
titulação da Comunidade Remanescente de Quilombo do Morro Alto, a qual parece não figurar em
nenhum momento nessas discussões. Mesmo que no discurso registrado pelas respectivas atas seja
recorrente a presença de palavras e expressões como “responsabilidade ambiental e ecológica”,
“participação efetiva”, “regularização fundiária e urbanização de áreas de população de baixa
renda”, “simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo”, “preservação do
Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Histórico”, não há de maneira alguma subsumir a essência
destes termos das alterações que de fato foram realizadas.
Além de tudo isso, outras medidas têm sido tomadas no sentido de estimular a expansão de
empreendimentos imobiliários, nestes casos sem nenhuma discussão com a sociedade e pouca ou
nenhuma interferência ou objeção do Poder Legislativo municipal, como é o caso das vantagens
fiscais.
Art. 2º A não incidência poderá ser prorrogada por até 4 (quatro) anos, dentro dos
seguintes critérios sucessivos
- um ano, se realizada 20% da infraestrutura;
- um ano, se realizada 40% da infraestrutura;
- um ano, se realizada 60% da infraestrutura;
- um ano, se realizada 80% da infraestrutura.
Enquanto isso, foi preciso que o Ministério Público ajuizasse uma Ação Civil Pública9 para que o
município providenciasse infraestrutura básica, tendo em vista o descumprimento de Termo de
Ajustamento de Conduta anteriormente acordado.
9
Cf. Processo nº 50018019120188210059, que tramitou na 2ª Vara Cível da Comarca de Osório.
Embora seja uma discussão profundamente complexa e multifacetada, o Município atualmente é réu
em um processo judicial10 movido pela Associação Rosa Marques, representante legal da
Comunidade Remanescente do Quilombo Morro Alto, pedindo a anulação do Decreto Municipal nº
3.915/2022, que regulamenta de forma inapropriada a Consulta Livre, Prévia e Informada, prevista
no art. 6º da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)11, aprovada em
1989, sobre povos indígenas e tribais, a qual se aplica igualmente às comunidades remanescentes de
quilombos, e determina que estes povos sejam consultados sobre qualquer medida legislativa ou
administrativa que seja capaz de os afetar.
Por essa razão, foi concedida liminar pela Justiça Federal (plenamente válida até a edição deste
artigo) suspendendo os efeitos do referido decreto, nos seguintes termos:
A análise documental realizada a partir das normas que regulamentam a ordenação territorial em
Maquiné, especialmente o Plano Diretor e alteração de 2017, indicam que a despeito da presença
de dispositivos obrigatórios decorrentes da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto das
Cidades, na prática, princípios como o da participação popular carecem de maior efetividade,
incentivo, pressupondo a necessidade não somente de sua realização formal, porém rasa e
esvaziada, mas um verdadeiro movimento de pedagógico de exercício de cidadania, para que as
pessoas implicadas por esse tipo de ação pública estejam verdadeiramente a par do direitos e
valores que são mobilizados em tais circunstâncias e, assim, possam agir e exigir atitude conscientes
e esclarecidas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por um lado, a análise do conjunto de dados demográficos sobre Maquiné a partir da década de
1990, demonstram um grau de estabilidade populacional em termos federais, por outro, também
indica um movimento de deslocamento da zona rural para a zona urbana, com o consequente
incremento desses espaços em termos de elementos artificiais como prédios, caminhos
pavimentados e espaços públicos não naturais.
10
Cf. Processo nº 5018745-28.2023.4.04.7100, que tramita na 1ª Vara Federal de Capão da Canoa.
11
Cf. OIT. Escritório no Brasil.. Convenção nº 169. Brasília: Organização Internacional do Trabalho, 2012..
No mesmo sentido, as alterações no plano diretor municipal parecem caminhar na direção da
expansão urbana pelo território municipal privilegiando condomínios e loteamentos, como um
movimento consciente tanto de alguns técnicos, quanto de gestores públicos e empreendedores, sem
o devido tratamento de questões sociais sensíveis como loteamentos irregulares de pessoas de baixa
renda, comunidades indígenas e remanescente de quilombos, e a preservação do meio ambiente em
um território visceralmente marcado por APPs, uma Reserva Biológica de Mata Atlântica e pelo Rio
Maquiné, um dos principais abastecedores do Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí.
Isso sem descuidar da constante relação de conflito que se estabelece na ocupação desse território,
motivada por diversos fatores, especialmente econômicos e traduzidos pelo termo
“desenvolvimento”, e que não raramente, resultam em prejuízo às populações já alijadas dos
benefícios da medidas postas em movimento pelo Poder Público e por empreendedores, como
pode ser visto através do processos judiciais mencionados.
Por fim, no contexto das políticas públicas, faz-se necessária a reflexão constante sobre o papel do
Estado, ainda que o processo de descentralização e multiplicidade dos atores sociais envolvidos no
desenvolvimento local sejam uma realidade, a fim de que não passem despercebidas iniciativas
oficiais que influenciam diretamente a vida das pessoas, potencialmente capazes de determinar a
configuração espacial de um município e sua sociedade, sem as devidas discussões com a
comunidade, devido ao esvaziamento dos fóruns de deliberação coletiva.
Como consequência, nem sempre o que é legislado ou definido como política pública, representa o
interesse público ou, o que pode ser pior, pode sensivelmente assumir o papel de promotor de
desigualdades, segregação socioespacial e agressões ao meio ambiente.
REFERÊNCIAS
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 18 ed. São Paulo: Saraiva,
1994.
HARVEY, David. O direito à cidade. Traduzido do original em inglês “The right to the city”, por
Jair Pinheiro, professor da FFC/UNESP/Marília, a partir da versão publicada na New Left Review,
n. 53, 2008. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/272071/mod_resource/content/1/david-harvey%20direito%
20a%20cidade%20.pdf. Acesso em: 03 ago. 2023.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Tradução de Regis Barbosa e Flávio R.
Kothe. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
RIO GRANDE DO SUL. Lei Estadual nº 9.581, de 20 de março de 1992 (publicada no DOE
nº 57, de 24 de março de 1992). Disponível em:
https://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.asp?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_TodasNormas=161
37&hTexto=&Hid_IDNorma=16137. Acesso em: 27 jul. 2023.
SAQUET, Marcos Aurélio. Abordagens e concepções de território. 4 ed. São Paulo: Outras
Expressões, 2015.
TERRAS INDÍGENAS DO BRASIL. Terra Indígena Guarani Barra do Ouro. Disponível em:
https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3675. Acesso em: 07 ago. 2023.
ANEXO I
Anexo I
Data Registro Ato/Evento Observações
08/06/2017 Ata nº Reunião do Conselho Outro assunto discutido foi o Código de Obras do
02/2017 Municipal do Plano Município que vem surgindo a extrema necessidade
Diretor para organização urbana da cidade, sugerindo
Projeto de Lei Municipal que regulamenta a forma de
loteamento em qualquer região no município
atendendo legislação ambiental, sem depender de
legislação específica para cada empreendimento.
22/06/2017 Ata nº Reunião do Conselho A reunião foi aberta pelo Secretário …, que deu as
03/2017 Municipal do Plano boas-vindas aos conselheiros, passou a palavra para
Diretor Arquiteto … da Empresa …, que apresentou o
mapeamento ambiental, econômico e social do
município conforme a proposta de revisão do Plano
Diretor, no qual apresentou a diversas Zonas dentro
do Plano que dificultam a interpretação, fazendo a
comparação do atual com a proposta apresentada.
Após apresentação deu-se início as discussões
referente ao zoneamento, e a criação dos grupos de
trabalho para as temáticas. No grupo que irá discutir
a temática do regime Urbanístico, os conselheiros ...
O Grupo de Zoneamento os seguintes conselheiros: ...
31/08/2017 Ata nº Reunião do Conselho [...] passou a palavra para Arquiteto … da Empresa
04/2017 Municipal do Plano …, que apresentou a proposta do novo Zoneamento
Diretor para o município conforme acordado na última
reunião realizada pelo Conselho do Plano Diretor.
Após apresentação deu-se início as discussões
referente ao zoneamento sobre o material impresso,
onde foram feitas comentários e sugestões de ajuste
pelo membros nas áreas núcleo Urbano e demais
localidades que compõem o município. Após
realizada analise pelo conselheiros, ficou decidido
que a próxima reunião tratará da temática do regime
Urbanístico, e da consolidação do Zoneamento.
20/11/2017 Parecer nº Parecer jurídico ao A ideia vigente nos atores envolvidos com a matéria é
55/2017 Projeto de Lei nº 58/2017. adequar a Lei em vigor às necessidades e
características locais propiciando uma maior
abrangência do tema, tendo como escopo a proteção
ambiental e o desenvolvimento econômico, histórico e
cultural do Município. A matéria foi debatida pelo
Conselho do Plano Diretor, órgão com representação
paritária entre o Poder Público e Comunidade, bem
como, foi contratada uma empresa especializada para
delinear a vocação econômica ecológica, cultural e
histórica do Município…A partir daí o projeto de lei
cria as linhas gerais para balizar do desenvolvimento
do Município e atingir as metas a que se propõe a
administração municipal. Portanto, a matéria é legal
e atende ao interesse público, estando em condições
de apreciação por esta Colenda Câmara de
Vereadores, por intermédio das Comissões
Permanentes e aprovação pelo Plenário.