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SANASA-Campinas

Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia, sociedade,
educação, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável,
responsabilidade socioambiental, segurança e ecologia, e suas vinculações históricas ........... 1

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Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia,
sociedade, educação, tecnologia, energia, relações internacionais,
desenvolvimento sustentável, responsabilidade socioambiental, segurança e
ecologia, e suas vinculações históricas

Política
saúde
Decreto de Bolsonaro facilita porte de arma para mais categorias1

Agentes de trânsito, conselheiros tutelares, caminhoneiros e políticos eleitos não vão precisar
comprovar 'efetiva necessidade' para transportar armas fora de casa.
Um decreto do presidente Jair Bolsonaro publicado nesta quarta-feira (08/05) facilita o porte de
arma para um conjunto de profissões, como advogados, caminhoneiros e políticos eleitos – desde o
presidente da República até os vereadores. O direito ao porte é a autorização para transportar a arma
fora de casa.
O texto foi assinado por Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto na terça (07/05), quando ele
citou apenas algumas das categorias que teriam o porte facilitado: caçadores, colecionadores e atiradores
– conhecidos como CACs.
O Estatuto do Desarmamento prevê que, para obter o direito de porte, é preciso ter 25 anos, comprovar
capacidade técnica e psicológica para o uso de arma de fogo, não ter antecedentes criminais nem estar
respondendo a inquérito ou a processo criminal e ter residência certa e ocupação lícita.
Além disso, é preciso comprovar "efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco
ou de ameaça à sua integridade física".
O decreto de Bolsonaro altera esse último requisito e afirma que a comprovação de efetiva
necessidade será entendida como cumprida para as seguintes pessoas:
- Instrutor de tiro ou armeiro credenciado pela Polícia Federal
- Colecionador ou caçador com Certificado de Registro de Arma de Fogo expedido pelo Comando do
Exército
- Agente público, "inclusive inativo", da área de segurança pública, da Agência Brasileira de
Inteligência, da administração penitenciária, do sistema socioeducativo, desde que lotado nas unidades
de internação, que exerça atividade com poder de polícia administrativa ou de correição em caráter
permanente, ou que pertença aos órgãos policiais das assembleias legislativas dos Estados e da Câmara
Legislativa do Distrito Federal
- Detentor de mandato eletivo nos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, quando no exercício do mandato
- Advogado
- Oficial de justiça
- Dono de estabelecimento que comercialize armas de fogo ou de escolas de tiro ou dirigente de clubes
de tiro
- Residente em área rural
- Profissional da imprensa que atue na cobertura policial
- Conselheiro tutelar
- Agente de trânsito
- Motoristas de empresas e transportadores autônomos de cargas
- Funcionários de empresas de segurança privada e de transporte de valores

Além do porte, o texto altera as regras sobre importação de armas e sobre o número de cartuchos que
podem ser adquiridos por ano – que passam de 50 para 1 mil em caso de armas de uso restrito e 5 mil,
nas de uso permitido.

Análise
Na avaliação de Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz, o decreto de Bolsonaro na prática libera o
porte de arma para as categorias incluídas no texto, contornando a limitação imposta pela lei do Estatuto

1
Vitor Sorano. Decreto de Bolsonaro facilita porte de arma para mais categorias. https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/05/08/decreto-de-bolsonaro-facilita-porte-
de-arma-para-mais-categorias.ghtml. Acesso em 08 de maio de 2019

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do Desarmamento. Essa lei diz que o porte de armas é proibido no Brasil, exceto em condições
específicas.
"O presidente está legislando por decreto. Há projetos de lei em tramitação no Congresso para dar
porte de armas para agente socioeducativo, oficial de Justiça.... Se esses projetos estão lá e não foram
aprovados, como pode o presidente, por decreto, passando por cima do Congresso, conceder porte de
armas para essas categorias?", questiona Langeani.
Em 2017, o então presidente Michel Temer vetou o projeto que autorizava o uso de armas por agentes
de trânsito. A proposta havia sido aprovada um mês antes pelo Congresso Nacional. O veto, segundo
Temer, ocorreu por orientações do Ministério da Justiça. "Os agentes aos quais o projeto pretende
autorizar aquele porte não exercem atividade de segurança pública e, no caso de risco específico, há
possibilidade de se requisitar a força policial para auxílio em seu trabalho", disse o ministério na época.
Conrado Gontijo, doutor em direito penal pela USP e professor de pós-graduação da Escola de Direito
do Brasil (EDB), diz que o novo decreto cria a presunção de que os integrantes das categorias
mencionadas precisam de arma, o que, na visão desse especialista, contraria a lei do Estatuto do
Desarmamento.
"O pretendente ao porte deve demonstrar a necessidade que ele tem, na sua realidade de vida, de ter
o porte da arma. O Estatuto do Desarmamento considera que deve haver um exame individualizado.
Nesse ponto, eu acho que pode ver um questionamento sobre a legalidade do decreto. O decreto não
pode contrariar aquilo que a lei diz", diz.
Deputados ouvidos pelo blog da Andréia Sadi disseram que técnicos da Câmara vão avaliar se o
decreto é constitucional – ou seja, se respeita a Constituição.
O G1 procurou o Palácio do Planalto, mas o governo não se pronunciou até a última atualização desta
reportagem. Questionado nesta quarta, durante um evento no Rio de Janeiro, sobre o que motivou o
decreto, Bolsonaro afirmou:
"Eu não posso ir além da lei. Tudo que puder ser concedido por decreto nós vamos fazer, até porque
estamos cumprindo dessa forma uma manifestação de opinião efetivada em 2005 com o plebiscito,
quando a população foi às urnas decidir sobre o direito à legítima defesa."
Texto amplia rol de armas permitidas e facilita acesso de menores a clubes de tiro
O decreto de Bolsonaro também classifica como de uso permitido armas que antes eram restritas a
forças de segurança, como a pistola 9 mm, que só pode ser usada por Exército, Polícia Federal, e Polícia
Rodoviária Federal; e a pistola calibre .40, comumente utilizada por policiais civis e militares.
Para Bruno Lageani, do Instituto Sou da Paz, a decisão de Bolsonaro aumenta as chances de que os
policiais se deparem com pessoas mais fortemente armados do que eles ao atender a uma ocorrência, e
pode dificultar a investigação.
"Quando você tem uma chacina em que se usa .40, na hora de investigar, vai fazer uma investigação
focada. Quando se abre a possibilidade de mais pessoas usarem esse calibre, perde essa chance."
O texto de Bolsonaro não revogou o decreto anterior, que classifica essas armas como de uso restrito.
Mas, segundo o professor de Direito da Universidade Mackenzie Edson Luiz Knippel, o novo texto se
sobrepõe ao anterior.
Outra mudança é nas exigências para que menores façam aulas de tiro. Antes, era necessária uma
autorização judicial. Agora, a legislação só exige que haja uma autorização dos responsáveis legais pelo
menor e que o curso seja em local autorizado pelo Comando do Exército.

Posse foi facilitada em janeiro


Em janeiro, o presidente já havia facilitado o direito de posse, que é a possibilidade de ter arma em
casa.
Na prática, ele também eliminou a necessidade de comprovar a efetiva necessidade, pois estabeleceu
que esse requisito estaria cumprido por todos os moradores de áreas rurais e para os que morassem em
área urbana de estados com índices anuais de mais de dez homicídios por cem mil habitantes, segundo
dados de 2016 apresentados no Atlas da Violência 2018. Todos os estados e o Distrito Federal se
encaixam nesse critério.
“Todo e qualquer cidadão e cidadã, em qualquer lugar do país, por conta desse dispositivo, tem o
direito de ir até uma delegacia de Polícia Federal, levar os seus documentos, pedir autorização, adquirir
a arma e poder ter a respectiva posse“, declarou, na ocasião, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Durante os 28 anos em que foi deputado federal, Bolsonaro se declarou a favor da facilitação do
acesso do cidadão a armas de fogo. Também se manifestava frequentemente de maneira contrária ao
Estatuto do Desarmamento.

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Bolsonaro determinou que Defesa faça as 'comemorações devidas' do golpe de 64, diz porta-
voz2

Golpe que deu início a ditadura militar no Brasil completará 55 anos no próximo dia 31. Segundo Otávio
Rêgo Barros, para Bolsonaro movimento militar de 1964 não foi golpe.
O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta segunda-feira (25/03)
que o presidente Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa que faça as "comemorações devidas"
pelos 55 anos do golpe que deu início a uma ditadura militar no país.
O golpe militar que depôs o então presidente João Goulart ocorreu em 31 de março de 1964. Após o
ato, iniciou-se uma ditadura que durou 21 anos. No período, não houve eleição direta para presidente. O
Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados e houve censura à imprensa.
Na semana passada, Rêgo Barros havia dito que não haveria nenhum tipo de comemoração
relacionada à data. Nesta segunda, porém, o porta-voz mudou o discurso.
"O nosso presidente já determinou ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com
relação a 31 de março de 1964, incluindo uma ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que
já foi aprovada pelo nosso presidente", afirmou Rêgo Barros durante entrevista coletiva no Palácio do
Planalto.
Questionado por jornalistas sobre o que seriam as "comemorações devidas", Rêgo Barros respondeu:
"Aquilo que os comandantes acharem dentro das suas respectivas guarnições e dentro do contexto em
que devam ser feitas". Ele afirmou que não há previsão de nenhum tipo de ato no Palácio do Planalto no
próximo dia 31.
Desde o período em que foi deputado federal, Bolsonaro sempre defendeu que o Brasil não viveu uma
ditadura entre 1964 e 1985, mas, sim, um "regime com autoridade". De acordo com o porta-voz da
Presidência, o agora presidente da República não considera que houve um golpe militar em 1964.
"O presidente não considera 31 de março de 1964 um golpe militar. Ele considera que a sociedade,
reunida e percebendo o perigo que o país estava vivenciando naquele momento, juntou-se, civis e
militares, e nós conseguimos recuperar e recolocar o nosso país em um rumo que, salvo o melhor juízo,
se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom
para ninguém", disse.
Ao votar a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro homenageou em
plenário o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça de São Paulo como torturador
durante o regime militar. Para Bolsonaro, Ustra é um "herói brasileiro".
Segundo a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram mortas pelo regime ou desapareceram durante
o período – somente 33 corpos foram localizados.
Diante disso, a comissão entregou em 2014 à então presidente Dilma Rousseff um documento no
qual responsabilizou 377 pessoas pelas mortes e pelos desaparecimentos durante a ditadura.

Reforma da Previdência
Na mesma entrevista, Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro está “disposto” e “aberto” a realizar a
interlocução com deputados e senadores para aprovar a reforma da Previdência no Congresso Nacional.
“O presidente fará todos os esforços necessários para que a proposta da Previdência avance, sob a
batuta agora do Congresso Nacional, mas entendendo que ele é parte dessa solução”, disse.
Nos últimos dias, Bolsonaro e Maia travaram um duelo de declarações sobre a responsabilidade pela
articulação e aprovação da reforma. O porta-voz disse que o presidente pretende buscar a paz na relação
com os parlamentares.
“Embora não tenha sido boina azul, ele [Bolsonaro] tem como lema ‘tudo pela paz’. Então, ele
procurará, como sempre procurou, a paz a fim de, por meio da interlocução convencer e até aceitar ser
convencido.

Embaixada em Israel
O porta-voz foi perguntando se Bolsonaro cogita anunciar durante viagem a Israel, a partir de sábado
(30/03), a transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, uma das promessas que fez
após ter sido eleito.
Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro defende mais tempo para avaliar a questão. “Nosso presidente
vem advogando que merece um estudo um pouco mais aprofundado, que ele o fará ao longo do tempo e
no tempo necessário”, disse.

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Guilherme Mazui. Bolsonaro determinou que Defesa faça as 'comemorações devidas' do golpe de 64, diz porta-voz. G1 Política.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/03/25/bolsonaro-determinou-que-defesa-faca-as-comemoracoes-devidas-do-golpe-de-64-diz-porta-
voz.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1. Acesso em27 de março de 2019

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Michel Temer e Moreira Franco são presos pela Lava Jato do RJ3

Mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Procurada
pela G1, a defesa do ex-presidente não atendeu.
O ex-presidente Michel Temer foi preso em São Paulo na manhã desta quinta-feira (21/03) pela força-
tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro. Os agentes também prenderam o ex-ministro Moreira Franco no
Rio. A PF cumpre mandados contra mais seis pessoas, entre elas empresários.
Preso, Temer será levado para o Aeroporto de Guarulhos, onde vai embarcar em um voo e será levado
ao Rio de Janeiro em um avião da Polícia Federal. O ex-presidente deve fazer exame de corpo de delito
do IML em um local reservado e não deve ser levado à sede da PF de São Paulo, na Lapa.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio,
responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro. A prisão de Temer é preventiva.
Temer falou por telefone ao jornalista Kennedy Alencar, da CBN, no momento em que havia sido
preso. O ex-presidente afirmou que a prisão "é uma barbaridade".
Desde quarta-feira (20/03), a PF tentava rastrear e confirmar a localização de Temer, sem ter sucesso.
Por isso, a operação prevista para as primeiras horas da manhã desta quinta-feira atrasou.
O G1 ligou para a defesa de Temer, mas até a última atualização desta reportagem os advogados não
haviam atendido a ligação.
O G1 falou às 11h40 com o advogado Rafael Garcia, que defende o ex-ministro de Minas e Energia
Moreira Franco em um dos inquéritos contra ele no STF, mas ele disse que não estava autorizado a falar
e orientou a procurar o advogado Antônio Pitombo. A reportagem ligou para o escritório de Pitombo, mas
não conseguiu falar com ele.
O MDB, partido do ex-presidente, divulgou uma nota. "O MDB lamenta a postura açodada da Justiça
à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do
ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça
restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de
defesa", diz o texto.

Inquéritos contra Temer


Temer é um dos alvos da Lava Jato do Rio. A prisão teve como base a delação de José Antunes
Sobrinho, dono da Engevix. O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1 milhão em propina, a
pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o
conhecimento do presidente Michel Temer. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de
Angra 3.
Além deste inquérito, o ex-presidente Michel Temer responde a nove inquéritos. Cinco deles
tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), pois foram abertos à época em que o emedebista era
presidente da República e foram encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo. Os
outros cinco foram autorizados pelo ministro Luís Roberto Barroso em 2019, quando Temer já não tinha
mais foro privilegiado. Os inquéritos foram enviados à primeira instância.
Michel Temer (MDB) foi o 37º presidente da República do Brasil. Ele assumiu o cargo em 31 de agosto
de 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff, e ficou até o final do mandato, encerrado em dezembro
do ano passado.
Eleito vice-presidente na chapa de Dilma duas vezes consecutivas, Temer chegou a ser o coordenador
político da presidente, mas os dois se distanciaram logo no começo do segundo mandato.
Formado em direito, Temer começou a carreira pública nos anos 1960, quando assumiu cargos no
governo estadual de São Paulo. Ao final da ditadura, na década de 1980, foi deputado constituinte e,
alguns anos depois, foi eleito deputado federal quatro vezes seguidas. Chegou a ser presidente do PMDB
por 15 anos.

Senado aprova multa para empregador que pagar salário diferente para homem e mulher

Proposta pretende assegurar igualdade de remuneração entre gêneros. Antes de virar lei, texto ainda
terá que ser votado pela Câmara dos Deputados e sancionado pelo presidente.
O Senado aprovou nesta quarta-feira (13/03) uma proposta que prevê multa para o empregador que
não pagar o mesmo salário para homens e mulheres que exercem a mesma função.

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A, Guimarães. Soares, P. R. Martins, M. A. Michel Temer e Moreira Franco são presos pela Lava Jato do RJ. https://g1.globo.com/rj/rio-de-
janeiro/noticia/2019/03/21/forca-tarefa-da-lava-jato-faz-operacao-para-prender-michel-temer-e-moreira-franco.ghtml. Acesso em 21 de março de 2019

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A proposta, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), segue agora para a análise da
Câmara. Se for aprovado pelos deputados, o texto também terá que ser sancionado pelo presidente da
República para virar lei.
Pela proposta, a empresa que descumprir a regra será multada em valor correspondente ao dobro da
diferença salarial verificada, calculada sobre cada mês em que ocorreu o pagamento desigual. O valor da
multa, segundo o projeto, será repassado à vítima da discriminação.
A igualdade salarial entre homens e mulheres é prevista na CLT, que diz que "a todo trabalho de igual
valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo". No entanto, defensores da proposta afirmam
que a regra nem sempre é seguida.
"A diferença salarial entre homem e mulher fere o princípio da isonomia consagrado em nossa
Constituição e legislação vigente. Contudo, e apesar das inúmeras políticas de igualdade de gênero
promovidas pelas mais diversas organizações, sejam públicas ou privadas, ainda se registram casos de
discriminação contra a mulher no que se refere a remuneração", escreveu o autor do projeto, senador
Fernando Bezerra (MDB-PE), na justificativa da proposta.
O texto também prevê multa para o empregador que, além do sexo, considerar a idade, a cor ou
situação familiar como variável determinante para fins de remuneração, formação profissional e
oportunidades de ascensão profissional.

Bolsonaro publica vídeo pornográfico no Twitter e pedido de impeachment vira assunto mais
comentado do mundo4

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou em sua conta oficial do Twitter um vídeo com conteúdo
pornográfico. O post foi feito na noite dessa terça-feira, (05/03). As imagens mostram três jovens
performando durante o Carnaval; num primeiro momento, uma das pessoas insere o dedo no ânus e, em
seguida, baixa a cabeça e recebe urina de um segundo rapaz no cabelo. Bolsonaro comentou a cena na
rede social e afirmou ser comum ver a situação nos blocos de rua no Brasil.
“Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter
conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval
brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões (sic)”, publicou o presidente. Bolsonaro é seguido por 3,45
milhões de contas.
A postagem é criticada tanto por apoiadores quanto por opositores do presidente. Os principais
comentários denunciam falta de decoro de Bolsonaro, além de exposição de conteúdo impróprio a
menores de idade. Na manhã desta quarta-feira, o Twitter passou a ocultar o vídeo e alertar que ali há
“conteúdo sensível” – sendo necessário clicar em “ver” para ter acesso às imagens.
Depois do tuíte do presidente, a hashtag #ImpeachmentBolsonaro passou a ser o assunto mais
comentado do mundo no Twitter. Um dos argumentos dos críticos é o descumprimento da Lei do
Impeachment. Segundo o parágrafo 7º do artigo 9º, “proceder de modo incompatível com a dignidade, a
honra e o decoro do cargo” é crime de responsabilidade contra a probidade na administração pública.

Reforma da Previdência: entenda a proposta ponto a ponto5

O governo apresentou nesta quarta-feira (20/02) a proposta de reforma da Previdência Social.

Entenda ponto a ponto o que propõe o governo:

Idade mínima
A proposta cria uma idade mínima de aposentadoria. Ao final do tempo de transição, deixa de haver a
possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição.
Para mulheres, a idade mínima de aposentadoria será de 62 anos, e para homens, de 65. Beneficiários
terão que contribuir por um mínimo de 20 anos.

Regra de transição - Regime Geral


Segundo o texto, haverá 3 regras de transição para a aposentadoria por tempo de contribuição para o
setor privado (INSS) - o trabalhador poderá optar pela forma mais vantajosa. Uma outra regra de transição
será implementada para o RPPS (servidores públicos).
4
O POVO. Bolsonaro publica vídeo pornográfico no Twitter e pedido de impeachment vira assunto mais comentado do mundo.
http://blogs.opovo.com.br/politica/2019/03/06/bolsonaro-publica-video-pornografico-no-twitter-e-pedido-de-impeachment-e-o-assunto-mais-comentado-do-mundo/.
Acesso em 06 de março de 2019.
5
N, Laura. Gerbelli, G. L. L, Tais. Reforma da Previdência: entenda a proposta ponto a ponto. https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/02/20/reforma-da-
previdencia-entenda-a-proposta-ponto-a-ponto.ghtml. Acesso em 20 de fevereiro de 2019.

5
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Transição 1 - Tempo de contribuição + idade:
A regra é semelhante à formula atual para pedir a aposentadoria integral, a fórmula 86/96. O
trabalhador deverá alcançar uma pontuação que resulta da soma de sua idade mais o tempo de
contribuição.
Para homens, hoje esta pontuação é de 96 pontos e, para mulheres, de 86 pontos, respeitando um
mínimo de 35 anos de contribuição para eles, e 30 anos para elas. A transição prevê um aumento de 1
ponto a cada ano. Para homens, ela deve alcançar 105 pontos em 2028. Para mulheres, deve chegar a
100 pontos em 2033.

Transição 2 - Tempo de contribuição + idade mínima


A idade mínima para se aposentar chegará a 65 anos para homens, e 62 anos para mulheres, após
um período de transição. Ele vai durar 8 anos para eles e 12 anos para ela, começando em 61 anos
(homens) e 56 anos (mulheres).

Transição 3 - Tempo de contribuição


Poderá pedir a aposentadoria por esta regra quem estiver a 2 anos de completar o tempo mínimo de
contribuição, de 35 anos para homens e 30 anos para mulheres. O valor do benefício será reduzido pelo
fator previdenciário, um cálculo que leva em conta a expectativa de sobrevida do segurado medida pelo
IBGE, que vem aumentando ano a ano. Quanto maior esta expectativa, maior a redução do benefício.
Haverá um pedágio de 50% sobre o tempo que falta para se aposentar. Assim, se faltam 2 anos para
pedir o benefício, o trabalhador deverá contribuir por mais um ano.

Mudança no cálculo do benefício (RGPS)


O cálculo do benefício leva em conta apenas o tempo de contribuição. O trabalhador terá direito a
100% do benefício com 40 anos de contribuição.
Com 20 anos de contribuição (o mínimo para os trabalhadores privados do regime geral), o benefício
será de 60%, subindo 2 pontos percentuais para cada ano a mais de contribuição.
Quem se aposentar pelas regras de transição terá o teto de 100%. Quem se aposentar já pela regra
permanente não terá esse teto, podendo receber mais de 100%, se contribuir por mais de 40 anos. O
valor do benefício, no entanto, não poderá ser superior ao teto (atualmente em R$ 5.839,45), nem inferior
a um salário mínimo.

Regra de transição - Regime Próprio (servidores)


Para os servidores públicos, a transição entra em uma pontuação que soma o tempo de contribuição
mais uma idade mínima, começando em 86 pontos para as mulheres e 96 pontos para os homens.
A transição prevê um aumento de 1 ponto a cada ano, tendo duração de 14 anos para as mulheres e
de 9 anos para os homens. O período de transição termina quando a pontuação alcançar 100 pontos para
as mulheres, em 2033, e a 105 pontos para os homens, em 2028, permanecendo neste patamar.
O tempo mínimo de contribuição dos servidores será de 35 anos para os homens e de 30 anos para
as mulheres. A idade mínima começa em 61 anos para os homens. Já para as mulheres, começa em 56
anos. Ao fim da transição, a idade mínima também alcançará 62 anos para mulheres e 65 para os homens.
Aposentadoria rural
Para os trabalhadores rurais, a idade mínima de aposentadoria proposta é de 60 anos, para homens
e mulheres. A contribuição mínima será de 20 anos.

Servidores públicos
Servidores públicos terão idade mínima de aposentadoria igualada à dos trabalhadores do setor
privado: 62 para mulheres e 65 para homens. O tempo de contribuição mínimo, no entanto, será de 25
anos, sendo necessário 10 anos no serviço público, e 5 no cargo.
O valor do benefício será calculado da mesma forma do regime geral.
Para servidores que ingressaram até 31 de dezembro de 2003, a integralidade da aposentadoria será
mantida para quem se aposentar aos 65 anos (homens) ou 62 (mulheres). No caso de professores, a
idade será de 60 anos. Para quem ingressou após 2003, o critério para o cálculo do benefício é igual ao
do INSS.

Professores
Professores poderão se aposentar a partir dos 60 anos, mas com tempo mínimo de contribuição de 30
anos.

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Para os professores no Regime Próprio (servidores), será preciso ainda 10 anos no serviço público, e
5 no cargo.

Aposentadoria de deputados federais e senadores


Proposta prevê 65 anos de idade mínima para homens e 62 anos para mulheres, e 30% de pedágio
do tempo de contribuição faltante. Novos eleitos estarão automaticamente no regime geral, com extinção
do regime atual.
Hoje, a idade mínima é de 60 anos de idade mínima para homens e mulheres, com 35 de anos de
contribuição. Benefício é de 1/35 do salário para cada ano de parlamentar.

Aposentadoria de policiais civis, federais e agentes penitenciários e socioeducativos


Os que ingressarem terão seus benefícios calculados pelo mesmo critério do RGPS. Os que tiverem
ingressado antes disso, receberão a remuneração do último cargo.
Para policiais, a idade mínima para aposentadoria ficará em 55 anos, com tempo mínimo de
contribuição de 30 anos para homens e 25 para mulheres, e tempo de exercício de 20 anos para eles e
15 para elas.
Para agentes, os critérios serão os mesmos, excetuando o tempo de exercício, de 20 anos para ambos
os sexos.

Forças Armadas, policiais e bombeiros militares


Policiais e bombeiros militares terão as mesmas regras das Forças Armadas - que não estão
contempladas na proposta atual. Segundo o secretário de Previdência, um texto sobre os militares será
entregue em 30 dias.

Criação do sistema de capitalização


Será um sistema alternativo ao já existente, mas apenas os novos trabalhadores poderão aderir. As
reservas serão geridas por entidades de previdência pública e privada. Segundo o governo, no
entanto, essa proposta não será encaminhada neste momento ao Congresso.

Mudança na alíquota de contribuição


A proposta da nova Previdência prevê uma mudança na alíquota paga pelo trabalhador. Os
trabalhadores que recebem um salário maior vão contribuir com mais. Já os recebem menos vão ter uma
contribuição menor, de acordo com a proposta.
Haverá também a união das alíquotas do regime geral – dos trabalhadores da iniciativa privada – e do
regime próprio – aqueles dos servidores públicos.

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Aposentadoria por incapacidade permanente
O benefício, que hoje é chamado de aposentadoria por invalidez e é de 100% da média dos salários
de contribuição para todos, passa a ser de 60% mais 2% por ano de contribuição que exceder 20 anos.
Em caso de invalidez decorrente de acidente de trabalho, doenças profissionais ou do trabalho, o
cálculo do benefício não muda.

Pensão por morte


Pela proposta, o valor da pensão por morte ficará menor. Tanto para trabalhadores do setor privado
quanto para o serviço público, o benefício será de 60% do valor mais 10% por dependente adicional.
Assim, se o beneficiário tiver apenas 1 dependente, receberá os 60%, se tiver 2 dependentes, receberá
70%, até o limite de 100% para cinco ou mais dependentes.
Hoje, a pensão por morte é de 100% para segurados do INSS, respeitando o teto de R$ 5.839,45. Para
os servidores públicos, além deste percentual, o segurado recebe 70% da parcela que superar o teto.
Em caso de morte por acidente de trabalho, doenças profissionais e de trabalho, a taxa de reposição
do benefício será de 100%, segundo a proposta.
Quem já recebe pensão por morte não terá o valor de seu benefício alterado. Os dependentes de
servidores que ingressaram antes da criação da previdência complementar terão o benefício calculado
obedecer o limite do teto do INSS, que hoje é de R$ 5.839,45 em 2019.

Benefício de Prestação Continuada (BPC)


Os idosos terão de aguardar até os 70 anos para receber o benefício, que garante um salário mínimo
mensal a pessoas com deficiência e idosos em situação de pobreza. Atualmente, o valor de um salário
mínimo é pago a partir dos 65 anos. Para os deficientes, a regra não se alterou.
Mas o governo propõe, também, o pagamento de um valor menor, de R$ 400, a partir dos 60 anos de
idade. Pela proposta, permanece a exigência de que os beneficiários tenham renda mensal per capita

8
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inferior a 1/4 do salário mínimo, e determina também que tenham patrimônio inferior a R$ 98 mil (Faixa 1
do Minha Casa Minha Vida).

Limite de acumulação de benefícios


Hoje, não há limite para acumulação de diferentes benefícios. A proposta prevê que o beneficiário
passará a receber 100% do benefício de maior valor, somado a um percentual da soma dos demais.
Esse percentual será de 80% para benefícios até 1 salário mínimo; 60% para entre 1 e 2 salários; 40%
entre 2 e 3; 20% entre 3 e 4; e zero para benefícios acima de 4 salários mínimos.
Ficarão fora da nova regra as acumulações de aposentadorias previstas em lei: médicos, professores,
aposentadorias do regime próprio ou das Forças Armadas com regime geral.

Multa de 40% do FGTS


A proposta do governo também prevê que o empregador não será mais obrigado a pagar a multa de
40% sobre o saldo do FGTS quando o empregado já estiver aposentado pela Previdência Social. As
empresas também não terão mais que recolher FGTS dos empregados já aposentados.

Governo publica decreto que concede indulto para presos com doenças graves6

Presidente assinou decreto de perdão de pena restrito e humanitário para doentes graves e terminais
nesta sexta-feira (08/02). Decreto foi publicado no 'Diário Oficial da União' nesta segunda.
O governo federal publicou nesta segunda-feira (11/02), no "Diário Oficial da União", indulto
humanitário (perdão de pena) para presos brasileiros e estrangeiros com doenças graves e terminais. O
decreto proíbe indulto a condenados por corrupção, crimes hediondos e de tortura, entre outros.
Bolsonaro assinou o decreto na sexta-feira (08/02), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde
está internado desde o dia 28 de janeiro em razão de uma cirurgia para retirar a bolsa de colostomia e
religar o intestino.
De acordo com o decreto, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça e da
Segurança Pública, Sérgio Moro, caberá ao juiz de cada caso a decisão de conceder ou não o indulto,
depois de ouvir o Ministério Público e a defesa do condenado.

O texto prevê indulto nos seguintes casos:


- por paraplegia, tetraplegia ou cegueira adquirida posteriormente à prática do delito ou dele
consequente, comprovada por laudo médico oficial, ou, na falta do laudo, por médico designado pelo juízo
da execução;
- por doença grave, permanente, que, simultaneamente, imponha severa limitação de atividade e que
exija cuidados contínuos que não possam ser prestados no estabelecimento penal, desde que
comprovada por laudo médico oficial, ou, na falta do laudo, por médico designado pelo juízo da execução;
ou
- por doença grave, neoplasia maligna ou síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids), desde
que em estágio terminal.

O indulto fica proibido nos seguintes casos:


- Condenados por crimes hediondos;
- Crimes com grave violência contra pessoa;
- Crimes de tortura;
- Envolvimento com organizações criminosas;
- Terrorismo;
- Violação e assédio sexual;
- Estupro de vulnerável;
- Corrupção de menores;
- Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente;
- Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou
de vulnerável;
- Peculato;
- Concussão;
- Corrupção passiva;
- Corrupção ativa;
6
G1. Governo publica decreto que concede indulto para presos com doenças graves. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/02/11/decreto-que-
concede-indulto-para-presos-com-doencas-graves-e-publicado-no-diario-oficial.ghtml. Acesso em 11 de fevereiro de 2019.

9
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- Tráfico de influência;
- Vender/transportar ou se envolver com drogas;

O indulto é geralmente concedido todos os anos, em período próximo ao Natal. A prática está prevista
na Constituição como atribuição exclusiva do presidente da República.
Depois de eleito, em novembro do ano passado, Bolsonaro afirmou em rede social que não concederia
indulto a presos em seu governo.

Decreto polêmico
No fim do ano passado, o ex-presidente Michel Temer decidiu não editar o decreto de indulto de Natal.
O indulto concedido por ele em 2017 está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O julgamento foi interrompido em novembro do ano passado por um pedido de vista. Seis ministros
votaram a favor do decreto e dois contras. Faltam os votos de outros três ministros.
Na época da assinatura do indulto, o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba,
procurador Deltan Dallagnol, chegou a dizer que o decreto de Temer era um "feirão de natal para
corruptos".

Lula é condenado por Gabriela Hardt a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de
dinheiro no sítio de Atibaia7

A juíza federal Gabriela Hardt, da Operação Lava Jato, condenou nesta quarta-feira, (06/02), o ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, passiva
e lavagem de dinheiro na ação penal que envolve o sítio Santa Bárbara, em Atibaia. O petista foi
sentenciado por supostamente receber R$ 1 milhão em propinas referentes às reformas do imóvel, que
está em nome de Fernando Bittar, filho do amigo de Lula e ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar. Segundo
a sentença, as obras foram custeadas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht.
A pena é maior do que a imposta pelo ex-juiz federal Sérgio Moro. Em julho de 2017, o então
magistrado da Lava Jato condenou o ex-presidente no caso triplex a 9 anos e seis meses de prisão.
A sentença de Gabriela Hardt tem 360 páginas. Também foram condenados os empresários José
Adelmário Pinheiro Neto, o Léo Pinheiro, ligado a OAS, a 1 ano, 7 meses e 15 dias, o pecuarista José
Carlos Bumlai a 3 anos e 9 meses, o advogado Roberto Teixeira a 2 anos de reclusão, o empresário
Fernando Bittar (proprietário formal do sítio) a 3 anos de reclusão e o empresário ligado à OAS Paulo
Gordilho a 3 anos de reclusão.
A juíza condenou os empresários Marcelo Odebrecht a 5 anos e 4 meses, Emilio Odebrecht a 3 anos
e 3 meses, Alexandrino Alencar a 4 anos e Carlos Armando Guedes Paschoal a 2 anos. O engenheiro
Emyr Diniz Costa Junior recebeu 3 anos de prisão. Todos são delatores e, por isso, vão cumprir as penas
acertadas em seus acordos.
Gabriela Hardt absolveu Rogério Aurélio Pimentel, o ‘capataz’ das obras do sítio.
A Lava Jato afirma que o sítio passou por três reformas: uma sob comando do pecuarista José Carlos
Bumlai, no valor de R$ 150 mil, outra da Odebrecht, de R$ 700 mil e uma terceira reforma na cozinha,
pela OAS, de R$ 170 mil, em um total de R$ 1,02 milhão.

Propriedade
A juíza federal Gabriela Hardt afirmou que a família do petista ‘usufruiu do imóvel como se dona
fosse’. “Inclusive, em 2014, Fernando Bittar alegou que sua família já não o frequentava com assiduidade,
sendo este usado mais pela família de Lula”, anotou a juíza. A magistrada afirmou, no entanto, que a
ação penal não ‘passa pela propriedade formal do sítio’.
Em sentença, Hardt considerou que o valor de R$ 1 milhão empregado
por OAS, Schahine Odebrecht no Sítio Santa Bárbara foram propinas em benefício do ex-presidente. Ela
ressalta que a denúncia oferecida pela Operação Lava Jato narra “reforma e decoração de instalações e
benfeitorias” que teriam sido realizadas em benefício de Luiz Inácio Lula da Silva e família.
“O registro da propriedade do imóvel em que realizadas tais reformas está em nome de Fernando
Bittar, também réu nos presentes autos, pois a ele imputado auxílio na ocultação e dissimulação do
verdadeiro beneficiário”, anotou.

7
Brandt, R. Vassallo, Affonso, J. Macedo, F. Lula é condenado por Gabriela Hardt a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no sítio de
Atibaia. Estadão Política. https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/gabriela-hardt-condena-lula-a-12-anos-e-11-meses-de-prisao-por-corrupcao-e-
lavagem-de-dinheiro-no-sitio-de-atibaia/?utm_source=twitter:newsfeed&utm_medium=social-organic&utm_campaign=redes-
sociais:022019:e&utm_content=:::&utm_term=. Acesso em 07 de fevereiro de 2019.

10
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De acordo com a magistrada. ‘os proprietários dos dois imóveis são pessoas que possuem vínculo
com a família do ex-presidente, vínculo esse afirmado por todos os envolvidos’. “Ainda, as operações
contaram com a participação do advogado Roberto Teixeira, pessoa também vinculada de forma próxima
a Luiz Inácio Lula da Silva, sendo lavradas as duas escrituras pelo mesmo escrevente, em seu escritório”.
“Fato também incontroverso é o uso frequente do sítio pela família de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo
que, ao menos em alguns períodos, também resta incontroverso que a família do ex-presidente chegou
a usá-lo até mais do que a família Bittar”, escreveu.

Depoimentos e alegações
Em interrogatório, Bumlai declarou não ter pago ‘nem um real’. O sítio de Atibaia está em nome do
empresário Fernando Bittar, filho de Jacó Bittar, amigo de longa data do ex-presidente.
Em depoimento, Fernando Bittar negou que tenha pago a obra. “Eu não sei dizer se eles (Lula e
Marisa) pagaram. Mas na minha cabeça…”
Apontado por delatores como o homem de confiança do ex-presidente que tocou a obra do sítio, o ex-
segurança de Lula Rogério Aurélio Pimentel afirmou ter sido o ‘capataz’ das reformas no imóvel e
confirmou os pagamentos da Odebrecht.
Em alegações finais, a defesa do ex-assessor da Presidência da República afirmou que se ele ‘não
sabia sequer as quantias que continham nos envelopes, tampouco possa se esperar que soubesse de
eventual origem ilícita dos valores’.
Na sentença, Gabriela Hardt anotou que se exige de um presidente da República ‘um comportamento
exemplar’. “Luiz Inácio Lula da Silva responde a outras ações penais, inclusive perante este Juízo, mas
sem trânsito em julgado, motivo pelo qual deve ser considerado como sem antecedentes negativos. A
culpabilidade é elevada. O condenado recebeu vantagem indevida em decorrência do cargo de
Presidente da República, de quem se exige um comportamento exemplar enquanto maior mandatário da
República”, afirmou.
A juíza afirmou também ‘o esquema de corrupção sistêmica criado tinha por objetivo também, de forma
espúria, garantir a governabilidade e a manutenção’ do PT no Poder.
“O crime foi praticado em um esquema criminoso mais amplo no qual o pagamento de propinas havia
se tornado rotina. Consequências também devem ser valoradas negativamente, pois o custo da propina
foi repassado à Petrobrás, através da cobrança de preço superior à estimativa, aliás propiciado pela
corrupção, com o que a estatal ainda arcou com o prejuízo no valor equivalente”, anotou.
“Reputo passível de agravamento neste tópico os motivos do crime, pois o esquema de corrupção
sistêmica criado tinha por objetivo também, de forma espúria, garantir a governabilidade e a manutenção
do Partido no Poder.”

Petrobrás
Ao sentenciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos e 11 meses de prisão por supostas
propinas de R$ 1 milhão referentes às reformas do sítio em Atibaia, a juíza federal Gabriela Hardt afirmou
que o petista tinha o papel de ‘dar suporte à continuidade do esquema de corrupção havido na Petrobrás’,
ainda que não tenha sido ‘comprovada sua participação específica em cada negociação realizada nessas
contratações’.
“Comprovado ainda que o réu Luiz Inácio Lula da Silva teve participação ativa neste esquema, tanto
ao garantir o recebimento de valores para o caixa do partido ao qual vinculado, quanto recebendo parte
deles em benefício próprio. Tais verbas foram solicitadas e recebidas indevidamente em razão da função
pública por ele exercida, pouco importando pelo tipo penal se estas se deram parcialmente após o final
do exercício de seu mandato”, anotou.
De acordo com a magistrada, o ‘fato de sua responsabilidade não ter sido apurada em auditorias
internas ou externas da Petrobras, ou o fato das nomeações de Diretores passarem pelo crivo do
Conselho da Administração não afastam sua responsabilidade’. “Como já dito em outros julgamentos,
auditorias são limitadas, e nem sequer identificaram à época oportuna o grande esquema de corrupção
já desvendado”.

Ação
O sítio Santa Bárbara é pivô da terceira ação penal da Lava Jato, no Paraná, contra o ex-presidente –
além de sua segunda condenação. O petista ainda é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro por
supostas propinas da Odebrecht – um terreno que abrigaria o Instituto Lula e um apartamento vizinho ao
que morava o ex-presidente em São Bernardo do Campo.

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Prisão
O ex-presidente já cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão no caso triplex, em ‘sala especial’, na
sede da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, desde 7 abril de 2018, por ordem do então juiz federal
Sérgio Moro.
Lula foi sentenciado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região pelos crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro envolvendo suposta propina de R$ 2,2 milhões da OAS referente às reformas do
imóvel.

Saiba quem é Davi Alcolumbre, o novo presidente do Senado8

Aos 41 anos, senador do DEM foi eleito neste sábado (02/02) para comandar a Casa pelos próximos
dois anos. Ele começou como vereador de Macapá e foi deputado federal três vezes.
O novo presidente do Senado é aliado do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), que,
nos bastidores, articulava apoio a ele. A mulher de Lorenzoni, Denise Verbeling, trabalha no gabinete do
Alcolumbre.
Embora seja de um partido posicionado mais à direita no espectro político, Alcolumbre tem entre seus
principais conselheiros o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é de esquerda.
Os dois apoiaram a candidatura de Clécio Luis (Rede), atual prefeito de Macapá, em 2016. Em 2018,
Randolfe apoiou a candidatura de Alcolumbre ao governo do Amapá.
Casado e pai de dois filhos, Alcolumbre nasceu em Macapá (AP) em 19 de junho de 1977. É o quarto
filho do mecânico José Tobelem e da empresária Julia Alcolumbre.
Começou a trabalhar no comércio da família. Iniciou o curso de ciências econômicas no Centro de
Ensino Superior do Amapá (Ceap), mas não concluiu e resolveu seguir o caminho da política.

Trajetória política
A trajetória política se iniciou como vereador na cidade de Macapá. Exerceu o mandato por dois anos
(de 2001 a 2002), quando deixou o cargo na metade para assumir o primeiro mandato como deputado
federal.
Reelegeu-se duas vezes para a Câmara dos Deputados, totalizando três mandatos consecutivos.
Nas eleições de 2014, foi eleito senador para um mandato de oito anos. Em 2018, concorreu ao
governo de Amapá, mas ficou em terceiro lugar.
Na ocasião, declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 770 mil em bens. Com a derrota, retomou o mandato
de senador.
Conseguiu chegar à Presidência do Senado ao vencer, com 42 votos, uma eleição marcada por
polêmicas.

Atuação legislativa
Desde 2015 no Senado, Alcolumbre participou de votações importantes e polêmicas na Casa. O
parlamentar do Amapá votou, por exemplo, a favor da reforma trabalhista em 2017.
No mesmo ano, ajudou o Senado a derrubar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que afastou
o então senador Aécio Neves (PSDB-MG), hoje deputado federal.
O tucano foi afastado pelo Supremo após ser denunciado pela Procuradoria Geral da República, com
base nas delações da JBS, pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa. Com os votos
de 44 senadores, Aécio pôde retomar as atividades parlamentares.
No ano passado, Alcolumbre votou a favor do reajuste para ministros do STF. Por 41 votos, o Senado
aprovou reajuste de 16% nos salários dos magistrados. O vencimento passou de R$ 33,7 mil para R$
39,2 mil.
Em 2016, votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que perdeu o mandato e
deu lugar a Michel Temer no Palácio do Planalto.

Governo Bolsonaro se 'desassociará' do pacto da ONU para migração, diz futuro ministro9

Ernesto Araújo publicou informação no Twitter; pacto foi assinado nesta segunda por cerca de 160
países. Para futuro chanceler, política de migração deve respeitar a soberania de cada país.

8
Gustavo Garcia. Saiba quem é David Alcolumbre, o novo presidente do Senado. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/02/02/saiba-quem-e-davi-
alcolumbre-o-novo-presidente-do-senado.ghtml. Acesso em 04 de fevereiro de 2019.
9
Felipe Matoso. Governo Bolsonaro se ‘desassociará do pacto da ONU para migração, diz futuro ministro. G1 Política.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/12/10/governo-bolsonaro-se-desassociara-do-pacto-da-onu-para-migracao-diz-futuro-ministro.ghtml. Acesso em 11 de
dezembro de 2018.

12
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O futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, informou nesta segunda-feira (10/12) pelo
Twitter que o governo de Jair Bolsonaro se "desassociará" do pacto mundial da Organização das Nações
Unidas (ONU) para a migração.
O pacto foi assinado nesta segunda-feira por cerca de 160 países e pretende reforçar a cooperação
internacional para uma migração "segura, ordenada e regular". O pacto foi assinado no Marrocos.
"Governo Bolsonaro se desassociará do Pacto Global de Migração que está sendo lançado em
Marraqueche, um instrumento inadequado para lidar com o problema. A imigração não deve ser tratada
como questão global, mas sim de acordo com a realidade e a soberania de cada país", publicou o ministro
no Twitter.
Outros países já decidiram deixar o pacto, entre os quais Estados Unidos – por considerá-lo contrário
à política migratória de Donald Trump –, Hungria e Áustria.
Segundo Ernesto Araújo, a imigração será "bem-vinda" no futuro governo, mas não deve ser
"indiscriminada".
Ainda de acordo com o futuro chanceler, é preciso haver critérios para garantir a segurança dos
migrantes e dos cidadãos do país de destino.
"A imigração deve estar a serviço dos interesses nacionais e da coesão de cada sociedade", escreveu
Ernesto Araújo.

Venezuelanos
Na série de mensagens publicadas no Twitter nesta segunda-feira, Ernesto Araújo afirmou, ainda, que
o Brasil seguirá acolhendo os cidadãos venezuelanos que deixam o país em busca de uma vida melhor
no Brasil.
A Venezuela vive uma crise econômica, política e social, e milhares de cidadãos têm migrado para o
Brasil, principalmente por Roraima.
O governo do estado já pediu o fechamento da fronteira, mas a ministra do Supremo Tribunal Federal
(STF) Rosa Weber negou, entendendo que a decisão cabe ao presidente da República – Michel Temer
já afirmou que a medida é "incogitável". Roraima está sob intervenção federal.

'Preservação do princípio nacional'


Em um blog mantido na internet, Ernesto Araújo publicou em 25 de setembro um texto chamado "O
que está em jogo" no qual afirmou que a "gigantesca luta mundial" é a "pela preservação do princípio
nacional".
No mesmo texto, Araújo afirma também que essa "luta" é "contra a emergência de um mundo
globalizado, sem fronteiras e sem identidades" e "pela democracia efetiva e contra a reemergência do
bolivarianismo na América Latina".
"As opções reais de política externa são: ou aliar-se aos países e forças que lutam contra o globalismo,
ou deixar que o Brasil, junto com todas as nações, desapareça na geleia geral de um mundo
desnacionalizado e desespiritualizado", escreveu o futuro ministro no blog.

Bolsonaro
Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro disse que, se eleito, iria retirar o Brasil da ONU.
Afirmou, também, que iria retirar o Brasil do Acordo de Paris, assinado por 195 países e que prevê a
adoção de medidas para reduzir o aquecimento global. Depois, o presidente eleito disse que manterá o
Brasil no Acordo de Paris.

Temer sanciona reajuste dos ministros do STF, e Fux revoga auxílio-moradia para juízes e MP10

Temer tinha até esta semana para sancionar ou vetar o reajuste, aprovado pelo Senado no dia 07/11.
Fim do auxílio-moradia foi solução encontrada para reduzir impacto nas contas públicas.
O presidente Michel Temer sancionou nesta segunda-feira (26/11) o reajuste para ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux
revogou o auxílio-moradia para juízes, integrantes do Ministério Público, Defensorias Públicas e tribunais
de contas.
O reajuste para ministros do STF, de R$ 33 mil para R$ 39 mil, foi aprovado no Senado no dia 7 de
novembro. Temer tinha até esta semana para sancionar ou vetar.

10
Marcos, L. Mariana, O. Temer sanciona reajuste dos ministros do STF, e Fux revoga auxílio moradia para juízes e MP. G1 Política.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/11/26/temer-sanciona-reajuste-dos-ministros-do-stf-e-fux-extingue-auxilio-moradia-para-juizes.ghtml. Acesso em 28 de
novembro de 2018.

13
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Embora o Supremo tenha recursos no próprio orçamento para pagar o reajuste, o aumento causou
preocupação no governo federal e na equipe do próximo presidente, Jair Bolsonaro, que temiam o impacto
nas contas públicas.
Isso porque o reajuste de ministros do STF gera um "efeito cascata" nas carreiras do funcionalismo, já
que dispara um aumento automático para a magistratura e para integrantes do Ministério Público. O
salário de ministro do Supremo funciona como teto para o serviço público.
O fim do auxílio-moradia foi uma alternativa negociada entre o Palácio do Planalto e o STF para reduzir
o impacto do reajuste.
Fux já havia dito em entrevista à TV Globo, no começo de novembro, que os juízes não receberiam
cumulativamente o reajuste nos salários e o auxílio-moradia. Segundo ele, quando o aumento fosse
confirmado, o benefício do auxílio-moradia – nos moldes como é concedido atualmente – seria revogado.
O auxílio-moradia atualmente pago a juízes de todo o país é de R$ 4,3 mil.
Segundo Fux, o fim do pagamento do auxílio só ocorrerá quando o reajuste salarial previsto para os
ministros do STF chegar efetivamente à folha salarial.

Valores
Segundo estimativa feita por consultorias da Câmara e do Senado Federal, o reajuste para ministros
do Supremo terá um impacto de R$ 1,375 bilhão nas contas da União no ano que vem (R$ 4 bilhões
incluindo estados e municípios).
De acordo com estimativa da comissão de Orçamento, no Congresso, o gasto da União com auxílio-
moradia para juízes e integrantes do Ministério Público é de R$ 450 milhões por ano.

Medida 'muito justa'


Na noite desta segunda-feira, Fux participou de em um evento em uma faculdade de Avaré (SP).
Questionado sobre a sanção do reajuste, afirmou que a medida é "muito justa".
"Eu tive conhecimento de que foi sancionado o aumento, que era uma defasagem de muitos anos. O
percentual que foi [sancionado] foi de 16%, enquanto a defasagem era de 41%. Eu achei muito justa essa
revisão, só que tendo em vista o fenômeno, a crise pela qual estamos passando, não era possível pagar
as duas verbas: aumento e auxílio-moradia. Então, resolvi revogar o auxílio-moradia e dar ensejo à
incidência do aumento, que desonera o orçamento do Estado", afirmou.

Ensino Superior vai para Ciência e Tecnologia; saiba quais são os 15 ministérios definidos por
Bolsonaro11

Educação, Esportes e Cultura serão reunidos numa só pasta; Direitos Humanos fica em
Desenvolvimento Social
RIO - A estrutura do futuro Ministério do governo Jair Bolsonaro (PSL) já está quase totalmente
definida. Até agora, segundo interlocutores da equipe do presidente eleito, já estão definidas 15 pastas,
o que significa uma redução de quase 50% das atuais 29 pastas do governo Michel Temer (MDB). Este
número, conforme informações de aliados, ainda pode chegar a até 17.
O 'superministério' de Infraestrutura, englobando Transporte e Minas e Energia, foi descartado nesta
quarta-feira pelo vice-presidente eleito General Hamilton Mourão. Segundo ele, Minas e Energia seguirá
como uma pasta autônoma.
Seguem como ministérios independentes Defesa, Saúde, Trabalho, Relações Exteriores e o Gabinete
de Segurança Institucional.
Confira como devem ser os ministérios de Bolsonaro:
1) Casa Civil - assumindo funções do Governo
2) Economia - fusão de Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior
3) Defesa
4) Saúde
5) Ciência e Tecnologia (com ensino superior)
6) Educação, Esportes e Cultura
7) Trabalho
8) Minas e Energia
9) Justiça e Segurança
10) Integração Nacional (com Cidades e Turismo)

11
Jussara Soares. Ensino Superior vai para Ciência e Tecnologia; saiba quais são os 15 ministérios definidos por Bolsonaro. https://oglobo.globo.com/brasil/ensino-
superior-vai-para-ciencia-tecnologia-saiba-quais-sao-os-15-ministerios-definidos-por-bolsonaro-
23201813?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo. Acesso em 01 de novembro de 2018.

14
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
11) Infraestrutura, englobando Transportes
12) Gabinete de Segurança Institucional
13) Desenvolvimento Social (com Direitos Humanos)
14) Relações Exteriores
15) Agricultura e Meio Ambiente

O Brasil escolhe Jair Bolsonaro

Vitória de ex-capitão defensor do regime militar marca volta da extrema direita brasileira ao poder e
sucesso de campanha antissistema com estrutura heterodoxa. Resultado também é novo fracasso para
ex-presidente Lula12.
Após quatro anos de crise política e econômica, casos rumorosos de corrupção e uma campanha tensa
que demoliu antigos padrões eleitorais, os brasileiros elegeram neste domingo (28/10) um militar
reformado de extrema direita para o cargo máximo do país. Jair Bolsonaro (PSL), um deputado que por
mais de duas décadas foi considerado um pária no mundo político brasileiro, mas que soube aproveitar
o sentimento antissistema e antipetista de parte do eleitorado, foi eleito presidente com 55,13% dos votos
válidos. Seu adversário, o petista Fernando Haddad, que substituiu o ex-presidente Lula ao longo da
campanha, recebeu 44,87%.
O resultado representa um terremoto nos padrões de campanha no Brasil, explicita mais uma vez as
divisões do país e deve abrir um novo período de incerteza. Nunca desde a redemocratização um
candidato que expressa ideias autoritárias como Bolsonaro havia chegado tão longe. Ao longo da
campanha, ele prometeu aniquilar e exilar adversários e perseguir a imprensa, além de promover temas
controversos como a facilitação do acesso a armas de fogo, o aumento da violência policial e a
militarização da educação e de vários setores do governo.
Em seu discurso de vitória, Bolsonaro ignorou o seu adversário no segundo turno, e preferiu falar de
Deus e em "quebrar paradigmas". Ele prometeu governar "seguindo os ensinamentos de Deus ao lado
da Constituição". "Não poderíamos mais continuar flertando com o socialismo, com o comunismo e com
o populismo, e com o extremismo da esquerda", completou. Em frente à casa do presidente eleito,
centenas de apoiadores se reuniram para celebrar a vitória e entoar coros antipetistas.
Líder nas pesquisas desde que Lula teve a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral, Bolsonaro, de
63 anos, contrariou as expectativas de que seria incapaz de manter a liderança. Ele conduziu uma
campanha improvisada, sem tantos recursos como seus principais adversários e sem estrutura partidária
– sua arrecadação oficial foi de apenas 2,5 milhões de reais.
Sua ascensão a partir de 2017 foi completamente subestimada pelas forças políticas tradicionais, que
chegaram a expressar o desejo de tê-lo como adversário, acreditando que seu radicalismo e o certo
amadorismo de sua campanha seriam facilmente rejeitados pela maior parte do eleitorado em um
confronto direto. Até setembro deste ano, era o futuro eleitoral de Lula que ainda monopolizava as
atenções.
Mas, alimentado sobretudo pelo crescente antipetismo e desprezo de parte do eleitorado aos políticos
tradicionais e compensando sua falta de recursos com forte presença nas redes sociais, Bolsonaro
continuou a crescer. Ele não adotou nenhuma tática mais moderada, preferindo explorar a retórica do
confronto e apostando em declarações ultrajantes e de ódio aos adversários, que muitas vezes flertavam
com a violência política.
O próprio presidente eleito chegou a ser vítima de um episódio de violência ao longo da campanha e
por pouco não morreu. Atingido por um ataque a faca, Bolsonaro permaneceu a maior parte da campanha
afastado de atos públicos. Primeiro, transformou o hospital em quartel-general da campanha. Depois,
passou a comandar a candidatura de casa.
O ataque não diminuiu a retórica do candidato, que continuou a apostar nas táticas agressivas,
mesclando ainda populismo e nacionalismo. Nas redes sociais, compensou o tom vago das suas
propostas com uma verdadeira indústria de ataques aos adversários, que na maioria das vezes
promoviam mentiras grosseiras e boatos. Essa "tempestade perfeita" que levou Bolsonaro ao poder
também escondeu as próprias contradições do candidato, uma voz que pregava um discurso
antissistema, mas que era um político profissional com 28 anos na Câmara e que criou uma verdadeira
dinastia política, um defensor do Exército que cometeu atos de indisciplina e deslealdade contra a
instituição nos anos 1980.
Ao longo da campanha, ele também expressou desprezo pelos mecanismos tradicionais de discussão
política. Se recusou a comparecer a debates e passou a conceder entrevistas para veículos que

12
Deutsche Welle. O escolhe escolhe Jair Bolsonaro. DW. https://www.dw.com/pt-br/o-brasil-escolhe-jair-bolsonaro/a-46065651. Acesso em 29 de outubro 2018.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
simpatizavam com sua candidatura. Também alimentou boatos sobre a legitimidade do processo eleitoral,
como a segurança das urnas eletrônicas e a legitimidade das pesquisas eleitorais. Em dado momento da
campanha, chegou a afirmar que não reconheceria o resultado caso fosse derrotado.
No primeiro turno, menos de quatro pontos percentuais o separaram da vitória. Apesar da sua visão
política e da sua antiga condição de deputado pouco influente, passou a receber apoios de grupos
políticos que antes se mantinham distantes, saindo do gueto de apoiadores de pouca expressão. No
segundo turno, foi escolhido como o candidato de bancadas influentes da Câmara e de vários
governadores.

Também se tornou com o tempo o candidato favorito do mercado, antes alinhado com Geraldo Alckmin
(PSDB). Foi apenas na área econômica que Bolsonaro fez alguma tentativa de "normalização". Passou a
promover o economista ultraliberal Paulo Guedes como seu homem de confiança na área. Apesar do tom
vago das propostas para a economia, representantes da indústria e do setor financeiro passaram a
considerar a opção Bolsonaro menos maléfica do que a candidatura do PT.
A vitória de Bolsonaro neste domingo também marca a volta da direita radical ao poder no Brasil.
Defensor do regime militar (1964-1985), Bolsonaro já defendeu a tortura e o assassinato de militantes
durante o período. Passando para a posição de chefe de Estado, ele deve garantir um protagonismo
ainda maior de atuais e antigos membros das Forças Armadas. Diversos generais são cotados para
assumir ministérios e seu vice também é um militar reformado.
Ainda no primeiro turno, sua popularidade já havia impulsionado o seu partido, o então nanico PSL,
que se viu catapultado para a posição de segunda maior bancada da Câmara, com 52 deputados, vários
deles ex-militares como o presidente eleito. Com Bolsonaro na Presidência, a expectativa é que o partido
cresça ainda mais e se torne a maior bancada da Casa. A entrada no Palácio do Planalto também deve
aumentar a influência da sua família. Seu núcleo decisório é formado por parentes, contrastando com os
últimos presidentes, que tinham colegas de partido ou amigos como as figuras mais próximas. Seus três
filhos, um deputado federal, um senador eleito e um vereador, foram seus principais auxiliares na
campanha. É certo que eles vão ter voz ativa no governo.
No governo, Bolsonaro também já sinalizou que deve ter um relacionamento turbulento com a
imprensa. Ao longo da campanha, ele atacou a Rede Globo e o jornal Folha de S. Paulo. Também se
recusou a conceder entrevistas a diversos veículos. Seu apoiadores promoveram "linchamentos virtuais"
de jornalistas que publicaram reportagens investigativas sobre suspeitas que envolveram a campanha do
PSL.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
O resultado também marca mais uma derrota para os partidos tradicionais do Brasil, que haviam sido
atingidos em cheio pela Operação Lava Jato. No primeiro turno, a onda bolsonarista já havia arrasado
siglas como MDB e PSDB e quebrado a velha polarização entre tucanos e petistas na disputa
presidencial. Já a vitória deste domingo quebra uma sequência de 16 anos de vitórias consecutivas do
PT na disputa pela Presidência. A derrota dos petistas também marca mais um fracasso de Lula, que
permanece preso e havia mesclado suas tentativas de sair da prisão com a estratégia do partido na
eleição presidencial.
Nos últimos dois anos, o PT permaneceu agarrado à ideia de que controverso processo de
impeachment contra Dilma Rousseff havia sido um "golpe" e apostou que a impopularidade e o marasmo
do governo do presidente Michel Temer e de seus aliados seriam convertidos em novos votos para o PT.
Os petistas também tentaram transformar o pleito em uma espécie de referendo sobre o legado do ex-
presidente e dos anos do PT no governo. No processo, acabaram alimentando animosidade com outros
representantes da esquerda, como Ciro Gomes (PDT), que se recursou a declarar seu apoio pessoal a
Haddad.
No final, foi Bolsonaro o principal herdeiro do crescente sentimento antissistema entre o eleitorado que
ganhou ainda mais força com a paralisação do governo Temer e que no primeiro turno já havia punido
diversas figuras conhecidas da política. A vitimização de Lula também não rendeu o resultado esperado
pelos petistas.
Após a derrota, Haddad afirmou que os brasileiros não devem ter medo e prometeu organizar a
oposição ao governo Bolsonaro. "Nós estaremos aqui. Nós estamos juntos", disse. "Contem conosco.
Coragem, a vida é feita de coragem. Viva o Brasil". Haddad também não ligou para Bolsonaro para
parabenizá-lo pela vitória.
O resultado explicitou mais uma vez divisões regionais entre o eleitorado brasileiro. Como ocorreu no
primeiro turno, Haddad venceu no Nordeste, região que concentra o maior índice de pobreza do país. Ele
também ficou à frente no Pará e no Tocantins, mas não venceu em nenhum estado das regiões Sul,
Centro-Oeste e Sudeste. Já Bolsonaro não venceu em nenhum estado nordestino. Seu melhor
desempenho foi em alguns dos estados mais ricos do Brasil, como Santa Catarina (75,92%) e o Distrito
Federal (69,99%), além de ter vencido em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Abstenção atinge 20,3%, maior percentual desde 199813

Número significa que quase 30 milhões de eleitores que estavam aptos não compareceram às urnas.
Maior colégio eleitoral do país, São Paulo teve aumento de 2 pontos percentuais nas abstenções.
Quase 30 milhões de eleitores não compareceram às urnas neste domingo (07/10), segundo dados do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O nível de abstenção, de 20,3%, é o mais alto desde as eleições de
1998, quando 21,5% do eleitorado não votou.
Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, o índice de abstenção também subiu, dois pontos
percentuais, em relação ao último pleito, passando de 19,5% para 21,5%. Em número de eleitores, isso
representa mais de 850 mil pessoas, de 6,2 milhões em 2014 para 7,1 milhões este ano.

Histórico das últimas eleições


Em 1994, o percentual havia sido ainda maior: 29,3%, o que significa que 1 em cada 3 eleitores aptos
não compareceram.
A abstenção tem crescido desde 2006. Na ocasião, 16,8% dos eleitores não votaram. Quatro anos
depois, o índice subiu para 18,1%, e chegou aos 19,4% nas eleições presidenciais passadas, em 2014.
Em número de eleitores, a porcentagem desse ano representa 29,9 milhões de pessoas. No primeiro
turno de 2014, 27,7 milhões de votantes se abstiveram do voto.

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André Paixão. Abstenção atinge 20,3%, maior percentual desde 1998. G1 Eleições 2018. https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-
numeros/noticia/2018/10/08/abstencao-atinge-203-maior-percentual-desde-1998.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1. Acesso em 08
de outubro de 2018.

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Números por estado
Dos 26 estados, mais o Distrito Federal, o Mato Grosso aparece com o maior índice de abstenção,
com 24,6%. Isso significa que 1 em cada 4 eleitores aptos a votar não votaram.
Na direção oposta, o estado com o menor número de abstenções foi Roraima, 13,9%. Veja o índice
por estado:
Região Sul
Paraná - 17%
Rio Grande do Sul - 18,1%
Santa Catarina - 16,3%

Região Sudeste
Espírito Santo - 19,3%
Minas Gerais - 22,2%
Rio de Janeiro - 23,6%
São Paulo - 21,5%

Região Centro-Oeste
Distrito Federal - 18,7%
Goiás - 20,2%
Mato Grosso - 24,6%
Mato Grosso do Sul - 21,2%

Região Nordeste
Alagoas - 22,6%
Bahia - 20,7%
Ceará - 17,3%
Maranhão - 20,5%
Paraíba - 15%
Pernambuco - 17,9%
Piauí - 15,7%
Rio Grande do Norte - 17,1%
Sergipe - 18,8%

Região Norte
Acre - 19%
Amapá - 16,7%
Amazonas - 19,4%
Pará - 20%

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Rondônia - 22,3%
Roraima - 13,9%
Tocantins - 20%

Balanço dos estados


São Paulo foi estado com o maior aumento no número de eleitores que não votaram, com quase 870
mil ausências a mais, na comparação com as eleições de 2014. Em proporção, são dois pontos
percentuais a mais, de 19,5% para 21,5%.
No entanto, o Distrito Federal foi o local com o maior aumento percentual de abstenções, passando de
11,7% em 2014 para 18,7% este ano. O Amapá aparece como a segunda maior alta, de 10,4% para
16,7%.
Na comparação com o primeiro turno das eleições de 2014, cinco estados tiveram redução
proporcional das abstenções.
A maior delas foi no Piauí, que passou 18,9% há 4 anos para 15,7% neste ano. O Ceará saiu de 20,1%
para 17,3%. A Paraíba registrou 17,6% de abstenções em 2014. Esse ano, o índice foi de 15%. O Pará
teve queda de 21,1% para 20% este ano. Por fim, Santa Catarina teve redução de 0,1% nas abstenções,
de 16,4% para 16,3%.

Temer decreta uso das Forças Armadas em Roraima para reforçar segurança14

Presidente anunciou medida em pronunciamento no Planalto; ministro da Defesa informou que decreto
tem validade de duas semanas. Estado enfrenta crise com chegada de venezuelanos.
O presidente Michel Temer informou nesta terça-feira (28/08) ter decretado o uso das Forças Armadas
em Roraima para reforçar a segurança no estado.
Temer anunciou a medida em um pronunciamento no Palácio do Planalto. Segundo o ministro da
Defesa, Joaquim Silva e Luna, o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) tem validade de duas
semanas (até 12 de setembro) e a prorrogação poderá ser avaliada conforme a necessidade.
"Decretei hoje o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem no estado de Roraima.
Naturalmente, para oferecer segurança aos cidadãos brasileiros e aos imigrantes venezuelanos que
fogem de seu país em busca de refúgio no Brasil", anunciou.
O anúncio foi feito dez dias após a cidade de Pacaraima (RR) registrar um ataque de um grupo de
brasileiros a acampamentos de venezuelanos.
Fronteira com a Venezuela, Roraima é a principal rota utilizada pelos imigrantes que entram no Brasil.
Os venezuelanos tentam fugir da crise política, econômica e social do país, com inflação alta e
desabastecimento.
Em julho, a Casa Civil informou que, entre 2015 e junho deste ano, 56,7 mil venezuelanos procuraram
a Polícia Federal para solicitar refúgio ou residência no Brasil.

Como vai funcionar?


Os ministros Joaquim Silva e Luna (Defesa) e Sergio Etchegoyen (GSI) explicaram que os militares
das Forças Armadas vão atuar nas fronteiras leste e oeste de Roraima e nas rodovias federais do estado.
A faixa de atuação contempla uma área de 150 quilômetros, a partir da fronteira. Neste espaço ficam
as cidades de Pacaraima e Boa Vista.
A GLO garante o poder de polícia aos militares nas duas faixas de fronteira e nas rodovias federais.
De acordo com Silva e Luna, o governo vai utilizar na ação militares da 1ª Brigada de Infantaria de
Selva, que fica em Boa Vista e já atua no trabalho de acolhimento dos venezuelanos.

Quadro 'dramático'
Ao falar sobre a crise na Venezuela, Temer disse que o país enfrenta um quadro "dramático",
acrescentando que o "desastre humanitário" causado pela crise é resultado das "péssimas" condições às
quais o povo venezuelano está submetido.
"Devo dizer, desde logo, que o Brasil respeita a soberania dos estados nas ações, mas temos que
lembrar que só é soberano um país que respeita e cuida do seu povo", afirmou o presidente.
Em seguida, acrescentou que o Brasil fará "todos os esforços em todos os foros internacionais" para
melhorar a situação da Venezuela. "Vamos buscar apoio na comunidade internacional para adoção de
medidas diplomáticas firmes que solucionem esse problema", completou.

14
Guilherme Mazui. Temer decreta uso das Forças Armadas em Roraima para reforçar segurança. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/08/28/temer-
decreta-uso-das-forcas-armadas-em-roraima-para-reforcar-seguranca.ghtml. Acesso em 29 de agosto de 2018.

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Mesmo diante do quadro, acrescentou o ministro Sérgio Etchegoyen (Segurança Institucional), o
governo não cogita fechar a fronteira para os venezuelanos nem decretar intervenção federal em Roraima.

Governadora
De acordo com o ministro Joaquim Silva e Luna (Defesa), a governadora Suely Campos (PP) não
pediu a Temer a edição do decreto de GLO.
Em seguida, Sergio Etchegoyen disse que a governadora foi informada sobre a decisão antes do
anúncio de Temer à imprensa.
"A reação até agora [de Suely Campos] tem sido o silêncio e o não reconhecimento da questão da
necessidade por parte de Roraima. Não reconhece que precisa de ajuda na área de segurança ou pede
ajuda naquilo que nós não temos condições mais de dar", disse.

Crise migratória
A situação de Roraima é discutida desde 2016 no governo federal. Em fevereiro, Temer assinou um
decreto reconhecendo a "situação de vulnerabilidade" em Roraima e editou uma medida provisória (MP)
prevendo ações de assistência para os venezuelanos.
Além disso, foi deflagrada a Operação Acolhida para atender imigrantes recém-chegados ao Brasil e
transferir venezuelanos para outros estados.
Mais cedo, nesta terça, 187 venezuelanos foram transportados pela Força Aérea de Roraima para
Manaus (AM), João Pessoa (PB) e São Paulo (SP).
A governadora do estado, Suely Campos (PP), pediu o fechamento da fronteira ao Supremo Tribunal
Federal (STF), mas Temer já afirmou que a medida é "incogitável" e a ministra Rosa Weber entendeu
que a decisão cabe a ele.

Decreto cria cotas para presidiários e ex-detentos em contratos de serviços à União15

Decreto assinado nesta terça (24) pela presidente em exercício, Cármen Lúcia, define que empresas
com contratos acima de R$ 330 mil têm que oferecer entre 3% a 6% das vagas a presos.
A presidente da República em exercício, Cármen Lúcia, assinou nesta terça-feira (24/07) decreto para
determinar que empresas contratadas pelo governo federal para prestação de serviços ofereçam cotas
para presidiários e ex-presidiários sempre que os contratos ultrapassarem R$ 330 mil. O governo alegou
que a medida visa a estimular a ressocialização de apenados.
O decreto presidencial, de acordo com o governo, torna “obrigatória” a contratação de presos e ex-
presidiários por parte das empresas que vencerem licitações para serviços com a administração pública
federal direta e também com autarquias e fundações. Entre os serviços que poderão passar a ser
executados por detentos e ex-presidiários estão, por exemplo, atividades de consultoria, limpeza,
vigilância e alimentação.
A assessoria da Presidência informou que o decreto será publicado na edição desta quarta (25/07) do
“Diário Oficial da União”.
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia está interinamente no comando do
Palácio do Planalto em razão de viagens ao exterior do presidente Michel Temer e dos presidentes da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).
O decreto assinado pela presidente em exercício institui a “Política Nacional de Trabalho no âmbito do
Sistema Prisional”, que foi apresentada nesta terça em uma entrevista coletiva concedida pelos ministros
Raul Jungmann (Segurança Pública) e Gustavo Rocha (Direitos Humanos).
“Nos editais de licitação já haverá a previsão para contratação desses presos e, preenchidos os
critérios do edital, será obrigatório que essas empresas absorvam essa mão de obra de forma a permitir
uma maior ressocialização desse apenado ou desse egresso”, explicou Rocha.
A medida se aplica a presos provisórios, presos dos regimes fechado, semiaberto ou aberto, ou
egressos do sistema prisional. Conforme o decreto, as empresas terão de destinar um percentual de
vagas para presos e ex-presidiários em cada contratos firmados com o governo federal.

- 3% das vagas para contratos que exijam contratação de 200 ou menos funcionários;
- 4% das vagas para contratos que exijam contratação de 201 a 500 funcionários;
- 5% das vagas para contratos que exijam contratação de 501 a 1 mil funcionários;
- 6% das vagas para contratos que exijam a contratação de mais de 1 mil funcionários

15
Guilherme Mazui. Decreto cria cotas para presidiários e ex-detentos em contratos de serviço à União. G1 Política.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/07/24/decreto-presidencial-cria-cotas-para-presos-e-ex-presidiarios-em-contratos-de-servicos-a-uniao.ghtml. Acesso em 25
de julho de 2018

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Autorização judicial
O ministro de Direitos Humanos ressaltou na entrevista que caberá ao juiz responsável pela execução
da pena dos presos analisar se o detento tem condições de atuar na prestação de serviços para a
administração pública federal.
No caso de presidiários do regime fechado, o detento contratado deverá ter cumprimento, no mínimo,
um sexto da pena, ter autorização do juiz da vara de execuções penais e ainda terá que comprovar
"aptidão, disciplina e responsabilidade".
Gustavo Rocha afirmou ainda que, caso não haja presídios ou ex-presidiários em determinada região
onde o contrato com a União é executado, a empresa que ganha a licitação não precisará cumprir o
percentual mínimo de vagas.
"É possível que em determinados locais não haja presídios ou egressos do sistema prisional. Em razão
de uma impossibilidade de contratação, essa regra pode ser excepcionada", ponderou o ministro.

Ressocialização
Em meio à entrevista, Jungmann disse que a oferta de emprego para presos e ex-presidiários é
fundamental para criar uma "possibilidade real" de ressocialização e para combater o "recrutamento" de
facções nos presídios.
O ministro da Segurança Pública lembrou que o Brasil tem em torno de 726 mil presos, em um sistema
prisional dominado por cerca de 70 facções. Jungmann informou que, do total de apenados no Brasil,
12% trabalham e 15% estão em atividades educacionais.
"Se nós não implementarmos e não levarmos e ampliarmos um programa como esse, as facções
criminosas estarão sempre criando a dependência, seja dos presos seja dos egressos. Essa política tem
uma função fundamental", defendeu Jungmann.

Caminhoneiros autônomos se dizem satisfeitos com nova proposta de Temer16

Representantes da categoria se reuniram com o presidente em Brasília. Eles disseram que vão orientar
motoristas a encerrar greve após publicação das medidas no 'Diário Oficial'.
Representantes de caminhoneiros autônomos afirmaram que aprovam as medidas para a categoria
anunciadas mais cedo neste domingo (27/05) pelo presidente Michel Temer.
Com a nova proposta, detalhada por Temer durante pronunciamento, o governo espera encerrar a
greve dos caminhoneiros, que chegou neste domingo ao sétimo dia.
Entre as medidas está a redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel por 60 dias e a isenção de
pagamento de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios. Apenas a redução de R$ 0,46 no
preço do diesel custará ao governo R$ 10 bilhões.
No pacote, estava prevista a edição de três medidas provisórias para atender à demanda dos
caminhoneiros. As MPs saíram em edição extra do Diário Oficial da União publicada no fim da noite deste
domingo.
Durante o pronunciamento de Temer, foram registrados panelaços no DF, Rio de Janeiro e São Paulo.

Fim da greve?
"Saiu no 'Diário Oficial', a nossa recomendação é que aceitem [as propostas e liberem as estradas]",
afirmou Carlos Alberto Litti Dahmer, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga
(Sinditac) de Ijuí (RS).
"Eles [caminhoneiros] só vão aceitar [o acordo proposto pelo governo] após saírem publicadas no
'Diário Oficial' as medidas que foram negociadas aqui", disse José da Fonseca Lopes, presidente da
Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), uma das entidades que não tinham assinado o acordo
na quinta-feira (24/05).
O grupo não tinha assinado o acordo proposto pelo governo na quinta-feira (24/05) por entender que
ele não atendia às suas reivindicações. Diante da manutenção da greve pelos caminhoneiros, as
entidades foram chamadas de volta a Brasília neste domingo para negociar a nova proposta.
De acordo com eles, com as estradas desobstruídas, serão necessários de 8 a 10 dias para normalizar
o abastecimento de combustível e alimentos no país.
"Daquilo que se propunha, o nosso movimento está contemplado. Nós queríamos piso mínimo de frete,
suspensão no preço do combustível do PIS-Cofins, que está contemplado, queríamos a suspensão por
60 dias de novos reajustes para ter previsibilidade e o setor se organizar. Está contemplado", afirmou
Dahmer.
16
FERNANDA CALGARO. Caminhoneiros autônomos se dizem satisfeitos com nova proposta de Temer. G1 Política.
<https://g1.globo.com/politica/noticia/caminhoneiros-autonomos-se-dizem-satisfeitos-com-nova-proposta-de-temer.ghtml> Acesso em 28 de maio de 2018.

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Para ele, uma das principais conquistas para a categoria será a fixação de um valor mínimo para o
frete.
"Essa política de preço vai fazer com que a gente saiba a quanto está trabalhando e ninguém vai poder
nos explorar menos do que aquele valor, que será o nosso custo", disse.

Corte do PIS-Cofins e CIDE


A proposta anunciada por Temer prevê a redução de R$ 0,46 no litro do diesel, que terá validade por
60 dias. A partir daí, os reajustes no valor do combustível serão feitos a cada 30 dias, decisão que,
segundo o presidente, visa dar mais "previsibilidade" aos motoristas.
Ele informou que o corte de R$ 0,46 se dará com a redução a zero das alíquotas do PIS-Cofins e da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre o diesel.
A proposta anterior, divulgada na quinta, já contemplava o corte na CIDE. A novidade, portanto, é a
suspensão da cobrança do PIS-Cofins sobre o diesel.
No caso do diesel, os valores praticados pela Petrobras são mais da metade (55%) do preço pago pelo
consumidor nos postos; 7% é o custo do biodiesel, que, por lei, deve compor 10% do diesel, e 9%
corresponde aos custos e lucro dos distribuidores, conforme os cálculos da Petrobras, que levam em
conta a coleta de preços entre os dias 6 e 12 de maio em 13 regiões metropolitanas do país.
Cerca de 29% são tributos, sendo:
- 16% ICMS, recolhido pelos Estados
- 13% Cide e PIS-Cofins, de competência da União.
O ministro Carlos Marun disse que o Procon vai fiscalizar se a redução anunciada por Temer chegará
às bombas.
"A redução vai chegar às bombas. O Procon está, inclusive, editando medida e vai fazer fiscalização
no sentido de que o nosso objetivo, de que essa redução chegue ao tanque do caminhoneiro, se torne
realidade", afirmou.

Eixo suspenso e fretes da Conab


Temer também anunciou a edição de três medidas provisórias para atender a outras demandas dos
grevistas. As MPs saíram em edição extra do Diário Oficial da União publicada na noite deste domingo e
preveem:
- Isenção da cobrança de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, em rodovias federais,
estaduais e municipais;
- Determinação para que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônimos;
- Estabelecendo de tabela mínima dos fretes.
Medidas provisórias têm força de lei e começam a valer assim que o texto é publicado no "Diário Oficial
da União". A partir daí, o Congresso Nacional terá até 120 dias para analisar as MPs. Se isso não
acontecer no prazo, as medidas perderão validade.

Reoneração da folha
Durante o pronunciamento, o presidente afirmou que os pontos do acordo negociado na semana
passada seguem valendo, entre eles o que tira o setor de transporte rodoviário de carga da chamada
reoneração da folha.
A proposta, que na prática eleva a arrecadação federal, já foi aprovada pela Câmara e ainda depende
de análise do Senado. Vários setores que haviam sido atendidos com a desoneração perderão o
benefício. Segundo Temer, o setor dos caminhoneiros não estará entre esses setores.

Aos 2 anos, governo Temer festeja economia, mas enfrenta impopularidade, denúncias e crise
política; relembre17

Reeleito vice-presidente em 2014, Temer assumiu Presidência interinamente em 12 de maio de 2016,


devido ao afastamento de Dilma. Três meses depois, foi efetivado após impeachment da petista.
Passados dois anos desde o afastamento de Dilma (o impeachment só foi aprovado em 31 de agosto
de 2016), Temer lidera um governo que ostenta queda da inflação e a redução da taxa de juros, mas que
tenta lidar com o aumento no número de desempregados e com os altos índices de rejeição.
Hoje, Temer conduz um governo alvo de denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR),
envolvido em crises políticas e no foco de investigações criminais.

17
MAZUI G. MATOSO, F. MARTELLO, A. Aos 2 anos, governo Temer festeja economia, mas enfrenta impopularidade, denúncias e crise política; relembre. G1
Política. <https://g1.globo.com/politica/noticia/aos-2-anos-governo-temer-festeja-economia-mas-enfrenta-impopularidade-denuncias-e-crise-politica-
relembre.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 14 de maio de 2018.

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Aprovação
Nove meses após tomar posse para o segundo mandato como vice-presidente, Temer afirmou num
evento, em setembro de 2015, que seria "difícil" Dilma Rousseff aguentar mais três anos no Palácio do
Planalto em razão da baixa popularidade. À época, ela tinha 8% de aprovação.
Temer assumiu a Presidência de maneira interina em maio de 2016 e no primeiro discurso afirmou
que, para governar, precisaria do "apoio do povo", que, por sua vez, precisaria "aplaudir" as medidas
adotadas.
Hoje, a aprovação do presidente, segundo o Datafolha, é de 6% - 70% consideram o governo ruim ou
péssimo.
Em recente entrevista, Temer afirmou que um publicitário disse a ele que "aproveite a impopularidade"
para fazer as reformas necessárias ao país.

Economia
O presidente apontou como maior desafio "estancar o processo de queda livre na atividade
econômica".
Em dois anos, Temer acostumou-se a badalar índices alcançados em sua gestão, como a alta do PIB
em 2017 (1%) após dois anos de retração e as quedas da inflação e da taxa básica de juros (6,5% ao
ano), a menor da série histórica do Banco Central, iniciada em 1986.
No mercado de trabalho, contudo, o governo não conseguiu reduzir o número de desempregados, pelo
contrário. Segundo o IBGE, quando Temer assumiu eram 11,4 milhões e hoje, 13,7 milhões.

Crises
Nesses dois anos à frente do Planalto, Temer enfrentou uma série de polêmicas causadas por
denúncias, delações, prisões de assessores mais próximos e investigações da Polícia Federal.
No ano passado, o presidente foi denunciado duas vezes ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela
Procuradoria Geral da República (PGR). Os crimes: corrupção passiva, organização criminosa e
obstrução de Justiça.
As denúncias, baseadas nas delações da JBS, fizeram Temer viver seu momento mais dramático no
governo.
Segundo o Ministério Público, numa conversa com o dono da empresa, Joesley Batista, Temer deu
aval ao pagamento de dinheiro para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, o que o
presidente nega. O encontro aconteceu no fim da noite, fora da agenda, e foi gravado por Joesley.
O STF só poderia analisar as denúncias, porém, se a Câmara autorizasse. Nos dois casos, a maioria
dos deputados votou contra o prosseguimento dos processos e, com isso, as acusações contra Temer só
poderão ser analisadas após ele deixar o Planalto.

Investigações
Hoje, Temer é alvo de dois inquéritos que tramitam no STF. Com base nas delações de executivos da
JBS e da Obderecht, o presidente passou a ser investigado por suposto recebimento de propina na edição
do decreto dos portos e em contratos da Secretaria de Aviação Civil.
A pasta da Aviação foi comandada por Moreira Franco, atual ministro de Minas e Energia, e Eliseu
Padilha, atual chefe da Casa Civil, ambos do MDB, principais conselheiros de Temer e formalmente
denunciados pelo Ministério Público ao STF.
Além dos dois, outras pessoas muito próximas ao presidente passaram a ser investigadas e até foram
presas, entre as quais:

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Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado e ex-assessor especial de Temer;
José Yunes, ex-assessor especial de Temer;
João Baptista Lima Filho, coronel aposentado da PM e amigo de Temer;
Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer.
O presidente nega qualquer tipo de envolvimento com irregularidades. Afirma ser vítima de uma
"campanha oposicionista" para enfraquecer o governo, acrescentando que é alvo de "vazamentos
irresponsáveis" de dados relacionados às investigações sobre ele.
Sobre se tem medo de ser preso ao deixar o cargo, o presidente diz que não, acrescentando que isso
seria uma "indignidade".

Julgamento do TSE
Em junho de 2017, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garantiu a continuidade do governo de Michel
Temer ao absolver, por 4 votos a 3, a chapa formada por ele e por Dilma da acusação de abuso de poder
político e econômico na campanha de 2014.
A ação foi apresentada pelo PSDB após a eleição e apontava mais de 20 infrações supostamente
cometidas pela coligação encabeçada por PT e PMDB (hoje MDB).
Com o placar apertado, cujo voto decisivo foi dado pelo ministro Gilmar Mendes, então presidente do
TSE, Temer escapou da perda do atual mandato e Dilma, da inelegibilidade por 8 anos.

Reformas e concessões
Temer chegou ao poder com discurso em favor das reformas trabalhista e previdenciária, tendo como
objetivo "o pagamento das aposentadorias e a geração de emprego".
Nesses dois anos:
Nova lei trabalhista entrou em vigor;
Reforma do ensino médio foi sancionada;
Reforma da Previdência parou no Congresso;
Reforma tributária não avançou na Câmara.

Temer também defendeu, ao assumir o governo, o incentivo às parcerias público-privadas (PPPs). O


presidente lançou um programa de concessões e privatizações.
Segundo dados oficiais, 74 projetos foram concluídos, o que inclui quatro aeroportos, linhas de
transmissão, terminais portuários e blocos para exploração de óleo e gás.
Dentro do programa de concessões, uma das principais apostas do governo para 2018 é a privatização
da Eletrobras, que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Contas públicas
Quando Temer assumiu, afirmou ser preciso restaurar o equilíbrio das contas públicas "trazendo a
evolução do endividamento no setor público de volta ao patamar de sustentabilidade ao longo do tempo".
Desde então, foram anunciadas algumas medidas, como a instituição de um teto para os gastos
públicos; o aumento da tributação sobre a gasolina; a aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP) – que
diminui, com o passar do tempo, o pagamento de subsídios pelo governo.
Também foram anunciados programas de parcelamento de tributos vencidos para empresas,
produtores rurais e estados e municípios. Esses parcelamentos, mesmo criticados pela área técnica da
Receita Federal – pois influenciam para baixo o recolhimento mensal dos impostos –, contribuem para
elevar a arrecadação no curto prazo.

Intervenção federal
Em 16 de fevereiro, o presidente decretou a intervenção federal na área de segurança pública do Rio
de Janeiro, a primeira desde a Constituição de 1988.

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Com a decisão, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) deixou de responder pela área, que ficou
sob a gestão do general do Exército Walter Braga Netto, escolhido por Temer como interventor.
No período, o fato de maior repercussão no Rio foi o assassinato da vereadora Marielle
Franco (PSOL), cuja investigação segue em curso.
Temer também criou, neste ano, o Ministério da Segurança Pública. Com isso, a Polícia Federal saiu
da alçada do Ministério da Justiça e passou a ser subordinada à nova pasta.
Raul Jungmann, então ministro da Defesa, assumiu a Segurança Pública. Para o lugar dele, Temer
nomeou Joaquim Silva e Luna, primeiro militar a comandar a Defesa.

Programas sociais
Nos dois anos de Temer à frente do Planalto:
O Bolsa Família foi reajustado duas vezes;
O reajuste do salário mínimo ficou abaixo da inflação;
No Minha Casa, Minha Vida, de acordo com Ministério das Cidades, em 2016 foram contratadas
382.311 unidades habitacionais. Em 2017, o governo traçou como meta contratar 610 mil unidades
habitacionais, mas entregou 500 mil.
A meta para este ano é contratar 650 mil unidades – até agora, foram contratadas 125 mil unidades.

O foro privilegiado não acaba hoje18

A decisão do STF é apenas um primeiro (e modesto) passo para acabar com o absurdo incentivo à
impunidade – e ainda abre margem a dúvidas e manobras
Se tudo correr como programado, termina hoje, com o voto do ministro Gilmar Mendes, o julgamento
do Supremo Terminal Federal (STF) a respeito do foro privilegiado – ou, como preferem os puristas, foro
por prerrogativa de função.
Pela legislação brasileira, 58.660 cidadãos têm o direito de ser julgados em tribunais especiais, de
acordo com um levantamento do jornal Folha de São Paulo. Tal contingente inclui do presidente da
República ao defensor público de Taboão da Serra – passando por vereadores, oficiais das Forças
Armadas, juízes, procuradores, prefeitos, governadores e, naturalmente, deputados e senadores.
O processo em julgamento no STF examina apenas o que fazer em relação aos 594 deputados
federais e senadores. É provável que a decisão tenha implicação para os demais cargos, mas ela não
será automática. Dependerá de decisões posteriores da Justiça.
Sete dos ministros já votaram em favor da nova interpretação proposta pelo relator, o ministro Luís
Roberto Barroso. Ela prevê a manutenção do foro especial apenas para crimes cometidos no cargo, em
função de atividades relativas ao cargo.
A divergência, iniciada pelo ministro Alexandre de Moraes, afirma que tal critério abrirá margem a
interpretações subjetivas quando casos concretos vierem a julgamento. Ele propôs que todo crime
atribuído a parlamentar seja julgado no STF a partir do momento da diplomação, até o fim do mandato,
não importando a natureza.
O argumento vitorioso de Barroso atém-se ao princípio do foro especial: ele existe para proteger o
cargo de ingerências políticas. O argumento de Alexandre é de ordem prática: a decisão poderá tornar
os julgamentos ainda mais complexos e morosos.
Ser julgado no STF é considerado um privilégio justamente por que, na visão predominante, lá os
processos costumam demorar mais, e os crimes prescrevem.
Um estudo da FGV-Rio, tão citado quanto criticado, constatou, com base na análise de 2.963 inquéritos
e 822 ações penais entre 2002 e 2016, que o tempo médio de tramitação até o julgamento definitivo caiu
para os primeiros (de 1.297 para 797 dias), mas cresceu num movimento constante para as segundas
(de 65 para 1.377).
18
GUROVITZ, HELIO. O foro privilegiado não acaba hoje. G1 Mundo. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/blog/helio-gurovitz/post/2018/05/03/o-foro-
privilegiado-nao-acaba-hoje.ghtml> Acesso em 04 de maio de 2018.

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O estudo levantou casos em que um processo espera mais de quatro anos por providências do relator.
Numa amostra de casos entre 2012 e 2016, verificou que menos de 6% começavam e terminavam no
STF. Apenas 5,44% preenchiam as duas condições propostas por Barroso. O fim do foro representaria,
portanto, um alívio na carga do tribunal, concebido como corte constitucional, não penal.
Em artigo no site Consultor Jurídico, o jurista Lenio Streck criticou o estudo por não determinar o
período de demora que cabe ao inquérito policial, ao oferecimento da denúncia pelos procuradores e ao
STF especificamente. Streck afirma que as regras para prescrição mudaram em 2010, dificultando as
manobras protelatórias e diz que a própria natureza do julgamento criminal no STF é distinta, feita em
instância única por um colegiado de juízes.
Num levantamento entre o primeiro semestre de 2015, quando já estavam consolidados a atual
estrutura de julgamentos em turmas e o uso de juízes auxiliares, e o início de 2017, ele verificou que 18
de 42 ações penais autuadas já haviam sido julgadas – num prazo em torno de 800 dias, eficácia bem
superior à verificada no estudo da FGV-Rio.
Num ponto, todos estão de acordo: as idas e vindas entre as instâncias judiciárias contribuem para
dilatar a duração dos processos. Barroso sugere, em seu voto, que o STF encerre todos os processos
cuja instrução já esteja concluída, mesmo que o parlamentar perca o mandato ou adquira foro noutra
instância do Judiciário.
Esse critério valeria para os processos da Operação Lava Jato que lá tramitam? Dependerá de como
o relator, ministro Edson Fachin, interpretar as novas condições aos processos. É provável que ele envie
a instâncias inferiores aqueles cujas acusações digam respeito a crimes cometidos fora do cargo hoje
ocupado.
Para novos processos por corrupção, a tendência é haver menos controvérsia – embora o ponto
levantado pela divergência do ministro Alexandre prometa doravante pairar sobre qualquer decisão,
abrindo brechas para advogados manobrarem em favor de seus clientes.
É preciso acabar com os absurdos do foro privilegiado no Brasil. Ele protege criminosos e promove a
impunidade. Mas a decisão de hoje não fará isso, ao menos não em definitivo. O melhor seria o Congresso
Nacional emendar a Constituição para resolver a questão em toda a sua extensão. Infelizmente, por causa
da intervenção federal no Rio de Janeiro, ele está impedido de examinar emendas constitucionais.

Questões

01. (MPE/PI - Cargos de Nível Superior - CESPE - 2018) Pouco a pouco, o Brasil começou a se
recuperar dos efeitos causados pela greve dos caminhoneiros, que durou dez dias e paralisou serviços
como fornecimento de combustíveis e distribuição de alimentos e insumos médicos, o que deixou o país
à beira de um colapso.
Greve dos caminhoneiros: a cronologia dos 10 dias que pararam o Brasil. Internet: (com adaptações).
Considerando o assunto do texto apresentado e aspectos a ele relacionados, julgue o item a seguir.
O governo brasileiro reagiu imediatamente à greve dos caminhoneiros: ainda no início da paralisação,
determinou intervenção militar para garantir o abastecimento nas cidades.
(A) Certo
(B) Errado

02. (UFRR - Técnico em Contabilidade - UFRR - 2018) A Operação Lava Jato desenvolvida no Brasil
a partir de 2014 tem o objetivo?
(A) Investigar um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo doleiros, empresários e
agentes políticos com recursos desviados dos cofres da Petrobras.
(B) Investigar um esquema de benefícios a favor dos agentes políticos em votações das Reformas da
Previdência e Trabalhista realizadas no Congresso Nacional.
(C) Investigar um esquema de corrupção entre empresários, doleiros e políticos na Telebrás, com a
anuência prévia do Presidente da República.
(D) Investigar um esquema de lavagem de dinheiro nos frigoríficos nacionais e agentes políticos na
Companhia Vale do Rio Doce.
(E) Investigar um esquema de corrupção entre empresários internacionais e banqueiros, sempre em
articulação com os agentes políticos da Embraer.

03. (Prefeitura de Conchas – Engenheiro Civil – MetroCapital Soluções - 2018) Marielle Franco,
vereadora do município do Rio de Janeiro, foi morta junto com seu motorista depois que saiu de uma
reunião. Muito envolvida com causas sociais, a vereadora pertencia a que partido:

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(A) PSC
(B) PSOL
(C) PT
(D) PT do B
(E) PC do B

04. (PC/SP – Papiloscopista Policial – VUNESP – 2018) Pelo entendimento original da Constituição,
o foro privilegiado garantido a autoridades como parlamentares fazia com que eles fossem processados
por infrações penais comuns no Supremo. No caso de deputados federais e senadores, o Supremo
Tribunal Federal (STF) restringiu o entendimento para os crimes cometidos no exercício do mandato e
em função do cargo.
(https://veja.abril.com.br. 10.05.2018. Adaptado)

A notícia é relativa à votação realizada pelo STF, cujo resultado, aprovado por nove votos a um, aponta
que o foro privilegiado
(A) não vale para os casos de improbidade administrativa, caso, por exemplo, da situação em que
o agente público provoque perdas ao patrimônio público.
(B) necessitará ser ampliado, em favor dos parlamentares federais, para abra nger crimes de
quaisquer naturezas, desde que ocorridos no exercício do mandato.
(C) deverá ser mantido aos parlamentares eleitos pelo voto direto, bem como aos chefes do Poder
Executivo e Judiciário, quando da esfera federal.
(D) não prevalecerá para os suplentes de senadores e deputados federais, e para ministros de
Estado com menos de um ano do cargo.
(E) não terá validade para os casos de crimes que, na ocorrência de condenação, não prevejam a
perda de mandato do parlamentar.

05. (PC-AP – Agente de Polícia – FCC) O presidente Michel Temer sancionou em 24 de maio o
projeto da nova Lei da Migração. O texto será publicado no dia 25, no Diário Oficial da União.
(Adaptado de: http://brasil.estadao.com.br)

Sobre a lei da Migração são feitas as seguintes afirmações:


I. À semelhança do Estatuto do Estrangeiro, da década de 1980, a nova lei está voltada para a
segurança nacional.
II. A nova lei determina a existência de um visto temporário para pessoas que precisam fugir dos países
de origem, mas que não se enquadram na lei do refúgio.
III. A lei acaba com a proibição e garante o direito do imigrante de se associar a reuniões políticas e
sindicatos.
IV. Para especialistas, a legislação endurece o tratamento para os imigrantes, o que fere os direitos
humanos e incentiva a xenofobia.

Está correto somente o que se afirma APENAS em


(A) II e III
(B) I e II
(C) I e IV
(D) II e IV
(E) III e IV

Gabarito

01.B / 02.A / 03.B / 04.A / 05.A

Comentários

01. Resposta: B
Em entrevista à imprensa estrangeira em fórum de investimentos em São Paulo, o presidente Michel
Temer (MDB) afirmou nesta terça-feira que "não há risco" de "intervenção militar" em decorrência da
paralisação de caminhoneiros, que chega ao seu 9º dia.
(https://oglobo.globo.com/brasil/temer-diz-que-nao-ha-risco-de-intervencao-militar-por-protesto-de-caminhoneiros-22728447).

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02. Resposta: A
A Operação Lava Jato é a maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje no Brasil. Ela teve
início no Paraná, em 17 de março de 2014, unificando quatro ações que apuravam redes operadas por
doleiros que praticavam crimes financeiros com recursos públicos. O nome Lava Jato era uma dessas
frentes iniciais e fazia referência a uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de veículos, em
Brasília, usada para movimentação de dinheiro ilícito de uma das organizações investigadas inicialmente.
Desde então, a operação descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção na Petrobras,
envolvendo políticos de vários partidos e algumas das maiores empresas públicas e privadas do país,
principalmente empreiteiras.
(http://arte.folha.uol.com.br/poder/operacao-lava-jato/#capitulo1).

03. Resposta: B
Marielle Franco foi eleita Vereadora da Câmara do Rio de Janeiro pelo PSOL, com 46.502 votos.
(https://www.mariellefranco.com.br/quem-e-marielle-franco-vereadora)

04. Resposta: A
Por 9 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou que o foro privilegiado de autoridades
não alcança os casos de improbidade administrativa. Para improbidade administrativa — ato em que o
agente público provoque perdas ao patrimônio público ou seja beneficiário de enriquecimento ilícito, por
exemplo —, não há a mesma previsão constitucional e os casos têm início em primeira instância.
(https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/por-9-a-1-stf-confirma-que-foro-nao-alcanca-casos-de-improbidade-administrativa/)

05. Resposta: A
O Estatuto do Estrangeiro proibia imigrantes de participarem de qualquer atividade de natureza
política. A nova lei acaba com a proibição e garante o direito do imigrante de se associar a reuniões
políticas e sindicatos.
A nova lei determina a existência de um visto temporário específico para o migrante em situação de
acolhida humanitária, para pessoas que precisam fugir dos países de origem, mas que não se enquadram
na lei do refúgio. A legislação também contempla migrantes que vêm ao Brasil para tratamentos de saúde
e menores desacompanhados.
Segue o link de uma notícia vinculada à questão:
<http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,temer-sanciona-lei-da-migracao-com-diversos-vetos,70001812512>

Economia
saúde
Pesquisa mostra que 30% das mulheres deixam trabalho por causa dos filhos; homens são 7%19

Outro levantamento mostra que os constrangimentos no mercado de trabalho por causa da


maternidade são motivo de queixa para mais da metade das mães.
Uma pesquisa divulgada pela Catho aponta que 30% das mulheres deixam o mercado de trabalho
para cuidar dos filhos. Entre os homens, essa proporção é quatro vezes menor, de 7%. O levantamento
foi feito em 2018 e ouviu 2,3 mil pessoas.
Outros estudos mostram as dificuldades enfrentadas pelas mulheres que são mães no mercado de
trabalho. Entre as mães, 48% apontam que já tiveram problemas no trabalho por ter que se ausentar
porque o filho passou mal.
Outro motivo de conflito são pedidos para chegar mais tarde ao serviço em dias de reuniões escolares,
com 24% das respostas. Os números são de outra pesquisa da Catho, empresa especializada em
recrutamento de profissionais.

19
Karina Trevisan. Pesquisa mostra que 30% das mulheres deixam trabalho por causa dos filhos; homens são 7%. G1 Economia.
https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2019/05/10/pesquisa-mostra-que-30percent-das-mulheres-deixam-trabalho-por-causa-dos-filhos-
homens-sao-7percent.ghtml. Acesso em 10 de maio de 2019.

28
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Dados também mostram que os constrangimentos no mercado de trabalho por causa da maternidade
são motivo de queixa para mais da metade das mães. Uma pesquisa da Vagas.com aponta que 52% das
mães que trabalham dizem ter passado por esse tipo de situação durante a gravidez ou no retorno da
licença-maternidade.
Entre elas, cerca de 20% relaram terem sido demitidas - apesar de a lei trabalhista vetar demissão
sem justa causa durante a gravidez e até 5 meses depois do parto. Outras queixas levantadas pela
pesquisa são comentários desagradáveis (especialmente de chefes), subestimação, redução de carga
horária e salário e exclusão de projetos por conta da maternidade.

Nas entrevistas de emprego, as perguntas às candidatas sobre maternidade são frequentes entre os
recrutadores. Segundo a pesquisa da Vagas.com, quase 71% das entrevistadas disseram ter sido
perguntadas sobre filhos e planos de engravidar em seu processo seletivo mais recente.

Petrobras vai reajustar diesel com intervalo mínimo de 15 dias e anuncia cartão para
caminhoneiros20

Petroleira vinha reajustando o combustível em intervalos menores, desde o fim do programa de


subsídios. No ano, preço médio do diesel nas refinarias acumula alta de 18,48%.
A diretoria da Petrobras aprovou mudanças na periodicidade de reajuste nos preços do diesel vendido
para as refinarias. Os preços passarão a ser reajustados, no mínimo, a cada 15 dias, informou a estatal
nesta terça-feira (26/03) em comunicado ao mercado.
Desde então, a petroleira vinha reajustando o combustível em intervalos menores, desde o fim
do programa de subsídios lançado pelo governo após a greve dos caminhoneiros.

20
Taís Laporta. Petrobras vai reajustar diesel com intervalo mínimo de 15 dias e anuncia cartão para caminhoneiros.
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/03/26/petrobras-decide-que-preco-do-diesel-ficara-ate-15-dias-sem-reajuste.ghtml. Acesso em 27 de março de 2019

29
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Somente em março, foram anunciados 5 reajustes no preço do diesel, sendo 4 aumentos e duas
reduções. No ano, o preço médio do diesel nas refinarias acumula alta de 18,48%.
Nos postos, o preço médio do litro do diesel no país subiu 0,1% na semana passada, para R$ 3,540,
segundo levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis
(ANP). No ano, entretanto, a alta é menor que o verificado nas refinarias, de 2,6%.
O repasse dos reajustes ao consumidor final, nos postos, depende de uma série de variáveis, como a
margem de revendedores e distribuidores, impostos e da mistura obrigatória de biocombustível.
Segundo a Petrobras, os preços do diesel nas refinarias correspondem a cerca de 54% do valor
cobrado na bomba ao consumidor final.

Cartão para caminhoneiros


Junto da medida, a Petrobras também informou que sua subsidiária Petrobras Distribuidora S.A. (BR)
está desenvolvendo, para daqui a 90 dias, um cartão de pagamentos que viabilizará a compra por
caminhoneiros de litros de diesel a preço fixo nos postos com a bandeira BR (Cartão Caminhoneiro).
"O cartão servirá como uma opção de proteção da volatilidade de preços, garantindo assim a
estabilidade durante a realização de viagens", informou a estatal.

Política de preços
A companhia pontuou que continuará a utilizar mecanismos de proteção financeira, como o hedge com
o emprego de derivativos, cujo objetivo é preservar a rentabilidade de suas operações de refino.
"Ficam mantidos os princípios que balizam a prática de preços competitivos, como preço de paridade
internacional (PPI), margens para remuneração dos riscos inerentes à operação e nível de participação
no mercado", disse a empresa, em comunicado.

Segundo a companhia, a paridade internacional será mantida, evitando práticas que poderiam
caracterizar monopólio, já que possui 98% da capacidade de refino do Brasil.
Em setembro do ano passado, a Petrobras anunciou a adoção de um mecanismo de proteção
financeira para aumentar os intervalos de reajustes nos preços da gasolina nas refinarias em até 15 dias.
O objetivo era dar mais flexibilidade à sua política de preços.

Programa de subsídio
O programa de subsídio ao diesel foi estabelecido em junho, após o governo fechar um acordo com
caminhoneiros para encerrar os protestos que paralisaram o país.
O preço de comercialização para a Petrobras e outros agentes que participam do programa, incluindo
alguns importadores, foi congelado naquele mês a R$ 2,0316 por litro.
Empresas como a Petrobras que aderiram ao plano precisavam praticar preços estipulados pelo
governo e eram ressarcidas em até 30 centavos por litro, dependendo do cenário de preços externos.

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Entenda o que está em jogo na relação entre o Brasil e a OCDE21

País aguarda uma resposta a seu pedido para tornar-se membro da organização; nesta terça, EUA
manifestaram apoio, mas exigem que país retire tratamento especial na OMC.
Há quase dois anos, o Brasil aguarda uma resposta sobre seu pedido para tornar-se membro da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o chamado “clube dos ricos”.
O país é "parceiro-chave" da organização desde 2007.
A OCDE é uma organização que visa promover a cooperação e discussão de políticas públicas e
econômicas para guiar os países que dela fazem parte.
O pedido do Brasil foi feito pelo governo do então presidente Michel Temer. Mas nada foi decidido por
falta de acordo entre os países membros – tendo os Estados Unidos como um dos maiores empecilhos.
Além do Brasil, outros cinco países também aguardam uma decisão para entrar na OCDE: Argentina,
Peru, Croácia, Bulgária e Romênia. O Brasil foi o último a solicitar o ingresso.
Inicialmente, o governo americano relutou em permitir a entrada simultânea de vários postulantes e
queria que a Argentina tivesse preferência sobre o Brasil, alegando que a análise de vários pedidos
atrapalharia o funcionamento da organização.

Contudo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (19/03) que os EUA estão
dispostos a apoiar a entrada do Brasil na OCDE, desde que o país deixe a lista de países de tratamento
especial e diferenciado da OMC.
Em encontro na Casa Branca com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente dos EUA, Donald Trump,
afirmou que apoia o ingresso do Brasil na organização.

Benefícios para o Brasil


Os defensores da iniciativa brasileira argumentam que a adesão à OCDE pode favorecer investimentos
internacionais e as exportações, aumentar a confiança dos investidores e das empresas e ainda melhorar
a imagem do país no exterior, favorecendo o diálogo com economias desenvolvidas.
No caso de países emergentes, a entrada na OCDE pode possibilitar também a captação de recursos
no exterior a taxas de juros menores.

21
G1. Entenda o que está em jogo na relação entre o Brasil e a OCDE. https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/03/19/entenda-o-que-esta-em-jogo-na-relacao-
entre-o-brasil-e-a-ocde.ghtml. Acesso em 20 de março de 2019.

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Requisitos para entrar na OCDE
Para entrar no acordo, é preciso implementar uma série de medidas econômicas liberais, como o
controle inflacionário e fiscal. Em troca, o país ganha um "selo" de investimento que pode atrair
investidores ao redor do globo.
Dos 238 instrumentos normativos da OCDE ao qual um país deve aderir para se tornar membro, o
Brasil havia assinado 39 e pedido para aderir a outros cerca de 70 até meados do ano passado.

Ações da Vale despencam mais de 18% na Bolsa brasileira22

Investidores reagem negativamente no primeiro pregão após o rompimento de uma barragem da


mineradora em Brumadinho (MG).
A tragédia envolvendo uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG) teve efeito nas ações
da companhia na Bolsa de valores brasileira, a B3. Os papeis da empresa abriram o dia com queda de
mais de 18% nesta segunda-feira (28/01).
Essa é a primeira reação dos investidores brasileiros em relação à Vale, já que sexta-feira (25/01) —
dia em que aconteceu o rompimento da barragem — a bolsa estava fechada porque era feriado em São
Paulo.
No entanto, na Bolsa de Nova York, os recibos de ações da Vale caíram 8% naquele dia.
As ações da mineradora haviam fechado a última quinta-feira (véspera de feriado em São Paulo) a R$
56,15. Por volta das 10h30 desta segunda-feira, os papeis eram vendidos perto de R$ 45.
Vale e Bradespar (fundo que investe em ações da mineradora) respondem por 11,5% do Ibovespa,
principal índice da bolsa e que acabou sendo puxado para baixo nesta manhã. A queda às 10h30 era de
1,61%.
Investidores avaliam que o episódio de Brumadinho não afeta a Vale operacionalmente, já que o
complexo de minas atingido representa entre 1,5% e 2,5% da produção de minério da companhia.
A principal preocupação diz respeito às consequências judiciais que a empresa deverá enfrentar,
especialmente por se tratar de uma tragédia recorrente envolvendo a Vale em pouco mais de três anos
— em Mariana (MG), a companhia era dona de metade da Samarco, junto com a anglo-australiana BHP
Billton.
A Justiça já bloqueou R$ 11 bilhões da Vale e a empresa avisou nesta manhã que não pagará
dividendos aos acionistas e nem bônus aos executivos.
Até a manhã desta segunda-feira as autoridades de Minas Gerais haviam confirmado 60 mortos e 292
desaparecidos em Brumadinho, sendo a maior parte funcionários da mineradora.

Com proposta de discutir globalização, Fórum de Davos começa nesta terça23

Cúpula reúne líderes mundiais em meio a preocupações como a guerra comercial, tensões políticas e
Brexit; Trump, Xi Jinping, May e Macron estão entre os que não vão comparecer.
O Fórum Econômico Mundial começa nesta terça-feira (22/01) em Davos, na Suíça. O evento deve
reunir cerca de 250 autoridades do G20 (grupo que reúne as 20 principais economias do mundo) e de
outros países, em discussões sobre cooperação econômica.
O fórum também vai contar com líderes das Nações Unidas (ONU), do Fundo Monetário Internacional
(FMI), do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio (OMC). O encontro deste ano tem como
tema "Globalização 4.0: moldando uma arquitetura global na era da quarta revolução industrial", uma
proposta de debate sobre o impacto da globalização e da digitalização industrial.
As discussões sobre globalização, no entanto, acontecem em um contexto de preocupações sobre as
relações comerciais entre as principais economias do mundo, além de outros pontos de atenção, como
tensões políticas e indefinições sobre o Brexit. O texto de apresentação do Fórum destaca que a reunião
deste ano será promovida em um "contexto de incertezas, fragilidades e controvérsias sem precedentes".
"Nosso desafio é encontrar soluções para as questões mais urgentes do mundo com todos os líderes,
representantes de organizações internacionais, dos negócios e da sociedade civil", disse Borge Brende,
presidente do Fórum Econômico Mundial, à agência Deutsche Welle.
O FMI apresentou em Davos na segunda-feira (21/01) suas novas projeções para a economia
global, piorando as estimativas de crescimento da economia mundial. Além do enfraquecimento da
Europa e de alguns mercados emergentes, o órgão atribuiu redução das projeções à chamada “guerra

22
Fernando Mellis. Ações da Vale despencam mais de 18% na Bolsa brasileira. https://noticias.r7.com/economia/acoes-da-vale-despencam-mais-de-18-na-bolsa-
brasileira-28012019. Acesso em 28 de janeiro de 2019.
23
G1. Com proposta de discutir globalização, Fórum de Davos começa nesta terça. G1 Economia. https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/01/22/com-proposta-
de-discutir-globalizacao-forum-de-davos-comeca-nesta-terca.ghtml. Acesso em 22 de janeiro de 2019.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
comercial”, com restrições dos Estados Unidos ao comércio exterior com diversos países – em especial
a China.
Mesmo com a guerra comercial se destacando entre os principais temas na discussão econômica,
seus protagonistas, os presidentes da China e Estados Unidos, não participarão da reunião em Davos.
No dia 10 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o cancelamento de
sua ida ao evento, apontando como justificativa a "intransigência dos democratas" na questão do muro
na fronteira com o México. As atividades do governo estão parcialmente paralisadas desde dezembro,
em meio ao impasse em relação à aprovação do orçamento pelo Congresso com recursos para a
construção prometida por Trump em campanha.
No entanto, mesmo com a ausência de Trump, são esperados representantes norte-americanos, como
o secretário do Tesouro, Steven Munchin.
Já o porta-voz da China na ausência de Xi Jinping deve ser o vice-presidente do país asiático, Wang
Qishan. Xi Jinping participou da edição de 2017 do fórum, tornando-se então o primeiro líder chinês a
comparecer à cúpula.
Trump e Xi Jinping não são os únicos líderes das principais economias do mundo a se ausentarem. O
encontro deve contar com apenas três líderes do G7 (grupo formado pelos sete países mais
industrializados do mundo). São eles o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a chanceler alemã,
Angela Merkel, e o premiê italiano, Giuseppe Conte.
Entre os que não irão comparecer, o presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta o clima
turbulento no país em maio às manifestações dos chamados “coletes amarelos” contra o governo. A
premiê britânica, Theresa May, também irá se ausentar, enquanto seu país busca uma solução para a
saída da União Europeia.
Entre os emergentes, os líderes de Rússia, Vladmir Putin, e Índia, Ram Nath Kovind, também não vão
comparecer, segundo a agência Reuters.

Participação do Brasil
O presidente Jair Bolsonaro chegou a Davos na segunda-feira para participar do Fórum. A comitiva
brasileira é formada ainda pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes
(Economia), Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da
Presidência) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). O deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também desembarcou em Davos.
Após chegar à Suíça, Bolsonaro disse, em entrevista coletiva, que pretende mostrar as medidas que
o governo está adotando para que o mundo "restabeleça a confiança" no Brasil. O presidente deve
discursar nesta terça. Segundo ele, o discurso foi preparado e revisado por vários ministros e será "muito
curto, objetivo, claro".

Bolsonaro sanciona Orçamento de 2019 com dois vetos parciais24

Um dos itens vetados reestruturava carreiras do Incra, e o outro criava o Fundo Especial do Conselho
Nacional de Justiça. Lei orçamentária foi publicada nesta quarta no 'Diário Oficial'.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou, com dois vetos parciais, o Orçamento de 2019. A lei
orçamentária, aprovada pelo Congresso em dezembro, foi publicada nesta quarta-feira (16/01) no “Diário
Oficial da União”.
Um dos vetos do presidente refere-se à reestruturação das carreiras do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra). Na justificativa do veto, o presidente afirmou que a alteração de
estrutura de carreiras e aumento da remuneração infringe a Constituição Federal.
“Ademais, a inclusão do item durante a tramitação do projeto desconsidera a discricionariedade da
administração para priorizar e harmonizar suas necessidades conforme os critérios de conveniência e
oportunidade”, escreveu.
O outro item vetado criava o Fundo Especial no Conselho Nacional de Justiça, para investimentos em
inovação e modernização tecnológicas dos órgãos do Poder Judiciário.
Ao justificar o veto, o governo afirmou que a criação do fundo feria o novo regime fiscal.
“Poder Executivo é impedido de viabilizar a execução de despesa de competência de outro Poder, em
razão de suas despesas estarem limitadas ao valor já alocado nas programações de cada um de seus
órgãos, nos termos do novo regime fiscal.”

24
Laís Lis. Bolsonaro sanciona Orçamento de 2019 com dois vetos parciais. https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/01/16/bolsonaro-sanciona-orcamento-de-
2019-com-dois-vetos-parciais.ghtml. Acesso em 16 de janeiro de 2019

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Veja os principais pontos do Orçamento 2019:
Previsão de receitas: R$ 3,381 trilhões.
Previsão de despesas: R$ 3,381 trilhões.
Na área das despesas, os gastos com a Previdência lideram – R$ 637,9 bilhões. Gastos com pessoal
somam R$ 351,4 bilhões.
O Mais Médicos terá R$ 3,7 bilhões.
Já o programa Minha Casa, Minha Vida terá prevista dotação de R$ 4,6 bilhões.
Investimentos governamentais: R$ 38,9 bilhões.
Benefícios fiscais (renúncias de tributos e subsídios, por exemplo): R$ 376,2 bilhões.
Fundo partidário: R$ 927,7 milhões
Previsão de inflação: 4,25%
Previsão do PIB: 2,5%

Congresso Nacional aprova Orçamento da União para 201925

Proposta com previsão de receitas e despesas para o ano que vem segue agora para sanção
presidencial. O salário mínimo previsto é de R$ 1.006; valor final será oficializado em janeiro.
O Congresso Nacional, em sessão conjunta de deputados e senadores, aprovou nesta quarta-feira
(19/12) a proposta orçamentária para a União de 2019, com as receitas e despesas previstas para o ano
que vem. Será o primeiro Orçamento da gestão do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
O texto segue agora para sanção presidencial. Na prática, como o prazo final para a sanção ou veto
deverá ser no começo janeiro, a decisão poderá ficar nas mãos do presidente eleito.
A proposta, relatada pelo senador Waldemir Moka (MDB-MS), prevê receitas e despesas totais para o
ano que vem de R$ 3,381 trilhões.
O texto considera que o déficit nas contas públicas pode chegar a R$ 139 bilhões, o equivalente a
1,9% do PIB.
Na área das despesas, os gastos com a Previdência lideram – R$ 637,9 bilhões. Gastos com pessoal
somam R$ 351,4 bilhões.
A dotação prevista para o Bolsa-Família em 2019 é de R$ 29,5 bilhões - o texto reduziu o montante
previsto para o programa que está condicionado a aprovação de créditos: esse valor passou para 5,7
bilhões.
O Mais Médicos terá R$ 3,7 bilhões no ano que vem. Já o programa Minha Casa, Minha Vida terá
prevista dotação de R$ 4,6 bilhões.
Os investimentos vão alcançar R$ 38,9 bilhões. Os benefícios fiscais – renúncias de tributos e
subsídios, por exemplo – devem somar R$ 376,2 bilhões no ano que vem, valor que corresponde a 5,1%
do PIB.

Salário mínimo
O salário mínimo previsto é de R$ 1.006, conforme valor proposto pelo Poder Executivo em agosto,
quando o projeto foi enviado ao Legislativo. O valor definitivo para 2019, no entanto, só será oficializado
em decreto editado pelo governo em primeiro de janeiro.
O novo salário, por lei, é calculado a partir de uma fórmula que leva em conta o crescimento do PIB e
a variação do INPC, índice que mede a inflação. Atualmente, o mínimo está em R$ 954.

Reajuste de agentes comunitários


O Orçamento prevê recursos da ordem de R$ 600 milhões para custear o piso salarial dos agentes
comunitários de saúde e de combate a endemias.

Reajuste dos servidores


O texto também prevê os recursos para o reajuste dos servidores públicos. Havia uma medida
provisória que adiava o benefício para 2020. No entanto, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo
Tribunal Federal, concedeu uma decisão liminar (provisória) nesta quarta (19/12) suspendendo a validade
da medida.

Regra de ouro
O texto reduziu de R$ 258,2 bilhões para R$ 248,9 bilhões o valor do crédito extra que o governo terá
de pedir ao Congresso para pagar despesas correntes no ano que vem.
25
Fernanda Calgaro. Congresso Nacional aprova orçamento da União para 2019. https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/12/19/congresso-nacional-aprova-
orcamento-da-uniao-para-2019.ghtml. Acesso em 20 de dezembro de 2018.

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Fundo Partidário
A proposta de Orçamento aprovada pelos parlamentares prevê dotação de R$ 927,7 milhões para
2019 para o Fundo Partidário (verba pública destinada à manutenção das legendas). Esse valor já
constava da proposta inicial, enviada pelo Poder Executivo. Neste ano, a verba prevista para o Fundo
Partidário somou R$ 888,7 milhões.

Cenário macroecônomico
O texto considerou, como parâmetros econômicos: crescimento do PIB de 2,5%; inflação de 4,25%;
taxa Selic de 8,0% e dólar a R$ 3,66. O parecer conclui que as despesas estão previstas considerando o
teto de gastos.

Em 1 ano, aumenta em quase 2 milhões número de brasileiros em situação de pobreza, diz


IBGE26

Número passou de 52,8 milhões em 2016 para 54,8 milhões em 2017, um crescimento de quase 4%.
Já pobreza extrema aumentou 13%, passando a atingir 15,3 milhões.
Em apenas um ano, o Brasil passou a ter quase 2 milhões de pessoas a mais vivendo em situação de
pobreza. A pobreza extrema também cresceu em patamar semelhante. É o que revela a Síntese de
Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira (05/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
De acordo com a pesquisa, em 2016 havia no país 52,8 milhões de pessoas em situação de pobreza
no país. Este contingente aumentou para 54,8 milhões em 2017, um crescimento de quase 4%, e
representa 26,5% da população (em 2016, eram 25,7%).
Já a população na condição de pobreza extrema aumentou em 13%, saltando de 13,5 milhões para
15,3 milhões no mesmo período. Do total de 207 milhões de brasileiros, 7,4% estavam abaixo da linha de
extrema pobreza em 2017. Em 2016, quando a população era estimada em cerca de 205,3 milhões, esse
percentual era de 6,6%.
Segundo o IBGE, é considerada em situação de extrema pobreza quem dispõe de menos de US$ 1,90
por dia, o que equivale a aproximadamente R$ 140 por mês. Já a linha de pobreza é de rendimento
inferior a US$ 5,5 por dia, o que corresponde a aproximadamente R$ 406 por mês. Essas linhas foram
definidas pelo Banco Mundial para acompanhar a pobreza global.
Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal domiciliar per capita no país foi de R$ 1.511 em 2017.

Distribuição da pobreza
A Região Nordeste é a que possuía o maior percentual de pessoas nesta condição - 14,7% da
população contra 13,2% no ano anterior. A menor proporção estava na Região Sul, com 2,9% contra
2,4% no ano anterior.
"O crescimento do percentual de pessoas abaixo dessa linha [de pobreza extrema] aumentou em todas
as regiões, com exceção da Região Norte, onde se manteve estável", destacou o IBGE.

26
Daniel Silveira. Em 1 ano, aumenta em quase 2 milhões número de brasileiros em situação de pobreza, diz IBGE.
https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/05/em-1-ano-aumenta-em-quase-2-milhoes-numero-de-brasileiros-em-situacao-de-pobreza-diz-ibge.ghtml. Acesso
em 05 de dezembro de 2018.

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Já em relação à população brasileira em situação de pobreza, ou seja, que vive com menos de R$ 406
por mês, quase metade estava no Nordeste - dos 54,8 milhões de pobres no país, mais de 25 milhões
vivem nos estados nordestinos, o que representa quase metade de toda a população da região.
A maior proporção de pobres reside no Maranhão, segundo o IBGE. Lá, mais da metade da população
está abaixo da linha da pobreza. Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Piauí, Ceará, Alagoas e Bahia tinham
quase metade da população pobre também.
Já Santa Catarina aparece com o menor percentual de pobres - 8,5% de sua população estava abaixo
da linha de pobreza. Em todas as demais Unidades da Federação este percentual ficou acima de 13%.

26,9 milhões vivem com menos de ¼ do salário mínimo


O levantamento mostra também que em 2017 havia no país 26,9 milhões de pessoas que vivem com
menos de ¼ do salário mínimo, o que equivale a R$ 234,25, já que o salário mínimo era de R$ 937
naquele ano. Este contingente aumentou em mais de 1 milhão de pessoas na comparação com o ano
anterior. Em 2016, eram 25,9 milhões de brasileiros nesta condição.
No mesmo período aumentou em 1,5 milhão o número de brasileiros com renda domiciliar per capita
inferior a R$ 85 por mês. Em 2016 eram 8,2 milhões de pessoas nesta condição, e este contingente saltou
para 9,7 milhões em 2017 – um aumento de 18,3%.
“A pobreza teve uma mudança significativa neste período. Todas as faixas de rendimento usadas para
classificar a pobreza tiveram aumento”, enfatizou o analista da Coordenação de População e Indicadores
Sociais do IBGE, Leonardo Athias.
Dentre os motivos que levaram ao aumento da pobreza no Brasil, Athias destaca a crise no mercado
de trabalho, com aumento do desemprego e da informalidade, a recessão econômica intensa dos dois
anos anteriores, além do corte de investimentos no Bolsa Família, programa de transferência de renda
voltado justamente para as classes mais pobres.
“Quem já era pobre ficou mais pobre. Mas teve gente que ficou pobre e não o era antes”, disse o
pesquisador.

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Pretos ou pardos são a maioria entre os mais pobres
A desigualdade de renda permanece alta, mas os números do IBGE mostram uma leve redução do
abismo entre os rendimentos de brancos e pretos.
Por faixa de renda, os pretos ou pardos representavam, em 2017, 75,2% das pessoas com os 10%
menores rendimentos, contra 75,4% em 2016. Na classe dos 10% com os maiores rendimentos a
participação de pretos ou pardos, por sua vez, aumentou: de 24,7% em 2016, para 26,3% em 2017.

R$ 10,2 bilhões por mês para eliminar a pobreza no Brasil


O IBGE enfatizou que "a erradicação da pobreza é um dos temas centrais da Agenda 2030 de
Desenvolvimento Sustentável" e que "figura há anos nos esforços analíticos e de políticas públicas no
Brasil". Diante disso, a pesquisa apontou que para o país eliminar a pobreza extrema precisaria investir,
por mês, cerca de R$ 1,2 bilhão. Já com R$ 10,2 bilhões mensais seria possível erradicar toda a pobreza
do país.
"Estes valores não consideram os custos operacionais para fazer a aplicação destes recursos, ou seja,
para se transferir estes valores para cada pessoa de maneira efetiva", ressalvou o pesquisador Leonardo
Athias.
Athias destacou que a pesquisa traz o rendimento médio de cada parcela da população. Assim, quando
se diz que R$ 10,2 bilhões mensais eliminariam a pobreza, não significa que este valor teria de ser dividido
igualmente entre os 54,8 milhões de pobres do país.
“Uns teriam que receber mais, outros menos, para que todos ultrapassarem a linha de pobreza”,
enfatizou o pesquisador.
Todavia, foi construído um indicador que aponta a média de rendimento necessário para que a
população pobre ascendesse de nível sócio econômico. Este indicador é chamado de “hiato da pobreza”
que “mede a que distância os indivíduos estão abaixo da linha de pobreza”.
Assim, constatou-se que, em média, as pessoas vivendo em situação de extrema pobreza precisariam
de apenas R$ 77 para chegar à linha da pobreza. Já as pessoas classificadas como pobres tinham R$
187 a menos que o necessário para ultrapassar a faixa que os classificam em situação de pobreza.
O pesquisador Leonardo Athias destacou que para erradicar a pobreza “não precisa ser só através de
investimento público, de programas de transferência de renda [como o Bolsa Família]”. Segundo ele,
outros mecanismos, até mesmo da iniciativa privada, poderiam contribuir para melhorar a distribuição de
renda.
“Com a melhoria nas condições do mercado de trabalho, você conseguiria fazer a alocação perfeita e
você não teria efeito inflacionário”, disse.

Desigualdade segue em alta


A pesquisa divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE mostrou ainda o quão desigual permanece a
distribuição de renda no Brasil. Na média nacional, os 10% mais ricos chegam a receber 17,6 vezes mais
que os mais pobres. Na divisão por capitais, essa diferença chega a 34,3 vezes - patamar alcançado por
Salvador.

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"No Brasil você tem pobreza e desigualdade. Se você tem desigualdade mas todo mundo é rico, tudo
bem. A gravidade é a distância entre quem está na base da pirâmide daqueles que estão no topo", disse
o pesquisador do IBGE Leonardo Athias.
De acordo com o levantamento, o grupo dos 10% com os maiores rendimentos concentrava 43,1% de
toda a massa rendimento, que é a soma de toda a renda do país. Já o grupo dos 40% com os menores
rendimentos detiveram apenas 12,3% da massa.

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66% das transações bancárias são feitas por internet banking, aplicativos ou call centers, diz
BC27

Estudo da instituição aponta que celular é o meio mais utilizado pelos usuários de serviços bancários.
Operações remotas dos clientes de bancos cresceram 21% entre 2016 e 2017.
Levantamento do Banco Central aponta que duas em cada três transações bancárias no país são
feitas, atualmente, por meio de aplicativos de celular, internet banking ou call centers, o que corresponde
a 66% do total de operações. Apenas um terço das transações ainda é realizada em pontos de
atendimentos dos bancos, destaca o estudo.
Segundo o Banco Central, o celular é o meio mais utilizado pelos clientes das instituições bancárias.
Com quase 25 bilhões de transações registradas no ano passado, os operações por meio de telefones
móveis representa 35% do total.
As informações fazem parte do Relatório de Cidadania Financeira, elaborado pelo Banco Central. O
estudo será divulgado nesta quarta-feira (07/11), às 10h, em Brasília.
De acordo com a autoridade monetária, essas operações remotas cresceram 21% entre 2016 e 2017.
Na segunda posição das transações remotas está o internet banking, quando a operação ocorre pelo
site da instituição bancária ou por aplicativos. O Banco Central informou que, em 2017, houve 20 bilhões
de operações pela internet.
“O futuro, no que diz respeito a acesso e uso de serviços financeiros, caminha para ser digital. O uso
de instrumentos eletrônicos pode contribuir para aumentar a inclusão financeira dos cidadãos [uma vez
que a tendência é que tenham custos mais baixos] e para maior eficiência e segurança no mercado de
pagamentos de varejo brasileiro”, avalia o relatório do Banco Central a que a TV Globo teve acesso
antecipadamente.

27
Yvna Souza. 66% das transações bancárias são feitas por internet banking, aplicativos ou call centers, diz BC. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/11/07/66-
das-transacoes-bancarias-sao-feitas-por-internet-banking-aplicativos-ou-call-centers-diz-bc.ghtml. Acesso em 07 de novembro de 2018.

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Atendimento presencial
Embora em menor ritmo, as transações em canais presenciais também cresceram, informou o estudo
do Banco Central. Conforme a instituição, em 2017, foi registrado um avanço de 7% nesses atendimentos,
após queda de 5% no ano anterior.
Segundo o BC, todos os 5.570 municípios brasileiros têm, pelo menos, um ponto de atendimento físico.
Ao todo, informa o estudo, havia, até dezembro do ano passado, 257.570 pontos de atendimento físico,
que incluem agências bancárias, correspondentes bancários e caixas eletrônicos.
A instituição ressalta ainda que, apesar de a digitalização ser um movimento crescente, os bancos
precisam considerar que parte da população não tem acesso aos canais bancários digitais, como os
moradores de áreas distantes de centros urbanos. Esse perfil de usuário de serviços financeiros ainda
depende das agências físicas dos bancos ou de correspondentes bancários.
"A transformação para o digital, portanto, precisa ser acompanhada para que se garanta que esse
processo será, de fato, inclusivo”, diz trecho do relatório do BC.
O Banco Central também adverte no estudo que "o dinheiro em espécie continua sendo largamente
utilizado", mesmo com a expansão dos usuários de cartões de débito e crédito.
“Dados apontam que a utilização de canais presenciais, especialmente os correspondentes bancários,
para pagamentos de boletos e realização de transferências ainda é grande. Além disso, o dinheiro em
espécie continua sendo largamente utilizado", enfatiza o levantamento.

Marcelo Labuto é nomeado novo presidente do Banco do Brasil28

Labuto substituirá Paulo Caffarelli, que pediu demissão há cerca de dez dias. Funcionário do banco
desde 1992, novo presidente já exerceu cargos de diretor e gerente na instituição.
O "Diário Oficial da União" publicou em edição extra nesta segunda-feira (05/11) a nomeação de
Marcelo Augusto Dutra Labuto como novo presidente do Banco do Brasil.
Atual vice-presidente de Negócios de Varejo da instituição, Labuto substituirá Paulo Rogério Caffarelli,
que pediu demissão há cerca de dez dias.
A nomeação de Marcelo Labuto como novo presidente do Banco do Brasil é assinada pelo
presidente Michel Temer e pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Currículo
De acordo com o site do banco, Labuto é funcionário da instituição desde 1992 e já ocupou os cargos
de diretor de Empréstimos e Financiamentos; gerente-geral da Unidade de Governança Estratégica; e
diretor-presidente da BB Seguridade S.A.
Ainda segundo o Banco do Brasil, Labuto é formado em administração e tem MBA em marketing.

Consumismo no Brasil: entenda o que realmente é e conheça o panorama no país

Entenda o panorama do consumismo no Brasil através de dados e pesquisas em relação ao


comportamento de consumo do brasileiro29.
Quando você vai ao shopping, consegue resistir às promoções e aos descontos? Já comprou aquele
produto novinho só porque estava com um preço mais em conta?
Ou você é mais controlado e só compra aquilo que realmente tem necessidade, ou seja, aquilo que já
tinha planejado antes de visitar a loja?
Esses são, basicamente, os 2 perfis que caracterizam a diferença entre consumismo e consumo.
Apesar de serem termos tão próximos, têm significados bastante distintos e que podem gerar algumas
confusões.

O que é consumo?
Atualmente, o consumo está mais relacionado ao seu sentido econômico: o ato de comprar levando
em consideração as nossas necessidades.
Ele remete aos tempos em que as pessoas começaram a se organizar em cidades, quando faziam
trocas comerciais para conseguirem abrigo, comida, água, roupas e outros suprimentos dos quais
realmente precisavam.
O consumo simplesmente faz parte da nossa sociedade.

28
G1. Marcelo Labuto é nomeado novo presidente do Banco Central. G1 Economia. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/11/05/diario-oficial-publica-
nomeacao-de-marcelo-labuto-como-novo-presidente-do-banco-do-brasil.ghtml. Acesso em 06 de novembro de 2018.
29
Redator Rock Content. Consumismo no Brasil: entenda o que realmente é e conheça o panorama no país. Marketingdeconteúdo.
https://marketingdeconteudo.com/consumismo-no-brasil/.

40
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Acontece que, com os acontecimentos da Revolução Industrial, tivemos a modernização dos
processos de produção, mudanças no transporte e circulação de bens (e pessoas) e a potencialização
das vendas em massa.
Foi uma transformação para as relações de consumo.
As economias industriais passaram a se expandir e os salários dos trabalhadores aumentaram
gradativamente. Esses trabalhadores agora poderiam acumular renda e consumir bens, ajudando os
negócios a prosperarem.
Esse é o ciclo característico do sistema capitalista, e o consumidor é a peça-chave dessa engrenagem.
Por esse motivo, é tão comum dizermos que vivemos em uma sociedade do consumo.
Contudo, à medida que os consumidores foram se distanciando dos meios de produção, passaram a
se alienar também em relação ao real valor dos bens e à necessidade em adquiri-los.
E foi dessa alienação que o consumismo começou a aparecer.

O que é consumismo?
O consumismo é o hábito de adquirir produtos e serviços sem precisar deles. É a compra pelo desejo,
e não pela necessidade.
Geralmente, é marcado pelas compras por impulso e estimuladas pela ansiedade. Em casos mais
graves, pode vir a se tornar uma compulsão.
Além disso, o consumismo está ligado à noção de que comprar mais vai trazer sensações de felicidade
e prazer momentâneo.
É também resultado da influência de propagandas abusivas, que insistem em relacionar o consumo à
felicidade e, muitas vezes, criam uma imposição de necessidades, mostrando como certos produtos ou
serviços são capazes de tornar a vida das pessoas melhor.
O maior problema surge quando o consumismo fica tão intenso que evolui para um comportamento
compulsivo.
Por exemplo: há quem use as compras como um gatilho para ajudar a melhorar o humor e, por isso,
frequentam o shopping sempre que se sentem estressados ou angustiados.
São consumidores que precisam de ajuda, porque muitas vezes se endividam devido à falta de
planejamento financeiro e de prioridade de despesas.
Inclusive, o consumismo tem uma outra face — também problemática —, que é o consumismo infantil.
Quando os produtos são associados a brindes, a personagens famosos ou a campanhas de
publicidade que focam em despertar a atenção das crianças, os pequenos conseguem facilmente
influenciar a decisão dos pais, especialmente em datas comemorativas.
Mas sabemos que não é só no Dia das Crianças e no Natal que os consumidores compram além do
necessário.
O Dia das Mães, o Dia dos Pais e o Dia dos Namorados também são exemplos de datas em que as
pessoas se sentem induzidas a irem às compras.

Qual é o panorama do consumismo no Brasil?


De acordo com um estudo do SPC e da CNDL, cerca de 3 em cada 10 consumidores no Brasil
consideram as compras como o tipo de lazer favorito.
Esse levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito e da Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas descobriu, ainda, que 40,2% dos entrevistados das classes A e B admitem que comprar é uma
forma de reduzir o estresse do cotidiano.
Em um outro estudo, realizado pelas mesmas instituições, revelou-se que as classes C, D e E são as
que mais compram sem necessidade, motivadas por promoções.
São números que deixam claro o quanto o consumismo está presente entre os brasileiros e que esse
comportamento do consumidor ocorre em todas as classes sociais. Mas por que ele ocorre?
Conforme a nossa sociedade foi criando padrões de comportamento que demonstram o quão bem-
sucedido um indivíduo é — padrões esses reforçados pela mídia —, pessoas de todas as classes sociais
passaram a ter vontades semelhantes em relação aos “sonhos de consumo”.
Porém, o acesso aos bens de consumo mais caros não é tão simples para os grupos de baixo poder
aquisitivo, que acabam gerando despesas superiores ao rendimento quando querem satisfazer esses
desejos.
De certa forma, podemos dizer que o consumismo ajuda a acentuar a diferença de classes no nosso
país.

41
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Bancos podem fechar contas de corretoras de criptomoedas sem justificativa, decide STJ30

Assunto também está sob investigação no Cade.


As instituições financeiras não violam a lei ao encerrarem contas de corretoras de moedas digitais sem
justificativa, uma vez que estão cumprindo regras definidas pela regulação bancária brasileira, decidiu
nesta terça-feira (09/10) uma turma de ministros do Superior Tribunal de Justiça, na primeira decisão
sobre o tema.
É a primeira vez que o Superior Tribunal de Justiça se debruça sobre o tema, segundo advogados. O
assunto também está sob investigação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que
poderá decidir se ao encerrar as contas os bancos violam a concorrência no mercado.
O caso específico envolve de um lado o banco Itaú Unibanco e de outro o Mercado Bitcoin, mas é
acompanhado de perto por outras corretoras de criptomoedas e pelo sistema financeiro, uma vez que o
mercado é incipiente e sem regulamentação no Brasil.
O Itaú argumentou no processo que precisa seguir leis e normas de prevenção à lavagem de dinheiro
e o modo de atuação das corretoras de moedas digitais não permite que isso seja feito de modo tão
eficiente. Tais normas exigem, por exemplo, a identificação dos clientes e notificação de operações de
pessoas politicamente expostas.
Além disso, uma norma do Conselho Monetário Nacional (CMN) permite aos bancos encerrar contas
após uma notificação ao cliente, sem necessidade de apresentar justificativa.
Na avaliação do Mercado Bitcoin, por outro lado, ao fechar a conta sem justificativa os bancos atuam
de forma prejudicial à concorrência no mercado. A empresa afirma ser a maior casa de moedas digitais
da América Latina, com mais de mais de 1 milhão de clientes.
A decisão foi tomada pela 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, por 4 a 1, e cabe recurso da
decisão no próprio tribunal.
Tanto Banco Central como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) não
regulamentam o comércio de criptomoedas no Brasil, levando bancos a pressionarem o governo por
normas específicas e monitorar de perto decisões judiciais sobre o tema, disse o presidente da Comissão
de Direito Bancário da OAB-DF, Pedro Henrique Pessanha Rocha.
"Honestamente, não acredito que os bancos temem a competição das exchanges, até por atuarem em
áreas distintas... eles têm receio com o controle frágil de compliance na prevenção à lavagem de dinheiro
(PLD)", afirmou Rocha.
"De certa forma, a decisão pode inibir, mas não sufocar a inovação, essa turma vai ter que ter mais
cautela e pensar suas inovações dentro da caixinha, pois não tem como operar no sistema financeiro sem
observar normas de PLD."
A prevenção à lavagem de dinheiro ganhou um novo capítulo para os bancos na semana passada,
quando veio à tona que o Reino Unido abriu investigação envolvendo o dinamarquês Dansk, após a
própria instituição financeira identificar problemas por meio de investigação interna.
Em caso de descumprimento da Lei de Lavagem de Dinheiro, os bancos podem ser punidos com a
inabilitação de diretores por até 10 anos, além de multas de até três vezes o valor das operações, criando
um passivo para o banco que não teria contato direto com os clientes das corretoras de criptomoedas,
disse Tiago Severo, secretário-executivo da comissão de direito bancário da OAB-DF.
"A responsabilidade é toda do banco... estamos num contexto em que várias instituições estão
reavaliando, reforçando os critérios de prevenção à lavagem de dinheiro", disse o advogado, citando
mudanças regulatórias mundiais e doméstica, além das grandes operações da Polícia Federal no Brasil.
Procurado, o Mercado Bitcoin não respondeu aos pedidos de comentários feitos pela reportagem. O
Itaú Unibanco não pode ser manifestar de imediato.

Por 7 a 4, STF aprova terceirização irrestrita31

Contratação nessa modalidade abrange todo tipo de atividade; decisão vale para processos
trabalhistas abertos antes da Lei da Terceirização.
O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou nesta quinta-feira, 30/08, por sete votos a quatro, a
terceirização de qualquer tipo de atividade, até mesmo das chamadas atividades-fim (que são as que
identificam a atuação de uma empresa ou de uma instituição).

30
Reuters. Bancos podem fechar contas de corretoras de criptomoedas sem justificativa, decide STJ. G1 Economia.
https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/10/09/bancos-podem-fechar-contas-de-corretoras-de-criptomoedas-sem-justificativa-decide-stj.ghtml. Acesso em 10 de
outubro de 2018.
31
PUPO, A. MOURA, R. M. Por 7 a 4, STF aprova terceirização irrestrita. Estadão Negócios. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,por-7-a-4-stf-aprova-
terceirizacao-irrestrita,70002480546?utm_source=twitter:newsfeed&utm_medium=social-organic&utm_campaign=redes-
sociais:082018:e&utm_content=:::&utm_term=::::. Acesso em 31 de agosto de 2018.

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A possibilidade de empresas contratarem trabalhadores terceirizados para desempenhar qualquer
atividade vale mesmo para processos trabalhistas abertos antes da Lei da Terceirização e da reforma
trabalhista, que entraram em vigor no ano passado. A prática permite, por exemplo, que uma empresa de
engenharia contrate engenheiros terceirizados.
A decisão vai destravar quase 4 mil processos que aguardavam a palavra do STF e deve gerar
“estabilidade jurídica” na Justiça do Trabalho, que, em parte, resiste às alterações de 2017, segundo
especialistas e ministros ouvidos pelo Estadão/Broadcast.
Também foi decidido que fica prevista, como na legislação atual, a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante. Ou seja, só arcarão com as penalidades, como dívidas trabalhistas e
previdenciárias, na ausência da firma contratada (se estiver falida, por exemplo). Além disso, a decisão
não deve afetar ações em que não há mais recursos disponíveis (trânsito em julgado).
Durante cinco sessões, o STF debruçou-se sobre duas ações que contestavam decisões da Justiça
Trabalhista que vedaram a terceirização de atividade-fim com base na súmula 331 do Tribunal Superior
do Trabalho (TST). Antes da Lei da Terceirização e da reforma trabalhista, a súmula era a única
orientação dentro da Justiça do Trabalho em torno do tema.
No entanto, mesmo após às inovações de 2017, tribunais continuaram decidindo pela restrição da
terceirização, com base no texto do TST, que teve trechos declarados inconstitucionais pelo STF.
A tese aprovada pela maioria dos ministros foi concentrada no fato de a Constituição não fazer
distinção entre o que é atividade-meio ou fim, e não impondo nenhum modelo de produção específico.
Assim, a Corte concluiu que, mesmo antes da reforma, a súmula do TST não poderia ter restringido a
medida.
Essa interpretação sempre foi defendida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ela cita como
exemplo a indústria de produção de sucos. Apesar de ser responsável pela industrialização do suco,
algumas decisões judiciais consideraram a colheita da fruta como parte da atividade-fim desse tipo de
indústria.
“O STF declarou que a terceirização é possível sem que faça distinção aleatória de atividade-fim e
meio. De sorte que a lei veio para dispor nesse mesmo sentido”, afirmou o ex-ministro do STF Carlos
Velloso, representante da CNI, que participou como parte interessada no julgamento.
“A adoção da terceirização irrestrita prejudica enormemente todos os trabalhadores porque ao acabar
com os direitos pactuados, regidos por uma convenção coletiva em cada atividade profissional, ela cria
trabalhadores de segunda categoria, sem o amparo de uma legislação específica”, afirmou, em nota, o
presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
Votaram a favor os ministros Luiz Fux, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Celso de Mello, Gilmar
Mendes, Luís Roberto Barroso e a presidente Cármen Lúcia. Já os ministros Edson Fachin, Rosa Weber,
Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski foram contrários.

Dólar dispara e fecha acima de R$ 4,00 pela 1ª vez em mais de 2 anos32

No ano, o dólar acumula alta de mais de 20%, segundo o ValorPro. Analistas não descartam que
câmbio chegue perto de R$ 5 com incerteza eleitoral.
O dólar disparou nesta terça-feira (21/08) e fechou acima de R$ 4 pela primeira vez desde 29 de
fevereiro de 2016, após o resultado de pesquisa Ibope para a Presidência da República. Foi o quinto
pregão consecutivo de alta.
A moeda norte-americana terminou o dia em valorização de 2% em relação ao real, vendida a R$
4,0358. Na máxima do dia, chegou a bater R$ 4,0373.
No ano, o dólar acumula alta de 23,8%, segundo o ValorPro. O dólar turismo, sem cobrança de IOF,
era vendido a R$ 4,20 nesta terça.
Internamente, os investidores repercutiram ao longo da sessão a divulgação das primeiras pesquisas
de intenção de voto após a inscrição das chapas candidatas às eleições de outubro, que mostraram um
cenário ainda incerto sobre a disputa presidencial. Eles temem a liderança de candidatos considerados
menos comprometidos com as reformas fiscais.
"O novo patamar do dólar nesse novo cenário é entre R$ 4,20 e R$ 4,50", afirmou à Reuters o
economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira. Outros analistas ouvidos pelo G1 não
descartam que a cotação chegue próximo dos R$ 5.
Com as turbulências, a bolsa brasileira fechou em queda de 1,5% nesta terça-feira, ao redor dos 75
mil pontos.

32
G1. Dólar dispara e fecha acima de R$4,00 pela 1ª vez em mais de 2 anos. G1 Economia. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/21/cotacao-do-dolar-
21082018.ghtml. Acesso em 22 de agosto de 2018.

43
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No exterior, o dólar recuava em relação a uma cesta de moedas e também ante divisas de países
emergentes após o presidente Donald Trump, em entrevista à Reuters na véspera, ter criticado a política
de aumento de juros do Federal Reserve, banco central norte-americano.
Diante da incerteza eleitoral, o mercado de juros futuros também sofreu forte ajuste nos preços dos
contratos nesta terça. Os DIs mais longos, com vencimento entre 2025 e 2027, tiveram alta de quase 0,5
ponto percentual, segundo o Valor Online.

Risco-país
A economia brasileira sofre os efeitos do calendário eleitoral devido à indefinição sobre o próximo
governo e a política econômica a ser adotada a partir do próximo ano. Com isso, cresce a percepção de
risco dos investidores internacionais em relação à economia brasileira. Entre as principais economias
latino-americanas, o risco do Brasil só subiu menos que o da Argentina.
O dólar em alta é o indicativo mais visível do crescimento da desconfiança dos investidores em relação
ao Brasil.

Atuação do BC
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais,
equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 3,6 bilhões do total de US$ 5,255 bilhões que vence
em setembro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
"Não há pressão de demanda nem por proteção cambial e nem por demanda no mercado à vista,
sendo que a alta do preço decorre do emocional e psicológico, fatores imponderáveis, não alcançáveis
por intervenção do BC, que se ocorrer será inócua", disse à Reuters o economista e diretor-executivo da
NGO Corretora, Sidnei Nehme, questionado sobre a possibilidade de o Banco Central atuar por meio de
leilões extraordinários de swap.

Última sessão
Na véspera, o dólar fechou cotado a R$ 3,9566, na maior cotação desde fevereiro de 2016. Até então,
a última vez que o dólar tinha encerrado uma sessão acima de R$ 3,95 havia sido no dia 29 de fevereiro
de 2016 (R$ 4,0036).

Governo projeta salto de 30% na produção de grãos do Brasil em 10 anos33

Segundo estudo, safra deve alcançar 300 milhões toneladas até 2028 e área plantada deve ter
expansão de 13,3%.
A safra brasileira de grãos e oleaginosas deve atingir 302 milhões de toneladas em 2027/2028, o que
representará um crescimento de 30% na comparação com os atuais 232 milhões de toneladas, de acordo
com o estudo Projeções do Agronegócio do Brasil, do Ministério da Agricultura, divulgado na segunda-
feira (06/08).
A safra de soja do Brasil deve saltar para 156 milhões de t em 2027/2028, versus aproximadamente
120 milhões atualmente, enquanto a de milho crescerá para 113 milhões.
O ministério afirmou que a área com todas as lavouras passará de 75 milhões para 85 milhões de
hectares, uma alta de 13,3% em 10 anos, com crescimento de plantio em pastagens ou em áreas
degradadas.
"As maiores expansões devem ocorrer no plantio de soja, cana de açúcar e milho. Lavouras, como
arroz, feijão, mandioca e laranja, devem ter redução de área plantada. Ganhos de produtividade deverão
compensar as reduções, de modo que não haverá recuo de produção. O café deve apresentar certa
estabilização da área e os ganhos de produtividade obtidos nos últimos anos permitem obter produção
crescente, mesmo com tendência de redução de área", afirma o ministério.
O estudo projeta ainda uma produção de carnes de 34 milhões de toneladas em 2027/28, o que
representa acréscimo de 7 milhões de toneladas sobre 2018, ou alta de 25%. O maior crescimento deve
ocorrer nas carnes suína e de frango, seguidas por carne bovina.
A maior expansão deverá ocorrer no Centro Oeste e no Norte, com aumento de produção estimado
em 34,8% e 34%, respectivamente. Os maiores avanços deverão ocorrer nos estados de Rondônia,
Tocantins e Pará. Quanto à área plantada de grãos, os estados do Centro Oeste terão incremento de
28,2%; do Norte, 23% e do Sul, 7,5%.

3333
G1. Governo projeta salto de 30% na produção de grãos do Brasil em 10 anos. https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2018/08/07/governo-ve-salto-
de-30-na-producao-de-graos-do-brasil-em-10-anos.ghtml. G1 Agro. https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2018/08/07/governo-ve-salto-de-30-na-
producao-de-graos-do-brasil-em-10-anos.ghtml. Acesso em 07 de agosto de 2018.

44
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Projeção de exportações
A pesquisa também projeta um crescimento de mais de 30% nas exportações até 2028. Soja, milho e
carnes deverão continuar como destaque. Frutas, em especial manga, melão, mamão e uva, estão entre
os potenciais destaques nos próximos anos.
Cerca de 70% das exportações de soja devem seguir para a China, segundo o estudo.

Temer indica interino Ivan Monteiro para presidir Petrobras34

O presidente Michel Temer indicou nesta sexta-feira o engenheiro Ivan Monteiro como novo
presidente-executivo da Petrobras, em substituição a Pedro Parente, que pediu demissão do cargo nesta
manhã, em meio a ataques à política de preços da estatal.
Em breve pronunciamento no Palácio do Planalto, Temer afirmou que não haverá qualquer
interferência do governo sobre a política de preços da Petrobras e apontou a nomeação de Monteiro,
antes diretor financeiro e de relações com investidores na companhia, como uma garantia de que o rumo
da petroleira seguirá inalterado.

Para baixar diesel, governo corta verba de programas de transplantes e de combate ao trabalho
escravo35

Mais Médicos, policiamento e programas ligados à Educação também serão afetados


BRASÍLIA — Para garantir a redução de R$ 0,46 no litro do óleo diesel nas refinarias, o governo retirou
recursos de áreas sensíveis como a fiscalização de trabalho escravo e trabalho infantil, programa Mais
Médicos, verba de policiamento e até do Sistema Nacional de Transplante. Áreas sociais e programas
ligados à Educação e ao Meio Ambiente também serão afetadas pelos cortes, que somam R$ 9,5 bilhões.
Para garantir o crédito extraordinário que será remanejado para os Ministérios de Minas e Energia e
da Defesa, o governo precisou retirar dinheiro de 19 ministérios, sendo que, ironicamente, o dos
Transportes foi o mais afetado: terá de cortar R$ 1,4 bilhão. Também houve corte em programas sociais
como políticas para juventude, violência contra mulheres, políticas sobre drogas e saúde indígena.
A redução do preço do diesel foi uma concessão do governo diante da pressão da greve dos
caminhoneiros que paralisou o país por nove dias. Só no Ministério da Educação os cortes serão de R$
R$ 55,1 milhões. O dinheiro estava previsto no orçamento para concessão de bolsas no Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies). Houve ainda
um corte de R$ 150 milhões no fundo garantidor do financiamento estudantil.
Além de sofrer com cortes no programa de transplantes, no valor de R$ 1,3 milhão, o Ministério da
Saúde foi vai ter de retirar R$ 34 milhões do Programa Mais Médicos, R$ 11,8 milhões do programa de
gratuidade do Farmácia Popular e R$ 38,9 milhões do dinheiro que seria destinado à manutenção de
unidades de saúde. O montante do corte na pasta foi de R$179,6 milhões.
No Ministério do Meio Ambiente, chama a atenção a retirada de R$ 1,1 milhão da fiscalização ambiental
e de R$ 2,9 milhões do montante que seria aplicado em unidades de conservação. As informações sobre
as áreas e ministérios que sofreram cortes foram publicadas numa edição extra do Diário Oficial da União
de 30 de maio.
Temer também cortou R$ 3,8 milhões do programa "Criança Feliz". A inciativa da área social tinha
como embaixadora a primeira-dama, Marcela Temer, que resolveu recentemente se afastar dos holofotes.
No início de 2017, os marqueteiros do governo tinham um ambicioso plano para alavancar a popularidade
do presidente. Umas das ideias era escalar Marcela para participar de uma série de atos oficiais
relacionados ao “Criança Feliz”.
Na lista está ainda o corte de R$ 1,5 milhão para o "policiamento ostensivo nas rodovias e estradas
federais". A verba, que seria usada pela Polícia Rodoviária Federal, serviria, entre outros propósitos, para
operações de fiscalização do transporte de cargas e aumento do policiamento em feriados. Procurada
pela reportagem, a PRF disse que a decisão é recente e que ainda vai estudar como irá remanejar os
recursos para garantir o policiamento nas estradas.
O governo também retirou R$ 4,1 milhões para o combate ao tráfico de drogas e proteção de bens da
União. Na rubrica, ainda estava incluído o combate ao tráfico de seres humanos, à exploração sexual
infanto-juvenil e à pedofilia.

34
REUTERS. Temer indica interno Ivan Monteiro para presidir Petrobras. Economia. Terra. < https://www.terra.com.br/economia/temer-indica-ivan-monteiro-para-
presidir-petrobras-e-nega-que-havera-interferencia-na-estatal,c5d3729cd2d28185e0d24bb7b7a6df4cglgdcirz.html> Acesso em 04 de junho de 2018.
35
CAMPOREZ, P. BRESCIANI, E. GÓES, B. Para baixar diesel, governo corta verba de programas de transplantes e de combate ao trabalho escravo. O Globo.
Economia <https://oglobo.globo.com/economia/2018/05/31/2270-para-baixar-diesel-governo-corta-verba-de-programas-de-transplantes-de-combate-ao-trabalho-
escravo?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo> Acesso em 01 de junho de 2018.

45
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Greve dos caminhoneiros afeta abastecimento e causa alta de preços36

Frigoríficos e abatedouros estão parados e foram interrompidas exportações calculadas em mais de


R$ 200 milhões.
No terceiro dia da greve dos caminhoneiros, a Petrobras acenou uma bandeira branca e tentou uma
trégua anunciando uma redução temporária do preço do óleo diesel. A paralisação no transporte de
mercadorias e o bloqueio de rodovias provocaram desabastecimento em todas as regiões do país.
Fogo de pneus incendiados. Rodovia Fernão Dias, na Grande São Paulo, no fim da tarde desta quarta-
feira (23/05). Mais cedo, a manifestação foi na Régis Bittencourt. A Advocacia Geral da União conseguiu
nove liminares para liberar seis rodovias federais. Outros 15 pedidos ainda não foram julgados.
A paralisação nas estradas já provoca desabastecimento. Leite desperdiçado. Os caminhões que iam
buscar cinco mil litros, no interior do Paraná, não chegaram. “É triste porque você trabalha com leite de
qualidade, produz, você quer a tua vaca produzindo leite e chegar e jogar fora”, lamenta a produtora rural
Margareth Coller.
Segundo as entidades dos produtores e exportadores de carnes, há pelo menos 129 frigoríficos e
abatedouros parados, e foram interrompidas exportações no valor de mais de R$ 200 milhões.
Em São Paulo, cena rara no maior entreposto de alimentos do país, a Ceagesp. No meio do dia, muitos
boxes fechados ou desertos. Frutas acabando, como mangas e melões. Mamão, que vem principalmente
do Nordeste, sumiu. O feirante perdeu a viagem: “Tem uns 20 boxes que vendem mamão papaia e não
descarregaram em lugar nenhum”, conta o feirante Célio Martins.
No setor que comercializa batata e cebola, a movimentação era muito pequena nesta quarta-feira.
Basicamente de saída de mercadoria, não de descarregamento. Um caminhão era praticamente o único
de cebola. Muitos comerciantes acabaram antecipando as encomendas já contando com a manifestação
dos caminhoneiros. Um dos caminhões, por exemplo, chegou na madrugada de domingo (20/05). O
problema, é que os estoques, que hoje são muito mais de cebola do que de batata, não devem durar
muito tempo. O efeito da antecipação já passou.
E o preço para quem conseguir novo fornecimento de batata? “Custava para nós a R$ 50 o saco, hoje
se está pagando R$ 130, R$ 140 o saco”.
Aumento que vai chegando ao supermercado. “Nesta quarta, nós estamos vendendo uma batata a R$
4, um tomate a R$ 3 reais. Esses preços, a partir de quinta-feira (24/05), vão ter que ser elevados pra R$
5 a R$ 5,50”, explica o gerente do supermercado Edgar Pimenta.
O transporte de combustível também parou em várias regiões do país. Em São Paulo, a prefeitura
informou que 40% dos ônibus urbanos não vão circular nesta quinta-feira (24/05). No Recife e no Rio isso
já aconteceu nesta quarta. O resultado para os passageiros foi atraso.
Filas enormes para abastecer em várias capitais, como no Vale do Paraíba, em São Paulo. Mesmo
com o preço da gasolina nas alturas, houve confusão em filas de postos em Macaé, no estado do Rio. E
nem era a gasolina mais cara. Olha o preço no Recife: R$ 8,99.
Caminhões foram escoltados pela polícia para abastecer aviões no Recife e em Brasília. Na capital
federal, a partir da tarde desta quarta, só podem pousar aviões que decolem de novo sem abastecimento.
Segundo um relatório da Infraero, outros cinco aeroportos só têm combustível para esta quarta: Recife,
Maceió, Aracaju, Palmas e Congonhas, em São Paulo.
No Porto de Santos, quase parado, os navios chegam. Os caminhões, não. Os motoristas defendem
a paralisação. “Os gastos são de 70% do frete, ficam na estrada: no diesel e nos pedágios”, conta o
caminhoneiro Nilson Oliveira.
Caminhões que transportam oxigênio de uso hospitalar não estão chegando a Juazeiro, na Bahia. A
maternidade, o hospital infantil e o pronto-socorro só têm estoque para mais dois dias. “Todas as cirurgias
eletivas vão ser canceladas e vamos atender na urgência apenas pacientes classificados como vermelho
e amarelo”, diz o diretor médico do hospital José Antônio Bandeira.
O Procon de Pernambuco interditou na noite desta quarta-feira (23/05) por 72 horas o posto que
cobrava gasolina a R$ 8,99 o litro e aplicou multa de R$ 500 mil.
A Agência Nacional de Aviação Civil recomenda que os passageiros com voos marcados consultem
as empresas aéreas antes de irem para os aeroportos por causa das dificuldades no abastecimento de
querosene de aviação.

36
G1. Greve dos caminhoneiros afeta abastecimento e causa alta de preços. G1 Jornal Nacional. <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/05/greve-dos-
caminhoneiros-afeta-abastecimento-e-causa-alta-de-precos.html> Acesso em 24 de maio de 2018.

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Questões

01. (Funcabes - Escriturário - PROMUN - 2018) Preços disparam, e alimentos perecíveis sornem de
mercados “Os preços de frutas e legumes dispararam na CEAGESP. Supermercados não fizeram
reajustes, mas alguns itens perecíveis acabaram. Segundo o setor, serão necessários 10 dias para a
normalização dos estoques.” A notícia acima, publicada no Jornal Folha de S. Paulo, na primeira página,
no dia 26 de maio de 2018 e divulgada pela mídia, refere-se ã crise no abastecimento de gêneros
alimentícios no Estado de São Paulo, decorrente:
(A) Do incêndio ocorrido na CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo)
no dia anterior, com 5 vítimas fatais.
(B) Do reflexo da seca prolongada que se abateu sobre a Região Sudeste, com a redução de volume
nos reservatórios das hidrelétricas regionais e a previsão de chuvas baixas em relação à média histórica.
(C) Da paralisação dos caminhoneiros, que deixou a capital do Estado em situação de emergência.
(D) Dos atritos entre produtores de grãos e produtores de carnes que vinham ocorrendo no campo,
desde o início do ano, provocando impacto negativo na produção de gêneros alimentícios para o
abastecimento do mercado.

02. (PC/SP - Agente Policial - VUNESP - 2018) Por unanimidade, o Banco Central manteve os juros
básicos da economia em 6,5% ao ano, ao mesmo tempo em que sinalizou o fim do ciclo de cortes no juro
iniciado em outubro de 2016.
(Folha de S.Paulo, 17.05.18. Disponível em: https://goo.gl/x3xnz4. Adaptado)

Uma das razões para a manutenção dos juros básicos no Brasil é


(A) a tendência de valorização do dólar.
(B) a perspectiva de espiral inflacionária.
(C) o cenário de recessão econômica.
(D) a crescente geração de emprego.
(E) o aumento expressivo da inadimplência.

03. (BRDE – Analista de Projetos-Área Econômico-financeiro – FUNDATEC) O Banco Central do


Brasil está entre as principais autoridades monetárias do país e é integrante do Sistema Financeiro
Nacional. Quem é seu atual presidente?
(A) Alexandre Tombini.
(B) Armínio Fraga.
(C) Henrique Meirelles.
(D) Ilan Goldfajn.
(E) Michel Temer.

04. (PC/SP – Agente Policial – VUNESP-2018) A paralisação dos caminhoneiros vem perdendo força
e dá claros sinais de que está próxima do fim. A Polícia Federal Rodoviária (PRF) notificou nesta quinta-
feira, 31 de maio, uma grande redução dos pontos de concentração nas rodovias federais. Em todos os
Estados, a vida começa a voltar ao ritmo normal.
(Exame, 31.05.18. Disponível em: https://goo.gl/JsGcc2. Adaptado)

A paralisação dos caminhoneiros evidenciou


(A) a relevância e a extensão da malha ferroviária no Brasil.
(B) a dependência da economia brasileira em relação ao rodoviarismo.
(C) a força do transporte aéreo de cargas na reposição dos estoques.
(D) o investimento crescente do Brasil no transporte fluvial.
(E) a perda de importância dos derivados de petróleo no abastecimento.

05. (Câmara Municipal de São José dos Campos/SP - Técnico Legislativo - Vunesp - 2018) A
decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de aumentar os impostos de importação de aço e alumínio
pode abalar o comércio mundial e a economia brasileira.
(UOL, 09.03.2018. Disponível em:<https://goo.gl/Tn1QpE> . Adaptado)

Uma das possíveis consequências da decisão de Trump para o Brasil é


(A) o aumento da produção de aço nacional, devido à demanda de outros países.
(B) uma crise na oferta de aço, diante da escassez do produto no mercado.
(C) o impacto nas siderúrgicas nacionais, que exportam muito para os EUA.

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(D) a interrupção da importação de produtos norte-americanos, como retaliação à decisão.
(E) a redução no consumo de petróleo, muito utilizado na produção de aço.

Gabarito

01.C / 02.A / 03.D / 04.B / 05.C

Comentários

01. Resposta: C
O problema de abastecimento não afetou apenas a Ceagesp, mas também serviços fundamentais. “A
greve tem afetado o funcionamento de hospitais, reduziu a circulação de ônibus, provocou filas em postos
de combustíveis e supermercados, paralisou indústrias, prejudicou a movimentação de cargas em portos
e levou ao cancelamento de voos em diversos aeroportos do país”.
(https://g1.globo.com/politica/noticia/raquel-dodge-afirma-que-crise-de-abastecimento-causada-pela-greve-atinge-direitos-fundamentais.ghtml).

02. Resposta: A
O aumento do dólar pode encarecer produtos e serviços importados consumidos no Brasil e pressionar
a inflação. Como a desvalorização do real frente ao dólar, ocorrida antes da reunião de maio de 2018,
também pressiona os preços, o Copom avaliou que era preciso agir para impedir isso e decidiu por não
fazer um novo corte da taxa Selic, como era esperado por analistas do mercado financeiro, mas pela sua
manutenção no mesmo patamar deliberado na reunião de fevereiro de 2018, ou seja, de 6,5%.
(https://g1.globo.com/economia/noticia/bc-mantem-juros-em-65-ao-ano.ghtml).

03. Resposta: D
Ilan Goldfajn (Haifa, 12 de março de 1966) é um professor e economista israelo-brasileiro. É o atual
presidente do Banco Central do Brasil.
De origem judaica, nasceu em Haifa, Israel. Parte de sua criação deu-se no Rio de Janeiro, onde
estudou no Colégio Israelita Brasileiro A. Liessin.
Em 17 de maio de 2016, foi indicado ao cargo de presidente do Banco Central pelo ministro da Fazenda
Henrique Meirelles. Seu nome foi submetido à aprovação no Senado Federal, contando com 53 votos
favoráveis e 13 contrários. Foi empossado no cargo em 9 de junho.

04. Resposta: B
A greve dos caminhoneiros evidenciou a grande dependência brasileira do transporte rodoviário (para
mercadorias e para passageiros). Reconhecidamente o transporte rodoviário é eficiente para pequenas
distancias, forma que não é a utilizada no Brasil, país de dimensões continentais. Um segundo problema
(mais grave) é que a dependência de um único sistema de transportes gera maiores problemas quando
em casos de paralização, como vimos agora.

05. Resposta: C
A decisão do presidente norte-americano Trump afeta o setor siderúrgico nacional porque o Brasil
ocupa a segunda posição entre os países exportadores de aço para a industrial estadunidense.
< https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/09/trump-cria-taxa-para-aco-e-aluminio-que-impacto-isso-pode-ter-na-sua-vida.htm>

Sociedade
saúde
SP tem atos contra ditadura militar no dia em que golpe completa 55 anos37

Grupo se manifestou por duas horas na Avenida Paulista. No Parque do Ibirapuera, manifestantes
realizaram 'Caminhada do Silêncio'.
Manifestantes realizam dois atos na cidade de São Paulo contra a ditadura militar neste domingo
(31/03), dia em que o golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil completa 55 anos.
O golpe de estado de 1964 precedeu um período de ditadura militar em que não houve eleição direta
para presidente no Brasil. O Congresso Nacional chegou a ser fechado, mandatos foram cassados e
houve censura à imprensa. De acordo com a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram mortas pelo
regime ou desapareceram – somente 33 corpos foram localizados.

37
G1 São Paulo. SP tem atos contra ditadura militar no dia em que golpe completa 55 anos. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/03/31/sp-tem-atos-contra-
ditadura-militar-no-dia-em-que-golpe-completa-55-anos.ghtml. Acesso em 01 de abril de 2019

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Nesta tarde, manifestantes protestaram por duas horas na Avenida Paulista, na região central da
capital. No Parque do Ibirapuera, na Zona Sul, a proposta foi uma "Caminhada do Silêncio". Outras
manifestações pró e contra a ditadura militar (1964-1985) ocorrem em várias cidades do Brasil.
Os protestos ocorrem dias após o presidente Jair Bolsonaro determinar ao Ministério da Defesa que
fizesse as “comemorações devidas” pelos 55 anos do golpe. Mais tarde, Bolsonaro esclareceu que a ideia
era "rememorar" a data, não comemorar o golpe.
Na Paulista, o grupo se concentrou em frente ao Masp das 14h30 às 16h30. Os manifestantes vestiram
camisetas vermelhas e ergueram bandeiras que pediam luta e liberdade. Um boneco em referência a
Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-CODI, foi incendiado no asfalto. Os manifestantes
dispersaram às 16h30.
De acordo com a deputada federal Carla Zambelli (PSL), seu assessor foi agredido quando passava
pela manifestação. Ela disse nas redes sociais que sua equipe vai "continuar comemorando o 31 de
março". A Polícia Militar (PM) registrou a ocorrência de uma agressão na altura da Rua Treze de Maio,
mas não confirmou se é o mesmo caso.
A manifestação no Ibirapuera, começou às 16 horas na Praça da Paz, saiu em passeata dentro do
parque às 18 horas, e terminou às 19h30 no portão 10, junto ao monumento em homenagem aos mortos
e desaparecidos na ditadura, obra projetada pelo arquiteto Ricardo Ohtake, que traz nomes de vítimas do
período.
O professor de espanhol Adilson Oliveira, de 57 anos, chegou cedo para acompanhar o ato. “Eu tinha
8 anos quando meu pai foi assassinato dentro de casa. Eu estava com minhas irmãs. Não deixar morrer
a memória é muito importante”, disse, carregando um desenho do pai.

Semana de manifestações
A orientação do presidente foi acatada pelo comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, que
participou de uma solenidade no Comando Militar do Planalto, em Brasília, em que foi feita a leitura da
Ordem do Dia em referência a 31 de março de 1964.
O pedido de Bolsonaro, no entanto, gerou diversas manifestações contrárias ao longo da semana.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal divulgou uma nota na
qual afirmou que a comemoração do golpe militar de 1964 merece "repúdio social e político" e podia
configurar improbidade administrativa.
A Justiça Federal em Brasília chegou a proibir, seguindo um pedido da Defensoria Pública da União,
que o golpe fosse celebrado pelas Forças Armadas. No entanto, outra decisão, também da Justiça
Federal, liberou as comemorações.
Parentes de vítimas da ditadura militar e o instituto Vladimir Herzog também pediram que a Justiça
concedesse liminar (decisão provisória) para impedir comemorações. O pedido foi negado pelo ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
A ONG Human Rigths Watch criticou a determinação em uma nota com o título "Bolsonaro comemora
ditadura brutal".
Já o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que não considera que tenha havido um
"golpe" no país em 1964. Segundo ele, o que houve na ocasião foi um "movimento necessário" para que
o país não se tornasse uma "ditadura".

12 perguntas ainda sem resposta sobre o assassinato de Marielle e Anderson38

Mesmo após a prisão do policial militar reformado Ronnie Lessa e do ex-policial militar Elcio Vieira de
Queiroz, acusados de executarem a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes
em 14 de março de 2018, ainda há muitas perguntas sem resposta sobre o crime.
As principais - se houve mandante, quem seria essa pessoa e qual seria sua motivação - serão objeto
da segunda fase das investigações, segundo as autoridades à frente do caso.
O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse que os acusados poderão fazer uma delação
premiada, se assim quiserem, para contribuir com esta nova etapa. Questionado sobre o tema, o
Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), não descartou esta opção.

1. Houve mandante do crime?


Essa é a principal pergunta não respondida até agora, assim como as outras questões ligadas a ela:
quem seria esse mandante e qual seria sua motivação. A polícia deixou claro na coletiva de terça-feira
que não tem respostas a elas porque serão objeto da segunda fase das investigações.
38
Carneiro, J. D. Franco, L. Barifouse, R. 12 perguntas ainda sem resposta sobre o assassinato de Marielle e Anderson. BBC Brasil.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47530611. Acesso em 13 de março de 2019.

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Mas entre as informações dadas na terça-feira há indícios de que o assassinato da vereadora foi
encomendado, como o fato dele ter sido "meticulosamente planejado", depoimentos de suspeitos de
ligação com milícias de que o crime teria custado "R$ 200 mil", e o próprio perfil dos acusados, suspeitos
de terem realizados outros homicídios e de envolvimento com milícias.

2. Havia um terceiro ocupante em um dos carros envolvidos no crime?


Marielle, Anderson e uma assessora da vereadora viajavam em um carro pelo bairro do Estácio,
quando um Cobalt prata emparelhou com o veículo. Os disparos foram dados de dentro do Cobalt. A
princípio, a polícia afirmou que havia dois ocupantes no carro, que havia aguardado por duas horas a
saída de Marielle de um evento e depois a perseguiu.
Foi divulgado posteriormente que a análise de imagens de câmeras de segurança por meio de um
programa de computador indicou haver três pessoas no interior do Cobalt prata e que isso teria sido difícil
de identificar por conta da película escura usada nos vidros do veículo.
Na terça-feira, no entanto, Giniton Lages, chefe da Delegacia de Homicídios da Capital, responsável
pela investigação, disse que a hipótese mais provável é de que apenas Lessa e Queiroz estavam no
Cobalt prata usado no crime.
"Análise de imagem é bastante delicado, precisa de ferramentas. Numa primeira leitura, tínhamos o
desenho de três pessoas no carro. Em análise mais recente, porém, estamos caminhando para
confirmação de um motorista e uma pessoa no banco de trás, sem carona", disse Lages.
Esse aspecto da investigação ainda será aprofundado na próxima fase da investigação, de acordo
com o delegado. Por sua vez, o MP-RJ diz categoricamente que não havia uma terceira pessoa no
veículo.

3. Por que Marielle entrou na mira dos criminosos pouco tempo depois de assumir o cargo de
vereadora?
O crime teria sido "meticulosamente planejado" nos três meses anteriores ao crime, segundo o Grupo
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ). Isso significa que Marielle passou
a ser um alvo antes mesmo de completar um ano como vereadora.
Segundo a denúncia, "é inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em
razão da atuação política na defesa das causas que defendia".
"É surpreendente que a Marielle tenha incomodado tanto em tão pouco tempo", disse a deputada
estadual Renata Souza (PSOL-RJ) à BBC News Brasil. "Por que logo a Marielle? Qual foi o ponto crítico?
O que ela fez especificamente para ser morta?"
Marielle foi a quinta candidata mais votada nas eleições municipais de 2016, com 46.502 votos, em
sua primeira disputa eleitoral.
Na Câmara, era um dos quatro relatores de uma comissão criada em fevereiro para monitorar a
intervenção federal de segurança pública no Estado do Rio. Também presidia a Comissão de Defesa da
Mulher e havia proposto projetos de lei voltados à defesa de direitos de minorias e a assistência social.
Entre eles estavam a criação de espaço de acolhida de crianças durante a noite, enquanto seus pais
estudam ou trabalham, uma campanha permanente de conscientização sobre assédio e violência sexual,
um estudo periódico de estatísticas sobre mulher atendidas por serviços públicos da cidade, a oferta de
assistência técnica gratuita em habitação para famílias de baixa renda e um dia de combate à LGBTfobia.
Em entrevista coletiva na manhã de terça-feira, Lages disse que um dos acusados, Lessa, tem
"obsessão por personalidades que militam à esquerda".
"Numa análise do perfil dele, você percebe ódio e desejo de morte, você percebe alguém capaz de
resolver diferenças dessa forma (matando)", afirmou o delegado.
Essa interpretação foi corroborada pelo MP-RJ em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira. A
promotora Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco, disse que os acusados agiram por "motivo torpe" e
que Lessa teria matado a vereadora por "repulsa" a sua atuação política. Anderson teria sido incluído
como alvo para dificultar a solução do crime.
O MP-RJ não exclui, no entanto, que tenha havido outras motivações, nem que o crime tenha sido
encomendado por outras razões.

4. Os acusados têm relação com a milícia Escritório do Crime, que atua em Rio das Pedras?
Durante a maior parte das investigações, era apurado se o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-
policial Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, atualmente preso por chefiar
uma milícia, foram os mandantes do crime. Os dois sempre negaram ter envolvimento no caso.
Em setembro do ano passado, Orlando de Curicica denunciou à Procuradoria-Geral da República
(PGR) que estaria sendo coagido pela Delegacia de Homicídios do Rio a assumir a autoria do crime.

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Na época, segundo o jornal O Globo, ele também afirmou que Marielle e Anderson foram mortos pela
milícia Escritório do Crime, que atua em Rio das Pedras, na zona oeste da cidade. A execução do crime
teria custado R$ 200 mil. Curicica afirmou ainda que, embora soubesse quem havia matado a vereadora,
desconhecia a motivação.
Porém, segundo o MP-RJ, não há provas contundentes do envolvimento de Lessa com milícias. Mas
isso ainda está sendo investigado, porque há indícios de sua "participação em atividade paramilitar", ainda
que não em Rio das Pedras, mas em outras áreas da cidade.
O órgão afirma que ele é suspeito de ter cometido homicídios ligados à contravenção (jogo do bicho).
O mesmo motivo levou à instauração do processo que culminou com a expulsão de Queiroz da PM. De
acordo com o MP, os dois são amigos.
À BBC News Brasil, Marinete Silva, mãe de Marielle, questionou por que milicianos teriam
encomendado a morte de sua filha: "Marielle não atuava nessas áreas. As cobranças que ela fazia eram
em cima de várias questões nas quais ela acreditava. Não era direcionada a milícia. As pautas que ela
defendia eram as da mulher negra, dos direitos humanos, de defender o outro".

5. Há algum laço entre os suspeitos e o vereador Marcello Siciliano e o ex-PM Orlando de


Curicica, apontados como suspeitos de tramar o crime?
A linha de investigação que apurava se Siciliano e Orlando de Curicica seriam os mandantes do crime
perdeu força, segundo uma reportagem do Globo, a partir de apurações paralelas realizadas pela Polícia
Federal.
Isso ocorreu após uma testemunha, o PM Rodrigo Ferreira, voltar atrás nas declarações que
implicavam os dois suspeitos. Segundo o delegado Giniton Lages, esta pessoa pode ser responsabilizada
por falso testemunho caso isso seja provado. As autoridades não souberam informar o que teria motivado
estas declarações.
No entanto, Lages disse que a hipótese do envolvimento de Siciliano e Curicica não está totalmente
descartada, mas não esclareceu se existe algum indício que ligue os dois acusados presos nesta terça
àqueles que eram tratados na maior parte do último ano como os principais suspeitos pelo crime.

6. Como as armas e munições usadas no crime foram extraviadas das polícias civil e federal?
A polícia identificou que uma submetralhadora HK MP5, de origem alemã e calibre 9mm, foi empregada
no crime. Trata-se de uma arma de uso restrito no Brasil, utilizadas por forças especiais.
Cinco unidades de submetralhadoras deste modelo teriam desaparecido do arsenal da Polícia Civil,
algo que foi identificado em um recadastramento feito em 2011.
Por sua vez, as balas usadas eram do lote UZZ18, vendido à Polícia Federal em 2006 e ligado a outros
crimes. Raul Jungmann, então ministro de Segurança Pública, disse logo após o assassinato de Marielle
e Anderson que a munição foi roubada "anos atrás" na sede dos Correios na Paraíba. Os Correios
afirmaram não ter registro disso.
As investigações não revelaram até o momento quem estaria por trás destes desvios de munição e
armas nem como elas teriam chegado aos acusados.

7. De quem são as digitais encontradas nas cápsulas achadas na cena do crime?


Durante as investigações, a polícia encontrou fragmentos de digitais em nove cápsulas de munição
achadas na cena do crime. Os fragmentos seriam insuficientes para identificar os autores dos disparos,
mas poderiam ser confrontadas com as digitais de possíveis suspeitos.
No entanto, nas duas coletivas de imprensa realizadas nesta terça-feira, nada foi divulgado neste
sentido.

8. De onde veio o Cobalt prata usado no crime?


A origem do Cobalt prata usado pelos dois acusados ainda é um mistério. O número da sua placa foi
clonado, e o veículo registrado sob a numeração foi encontrado na Zona Sul do Rio, estacionado na
garagem de uma cuidadora de idosos.
De acordo com o MP-RJ, a investigação mostrou que o Cobalt já circulava pelo Rio de Janeiro desde
2016 e que ele foi comprado especialmente para a execução do crime.
Imagens de câmera de segurança mostraram que o carro estava na Barra da Tijuca horas antes do
crime. Sua identificação foi possível por características do veículo, como um "defeito traseiro
inconfundível".
Mas ainda não se sabe de onde o Cobalt veio nem o percurso que realizou após o assassinato.

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9. Quem clonou a placa do Cobalt prata e quando?
Em maio do ano passado, Thiago Bruno Mendonça foi preso acusado de matar o líder comunitário
Carlos Alexandre Pereira Maria, o Cabeça. Mendonça era colaborador de Siciliano e foi apontado por
uma testemunha como um ex-miliciano ligado a Orlando de Curicica.
Thiago era suspeito de ter envolvimento na execução da vereadora e de seu motorista. Seria o
responsável por clonar a placa do Cobalt prata.
Depois, em dezembro, a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão em 15 endereços no Rio e em
Minas Gerais contra integrantes de milícias, alguns deles suspeitos de participar do crime. Segundo o
jornal O Globo, o alvo seria uma quadrilha especializada na clonagem de veículos.
Porém, nada foi revelado por autoridades até agora sobre quem teria colaborado com esta fraude.

10. Quem desligou as câmeras de segurança no trajeto de Marielle e Anderson?


Cinco das onze câmeras que ficam no trajeto percorrido pelos assassinos de Marielle e Anderson
estavam apagadas naquela noite. Elas teriam sido desligadas de 24 a 48 horas antes do crime, segundo
apurou o site G1.
Apesar de ter sido um dos principais desdobramentos do início da investigação, a Polícia Civil descarta
agora que este fato tenha relação com o homicídio.
O delegado Giniton Lages afirmou na terça não haver qualquer prova que indique que agentes públicos
teriam desligado os aparelhos propositalmente, para proteger os criminosos.

11. Houve um desfecho para a segunda linha de investigação que apurava o envolvimento de
deputados do MDB?
Em agosto, abriu-se uma nova linha de investigação. Três deputados estaduais do MDB, Edson
Albertassi, Paulo Melo e Jorge Picciani, passaram a ser investigados, de acordo com a TV Globo
Atualmente presos, acusados de terem recebido propinas de empresas de ônibus, eles teriam se
envolvido no crime como uma retaliação ao deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) quando ele ainda
atuava como deputado estadual.
Freixo liderou uma ação para impedir a posse de Albertassi como conselheiro do Tribunal de Contas
do Rio de Janeiro, que seria uma forma do trio escapar da investigação do braço da operação Lava Jato
no Estado. Eles negam todas as acusações.
Nas coletivas de terça-feira, não foi divulgado se esta apuração deu frutos ou se o trio de políticos
ainda é suspeito de algum envolvimento no caso.
Em entrevista à BBC News Brasil em janeiro, Freixo disse ter falado sobre essa possibilidade com
autoridades, mas afirmou ser estranhando que isso não tenha recebido muita atenção à época.
Questionado na terça-feira sobre o assunto, o deputado afirmou no entanto que "não cabe a ele fazer
ilações sobre quem seria o grupo político por trás do assassinato".
"Cabe aos investigadores identificar, e isso não pode demorar mais um ano. A partir do momento que
se identifica quem apertou o gatilho, se facilita saber quem mandou matar", declarou.

12. Houve negligência ou tentativa de fraude nas investigações?


A pedido da PGR, a Polícia Federal instaurou, em novembro de 2018, uma "investigação da
investigação" do caso Marielle. Havia a suspeita de que agentes do Estado estariam atuando para obstruir
a elucidação do crime.
Segundo disse à época o então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, essa segunda
apuração foi criada após depoimentos ao Ministério Público Federal darem conta de que havia "uma
organização criminosa envolvendo agentes públicos de diversos órgãos, organização criminosa e a
contravenção para impedir, para obstruir, para desviar a elucidação dos homicídios de Marielle e do
Anderson Gomes".
O ex-ministro já havia afirmado em agosto que o envolvimento de agentes do Estado e de políticos no
crime dificultava seu esclarecimento. A investigação da PF segue em sigilo.
Antes, em maio, uma reportagem da TV Record apontou que o carro em que estavam Marielle e
Anderson havia sido deixado no pátio da delegacia sem cuidados especiais para a preservação de provas
e que os corpos das vítimas não passaram por raio-x porque o Estado estaria sem equipamento.
Existe ainda outro indício da participação do poder público para acobertar os responsáveis, que ainda
não foi confirmado.
Segundo a promotora Simone Sibilo, do Gaeco, a operação de terça-feira foi adiantada, porque os
investigadores receberam a informação de que os acusados teriam sido alertados de que seriam presos.
De acordo com Sibilo, Lessa disse no momento da operação que sabia quando a polícia agiria.

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Paisagista espancada faz exame no IML; agressor tem alta de hospital psiquiátrico e volta à
cadeia39

Nesta quarta-feira, o agressor Vinicius Batista Serra recebeu alta do Hospital Penal Psiquiátrico e será
transferido para uma unidade prisional normal.
A paisagista Elaine Caparroz, de 55 anos, vítima de espancamento durante quatro horas em seu
apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, chegou por volta das 12h20 ao Instituto Médico Legal
(IML) para fazer exame de corpo de delito.
Nesta quarta-feira (27/02), a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que
o agressor Vinicius Batista Serra recebeu alta do Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros no início
da tarde e que o interno será transferido para uma unidade prisional normal.
Vinicius ficou na unidade prisional em observação médica. Após a última avaliação psiquiátrica, nesta
quarta, foi constatado estabilidade no quadro médico. Além disso, após resultados dos exames feitos
durante a internação não houve alteração do quadro clínico psicopatológico.

Denúncia do MP
Nesta terça (26/02), a Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público estadual e
decretou a prisão preventiva (por prazo indefinido) do lutador de jiu-jitsu Vinicius Batista Serra, suspeito
de tentar matar a paisagista Elaine Perez Caparroz.
O crime ocorreu no dia 16 de fevereiro, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. Depois de marcar
um encontro no apartamento da vítima, Vinicius espancou Elaine por quase quatro horas.
Na decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, titular da 3ª Vara Criminal do Rio, pondera que,
caso medidas como a Lei Maria da Penha e Lei do Feminicídio não sejam respeitadas, cabe então ao
poder judiciário a "pacificação do seio social e o bem-estar de envolvidos em casos concretos".
"Em se tratando deste caso em particular, verifico pelas detalhadas declarações da vítima sobrevivente
que o denunciado não poupou esforços para impingir-lhe demorada sessão de espancamento", destacou
o magistrado.

Crime pode ter sido vingança


Na segunda-feira (25/02), a delegada Adriana Belém disse que existe a possibilidade de que a
agressão tenha ocorrido por vingança.
"Ele [o agressor] solicitou a amizade dela no Instagram quando o filho, que mora fora do país, postou
uma foto com ela. Ela ganhou muitos seguidores e, a partir daí, esse contato começou, em julho", explicou
Adriana Belém.
A delegada afirmou que não vê o crime como possível surto psicótico, e acrescentou que Vinícius
mordia a vítima, arrancava pedaços e, em seguida, cuspia.

Vítima faz apelo à Justiça


Na segunda, Elaine esteve na delegacia para prestar depoimento. Ao deixar a delegacia, a paisagista
agradeceu a policiais, pessoas que a socorreram no dia do espancamento e médicos. Ela também fez
um apelo para que a Justiça "ratifique" o trabalho feito pela delegacia e lembrou que muitas mulheres não
têm essa oportunidade.
"Espero de coração que isso mude no Brasil e que a Justiça possa dar uma atenção maior, para que
a gente possa combater esse tipo de crime e evitar que esses delinquentes fiquem soltos e não paguem,
que tenham penas mais rígidas. Não adianta nada você denunciar e depois eles saem, com convívio
normal, e depois voltem a cometer novos crimes", disse Elaine.
Mais cedo, ao chegar na DP, Elaine já tinha dito que iria depor e lutar por justiça "por todas as mulheres
que já passaram por isso".

Ipea: 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam40

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que 23% dos jovens
brasileiros não trabalham e nem estudam (jovens nem-nem), na maioria mulheres e de baixa renda, um
dos maiores percentuais de jovens nessa situação entre nove países da América Latina e Caribe.

39
Carlos Brito. Paisagista espancada faz exame no IML; agressor tem alta de hospital psiquiátrico e volta à cadeia. G1 Rio de Janeiro. https://g1.globo.com/rj/rio-de-
janeiro/noticia/2019/02/27/paisagista-espancada-chega-no-iml-do-rio-para-fazer-exame-de-corpo-de-delito.ghtml. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.
40
Andréia Verdélio. Ipea: 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam. EBC Agência Brasil. http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-12/ipea-23-
dos-jovens-brasileiros-nao-trabalham-e-nem-estudam. Acesso em 04 de dezembro de 2018.

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Enquanto isso, 49% se dedicam exclusivamente ao estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15%
trabalham e estudam ao mesmo tempo.
As razões para esse cenário, de acordo com o estudo, são problemas com habilidades cognitivas e
socioemocionais, falta de políticas públicas, obrigações familiares com parentes e filhos, entre outros. No
mesmo grupo estão o México, com 25% de jovens que não estudam nem trabalham, e El Salvador, com
24%. No outro extremo está o Chile, onde apenas 14% dos jovens pesquisados estão nessa situação. A
média para a região é de 21% dos jovens, o equivalente a 20 milhões de pessoas, que não estudam nem
trabalham.
O estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar? sobre jovens latino-americanos foi
lançado hoje (03/12) durante um seminário no Ipea, em Brasília. Os dados envolvem mais de 15 mil
jovens entre 15 e 24 anos de nove países: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai,
Peru e Uruguai.

Nem-nem
De acordo com a pesquisa, embora o termo nem-nem possa induzir à ideia de que os jovens são
ociosos e improdutivos, 31% dos deles estão procurando trabalho, principalmente os homens, e mais da
metade, 64%, dedicam-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres. “Ou
seja, ao contrário das convenções estabelecidas, este estudo comprova que a maioria dos nem-nem não
são jovens sem obrigações, e sim realizam outras atividades produtivas”, diz a pesquisa.
Apenas 3% deles não realizam nenhuma dessas tarefas nem têm uma deficiência que os impede de
estudar ou trabalhar. No entanto, as taxas são mais altas no Brasil e no Chile, com aproximadamente
10% de jovens aparentemente inativos.
Para a pesquisadora do Ipea Joana Costa, os resultados são bastante otimistas, pois mostra que os
jovens não são preguiçosos. “Mas são jovens que têm acesso à educação de baixa qualidade e que, por
isso, encontram dificuldade no mercado de trabalhos. De fato, os gestores e as políticas públicas têm que
olhar um pouco mais por eles”, alertou.

Políticas públicas
A melhora de serviços e os subsídios para o transporte e uma maior oferta de creches, para que as
mulheres possam conciliar trabalho e estudo com os afazeres domésticos, são políticas que podem ser
efetivadas até no curto prazo, segundo Joana.
Com base nas informações, os pesquisadores indicam ainda a necessidade de investimentos em
treinamento e educação e sugerem ações políticas para ajudar os jovens a fazer uma transição bem-
sucedida de seus estudos para o mercado de trabalho.
Considerando a incerteza e os níveis de desinformação sobre o mercado de trabalho, para eles [jovens]
é essencial fortalecer os sistemas de orientação e informação sobre o trabalho e dar continuidade a
políticas destinadas a reduzir as limitações à formação de jovens, com programas como o Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Os programas de transferências condicionadas e
bolsas de estudo obtiveram sucesso nos resultados de cobertura”, diz o estudo.
De acordo com o Ipea, o setor privado também pode contribuir para melhorar as competências e a
empregabilidade dos jovens, por meio da adesão a programas de jovens aprendizes e incentivo ao
desenvolvimento das habilidades socioemocionais requeridas pelos empregadores, como autoconfiança,
liderança e trabalho em equipe.
No Brasil, por exemplo, segundo dados apresentados pelo Ipea, há baixa adesão ao programa Jovem
Aprendiz. De 2012 a 2015, o número de jovens participantes chegou a 1,3 milhão, entretanto esse é
potencial anual de jovens aptos para o programa.
É preciso ainda redobrar os esforços para reduzir mais decisivamente a taxa de gravidez de
adolescentes e outros comportamentos de risco fortemente relacionados com o abandono escolar entre
as mulheres e uma inserção laboral muito precoce entre os homens.

Conhecimento e habilidades
As oportunidades de acesso à educação, os anos de escolaridade média, o nível socioeconômico e
outros elementos, como a paternidade precoce ou o ambiente familiar, são alguns dos principais fatores
que influenciam a decisão dos jovens sobre trabalho e estudo, de acordo com a pesquisa. Em todos os
países, a prevalência de maternidade ou paternidade precoce é maior entre os jovens fora do sistema
educacional e do mercado de trabalho.
A pesquisa traz variáveis menos convencionais, como as informações que os jovens têm sobre o
funcionamento do mercado de trabalho, suas aspirações, expectativas e habilidades cognitivas e
socioemocionais. Para os pesquisadores, os jovens não dispõem de informações suficientes sobre a

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remuneração que podem obter em cada nível de escolarização, o que poderia levá-los a tomar decisões
erradas sobre o investimento em sua educação. No caso do Haiti e do México, essa fração de jovens com
informações tendenciosas pode ultrapassar 40%.
A pesquisa aponta ainda que 40% dos jovens não são capazes de executar cálculos matemáticos
muito simples e úteis para o seu dia a dia e muitos carecem de habilidades técnicas para o novo mercado
do trabalho. Mas há também resultados animadores. Os jovens analisados, com exceção dos haitianos,
têm muita facilidade de lidar com dispositivos tecnológicos, como também têm altas habilidades
socioemocionais. Os jovens da região apresentam altos níveis de autoestima, de autoeficácia, que é a
capacidade de se organizar para atingir seus próprios objetivos, e de perseverança.
De acordo com a pesquisa, os atrasos nas habilidades cognitivas são importantes e podem limitar o
desempenho profissional dos jovens, assim como a carências de outras características socioemocionais
relevantes, como liderança, trabalho em equipe e responsabilidade. Soma-se a isso, o fato de que 70%
dos jovens que trabalham são empregados em atividades informais. Entre aqueles que estão dentro do
mercado formal há uma alta rotatividade de mão de obra, o que desmotiva o investimento do empregador
em capacitação.

Realidade brasileira
No Brasil há cerca de 33 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos, o que corresponde a mais
de 17% da população. Segundo a pesquisadora do Ipea Enid Rocha, o país vive um momento de bônus
demográfico, quando a população ativa é maior que a população dependente, que são crianças e idosos,
além de estar em uma onda jovem, que é o ápice da população jovem.
“É um momento em que os países aproveitam para investir na sua juventude. Devemos voltar a falar
das políticas para a juventude, que já foram mais amplas, para não produzir mais desigualdade e para
que nosso bônus demográfico não se transforme em um ônus”, disse.
Além das indicações constantes no estudo, Enid também destaca a importância de políticas de saúde
específica para jovens com problemas de saúde mental, traumas e depressão.
A pesquisa foi realizada em parceria do Ipea com a Fundación Espacio Público, do Chile, o Centro de
Pesquisa para o Desenvolvimento Internacional (IRDC), o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), com apoio do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG).

Brasil piora e já é o 9º do ranking global de desigualdade de renda41

Segundo relatório da organização internacional Oxfam, país perdeu uma posição em relação ao ano
anterior.
A edição 2018 do relatório da Oxfam Brasil "País estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras",
divulgado nesta segunda-feira (26/11), mostra que, globalmente, o Brasil piorou seu desempenho em
relação à busca por igualdade de renda. O país já é o 9º mais desigual do planeta. Um ano antes, em
2016, ocupava a 10ª posição.
- Nosso relatório não só revela que o país estagnou em relação à redução das desigualdades, como
mostra que podemos estar caminhando para um grande retrocesso. E, novamente, quem está pagando
a conta são os mesmos de sempre: as pessoas em situação de pobreza, a população negra e as mulheres
- afirma Katia Maia, diretora-executiva da organização.
Rafael Georges, coordenador de Campanhas da Oxfam Brasil e autor do relatório, aponta onde o país
tem cometido erros:
- Cortamos gastos que chegam aos que mais precisam, em educação, saúde, assistência social, e não
mexemos no injusto sistema tributário que temos.
O estudo mostrou que 71% dos brasileiros são favoráveis ao aumento de impostos para o mais ricos.
Segundo a organização internacional de combate à pobreza, às desigualdades e às injustiças, é
a primeira vez que foi incluída na pesquisa uma pergunta sobre o tema: "o governo deve aumentar os
impostos somente de pessoas muito ricas para garantir melhor educação, mais saúde e mais moradia
para os que precisam?".
Realizada em parceria com o Datafolha, a pesquisa mostrou que, entre a população com menor renda,
o apoio é ainda maior: 74% das pessoas cujos rendimentos são de até um salário mínimo disseram ser
favoráveis, enquanto entre os com renda superior a cinco salários mínimos 56% disseram concordar com
a maior tributação sobre os mais ricos.

41
O Globo. Brasil piora e já é o 9º no ranking global de desigualdade de renda. O Globo. https://oglobo.globo.com/economia/brasil-piora-ja-o-9-do-ranking-global-de-
desigualdade-de-renda-23254951?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo. Acesso em 27 de novembro de 2018.

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O Brasil é o país que menos tributa renda de patrimônio, se comparado ao total de sua carga tributária
bruta, dentre os 36 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Por aqui, de cada R$ 1 arrecadado, apenas R$ 0,22 vem de taxas sobre a renda e do patrimônio.
Nos demais países, essa mordida seria de R$ 0,40 para cada R$ 1 pago em tributos. Nos Estados
Unidos, por exemplo, 59,4% do que é arrecadado pelo Fisco vem de impostos sobre a renda e o
patrimônio da população. Isso significa que, no Brasil, a tributação recai muito mais sobre o consumo,
que basicamente é movido pelas famílias de renda menor. Assim, o sistema tributário acaba penalizando
os que têm rendimentos mais baixos.
"Em outras palavras, existe lastro na sociedade para políticas fiscais redistributivas – incluindo as
tributárias", ressaltou a Oxfam, no documento.
Segundo Georges, com algumas mudanças no sistema tributário, o Brasil poderia avançar de dois a
cinco anos em redução de desigualdades, considerando a média de redução verificada no país desde a
Constituição de 1988.
Ainda segundo o estudo, quase oito em cada dez brasileiros esperam que governos ajam para reduzir
desigualdades.
Na avaliação da organização, o Brasil tem um sistema fiscal mais efetivo (no sentido de reduzir mais
as desigualdades) que grandes economias da região como Colômbia e México, superior à média da
América Latina e Caribe e comparável ao da Argentina. No entanto, está bastante atrás de países da
OCDE e, ainda mais dos 15 países mais ricos da União Europeia.
"Há um grande espaço e uma inegável urgência para a reversão de privilégios no Brasil. Há décadas,
os mais ricos detêm uma enorme fatia da renda nacional, seja em contexto de crise ou de bonança", diz
o documento da Oxfam.
"Isenções fiscais, benevolentes benefícios e relações de compadrio com o Estado marcam a
composição da renda do topo da pirâmide social, enquanto o país tem um dos piores níveis de mobilidade
social do planeta. Portanto, é imperativo que soluções para as contas públicas perpassem pelo cerne da
questão, ou seja, a real discussão redistributiva no país, inserindo os direitos da base da pirâmide social
na equação fiscal", defende a Oxfam.

Ministro Dias Toffoli sanciona lei que torna crime a importunação sexual42

Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli substitui o presidente da República, Michel
Temer, que está em Nova York.
O constrangimento por que passam milhões de brasileiras no transporte público e em outros lugares
vai ser tratado de forma diferente desta segunda-feira (24/06) em diante. Os responsáveis pela chamada
importunação de natureza sexual vão responder a processo na Justiça, segundo uma nova legislação.
Agora é crime. O ato libidinoso contra alguém; denúncias de homens que se masturbam ou ejaculam
em mulheres no transporte público, por exemplo. A importunação sexual, até hoje, era contravenção, só
pagava multa. Agora dá prisão, pena de um a cinco anos. Isso se o ato não incluir crimes mais graves.
“Eles ficam atrás. Ficam esfregando. Outra hora, mesmo sentada na cadeira, ficam deslizando o braço.
Eu olho, eu falo, eu reclamo. Eu falo para a pessoa”, diz a auxiliar de serviços gerais Darcilena Francisca
da Silva. “Muitas pessoas encostam nas outras e aí fica assim, ficam aproveitando pelo fato do ônibus
estar cheio”, diz a secretária Vivian Maria Nogueira Gomes.
A lei foi sancionada nesta segunda-feira (24/09) pelo presidente interino, Dias Toffoli. O presidente do
Supremo Tribunal Federal substitui Michel Temer, que está em Nova York.
O texto também aumenta as penas nos casos de estupro coletivo, quando cometido por duas ou mais
pessoas. Divulgação de imagens de estupro, cenas de nudez, sexo ou pornografia, sem o consentimento
da vítima, prevê prisão. E dependendo do caso, pode ter a pena elevada.
Os frequentes casos de abuso, atos libidinosos contra mulheres, especialmente em ônibus, no metrô,
exigiram a mudança na lei. Não estavam previstos no Código Penal e, por isso mesmo, não podiam ser
devidamente punidos.
Foi o caso do ajudante de serviços gerais Diego Ferreira de Novaes, de 27 anos. Em 2017, ele ejaculou
em uma mulher dentro de um ônibus, em São Paulo. Foi preso e logo solto. Ele já tinha sido detido outras
15 vezes pelo mesmo motivo. Não era crime. Na mesma semana, ele atacou outra passageira, também
na Avenida Paulista. Acabou sendo declarado inimputável em laudo psiquiátrico e internado como medida
de segurança por um ano.
Para proteger as mulheres, já havia vagões exclusivos em trens e metrôs, mas faltava tipificar o crime
para acabar com a impunidade.
42
Jornal Nacional. Ministro Dias Toffoli sanciona lei que torna crime a importunação sexual. G1 Jornal Nacional. https://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2018/09/24/ministro-dias-toffoli-sanciona-lei-que-torna-crime-a-importunacao-sexual.ghtml. Acesso em 25 de setembro de 2018.

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“Eu tenho uma filha de 15 anos, então eu me preocupo bastante com isso. Acho que vai mudar porque
aí a pessoa fica com medo de ir para uma prisão. Então, pode ser que faça a diferença”, diz o vigilante
Dielson Miranda Aguiar.

Uma em cada nove pessoas no mundo passa fome, diz ONU43

Número de pessoas afetadas pela fome retrocedeu a níveis de uma década atrás. Brasil está entre 51
países mais expostos a extremos climáticos e, portanto, mais suscetíveis a aumento de casos de
desnutrição.
O número de pessoas afetadas por desnutrição mundo afora aumentou pelo terceiro ano consecutivo
em 2017, retrocedendo a níveis de uma década atrás, aponta um relatório publicado por agências da
Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (11/09).
Um total de 821 milhões de pessoas, ou uma em cada nove no planeta, não tem o suficiente para
comer. Em 2016, 804 milhões de pessoas estavam nessa situação.
Mundo afora, quase 151 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade sofreram de
desnutrição no ano passado, ou 22% das crianças no mundo. Ao mesmo tempo, 672 milhões de adultos
no mundo – um em cada oito – estão obesos, ante 600 milhões em 2014.
No Brasil, a situação é considerada estável nos últimos anos, e o problema atinge hoje 2,5% da
população. De 2004 a 2006, a taxa registrada foi de 4,6%. Ao mesmo tempo, aumentou a percentagem
de adultos obesos no país, de 19,9% em 2012 para 22,3% em 2018.
De acordo com a ONU, mudanças climáticas e a ocorrência de conflitos impulsionam o retrocesso. A
maior variabilidade nas temperaturas usuais, chuvas intensas e mudanças no padrão das estações
impactam a quantidade e a qualidade de comida disponível e afetam principalmente os mais pobres.
O Brasil, por exemplo, registrou nos últimos anos várias ocorrências de temperaturas extremas em
áreas destinadas à agricultura e estiagens mais frequentes. O país está entre os 51 listados no relatório
da ONU como mais expostos a extremos climáticos em 2017, e, portanto, mais suscetível ao aumento de
casos de desnutrição.
A situação tem piorado principalmente na América do Sul e na maior parte da África, enquanto, na
Ásia, a situação é estável na maioria das regiões. A Ásia tem o maior número de pessoas desnutridas no
mundo – de 515 milhões – devido ao tamanho de sua população.
Em termos relativos, o leste da África é a região mais afetada, com 31,4% da população classificada
como desnutrida. Na América do Sul, 5% das pessoas se enquadram na categoria.
Na América do Sul, a ONU apontou a queda no preço de commodities, como o petróleo, como o
provável motivo das maiores taxas de desnutrição, já que houve menos recursos disponíveis para
importação de comida e investimentos na economia. A falta de alimentos levou cerca de 2,3 milhões de
pessoas a fugir da Venezuela até junho, afirmou a ONU.
O relatório foi publicado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef), pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) e pela Organização Mundial
da Saúde (OMS).

Brasil tem mais de 208,5 milhões de habitantes, segundo o IBGE44

Estimativa mais recente da população mostra que 24% dos brasileiros vivem nas capitais. Menos de
1% dos municípios têm mais de 500 mil habitantes e apenas 3 têm menos de mil.
A população brasileira foi estimada em 208,5 milhões de habitantes, conforme divulgado nesta quarta-
feira (29/08) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As estimativas da população para
estados e municípios, com data de referência em 1º de julho de 2018, foram publicadas no "Diário Oficial
da União".
Na comparação com 2001, quando havia pouco mais de 172,3 milhões de habitantes, a população
brasileira cresceu 21%. A taxa de crescimento em relação a 2017, quando a população somava 207,6
milhões, foi de 0,82%.

43
Deutsche Welle. Uma em cada nove pessoas no mundo passa fome, diz ONU. https://www.dw.com/pt-br/uma-em-cada-nove-pessoas-no-mundo-passa-fome-diz-
onu/a-45441441. Acesso em 13 de setembro de 2018.
44
Silveira, Daniel. Brasil tem mais de 208,5 milhões de habitantes, segundo IBGE. G1. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/29/brasil-tem-mais-de-208-
milhoes-de-habitantes-segundo-o-ibge.ghtml. Acesso em 30 de Agosto de 2018.

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Principais destaques:
- 21,8% da população do país (45,5 milhões) vive no estado de São Paulo.
- Apenas 3 estados, todos no Norte, têm menos de 1 milhão de habitantes.
- 23,8% da população (49,7 milhões) vive nas 27 capitais.
- Mais da metade da população (57%) vive em apenas 5,7% dos municípios do país (317).
- Dos 5.570 municípios, apenas 46 (0,8%) têm mais de 500 mil habitantes.
- O município mais populoso é São Paulo (SP), com 12,2 milhões de habitantes.
- O município menos populoso é Serra da Saudade (MG), com apenas 786 habitantes.
- Além de Serra da Saudade, apenas outros dois municípios têm menos de mil habitantes: Borá (SP),
com 836, e Araguainha (MT), com 956.

As estimativas da população brasileira foram calculadas com base na Projeção de População,


divulgada pelo IBGE em 25 de julho. Ela já indicava que os brasileiros somavam cerca de 208 milhões e
apontava que a população crescerá até 2047, quando chegará a 233 milhões e começará a encolher.

População nas capitais


De acordo com as estimativas do IBGE, juntas, as 27 capitais abrigam 49,7 milhões de habitantes, o
que representa 23,8% da população do país.
São Paulo é a mais populosa, com 12,2 milhões de habitantes, e a com menor número de habitantes
é Palmas (TO), com 292 mil pessoas.
Dentre as capitais, 14 têm mais de 1º milhão de habitantes. As outras 13 têm menos de 900 mil.

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População nos estados
Os três estados mais populosos do Brasil estão na Região Sudeste. São Paulo ocupa o topo do
ranking, com 45,5 milhões de habitantes, o que equivale a 21,8% de toda a população do país. Ele é
seguido por Minas Gerais, com 21 milhões, e Rio de Janeiro, com 17,2 milhões.

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Outros três estados completam o grupo com mais de 10 milhões de habitantes: Bahia, com 14,8
milhões, Paraná, com 11,3 milhões, e Rio Grande do Sul, com também com 11,3 milhões.
Já Roraima, na Região Norte, é o estado menos populoso, com 576,6 mil habitantes (0,3% da
população total). Os outros dois menores estados também estão na Região Norte: Amapá, com 829 mil,
e Acre, com 869 mil. Estes três estados nortistas são os únicos com menos de 1 milhão de habitantes.

População nos municípios


O IBGE destacou que pouco mais da metade da população brasileira (57% ou 118,9 milhões de
habitantes) vive em apenas 5,7% dos municípios (317), que são aqueles com mais de 100 mil habitantes.
O país tem 46 municípios com mais de 500 mil habitantes, que concentram 31,2% da população do
país (64,9 milhões de habitantes). Por outro lado, a maior parte dos municípios brasileiros (68,4%) possui
até 20 mil habitantes e abriga apenas 15,4% da população do país (32,1 milhões de habitantes).

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O município de São Paulo continua sendo o mais populoso do país, com 12,2 milhões de habitantes,
seguido pelo Rio de Janeiro (6,7 milhões de habitantes), Brasília e Salvador (cerca de 3,0 milhões de
habitantes cada).
Apenas 17 municípios brasileiros superam a marca de 1 milhão de habitantes. Juntos, eles somam
45,7 milhões de habitantes ou 21,9% da população do Brasil. Três deles não são capitais: Guarulhos
(SP), com 1,4 milhão, Campinas (SP), com 1,2 milhão, e São Gonçalo (RJ), com 1,1 milhão.
Quando se excluem estes 17 municípios com mais de 1 milhão de habitantes, os outros mais populosos
são Duque de Caxias (RJ), São Bernardo do Campo (SP), Nova Iguaçu (RJ), Santo André (SP), São José
dos Campos (SP), Jaboatão dos Guararapes (PE) e Osasco (SP).
Serra da Saudade (MG) é o município brasileiro de menor população, com apenas 786 habitantes,
seguido de Borá (SP), com 836 habitantes, e Araguainha (MT), com 956 habitantes. Estes são os únicos
três municípios com menos de mil habitantes.

Corte Interamericana condena Brasil por morte de Vladimir Herzog45

Tribunal apontou o Estado brasileiro como responsável pela violação ao direito de conhecer a verdade
sobre o assassinato do jornalista
A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) condenou o Brasil pela falta de investigação
e sanção dos responsáveis pela morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, durante o regime militar,
informou o tribunal nesta quarta-feira (04/07).
O tribunal questionou a aplicação da lei de anistia de 1979 para encobrir os responsáveis pela morte
de Herzog e apontou o Estado brasileiro como responsável pela violação ao direito de conhecer a verdade
e a integridade pessoal em detrimento dos familiares da vítima.
O caso ocorreu após a detenção de Herzog, em 25 de outubro de 1975, quando foi interrogado,
torturado e assassinado "em um contexto sistemático e generalizado de ataques contra a população civil,
considerada como opositora à ditadura brasileira", segundo a corte, sediada em San José, na Costa Rica.
A instância ressaltou que as principais vítimas destes abusos eram jornalistas e membros do Partido
Comunista Brasileiro, durante a ditadura que governou o Brasil entre 1964 e 1985.
Diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog foi convocado pelo DOI-Codi em 1975 a prestar
depoimento sobre seus vínculos com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). No dia seguinte, estava
morto. No mesmo dia da prisão, o Exército divulgou que Herzog tinha se suicidado e confirmou a versão
em uma posterior investigação da jurisdição militar. A versão oficial, supostamente corroborada por uma
foto do jornalista enforcado, não convenceu.
Na imagem, Vlado estava de joelhos dobrados, com a cabeça pendida para a direita e o pescoço preso
a uma tira de pano. A "fake news" da ditadura não resistiu à verdade indiscutível, testemunhada por
colegas jornalistas de Herzog também detidos: ele havia sido torturado e morto pelos militares.
O assassinato coincidia com uma greve estudantil em algumas das principais universidades de São
Paulo. Organizado por Dom Paulo Evaristo Arns, o ato inter-religioso em homenagem à Herzog reuniu 8
mil cidadãos na Catedral da Sé em outubro daquele ano. O número poderia ser maior não fosse o esforço
dos militares em dificultar o acesso da população ao local.
Novas investigações foram iniciadas em 1992 e 2007, mas as duas foram arquivadas em aplicação à
lei de anistia.
Durante as audiências perante o tribunal interamericano, "o Brasil reconheceu que a conduta estatal
de prisão arbitrária, tortura e morte de Vladimir Herzog causou aos familiares uma dor severa,
reconhecendo sua responsabilidade" no caso, informou a corte em um comunicado.
Em sua sentença, a Corte IDH determinou que a morte de Herzog foi um "crime contra a humanidade",
razão pela qual o Estado não podia invocar a prescrição do crime ou a lei de anistia para evitar sua
investigação e a sanção dos responsáveis.
Destacou ainda que o Brasil violou os direitos às garantias judiciais e à proteção da mulher e dos filhos
de Herzog, e que o país descumpriu sua obrigação de adequar sua legislação interna à Convenção
Americana de Direitos Humanos, ao manter a lei de anistia vigente.
O tribunal ordenou ao Brasil várias medidas de reparação, como a investigação dos fatos ocorridos
com a detenção de Herzog para identificar e sancionar os responsáveis por sua tortura e morte.

45
Carta Capital. Corte Interamericana condena Brasil por Morte de Vladimir Herzog. <https://www.cartacapital.com.br/politica/corte-idh-condena-brasil-por-morte-de-
vladimir-herzog-durante-ditadura> Acesso em 05 de julho de 2018.

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Governo federal lança pacto nacional contra LGBTfobia nesta quarta46

Portaria foi publicada na terça. Estados e DF terão de assinar adesão e criar estruturas locais, em troca
de consultoria e 'articulação de verbas' da União.
O governo federal lança nesta quarta-feira (16/05), em Brasília, um pacto nacional de enfrentamento
à violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – os grupos que compõem a sigla
LGBT. Os governos dos estados e do Distrito Federal terão de manifestar, individualmente, a adesão ao
programa.
Até a tarde desta terça (15/05), 12 estados tinham confirmado presença na cerimônia de assinatura,
segundo o Ministério dos Direitos Humanos. O pacto tem vigência prevista de dois anos, prorrogáveis por
igual período.
A portaria que institui o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência LGBTfóbica já foi publicada no
Diário Oficial da União. Nela, o ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, cita tratados
internacionais, o Programa Nacional de Direitos Humanos instituído no país em 2009 e recomendações
das Nações Unidas sobre o tema.
De acordo com a portaria, o pacto "tem por objetivo promover a articulação entre a União, Estados e
Distrito Federal nas ações de prevenção e combate à LGBTfobia". O formato exato dessa articulação não
consta na portaria, e deve ser detalhado durante a cerimônia de lançamento, à tarde.
O lançamento do pacto nacional ocorre dois dias antes do Dia Nacional de Combate à Homofobia no
Brasil, celebrado em 17 de maio. Nesta mesma data, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
retirou o termo "homossexualismo" da lista de doenças e problemas de saúde.

Adesão e compromissos
Junto com a portaria, o governo também publicou o modelo do Termo de Adesão a ser preenchido
pelos governos signatários do pacto. O documento lista alguns dos "direitos e deveres" gerados pela
medida.
As atribuições dos estados e do DF incluem a criação de estruturas para "promoção de políticas"
ligadas à população LGBT, assim como "equipamentos nos órgãos estaduais para atendimento
adequado" aos mesmos grupos.
Os governos locais também terão de dar "pleno funcionamento" ao comitê gestor estadual, em até 60
dias após a assinatura do termo. A partir daí, começa um outro prazo, de 45 dias, para a apresentação
de um "plano de ação", com cronograma e estatísticas.
As ações não se resumem à burocracia. O governo que aderir ao pacto terá de incluir as políticas
LGBT no Plano Plurianual (PPA) – um documento elaborado de 4 em 4 anos, e que serve como base
para a elaboração dos orçamentos anuais de cada governo. Na prática, a inclusão no PPA funciona como
uma "garantia orçamentária" para o tema.
Os gestores que cumprirem os compromissos podem, em troca, exigir contrapartidas da União. A lista
de possibilidades inclui auxílio técnico para o cumprimento do pacto, o compartilhamento de dados de
denúncias do Disque Direitos Humanos (Disque 100) e a capacitação de gestores e gestoras.

Dinheiro 'a combinar'


O documento também fala em "contribuir com a articulação de recursos financeiros, seja em órgãos
do Poder Executivo e/ou Poder Legislativo para financiamento das ações propostas no Plano de Ação".
Isso não significa que a assinatura, por si só, gere verba pública. Na seção seguinte, a própria portaria
esclarece que a transferência de recursos será oficializada "por meio de convênio específico ou outro
instrumento adequado" – se, e quando acontecer.

Muito a percorrer
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, em 2017, o Disque 100 registrou 1.720 denúncias
de violações de direitos de pessoas LGBT.
A cada 10 casos, 7 são referentes a episódios de discriminação. A violência psicológica aparece em
53% das denúncias, e a física, em 31%. O somatório é maior que 100% porque, muitas vezes, um único
caso é composto de diferentes tipos de violação.
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), em 2016, 343 pessoas foram mortas pela
LGBTIfobia. A sigla usada pela entidade inclui a letra I, de intersexual – alguém que, por razões genéticas
ou de desenvolvimento fetal, não se enquadra na definição típica de "masculino" ou "feminino".

46
Matheus Rodrigues. Governo Federal lança pacto nacional contra LGBTfobia nesta quarta. G1 Distrito Federal. < https://g1.globo.com/df/distrito-
federal/noticia/governo-federal-lanca-pacto-nacional-contra-lgbtfobia-nesta-quarta.ghtml> Acesso em 16 de maio de 2018.

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Questões

01. (CRQ – 5ª Região (RS) – Auxiliar Administrativo – FUNDATEC) A Declaração Universal dos
Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada em 10 de dezembro de 1948 na Assembleia-Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU). O documento é a base de uma luta universal que visa a
igualdade e a dignidade de todas as pessoas e o combate à opressão e à discriminação. Os direitos
humanos são essenciais a todos os seres humanos e garantem as liberdades fundamentais que devem
ser aplicadas a cada cidadão do planeta. Dentre as alternativas abaixo, qual NÃO consta como um direito
proclamado no documento assinado pela maioria dos países do mundo?
(A) Direito à propriedade.
(B) Direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu país; diretamente ou por intermédio
de representantes livremente escolhidos.
(C) Pagamento de salário igual por trabalho igual sem discriminação alguma.
(D) Direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu.
(E) Direito à legítima defesa.

02. (ESAF – Planejamento e Orçamento – ESAF) No Século XXI, o Trabalho Forçado, Trabalho
análogo ao Escravo e o Trabalho Infantil ainda são uma realidade no mundo e o Brasil não é uma exceção.
Existem inúmeras razões para a persistência do Trabalho Forçado e Trabalho análogo ao Escravo no
Brasil.
Não é uma das razões para persistência do Trabalho Forçado no Brasil.
(A) Sentimento de Impunidade para os promotores do Trabalho Forçado ou Trabalho análogo ao
Escravo, na maioria dos casos praticado em áreas distantes e/ ou desconhecidas dos trabalhadores
recrutados.
(B) São raros os casos de condenação criminal por Trabalho Forçado no Brasil. A lei tem dificuldade
em atingir o promotor do trabalho escravo, devido a existência de intermediários (“os gatos”) encarregados
da contratação.
(C) No Brasil, a lei penal é inadequada para a responsabilização dos infratores. Falta clareza ao
qualificar como crime de condição análoga à escravidão a submissão do empregado a uma jornada
exaustiva ou em situação degradante.
(D) A legislação penal brasileira está em descompasso com o conceito universal de trabalho escravo
em razão da não adesão pelo Brasil as Convenções Internacionais que tratam do tema.
(E) Dificuldade de fiscalizar um país com as dimensões territoriais do Brasil.

Gabarito

01.E / 02.D

Comentários

01. Resposta: E
De acordo com a Declaração Universal dos Diretos Humanos:
Artigo 13°
1.Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um
Estado.
2.Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de
regressar ao seu país.
Artigo 17°
1.Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade.
2.Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 21°
1.Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios, públicos do seu país, quer
diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
Artigo 23°
1.Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e
satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2.Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.

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02. Resposta: D
O Brasil trata o conceito de trabalho escravo com parâmetros próprios e seguindo as instituições
internacionais. Mas que fique claro, apesar de seguir alguns aspectos, a legislação brasileira referente ao
tema ainda é própria. Segue o link exemplificando que é usado ambos as situações
< http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-12/governo-publica-nova-portaria-sobre-trabalho-escravo>

Educação
saúde
Constituição prevê que ensino básico é prioridade de estados e municípios; entenda os gastos
com educação47

Na média dos últimos 15 anos, universidades ficaram com R$ 0,18 de cada R$ 1 investido pela União,
estados e municípios. Governo Bolsonaro prevê destinar 'recursos futuros' federais do ensino superior
para a educação básica.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou na terça-feira (30/04) que os "recursos futuros"
da educação superior "vão ser direcionados para a pré-escola ou para a educação básica". Ele justificou
a mudança de foco afirmando que, durante a campanha eleitoral, essa foi a prioridade defendida por Jair
Bolsonaro (PSL).
A mudança de foco em relação às outras gestões é criticada por especialistas. Dados compilados
pelo G1 mostram que as universidades recebem a menor parcela da verba quando considerado o gasto
total dos municípios, dos estados e da União; veja a seguir os principais pontos e, mais abaixo, os gráficos:
O gasto por aluno no ensino superior é mais alto do que o do aluno do ensino básico no Brasil, mas isso
também se repete em outros países
A diferença do gasto por aluno do ensino superior x educação básica teve queda de um terço desde
2000: enquanto o valor por universitário se manteve estável, o da educação básica triplicou
Comparando com a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), o Brasil investe menos por aluno em todas as etapas do ensino
A Constituição determina que os municípios cuidem prioritariamente do ensino infantil e fundamental e
os estados cuidem do fundamental e do médio. Cabe à União manter a rede federal (atualmente de ensino
técnico e superior) e repassar dinheiro para municípios e estados cuidarem da educação básica
Por causa do pacto previsto na Constituição, a rede federal tem apenas 0,84% das matrículas da
educação básica. A União também desenvolve programas de construção de creches e pré-escolas, livros
didáticos, transporte e alimentação nas escolas
Segundo especialistas consultados pelo G1, tanto a educação básica (que vai da creche ao 3º ano do
ensino médio) quanto o ensino superior precisam de mais dinheiro, principalmente quando o Brasil é
comparado a outros países: o nível de investimento por aluno brasileiro ainda está abaixo da média das
nações desenvolvidas.
Dados mantidos pelo próprio governo federal mostram, ainda, que o MEC gasta mais todos os anos
com as universidades do que com as creches e pré-escolas, um fato que, para os especialistas, está em
linha com a divisão das responsabilidades educacionais entre redes municipais, estaduais e federal
determinada na Constituição, e também é uma realidade mundial.

Levantamento da média de gastos


O G1 analisou a média de gastos entre 2000 e 2015 de todas as esferas (federal, estadual e municipal)
para entender como o Brasil emprega seus recursos nas diferentes etapas do ensino. O levantamento
tomou como base dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep).
Considerando o gasto médio no período, a educação superior fica, com o equivalente a apenas R$
0,18 a cada R$ 1 investido na educação pública no Brasil.
O valor considerou investimentos diretos de municípios, estados e União, e não leva em conta os
gastos das escolas particulares. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE) usa o valor dos investimentos diretos para comparar o investimento feito pelo Brasil no setor com
o de outros países.

47
Ana Carolina Moreno. Constituição prevê que ensino básico é prioridade de estados e municípios; entenda os gastos com educação. G1 Educação. Acesso em 06
de maio de 2019.

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Educação básica x superior
Segundo os dados apresentados pelo ministro da Educação, "um aluno na graduação custa R$ 30 mil
por ano", e "um aluno numa creche custa R$ 3 mil". Weintraub não esclareceu a fonte dos dados.
Entretanto, as informações mantidas pelo próprio Inep, que é uma autarquia do MEC, revelam que a
diferença era inferior em 2015 ao apontado pelo ministro, dado mais recente disponível. Além disso, ela
encolheu um terço desde 2000
Já os números mais detalhados sobre todas as esferas de governo demoram mais para serem
calculados. Por isso, os mais recentes vão até 2015.

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'Inverter a pirâmide'
A divisão de recursos para a educação básica e para o ensino superior entrou em pauta após a posse
do presidente Jair Bolsonaro. Na campanha, o programa do então candidato mencionava o fato de que o
orçamento do governo federal se dedicava mais à educação superior.
"Precisamos inverter a pirâmide: o maior esforço tem que ocorrer cedo, com a educação infantil,
fundamental e média. Quanto antes nossas crianças aprenderem a gostar de estudar, maior será seu
sucesso", dizia o documento.
Em fevereiro, o então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, repetiu a ideia em uma
audiência no Senado Federal. Vélez foi demitido no começo de abril. Seu substituto, Abraham Weintraub,
já integrava o governo (era secretário-executivo da Casa Civil). Antes, havia participado tanto da equipe
de transição quanto do grupo que responsável pelo programa da campanha presidencial de Bolsonaro.
Nesta semana, ele voltou a citar o documento:
"No programa de governo que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, estava muito claro, estava explícito,
que a nossa prioridade era a educação básica, a pré-escola. Agora criou-se uma polêmica enorme porque
a gente está apresentando o nosso governo", diz Abraham Weintraub, ministro da Educação

A pirâmide existe?
Levando-se em conta apenas os investimentos do governo federal, sim. Mas, considerando o total
gasto pelo Brasil em educação, que inclui estados e municípios, a afirmação não procede.
Os dados usados pela campanha eleitoral de Jair Bolsonaro foram retirados de uma página do
Orçamento Cidadão de 2018. O documento é uma versão simplificada do Projeto de Lei Orçamentária
Anual (Ploa). Ele não representa a realidade da lei orçamentária, porque sofre diversas alterações até
sua aprovação no Congresso.

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Por exemplo, o Ploa cita o grupo "ensino superior" com 30%, mas esse percentual é acrescido de
outros itens. Os dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo Federal (Siop)
mostram os recursos do orçamento que foram, de fato, pagos pelo governo. No caso de 2018, a
subfunção "ensino superior" recebeu dois terços (66,5%) do total pago pela União em investimentos na
educação.

Gasto federal com educação superior


A divisão das responsabilidades de cada esfera de governo consta na Constituição Federal. "No nosso
pacto federativo, trazemos as responsabilidades dos diferentes entes federados em relação às etapas da
educação", explicou ao G1 Edward Madureira, reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e vice-
presidente da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
"A educação superior é de responsabilidade do governo federal. A básica é dos municípios, e a outra
etapa da educação básica, principalmente o ensino médio, é dos estados", afirma Madureira. "Essa dita
inversão, de fato, não existe."
Como a oferta de ensino básico não é de responsabilidade prioritária do governo federal, apenas 0,84%
das matrículas nesse nível estão em escolas ou institutos federais.

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Verba atual é suficiente?
O Plano Nacional de Educação (PNE) colocou em lei a meta de atingir, até 2024, o investimento do
equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública. Em 2015, o percentual foi de
5,5% do PIB. Os indicadores do biênio 2017-2018 ainda não foram divulgados.
Pela Constituição, estados e municípios precisam direcionar pelo menos 25% de suas receitas para a
educação. Já o governo federal, até 2017, tinha de investir a partir de 18%. Desde o ano passado, por
causa da PEC do Teto dos Gastos, o valor está congelado – passou a ser apenas corrigido pela inflação,
segundo o IPCA.
O novo ministro da Educação defende que o Brasil já gasta o bastante em educação – e que precisa
melhorar a forma como esse valor é gasto. No início de abril, ao assumir o MEC, ele citou o orçamento
da pasta e declarou: "Com esses R$ 120 bilhões, a gente consegue entregar mais, deve entregar mais
que os indicadores atuais do Brasil, internacionais. Eles são ruins. O Brasil gasta como país rico, e tem
indicadores de país pobre per capita".

Outros analistas, porém, levam em conta o gasto per capita para defender que o orçamento global de
educação siga aumentando conforme a meta do PNE.
Especialistas apontam, porém, que não adianta retirar dinheiro do ensino superior para aplicar no
básico. Segundo José Marcelino Rezende Pinto, professor da Universidade de São Paulo (USP)
especialista em financiamento da educação, as estimativas indicam que o Brasil deveria investir,

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anualmente, pelo menos o dobro do que aplica na educação básica. Isso quer dizer que, mesmo que todo
o dinheiro do ensino superior fosse transferido para o básico, o problema continuaria.
"Se eu pegar todo o dinheiro da educação superior e jogar na educação básica, eu aumentaria em
25% o valor do gasto por aluno na educação básica. Ou seja, não resolve, seria insuficiente", afirmou
Marcelino, da USP. "E que país do mundo é louco de acabar com a educação superior pública? É um dos
poucos lugares em que você tem pesquisa."
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE), defende que
o governo federal aumente os repasses à educação básica ampliando o orçamento geral – sem, no
entanto, retirar verba do nível superior.
"Quando se fala em retirar do ensino superior e colocar na educação básica, o que se quer é uma
formação de baixo padrão, o ensino médio como terminativo. É a visão da mínima educação necessária
para um mercado de trabalho de baixo padrão."
Uma análise de 35 países com dados tabulados pela OCDE mostra que, em 34 deles, o gasto por
aluno no ensino superior é mais alto que o do ensino básico – a única exceção é a Grécia.

Mensalidade na universidade pública


Marcelino e Edward Madureira, da Andifes, explicam que passar a cobrar mensalidade nas
universidades públicas também não resolveria o problema do financiamento.
"Na verdade, as famílias já pagam pela universidade pública, está nos impostos que são recolhidos",
afirma Madureira. "E o perfil socioeconômico mostra claramente que o estudante do país hoje não tem a
mínima condição de pagar mensalidade. Se passassem a cobrar daqueles que poderiam pagar, essa
contribuição não seria suficiente para a manutenção das universidades."
Segundo Marcelino, mesmo as universidades americanas, que não são gratuitas e têm mensalidades
altas, não conseguem cobrir todo o orçamento só com as mensalidades – em alguns casos, as taxas
pagas pelos alunos chegam a apenas 14% do custo total da instituição.
Já Edward Madureira, da Andifes, afirma que o Brasil precisa olhar a educação como um todo, sem
"fatiá-la" em básica e superior.
"Começa na educação infantil e termina no pós-doutorado. Não há como fragmentar isso e, de repente,
querer investir em uma etapa em detrimento da outra. Nem na básica mais que na superior, e nem na
superior mais que na básica, porque vamos criar uma distorção, e a cadeia não vai fechar. Essa é uma
das razões da nossa fragilidade em relação ao resto do mundo na educação."

Bolsonaro anuncia demissão de Vélez e diz que Abraham Weintraub será o novo ministro da
Educação48

Vélez enfrentava 'guerra' no MEC provocada por desentendimentos entre assessores. No período na
pasta, ele protagonizou uma série de polêmicas.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou em uma rede social nesta segunda-feira (08/04) a demissão do
ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Bolsonaro informou também que o novo ministro será
Abraham Weintraub.
Bolsonaro e Vélez tiveram uma reunião no Palácio do Planalto nesta segunda, pouco antes do anúncio
da demissão do agora ex-ministro.
"Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação.
Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento
necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao prof. Velez pelos serviços prestados", afirmou o
presidente.
Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez tomou posse no cargo em 1º de janeiro e
enfrentava uma "guerra interna" no MEC provocada por desentendimentos entre militares e seguidores
do escritor Olavo de Carvalho.
Na sexta-feira (05/04), em um café da manhã com jornalistas, o presidente Jair Bolsonaro disse que o
ministro poderia deixar o cargo nesta segunda-feira (08/04). "Segunda-feira vai ser o dia do 'fico ou não
fico'", disse o presidente na ocasião.
Pouco depois da declaração do presidente, Velez, que participava de um evento em Campos do Jordão
(SP) declarou que não entregaria o cargo.

48
G1. Bolsonaro anuncia demissão de Vélez e diz que Abraham Weintraub será o novo ministro da Educação.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/04/08/planalto-anuncia-demissao-de-ricardo-velez-rodriguez-do-ministerio-da-educacao.ghtml. Acesso em 08 de abril de
2019.

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No café, Bolsonaro também afirmou que não existe rivalidade entre a ala ideológica do governo –
influenciada pelo escritor Olavo de Carvalho – e a corrente militar, composta por generais que integram
altos cargos no Executivo federal.
Nos dois meses e meio à frente do Ministério da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez colecionou uma
série de polêmicas, entre as quais:
- Disse que quer mudar os livros didáticos para revisar a maneira como tratam a ditadura militar e o
golpe de 1964.
- Anunciou a demissão do secretário-executivo da pasta diante da "guerra" no ministério. Depois trocou
os substitutos e também demitiu o presidente do Inep;
- Pediu a escolas que filmassem alunos cantando Hino Nacional e enviassem o vídeo ao MEC. Depois,
voltou atrás;
- Disse em entrevista que o brasileiro parece um "canibal" quando viaja ao exterior. Depois, disse ter
sido "infeliz" na declaração;
- Afirmou que a universidade não é para todos.

Além disso, desde o início da sua gestão, em janeiro, houve pelo menos 14 trocas em cargos
importantes no Ministério da Educação.
A demissão de Vélez Rodríguez é a segunda baixa no ministério do governo Jair Bolsonaro.
Há cerca de um mês, o advogado Gustavo Bebianno deixou a Secretaria-Geral após se envolver em
uma crise com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Bolsonaro.

Novo ministro
Weintraub, o novo ministro, já trabalhava no governo Bolsonaro. Ele era secretário-executivo da Casa
Civil, segundo cargo mais importante dentro da pasta.
Weintraub atuou na equipe do governo de transição. Junto com o irmão, Arthur Weintraub, foi
responsável pela área de previdência no período. Os dois foram indicados a Bolsonaro pelo ministro da
Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Ricardo Vélez Rodríguez


Nascido em Bogotá (Colômbia) e naturalizado brasileiro em 1997, o agora ex-ministro é autor de mais
de 30 obras e professor emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército.
Vélez Rodríguez é mestre em pensamento brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ); doutor em pensamento luso-brasileiro pela Universidade Gama Filho; e pós-doutor
pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron.

Em 7 de novembro, disse que havia sido indicado para o Ministério da Educação pelo escritor Olavo
de Carvalho.
"Aceitei a indicação movido unicamente por um motivo: tornar realidade, no terreno do MEC, a proposta
de governo externada pelo candidato Jair Bolsonaro, de 'Mais Brasil, menos Brasília'", publicou à época.
Ainda no blog, Vélez chegou a escrever um texto intitulado "Um roteiro para o MEC" em que afirmava
que o Ministério da Educação tem como "tarefa essencial" recolocar os ensinos básico e fundamental "a
serviço das pessoas".
Na época em que o presidente Jair Bolsonaro estava fazendo as indicações aos ministérios, chegaram
a circular os nomes de Guilherme Schelb (procurador da República) e de Mozart Ramos (diretor do
Instituto Ayrton Senna) para o Ministério da Educação.

Pesquisadores financiados pelo CNPq podem ficar sem bolsas a partir de outubro, diz
presidente49

Além do orçamento ter ficado menor neste ano, CNPq usou verba de 2019 para pagar as bolsas de
dezembro de 2018, afirmou o presidente do conselho em entrevista ao G1.
O orçamento confirmado para 2019 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) só garante dinheiro para pagar as bolsas de pesquisa até setembro, afirmou em
entrevista ao G1 João Luiz Filgueiras de Azevedo, presidente do órgão. Ele explica que, além de a verba
para este ano ter sofrido redução em comparação com o ano anterior, parte do dinheiro para 2019 foi
usada para o pagamento das bolsas referentes a dezembro de 2018.

49
Carolina Moreno. Pesquisadores financiados pelo CNPq podem ficar sem bolsas a partir de outubro, diz presidente. G1 Educação.
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/04/03/pesquisadores-financiados-pelo-cnpq-podem-ficar-sem-bolsas-a-partir-de-outubro-diz-presidente.ghtml. Acesso
em 03 de abril de 2019

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Azevedo estima que o CNPq necessite de cerca de R$ 300 milhões para conseguir fechar as contas
de 2019, considerando tanto a redução orçamentária quanto os cerca de R$ 80 milhões do orçamento
deste ano que foram usados para pagar contas do ano anterior.
"Nesse momento, é correta a afirmação. [O orçamento] paga integralmente as bolsas até setembro.
De outubro em diante certamente não paga tudo, provavelmente paga muito pouco", disse o presidente
do CNPq.
O problema, porém, pode ser ainda pior, já que, na sexta-feira (29), o governo federal anunciou
um contingenciamento de R$ 2,13 bilhõesno Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC).
A pasta foi a sétima que mais perdeu recursos com o anúncio:

Alertas desde 2018


Desde a discussão da lei orçamentária anual, no segundo semestre de 2018, o valor abaixo do
esperado para 2019 já acendia sinais de alertas. Mas, segundo o atual presidente, os diferentes cenários
possíveis caso o dinheiro das bolsas de fato termine antes do fim do ano ainda não estão sendo
levantados.
Azevedo explicou que o CNPq conta com o apoio do ministro Marcos Pontes, para tentar reverter o
problema:
"O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações está plenamente consciente disso,
sabe do problema e, mais do que isso, está trabalhando para tentar reverter. Então não é um problema
do qual o CNPq está desesperado atrás, não estamos sozinhos. Nosso ministro está na luta." - João Luiz
Filgueiras de Azevedo, presidente do CNPq
Azevedo diz, porém, que ainda não recebeu notícias do MCTIC sobre como a pasta vai repassar o
contingenciamento anunciado pelo governo federal.

Quedas consecutivas do orçamento


Dados do CNPq mostram que esse é pelo menos o terceiro ano consecutivo de queda na verba
destinada ao pagamento de bolsas. De 2018 para 2019, nas demais áreas, como gastos de administração
e de fomento à pesquisa, houve um aumento no orçamento. Porém, o orçamento global do CNPq teve
uma perda em valores absolutos de R$ 142,6 milhões, considerando os valores do orçamento do ano
passado corrigidos pela inflação acumulada até janeiro deste ano.
"Estou cautelosamente otimista de que a gente vai conseguir reverter a situação, porque existe um
empenho grande do nosso ministro. Mas concordo que em breve a gente vai ter que começar a ver o
cenário do que a gente faz se chegar nessa situação", resumiu Azevedo.

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Quase 80 mil bolsistas
O G1 teve acesso a números do CNPq relativos a fevereiro deste ano, quando o conselho registrou
79.749 bolsistas – o número flutua conforme novos bolsistas são incorporados, ou antigos bolsistas
concluem suas pesquisas. Metade deles recebem bolsas de iniciação científica ou tecnológica, que têm
valores entre R$ 100 e R$ 400. Considerando o número de bolsistas nesses programas e o valor das
bolsas, o CNPq gastou cerca de R$ 13 milhões com 40.383 bolsas naquele mês.
O segundo maior grupo em número de bolsistas é o da pós-graduação (mestrado e doutorado no
Brasil). No total, 8.708 mestrandos recebem R$ 1.500, e 8.215 doutorados têm bolsa de R$ 2.200 por
mês. Em fevereiro, o CNPq repassou cerca de R$ 31 milhões a esses 16.293 pesquisadores.
Outros 15.232 pesquisadores recebem bolsas de produtividade e recebem entre R$ 1.100 e R$ 1.500
por mês.
Os demais bolsistas são das modalidades de pós-doutorado, bolsas tecnológicas ou de extensão,
apoio técnico à pesquisa, programa de capacitação institucional e outras bolsas, como atração de jovens
talentos e desenvolvimento tecnológico.
Há ainda 868 bolsistas do CNPq desenvolvendo pesquisas no exterior, mas o valor varia de acordo
com o país de destino.

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Valores defasados
Nem todas as modalidades têm valores definidos de forma detalhada no site do CNPq e, em alguns
casos, o valor varia de acordo com subgrupos. As modalidades detalhadas, como as de iniciação
científica, pós-graduação, produtividade, pós-doutorado e tecnológicas, somaram 77.106 bolsistas em
fevereiro. No caso dos bolsistas de produtividade e de alguns tipos de pós-doutorado e bolsas
tecnológicas, os valores pagos variam.
Um cálculo que considera que cada um deles recebeu apenas o valor mínimo estabelecido mostra que
o CNPq gastou em fevereiro pelo menos R$ 68,8 milhões para manter essas pesquisas.
Mesmo assim, esses valores estão defasados há anos. Um levantamento feito pela Associação
Nacional de Pós-Graduandos mostra que o último reajuste nas bolsas de mestrado e de doutrado
aconteceu em 2013.
Desde então, a inflação acumulada chegou a 42,6% até fevereiro de 2019, segundo o Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Caso
fossem reajustadas de acordo com o índice, as bolsas de mestrado chegariam a R$ 2.139,77 e as de
doutorado, a R$ 3.138,33.
Segundo Azevedo, para este ano não é possível reajustar os valores das bolsas de pesquisa, já que
o orçamento, segundo ele, "está posto", ou seja, já foi sugerido pelo Executivo e debatido pelo Legislativo
durante o ano passado.

Novo secretário-executivo do MEC é militar50

Tenente-brigadeiro é o quarto nome anunciado em três meses. Antecessora, Lolene Lima foi
dispensada oficialmente na última quinta-feira (28/03).
Desocupado nos últimos dias, o cargo de secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC) foi
preenchido por Ricardo Machado Vieira. A nomeação foi publicada na edição desta sexta-feira (29/03) do
Diário Oficial da União (DOU).
Ricardo era assessor especial da presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) desde fevereiro de 2019. Ele é militar — segundo seu currículo, é tenente-brigadeiro e já ocupou
o posto de chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (FAB).
Em três meses de gestão, é a quarta vez em que o governo anuncia um nome para o cargo de "número
dois" do MEC. Luiz Antônio Tozi permaneceu no posto até o dia 12 de março, quando foi demitido em um
ato de "reestruturação" promovido pelo ministro Vélez.
Com a saída dele, o nome de Rubens Barreto da Silva, que até então era secretário-executivo adjunto,
foi anunciado por rede social. A nomeação para o novo cargo, no entanto, não chegou a ser publicada no
Diário Oficial.
Em seguida, Lolene Lima foi colocada no posto, também sem publicação no DOU. Ela foi demitida oito
dias depois.

50
G1. Novo secretário-executivo do MEC é militar. G1 Educação. https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/03/29/novo-secretario-executivo-do-mec-e-
nomeado.ghtml. Acesso em 29 de março de 2019

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Reunião de Bolsonaro com Vélez
O presidente Jair Bolsonaro marcou uma reunião para esta sexta-feira (29/03), às 10h30, no Palácio
do Planalto, com o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez.
Na noite de quinta (28/03), Bolsonaro foi questionado duas vezes sobre a permanência de Vélez no
MEC, mas ficou calado. A pasta enfrenta uma série de polêmicas e trocas de cargo.

Militares x seguidores de Olavo de Carvalho


Há uma disputa interna na área da educação sobre qual projeto de governo deve ser implementado.
Os grupos em conflito poderiam ser chamados de “pragmáticos” e “ideológicos”.
O primeiro é formado por militares — incluindo generais, que foram os primeiros a serem envolvidos
na campanha de Bolsonaro — e também por ao menos um coronel que tem afinidade com o ministro. A
escolha de Ricardo Machado Vieira, tenente-brigadeiro, reforçaria essa equipe.
O segundo grupo é constituído por seguidores do escritor de direita Olavo de Carvalho e por ex-alunos
do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Vale lembrar que o próprio Vélez foi indicado por
Carvalho.

O que quer cada um dos grupos?


A ala militar dentro do MEC pode ser considerada mais pragmática: parte dela ajudou na elaboração
das propostas de campanha de Bolsonaro, que incluíam a defesa da educação a distância, a criação de
colégios militares em capitais e a modernização da gestão na pasta.
Os olavistas chegaram à equipe sobretudo depois da vitória de Bolsonaro, causando atritos com os
que já estavam contribuindo nas discussões sobre educação desde a campanha. O principal ponto para
esse grupo “ideológico” é expulsar do MEC qualquer resquício do que chamam de “marxismo cultural” ou
“pensamentos esquerdistas”.
Isso inclui a defesa de projetos como o Escola Sem Partido, revisão de questões do Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) ou ensino que aborde questões de gênero nas escolas. De acordo com fontes
ouvidas pelo G1, que não quiseram ser identificadas, o grupo ideológico também tem restrições à atuação
do Conselho Nacional de Educação (CNE), à implementação da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) e a pontos do Plano Nacional de Educação (PNE).

Antecessora não chegou a ser nomeada no Diário Oficial


A antecessora de Ricardo Machado Vieira, Lolene Lima, foi dispensada oficialmente do MEC na edição
desta quinta-feira (28/03) do Diário Oficial. Formalmente, ela ainda ocupava a posição de "substituta
eventual do cargo de Secretário da Educação Básica".
Ela havia sido nomeada como secretária-executiva no dia 14 de março. O anúncio não chegou a ser
oficializado no Diário Oficial, mas ela já seguia uma agenda pública ao lado do ministro Ricardo Vélez
Rodríguez.
Oito dias depois dessa nomeação informal, Lolene foi informada de que não seguiria mais no
ministério.
“Diante de um quadro bastante confuso na pasta, mesmo sem convite prévio, aceitei a nova função
dentro do ministério. Novamente me coloquei à disposição para trabalhar em prol de melhorias para o
setor. No entanto, hoje, após uma semana de espera, recebi a informação que não faço mais parte do
grupo do MEC”, postou ela, em sua conta no Twitter.

Entenda o que é o método fônico, que o MEC privilegia em sua política de alfabetização51

Metodologia que ensina a associar letras a seus sons ainda é amplamente adotada no Brasil e em
outros países, mas críticos a consideram ultrapassada e defendem mistura de métodos
A Política Nacional de Alfabetização, um dos projetos que o governo Bolsonaro pretende em seus 100
primeiros dias, erradicar o analfabetismo no Brasil apostando no método fônico (ou fonético) de
alfabetização.
Nele, a alfabetização se dá através da associação entre um símbolo (a letra, ou grafema) e seu som
(o fonema). A criança aprende a reconhecer o som de cada letra para, a partir daí, ser capaz de combiná-
las de modo a formar sílabas e palavras.
O ensino se inicia pela forma e pelo som das vogais, seguidas pelas consoantes. Parte-se dos sons
mais simples para os mais complexos.

51
O Globo. Entenda o que é o método fônico, que o MEC privilegia em sua política de alfabetização. https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/entenda-que-o-
metodo-fonico-que-mec-privilegia-em-sua-politica-de-alfabetizacao-23536565?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo. Acesso em
22 de março de 2019

74
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Há registros formais do uso do método fônico desde 1719, na França. No Brasil, ele passou a ser
amplamente usado em substituição ao método da soletração (ou alfabético), que vigorou até a década de
1980.
Hoje, a metodologia fônica rivaliza com as técnicas associadas ao construtivismo — em que se parte
de textos e experiências sobre as funções da linguagem rumo a palavras, letras e sons—, considerado
mais moderno.
Educadores são praticamente unânimes em afirmar que não se deve eleger um único método de
alfabetização e há divergências sobre o alcance da técnica fônica.
O principal defensor do método é Carlos Nadalim, secretário de Alfabetização do MEC. Mestre em
Educação e seguidor do escritor Olavo de Carvalho, ele já afirmou que o construtivismo foi um "erro" do
sistema educacional brasileiro.
A concepção fônica do ensino da leitura é uma recomendação de governo em Portugal, França, Chile,
Itália, Inglaterra e Estados Unidos. O método é adotado como padrão em países como Cuba, Israel,
Canadá, Bélgica e Alemanha.

Inep cria comissão para verificar se questões do Enem têm 'pertinência com a realidade social'52

Segundo a portaria, o grupo deverá fazer uma 'leitura transversal' das questões para emitir um parecer.
Resultado do trabalho não será divulgado. No ano passado, Bolsonaro criticou uma das questões do
exame e disse que tomaria conhecimento antes da prova.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) criou uma comissão
para fazer uma "leitura transversal" das questões que compõem o Banco Nacional de Itens do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem). O objetivo, segundo o Inep, é "verificar a sua pertinência com a
realidade social". O resultado do trabalho não será divulgado.
No ano passado, Bolsonaro criticou uma das questões do exame e disse que tomaria conhecimento
antes da prova.
De acordo com o documento, "a leitura transversal é uma etapa técnica de revisão de itens".
Em nota, o Inep informou que nenhum item será descartado já que o processo de elaboração das
questões é "longo e oneroso". Ainda de acordo com o Inep, as questões consideradas "dissonantes"
serão "separadas para posterior adequação, testagem e utilização, se for o caso".
O G1 entrou em contato com o Inep para saber que tipo de pergunta ou conteúdo estaria sendo
buscado na leitura transversal e a que tipo de realidade social o Inep se refere quando fala em verificar
"pertinência com a realidade social". O instituto encaminhou um posicionamento e informou que não
poderia esclarecer nada além do que constava no documento. (Leia a íntegra aqui e ao fim da
reportagem)

Comissão
Três pessoas foram destacadas para trabalhar na leitura dos itens:
- Marco Antônio Barroso Faria (secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC);
- Antonio Maurício Castanheira das Neves (diretor de estudos educacionais do Inep);
- Gilberto Callado de Oliveira (procurador de justiça de Santa Cataria, representante da sociedade
civil).

Eles terão dez dias, a partir desta quarta, para concluir a avaliação e emitir uma recomendação sobre
o uso ou não dos itens na montagem do exame. Depois, o diretor da Avaliação Básica fará outro parecer
sobre as considerações da comissão. A decisão final ficará a cargo do presidente do Inep, Marcus Vinícius
Rodrigues.
Segundo a portaria, "todas as atividades serão realizadas em Ambiente Físico Integrado Seguro (AFIS)
do Inep", que fica em Brasília, dentro da sede do Inep. Eles assinarão um termo de confidencialidade e
sigilo.

Críticas ao Enem
Em 2018, Jair Bolsonaro criticou uma questão de linguagens do Enem que falava sobre o pajubá, um
conjunto de expressões associadas aos gays e travestis e disse que iria "tomar conhecimento da prova
antes".

52
G1. Inep cria comissão para verificar se questões do Enem têm 'pertinência com a realidade social'. G1 Educação.
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/03/20/inep-cria-comissao-para-fazer-leitura-transversal-das-questoes-do-enem.ghtml. Acesso em 20 de março de 2019.

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Como é feita a prova do Enem
O Enem é realizado desde 1998 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), uma autarquia do Ministério da Educação. Em 2009, o Enem se transformou em um
exame para ser usado como acesso ao ensino superior.
O exame usa uma metodologia diferente dos vestibulares tradicionais e, por isso, as questões não são
todas elaboradas por uma mesma equipe: são retiradas de um banco de itens com milhares de questões
já feitas durante vários anos por muitos professores.
Todas as questões precisam exigir pelo menos uma das habilidades que constam na matriz de
referência do Enem – trata-se do "currículo" de conteúdos que podem cair na prova.
Cada item representa o conjunto da questão e de todas as informações sobre essa questão, como,
por exemplo, a habilidade que ela exige e o nível de dificuldade.
Segundo o Inep, a elaboração de uma única questão do Enem passa por um processo com dez etapas
diferentes, que pode levar mais de um ano. Essas etapas incluem:

- A contratação e capacitação de professores para elaborarem as questões


- Pelo menos duas revisões da questão por especialistas
- O "pré-teste" das questões em uma amostra de estudantes com o perfil dos candidatos do Enem
- Uma análise pedagógica para definir se a questão pode finalmente ser incluída no Banco Nacional
de Itens (BNI)

Uma vez no BNI, a questão fica à disposição para ser usada em alguma edição do Enem. Na hora da
montagem da prova, a pequena equipe de servidores do Inep que faz o trabalho de seleção das questões
precisa escolher 45 itens de cada prova objetiva seguindo um equilíbrio entre a pedagogia – já que a
prova precisa avaliar uma grande quantidade de conhecimentos – e a estatística – na medida em que o
exame também precisa ter um número similar de questões fáceis, médias e difíceis para poder selecionar
adequadamente os candidatos.
Todos os anos, uma pequena equipe de servidores do Inep monta três versões das quatro provas
objetivas: duas delas são aplicadas todos os anos, na edição regular e no Enem PPL, para pessoas
privadas de liberdade. Uma terceira fica como “reserva”, para o caso de algum imprevisto ou emergência.

Posicionamento do Inep
O Inep encaminhou um link com um texto referente ao posicionamento do instituto sobre o tema. Leia
a íntegra abaixo ou no site do Inep:
INEP nomeia comissão para análise de itens da prova do Enem 2019
Portaria do Inep publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 20 de março, define os
três nomes da comissão que vai realizar a leitura transversal dos itens do Banco Nacional de Itens (BNI)
para a montagem das provas do Enem neste ano. O objetivo é analisar as questões para verificar sua
pertinência com a realidade social, de modo a assegurar um perfil consensual do exame.
A comissão terá como membros o representante do Ministério da Educação, Marco Antônio Barroso
Faria, secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior, o representante do Inep, Antônio
Maurício Castanheira das Neves, diretor de Estudos Educacionais; e o representante da sociedade civil,
Gilberto Callado de Oliveira, procurador de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina. A portaria
estipula o prazo de dez dias para a conclusão dos trabalhos.
"Os especialistas da comissão são nomes reconhecidos e que podem contribuir para a elaboração de
uma prova com itens que contemplem, não apenas todos os aspectos técnicos formais, mas também
ecoem as expectativas da sociedade em torno de uma educação para o desenvolvimento de um novo
projeto de País", afirma Marcus Vinicius Rodrigues, presidente do Inep.
Compete à comissão ler os itens e recomendar ou não sua utilização na montagem do exame,
mediante justificativa. O diretor de Avaliação da Educação Básica, em consonância com a equipe técnica,
emitirá contra parecer para cada um dos itens não recomendados pela comissão. Em caso de pareceres
opostos, cabe ao INEP proferir decisão final, por meio do seu presidente.
A leitura transversal das questões do Enem vai ocorrer antes da montagem da prova, pois alterações
depois do instrumento montado, podem modificar o desenho psicométrico da prova e os parâmetros que
garantem o cálculo das proficiências. A Comissão, portanto, vai avaliar o acervo de itens disponíveis para
a montagem das provas do Enem.
Como a elaboração de um item é um processo longo e oneroso, nenhum será descartado. "As
questões dissonantes serão separadas para posterior adequação, testagem e utilização, se for o caso.
Todo o trabalho respeitará a Matriz de Referência do Enem, os parâmetros para garantir o cálculo das
proficiências, o equilíbrio da prova com a de edições anteriores e a segurança. Os participantes podem

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ficar tranquilos, pois nada disso afetará seu desempenho e suas oportunidades de acesso à Educação
Superior", explica Marcus Vinícius.
Segurança - O Banco Nacional de Itens, que guarda as questões das provas do INEP, segue protocolo
de segurança e sigilo, de acordo com a portaria nº 579, de 25 de novembro de 2016, que regula o
funcionamento do Ambiente Físico Integrado Seguro (Afis). Todos os servidores e colaboradores com
acesso aos itens assinam termos de sigilo e confidencialidade. No caso do Enem, assinam também uma
declaração de não impedimento de acordo com a súmula 13 do Supremo Tribunal Federal, que delimita
as relações de parentesco que configuram nepotismo.
Localizado na sede do INEP, em Brasília (DF), o Ambiente Físico Integrado Seguro só pode ser
acessado por pessoas autorizadas. O ambiente é completamente isolado, possui salas que só podem ser
acessadas pelo uso de digitais e computadores sem acesso à internet ou à intranet do INEP. Todo o
processo de captação, elaboração e revisão de itens para compor o Enem e outros exames do instituto
ocorre nesse espaço
As atividades da comissão que revisará os itens do Enem também serão realizadas no Ambiente Físico
Integrado Seguro. Os membros nomeados assinarão Termo de Compromisso de Confidencialidade e
Sigilo e Declaração de não impedimento para realização do trabalho. O descumprimento das obrigações
assumidas poderá ser punido com responsabilização funcional do membro, bem como o encaminhamento
do caso para as entidades competentes realizarem a devida apuração penal.
Pelo caráter sigiloso do Banco Nacional de Itens, não será publicado relatório de trabalho sobre o
processo. Tampouco os membros da comissão estão autorizados a se pronunciar sobre o trabalho.

Afinal, escolas militares são públicas?53

Primeiro, é preciso entender o que diz nossa Constituição sobre a educação pública e analisar o
contexto de crescente militarização das escolas no Brasil.
O cancelamento (e posterior revalidação) por parte da USP da matrícula de alguns alunos oriundos de
colégios militares levantou, na última semana, o debate sobre o caráter dessas escolas e se, no fim das
contas, elas poderiam ou não ser consideradas públicas. Isso porque esses alunos ingressaram na
universidade por meio da reserva de vagas para escolas públicas no Sisu, apesar de algumas dessas
escolas militares cobrarem mensalidade e taxa de matrícula. Então, como as escolas militares podem ser
consideradas públicas se os alunos pagam para estudar?
Para tentar entender melhor o caso, é preciso revisar o que diz a Constituição sobre a educação
pública. Não podemos ignorar também que isso acontece em um contexto de crescente militarização de
escolas públicas.

Direito à educação gratuita em estabelecimentos oficiais


Direito à educação pública e de qualidade não é só lenda. No Brasil, ele é garantido, entre outros
dispositivos, pela nossa própria Constituição Federal, que estabelece uma série de princípios que
deveriam nortear o ensino. Alguns parecem especialmente conflitar com a gestão das escolas militares,
entre eles o que determina a “gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”. Afinal, as
escolas geridas pelo Exército são estabelecimentos oficiais.
A professora Virginia Maria Pereira de Melo, coordenadora do Fórum Estadual de Educação de Goiás
(FEE), destaca ainda outros elementos, como o alto preço dos uniformes e o direcionamento de vagas
para filhos de militares, que fazem com que essas escolas não sejam inclusivas — também um dos pontos
chaves da escola pública.
Acontece que, amparado por uma lei de 1999 e uma portaria de 2008, o Exército assume que se
enquadra em uma outra modalidade de ensino, e por isso não tem obrigação de garantir a gratuidade. A
lei permite ao Exército angariar recursos por meio de “contribuições, subvenções, empréstimos,
indenizações e outros meios”. Já a portaria regulamenta o funcionamento das escolas militares.
Em 2013, Procuradoria Geral da República contrapôs a lei e a portaria ao que determina a Constituição
e entrou com uma ação pedindo que o Supremo Tribunal Federal julgasse inconstitucional a cobrança de
mensalidade nas escolas militares. No final de 2018, a ação foi julgada, e o STF entendeu, por
unanimidade, que a cobrança de mensalidade por escolas militares não é inconstitucional. Entre outras
falas, a ministra Cármem Lúcia afirmou que “esses colégios não se sujeitam a gratuidade uma vez que
não se encontram inseridos na rede pública de ensino”.

53
Taís Ilhéu. Afinal, escolas militares são públicas?. Guia do Estudante. https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/afinal-escolas-militares-sao-publicas/.
Acesso em 06 de março de 2019.

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A margem que continua aberta — e responsável pela confusão no processo seletivo e matrícula na
USP — é se esses alunos, que não estudam na rede pública de ensino (embora em uma instituição oficial)
podem ou não usufruir da reserva de cotas para alunos vindos de escolas públicas.

Militares ou militarizadas?
Como se não bastasse a divergência de entendimentos sobre o caráter das escolas militares — e a
constitucionalidade ou não do pagamento — mais um complicador entra nessa história. Oficialmente,
consta no site do Exército que existem, no Brasil, 13 escolas sob sua responsabilidade. Não entram nessa
conta, por exemplo, as dezenas de escolas militares no estado de Goiás, estado pioneiro na militarização
escolar. Esse processo tira as instituições da gestão da administração civil da secretarias de Educação e
a gestão fica a cargo da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros ou outros órgãos oficiais de segurança. De
acordo com Virginia Maria, essas escolas recebem algumas melhorias na estrutura física e passam a
priorizar os valores e a disciplina militares.
Em Goiás, 30 escolas foram militarizadas do ano passado para cá, chegando a um total de 46. Em 14
estados do Brasil, o aumento foi de 212%, de acordo com a revista Época. A mesma reportagem mostra
que nas escolas goianas a cobrança de mensalidades é generalizada, inclusive em colégios de regiões
periféricas e com alunos carentes.
A diferença no perfil socioeconômico dos estudantes seria também, pelo menos nesse primeiro
momento, mais uma diferença entre os dois modelos. “Nas escolas que foram militarizadas, muitas vezes
a escolha para estar ali não foi do aluno ou de sua família, já que ele já estava matriculado nessa
instituição quando da transformação”, afirma a coordenadora do FEE.
Para além da discussão se seria ou não constitucional a cobrança em colégios militares, cabe apontar
aqui que essas novas escolas militarizadas sequer se enquadram na lei e na portaria que garantem a
cobrança ao Exército. Afinal, não são escolas do Exército, mas da PM, dos Bombeiros etc.

A Lei de Cotas
Desde 2012, a Lei de Cotas instituiu que as instituições federais de Ensino Superior deveriam reservar,
no mínimo, 50% das suas vagas para alunos oriundos de escolas públicas. O decreto que regulamentou
a lei instituiu ainda, a partir dessas vagas, uma reserva de acordo com a renda e também para estudantes
que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas.
A USP, embora seja estadual, foi uma das últimas instituições de ensino público no Brasil a aderir às
cotas — antes, havia apenas o sistema de bonificação para pessoas que se enquadravam nessas
categorias. A universidade só aceitou o sistema de cotas em 2016, quando passou a reservar um número
de vagas para ingresso pelo Sisu. Este ano, foram oferecidas 2.233 vagas.

Hino em escola é obrigatório? Pode filmar? E ler slogan de campanha? Veja o que diz a lei sobre
o pedido feito pelo ministro da Educação54

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, pediu para escolas de todo o país que seja lida
uma carta aos alunos da qual consta o slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro. A mensagem,
enviada por email, também pedia que os alunos fossem filmados cantando o Hino Nacional. Tratava-se,
segundo a mensagem do ministro, de uma solicitação de "cumprimento voluntário".
Nesta terça-feira (26/02), após a repercussão negativa do comunicado, o MEC divulgou uma nova
versão, sem o slogan de campanha de Bolsonaro. O texto também passa a prever que a filmagem dos
alunos seja feita apenas caso haja autorização dos.
"Eu percebi o erro, tirei essa frase, tirei a parte correspondente a filmar crianças sem a autorização
dos pais. Evidentemente, se alguma coisa for publicada, será dentro da lei, com autorização dos
pais", afirmou Vélez, no Senado.
Mas, ainda que seja um pedido, e não uma determinação, é permitido filmar crianças em escolas?
Cantar o hino é obrigatório? E usar o slogan de campanha?
Veja abaixo o que diz a legislação brasileira:

Cantar o hino: é obrigatório uma vez por semana


A execução do hino nacional nas escolas está prevista em lei. O texto está na lei 5.700 de 1971, sobre
a apresentação de símbolos nacionais:

54
Elida Oliveira. Hino em escola é obrigatório? Pode filmar? E ler slogan de campanha? Veja o que diz a lei sobre o pedido feito pelo ministro da Educação. G1
Educação. https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/02/26/hino-em-escola-e-obrigatorio-pode-filmar-e-ler-slogan-de-campanha-veja-o-que-diz-a-lei-sobre-o-
pedido-feito-pelo-ministro-da-educacao.ghtml. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

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Art. 39. É obrigatório o ensino do desenho e do significado da Bandeira Nacional, bem como do canto
e da interpretação da letra do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou
particulares, do primeiro e segundo graus.
Em 2009, um parágrafo foi acrescentado ao artigo:
Parágrafo único: Nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental, é obrigatória a
execução do Hino Nacional uma vez por semana.
Portanto, a execução do Hino Nacional uma vez por semana é legal para escolas públicas e
particulares do ensino fundamental. A nomenclatura "1º e 2 graus" não é mais utilizada na educação no
Brasil.

Filmar crianças: é proibido sem autorização


O artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente garante o direito à preservação da imagem. Diz
o texto da lei:
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Portanto, filmar as crianças sem autorização é ilegal. A autorização deve ocorrer de maneira formal,
com assinatura de documento na escola.
A primeira versão da carta enviada pelo ministro não previa o pedido de autorização. Essa exigência
foi incluída na segunda versão, divulgada após a repercussão negativa do comunicado inicial. Essa foi
uma das alterações feitas pelo MEC.

Slogan de campanha: pode ferir a Constituição


O artigo 37 da Constituição Federal diz que a administração pública de qualquer um dos poderes deve
seguir os princípios da "legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência".
De acordo com o professor titular de direito constitucional da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ) Daniel Sarmento, a interpretação é que o uso do slogan de campanha fere os princípios da
impessoalidade e da publicidade.
"O artigo 37 veta que se utilize publicidade e atos de governo veiculados a nomes de governantes.
Isso vem sendo interpretado de maneira ampliada também para slogan de campanha. A ideia é
desassociar o estado [poder público] ao nome das pessoas e também slogans de campanha. Também
tem a questão da impessoalidade administrativa, a separação entre o público e o privado. A lógica da
separação do Estado não pode confundir com a lógica nem do partido, nem de governantes", diz.
Segundo Luciano Godoy, professor de direito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, como parte
do slogan tem caráter religioso ("Deus acima de todos") vai também contra a liberdade religiosa: "O
Estado não pode se vincular a nenhum tipo de religião ou igreja. O Brasil é laico, o Estado não pode impor
que as pessoas acreditem em algo".
O slogan de campanha de Bolsonaro foi excluído da segunda versão do comunicado do MEC. Essa
foi a outra alteração feita.

Veja a íntegra da primeira mensagem do MEC:


“O Ministério da Educação (MEC) enviou a escolas do país uma carta do ministro da Educação,
professor Ricardo Vélez Rodríguez, com um pedido de cumprimento voluntário para que fosse lida no
primeiro dia letivo deste ano.

A carta diz o seguinte:


“Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de
qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de você, alunos, que
constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”.
No e-mail em que a carta foi enviada, pede-se ainda que, após a sua leitura, professores, alunos e
demais funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil, se houver na unidade de
ensino, e que seja executado o Hino Nacional.
Para os diretores que desejarem atender voluntariamente o pedido do ministro, a mensagem também
solicita que um representante da escola filme (com aparelho celular) trechos curtos da leitura da carta e
da execução do hino. E que, em seguida, os vídeos sejam encaminhados por e-mail ao MEC
(imprensa@mec.gov.br) e à Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da
República (secom.gabinete@presidencia.gov.br). Os vídeos devem ter até 25 MB e a mensagem de envio
deve conter nome da escola, número de alunos, de professores e de funcionários.
A atividade faz parte da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais.”

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Veja a íntegra da nova mensagem do MEC
O Ministério da Educação (MEC) enviará, ainda nesta terça-feira, (26/02), a escolas do país uma carta
atualizada do ministro, professor Ricardo Vélez Rodríguez, com um pedido de cumprimento voluntário
para que seja lida no primeiro dia letivo deste ano.
A carta a ser lida foi devidamente revisada a pedido do ministro, após reconhecer o equívoco, tendo
sido retirado o trecho também utilizado durante o período eleitoral.
A carta com a versão adequada tem a seguinte redação:
Brasileiros! Vamos saudar o brasil e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser
desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefícios de vocês, alunos, que constituem a nova
geração.

Ricardo Vélez Rodríguez


No e-mail em que a carta revisada será enviada, pede-se, ainda, que, após a sua leitura, professores,
alunos e demais funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil, se houver na
unidade de ensino, e que seja executado o Hino Nacional.
Para os diretores que desejarem atender voluntariamente o pedido do ministro, a mensagem também
solicita que um representante da escola filme (com aparelho celular) trechos curtos da leitura da carta e
da execução do Hino. A gravação deve ser precedida de autorização legal da pessoa filmada ou de seu
responsável.
Em seguida, pede-se que os vídeos sejam encaminhados por e-mail ao MEC (imprensa@mec.gov.br)
e à Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República
(secom.gabinete@presidencia.gov.br). Os vídeos devem ter até 25 MB e a mensagem de envio deve
conter nome da escola, número de alunos, de professores e de funcionários.
Após o recebimento das gravações, será feita uma seleção das imagens com trechos da leitura da
carta e da execução do Hino Nacional para eventual uso institucional.
A atividade faz parte da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais.

Matrículas do ensino médio em tempo integral aumentam, mas ficam abaixo de meta do governo
Temer55

Dos 7,7 milhões de alunos do ensino médio, 9,5% estudavam em tempo integral em 2018, mas meta
era chegar até 13%. Dados do Censo Escolar foram divulgados pelo Inep nesta quinta-feira.
Depois de reformar o ensino médio e lançar um programa para expandir o número de matrículas em
tempo integral nesse ciclo da educação básica, a gestão do ex-presidente Michel Temer conseguiu
aumentar em 41,8% o número de estudantes que passam sete horas por dia na escola. Entretanto, não
bateu a meta que ela mesma se impôs: em 2018, segundo dados do Censo Escolar divulgado nesta
quinta-feira (31/01), as matrículas no ensino integral representavam 9,5% do total de estudantes
matriculados no ensino médio. A expectativa é que chegassem até 13% no fim do ano passado.

55
Ana Carolina Moreno Flavia Foreque. Matrículas do ensino médio em tempo integral aumentam, mas ficam abaixo de meta do governo. G1 Educação.
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/01/31/matriculas-do-ensino-medio-em-tempo-integral-aumentam-mas-ficam-abaixo-de-meta-do-governo-temer.ghtml.
Acesso em 31 de janeiro de 2019.

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Dados da Diretoria de Estatísticas Educacionais (Deed) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que o Brasil tem visto aumentar ano a ano a participação
das matrículas do ensino médio que são em tempo integral.
Eles indicam, também, que desde 2016 esse aumento aconteceu em um ritmo mais acelerado, ao
mesmo tempo em que o número absoluto de matrículas do ensino médio caiu. Em 2016, o Brasil tinha
8,1 milhões de estudantes de ensino médio, e 518 mil passavam sete horas por dia na escola. Já em
2018, essa quantidade subiu para 735 mil, mas o total de matrículas do ensino médio havia recuado 5,2%,
para 7,7 milhões.

Esse movimento vai em caminho oposto ao cenário de jovens fora da sala de aula: de acordo com
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C) de 2017, 900 mil adolescentes
de 15 a 17 anos estão fora da escola e não concluíram o ensino médio. No Plano Nacional de Educação,
a meta era universalizar o atendimento desse público há três anos, em 2016.
Além disso, a distorção idade-série do ensino médio se manteve no patamar de 28,2%, depois de subir
0,2 ponto percentual entre 2016 e 2017. Ela indica a porcentagem de adolescentes de 15 a 17 que estão
matriculados no ensino fundamental, e, portanto, fora da série esperada para sua idade.
Procurada pelo G1, a assessoria do ex-presidente Michel Temer informou que não iria comentar sobre
os dados divulgados sobre o Censo 2018.
"O presidente não vai comentar. Isso é uma questão administrativa e o ministério [da Educação] pode
se pronunciar sobre isso. Não é uma questão do presidente. O presidente tinha os ministros e o ministério
continua e pode fazer uma avaliação com ele”, informou a assessoria por telefone.

Investimento bilionário
O aumento das matrículas em tempo integral coincide com o anúncio, feito pelo então ministro
Mendonça Filho, do Programa de Fomento à Implantação das Escolas de Ensino Médio em Tempo
Integral (EMTI), em setembro de 2016. Ele previa um investimento de R$ 1,5 bilhão até o fim de 2018, e
o custo anunciado chegaria a R$ 4 bilhões em quatro anos.
Pela iniciativa, o MEC investiria R$ 2 mil por aluno matriculado no ensino integral, como ajuda de custo
para que as redes públicas ampliassem a oferta.
Em maio de 2018, a pasta afirmou que 516 escolas já estavam sendo financiadas em 2017, mas alterou
a previsão de investimento. "No total, o MEC apoiará progressivamente 500 mil matrículas nas escolas
de Ensino Médio em Tempo Integral e até 2020, os investimentos podem alcançar R$ 1,5 bilhão", dizia o
comunicado.
Em outubro do ano passado, três meses antes do fim do prazo, uma apresentação feita pelo então
ministro da Educação Rossieli Soares Silva indicou que o programa já atendia 900 escolas, reunindo um
total de 430 mil matrículas, e que o investimento chegou a R$ 900 milhões.
Além disso, outros R$ 200 milhões foram anunciados naquele mês para um programa de avaliação da
política. Inicialmente, a proposta era selecionar 312 escolas para passarem pela avaliação sobre o
impacto do fomento ao tempo integral, com duração prevista de quatro anos. Em novembro, o MEC
afirmou que selecionou 204 escolas para a avaliação comparativa – metade delas participa do programa,
e a outra metade não.

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Contramão da meta do PNE
Enquanto as matrículas em tempo integral no ensino médio evoluíram, no ensino fundamental elas
perderam participação entre 2017 e 2018. Os dados do Censo Escolar divulgados nesta quinta mostram
que, do total de 27,1 milhões de matrículas nos anos iniciais e finais do fundamental, apenas 9,4% eram
em tempo integral no ano passado.
Isso representa uma queda expressiva se comparado ao ano anterior: em 2017, o percentual era de
13,9%. Se considerada apenas a rede pública, a queda foi ainda maior, de 16,3% das matrículas em 2017
para 10,9% no ano passado.
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (31/01), o diretor de estatísticas educacionais do Inep,
Carlos Eduardo Moreno Sampaio, comentou sobre a queda de matrículas integrais no fundamental.
"Certamente isso se deve ao programa Mais Educação que era utilizado pelos municípios para ampliar
a jornada escolar dos estudantes atendidos", disse.
Além da meta autoimposta pela gestão Temer, porém, o Brasil é obrigado por lei a expandir as
matrículas em tempo integral da educação básica para 25% até 2024.
Essa é uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que neste ano chega à metade do
caminho, completando cinco dos dez anos de vigência da lei.

O ensino médio e os professores


Entre 2017 e 2018, porém, o Brasil registrou um aumento no total de professores que atuam no ensino
médio. No ano passado, o Censo aponta que 513.403 mil docentes estavam nesta situação, contra
509.814 mil em 2017. O avanço, de 0,7%, porém, não recuperou a queda de 1,9% registrada entre 2016
e 2017.

Veja outros destaques do Censo Escolar 2018:


- ESCOLAS: Em 2018, o Brasil tinha 181.939 escolas de educação básica, sendo que 60,6% delas
são mantidas pelas redes municipais, e 22,3% são instituições particulares. A maior parte das escolas
oferece ensino fundamental ou pré-escola. No caso do ensino médio, a oferta só existe em 28.673
escolas, que representam 15,8% do total.
- ENSINO INFANTIL: A matrícula das crianças de 0 a 3 anos de idade nas creches avançou no país
entre 2017 e 2018, de 3.406.796 para 3.587.292. Atualmente, 56,5% delas estavam matriculadas em
período integral. Já na pré-escola, onde estudam as crianças de 4 e 5 anos, o aumento foi de 5.101.935
para 5.157.892 matrículas, mas apenas 11,1% delas eram em tempo integral.
- ENSINO PROFISSIONALIZANTE: Em 2018, o Brasil chegou ao maior número em cinco anos de
matrículas no ensino profissionalizante integrado ao ensino médio. No total, 584.564 estudantes estavam
nessa modalidade. No total, o país retomou o crescimento após dois anos de queda e registrou 1.903.230
matrículas na educação profissional, mas o número ainda ficou abaixo do patamar de 2014 e 2015.
- EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O número total de matrículas na educação de jovens e
adultos (EJA) caiu. Em 2017, 3.598.716 pessoas com mais de 18 anos que não tinham terminado a
educação na idade esperada estavam matriculadas em uma turma de EJA. Em 2018, esse número recuou
1,5%, para 3.545.988. No entanto, a queda foi registrada entre as matrículas do ensino fundamental. No
ensino médio, o número de estudantes de EJA aumentou de 1.425.812 para 1.437.833.

82
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
- EDUCAÇÃO ESPECIAL: Há pelo menos cinco anos, o número de matrículas de estudantes com
necessidades especiais vem crescendo consecutivamente. Ele chegou a 1.181.276 em 2018, um avanço
de 33,2% desde 2014. Também cresceu de 87,1%, há cinco anos, para 92,1% a porcentagem de alunos
de quatro a 17 anos da educação especial matriculados em classes comuns, e não em turmas especiais.
Na rede pública, essa taxa chega a 97,3%, mas entre as escolas privadas ela é de apenas 51,8%.
- TOTAL DE MATRÍCULAS: Em cinco anos, o Brasil "perdeu" mais de um milhão de matrículas na
educação básica, segundo os dados históricos do Censo Escolar. Porém, especialistas explicam que
essa queda não se deve necessariamente ao abandono dos alunos. Outros motivos por trás da redução
estão o aprimoramento das metodologias do Censo, onde matrículas duplicadas de estudantes são
retiradas – por exemplo, no caso de um estudante que transferiu de escola e antes era "contado duas
vezes" –, e fenômenos demográficos como a queda da taxa de natalidade, que faz com que o número de
habitantes de uma certa faixa etária seja menor que em anos anteriores.

Governo Bolsonaro exonera chefe do Inep nomeada por Temer56

Maria Fini estava no cargo desde 2016, e Bolsonaro já havia dito que trocaria comando do órgão
responsável pelo Enem. Presidente também disse que acessará prova antes da aplicação.
A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Estatísticas Anísio Teixeira (Inep), Maria
Inês Fini, foi exonerada nesta segunda-feira (14/01).
A exoneração foi publicada no "Diário Oficial da União" e é assinada pelo ministro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni.
No cargo desde maio de 2016, Maria Inês foi nomeada pelo então presidente Michel Temer, e o
presidente Jair Bolsonaro já havia dito, ainda no ano passado, que trocaria o comando do órgão.
Vinculado ao Ministério da Educação, o Inep é o órgão responsável pelo Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem).
Em novembro, já como presidente eleito, Bolsonaro afirmou que, a partir deste ano, ele terá acesso ao
conteúdo da prova do Enem antes de o exame ser aplicado.
Na ocasião, Bolsonaro disse ter tomado a decisão porque o Enem de 2018 abordou o "pajubá",
conjunto de expressões associadas aos gays e aos travestis.
"Esta prova do Enem – vão falar que eu estou implicando, pelo amor de Deus –, este tema da
linguagem particular daquelas pessoas, o que temos a ver com isso, meu Deus do céu? Quando a gente

56
G1. Governo Bolsonaro exonera chefe do Inep nomeada por Temer. https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/01/14/governo-bolsonaro-exonera-chefe-do-inep-
nomeada-por-temer.ghtml. Acesso em 15 de janeiro de 2019.

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vai ver a tradução daquelas palavras, um absurdo, um absurdo! Vai obrigar a molecada a se interessar
por isso agora para o Enem do ano que vem?", indagou Bolsonaro na ocasião.
"Podem ter certeza e ficar tranquilos. Não vai ter questão desta forma ano que vem, porque nós vamos
tomar conhecimento da prova antes. Não vai ter isso daí", acrescentou.
Uma semana antes das declarações de Bolsonaro, Maria Inês Fini afirmou em entrevista ao G1 que o
Enem "não é deste ou daquele governo", mas, sim, "do Brasil".

MEC exonera responsável por edital que liberava compra de livro didático com erro e
propaganda57

Ministério diz que a exoneração não tem relação com a mudança do edital e que faz parte de uma
reorganização administrativa.
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, exonerou nesta sexta (11/01) dez pessoas que
ocupavam cargos comissionados no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), incluindo
o chefe de gabinete do órgão, Rogério Fernando Lot.
Como presidente interino do FNDE, foi Lot quem assinou a recente retificação no edital que permitiria
a aquisição de obras com erros de impressão e propagandas.
Procurado pelo G1, o Ministério da Educação informou, em nota, que as exonerações fazem parte de
uma "reorganização administrativa" que o MEC está promovendo "com a chegada da nova gestão" e que
"não têm relação com o erro na publicação da retificação do PNLD 2020".
A alteração do edital, publicada no "Diário Oficial da União" no dia 2 de janeiro, também retirava a
exigência para as editoras de retratar a diversidade étnica e o compromisso com ações de não violência
contra a mulher, além de citar referências bibliográficas.
No mesmo dia da divulgação do caso pela imprensa na quarta (09/01), o MEC anulou o edital e culpou
a gestão anterior, do governo Temer, de alterar o documento. O ex-ministro da Educação Rossieli Soares
negou que a gestão dele tenha feito as mudanças no texto.
Nesta quinta (10/01), Vélez Rodríguez pediu a abertura de uma sindicância para apurar o caso.

Veja as alterações:
Erros de impressão - Na versão de outubro, o edital dizia que a obra deveria "estar isenta de erros de
revisão e /ou impressão". Esse trecho foi retirado.
Referências bibliográficas - Outro trecho que foi tirado do edital afirmava que o livro deveria "incluir
referências bibliográficas".
Propaganda - Também foi excluída a exigência de que a obra deve "estar isenta de publicidade, de
marcas, produtos ou serviços comerciais, exceto quando enquadrar-se nos casos referidos no Parecer
CEB nº 15 de 04/07/2000".
Diversidade étnica - A versão de outubro determinava que os livros deveriam "retratar adequadamente
a diversidade étnica da população brasileira, a pluralidade social e cultural do país". Este trecho também
foi retirado do edital.
Não violência contra a mulher - A atualização do edital fundiu três artigos da versão anterior, retirando,
por exemplo, trechos que exigiam o compromisso com ações de não violência contra a mulher. Na parte
que fala em promover positivamente mulheres, afrodescendente e povos indígenas, foi retirada a
expressão "homens do campo".
O edital, cuja primeira versão foi publicada em março de 2018, contém diretrizes para aquisição de
obras para os 6º e 9º anos do ensino fundamental de escolas públicas federais, estaduais, municipais e
do Distrito Federal.
A compra do material, que deve ser usado em 2020, é feita pelo Programa Nacional do Livro.
É comum haver alterações em documentos desse tipo. A mudança do dia 2 de janeiro foi a quinta já
realizada no edital, a primeira durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Leia a íntegra da nota do MEC


"As exonerações do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ocorrem pela
reorganização administrativa que o Ministério da Educação pretende fazer com a chegada da nova
gestão, e não têm relação com o erro na publicação da retificação do PNLD 2020. Sobre o caso, foram
adotadas providências internas para instauração da sindicância, que deve ter documento publicado em
breve."

57
G1. MEC exonera responsável por edital que liberava compra de livro didático com erro e propaganda. G1 Educação.
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/01/11/presidente-interino-do-fnde-e-exonerado-apos-polemica-com-livros-didaticos.ghtml. Acesso em 14 de janeiro de
2018.

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Comissão da Escola Sem Partido encerra trabalhos sem votar parecer; projeto será arquivado58

Projeto proíbe que professores manifestem posicionamentos políticos ou ideológicos e que discutam
questões de gênero em sala de aula. Foi a 12ª reunião convocada para votar o parecer.
O presidente da comissão especial da Câmara dos Deputados que discute o projeto conhecido
como Escola Sem Partido, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), encerrou nesta terça-feira (11/12) os
trabalhos do colegiado sem que fosse votado o parecer do relator. Não haverá mais reunião da comissão
e o projeto será arquivado.
A proposta proíbe que professores manifestem posicionamentos políticos ou ideológicos e que
discutam questões de gênero em sala de aula.
O deputado Marcos Rogério encerrou os trabalhos da comissão depois de 12 sessões sem resultado
e seguidas tentativas de votação do relatório do deputado Flavinho (PSC-SP).
“Quem está sepultando o projeto nesta legislatura não é a oposição. Quem não está deliberando é
quem tem maioria neste parlamento - que não comparece", afirmou Marcos Rogério.
Ele fez ainda elogios à atuação dos partidos de oposição, que, segundo ele, fez o "bom combate", que
conseguiu atrasar o andamento da tramitação com base no regimento da Câmara. "A oposição merece o
reconhecimento da comissão. Se pautou na obstrução e cumpriu aquilo que lhe é garantia regimental",
disse.

Arquivado
Com o fim da legislatura, todos os projetos que não têm parecer aprovado nas comissões vão
automaticamente ao arquivo. O atual mandato termina em 31 de janeiro, mas os parlamentares entram
em recesso a partir do dia 23 de dezembro e, portanto, encerrando os trabalhos legislativos.
Pelo regimento da Câmara, o autor do projeto ou de qualquer outro que tramita em conjunto pode
apresentar requerimento para desarquivá-lo. Se isso acontecer, a tramitação começará do zero, com a
criação de uma nova comissão.
A oposição comemorou o encerramento dos trabalhos. Com cartazes, manifestantes que
acompanhavam a comissão entoaram cantorias.
Embora houvesse quórum suficiente registrado no painel eletrônico, o plenário da comissão estava
esvaziado, o que fez com que a reunião demorasse quase três horas para ser aberta.
Os deputados favoráveis ao projeto – muitos deles ligados à bancada religiosa – marcavam presença
e deixavam o local, com exceção de apenas três ou quatro. Apenas os parlamentares críticos ao projeto
permaneceram em peso na comissão o tempo todo.
Foi a 12ª reunião para votar o parecer que impõe regras aos professores sobre o que pode ser
ensinado em sala de aula. Desde julho, a comissão tem convocado reunião para a discussão e votação
do relatório do deputado Flavinho (PSC-SP).
Assim como nas reuniões anteriores, deputados críticos ao texto apresentaram requerimentos
regimentais que precisaram ser votados antes, fazendo com que a tramitação da proposta não avance.

Controvérsia
No seu parecer, o relator diz que o professor "ao tratar de questões políticas, socioculturais e
econômicas", deverá apresentar aos alunos, "de forma justa, as principais versões".

58
Fernanda Calgaro. Comissão da Escola Sem Partido encerra trabalhos sem votar parecer; projeto será arquivado. G1 Educação.
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/12/11/comissao-da-escola-sem-partido-encerra-trabalhos-sem-votar-parecer-projeto-sera-
arquivado.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1. Acesso em 12 de dezembro de 2018.

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Críticos ao texto argumentam que o projeto não permitirá o pensamento crítico em sala de aula.
Defensores alegam que a proposta tem como objetivo evitar a "doutrinação" nas escolas.

Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio é aprovada pelo CNE; texto segue para o
MEC59

O Conselho Nacional de Educação aprovou nesta terça-feira (04/12) o parecer e a minuta de resolução
da etapa referente ao Ensino Médio da Base Nacional Comum Curricular. Eles foram aprovados por
unanimidade.
O texto referente ao Ensino Médio agora segue para o Ministério da Educação para homologação,
assim será finalizado o processo de construção da base nacional da educação básica. O documento
agora se une à etapa da Base Nacional do Ensino Fundamental e da Educação Infantil, homologada no
ano passado.
A Base Nacional Comum Curricular tem caráter normativo e não necessita passar por votação no
Congresso Nacional e nem precisa de sanção presidencial. Com a homologação do MEC, as normas já
entram em vigor.
Com a mudança, as disciplinas de Matemática e Português terão carga horária obrigatória nos três
anos do Ensino Médio. As demais matérias poderão ser distribuídas ao longo dos três anos (seja em um
ano, em dois ou nos três).
Uma terceira mudança fica por conta dos currículos estaduais que deverão ser adaptados e
implementados até o início das aulas de 2022.
A Base define o conteúdo a que os estudantes do Ensino Médio devem aprender em sala de aula. “A
BNCC servirá de orientação à elaboração dos currículos das redes municipais, estaduais e federal de
ensino, tanto nas escolas públicas quanto nas particulares. O documento referente à etapa do ensino
médio foi entregue ao CNE em abril deste ano, quando passou a ser discutido pela comissão da BNCC
no CNE até chegar a esta aprovação”, traz nota da Assessoria de Comunicação do MEC.
O documento referente à etapa do Ensino Médio se soma às novas diretrizes desta modalidade de
ensino que, aprovadas e homologadas no mês passado, vão nortear o Novo Ensino Médio em todo o
país.

Flávio Dino edita decreto sobre liberdade de expressão em escolas do Maranhão60

Nas redes sociais, o governador disse que falar em “Escola Sem Partido” tem servido para encobrir
propósitos autoritários incompatíveis com a Constituição.
O governador Flávio Dino (PCdoB) editou nesta segunda-feira (12/11) um decreto para assegurar, no
ambiente das escolas da rede estadual, a liberdade de expressão e opinião a professores, estudantes e
funcionários.
"Editei agora Decreto garantindo Escolas com Liberdade e Sem Censura no Maranhão, nos termos do
artigo 206 da Constituição Federal. Falar em “Escola Sem Partido” tem servido para encobrir propósitos
autoritários incompatíveis com a nossa Constituição e com uma educação digna", destacou o governador
em uma postagem nas redes sociais.
O artigo 206 da Constituição Federal diz que o ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:

- Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola


- Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber
- Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas
de ensino
- Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais
- Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira,
com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas
- Gestão democrática do ensino público, na forma da lei
- Garantia de padrão de qualidade

59
Jovem Pan. Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio é aprovada pelo CNE; texto segue para o MEC. https://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/base-
nacional-comum-curricular-do-ensino-medio-e-aprovada-pelo-cne-texto-segue-para-o-mec.html?utm_source=twitter&utm_medium=social-
media&utm_campaign=noticias&utm_content=geral. Acesso em 06 de dezembro de 2018.
60
G1 MA. Flávio Dino edita decreto sobre liberdade de expressão em escolas do Maranhão. G1 Maranhão.
https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2018/11/12/flavio-dino-edita-decreto-sobre-liberdade-de-expressao-em-escolas-do-maranhao.ghtml. Acesso em 13 de
novembro de 2018.

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- Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de
lei federal

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da


educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira,
no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
De acordo com o decreto editado por Flávio Dino, a Secretaria de Estado da Educação deverá
promover campanha de divulgação nas escolas sobre as garantias asseguradas pelo artigo 206, inciso II
da Constituição Federal, bem como dos princípios previstos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei 9.394/1996). Ainda segundo o decreto, fica vedado no ambiente escolar:
- O cerceamento de opiniões mediante violência ou ameaça
- Ações ou manifestações que configurem a prática de crimes tipificados em lei, tais como calúnia,
difamação e injúria, ou atos infracionais
- Qualquer pressão ou coação que represente violação aos princípios constitucionais e demais normas
que regem a educação nacional, em especial quanto à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar o pensamento, a arte e o saber
O decreto diz ainda que professores, estudantes ou funcionários somente poderão gravar vídeos ou
áudios durante as aulas e demais atividades de ensino, mediante consentimento de quem será filmado
ou gravado.

Uneb terá cotas para trans, ciganos, portadores de transtorno do espectro autista e pessoas com
deficiência61

Instituição vai oferecer 5% de vagas adicionais para o público, além das que já são ofertadas
normalmente. Decisão valerá para os processos de graduação e de pós-graduação a partir de 2019.
A Universidade Estadual da Bahia (Uneb) terá sistema de cotas para transexuais, travestis,
transgêneros, quilombolas, ciganos e portadores de deficiência, transtorno do espectro autista e altas
habilidades.
De acordo com as informações divulgadas pela instituição nesta segunda-feira (23/07), a decisão foi
tomada pelo Conselho Universitário (Consu) e começa a valer a partir de 2019, em todos os processos
de graduação e de pós-graduação da universidade.
Segundo a Uneb, serão oferecidos 5% de vagas adicionais para cada um dos grupos, além das que
já são ofertadas para os demais. Dessa forma, as novas cotas não devem alterar o percentual ofertado
aos não cotistas.
Atualmente, a instituição oferece 40% das oportunidades para negros e 5% para indígenas, além das
vagas de ampla concorrência, para quem não integra o sistema de cotas, que, segundo a instituição,
corresponde a 60%.
Ainda conforme a Uneb, para concorrer às cotas, assim como nos demais grupos, os candidatos das
novas cotas devem ter cursado todo o segundo ciclo do ensino fundamental e o ensino médio
exclusivamente em escola pública, além de terem renda familiar mensal de até quatro salários mínimos.

Uneb
Fundada em 1983, a Uneb é mantida pelo Governo do Estado por intermédio da Secretaria da
Educação (SEC). A instituição possui 29 departamentos instalados em 24 campi: um sediado em
Salvador, onde se localiza a administração central, e os demais distribuídos em 23 importantes municípios
baianos de porte médio e grande, como Feira de Santana, Juazeiro, Vitória da Conquista e Barreiras.
Atualmente, segundo o site da instituição, mais de 150 opções de cursos e habilitações nas
modalidades presencial e de educação a distância (EaD) são ofertados pela universidade, nos níveis de
graduação e pós-graduação.
Além dos campi, a Uneb está presente na quase totalidade dos 417 municípios do estado, por
intermédio de programas e ações extensionistas em convênio com organizações públicas e privadas, que
beneficiam milhões de cidadãos baianos, a maioria pertencente a segmentos social e economicamente
desfavorecidos e excluídos. Entre eles, a alfabetização e capacitação de jovens e adultos em situação de
risco social; educação em assentamentos da reforma agrária e em comunidades indígenas e quilombolas;
projetos de inclusão e valorização voltados para pessoas com deficiência, da terceira idade, LGBT.

61
G1 BA. Uneb terá cotas para trans, ciganos, portadores de transtorno do espectro autista e pessoas com deficiência. G1 Bahia.
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2018/07/23/uneb-tera-cotas-para-trans-ciganos-portadores-de-transtorno-do-espectro-autista-e-pessoas-com-
deficiencia.ghtml. Acesso em 24 de julho de 2018.

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A Uneb desenvolve também importantes pesquisas em todas as regiões em que atua. Alguns projetos
trazem a marca da vanguarda acadêmica, a exemplo dos trabalhos nas áreas de robótica e de jogos
eletrônicos pedagógicos. O corpo discente da instituição é estimulado a participar das pesquisas por meio
de programas de iniciação científica e de concessão de bolsas de monitoria.

Fies vai voltar a atender cursos com mensalidade de até R$ 7 mil, anuncia MEC62

Valor máximo que um contrato de financiamento poderia ter era de R$ 30 mil por semestre; mas, a
partir do segundo semestre, ele vai ser 40% maior, para R$ 42 mil por semestre, ou R$ 7 mil por mês.
O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) voltou a aumentar o limite máximo do valor de
mensalidades para estudantes poderem fechar um contrato de financiamento, segundo anunciou nesta
quarta-feira (06/06) o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva. Em entrevista a jornalistas em
Brasília, ele divulgou as mudanças aprovadas na reunião desta terça (05/06) pelo Comitê Gestor do Fies,
composto por representantes de vários ministérios.
A partir do segundo semestre, a adesão dos estudantes vai contemplar cursos com mensalidades de
até R$ 7 mil, ou R$ 42 mil por semestre. No primeiro semestre, o limite era de R$ 30 mil, o que permitia
que apenas cursos com mensalidade de até R$ 5 mil pudessem participar do financiamento. Segundo
Rossieli, isso acabou excluindo estudantes interessados em cursos de medicina.
Conhecido como "teto da semestralidade", esse limite de R$ 42 mil já existia no antigo modelo do Fies,
mas foi reduzido no lançamento do Novo Fies, segundo ele, em nome da "sustentabilidade" do programa.
Reportagem do G1 com dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação mostrou que, em fevereiro,
54% dos contratos do Fies que já estavam na fase de amortização (pagamento por parte dos
estudantes) tinham pelo menos um dia de atraso no pagamento de parcelas.
De acordo com o ministro, as mudanças anunciadas nesta terça valem apenas para a modalidade 1
do Novo Fies e para o segundo semestre. As inscrições começam em julho, ainda sem data definida.
No primeiro semestre, o ministro disse que 35.866 estudantes fecharam novos contratos de
financiamento do Fies 1, e outros 16.351 estão em fase de tramitação do contrato para vagas
remanescentes. O prazo para o fechamento dos contratos termina no dia 25/06. Segundo o MEC, o Novo
Fies, na modalidade 1, tem verba para cerca de 100 mil novas vagas no ano de 2018, incluindo os dois
semestres. Considerando todas as três modalidades, 155 mil novos contratos já foram fechados no
primeiro semestre, e a estimativa é oferecer 310 mil vagas neste ano.

'Travas' para garantir sustentabilidade


Rossieli explicou que as mudanças fazem parte do processo de "implantação" do Novo Fies. "A gente
queria inclusive testar o novo modelo, a gente está em um processo de implantação", disse ele.
"A gente veio de um cenário catastrófico, ponto. Para termos segurança de avanço, tem que ter
sustentabilidade", afirmou Rossieli.
O ministro diz que o retorno ao teto da semestralidade voltou ao patamar anterior depois que o comitê
gestor observou que, com outras medidas de controle dos valores dos contratos, o Novo Fies pode manter
a sustentabilidade.
Segundo ele, a nova obrigação para as instituições de ensino cobrarem do aluno do Fies o valor
mínimo cobrado na turma em que ele estuda foi o principal mecanismo introduzido pelo Novo Fies para
evitar abusos por parte das faculdades privadas.
De acordo com informações divulgadas pelo MEC, como os estudantes financiados pelo Fies eram
uma garantia de pagamento em dia das mensalidades, já que quem paga é o governo federal, muitas
instituições se aproveitaram disso para cobrar desses estudantes uma mensalidade mais alta do que os
62
G1. Fies vai voltar a atender cursos com mensalidade de até R$ 7 mil, anuncia MEC. G1 Educação. <https://g1.globo.com/educacao/noticia/fies-vai-voltar-a-
atender-cursos-com-mensalidade-de-ate-r-7-mil-anuncia-mec.ghtml> Acesso em 07 de junho de 2018.

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demais alunos daquela mesma turma do mesmo curso, que Rossieli diz ser uma "mensalidade
artificializada para aumentar o lucro de instituições".

Inclusão de mais cursos de medicina


"O valor mínimo por turma funcionou bem, isso traz sustentabilidade de forma muito mais clara",
explicou ele. Por isso o comitê decidiu aumentar o teto do valor da semestralidade, o que deve aumentar
o número de contratos de financiamento de estudantes cursando medicina.
Segundo Rossieli, o comitê considera que a mudança pode contemplar cursos que têm valores mais
altos para todos os alunos – e não só para os alunos financiados pelo governo federal, principalmente os
de medicina.
"Atende uma demanda para cursos mais caros, como medicina, para valores que estavam mais
adequados ao mercado."

Novo limite de financiamento mínimo


Outra novidade anunciada pelo MEC nesta terça é um limite mínimo para que o financiamento do Novo
Fies seja concretizado. A partir do segundo semestre, todos os contratos deverão cobrir pelo menos 50%
do valor total da mensalidade do estudante.
Segundo Rossieli, esse valor não tinha limite mínimo e chegou a ser de apenas 8%, dependendo a
renda familiar do estudante e do custo da faculdade.
"Se o curso custar R$ 10 mil e você pedir o financiamento, você vai ter no mínimo [financiamento de]
R$ 5 mil reais. Se o menino for mais pobre, tiver mais necessidade, pode chegar a 60%, 70%", explicou
o ministro.
Apesar de essa última mudança valer para o segundo semestre, estudantes que já fecharam contrato
no primeiro semestre vão ter a opção de aumentar a porcentagem do financiamento quando renovarem
o contrato a partir do próximo semestre.

Questões

01. (UFFS – Farmacêutico – FAFIPA) Os estudantes brasileiros de nível superior podem contar
com o financiamento das anuidades como forma de estimular a permanência e a conclusão de curso
de graduação em instituições não gratuitas. O programa do Ministério da Educação (MEC) destinado
à concessão deste financiamento chama-se:
(A) FIES
(B) FNDE
(C) ENADE
(D) PROUNI
(E) ENEM

02. (UFRR – Técnico em Contabilidade – UFRR – 2018) A “Escola sem Partido” tem provocado
exaltados debates desde o Congresso Nacional, passando pelas casas representativas nas esferas
estaduais e municipais até nas redes sociais. Nos últimos anos, diversos projetos de lei se espalharam
país afora, sob a alegação de restringir o "processo de doutrinação política" dentro d a sala de aula.
Na Câmara dos Deputados, quem foi o autor do Projeto de Lei que inclui, entre as diretrizes e base
da educação nacional, o “Programa Escola sem Partido”?
(A) Senador Cristovam Buarque
(B) Deputado Jean Wyllys
(C) Deputado Marco Feliciano
(D) Senador Romero Jucá
(E) Deputado Izalci Lucas

03. (Prefeitura de Barretos/SP - Agente Administrativo - VUNESP - 2018) Após três anos de
discussões, mudanças e milhares de colaborações, o Ministério da Educação homologou nesta quarta-
feira (13 de dezembro) a chamada Base Nacional Comum Curricular.
(Folha de São Paulo, 20 dez. 18. Disponível em: <https://goo.gl/EBxwvA>. Adaptado)
A Base Nacional Comum Curricular determina
(A) um currículo unificado a ser abordado nas primeiras etapas da escolarização, em especial com as
crianças de até dez anos.
(B) os conteúdos específicos a serem ministrados nos diferentes cursos de Ensino Superior, a
depender da carreira escolhida.

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(C) os direitos de aprendizagem dos alunos da educação básica, prevendo também espaço para
aspectos regionais do conteúdo.
(D) a fusão entre o ensino técnico e o regular, de forma a habilitar todo os alunos para o exercício de
uma profissão a partir dos 18 anos.
(E) a forma de ingresso no Ensino Superior por meio do acompanhamento do desempenho do aluno,
substituindo a prova do ENEM.

Gabarito

01.A / 02.E / 03.C

Comentários

01. Resposta: A
O FIES é um programa do Governo criado em 1999 para substituir o Programa de Crédito Educativo
– PCE/CREDUC. Destina-se a financiar a graduação no Ensino Superior de estudantes que não possuem
condições de arcar com os custos de sua formação63.

02. Resposta: E
O projeto foi apresentado na Câmara no ano de 2015 pelo deputado Izalci Lucas
(http://www.escolasempartido.org/o-papel-do-governo-categoria/539-dia-historico-projeto-de-lei-que-institui-o-programa-escola-sem-partido-e-
apresentado-na-camara-dos-deputados).

03. Resposta: C
“A Base Nacional Comum Curricular define os direitos de aprendizagens de todos os alunos do
Brasil. [...] A BNCC potencializa políticas e ações que, juntas, podem reduzir desigualdades
educacionais. Para as redes, ela é referência para a construção dos currículos. Para os professores,
ela é um instrumento fundamental para a prática em sala de aula. Para os pais, traz transparência ao
que seus filhos devem aprender.'' 64.

Ciência e Tecnologia
saúde
Pesquisa indica descoberta de nova espécie humana nas Filipinas65

O H. luzonensis teria vivido na caverna de Callao, na ilha de Luzón, nas Filipinas, entre 67 mil e 50 mil
anos atrás. Estudo foi publicado na revista 'Nature' nesta quarta (10/04).
Um artigo científico publicado na revista "Nature" desta quarta-feira traz evidências do que pode ser
uma grande descoberta: uma nova espécie humana, provavelmente mais baixa e com uma mistura de
traços arcaicos e modernos, que os pesquisadores deram o nome de Homo luzonensis.
O H. luzonensis teria vivido na caverna de Callao, na ilha de Luzón, nas Filipinas, entre 67 mil e 50 mil
anos atrás. Foi lá que foram encontrados treze pequenos fósseis: dentes, falanges do pé e da mão, e
fragmentos de fêmur. Dois destes fragmentos de fóssil deram a pista sobre o período de vida da espécie
através da datação radiométrica.
A nova espécie apresenta ao mesmo tempo "elementos e características muito primitivas semelhantes
aos do Australopithecus e outras, modernas, próximas aos do Homo sapiens", ressalta Florent Detroit,
paleoantropólogo do Museu do Homem e principal autor do estudo.

Características
O Homo luzonensis "era provavelmente pequeno, se julgarmos pelo tamanho de seus dentes", mas
"não é um argumento suficiente" para afirmá-lo, indica o pesquisador.
Segundo ele, a espécie não é um ancestral direto do homem moderno, mas sim uma espécie vizinha,
contemporânea do Homo sapiens, mas com várias características primitivas.
Tratam-se dos restos humanos mais antigos encontrados nas Filipinas, precedendo os primeiros Homo
sapiens datados de 30 mil a 40 mil anos encontrados na ilha de Palawan, a sudoeste do arquipélago.

63
https://guiadoestudante.abril.com.br/fies-prouni/o-que-e-e-como-funciona-o-fies-financiamento-estudantil/
64
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
65
France Presse. Pesquisa indica descoberta de nova espécie humana nas Filipinas. G1 Ciência e Saúde. https://g1.globo.com/ciencia-e-
saude/noticia/2019/04/10/pesquisa-indica-descoberta-de-nova-especie-humana-nas-filipinas.ghtml. Acesso em 11 de abril de 2019.

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Debates à vista
Sua análise morfológica revelou muitas surpresas. A primeira diz respeito aos dentes: os pré-molares
do Homo luzonensis têm semelhanças com os dos Australopithecus (hominídeos africanos desaparecidos
há 2 milhões de anos) e de outras espécies antigas do gênero Homo, como Homo habilis e Homo erectus.
Entre outros aspectos, esses dentes têm duas ou três raízes, enquanto os do Homo sapiens costumam
ter uma, às vezes duas, apontam os pesquisadores.
Em contrapartida, os molares são muito pequenos e sua morfologia muito simples se assemelha à dos
homens modernos.
"Um indivíduo com essas características combinadas não pode ser classificado em nenhuma das
espécies conhecidas hoje", observa Florent Detroit.
Os ossos do pé também são muito surpreendentes: a falange proximal tem uma curvatura muito
pronunciada e inserções muito desenvolvidas para os músculos assegurando a flexão do pé. Não se
parece com uma falange do Homo sapiens, mas com a de um Australopithecus, um hominídeo
provavelmente bipedal e arbóreo.
"Não estamos afirmando que o Homo luzonensis vivia nas árvores, porque a evolução do gênero Homo
mostra que este gênero é caracterizado por um bipedismo severo desde 2 milhões de anos", ressalta
Florent Detroit.
O "reaparecimento" de características primitivas no Homo luzonensis pode ser explicado pelo
endemismo insular, segundo ele.
Durante o período do Quaternário, a ilha de Luzon nunca esteve acessível a pé. Se hominídeos
viveram lá, tiveram que encontrar um meio de atravessar o mar.
Aos olhos do pesquisador, os resultados do estudo "mostram muito claramente que a evolução da
espécie humana não é linear". "É mais complexa do que pensávamos até recentemente", explicou.
Esta é uma "descoberta notável" que "sem dúvida desencadeará muitos debates científicos", disse
Matthew Tocheri, da Universidade de Lakehead, no Canadá, em um comentário publicado na "Nature".
Florent Detroit espera que alguns colegas "questionem a legitimidade de descrever uma nova espécie
a partir de uma pequena amostra de fósseis".
Mas, aos seus olhos, "não é grave criar uma nova espécie". Isso ajuda a chamar a atenção para esses
fósseis que parecem "diferentes".
"Se no futuro, os colegas mostrarem que estávamos errados e que esses vestígios correspondem a
uma espécie que já conhecíamos, não tem problema, vamos esquecer isso".

Campus Party inova ao receber aparelhos usados como vale-ingresso66

Visitantes podem trocar computadores, celulares e outros equipamentos antigos por entrada no
evento.
A edição de 2019 do maior evento de tecnologia da América Latina tem uma atração a mais para os
visitantes, em São Paulo. Uma atração que, de quebra, ainda ajuda o meio ambiente.
Ele já teve seus dias de glória, mas faz tempo. Quem diria que, de sonho de consumo de qualquer
nerd da década passada para cacareco, treco, troço que só ocupa espaço em casa. É assim com o
notebook velho, com a câmera da época de filme, com o monitor hoje amarelado e com o celular bisavô
desse que eu uso para escrever as reportagens hoje em dia. Tudo meio empoeiradão, fora de moda,
peso de papel.
“Coloca no cantinho, coloca no guarda-roupa, sempre é assim. E jogar fora eu não sei pelo menos
qual é o procedimento porque tem muito a questão de esses resíduos serem tóxicos, algumas coisas
como metais pesados, a gente não tem informação”, comenta o estudante Pedro Henrique Simão.
Dito isso, a informação mais recente que ele teve foi ótima. As ferramentas do nerd do passado estão
valendo entrada no maior evento de nerds do presente: a Campus Party.
“Nossa, deu para trocar por bastante ingresso, seis no total”, afirma o estudante de economia Vinícius
Gonzales Custódio.
Se fosse para pagar na hora, ia custar R$ 350 cada um. Ótimo negócio para quem visita, bom negócio
para quem organiza.
“No ano passado, juntamente com o Ministério da Ciência e Tecnologia, a gente arrecadou mais de 50
toneladas de equipamentos e a ideia da Campus Party é ser cada vez mais um evento sustentável”,
explicou o diretor-geral do evento, Tonico Novaes.
Dizem que é lixo eletrônico, mas eu não chamaria assim. Ou você chamaria de lixo todos os teclados
funcionando perfeitamente, embaladinhos? Todos os monitores prontos para uso, já enrolados no plástico
66
Jornal Nacional. Campus Party inova ao receber aparelhos usados como vale ingresso. G1 Jornal Nacional. https://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2019/02/14/campus-party-inova-ao-receber-aparelhos-usados-como-vale-ingresso.ghtml. Acesso em 15 de fevereiro de 2019.

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bolha? Todas as máquinas que já estão prontas para sair desse espaço? Tudo o que tem no galpão é
resultado de iniciativas parecidas como a da Campus Party, ou do trabalho dos funcionários que vão
buscar esse material nas empresas. Aí tudo ganha vida nova e é doado para bibliotecas, escolas ou
entidades sem fins lucrativos.
O que não tem conserto ou está muito obsoleto eles desmontam e reciclam os componentes, o que
vira grana para ajudar a manter tudo funcionando. Pena que, para fazer isso, o nosso país ainda não está
100% preparado.
“No Brasil não existe tecnologia de separação de extração do ouro, do cobre, da prata que estão nas
placas. Nós enviamos para empresas que destinam para fora do Brasil”, explicou Júlio César Hessel,
presidente do instituto.
Mesmo assim, a gente está num oásis desse deserto de componentes. Espaços como esse no Brasil
só têm seis. E aí? Como é que faz para isso virar uma realidade num país tão grande?
“A gente vai refazer os convênios e aumentar isso aqui. Pelo menos uns 27 para considerar todos os
estados da federação. Mas quanto mais melhor, a verdade é essa”, disse Wilson Diniz Wellisch, diretor
de Inclusão Digital.
A gente fica no aguardo. Quem sabe assim a gente consiga reciclar nossos próprios hábitos e entender
de vez que nenhuma tecnologia precisa ficar obsoleta. É só questão de ela se reinventar.

O que é a 4ª revolução industrial - e como ela deve afetar nossas vidas67

No final do século 17 foi a máquina a vapor. Desta vez, serão os robôs integrados em sistemas
ciberfísicos os responsáveis por uma transformação radical. E os economistas têm um nome para isso: a
quarta revolução industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas.
Eles antecipam que a revolução mudará o mundo como o conhecemos. Soa muito radical? É que, se
cumpridas as previsões, assim será. E já está acontecendo, dizem, em larga escala e a toda velocidade.
"Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como
vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será
diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes", diz Klaus Schwab, autor do
livro A Quarta Revolução Industrial, publicado este ano.
Os "novos poderes" da transformação virão da engenharia genética e das neurotecnologias, duas
áreas que parecem misteriosas e distantes para o cidadão comum.
No entanto, as repercussões impactarão em como somos e como nos relacionamos até nos lugares
mais distantes do planeta: a revolução afetará o mercado de trabalho, o futuro do trabalho e a
desigualdade de renda. Suas consequências impactarão a segurança geopolítica e o que é considerado
ético.
Então de que se trata essa mudança e por que há quem acredite que se trata de uma revolução?
O importante, destacam os teóricos da ideia, é que não se trata de um desdobramento, mas do
encontro desses desdobramentos. Nesse sentido, representa uma mudança de paradigma e não mais
uma etapa do desenvolvimento tecnológico.
"A quarta revolução industrial não é definida por um conjunto de tecnologias emergentes em si
mesmas, mas a transição em direção a novos sistemas que foram construídos sobre a infraestrutura da
revolução digital (anterior)", diz Schwab, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial e um dos
principais entusiastas da "revolução".
"Há três razões pelas quais as transformações atuais não representam uma extensão da terceira
revolução industrial, mas a chegada de uma diferente: a velocidade, o alcance e o impacto nos sistemas.
A velocidade dos avanços atuais não tem precedentes na história e está interferindo quase todas as
indústrias de todos os países", diz o Fórum.
Também chamada de 4.0, a revolução acontece após três processos históricos transformadores. A
primeira marcou o ritmo da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830. A segunda, por volta de
1850, trouxe a eletricidade e permitiu a manufatura em massa. E a terceira aconteceu em meados do
século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da informação e das telecomunicações.
Agora, a quarta mudança traz consigo uma tendência à automatização total das fábricas - seu nome
vem, na verdade, de um projeto de estratégia de alta tecnologia do governo da Alemanha, trabalhado
desde 2013 para levar sua produção a uma total independência da obra humana.
A automatização acontece através de sistemas ciberfísicos, que foram possíveis graças à internet das
coisas e à computação na nuvem.

67
Valeria Perasso. O que é a 4ª Revolução Industrial e como ela deve afetar as nossas vidas. https://www.bbc.com/portuguese/geral-37658309. Acesso em 13 de
janeiro de 2019.

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Os sistemas ciberfísicos, que combinam máquinas com processos digitais, são capazes de tomar
decisões descentralizadas e de cooperar - entre eles e com humanos - mediante a internet das coisas.
O que vem por aí, dizem os teóricos, é uma "fábrica inteligente". Verdadeiramente inteligente. O
princípio básico é que as empresas poderão criar redes inteligentes que poderão controlar a si mesmas.
Os números econômicos são impactantes: segundo calculou a consultora Accenture em 2015, uma
versão em escala industrial dessa revolução poderia agregar 14,2 bilhões de dólares à economia mundial
nos próximos 15 anos.
No Fórum Mundial de Davos, em janeiro deste ano, houve uma antecipação do que os acadêmicos
mais entusiastas têm na cabeça quando falam de Revolução 4.0: nanotecnologias, neurotecnologias,
robôs, inteligência artificial, biotecnologia, sistemas de armazenamento de energia, drones e impressoras
3D.
Mas esses também serão os causadores da parte mais controversa da quarta revolução: ela pode
acabar com cinco milhões de vagas de trabalho nos 15 países mais industrializados do mundo.

Revolução para quem?


Os países mais desenvolvidos adotarão as mudanças com mais rapidez, mas os especialistas
destacam que as economias emergentes são as que mais podem se beneficiar.
A quarta revolução tem o potencial de elevar os níveis globais de rendimento e melhorar a qualidade
de vida de populações inteiras, diz Schwab. São as mesmas populações que se beneficiaram com a
chegada do mundo digital - e a possibilidade de fazer pagamentos, escutar e pedir um táxi a partir de um
celular antigo e barato.
Obviamente, o processo de transformação só beneficiará quem for capaz de inovar e se adaptar.
"O futuro do emprego será feito por vagas que não existem, em indústrias que usam tecnologias novas,
em condições planetárias que nenhum ser humano já experimentou", diz David Ritter, CEO do
Greenpeace Austrália/Pacífico em uma coluna sobre a quarta revolução industrial para o jornal britânico
The Guardian.
E os empresários parecem entusiasmados - mais que intimidados - pela magnitude do desafio, uma
pesquisa aponta que 70% têm expectativas positivas sobre a quarta revolução industrial.
Ao menos esse é o resultado do último Barômetro Global de Inovação, uma pesquisa que compila
opiniões de mais de 4.000 líderes e pessoas interessadas nas transformações em 23 países.
Ainda assim, a distribuição regional é desigual e os mercados emergentes da Ásia são os que estão
adotando as transformações de uma forma mais intensa que os de economias mais desenvolvidas.
"Ser disruptivo é o padrão modelo para executivos e cidadãos, mas continua sendo um objetivo
complicado de se colocar em prática", reconhece o estudo.

Os perigos do cibermodelo
Nem todos veem o futuro com otimismo: as pesquisas refletem as preocupações de empresários com
o "darwinismo tecnológico", onde aqueles que não se adaptam não conseguirão sobreviver.
E se isso acontece a toda velocidade, como dizem os entusiastas da quarta revolução, o efeito pode
ser mais devastador que aquele gerado pela terceira revolução.
"No jogo do desenvolvimento tecnológico, sempre há perdedores. E uma das formas de desigualdade
que mais me preocupa é a dos valores. Há um risco real de que a elite tecnocrática veja todos as
mudanças que vêm como uma justificativa de seus valores", disse à BBC Elizabeth Garbee, pesquisadora
da Escola para o Futuro da Inovação na Sociedade da Universidade Estatal do Arizona (ASU).
"Esse tipo de ideologia limita muito as perspectivas que são trazidas à mesa na hora de tomar decisões
(políticas), o que por sua vez aumenta a desigualdade que vemos no mundo hoje", diz.
"Considerando que manter o status quo não é uma opção, precisamos de um debate fundamental
sobre a forma e os objetivos desta nova economia", diz Ritter, que considera que deve haver um "debate
democrático" em relação às mudanças tecnológicas.
Por um lado, há quem desconfie de que se trata de uma quarta revolução: é certo que as mudanças
são muitas e profundas, mas o conceito foi usado pela primeira vez em 1940 em um documento de uma
revista de Harvard intitulado A Última Oportunidade dos Estados Unidos, que trazia um futuro sombrio
para avanço da tecnologia e seu uso representa uma "preguiça intelectual", diz Garbee.
Outros, mais pragmáticos, alertam que a quarta revolução só aumentará a desigualdade na distribuição
de renda e trará consigo todo tipo de dilemas de segurança geopolítica.
O mesmo Fórum Econômico Mundial reconhece que "os benefícios da abertura estão em risco" por
causa de medidas protecionistas, especialmente barreiras não tarifárias do comércio mundial que foram
exacerbadas desde a crise financeira de 2007: um desafio que a quarta revolução deverá enfrentar se
quiser entregar o que promete.

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"O entusiasmo não é infundado, essas tecnologias representam avanços assombrosos. Mas o
entusiasmo não é desculpa para a ingenuidade e a história está infestada de exemplos de como a
tecnologia passa por cima dos marcos sociais, éticos e políticos que precisamos para fazer bom uso
dela", diz Garbee.

Cambridge Analytica se declara culpada em caso de uso de dados do Facebook68

Empresa de assessoria política admitiu ter descumprido ordem de regulador britânico para revelar as
informações que tinha sobre um professor americano. Ela foi multada em US$ 19 mil.
A Cambridge Analytica, assessoria britânica que trabalhou para a campanha eleitoral do presidente
americano, Donald Trump, se declarou culpada nesta quarta-feira (09/01) por ter se negado a revelar
dados pessoais que tinha extraído do Facebook. A empresa foi condenada por um tribunal de Londres a
multa de 15 mil libras (US$ 19,1 mil ou 16,7 mil euros) e terá ainda de pagar os custos do processo, no
valor de 6 mil libras.
O Facebook já havia admitido que a Cambridge Analytica - uma assessoria política que dirigiu a
campanha digital de Trump em 2016 - utilizou um aplicativo para coletar informações privadas de 87
milhões de usuários sem seu conhecimento. A empresa depois utilizou estes dados para mandar aos
usuários publicidade política especialmente adaptada e elaborar informes detalhados para ajudar Trump
a ganhar a eleição contra a candidata democrata Hillary Clinton.
Nesta quarta-feira, a Cambridge Analytica se declarou culpada por descumprir uma ordem do
regulador britânico encarregado da proteção de dados (ICO, na sigla em inglês), que mandou que ela
revelasse as informações que tinha sobre um professor americano, David Carroll. Carroll havia pedido
para saber quais dados sobre ele a companhia tinha e como os havia obtido.
Ao admitir culpa pelo descumprimento da ordem, a empresa ressaltou, no entanto, que "este
julgamento não sugere o uso indevido de dados" e nem estaria relacionado ao assunto.

Relembre o caso
A audiência, realizada na pequena sala de um tribunal nos arredores residenciais de Londres, forneceu
dados sobre um caso que sacudiu a reputação do Facebook.
O advogado representante da ICO afirmou ao tribunal que a Cambridge Analytica conseguiu reunir o
equivalente a 81 bilhões de páginas impressas de dados sobre os usuários do Facebook.
Reportagens dos jornais britânico "The Guardian" e americano "The New York Times", publicadas há
um ano, levaram a ICO a confiscar os computadores e servidores da Cambridge Analytica como parte de
uma investigação. Desde então a empresa, com sede em Londres, se declarou em falência.
Segundo o advogado da ICO, a empresa tinha dito a Carroll: "Você não tem direito de fazer (uma
solicitação de acesso a dados), assim como um membro dos talibãs sentado em uma caverna no canto
mais remoto do Afeganistão também não pode".
Mais tarde, um dos executivos da Cambridge Analytica disse ao regulador que "esperava não continuar
sendo assediado com este tipo de pedidos".

68
France Presse. Cambrigde Analytica se declara culpada em caso de uso de dados do Facebook.
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2019/01/09/cambridge-analytica-se-declara-culpada-por-uso-de-dados-do-facebook.ghtml. Acesso em 15 de
janeiro de 2019.

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Blockchain: tecnologia que irá revolucionar a integração de dados distribuídos globalmente será
destaque em 201969

O blockchain ganhou notoriedade devido a popularização do Bitcoin, porém essa tecnologia não serve
apenas como o "livro caixa" virtual para registrar operações envolvendo criptomoedas. O potencial da
tecnologia abrange diversas áreas sem qualquer relação com transações financeiras, e por esse motivo
é a minha aposta para 2019. Mas por que o blockchain é tão importante?
É uma tecnologia que é vista por especialistas como sendo uma das mais revolucionárias para resolver
problemas computacionais que envolvem um grande volume de dados espalhados pelo mundo.
A indústria é um dos segmentos que mais poderão se beneficiar do blockchain, principalmente em
projetos envolvendo a cadeia de distribuição de suprimentos e logística. A saúde, um ramo
completamente distante dos meios de pagamentos digitais, é uma área que poderá atingir um avanço

69
Ronaldo Prass. Blockchain: tecnologia que irá revolucionar a integração de dados distribuídos globalmente será destaque em 2019.
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/blog/ronaldo-prass/post/2018/12/31/blockchain-tecnologia-que-ira-revolucionar-a-integracao-de-dados-distribuidos-
globalmente-sera-destaque-em-2019.ghtml. Acesso em 15 de janeiro de 2019.

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expressivo, devido à versatilidade de confiabilidade do blockchain. Através dessa tecnologia, será
possível desenvolver sistemas seguros para o gerenciamento de prontuários médicos, compartilhamento
de pesquisas e o monitoramento de doenças infecciosas. Já existe um programa que combina o
blockchain com inteligência artificial (IA), para coletar dados de nível molecular, e realizar uma análise
profunda para auxiliar em descobertas médicas.
O Spotify utiliza o blockchain para simplificar o gerenciamento de licenças de direitos autorais
espalhadas globalmente; esse mecanismo favorece diretamente os produtores musicais na monetização
das suas músicas.
As instituições financeiras também estão atentas ao potencial do blockchain, e não necessariamente
para a criação de mais uma moeda virtual, mas como um aprimoramento a segurança dos sistemas
bancários atuais. A utilização do blockchain ainda é pequena, dificilmente será identificada pelos usuários,
mas certamente receberá uma atenção especial devido ao seu enorme potencial.

Mais da metade da população mundial usa internet, aponta ONU70

Até o final de 2018, 51,2% da população mundial estará usando a internet.


Atualmente, cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam a internet em todo o mundo, o que representa mais
da metade da população mundial – informou a Organização das Nações Unidas nesta sexta-feira (07/12).
A agência da ONU para informação e comunicação, a UIT, indicou que, até o final de 2018, 51,2% da
população mundial estará usando a internet, apontou a France Presse.
"Até o final de 2018, teremos ultrapassado a marca de 50% do uso da internet", afirmou o diretor da
ITU, Houlin Zhou, em um comunicado. "Este é um passo importante para uma sociedade global da
informação mais inclusiva", disse ele. "Ainda há muitas pessoas que esperam os benefícios da economia
digitalizada", completou.
Segundo a UIT, os países mais ricos do planeta registraram um crescimento sólido no uso da internet,
que passou de 51,3% de suas populações, em 2005, para atuais 80,9%.

O progresso tem sido proporcionalmente muito mais importante nos países em desenvolvimento, onde
atualmente 45,3% da população usa a internet contra apenas 7,7% em 2005.
Ao mesmo tempo, o relatório indica que quase a totalidade da população mundial vive em áreas com
redes para telefones celulares. Destes, pelo menos 90% podem acessar a internet por meio da tecnologia
3G, ou de redes de banda larga.

Cobertura celular e computadores


A UIT aponta que quase toda a população mundial, ou 96%, vive em áreas com cobertura de rede de
celular. Além disso, 90% da população global pode acessar a internet via 3G ou rede de qualidade
superior.

70
G1. Mais da metade da população mundial usa internet, aponta ONU. https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2018/12/07/mais-da-metade-da-populacao-
mundial-usa-internet-aponta-onu.ghtml. Acesso em 15 de janeiro de 2019.

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A entidade estima ainda que, globalmente, quase 50% de todos os domicílios têm pelo menos um
computador. Nos países em desenvolvimento, essa taxa é de 83,2%, enquanto nos em desenvolvimento
esse percentual cai para 36,3%.

Polícia usa algoritmo que prevê crimes para prender ladrão na Itália71

Tecnologia foi usada para deter um homem de 55 anos que estava prestes a assaltar um bar de um
hotel e pode vir a ser empregada em todo o país para prevenir roubos.
A cidade onde nasceu uma das organizações mafiosas mais perigosas do mundo, a Camorra, também
é o berço de uma tecnologia que está ajudando a modernizar a forma como a polícia italiana combate o
crime.
Um agente policial de Nápoles criou o X-law, um sistema informatizado baseado em um algoritmo que
permite "prever crimes".
Este sistema foi usado para prender um homem de 55 anos em Mestre, uma pequena localidade a
8km de Veneza, quando ele estava prestes a realizar um roubo.
O algoritmo estava sendo usado no norte do país havia apenas alguns dias.
Eram 3h45 da manhã quando o porteiro do bar de um hotel alertou a polícia que havia visto um homem
"grande e corpulento" entrar no edifício após arrombar uma porta de vidro.
Ele se dirigia para o caixa para roubar o dinheiro quando se deu conta de que havia sido descoberto e
tentou fugir, mas foi impedido pela polícia, que já o esperava na saída do local.
Os agentes chegaram tão rápido ali porque já estavam patrulhando a área graças ao X-Law. O
programa tinha informado que havia grandes chances de um crime assim ser cometido naquela região
entre 3h e 4h da madrugada de sexta-feira.
Na delegacia, foi verificado que o homem tinha vários antecedentes por roubos e outros crimes
cometidos no passado.
"Os criminosos costumam atuar sempre na mesma zona, com o mesmo modus operandi e os mesmos
procedimentos. Conhecem o comportamento das pessoas, os horários em que as empresas fecham e
quando os idosos vão ao banco retirar sua aposentadoria", disse o inspetor Elia Lombardo, criador da
tecnologia, ao jornal "La Repubblica".

Como o sistema 'prevê' crimes


Lombardo explicou que trabalhou na elaboração do sistema por 20 anos. As informações sobre crimes
são introduzidas no sistema, que, a cada meia hora, envia um alerta sobre onde é mais provável que
ocorra um delito nas duas horas seguintes.
Esses cálculos matemáticos permitem que a polícia preveja a ocorrência de crimes com mais precisão
e atue de forma mais eficaz.
"Normalmente, uma patrulha de Prato percorre uma área de 125km por dia. Com essa tecnologia,
reduzimos para 23km, gerando uma economia significativa de recursos", disse o inspetor.
O X-law já havia sido testado em Nápoles e nas províncias de Prato e de Veneza. Se continuar a ter
sucesso, será usado em toda a Itália para prevenir roubos.

Tecnologia é usada em outros países


Esta não é a primeira vez que um país usa algoritmos para prevenir crimes.
Em Chicago, a terceira cidade mais populosa dos Estados Unidos (e uma das mais violentas), a polícia
usa desde 2017 um algoritmo que cria um sistema de pontuação, com base nos registros policiais de
prisões, disparos e outras variáveis, para prever quem tem uma maior probabilidade de disparar uma
arma contra outra pessoa ou de ser baleado.
O sistema cria uma lista de suspeitos, e os agentes vigiam aqueles com as pontuações mais elevadas.
A China também está desenvolvendo um software para obter informações sobre possíveis criminosos
e evitar incidentes violentos com base em dados que indicam comportamentos "incomuns" de cidadãos
para estabelecer padrões de criminalidade.

O que é um algoritmo?
Os algoritmos são os códigos necessários para dar ordens a um computador ou máquina para que
algo seja feito. Trata-se de uma lista de passos que devem ser seguidos para resolver um problema. É
crucial que os passos estejam bem definidos e na ordem correta.

71
BBC. Polícia usa algoritmo que prevê crimes para prender ladrão na Itália. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/11/19/policia-usa-algoritmo-que-
preve-crimes-para-prender-ladrao-na-italia.ghtml. Acesso em 20 de novembro de 2018.

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Pense, por exemplo, no que você faria para se vestir pela manhã. O que aconteceria se você colocasse
o casaco antes da camisa? Seria estranho, não?
O mesmo se aplica a esta tecnologia cada vez mais presente em nossa vida cotidiana, de celulares a
páginas na internet, mas com um nível de complexidade muito maior.
Os algoritmos são, portanto, essenciais para que as máquinas e redes façam o que pedimos (ou
interpretem o que desejamos).

Por que em 2019 1 kg não pesará 1 kg72

Além do quilo, outras unidades de medidas básicas, como ampere, kelvin e mol, serão redefinidas.
A partir de 2019, 1 kg deixará de ser o que era.

Mas por quê?


É que o quilo consiste em uma das quatro unidades de medida básicas - juntamente com ampere,
kelvin e mol - que serão redefinidas nesta sexta-feira, em Paris, pela Conferência Geral sobre Pesos e
Medidas (CGPM), no que representa a maior revisão do Sistema Internacional de Unidades (SI) desde a
sua criação em 1960.
O objetivo da mudança é relacionar essas unidades a constantes fundamentais e não arbitrárias, como
tem sido até agora.
Embora as mudanças não afetem nosso dia a dia, elas são de grande importância para pesquisas
científicas que exigem um alto nível de precisão em seus cálculos.

O novo quilograma
O novo sistema, que entrará em vigor em maio de 2019, permitirá que os pesquisadores realizem
várias experiências para relacionar as unidades de medida com as constantes.
Tome, por exemplo, o caso do quilograma.
Atualmente, essa unidade de medida é definida por um objeto: um quilograma é a massa de um cilindro
de 4 centímetros de platina e irídio fabricado em Londres que é guardado pelo Escritório Internacional de
Pesos e Medidas (BIPM) em um cofre na França desde 1889.
Mas esse quilo original perdeu 50 microgramas em 100 anos.
Isso ocorre porque os objetos podem facilmente perder átomos ou absorver moléculas do ar, então
usar um para definir uma unidade SI é complicado.
Como todas as balanças do mundo são graduadas de acordo com esse quilo original, quando calculam
o peso, acabam gerando dados incorretos.
Mesmo imperceptíveis na vida cotidiana, essas diferenças mínimas são importantes em cálculos
científicos que exigem extrema precisão.
A nova unidade, no entanto, será medida com a chamada balança de Kibble (ou de Watt), um
instrumento que permite comparar energia mecânica com eletromagnética usando duas experiências
separadas.

Como o novo sistema funciona


Eletroímãs geram um campo magnético. Eles costumam ser usados em guindastes para levantar e
mover grandes objetos de metal, como carros, em ferros-velhos. A atração do eletroímã, ou seja, a força
que ele exerce, está diretamente relacionada à quantidade de corrente elétrica que passa por suas
bobinas. Existe, portanto, uma relação direta entre eletricidade e peso.
Ou seja, a princípio, os cientistas podem definir um quilograma, ou qualquer outra unidade de peso,
em termos da quantidade de eletricidade necessária para neutralizar sua força.
Há uma grandeza que relaciona peso à corrente elétrica, chamada constante de Planck - em
homenagem ao físico alemão Max Planck, representada pelo símbolo h.
Mas h é um número incrivelmente pequeno e, para medi-lo, o cientista Bryan Kibble criou uma balança
de alta precisão. A balança de Kibble, como ficou conhecida, tem um eletroímã que pende para baixo de
um lado e um peso - digamos, um quilograma - do outro.
A corrente elétrica que passa pelo eletroímã é aumentada até que os dois lados estejam perfeitamente
equilibrados.

72
BBC. Por que em 2019 1kg não pesará 1kg. G1 Ciência e Saúde. https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/11/16/por-que-em-2019-1-kg-nao-pesara-1-
kg.ghtml. Acesso em 19 de novembro de 2018.

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As vantagens
Essa maneira de medir o quilo não muda, tampouco pode ser danificada ou perdida, como pode
acontecer no caso de um objeto físico.
Além disso, uma definição baseada em uma constante - não um objeto - resultaria na medida exata do
quilo, pelo menos em teoria, disponível para qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta e não apenas
para aqueles que têm acesso ao quilo original guardado na França.
Mas alguns cientistas, como Perdi Williams, do Laboratório Nacional de Física do Reino Unido, têm
sentimentos contraditórios sobre a mudança.
"Não estou nesse projeto há muito tempo, mas sinto um apego estranho com o quilograma", diz ele.
"Estou um pouco triste com a mudança, mas é um passo importante, e o novo sistema vai funcionar
muito melhor. É um momento muito emocionante, e mal posso esperar para que aconteça."

Outras unidades
A maneira de definir o ampere (unidade de corrente elétrica) também mudará.
Passará a ser medido com uma bomba de elétrons que gera uma corrente mensurável, na qual os
elétrons individuais podem ser contados.
O kelvin (unidade de temperatura) será definido a partir do novo sistema com termometria acústica.
A técnica permite determinar a velocidade do som em uma esfera cheia de gás a uma temperatura
fixa.
O mol, a unidade usada para medir a quantidade de matéria microscópica, é atualmente definido como
a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas partículas quantos átomos existem em 0,012
kg de carbono-12.
No futuro, será redefinido como a quantidade precisa de átomos em uma esfera perfeita de silício puro
-28.

Sirius: 1ª etapa da maior estrutura científica do País será inaugurada nesta quarta; veja
números73

Evento de entrega das obras civis contará com a presença do presidente da República, Michel Temer.
Laboratório de luz síncrotron de 4ª geração está orçado em R$ 1,8 bilhão.
Maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil, o Sirius, laboratório de luz
síncrotron de 4ª geração, em Campinas (SP), terá a primeira etapa inaugurada nesta quarta-feira (14/11),
em cerimônia com a presença do presidente da República, Michel Temer.
Orçado em R$ 1,8 bilhão, o laboratório que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e
Materiais (CNPEM) está com as obras civis concluídas e nesta quarta (14/11) passará pelo primeiro teste:
uma volta de elétrons em dois dos três aceleradores que compõem o equipamento.
O Sirius deve ser entregue aos pesquisadores no segundo semestre de 2019. A conclusão total da
obra, com 13 linhas operando, é prevista para 2020.
Atualmente há apenas um laboratório da 4ª geração de luz síncrotron operando no mundo: o MAX-IV,
na Suécia. O Sirius foi projetado para ter o maior brilho do mundo entre as fontes com sua faixa de
energia.
Quando o Sirius estiver em atividade - substituindo a atual fonte de luz usada no Laboratório Nacional
de Luz Síncrotron (LNLS) -, estima-se que uma pesquisa que atualmente é feita em 10 horas nos
equipamentos mais avançados do mundo poderá ser concluída em 10 segundos.

Números do Sirius
- 68 mil metros quadrados de área construída
- 1.000km de cabos elétricos
- 6.500m³ de concreto especial de baixíssima retração
- 900 toneladas de aço
- 90cm de espessura de concreto na área dos aceleradores
- 0,1º C é a variação máxima de temperatura na região dos aceleradores
- 518 metros é a circunferência do acelerador principal
- 1.300 imãs
- 1km de câmaras de vácuo
- 8.000 pontos de controle de mais de 4 mil computadores

73
EPTV 2 e G1 Campinas e Região. Sirius: 1ª etapa da maior estrutura científica do país será inaugurada nesta quarta; veja números. G1. Campinas e Região.
https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2018/11/13/sirius-1a-etapa-da-maior-estrutura-cientifica-do-pais-sera-inaugurada-nesta-quarta-veja-numeros.ghtml.
Acesso em 14 de novembro de 2018.

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'Raio X superpotente'
A luz síncrotron atua como um "raio X superpotente", capaz de analisar a estrutura de diversos tipos
de materiais em escalas de átomos e moléculas. Atualmente, os pesquisadores que utilizam o LNLS, em
funcionamento há 30 anos, contam com um equipamento de 2ª geração.
Enquanto no LNLS o raio X consegue penetrar 1 mm em um material como o ferro, no Sirius essa
penetração pode chegar a dois centímetros.
Essas qualidade da luz do novo acelerador permitirá aos pesquisadores desenvolverem tecnologias
em áreas consideradas estratégicas no CNPEM.
Na área de saúde, uma delas é o estudo do cérebro humano, o que permitirá desenvolver tratamentos
e medicamentos para doenças como Alzheimer, Parkinson e outras doenças degenerativas. Também
poderá melhorar o diagnóstico por imagens, a eficácia de medicamentos e decifrar estruturas virais para
desenvolvimento de vacinas.
Na área de energia, um dos pontos altos deverá ser o desenvolvimento de baterias com maior duração,
menor custo, menores e mais seguras. Isso permitirá uma revolução na área energética, com o
aproveitamento de diferentes fontes de geração de energia. Também poderá auxiliar no melhor
aproveitamento de biomassas para geração de energia.
Na agricultura, o grande desafio será descobrir com exatidão o funcionamento do solo, os mecanismos
de absorção das plantas e melhor aproveitamento de insumos e de controle de pragas. Isso será essencial
para aumentar a oferta de alimentos e garantir segurança alimentar para a população mundial.
Na exploração de óleo e gás, o estudo de rochas e do movimento e absorção do petróleo pode baratear
os custos e aumentar a produção em áreas como o pré-sal.

Facebook bane 68 páginas e 43 contas de grupo que divulgava spam político no Brasil74

Grupo controlava páginas como ‘Folha Política’ e outras que, segundo Facebook, usavam conteúdo
‘sensacionalista político’ para direcionar tráfego para fora da rede.
O Facebook anunciou nesta segunda-feira (22/10) que baniu 68 páginas e 43 contas associadas ao
grupo brasileiro Raposo Fernandes Associados (RFA) por “violação de políticas de autenticidade e de
spam”.
Segundo o Facebook, as páginas em questão usavam “conteúdo sensacionalista político” a fim de
construir audiência e direcionar usuários do Facebook para sites fora da rede, que disponibilizam
anúncios.
O G1 apurou que uma das páginas excluídas pelo Facebook é "Apoio a Jair Bolsonaro".
“Embora a atividade de spam esteja comumente associada à oferta fraudulenta de produtos ou
serviços, temos visto spammers usando cada vez mais conteúdo sensacionalista político – em todos os
espectros ideológicos – para construir uma audiência e direcionar tráfego para seus sites fora do
Facebook, ganhando dinheiro cada vez que uma pessoa visita esses sites. E isso é exatamente o que as
Páginas e as contas que removemos hoje estavam fazendo”, afirmou a rede social em nota.
A empresa afirmou ainda que esse grupo utilizava contas falsas e múltiplas contas com o mesmo nome
para publicar grande quantidade de artigos chamativos, com esse objetivo de redirecionar os usuários da
rede social para outros sites. Esses sites têm, segundo a nota da empresa, “grande quantidade de
anúncios programáticos e pouco conteúdo, funcionando como ‘fazendas de anúncios’”.
“Remover comportamentos que violem os nossos Padrões da Comunidade é um trabalho contínuo, e
estamos atuando arduamente para garantir a integridade da plataforma, com especial atenção em
períodos eleitorais”, disse o Facebook.
O G1 tentou contato com a RFA, mas não conseguiu falar com representantes do grupo.

Morre Stephen Hawking, o físico britânico que revolucionou a Ciência e nossa maneira de
entender o Universo75

O físico britânico Stephen Hawking morreu nesta quarta-feira (14/03), aos 76 anos, segundo informou
sua família.
Com sua morte, desaparece um dos cientistas mais conhecidos do mundo e também um dos
divulgadores da ciência mais populares das últimas décadas.

74
G1. Facebook bane 68 páginas e 43 contas de grupo que divulga spam político no Brasil. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/10/22/facebook-
bane-68-paginas-e-43-contas-de-grupo-que-divulgava-spam-politico-no-brasil.ghtml. Acesso em 23 de outubro de 2018.
75
BBC. Morre Stephen Hawking, o físico britânico que revolucionou a Ciência e nossa maneira de entender o Universo. BBC Brasil. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/internacional-43397267?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 14 de março de 2018.

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"Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai hoje", disseram seus filhos Lucy, Robert e
Tim.
"Era um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado viverão por muitos anos",
afirmaram em um comunicado.
Nascido em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, no Reino Unido, Hawking era considerado um dos
cientistas mais influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas decisivas contribuições para
o progresso da ciência, como também por sua constante preocupação em aproximar a ciência do público
e por sua coragem de enfrentar a doença degenerativa de que sofria e que o deixou em uma cadeira de
rodas e sem capacidade para falar de maneira natural.
Hawking usava um sintetizador eletrônico para poder falar, mas a voz robótica produzida pelo aparelho
para expressar suas ideias acabou se tornando não só uma de suas marcas registradas como foi
constantemente ouvida e respeitada no mundo todo.
Para produzir sua "fala", o físico usava formava as palavras em uma tela com o movimentos dos olhos,
também usado para movimentar sua cadeira de rodas.

Suas teorias
Hawking havia demonstrado que a paixão à qual dedicou toda sua vida, estudar as leis que governam
o universo, também poderia ser atraente para o grande público.
Ele conseguiu que sua deficiência se convertesse em uma das chaves de sua obra científica. Quando
perdeu a mobilidade dos braços, se empenhou em ser capaz de resolver os cálculos científicos mais
complexos somente com a mente, sem anotar equações.
Logo começou a propor teses revolucionárias que questionavam os cânones estabelecidos.
Uma de suas afirmações mais ousadas foi a de considerar que a Teoria Geral da Relatividade
formulada por Einstein implicava que o espaço e o tempo tivessem um princípio no Big Bang e um fim
nos buracos negros.
Em 1976, seguindo os enunciados da física quântica, Hawking concluiu em sua "Teoria da Radiação"
que os buracos negros - as regiões no espaço com tamanha força de gravidade que nem a luz pode
escapar delas - eram capazes de emitir energia e perder matéria.
Em 2004 revisou sua própria teoria e chegou à conclusão de que os buracos negros não absorvem
tudo.
"O buraco negro só aparece em uma silhueta e depois se abre e revela informações sobre tudo o que
havia caído dentro dele. Isso nos permite verificarmos o passado e prever o futuro", disse o cientista.

Ainda mais breve...


Hawking teve um papel fundamental na difusão da Astronomia em termos fáceis de compreender para
o público geral.
Consciente de que seu livro havia vendido muito, mas lido inteiro por poucos, devido à sua
complexidade, Hawking publicou uma versão mais curta e de leitura mais fácil da já "Breve História do
Tempo".
O físico tentou por todos os meios que as pessoas comuns se aproximassem dos mistérios do
universo, e em busca desse objetivo não duvidou em recorrer ao humor.
Em uma aparição que ficou famosa no desenho de televisão "Os Simpsons", o cientista advertia Homer
de que roubaria sua ideia de que o universo tem forma de rosca.
Outra mostra de sua relação com a ironia está presente em sua própria página na internet, com piadas
contadas por ele mesmo.
"Quando tive que dar uma conferência no Japão, me pediram que não fizesse menção ao possível
colapso do universo, porque isso poderia afetar as bolsas de valores", escreveu.
"Porém, posso assegurar a qualquer um que esteja preocupado com seus investimentos de que é um
pouco cedo para vender. Ainda que o Universo acabe, isso não deve ocorrer dentro de ao menos 20
bilhões de anos", concluiu.

Questões

01. (Câmara Municipal de São José dos Campos – Programador – FIP) As empresas internacionais
de segurança operam hoje um dos mais importantes e inovadores programas dos EUA de combate ao
terrorismo. Esse programa prevê o uso de drones para eliminar as lideranças da Al-Qaeda na fronteira
entre Paquistão e Afeganistão. Ao falar em drones, estamos nos referindo:
(A) a tanques de guerra, com modelos semelhantes aos Urutus, comandados a distância.
(B) a submarinos sem tripulação e com comando por sistema operacional informatizado.

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(C) a sistemas avançados de operação de guerra.
(D) ao que há de mais moderno em aeronaves não tripuladas de finalidade estratégica militar.
(E) aos também chamados de monomotores, que servem para várias tarefas de segurança
internacional.

02. (SETRABES - Administrador - UERR - 2018) No dia 14 de março de 2018 faleceu Stephen
Hawking, causa do falecimento: doença de Lou Gebring. “Revolucionário da física, exemplo de resiliência,
ícone pop, Stephen Hawking, com suas teorias, moldou a forma como vemos o universo, e comoveu o
mundo em sua morte. O maior mérito deste físico foi saber formular as perguntas certas acerca de
mistérios do universo, em especial sobre os enigmáticos buracos negros. Como teórico, ele elaborava as
respostas sem se preocupar em prova-las por meio de experimentos”.
(Revista Veja, edição 2574 de 21 de março de 2018, p. 62).

De acordo com a reportagem publicada e com a análise de Stephen Hawking em relação aos mistérios
do universo, assinale a alternativa incorreta.
(A) Para Stephen Hawking, um buraco negro ao sugar tudo ao redor, até mesmo a luz, este criaria em
seu interior uma singularidade, ou seja, um ponto ínfimo de densidade infinita.
(B) Um buraco negro não é eterno, uma partícula sugada teria massa negativa e, por isso, acabaria por
contribuir para a diminuição de um buraco negro até sua iminente extinção por meio de uma explosão
equivalente à de 1 milhão de bombas nucleares.
(C) Para o físico em relação à origem do universo, um cosmo em constante expansão, iniciada a partir
de um Big Bang, excluiria totalmente a possibilidade de um criador (um Deus) e a partir desta afirmação
sua teoria sempre defendeu a não existência de um criador e sim de que a origem do universo se deu
pela existência de buracos negros.
(D) Em 1974, Stephen Hawking propôs o seguinte: segundo a física quântica, toda partícula tem como
par uma antipartícula; quando a matéria fosse sugada pelo buraco negro, uma dessas partículas seria
puxada, enquanto a outra voaria livre para fora. Foi dado a esse material liberto o nome de radiação de
Hawking.
(E) Stephen Hawking mesclou a física tradicional com a quântica em seu trabalho, na tentativa de criar
uma teoria única que unisse as duas, a “teoria de tudo”, um objetivo ainda não alcançado, mas muito
perseguido pelos pesquisadores.

03. (TRT - 7ª Região – CESPE) Um dos efeitos adversos da popularização da Internet e das redes
sociais virtuais é a superexposição da vida pessoal de usuários, a qual pode levar a situações de
constrangimento e de risco à segurança individual. Com isso, tem-se tornado cada dia mais premente
a necessidade de se criarem estratégias pessoais e ferramentas jurídicas que garantam o
(A) acesso irrestrito às ferramentas digitais.
(B) direito à intimidade e à vida privada.
(C) exercício pleno da liberdade de expressão.
(D) anonimato de todos os usuários.

Gabarito

01.D / 02.C / 03.B

Comentários

01. Resposta: D
Drone é uma palavra inglesa que significa “zangão”, na tradução literal para a língua portuguesa. No
entanto, este termo ficou mundialmente popular para designar todo e qualquer tipo de aeronave que não
seja tripulada, mas comandada por seres humanos a distância76. Atualmente o uso de drones atinge
finalidades de segurança, logística, estudos e militares, tendo uma enorme área para exploração.

02. Resposta: C
Segundo Hawking, foi o próprio Big Bang que criou a estrutura que Einstein batizou de continuum
espaço-tempo, uma espécie de malha estrutural da realidade onde essas duas dimensões se emaranham
como uma coisa só, distorcidas pela matéria e energia espalhadas pelo Universo.
(https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2018/03/stephen-hawking-explica-o-que-existia-antes-do-big-bang.html).

76
https://www.significados.com.br/drone/

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03. Resposta: B
O exemplo para esse caso foi o vazamento das fotos da atriz Carolina Dieckman: o Projeto de Lei que
resultou na “Lei Carolina Dieckmann” foi proposto em referência e diante de situação específica
experimentada pela atriz, em maio de 2012, que supostamente teve copiadas de seu computador pessoal,
36 (trinta e seis) fotos em situação íntima e conversas, que acabaram divulgadas na Internet sem
autorização77.

A Lei Carolina Dieckmann foi como ficou conhecida a Lei Brasileira 12.737/2012, tipificando os
chamados delitos ou crimes informáticos.
Os delitos previstos na Lei Carolina Dieckmann são:
1) Art. 154-A - Invasão de dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores,
mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados
ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades
para obter vantagem ilícita. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
2) Art. 266 - Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de
informação de utilidade pública - Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
3) Art. 298 - Falsificação de documento particular/cartão - Pena - reclusão, de um a cinco anos e multa.

Energia
saúde
Bolsonaro assina decreto que acaba com o horário de verão78

Adiantamento no relógio foi instituído pela primeira vez pelo ex-presidente Getúlio Vargas. Segundo
Bolsonaro, fim do período vai aumentar produtividade do trabalhador.
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta quinta-feira (25/02) o decreto que revoga o horário de verão.
A assinatura ocorreu durante cerimônia no Palácio do Planalto. Segundo o presidente, a medida segue
estudos que analisaram a economia de energia no período e como o relógio biológico da população é
afetado.
Bolsonaro já havia anunciado no início do mês, em uma rede social, a decisão de acabar com o horário
de verão neste ano. Neste período do ano, que costumava durar entre outubro e fevereiro, parte dos
estados brasileiros adiantava o relógio em uma hora.
Na cerimônia desta quarta-feira para anunciar o decreto, o presidente informou que a área técnica do
Ministério de Minas e Energia apresentou estudos sobre a economia de energia gerada pelo horário de
verão. Segundo Bolsonaro, “gente da área de saúde” também foi procurada para apontar como o horário
afeta o relógio biológico das pessoas.
“As conclusões foram coincidentes: questão de economia, o horário de pico era mais pra 15h, então
não tinha mais a razão de ser [da permanência do horário], não economizava mais energia; e na área de
saúde, mesmo sendo uma hora apenas, mexia com o relógio biológico das pessoas”, disse.
"Justo anseio da população brasileira [o fim do horário de verão]. Eu concordo que eu sempre reclamei
do horário de verão. E tive a oportunidade, agora, atendendo às pesquisas que fizemos, também, que
mais de 70% da população era favorável ao fim do horário de verão", afirmou Bolsonaro.
Para o presidente, se não se alterar o "relógio biológico, com toda certeza, a produtividade do
trabalhador aumentará".
No início do mês, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, informou que o
Ministério de Minas e Energia fez uma pesquisa segundo a qual 53% dos entrevistados pediram o fim do
horário de verão.
De acordo com a pasta, por outro lado, o Brasil economizou pelo menos R$ 1,4 bilhão desde 2010 por
adotar o horário de verão.

Decreto
Bolsonaro falou, ainda, sobre o fato de a decisão ter sido tomada por meio de um decreto presidencial,
sem necessidade de aprovação do Parlamento.
Ele destacou a ”dificuldade de um parlamentar aprovar uma lei”, o que considera ser “muito difícil,
quase como ganhar na Mega Sena”.

77
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/historia-atualidades/atualidades-do-ano-de-2017
78
Laís Lis. Guilherme Mazui. Bolsonaro assina decreto que acaba com o horário de verão. G1. https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/04/25/bolsonaro-assina-
decreto-que-acaba-com-o-horario-de-verao.ghtml. Acesso em 25 de abril de 2019

103
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"Muitas vezes, um decreto tem um poder enorme, como este assinado aqui, agora. A todos os
senhores [parlamentares], os demais que estão nos ouvindo, o governo está aberto. Quem tiver qualquer
contribuição para dar via decreto, via novo decreto ou via alteração de decreto, nós estamos à disposição
dos senhores”, completou.

Horário de verão
No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932, pelo então
Presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estreia durou quase seis meses, vigorando de 3 de outubro de
1931 a 31 de março de 1932.
No verão seguinte, a medida foi novamente adotada, mas, depois, começou a ser em períodos não
consecutivos. Primeiro, entre 1949 e 1953, depois, de 1963 a 1968, voltando em 1985 até agora.
O período de vigência do horário de verão é variável, mas, em média, dura 120 dias. Em 2008, o
horário de verão passou a ter caráter permanente.
No mundo, o horário diferenciado é adotado em 70 países - atingindo cerca de um quarto da população
mundial.
O horário de verão é adotado em países como Canadá, Austrália, Groelândia, México, Nova Zelândia,
Chile, Paraguai e Uruguai. Rússia, China e Japão, por exemplo, não implementam esta medida

Vento alcança segundo lugar na matriz elétrica do Brasil79

O crescimento vertiginoso da energia eólica no Brasil foi responsável pela quebra de um recorde
importante no mês passado. A força do vento ultrapassou em capacidade instalada a hidrelétrica de Itaipu,
alcançando a vice-liderança no ranking da matriz elétrica do país, atrás apenas da hidroeletricidade. A
informação obtida em primeira mão pelo blog leva em conta os dados apurados pela Associação Brasileira
de Energia Eólica (ABBEólica) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em números, apesar da eólica ser uma fonte intermitente de energia (a geração oscila de acordo com
a dinâmica dos ventos) os mais de 7 mil aerogeradores espalhados pelo país em 601 parques eólicos
somaram em abril 15 GW de capacidade instalada, superando os 14 GW da Itaipu, a segunda maior
hidrelétrica do mundo, atrás apenas de Três Gargantas, na China (18 GW).
Para ilustrar a nova posição do vento na matriz elétrica do Brasil, a Associação Brasileira de Energia
Eólica produziu o gráfico abaixo onde se vê a contribuição de cada fonte de energia separada por fonte
primária, ou seja, de acordo com o recurso utilizado para a geração. Normalmente esse cálculo da matriz
elétrica reúne em um só grupo todas as diferentes fontes de combustível fóssil (petróleo, carvão mineral
e gás natural). Quando se dividem essas fontes, a energia eólica se destaca.
A hidroeletricidade lidera o ranking com 63,9% do total (104,5 GW), seguido do vento com 15,1 GW
(9,2%), biomassa com 14,8% (9 GW), gás natural com 13,4 GW (8,1%), petróleo com 9,9 GW (5,4%),
carvão mineral com 3,3 GW (2%), solar com 2,1 GW (1,3%) e nuclear com 2 GW (1,2%).

79
André Trigueiro. Vento alcança segundo lugar na matriz elétrica do Brasil. G1. https://g1.globo.com/natureza/blog/andre-trigueiro/noticia/2019/04/11/vento-alcanca-
segundo-lugar-na-matriz-eletrica-do-brasil.ghtml. Acesso em 11 de abril de 2019.

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“Se considerarmos que a energia eólica tinha cerca de 1 GW instalado em 2011, é um feito realmente
impressionante chegarmos a ocupar este lugar de destaque na matriz elétrica”, disse Elbia Gannoum,
presidente executiva da ABEEólica.
Uma caprichosa combinação de ventos regulares com um modelo inovador de contratação de projetos
por leilão (quando o governo prioriza os preços mais baixos pela maior oferta de energia) explica o
sucesso da energia eólica no Brasil.
Além disso, a exuberância dos ventos na região Nordeste (que concentra 86% de toda a energia eólica
produzida no país) turbina os investimentos no setor. O blog já ouviu de diferentes investidores
estrangeiros a mesma explicação sobre o diferencial do litoral nordestino quando o assunto é energia
eólica: “É o melhor vento do mundo!”. A diferença está no chamado fator de capacidade, que é o
percentual médio de produção efetiva obtido pela conversão do vento em energia. Enquanto no mundo o
fato de capacidade está em 25%, no Brasil esse índice chegou no ano passado a 42%. No Nordeste, em
plena safra de vento que vai de junho a novembro, o fator de capacidade chega a ultrapassar os 80%.
Isso explica a predominância dos parques eólicos na região.

Por vezes, a energia eólica produzida no Nordeste é suficiente para abastecer toda a região sozinha,
ou até mesmo gerar excedente, que é exportado para a rede. Foi o que aconteceu no último dia 13 de
novembro, um domingo, às 9:11h da manhã. Naquele momento os ventos nordestinos geraram 8.920
MW, superando a demanda de energia naquele momento de todos os 9 estados da região (104% da
demanda). Além do recorde instantâneo, registrou-se naquela data o pleno abastecimento de energia de
todo o Nordeste (pelo período de duas horas) apenas com os parques eólicos.
Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o vento respondeu no
ano passado por 8,6% de toda a geração de energia do país injetada no Sistema Interligado Nacional,
um crescimento de 14,6% em relação ao ano anterior. Em termos de equivalência, essa energia seria
suficiente para abastecer 25,5 milhões de residências ou 80 milhões de pessoas. A expansão do setor -
garantida pelos contratos já assinados em leilões anteriores - projeta um cenário de 19,7 GW de
capacidade instalada para 2023, superando a hidrelétrica de Três Gargantas, na China, a maior do
mundo.
Note-se que o Brasil ainda nem se aventurou na exploração da energia eólica no mar, onde o fator de
capacidade é muito superior ao que se obtém em terra firme. Os investimentos em parques eólicos
offshore se multiplicam rapidamente pelos mares do mundo com a liderança da Grã-Bretanha, seguida
da Alemanha, China, Dinamarca e Holanda. O Brasil ainda não regulou esse mercado promissor, com

105
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gigantesco potencial de investimentos produção em energia limpa e renovável. Quando isso acontecer,
os gringos provavelmente terão uma nova definição para o “melhor vento do mundo”.

Para baixar custo de energia, Paulo Guedes quer mudança radical na exploração de gás80

A promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de reduzir em até 50% o custo da energia para
promover a "reindustrialização" do país tem como pressuposto uma mudança radical no modelo de
exploração do gás natural.
A Petrobras tem o monopólio na exploração e também é proprietária da rede de dutos. Nessa cadeia
também entram as distribuidoras estatuais, que levam o insumo até o consumidor final.
A discussão da mudança no modelo já está avançada. Envolve os ministérios de Minas e Energia e da
Economia, a Petrobras e entidades do setor privado. Até mesmo um projeto de lei que propõe a alteração
das regras do setor e que estava paralisado na Câmara foi desengavetado.
O modelo se completa com a expansão da produção de gás projetada para os próximos anos, com o
avanço da exploração das reservas de petróleo do pré-sal. Nos últimos 20 anos, as reservas totais de
gás do país saltaram 62%, segundo a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e
de Consumidores Livres (Abrace).
A associação calcula que uma redução dos preços do gás pode significar um acréscimo de R$ 159
bilhões ao PIB até 2025. Atualmente, o Brasil paga quase três vezes mais pelo insumo do que países
como Estados Unidos.
A reivindicação da indústria é antiga, mas o cenário agora parece mais favorável. Dois entraves que
historicamente barravam as mudanças regulatórias no setor começam a ser resolvidos.
O primeiro era a própria Petrobras, que detém o monopólio do segmento e não estava disposta a
perdê-lo. Endividada, a estatal está focada atualmente em fazer desinvestimentos e já começou, inclusive,
a negociar parte da rede de gasodutos.
O segundo eram os governos dos estados que, por meio das concessionárias estaduais, ainda
dominam a distribuição do gás canalizado. Igualmente endividados e com o "pires na mão", os
governadores estão mais dispostos a negociar com a União.
O caminho para o corte nos preços será via Congresso. A meta é recolocar em votação um projeto
antigo – o PL 6407, de 2013, batizado de Lei do Gás. O texto foi desarquivado no fim de fevereiro e deve
voltar a ser debatido na Comissão de Minas e Energia da Câmara.
Coautor do projeto original, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) diz que quer fazer o texto
avançar:
"Nós precisamos, no meu entendimento, de uma abertura de mercado e mudança semelhante do que
ocorreu no passado com o setor da eletricidade. A geração, transmissão e distribuição de energia estava
na mão de um só. E aí o preço ficava impossível de ter concorrência. É preciso repensar a legislação de
gás no Brasil, dando maior abertura e possibilidade de concorrência. Com isso, vamos ter mais
investimento e preços menores", declarou.

O que são os 'sóis em miniatura' que geram energia limpa e barata81

A fusão nuclear está finalmente pronta para cumprir sua promessa de gerar energia abundante para
todos?
Estamos a apenas cinco anos de aproveitar o poder quase ilimitado dos "sóis em miniatura" por meio
de reatores de fusão nuclear que poderiam fornecer energia abundante, barata e limpa, dizem algumas
empresas de tecnologia.
Em meio ao aquecimento global causado por nossa dependência de combustíveis fósseis, há uma
necessidade urgente de encontrar fontes alternativas e sustentáveis de energia.
Se não o fizermos, o futuro parece ser sombrio para milhões de pessoas, com a escassez de água e
de alimentos levando à fome e à guerra.
A fusão nuclear tem sido anunciada como uma possível resposta para nossas preces. Mas sempre foi
algo que seria viável "em 30 anos", segundo uma piada comum nesta indústria.
Agora, várias start-ups, como são chamadas empresas iniciantes do ramo tecnológico, estão dizendo
que podem tornar a fusão nuclear uma realidade comercial muito antes disso.

80
João Borges. Lima, P. Bianca. Nathalia Toledo. Para baixar custo de energia, Paulo Guedes quer mudança radical na exploração de gás.
https://g1.globo.com/economia/blog/joao-borges/post/2019/03/15/para-baixar-custo-de-energia-paulo-guedes-quer-mudanca-radical-na-exploracao-de-gas.ghtml.
Acesso em 15 de março de 2019.
81
BBC. O que são os ‘sóis em miniatura’ que geram energia limpa e barata. G1. https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/12/27/o-que-sao-os-sois-em-
miniatura-que-geram-energia-limpa-e-barata.ghtml. Acesso em 16 de janeiro de 2019.

106
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
O que é a fusão nuclear?
Este método envolve a fusão de núcleos atômicos para liberar grandes quantidades de energia, algo
que tem o potencial de solucionar nossa crise. É a mesma fonte da energia do Sol, e é um processo limpo
- ou seja, não emite poluentes - e relativamente seguro.
Mas forçar a fusão destes núcleos - deutério e trítio, dois isótopos de hidrogênio - sob imensa pressão
exige quantidades enormes de energia, mais do que conseguimos gerar até agora.
Alcançar o ponto de "ganho de energia", em que geramos mais energia do que gastamos neste
processo, tem sido algo elusivo. Não mais, dizem as start-ups de fusão nuclear.
"Estamos no ponto de virada", diz Christofer Mowry, presidente da General Fusion, empresa
canadense que pretende demonstrar que a fusão nuclear é viável em escala comercial nos próximos
cinco anos.
"A maturação da ciência por trás dela, combinada com o surgimento de tecnologias do século 21, como
a impressão 3D e os supercondutores de alta temperatura, fazem com que a fusão nuclear não esteja
mais 'a 30 anos de distância'."
A ciência envolvida foi comprovada, diz Wade Allison, professor de Física do Keble College, em Oxford,
na Inglaterra. O desafio para tornar a ideia uma realidade é mais de ordem prática.
"Não podemos ter certeza do prazo para isso, mas a ciência básica está resolvida, e os problemas são
técnicos, relacionados aos materiais", diz Allison.

Por que isso é tão difícil?


Um grande desafio é como construir uma estrutura forte o suficiente para conter o plasma - a sopa
nuclear de altíssima temperatura na qual ocorrem as reações de fusão - sob as enormes pressões
necessárias.
"Os sistemas de exaustão terão de suportar níveis de calor semelhantes aos experimentados por uma
nave espacial reentrando na atmosfera", diz Ian Chapman, diretor-executivo da Autoridade de Energia
Atômica do Reino Unido (UKAEA, na sigla em inglês).
Sistemas de manutenção robóticos também serão necessários, bem como de geração, recuperação e
armazenamento de combustível.
"A UKAEA está investigando essas questões e construindo novas instalações de pesquisa no Centro
de Ciência Culham, perto de Oxford, para trabalhar com a indústria no desenvolvimento de soluções", diz
Chapman.

Então, o que mudou?


Algumas empresas privadas dizem que estão superando esses desafios práticos por meio do uso de
novos materiais e tecnologias.
A Tokamak Energy, sediada na Inglaterra, está trabalhando em versões esféricas de reatores
experimentais de fusão nuclear (conhecidos como tokamaks), que usam supercondutores de alta
temperatura (HTS) para conter o plasma em um campo magnético muito forte.
"Alta temperatura" no contexto deste ramo da física significa um frio muito intenso, de -70º C ou menos.
"Eles foram os mais bem-sucedidos até hoje", diz Jonathan Carling, diretor-executivo da empresa.
"Um tokamak esférico tem um formato muito mais eficiente, e podemos melhorar drasticamente o quão
compactos eles são e sua eficiência. E por ser menor, ele é mais flexível, e seu custo de construção
também é menor", diz ele.
A empresa construiu três tokamaks até agora, com o terceiro, o ST40, feito em aço inoxidável de 30
mm e com ímãs HTS. Em junho, atingiu temperaturas de plasma de mais de 15 milhões de graus Celsius
- mais quente do que o núcleo do Sol.
A empresa espera atingir 100 milhões de graus Celsius, uma façanha que cientistas chineses afirmam
ter realizado neste mês.
"Esperamos chegar ao ponto de 'ganho de energia' até 2022 e passar a fornecer energia
comercialmente até 2030", diz Carling.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) está trabalhando
com a empresa americana Commonwealth Fusion Systems (CFS) para desenvolver o Sparc, um tokamak
em forma de anel dotado de campos magnéticos capazes de manter o plasma quente em seu lugar.
Financiada em parte pelo fundo de investimentos Breakthrough Energy Ventures, liderado por Bill
Gates, Jeff Bezos, Michael Bloomberg e outros bilionários, a equipe espera desenvolver reatores de fusão
nuclear pequenos o suficiente para serem construídos em fábricas e enviados para montagem no local
em que será usado.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Projeto com 35 países
Esses empreendimentos privados estão concorrendo com o Reator Termonuclear Experimental
Internacional (Iter, na sigla em inglês), o principal projeto global de fusão nuclear, que envolve 35 países.
O Iter, que significa "o caminho" em latim, é a maior instalação de fusão nuclear experimental do
mundo, mas não deve começar a operar até 2025, e qualquer aplicação comercial terá de percorrer um
longo caminho depois disso.
"Diferentes membros do Iter têm diferentes níveis de urgência para usar a fusão como parte de um
futuro de energia limpa", disse um porta-voz da iniciativa à BBC News.
"Alguns esperam ter um fornecimento de eletricidade gerada por fusão antes de 2050. Para outros,
será algo apenas para a segunda metade deste século."
Os novatos destes mercado acreditam que podem fazer melhor. "Com a nova tecnologia de ímã HTS,
um dispositivo de fusão com 'ganho de energia' pode ser muito, muito menor", diz Martin Greenwald, vice-
diretor do centro de ciência e fusão de plasma do MIT.
Um tamanho menor significa custos mais baixos, abrindo o campo da fusão nuclear para "organizações
menores e mais ágeis", diz Greenwald.
Mas todos os envolvidos parecem concordar que o trabalho do Iter, de Culham e do setor privado é
complementar.
"No fim, todos nós compartilhamos o mesmo sonho de ter eletricidade gerada com fusão como parte
essencial de um futuro de energia limpa", diz o porta-voz do Iter.

As impressionantes fazendas solares da China que estão transformando a geração de energia


mundial82

A China não é apenas o berço de algumas das maiores fazendas solares do mundo; sua tecnologia
parece destinada a influenciar as políticas globais. Mas quão viáveis são essas grandes usinas?
Ao sobrevoar o condado de Datong, é possível avistar pandas gigantes. Um até acena. Eles são feitos
de milhares de painéis solares.
Juntos, e somados a outros painéis, eles formam uma fazenda de cem megawatts cobrindo 248 acres.
Na verdade, é um parque solar até pequeno para os padrões chineses - mas certamente é patriótico.
"Ele está projetado e construído como a imagem do tesouro nacional chinês - o panda gigante", explica
um documento da Energia Verde Panda, empresa que ergueu a fazenda.
A China tem uma capacidade de geração de energia solar como nenhum país no mundo, uma
gigantesca soma de 130 gigawatts. Com todos os investimentos que o Brasil vem fazendo no setor, o
país ainda não tem capacidade para produzir nem 2 gigawatts (menos de 1% do total).
A China abriga muitas fazendas solares gigantes - incluindo a enorme unidade de Longyanxia, que
produz 850 megawatts, no Planalto do Tibete; e a maior fazenda solar do mundo, no deserto de Tengger,
com capacidade para produzir 1.500 megawatts.

Mercado gigante
Esses projetos custaram milhões de dólares - mas será que valeram a pena? E serão suficientes para
garantir as metas de energia verde?
A China é o maior produtor de tecnologia solar do mundo, ressalta Yvonne Liu na Bloomberg New
Energy Finance, uma empresa de pesquisa de mercado. "O mercado é muito grande", ela afirma. "É como
um política industrial para o governo."
De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), mais de 60% dos painéis
solares são fabricados na China. O governo tem um interesse econômico claro, portanto, em garantir que
haja grande demanda para esses equipamentos.
Além disso, ao aumentar os recursos de energias renováveis, as autoridades estão se dando um
tapinha nas costas. Limpar a matriz energética chinesa é um objetivo fundamental de política pública.
Quase dois terços da eletricidade do país ainda vêm da queima de carvão.
Não é de se espantar que as vastas e ensolaradas planícies do norte e noroeste da China tenham se
tornado lar de fazendas solares gigantes. Há muito espaço para erguê-las, e o recurso solar é
relativamente confiável. Além disso, sua construção vem avançando em ritmo alucinante. A IEA informa
que a China cumprirá sua meta de capacidade de energia solar em 2020, três anos antes do previsto.
Deve haver outro incentivo por trás do impulso chinês de construir fazendas solares em regiões
politicamente sensíveis. Nas últimas décadas, muitos observaram que a China tem encorajado o

82
BBC. As impressionantes fazendas solares da China que estão transformando a geração de energia mundial. G1 Mundo.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/10/14/as-impressionantes-fazendas-solares-da-china-que-estao-transformando-a-geracao-de-energia-mundial.ghtml.
Acesso em 15 de outubro de 2018.

108
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
investimento em infraestrutura no entorno do Tibete - uma região autônoma que abriga muitos daqueles
que rejeitam a reivindicação chinesa do território. Alguns argumentam que tal investimento tem motivação
política - um esforço de cimentar a autoridade da China e apoiar a etnia chinesa que se mudou para essas
áreas.
Um empreendimento extraordinário usa painéis solares para aquecer uma rede subterrânea projetada
para derreter a camada de gelo da permafrost, para que árvores cresçam na área. A ideia é tornar a
região mais atraente para o estabelecimento de colonos chineses.

Geografia desfavorável
Mas a construção de fazendas solares gigantes no meio do nada tem suas desvantagens. Para
entender o motivo, precisamos novamente olhar para China de cima. Em 1935, o geógrafo Hu Huanyong
desenhou o que hoje é conhecido como o famoso "Hu Line", do nordeste ao centro-sul da China. Ele
divide o país em duas porções mais ou menos iguais. Menos igual é a distribuição da população. A grande
maioria, ou 94%, vive na porção leste. O restante, 6%, no oeste.
"A distribuição da China de recursos de energia solar é totalmente oposta", afirma Yuan Xu, da
Universidade Chinesa de Hong Kong.
Muitos dos painéis solares do país, portanto, estão localizados longe das grandes cidades que
precisam deles. O resultado disso é um incrivelmente baixo "fator de capacidade" - a porcentagem de
eletricidade que realmente é retirada de um determinado recurso.
Citando dados do Conselho de Eletricidade da China, nos primeiros seis meses de 2018, o fator de
capacidade solar do equipamento chinês foi de apenas 14,7%, diz Xu. Então, enquanto as fazendas
solares podem ter a capacidade, digamos, de 200 megawatts, menos de um sexto disso realmente é
usado.
As razões para o baixo fator de capacidade incluem fatores sobre os quais não há controle, como o
clima. Mas os fatores de capacidade da China são excepcionalmente baixos. Parte do problema, diz Xu,
é a energia perdida ao longo das gigantes linhas de transmissão, com muitos quilômetros de extensão,
que conectam as distantes fazendas solares a locais que precisam de eletricidade. É uma situação que
Xu classifica como "um sério desequilíbrio".

Investimento em tecnologia
A China já tentou resolver o problema desenvolvendo linhas de transmissão com tecnologias mais
avançadas, explica Jeffrey Ball, do Centro de Políticas Energéticas e Finanças da Universidade Stanford.
As inovações incluem linhas diretas de alta capacidade - mas essas não estão sendo construídas na
velocidade esperada.
E há outra complicação que atualmente está se tornando preocupante para a indústria solar chinesa.
Em maio, o governo reduziu drasticamente os subsídios para projetos de larga escala desse segmento.
Os cortes públicos ocorreram porque um fundo gerenciado pelo governo de energias renováveis está com
dívidas que superam os US$15 bilhões (R$ 60 bilhões).
"Eles não podem mais garantir o subsídio", diz Liu. O efeito disso é drástico. No ano passado, 53
gigawatts de capacidade solar foram instaladas na China. Neste ano, Liu espera que as novas instalações
não cheguem a totalizar 35 gigawatts - uma queda de mais de 30%.
Em meio a esse clima pouco atraente, investidores estão se afastando das remotas fazendas solares
e indo em direção a outras oportunidades, diz Liu. Cobrir terraços de grandes cidades com painéis solares
e vender eletricidade diretamente a consumidores é mais atraente no momento, ela explica. Os clientes
podem ser administrados à medida que esses projetos crescem, e o dinheiro flui melhor, em tese,
especialmente agora que os subsídios se foram das instalações solares.
Mas Liu, Ball e Xu concordam que nunca se viu fazendas solares gigantes como as da China.
"Acho importante reforçar que a influência da China não é simplesmente em enormes projetos solares
construídos em suas fronteiras, mas também fora do país", afirma Ball.
Várias grandes fazendas solares estão sendo construídas ao redor do mundo, muitas das quais na
Índia. Quando estiverem próximas de serem concluídas, irão competir pelo título de "maior parque solar
do mundo". Muitas terão relações claras com a China.
Por exemplo o complexo de Benban, no Egito. Cobrindo 37 quilômetros quadrados e ostentando uma
capacidade planejada de geração entre 1.600 e 2.000 megawatts, esse é um empreendimento
impressionante. E uma empresa que participa da construção, a TBEA Sunoasis, é chinesa.
A Panda Green Energy, que construiu as estações em forma de panda em Datong, tem planos de
instalar mais fazendas solares na China que se pareçam com os tradicionais ursos. E a companhia
também pretende construir parques solares atraentes em outros países - incluindo o que descreve como
um "panda + design de rugby" em Fiji, e um "panda + o design da folha de bordo", no Canadá.

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Liu ressalta que os painéis solares estão cada vez mais baratos. Por isso, não deve demorar muito até
que os subsídios chineses se tornem irrelevantes. Espera-se que entre três e cinco anos a tecnologia
tenha barateado o suficiente para se construir as usinas sem a ajuda do governo, afirma a especialista.
Mas se os parques solares gigantes continuarem a ser construídos, outra complicação ignorada será
o destino desses gigantes em décadas futuras com o lixo que isso irá gerar. Os painéis duram apenas
cerca de 30 anos. É difícil reciclá-los porque eles contêm substâncias químicas prejudiciais, como ácido
sulfúrico. A China deve deparar com um repentino aumento do lixo da energia solar a partir de 2040, e
ainda não há planos claros sobre o que fazer com o material.
O lixo dos painéis solares é menos problemático, provavelmente, do que os resíduos nucleares, mas
é outro desafio a ser superado para garantir que a energia solar em larga escala de fato seja uma
tecnologia verde.
Teremos que lidar com este problema em algum momento. Como Ball explica, o grande interesse em
energia solar barata, com ou sem subsídios, vai provavelmente levar à construção de fazendas enormes
nos próximos anos. "No entanto, por maiores que esses projetos pareçam agora, haverá muito mais deles,
e eles terão que ser ainda maiores", diz ele.
Em outras palavras, não vimos nada ainda.

Mercado livre já responde por 30% da energia consumida no Brasil; entenda como funciona83

Mercado não regulado só existe para grandes empresas e ganhou 402 consumidores neste ano; ritmo
de crescimento diminuiu.
O consumo de energia no mercado livre (não regulado) atingiu 18.046 MW médios em junho, o
equivalente a 30% do total utilizado em todo sistema elétrico do Brasil. Há três anos, a fatia era de 25%.
Esse mercado, que por enquanto só está disponível para grandes empresas, continua atraindo novos
consumidores, ainda que em ritmo mais lento.
Nos seis primeiros meses de 2018, 402 consumidores migraram para ambiente livre, totalizando 5,4
mil. O número de entrantes, porém, é 55% menor do que o registrado no primeiro trimestre ano passado.
O "boom" do mercado livre se deu de 2015 para 2016, quando o número de consumidores mais que
dobrou e passou de 1,8 mil para 4 mil. Em junho, o país tinha 237 companhias habilitadas a comercializar
energia nesse mercado.

Foi em 2015 que o governo retirou os subsídios concedidos ao setor elétrico três anos antes pela então
presidente Dilma Rousseff, provocando uma disparada no preço da conta de luz no mercado regulado.
Simultaneamente, a formação de reservatórios era suficiente e não houve problemas na geração de
energia, o que tornou o mercado livre atrativo.

83
Luísa Melo. Mercado livre já responde por 30% da energia consumida no Brasil; entenda como funciona. G1 Economia.
https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/14/mercado-livre-ja-responde-por-30-da-energia-consumida-no-brasil-entenda-como-funciona.ghtml. 14 de agosto de
2018.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
O que é o mercado livre?
No mercado livre, como o próprio nome indica, o consumidor pode escolher de quem vai comprar
energia. O preço, quantidade, prazo de fornecimento e até a fonte de energia também são negociáveis e
definidos em contrato.
O cliente desse mercado pode comprar diretamente das geradoras (as donas das usinas) ou de
comercializadoras, que são uma espécie de revendedores. Para receber essa energia, porém, ele precisa
estar conectado a uma rede e paga uma fatura separada pelo serviço da distribuidora, a chamada “tarifa
fio”. O cliente que tem porte muito grande e está conectado diretamente à rede básica paga a tarifa fio
para a transmissora.
Grandes grupos de geração e distribuição, como Cemig e Enel, possuem suas próprias
comercializadoras.
Já o mercado regulado é o tradicional, no qual o consumidor é abastecido por uma determinada
empresa que detém a concessão de distribuição de energia na região onde ele está localizado. Ele não
escolhe qual companhia prestará esse serviço, nem de onde virá a energia que vai consumir, e paga uma
fatura única com todos os custos.

Quem pode comprar no mercado livre?


O mercado livre ainda não é uma opção para pessoas físicas. Para comprar energia fora do ambiente
regulado é preciso ter uma demanda contratada (soma da potência de todos os equipamentos elétricos)
de ao menos 500 kW.
Para se ter uma ideia de quanta energia isso representa, um transformador de poste que abastece
casas de três a quatro ruas tem uma capacidade média de 75 kW. “[O mercado livre] é para quem paga
uma conta de energia na faixa dos R$ 100 mil”, explica Reginaldo Medeiros, presidente da Associação
Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
Há ainda outra limitação: quem tem demanda contratada entre 500 kW e 3.000 kW (ou 3 MW) só pode
comprar no mercado livre energia incentivada, proveniente de fontes renováveis. São os chamados
“consumidores especiais”. Esses clientes têm desconto de 50% na “tarifa fio”, paga às distribuidoras pelo
transporte da carga elétrica. Já quem tem demanda contratada superior a 3 MW são os “consumidores
livres”, grandes indústrias, como siderúrgicas, químicas e produtoras de alimentos. Boa parte delas,
inclusive, tem usinas e geram sua própria energia.
Todas as operações precisam ser registradas na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), onde o comprador também precisa se habilitar. Para isso, é preciso solicitar um cadastro, e fazer
a habilitação técnica e operacional.

Por que existe o mercado livre?


Por que comprar energia direto de quem gera? Basicamente, porque costuma sair mais barato.
“O mercado livre existe para estimular, pela concorrência, uma redução da tarifa”, diz o professor
Nivalde Campos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em economia do setor
elétrico. “O serviço de distribuição sempre continuará sendo pago, mas a energia custará menos na
medida em que o mercado livre evoluir”, emenda Rui Altieri, presidente do conselho da CCEE.
A energia fica mais barata por conta de uma série de fatores. Um deles é que as geradoras que, em
determinados períodos, conseguem produzir mais energia do que já se comprometeram a vender às
distribuidoras no mercado regulado ofertam essa “sobra” a preços mais baixos no mercado livre, já que a
eletricidade não pode ser estocada.
Outro ponto é que quem compra energia em grandes volumes pode negociar contratos com condições
vantajosas. Além disso, as distribuidoras têm uma série de compromissos que comercializadores não
têm, como o de obrigatoriamente levar energia à população de baixa renda e de não interromper
imediatamente o fornecimento para inadimplentes, segundo Rui Altieri, da CCEE.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Vantagens x desvantagens
Também pesa a favor do mercado livre a previsibilidade dos preços. Quem fecha um contrato sabe o
quanto pagará pela energia que vai consumir durante toda a sua vigência. A duração média dos contratos
no mercado livre é de quatro anos.
Já no mercado regulado as tarifas são corrigidas anualmente pela Aneel. O reajuste leva em conta a
inflação, os custos da distribuidora com compra de energia, além dos investimentos feitos por elas e
depreciação dos seus ativos. Além disso, existe ainda o regime de bandeiras tarifárias, pelo qual o valor
da conta de luz pode variar a cada mês, dentro de um patamar pré-estabelecido, conforme a necessidade
de ligar as usinas térmica, que produzem energia mais cara.
Por outro lado, a empresa que decide migrar para o mercado livre precisa ter uma gestão bastante
controlada da energia. Ela precisa cuidar para não ficar descoberta e não correr o risco de ter que
contratar energia mais cara de última hora.
É preciso também cumprir uma série de regras e prazos definidos pela CCEE. Se a redução de custos
não for importante, a burocracia não vale a pena, segundo Thais Prandini.
A pedido do G1, a Thymos Energia estimou de quanto seria a diferença para uma empresa da
categoria especial (demanda entre 500 kW e 3 MW e que só pode comprar energia incentivada) que
decidisse hoje entrar no mercado livre. Considerando que a migração leva ao menos seis meses, já que
a distribuidora precisa adequar sua demanda e se planejar para perder aquele cliente, o preço contratado
seria o projetado para 2019.
No mercado regulado, o custo seria de aproximadamente R$ 360 por MW médio: R$ 280 de tarifa de
energia mais R$ 80 de fio. Já no mercado livre seria de R$ 325 por MW médio: R$ 285 de tarifa de energia
e R$ 40 de fio (por conta desconto pela compra de energia renovável). É importante lembrar, porém, que
as projeção para a tarifa fio é uma média, uma vez que esse custo varia conforme o perfil e nível de
tensão de cada consumidor.
Empresas que entraram em 2018 já contratadas no mercado livre acumulam até agora uma economia
de média de cerca de 30% em relação ao mercado cativo, nas contas de Marcelo Ávila, vice-presidente
da comercializadora Comerc. Já Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia (Abraceel)
calcula que, nos últimos 17 anos, a diferença de preços ficou em 23% no Brasil.
“No mercado regulado quem compra a energia para os consumidores é o governo, que não consegue
comprar com eficiência nem agulha para hospital, quanto mais algo tão complexo. Ele compra mal e
repassa o custo para as distribuidoras, que repassam para os consumidores”, diz Reginaldo Medeiros,
da Abraceel.

Sobrou ou faltou energia. E agora?


Mas o que acontece se uma empresa contrata mais energia do que utiliza? Ela pode vender o
excedente em contratos diretos com outras empresas, comercializadoras, geradoras ou transmissoras,
ou liquidar essa “sobra” na CCEE.
Ao optar pela segunda opção, a companhia recebe o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), um
preço que é definido pela CCEE semanalmente e que é a referência para o custo da energia no mercado
livre no curto prazo. O cálculo do PLD é uma espécie de balança entre a oferta e a demanda de energia
em todo o sistema nacional e leva em conta, por exemplo, o índice de chuvas e formação de reservatórios,
a disponibilidade de equipamentos de geração e transmissão e preço dos combustíveis.
Da mesma forma, a empresa que gastar uma quantidade maior de energia do que comprou precisa
firmar contratos adicionais paralelos, ou pagar o PLD sobre o extra que vai consumir. Como é uma espécie
de preço “à vista”, o PLD normalmente é mais alto do que os firmados em contrato para o médio e longo
prazo.
Existe também uma espécie de “bolsa”, o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE),
uma plataforma onde vendedores e compradores negociam energia.

E o consumidor final?
Os especialistas ouvidos pelo G1 foram unânimes em dizer que o mercado livre de energia deve
continuar crescendo no Brasil e que chegará aos poucos ao consumidor residencial, como já acontece
na Europa.
Tramita atualmente no Congresso um projeto de lei que propõe reduzir gradativamente o limite de
demanda contratada mínima para ingresso no mercado, zerando qualquer imposição até 2028.

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Questões

01. (IF/PA – Zootecnista – IF/PA) Leia o fragmento da notícia abaixo.

O Ministério Público Federal iniciou processo judicial na Justiça Federal em Altamira em que busca o
reconhecimento de que a implantação de Belo Monte constitui uma ação etnocida do Estado brasileiro e
da concessionária Norte Energia, “evidenciada pela destruição da organização social, costumes, línguas
e tradições dos grupos indígenas impactados”.
(Fonte: ASCOM MPF do Pará.)

A notícia acima expõe:


(A) a predominância de geração de energia livre de impactos.
(B) os impactos da geração de energia elétrica de origem hídrica.
(C) a luta política bem-sucedida dos indígenas ao manter sua cultura.
(D) o processo de expansão das usinas hidrelétricas em áreas com alta densidade populacional.
(E) o respeito às diversas etnias que compõe o Brasil.

02. (CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE) A maior parte da energia elétrica consumida
no Brasil é produzida em usinas:
(A) Eólicas
(B) Hidrelétricas
(C) Termonucleares
(D) Nucleares
(E) Solares

Gabarito

01.B / 02.B

Comentários

01. Resposta: B
Questão que cobra muito da interpretação (além do conhecimento de atualidades em si). A polêmica
em torno da construção da Usina de Belo Monte gira em volta de medidas pouco claras à população.
Segue texto na íntegra a respeito da construção e críticas sobre o projeto.
(http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/usina-belo-monte.htm)

02. Resposta: B
O Brasil ainda conta como principal fonte de energia a energia hidráulica. Termoelétricas e nucleares
ocupam apenas 10% da produção nacional.
(http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html)

Relações Internacionais
saúde
Presidente do Sudão é deposto e conselho militar vai assumir comando do país84

Anúncio foi feito pelo ministro da Defesa nesta quinta-feira (11/04). Kamal Abdel Maaruf afirmou que
haverá eleições após o período de transição previsto para durar dois anos.
O ministro da Defesa do Sudão anunciou nesta quinta-feira que o presidente Omar al-Bashir, que
ocupava o poder há 30 anos, foi deposto e detido "em um lugar seguro". Kamal Abdel Maaruf também
afirmou que um conselho militar administrará o Sudão por um período de transição de dois anos.
Em um comunicado transmitido pela TV estatal, o ministro afirmou que haverá eleições no final do
período de transição e que o espaço aéreo do país foi fechado por 24 horas. Ele também anunciou três
meses de estado de emergência, um cessar-fogo nacional e a suspensão da constituição.
Nesta quinta, milhares de pessoas anti-governo saíram às ruas para comemorar a queda de Omar al-
Bashir. Grande parte dos manifestantes, apesar de comemorar, pediram por um governo civil e disseram
que não querem uma administração liderada por militares.

84
G1. Presidente do Sudão é deposto e conselho militar vai assumir comando do país. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/11/presidente-do-sudao-e-
deposto.ghtml. Acesso em 11 de abril de 2019.

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Mandados de prisão por genocídio
Bashir comanda o Sudão com mão de ferro desde 1989, quando deu um golpe de Estado com a ajuda
de militantes islâmicos, de acordo com a Deutsche Welle. Ele é alvo de dois mandados internacionais de
prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, emitidos pelo Tribunal Penal
Internacional, em Haia, por causa de crimes cometidos em Darfur.
Nessa região do oeste sudanês, 300 mil pessoas foram mortas desde 2003, segundo contagem das
Nações Unidas, num conflito que opõe o governo e milícias árabes, de um lado, e rebeldes não árabes
separatistas, do outro.
As manifestações contra Bashir foram motivadas pela forte crise econômica que afeta o país há anos
– principalmente depois da secessão do Sudão do Sul, em 2011. O Sudão é um dos 25 países mais
pobres do mundo, com uma população de 41 milhões de pessoas.
Até a independência do Sudão do Sul, a economia era fortemente dependente do petróleo, que era
responsável por 95% das exportações e metade da arrecadação do governo. Em 2001, o Sudão perdeu
a maior parte dos campos petrolíferos, que ficaram com o Sudão do Sul.

Parlamento britânico rejeita todas as propostas apresentadas como opções ao Brexit85

Oito sugestões foram votadas, mas nenhuma conseguiu votos suficientes para ser aprovada.
Parlamentares ainda não chegaram a uma conclusão sobre próximos passos.
Em uma votação de opções ao Brexit, o Parlamento britânico rejeitou nesta quarta-feira (27/03) todas
as oito propostas apresentadas.
Após a divulgação dos resultados, os parlamentares iniciaram um acalorado debate sobre seus
próximos passos, mas não chegaram a uma conclusão. Inicialmente, eles deveriam votar novamente as
opções com mais aceitação na próxima segunda-feira, 1º de abril, e definir aquela com a maior aprovação.
Esta seria encaminhada à primeira-ministra Theresa May, para que ela a negociasse com a União
Europeia. A premiê disse que iria considerar o que fosse determinado, mas se recusou a garantir um
compromisso com o resultado.
O líder da Câmara baixa, John Bercow, afirmou que irá permitir que as propostas sejam novamente
apresentadas na segunda-feira, apesar de protestos de diversos parlamentares.
Os parlamentares não votaram novamente o acordo que a May fechou com a União Europeia em
novembro de 2018, e que eles já rejeitaram duas vezes, em 15 de janeiro e em 12 de março.
Na manhã desta quarta, May havia voltado a defender o acordo no Parlamento e se opôs a ideia de
um novo referendo, lembrando que a saída da União Europeia foi resultado de consulta popular. A premiê
insistiu que as outras opções estudadas pelos parlamentares poderiam conduzir a um atraso do Brexit ou
mesmo a não concretização do processo.
O Reino Unido tem até 12 de abril para informar o Conselho Europeu sobre o que pretende fazer em
relação aos seus planos para deixar o bloco. A data foi acordada quando a União Europeia concordou
em adiar a saída, marcada inicialmente para 29 de março.
Isso só não será necessário se o acordo de Theresa May for aprovado. Nesse caso, o Brexit acontece
em 22 de maio. Essas datas foram ratificadas nesta quarta-feira pelo Parlamento britânico, por 441 votos
a favor e 105 contra.

As oito propostas apresentadas nesta quarta-feira eram as seguintes:


Saída sem acordo, o que os próprios parlamentares britânicos rejeitaram em votação anterior. Esse
cenário é considerado o mais caótico por economistas e políticos do Reino Unido, uma vez que haveria
indefinição sobre vários temas – do comércio ao trânsito de pessoas – após o Brexit - reprovada por 400
votos contra e 160 a favor;
'Mercado comum 2.0': sem fazer parte da União Europeia, o Reino Unido manteria laços com o bloco
a partir de um mercado comum. Assim, o país faria parte da Associação Europeia de Livre Comércio
(EFTA, na sigla em inglês) sem manter, em contrapartida, uma união aduaneira com a UE - reprovada
por 283 votos contra e 188 a favor;
EFTA e EEA: esta outra opção incluiria o Reino Unido também no Espaço Econômico Europeu (EEA,
na sigla em inglês). A situação britânica, portanto, ficaria semelhante à da Noruega, que não integra a
União Europeia mas se mantém próxima economicamente do bloco - reprovada por 377 votos contra e
65 a favor;

85
G1. Parlamento britânico rejeita todas as propostas apresentadas como opções ao Brexit. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/03/27/parlamento-britanico-
rejeita-todas-as-propostas-apresentadas-como-opcoes-ao-brexit.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1. Acesso em 28 de março de
2019

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Plano alternativo do Partido Trabalhista: segundo o jornal "The Guardian", o partido de oposição a May
pretende firmar novos acordos com a União Europeia como tratados comerciais, alinhamento com normas
definidas pelo bloco e participação em agências e fundações europeias - reprovada por 307 votos contra
e 237 a favor;
Revogação do artigo 50, que, na prática, interromperia o Brexit. É improvável que essa emenda seja
aprovada, uma vez que reverteria uma decisão votada em referendo. Os parlamentares favoráveis à
medida, porém, defendem que parar o Brexit evitaria uma saída da União Europeia sem acordo e,
portanto, um cenário de incerteza para o Reino Unido - reprovada por 293 votos contra e 184 a favor;
Referendo para confirmar a decisão do Parlamento: na prática, qualquer decisão sobre o Brexit tomada
pelos parlamentares terá de passar por referendo popular - reprovada por 295 votos contra e 268 a favor;
Planos de contingência com a União Europeia, ou seja, o governo britânico poderá fazer acordos
pontuais com o bloco caso a proposta principal firmada entre May e os líderes europeus não passe de
jeito nenhum - reprovada por 422 votos contra e 139 a favor.

Renúncia ao cargo
Pela manhã, a premiê se reuniu com parlamentares conservadores e admitiu que vai deixar o cargo
assim que o acordo sobre o Brexit for aprovado. "Eu estou preparada para deixar este trabalho mais cedo
do que eu pretendia para fazer o que é certo para nosso país e nosso partido", declarou May, segundo
um trecho do discurso divulgados pelo escritório da primeira-ministra.
"Ela disse que não vai ficar para a próxima fase de negociações. Se aprovarem o acordo, ela sai.
Nenhuma escala de tempo foi discutida ou apresentada. A condição era que se ela conseguisse um
acordo, isso iniciaria o processo para encontrar um novo líder quase que imediatamente", descreveu o
parlamentar conservador Simon Hart à rede americana CNN.

Apelo aos eurodeputados


Nesta quarta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu aos eurodeputados que
permaneçam abertos a um adiamento longo do Brexit enquanto o Reino Unido reconsidera sua posição,
com uma advertência contra a traição aos eleitores pró-União Europeia.
"Deveríamos estar abertos a uma longa prorrogação se o Reino Unido deseja reconsiderar sua
estratégia do Brexit, o que certamente significaria a participação do Reino Unido nas eleições para a
Eurocâmara de 23 a 26 de maio", afirmou Tusk.

Derrota do Estado Islâmico é anunciada na Síria86

As Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados Unidos, disseram ter dado fim
ao "califado" criado pelo grupo extremista autoproclamado Estado Islâmico (EI).
"As Forças Democráticas Sírias declaram a total eliminação do chamado califado e a total derrota
territorial do EI", disse Mustafa Bali, porta-voz da FDS, pelo Twitter. "Neste dia único, celebramos os
milhares de mártires que tornaram essa vitória possível."
Em seu auge, o EI controlou uma área de 88 mil km² no norte da Síria e do Iraque, governou quase 8
milhões de pessoas, ganhou bilhões de dólares com a exploração de petróleo, extorsões, roubos e
sequestros, e usou seu território como base para ataques em outros países.
Mas o grupo ainda é considerado uma grande ameaça global por ainda deter uma presença
significativa na região e ter afiliados em diversos outros países, como Nigéria, Iêmen, Afeganistão e
Filipinas.
A aliança de forças representada pela FDS, lideradas pelos curdos, começou sua ofensiva final contra
o EI no início de março, contra militantes que estavam encurralados no vilarejo de Baghuz, no leste sírio.
A FDS teve de conter seus esforços após ser revelado que um grande número de civis se encontrava
ali, abrigados em edifícios, tendas e túneis. Milhares de mulheres e crianças fugiram rumo aos campos
de refugiados controlados pela aliança.
Combatentes do EI também abandonaram Baghuz, mas aqueles que permaneceram ofereceram uma
grande resistência, com o uso de homens e carros bomba no conflito.
O presidente americano, Donald Trump, havia dito que o EI estava derrotado no fim do ano passado
e anunciado planos de retirar suas tropas, uma medida que deixou seus aliados no conflito preocupados
- a Casa Branca anunciaria depois que suas forças permaneceriam na região.

86
BBC. Derrota do Estado Islâmico é anunciada na Síria. BBC. https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47678823?ocid=socialflow_twitter. Acesso em 25 de
março de 2019.

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Como começou a guerra contra o Estado Islâmico
O EI surgiu a partir de um braço da Al-Qaeda no Iraque após a invasão do país por uma coalização
liderada pelos Estados Unidos em 2003. O grupo se juntou em 2011 à rebelião contra o presidente Bashar
al-Assad na Síria, onde encontrou proteção e fácil acesso a armas.
Ao mesmo tempo, tirou proveito da retirada de tropas americanas do Iraque, assim como da revolta
entre os sunitas contra as políticas sectárias do governo do país liderado por xiitas.
Em 2014, há havia assumido o controle de grandes áreas na Síria e no Iraque e proclamado a
instauração de um "califado" nesta região. Foi quando mudou de nome. Antes conhecido como Estado
Islâmico do Iraque e do Levante, passou a se autointitular apenas Estado Islâmico, refletindo suas
ambições expansionistas.
Um avanço subsequente sobre áreas controladas pela minoria curda no Iraque e o assassinato ou
escravização de milhares de membros do grupo religioso yazidi levou à formação de uma coalização
internacional liderada pelos Estados Unidos, com ataques aéreos a posições do EI a partir de agosto
daquele ano.
A batalha para expulsar o EI da Síria e do Iraque tem sido sangrenta, com milhares de vidas perdidas
e milhões de pessoas forçadas a deixar seus lares.
Na Síria, tropas leais a Assad batalharam contra os extremistas com a ajuda de ataques aéreos russos
e milícias apoiadas pelo Iraque. Por sua vez, a coalização liderada por americanos deu apoio à FDS, uma
aliança de curdos sírios e combatentes árabes, além de facções rebeldes sírias. No Iraque, forças de
segurança locais foram apoiadas tanto pelos Estados Unidos quanto por grupos paramilitares.
Desde então, já foram realizados mais de 33 mil ataques aéreos na região pela coalização. A Rússia
não fez parte destes esforços, mas começou a promover ataques aéreos contra o que chamou de
"terroristas" na Síria em setembro de 2015 para fortalecer o governo de Assad.
A campanha logo começou a dar sinais de progresso, com a recaptura da cidade de Ramadi, capital
da província iraquiana de Anbar, e, depois, da segunda maior cidade do país, Mosul, em julho de 2017 -
considerado um marco dos esforços da coalização, em uma batalha de dez meses que matou milhares
de civis e deixou 800 mil refugiados.
Em outubro de 2017, a FDS reassumiu o controle da cidade de Raqqa, na Síria, capital do
autoproclamado "califado", após três anos sob o comando do EI. No mês seguinte, foram retomadas as
cidades de Deir al-Zour e Al-Qaim.
Os números exatos de vítimas da guerra contra o EI é desconhecido. O Observatório de Direitos
Humanos da Síria, organização que monitora o conflito baseada em Londres, diz mais de 371 mil pessoas
- entre elas, 112,6 mil civis - morreram desde o início da guerra civil na Síria em 2011.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que ao menos 30.912 civis foram mortos em atos de
terrorismo e violência e pelo conflito armado no Iraque entre 2014 e 2018, mas acadêmicos e ativistas
dizem que este número pode chegar a 70 mil.
Ao menos 6,6 milhões de sírios se transformaram em refugiados em seu próprio país, enquanto outros
5,6 milhões fugiram para o exterior, principalmente para Turquia, Líbano e Jordânia.

Por que o EI ainda é uma ameaça preocupante?


A queda de Baghuz representa um momento chave da campanha contra o EI. O governo iraquiano
havia declarado a vitória sobre o grupo em dezembro de 2017. Mas o EI está longe de estar derrotado.
Autoridades americanas dizem existir de 15 mil a 20 mil combatentes armados do grupo em atividade
na região e que o EI retornará às suas raízes de insurgência enquanto tenta se reerguer.
Mesmo diante de uma derrota iminente em Baghuz, os extremistas divulgaram um áudio que seria
supostamente de seu porta-voz, Abu Hassan al-Muhajir, dizendo que seu califado não estava acabado.
Apesar do anúncio da FDS, o EI continua a ter integrantes disciplinados e com experiência de combate,
o que não permite dizer que sua "derrota definitiva" está garantida.
O chefe do Comando Central das Forças Armadas americanas, o general Joseph Votel, responsável
pelas operações militares do país no Oriente Médio, disse em fevereiro que será necessário manter uma
"ofensiva vigilante contra o agora disperso e desagregado EI, que continua a ter líderes, combatentes,
recursos e uma ideologia profana para levar à frente seus esforços".
E que, se a pressão sobre o grupo não for mantida, ele "pode ressurgir na Síria dentro de seis a 12
meses e reconquistar território no vale do rio Eufrates", conforme disseram autoridades militares
americanas.
Estes alertas aparentemente dissuadiram Trump de retirar 2 mil soldados da Síria, como havia
prometido fazer em dezembro. A medida levou à renúncia do secretário de Defesa Jim Mattis. A Casa
Branca afirmou no mês passado que manterá 400 "agentes de paz" na Síria por "algum tempo".

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Quais serão os próximos passos do EI?
No Iraque, onde o governo declarou vitória contra estes extremistas no fim de 2017, eles já "evoluíram
para se transformar em uma rede subterrânea", disse o general americano António Guterres em um
relatório em fevereiro.
"Eles estão em uma fase de transição, adaptação e consolidação. Estão se organizando em células
nas províncias, replicando funções chave de liderança", acrescentou.
Militantes do EI continuam ativos em zona rurais, em áreas remotas e de terreno acidentado, o que
lhes dá liberdade para se movimentar e planejar ataques a partir de regiões como os desertos das
províncias de Anbar e Nineveh e as montanhas de Kirkuk, Salah al-Din e Diyala.
Células do grupo parecem "estar planejando atividades para minar a autoridade do governo, criar uma
atmosfera de 'terra sem lei' na região, sabotar uma reconciliação social e elevar o custo de reconstrução
regional e do contraterrorismo", segundo Guterres. Estas atividades incluem sequestros, assassinatos de
líderes locais e ataques contra instalações estatais e de serviços.
A expectativa é que a rede do EI na Síria se torne algo semelhante ao que ocorre no Iraque atualmente.
Além do vale do rio Eufrates, o grupo está presente na província de Idlib, no noroeste do país, e ao sul
da capital Damasco, além de na região de Badiya, um grande trecho de deserto no sudeste da Síria.
Os militantes têm acesso a armamento pesado e são capazes de realizar ataques a bomba e
assassinatos em todo o país, disse Guterres. Seus líderes também mantêm uma "capacidade de controle
e comando". A localização do líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, é desconhecida, apesar de haver poucos
locais onde ele ainda possa se esconder.
O grupo continua a obter uma receita significativa com atividades criminosas e a receber doações.
Estima-se que o EI tenha recursos da ordem de US$ 50 milhões (R$ 195,3 milhões) a US$ 300 milhões
(R$ 1,17 bilhão) em dinheiro.

Quantos militantes ainda restam?


O EI sofreu perdas consideráveis, mas Guterres diz que o grupo ainda tem sob seu comando entre 14
mil e 18 mil combatentes no Iraque e na Síria, entre eles 3 mil estrangeiros.
O enviado especial americano da Coalização Global para Derrotar o EI, James Jeffrey, disse neste
mês que os Estados Unidos estimam haver entre 15 mil e 20 mil "membros armados ativos" do grupo na
região.
A FDS capturou cerca de 1 mil combatentes estrangeiros do EI. Centenas de mulheres e mais de 2,5
mil ligadas a estes estrangeiros estão vivendo em campos para refugiados em áreas controladas pela
aliança, que informou haver ainda mais 1 mil combatentes estrangeiros detidos no Iraque.
Os Estados Unidos querem que eles sejam enviados para seus países de origem para serem
processados criminalmente, mas estas nações manifestaram preocupações em receber estes extremistas
e disseram ser difícil conseguir provas para sustentar ações judiciais.
Estima-se que 40 mil estrangeiros tenham se juntado ao EI na Síria e no Iraque, e o número de pessoas
que ainda estão viajando para lá para fazer isso é desconhecido, ainda que este fluxo tenha se reduzido
significativamente. A Coalização Global calcula que "provavelmente 50 pessoas por mês" chegam à
região para se unir ao grupo.
Ao mesmo tempo, há um contingente significativo de afiliados do EI em países como Afeganistão,
Egito e Líbia e no Sudeste Asiático e na África Ocidental. Indivíduos inspirados pela ideologia do grupo
também continuam a realizar ataques em outras regiões.

Opositores que tentam entrar com ajuda humanitária são 'traidores', afirma Maduro em
pronunciamento87

Presidente da Venezuela anunciou o rompimento das relações com a Colômbia, chamou a ajuda
humanitária de 'brincadeira de enganar bobo' e afirmou que não é 'mendigo'.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, discursou a apoiadores neste sábado (23/02), em
Caracas, afirmou que opositores que tentam entrar com ajuda humanitária são "traidores" e anunciou o
rompimento das relações com a Colômbia.
"Minha vida é consagrada totalmente à defesa da pátria, em qualquer circunstância. Nunca me
dobrarei, sempre defenderei a minha pátria com a minha vida, se necessário for. É uma ordem que dou
ao povo, aos militares patriotas, a todas as forças armadas bolivarianas. Se vocês amanhecerem um dia
com a notícia de que fizeram algo com Nicolás Maduro, saiam às ruas", afirmou.

87
G1. Opositores que tentam entrar com ajuda humanitária são ‘traidores’, afirma Maduro em pronunciamento. G1 Mundo.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/02/23/nicolas-maduro-faz-pronunciamento-para-milhares-de-apoiadores-em-
caracas.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1. Acesso em 25 de fevereiro de 2019.

117
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Maduro chamou de "fascista" o governo colombiano, do presidente Iván Duque – um dos primeiros a
reconhecer Juan Guaidó como autoproclamado presidente da Venezuela – e anunciou o rompimento das
relações "políticas e diplomáticas" com a vizinha Colômbia.
O líder chavista deu 24 horas para que toda a equipe consular colombiana deixe a Venezuela, após
Duque participar de uma entrevista coletiva ao lado de Guaidó, em Cúcuta, defender a passagem dos
caminhões com a ajuda humanitária e afirmar que regime de Maduro teve neste sábado "a sua derrota
moral".
Em relação ao Brasil, Maduro disse estar disposto a comprar toda a comida que o país quiser vender.
"Estamos dispostos como sempre estivemos, a comprar todo o arroz, todo o açúcar, todo leite em pó que
vocês quiserem vender".
"Não somos maus pagadores, nem mendigos, somos gente honrada e que trabalha. Querem o quê?
Trazer caminhões com leite em pó? Eu compro agora", afirmou Maduro
Maduro também chamou a ajuda humanitária de "brincadeira de enganar bobo". Ele criticou
diretamente a qualidade e quantidade da ajuda. "Dois mortos que comeram dessa comida, centenas de
pessoas envenenadas. Comida cancerígena, podre. E a quantidade? Se toda fosse distribuída, não
chegaria nem a 15 mil municípios", disse Maduro.
"Estão bloqueando remédio, alimentos. Eu dei a lista completa das nossas necessidades e disse
também vamos coordenar com a ONU, para ver se vocês cumprem essa oferta. (...) Será aceita a ajuda
humanitária, se for legal. Não sou mendigo de nada, para título de mendigo fale com Guaidó", afirmou.
O presidente venezuelano exaltou a importância da defesa das fronteiras, citando o fechamento como
a mais importante ação em 200 anos. Conclamando o povo, alertou que não é tempo de traição e atacou
o presidente autoproclamado, Juan Guaidó, desafiando que ele convoque eleições.
Durante o discurso, Maduro também criticou as ações na fronteira e a participação dos Estados Unidos.
"Ajuda humanitária? A quem Donald Trump ajudou na vida dele?", afirmou. Ainda acusou os EUA de
tramar golpes para interferir no poder da Venezuela e diz que um pequeno grupo sequestrou os rumos
da oposição.
"Eles não têm vontade própria. O que aconteceria com a Venezuela se caísse na mão dessa gente?",
disse. "Minha vida está consagrada à defesa da pátria. Em qualquer circunstância. (...) A ordem que dou
ao povo e aos militares patriotas: se algum dia vocês amanhecerem com a notícia de que fizeram algo
contra Maduro, saiam às ruas", disse.

Resumo dos confrontos sábado (23)


- As fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia amanheceram fechadas, conforme prometido
por Maduro;
- Caminhonetes saíram de Boa Vista e foram até a fronteira com a Venezuela com ajuda
humanitária, mas voltaram para o lado brasileiro no fim do dia;
- Venezuelanos protestaram e atacaram uma base do exército venezuelano;
- 3 pessoas morreram e ao menos 15 ficaram feridas em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da
fronteira com o Brasil;
- Na fronteira com a Colômbia, 2 caminhões com ajuda humanitária foram incendiados;
- Confrontos na fronteira com a Colômbia deixaram 285 feridos e 37 pessoas hospitalizadas, segundo
o governo colombiano;
- Mais de 60 militares venezuelanos abandonaram os postos e pediram asilo, ainda de acordo com o
governo colombiano;
- Maduro afirmou em discurso que não é mendigo e que está disposto a comprar toda comida que o
Brasil quiser vender e rompeu relações diplomáticas com Colômbia;
- Guaidó voltou a apelar a militares para que eles retirem o apoio a Maduro: "Vocês não devem lealdade
a quem queima comida";

Parlamento europeu reconhece Guaidó como presidente interino da Venezuela88

Decisão aumenta a pressão para que os países europeus também reconheçam o líder da oposição a
Nicolás Maduro como presidente interino.
O Parlamento Europeu reconheceu nesta quinta-feira (31/01) o líder oposicionista Juan Guaidó como
presidente legítimo da Venezuela e pediu para que os países da União Europeia façam o mesmo. A
resolução do órgão legislativo do bloco europeu recebeu 439 votos a favor, 104 contra e 88 abstenções.

88
G1. Parlamento europeu reconhece Guaidó como presidente interino da Venezuela. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/31/parlamento-
europeu-reconhece-guaido-como-presidente-interino-da-venezuela.ghtml. Acesso em 31 de janeiro de 2019.

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A resolução afirma que o Parlamento Europeu reconhece Juan Guaidó como presidente "de acordo
com a Constituição da Venezuela" e expressa "apoio absoluto a seu projeto".
A resolução também pede que a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e os Estados-
membros da UE reconheçam Guaidó "até que seja possível convocar novas eleições presidenciais livres,
transparentes e críveis para restaurar a democracia" na Venezuela.
"Da Europa, podemos ajudar a mudar o regime venezuelano e fazer entender que tiranos nunca vão
conduzir qualquer possibilidade democrática", declarou o deputado espanhol Esteban Gonzalez Pons, na
sede da instituição, na cidade francesa de Estrasburgo.
"É um prazer anunciar que o Parlamento Europeu reconhece Juan Guaidó como presidente legítimo
da Venezuela. É a primeira instituição europeia a fazê-lo, pedimos aos Estados-membros e à Comissão
Europeia que façam o mesmo o mais rápido possível para que tenhamos uma posição unificada e forte",
disse no plenário o presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela se autodeclarou presidente interino durante uma
manifestação em Caracas, em 23 de janeiro. O objetivo da sua iniciativa, segundo ele, é formar um
governo de transição para organizar eleições livres no país, que enfrenta uma grave crise política e
econômica.
Até agora, a União Europeia fez um apelo para que sejam organizadas “eleições livres e credíveis” na
Venezuela, mas não mencionou a iniciativa de Guaidó, que já foi reconhecida por vários países, entre
eles, os Estados Unidos e o Brasil. Na quarta-feira, os senadores dos Estados Unidos também pediram
à UE que reconheça Guaidó.
Nicolás Maduro, que se diz alvo de um golpe impulsionado pelos americanos, disse que está disposto
a conversar com a oposição e mostrou-se favorável à organização de eleições legislativas antecipadas
para superar a crise. No entanto, ele resiste à ideia de uma nova eleição presidencial.
"Não aceitamos ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos a chantagem. As eleições
presidenciais aconteceram na Venezuela e se os imperialistas querem novas eleições que esperem até
2025", afirmou Maduro, fazendo referência à União Europeia.
No sábado (26/01), os governos de Alemanha, Espanha e França anunciaram que reconhecerão
Guaidó como presidente interino caso o país não convoque eleições "justas e livres" em 8 dias -- prazo
que vence no domingo (02/02).

Sanções americanas
O autoproclamado presidente interino deve apresentar nesta quinta-feira (31/01) o seu plano para
enfrentar o colapso econômico e social do país, que sofre com a escassez de alimentos e de remédios e
com uma hiperinflação que o FMI projeta para 10.000.000% este ano.
Determinados a sufocar economicamente o governo de Maduro, os Estados Unidos congelaram
contas e ativos da estatal petrolífera PDVSA - fonte de 96% das receitas do país.

Onda de protestos
Na quarta-feira, em um novo dia de protestos, a oposição saiu às ruas em Caracas e várias cidades
no interior do país para exigir a saída de Nicolás Maduro. Autoproclamado presidente interino, o líder
opositor Juan Guaidó comandou mobilização, que pedia também para que as forças armadas do país
não reconheçam mais o comando do líder chavista.
Ele declarou em artigo publicado pelo jornal americano "The New York Times" que teve reuniões
clandestinas com integrantes das forças armadas e ofereceu anistia para todos que não têm acusações
de crimes contra a humanidade.
Nos últimos dias, jornalistas de diferentes nacionalidades que foram presos no país. Entre eles, estão
dois franceses, dois colombianos e um espanhol.
Desde o início da atual onda de protestos, que começou em 21 de janeiro com a rebelião de um grupo
de militares, mais de 850 pessoas foram presas e mais de 40 pessoas morreram, segundo estimativa da
ONU.

Battisti chega à Itália após quase 40 anos foragido e será levado a presídio em Roma89

Italiano chegou a conseguir refúgio no Brasil e depois teve a extradição autorizada, mas fugiu para a
Bolívia. Preso no último sábado (12/01), Battisti irá cumprir pena por 4 assassinatos no seu país.

89
G1. Battisti chega à Itália após quase 40 anos foragido e será levado a presídio em Roma. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/14/battisti-
chega-a-italia-apos-quase-40-anos-foragido-e-sera-levado-a-presidio-em-roma.ghtml. Acesso em 14 de janeiro de 2019.

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O avião com o italiano Cesare Battisti chegou ao aeroporto de Ciampino, em Roma, nesta segunda-
feira (14/01). Ele foi entregue pela polícia boliviana às autoridades da Itália na cidade de Santa Cruz de
La Sierra, onde foi preso no sábado (12/01).
Battisti será levado para um presídio na periferia de Roma. No trajeto, patrulhas fecharão os acessos
para que o comboio chegue rapidamente ao local, segundo o jornal “Corriere della Sera”. O ministro do
Interior da Itália, Matteo Salvini, anunciou que iria ao aeroporto para receber Battisti, a quem ele chama
de “assassino comunista”.
O italiano, que integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, foi condenado à prisão perpétua
por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970. Ele afirma que nunca matou ninguém e se diz vítima
de perseguição política.
Foram 37 anos de fuga permanente, com períodos de prisão e lutas político-judiciais para evitar a
Justiça da Itália. Battisti escapou do seu país na década de 1980, viveu na França, no Brasil e, mais
recentemente, havia se escondido na Bolívia.
O italiano chegou a conseguir refúgio no Brasil em 2007. Mas o status, concedido a ele pelo então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi revisto em dezembro do ano passado, por Michel Temer, que
autorizou sua extradição. A Polícia Federal fez mais de 30 operações para localizá-lo, mas não teve
sucesso.
Como a entrada de Battisti na Bolívia foi ilegal, a expulsão dele foi requerida pela Itália e acatada pelo
governo boliviano. O plano inicial incluia a volta de Battisti ao Brasil em um avião da Polícia Federal, para
depois ser extraditado para a Itália.

Possíveis benefícios
Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos
na Itália na década de 70.
Como os crimes foram cometidos antes de 1991, quando houve uma mudança na legislação italiana,
ele terá alguns benefícios, como sair da cadeia por curtos períodos se apresentar bom comportamento
depois de ter cumprido 10 anos de pena, de acordo com o jornal Bom Dia Brasil.
Como ele foi julgado à revelia, a defesa também pode tentar um novo julgamento.

Entenda o caso
Tanto os governos de esquerda quanto os de direita queriam que Battisti voltasse à Itália para cumprir
a sua pena, e o assunto está ocupando grande parte dos jornais italianos.
Battisti chegou ao Brasil em 2004. Ele foi preso no Rio de Janeiro em março de 2007 por uma ação
conjunta entre a Polícia Federal brasileira e agentes italianos e franceses. Dois anos depois, o então
ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu refúgio.
Em 2007, a Itália pediu a extradição dele e, no fim de 2009, o STF julgou o pedido procedente, mas
deixou a palavra final ao presidente da República. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou
a extradição.
Em setembro de 2017, o governo italiano pediu ao presidente Michel Temer que o Brasil revisasse a
decisão sobre Battisti.
No fim do ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF que desse prioridade
ao julgamento que poderia resultar na extradição.
Um mês depois do pedido da PGR, o ministro Luiz Fux mandou prender o italiano e abriu caminho
para a extradição, no início de dezembro.
Na decisão, o ministro autorizou a prisão, mas disse que caberia ao presidente extraditar ou não o
italiano porque as decisões políticas não competem ao Judiciário. No dia seguinte, o então presidente
Michel Temer autorizou a extradição de Battisti.
Desde então, a PF deflagrou uma série de operações para prender o italiano. No final de dezembro, a
PF já haviam sido feitas mais de 30 ações.
Battisti nega envolvimento com os homicídios e se diz vítima de perseguição política. Em entrevista
em 2014 ao programa Diálogos, de Mario Sergio Conti, na GloboNews, ele afirmou que nunca matou
ninguém.

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A mais longa paralisação da história dos EUA e a queda de braço entre Trump e democratas90

'Shutdown' completa 22 dias neste sábado (12/01) diante de impasse sobre orçamento. Presidente
americano quer quase US$ 6 bilhões para muro na fronteira; oposição se recusa a liberar o dinheiro.
A paralisação parcial do governo federal dos EUA completa 22 dias neste sábado (12/01) e já é o mais
longo "shutdown" da história americana. O bloqueio do orçamento é resultado da queda de braço entre o
presidente Donald Trump e a oposição democrata por causa da construção do muro na fronteira com o
México.
O atual impasse supera os 21 dias de paralisação que ocorreu durante a presidência de Bill Clinton,
entre 5 de dezembro de 1995 e 6 de janeiro de 1996.
Um quarto do governo federal está sem funcionar e 800 mil servidores públicos estão sem receber
salário, enquanto o financiamento de setores do governo não passa pelo Congresso. De um lado do cabo
de guerra, está Trump dizendo que só aprovará o orçamento deste ano se os congressistas incluírem no
projeto quase US$ 6 bilhões para a barreira física que, segundo ele, é a solução para impedir a imigração
ilegal nos EUA.
No outro lado, está a Câmara, controlada pela maioria de democratas, e que não concorda em incluir
a cifra e liberar o dinheiro, dizendo que a política migratória e os argumentos do governo sobre o tema
são enganosos e que fazem parte de uma "crise fabricada".

Apelo
Em pronunciamento na TV na quarta-feira (09/01), Trump apelou para um discurso emotivo e fez uso
de números controversos para tentar convencer os americanos, e principalmente a oposição, da
importância da barreira na fronteira sul do país.
"É passagem para uma grande quantidade de drogas ilegais, incluindo metanfetamina, heroína,
cocaína e fentanil. A cada semana, 300 dos nossos cidadãos morrem apenas pela heroína", destacou. O
presidente americano também atacou a oposição: “quanto sangue americano terá que ser derramado até
que o Congresso aprove?”.
As estatísticas e os números apresentados durante o discurso foram questionados pela oposição e
pela imprensa norte-americana, e o apelo não surtiu efeito.

Ninguém cede
Imediatamente após o discurso, os líderes democratas também foram à TV e reagiram às declarações
do presidente, exigindo que o governo fosse reaberto. "O presidente Trump deve parar de manter o povo
americano como refém, deve parar de fabricar uma crise e deve reabrir o governo", afirmou a presidente
da Câmara Baixa, Nancy Pelosi.
O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou também que é favorável a mais
segurança na fronteira dos EUA com o México, mas que o muro é desnecessário. "Os democratas e o
presidente querem uma segurança mais forte nas fronteiras. No entanto, discordamos fortemente do
presidente sobre a maneira mais eficaz de fazê-lo", disse.
Em reunião no Congresso no dia seguinte, Trump também foi irredutível e "bateu na mesa” e disse
que “não tinha nada para discutir”, segundo o prório Shummer.
No Twitter, o presidente chamou a reunião de "total perda de tempo" e disse que propôs a Pelosi
encerrar a paralisação se os democratas concordassem em aprovar a verba para o muro dentro de um
mês, mas que a presidente da Câmara recusou a oferta. “Eu disse tchau. Nada mais funciona!”,
acrescentou.

Artimanha
Ainda durante a semana, Trump visitou a fronteira mexicana e negou que tenha prometido durante a
campanha eleitoral que o México pagaria pelo muro: "Obviamente nunca disse isso e nunca quis dizer
que eles iam assinar um cheque. Eles vão pagar com o incrível acordo comercial que fizemos com o
México e o Canadá", referindo-se ao tratado que substitui o Nafta, e que resgata uma zona de livre
comércio entre os três países.
Uma manobra de Trump para levantar o muro mesmo sem o aval democrata foi colocada na mesa. É
a possibilidade de decretar emergência nacional, o que lhe permitiria usar verbas destinadas a obras
militares para construir o muro e driblar o impasse com o Congresso.

90
Felipe Turioni. A mais longa paralização da história dos EUA e a queda de braço entre Trump e democratas. G1 Mundo.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/12/a-mais-longa-paralisacao-da-historia-dos-eua-e-a-queda-de-braco-entre-trump-e-democratas.ghtml. Acesso em 14
de janeiro de 2019.

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Mas na sexta-feira, o presidente americano afirmou que não deve recorrer à artimanha tão cedo. "O
que não estamos procurando fazer agora é uma emergência nacional", disse Trump. Ele insistiu que tinha
autoridade para fazer isso, acrescentando que "não vai fazer tão rápido", porque ainda prefere trabalhar
com o Congresso. A iniciativa também estaria sujeita a ser imediatamente impugnada na Justiça.
A aliados, segundo agências de notícias, Trump disse que a briga pelo muro, mesmo sem conseguir
o financiamento solicitado, é uma questão de vitória política para ele.

Passa de 400 número de mortos em tsunami na Indonésia91

A cada dia aumenta o número de vítimas em decorrência do tsunami desencadeado após erupção do
vulcão Anak Krakatau, na região costeira da Indonésia. O balanço mais recente divulgado hoje (25/12) é
de 429 mortos e 1.459 feridos, além dos desaparecidos.
O tsunami, registrado há três dias, destruiu 882 casas, 73 hotéis, vilas e edifícios localizados no litoral.
De acordo com o porta-voz da Agência Nacional de Gerenciamento de Desastres, Sutopo Purwo
Nugroho, 16.082 pessoas foram deslocadas.
O desastre também destruiu um porto marítimo e 434 navios e embarcações nos distritos de
Pandeglang e Serang mais atingidos na província de Banten, e nos distritos de Lampung Selatan,
Panawaran e Tenggamus na província de Lampung.

Buscas
As buscas se estendem por terra e mar entre as ilhas de Java e Sumatra, já que muitas vítimas teriam
sido arrastadas pelas ondas. "Os navios que procuram as vítimas já recuperaram vários corpos no mar",
disse Sutopo.
Mais de 2 mil soldados e policiais, além de pessoal do escritório de busca e salvamento e do escritório
da agência de gestão de desastres participaram de uma operação de socorro emergencial.

Falhas
O porta-voz admitiu que falhas no sistema de alerta contribuíram para o agravamento da situação. "A
ausência e o fracasso dos primeiros sistemas de alerta de tsunamis contribuíram para as enormes baixas
porque as pessoas não tiveram oportunidade de serem deslocadas."
A agência de meteorologia e geofísica proibiu atividades nas áreas costeiras após o tsunami.
Em 26 de dezembro de 2004, um enorme tsunami desencadeado por um poderoso terremoto atingiu
países ao longo do Oceano Índico, matando 226 mil pessoas, incluindo 170 mil na província de Aceh, na
ponta norte da ilha de Sumatra, na Indonésia.

Vulcão
A área do vulcão Anak Krakatau está cercada de estâncias turísticas, uma zona industrial, uma
movimentada faixa de navegação e algumas áreas residenciais. No sábado, ondas de 4 a 5 metros
atingiram a costa.
Anak Krakatau é um dos 129 vulcões ativos na Indonésia, uma vasta nação de arquipélagos que abriga
17,5 mil ilhas, situada em uma zona propensa ao terremoto do chamado Anel de Fogo do Pacífico.

Protestos reúnem milhares de pessoas em Paris sob cerco da polícia92

Cerca de 10 mil pessoas participaram dos protestos em Paris, e 125 mil em toda a França. Torre Eiffel
e outros pontos turísticos ficaram fechados por conta das manifestações.
Milhares de manifestantes, chamados de "coletes amarelos", protestaram pelas ruas de Paris neste
sábado (08/12) pelo quarto final de semana consecutivo. Perto da Champs-Elysées, a polícia jogou gás
lacrimogêneo contra os manifestantes, que enfrentaram a polícia gritando "Macron renúncia!".
Segundo o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, 10 mil pessoas participaram dos protestos
em Paris, e 125 mil em toda a França. Castaner também afirmou que 1385 manifestantes foram detidos.
Os protestos deste sábado deixaram 135 feridos, sendo 118 manifestantes e 17 policiais. Vários
jornalistas também se feriram.

91
Agência Brasil. Passa de 400 números de mortos em tsunami na Indonésia. EBC Agência Brasil. http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-
12/passa-de-400-numero-de-mortos-em-tsunami-na-indonesia. Acesso em 26 de dezembro de 2018.
92
G1. Protestos reúnem milhares de pessoas em Paris sob cerco da polícia. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/12/08/manifestantes-comecam-a-
se-reunir-para-protestos-em-paris.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1. Acesso em 10 de dezembro de 2018.

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A polícia, que delimitou as ruas por onde os manifestantes poderiam passar, jogou bombas de gás
lacrimogêneo para dispersar os que haviam desobedecido a determinação, em ruas próximas à Champs-
Elysées, perto do Arco do Triunfo.
Além disso, usou canhões de água e cavalos contra os manifestantes, mas houve menos violência do
que na semana passada, quando manifestantes incendiaram 112 carros e saquearam lojas nos piores
tumultos em Paris desde maio de 1968.
Cerca de 89 mil policiais foram mobilizados em todo o país. Desses, 8 mil estão alocados em Paris,
para evitar as cenas da última semana, que contou com carros incendiados e com o Arco do Triunfo
pichado com frases contra o presidente francês Emmanuel Macron.
O primeiro-ministro, Édouard Philippe, presidiu na manhã deste sábado uma reunião com os
responsáveis de segurança no Ministério do Interior, entre eles o ministro da pasta, Christophe Castaner.
Pela primeira vez em mais de uma década, as forças da ordem em Paris contaram com blindados da
Gendarmeria (uma das forças militares encarregada da segurança do Estado francês) que podem
atravessar barricadas.
A manifestação de sábado é a quarta de uma série de protestos que ocorreram no último fim de
semana nos piores tumultos que a França testemunhou durante décadas, com a ira concentrada
principalmente no desempenho do presidente francês, Emmanuel Macron.
"Temos que mudar a República", disse uma manifestante à CNN. "As pessoas aqui estão famintas.
Algumas pessoas ganham apenas 500 euros por mês que não dá para viver. Queremos que o presidente
vá embora", disse.
Patrice, um pensionista de Paris, disse que estava protestando por causa do "governo, dos impostos
e de todos esses problemas. Temos que sobreviver".
O setor de varejo francês sofreu uma perda de receita de cerca de US$ 1,1 bilhão desde o início dos
protestos do colete amarelo no mês passado, disse a porta-voz da federação de varejo francesa, Sophie
Amoros, à CNN.

Cidade fantasma
Grande parte de Paris parecia uma cidade fantasma, com museus e lojas de departamento fechados,
no que deveria ter sido um dia festivo de compras antes do Natal.
Os turistas eram escassos e os residentes eram aconselhados a ficar em casa. Dezenas de ruas
ficaram fechadas para o tráfego, enquanto a Torre Eiffel e museus como o Louvre, o Musée d'Orsay e o
Centre Pompidou não abriram para o público.
Lojas de departamento também não abriram as portas por medo de saques que aconteceram em
outros dias de protesto, entre elas a Galeries Lafayette, Le Bon Marché, BHV e Printemps.
As áreas mais sensíveis por serem pontos de concentração dos "coletes amarelos", como o bairro da
Champs-Elysées, as praças da República e da Bastilha, foram fechadas para o tráfego desde o início da
manhã.
Diversos mercados e estabelecimentos públicos também não funcionaram, além de aproximadamente
40 estações de trem e metrô. Agências bancárias, cinemas, lojas, cafés e restaurantes cobriram suas
vitrines com tapumes e placas de fibra de vidro para se proteger de atos de vandalismo dos manifestantes.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, disse que "o governo estendeu a mão" com a
disponibilidade para o diálogo e medidas como a suspensão dos aumentos dos impostos sobre o
combustível que estava programado para janeiro: "Agora é preciso sentar à mesa e discutir".

Protestos na Bélgica
Houve protestos também em Bruxelas, capital da Bélgica, e cerca de 70 pessoas foram presas
preventivamente, segundo Ilse Van De Keere, porta-voz da área de Bruxelas-Capital-Ixelles. Dezenas de
pessoas se reuniram em dois lugares da capital belga, Arts-Lois e Porte de Namur, mas sem atos
violentos.
As autoridades implantaram cordões policiais onde estão concentradas as instituições do bloco
europeu (Comissão, Conselho e Parlamento Europeu), impedindo o acesso a veículos e pedestres.
Os "coletes amarelos" também bloquearam a autoestrada E17 em direção a Rekkem, cidade localizada
perto da fronteira francesa. Outra estrada que leva à fronteira francesa também foi bloqueada por
manifestantes.
O movimento foi exportado para a Bélgica, particularmente para a região francófona. Em 30 de
novembro, uma manifestação de 300 pessoas também terminou em tumultos em Bruxelas, onde eles
queimaram dois veículos da polícia.

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Confrontos
No sábado (01/12), houve confronto dos manifestantes com a polícia na Avenida Champs-Elysées, em
Paris, que deixou 130 feridos e mais de 400 detidos. Cerca de 36 mil saíram às ruas por toda a França
naquele dia.

Aumento cancelado
Os protestos foram mantidos apesar de o governo ter anunciado na quarta-feira (05/12) que desistiu
de aumentar os impostos de combustíveis. Inicialmente, a medida seria suspensa por seis meses, mas
depois o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, disse que o aumento não entraria no projeto
orçamentário de 2019.
Segundo a imprensa francesa, o presidente Emmanuel Macron tomou a decisão após perceber que a
primeira proposta não foi bem recebida pelos "coletes amarelos".
Apesar da desistência do aumento no imposto do combustível, os "coletes amarelos" continuam
exigindo mais concessões, incluindo impostos mais baixos, salário mínimo mais alto, custos de energia
mais baixos, melhores benefícios de aposentadoria e até a demissão de Macron.
As autoridades dizem que os protestos estão sendo usados pela extrema-direita e anarquistas
empenhados na violência e na agitação social.

O movimento
Os protestos começaram em 17 de novembro em oposição ao aumento dos impostos sobre os
combustíveis, mas, desde então, se tornaram um amplo movimento contra a política econômica e social
do presidente Emmanuel Macron.
O governo, encurralado pelas ruas, suspendeu o imposto sobre combustíveis e congelou os preços da
eletricidade e do gás durante o inverno.
No entanto, para os "coletes amarelos", que ampliaram suas reivindicações, essas concessões foram
insuficientes. Contam também com o apoio da maioria dos franceses (68%, segundo a última pesquisa).
Muitos dos "coletes amarelos", chamados assim pelo adereço fluorescente de segurança que usam,
se manifestam pacificamente, mas alguns se radicalizaram. Membros de grupos de extrema direita e de
extrema esquerda aproveitam os protestos para enfrentar a polícia, às vezes de forma brutal.
Alguns membros do coletivo fizeram um chamado a não participar de manifestações em Paris para
evitar mortes. Até o momento, não foram registradas vítimas diretas, mas quatro pessoas perderam a
vida em acidentes relacionados com os protestos.
Algumas embaixadas, como a de Estados Unidos, Bélgica e Portugal, aconselharam seus cidadãos a
adiar suas viagens e pediram aos residentes na França a aumentar as precauções.

Futuro da Europa na balança


Dominique Moisi, especialista em política externa do Institut Montaigne, de Paris, e ex-assessor de
campanha da Macron, disse à CNN que a presidência da França não está apenas em crise, mas que o
futuro da Europa também está na balança. "Dentro de alguns meses, haverá eleições europeias, e a
França deveria ser portadora de esperança e progresso europeu. O que acontecerá se não for mais? Se
o presidente está incapacitado de levar essa mensagem?", questionou.
"É sobre o futuro da democracia também; democracias não-liberais estão crescendo em todo o mundo.
E se Macron falhar, o futuro da França corre o risco de parecer a presidência da Itália hoje. E é muito
mais sério porque temos um Estado centralizado, que desempenha um papel importante no equilíbrio de
poder dentro da Europa. Mas não se engane, é uma versão francesa de um fenômeno muito mais global".
O movimento CGT da extrema esquerda da França prometeu apoio ao movimento, que também é
apoiado pelo líder da extrema direita, Marine Le Pen.

ONG estima que 85 mil crianças morreram de fome e doenças em guerra no Iêmen93

Confrontos entre rebeldes houthis e forças pró-governo levam escassez de comida e precarizam
atendimento médico no país.
HODEIDA — A ONG Save the Children estima que quase 85 mil crianças com menos de 5 anos
morreram de fome e doenças desde o início da guerra no Iêmen, em 2015. A organização alerta que, se
o conflito não for encerrado em breve, 14 milhões de pessoas correm o risco de grave carência de
alimentação. Segundo a ONG, pelo menos 84.700 crianças menores de 5 anos padeceram sob suspeita

93
The Independent. ONG estima que 85 mil crianças morreram de fome e doenças em guerra no Iêmen. O Globo Mundo. https://oglobo.globo.com/mundo/ong-
estima-que-85-mil-criancas-morreram-de-fome-doencas-em-guerra-no-iemen-23248178?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo.
Acesso em 22 e novembro de 2018.

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de má nutrição entre abril de 2015 e outubro deste ano — o equivalente a toda a população infantil de
Birmingham, a segunda maior cidade britânica.
Segundo moradores, em Hodeida, atual linha de frente do confronto entre rebeldes houthis e tropas
do governo iemenita apoiadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita, o preço dos alimentos subiu
pelo menos 400%. Apenas dois hospitais funcionam na cidade portuária, com acesso dificultado pela
proximidade dos confrontos e bombardeios.
"Para cada criança morta por bombas e balas, dezenas morrem de fome, e isso é inteiramente possível
de prevenir", destacou o diretor da Save the Children para o Iêmen, Tamer Kirolos. "Por conta dos
confrontos, os pais demoram a levar as crianças para tratamento de má nutrição, quando seus órgãos
internos não funcionam, e elas têm múltiplas infecções provocadas pela fraqueza."
Segundo Kirolos, quando a desnutrição chega a esse ponto há pouco que os médicos possam fazer
para salvar as crianças. A ONG alerta que o número de casos aumentou desde que a coalizão saudita
impôs um bloqueio de um mês ao país empobrecido, há um ano.
Em 15 de novembro, o pai Saleh al-Faqeh segurava as mãos da filha de 4 meses, Hajar, quando ela
dava os últimos suspiros no principal hospital de Sanaa. Ela havia sido levada na semana anterior ao
centro al-Sabeen com grave má nutrição. A família, moradora do reduto houthi de Saada, não conseguiu
recuperar a pequena em dois meses de internação no hospital local e decidiu transferi-la à capital, em
jornada perigosa por estradas frequentemente bombardeadas pela coalizão saudita.
Fouad al-Reme, enfermeira do al-Sabeen, recordou que Hajar chegou consciente ao hospital, mas
sofreu com baixos níveis de oxigênio. "Ela era pele e osso, seu corpo estava enfraquecido", lamentou a
profissional.
A aliança pró-saudita lançou bombardeios em 2015 contra os rebeldes houthis, apoiados pelo rival Irã,
que haviam tomado o controle do país e forçado o presidente Abed Rabbo Mansour Hadi a fugir e se
exilar em Riad. Desde então, as batalhas levaram o país à crise humanitária e o fizeram sucumbir à fome.
Os bombardeios mataram centenas de pessoas, embora as forças lideradas pelos sauditas digam não
mirar em civis.
Aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, apelaram por um cessar-fogo diante de novos
esforços de paz da ONU. O cenário acompanha ainda a crescente reserva de governos sobre o conflito
desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita de Istambul, por ordens de altos
funcionários de Riad. O enviado das Nações Unidas para o conflito no Iêmen, Martin Griffiths, chegou à
capital Sanaa nesta quarta-feira para relançar as negociações de paz. A ideia é organizar reuniões na
Suécia.
Mais de dois terços da população hoje dependem de ajuda humanitária para sobreviver no Iêmen.
Segundo a ONU, 400 mil crianças correm risco de morrer de fome - 15 mil a mais que a previsão do ano
passado. Nos últimos cinco meses, o conflito se intensificou com a incursão das forças iemenitas e
sauditas para cercar Hodeidah, lar de 300 mil pessoas. Representante do Unicef no país, Meritxell Relano
destacou em setembro que 80% da população iemenita de menos de 18 anos estão vulneráveis a
escassez de comida, doenças e falta de acesso a serviços sociais básicos.
Pelo menos 80% da comida e dos suprimentos médicos do Iêmen chegam pela cidade portuária. Mas
as importações comerciais despencaram em meio às batalhas. Neste momento, os mantimentos que
entram no país só atendem a 16% da população, segundo a Save The Children.
Declarações públicas de houthis e forças governamentais deram esperança de cessar-fogo e abertura
à ajuda humanitária no começo da semana. O governo iemenita destacou na segunda-feira que
participaria das negociações de paz da ONU, marcadas para o próximo mês. Horas antes, o represente
dos rebeldes Mohammed Ali al-Houthi havia anunciado a suspensão de operações militares.
No mesmo dia, o Reino Unido apresentou um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da
ONU, no qual pede uma trégua imediata em Hodeida e dá às tropas o prazo de duas semanas para
eliminar todas as barreiras à ajuda humanitária na região, segundo texto obtido pela AFP. Apesar dos
apelos por paz, combates violentos irromperam horas depois em Hodeida. Os rebeldes lançaram fogo, e
as forças pró-governo responderam com ataques.

Por que Macron e Merkel defendem a criação de um exército europeu?94

Presidente da França e chanceler alemã enfrentam resistência da Otan e de parte dos países da União
Europeia.
O eixo franco-alemão une forças na defesa de um exército europeu que tornaria o bloco menos
dependente da Otan e, por consequência, dos Estados Unidos. A ideia não é nova, vem sendo defendida
94
Sandra Cohen. Análise: Por que Macron e Merkel defendem a criação de um exército europeu? G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/11/19/por-
que-macron-e-merkel-defendem-a-criacao-de-um-exercito-europeu.ghtml. Acesso em 20 de novembro de 2018.

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desde a década de 1950. Na nova versão, tem o patrocínio de dois líderes que enfrentam problemas
internos em seus países -- o presidente Emmanuel Macron e a chanceler Angela Merkel.
Ambos advogam que o cenário atual é vulnerável e promissor para uma Europa unida e também
soberana. A militarização do bloco faria frente, por exemplo, às investidas do presidente dos EUA, Donald
Trump, que frequentemente entoa um mantra ameaçando a sobrevivência da aliança transatlântica. Com
29 países, a Otan, entre outros objetivos, protege a Europa desde a Guerra Fria.
O presidente americano exige mais contribuições financeiras de seus sócios europeus e reclama que
a maioria não pagou sua parte de 2% do PIB com gastos de defesa. Maior financiador da Otan, os EUA
de Trump já pularam fora de organismos e acordos multilaterais, como o do Irã e o do clima, deixando
seus tradicionais aliados em permanente posição de alerta.
Internamente, a liderança da União Europeia também vem sendo abalada pela ascensão de grupos
nacionalistas e de extrema-direita, a seis meses das eleições para o Parlamento Europeu.
Há demandas do bloco, como combate a fluxo migratório, terrorismo e ataques cibernéticos, que já
não se encaixam às atribuições originais da Otan. Por isso, ministros de Relações Exteriores e de Defesa
da União Europeia estão reunidos por dois dias em Bruxelas para reforçar as bases desta independência
e negociar também um fundo comum de 13 bilhões de euros no campo militar e de segurança.
Mas daí a tornar viável a formação de um exército europeu, que rivalize com a Otan, é um árduo
caminho que já enfrenta resistência de boa parte dos países-membros e da própria aliança transatlântica.
A Otan é e continua a ser a pedra angular de nossa política de defesa”, resumiu o primeiro-ministro
holandês, Mark Rutte.
Evitar a duplicidade com a aliança atlântica acaba sendo o principal argumento dos que rejeitam a
ideia de uma força militar europeia. Macron e Merkel aproveitaram as comemorações do centenário do
fim da Primeira Guerra Mundial para, num esforço contraditório, defender a criação de um exército que
ponha a Europa no caminho da paz.

O que levou a Venezuela ao colapso econômico e à maior crise de sua história95

Veja quais foram as condições econômicas e políticas que levaram o país caribenho a uma das piores
recessões da história; êxodo de venezuelanos que sofrem com pobreza e fome já está próximo ao da
situação de refugiados na Europa, segundo a ONU.
A crise na Venezuela vem ganhando contornos de tragédia há alguns anos. A fome fez os
venezuelanos perderem, em média, 11 quilos no ano passado. A violência esvazia as ruas das grandes
cidades quando anoitece. E a situação provocou um êxodo em massa para países vizinhos. Esta semana,
uma reportagem da BBC News relatou a situação de corpos que explodem nos necrotérios pela falta de
eletricidade para refrigeração.
O país vizinho vive a maior recessão de sua história: são 12 trimestres seguidos de retração
econômica, segundo anunciou em julho a Assembleia Nacional, o parlamento venezuelano, que
atualmente é controlado pela oposição.
A dimensão do colapso pode ser vista nos números do Produto Interno Bruto. Entre 2013 e 2017, o
PIB venezuelano teve uma queda de 37%. O Fundo Monetário Internacional prevê que, neste ano, caia
mais 15%.
A situação tem sido explorada também na campanha eleitoral brasileira. Candidatos e eleitores de
oposição ao Partido dos Trabalhadores, que historicamente apoiou os governos de Hugo Chávez e
Nicolás Maduro, tentam usar o fracasso venezuelano como alerta do que poderia ocorrer no Brasil.
Fernando Haddad e a crise na qual está imerso o país caribenho. Os petistas, por sua vez, lembram que
Chávez era um militar e é com apoio e participação direta das Forças Armadas que seu sucessor governa.
Em agosto, a Organização Internacional para as Migrações, ligada à Organização das Nações Unidas,
disse que o aumento do número de pessoas deixando a Venezuela por causa do colapso econômico
hiperinflacionário faz o momento de crise estar próximo ao dos refugiados e migrantes que atravessam o
Mediterrâneo rumo à Europa.
Mas como a situação na Venezuela chegou a esse ponto?
A BBC News Brasil faz aqui um resumo de como a Venezuela entrou em colapso.

1 - Crise do petróleo
A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo - e o recurso é praticamente a única fonte
de receita externa do país.

95
BBC. O que levou a Venezuela ao colapso econômico e à maior crise de sua história. G1 Política. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/10/22/o-que-levou-
a-venezuela-ao-colapso-economico-e-a-maior-crise-de-sua-historia.ghtml. Acesso em 23 de outubro de 2018.

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Após a Primeira Guerra Mundial, sucessivos governantes venezuelanos deixaram o desenvolvimento
agrícola e industrial de lado para focar em petróleo, que hoje responde por 96% das exportações - uma
dependência quase total.
A aposta no petróleo foi segura durante anos e deu bons resultados nos momentos em que o preço
do barril estava alto. Entre 2004 e 2015, nos governos de Hugo Chávez e no início do de Nicolás Maduro
- eleito em 2013 após a morte de seu padrinho político, no mesmo ano -, o país recebeu 750 bilhões de
dólares provenientes da venda de petróleo.
O governo chavista aproveitou essa chuva dos chamados "petrodólares" para financiar de programas
sociais a importações de praticamente tudo que era consumido no país.
Mas, em 2014, o preço do petróleo desabou. Em parte devido à recusa de Irã e Arábia Saudita - outros
dois dos grandes produtores - em assinar um compromisso para reduzir a produção. Outros fatores foram
a desaceleração da economia chinesa e o crescimento, nos EUA, do mercado de produção de óleo e gás
pelo método "fracking" - o fraturamento hidráulico de rochas.
No início daquele ano, depois de ter alcançado um pico de US$ 138,54 em 2008, o preço do barril de
petróleo era negociado a cerca de US$ 100 dólares e caiu pela metade no fim do ano, mantendo essa
queda significativa até este ano, quando voltou a atingir o patamar de US$ 80.
Além de receber menos dinheiro por seu principal produto, a Venezuela também teve uma queda
significativa na produção. Quando Chávez assumiu pela primeira vez o país, em 1999, a produção era de
mais de 3 milhões de barris por dia. Hoje, é de cerca de 1,5 milhão, segundo a Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep) - é o pior nível em 33 anos.
Essa queda de produção aconteceu principalmente pela má gestão da PDVSA, a Petróleos de
Venezuela, estatal que gere a exploração do recurso no país com exclusividade. Em 2007, Chávez
ordenou que todas as empresas estrangeiras cedessem a maior parte do controle de suas atividades de
exploração ao Estado venezuelano. Companhias com o a Exxon não aceitaram, tiveram seus bens
confiscados e batalhas jurídicas por indenizações se desenrolam até os dias atuais.
Na PDVSA, Não houve investimento em infraestrutura e a empresa sofre com má gestão e alto grau
de corrupção. Para se ter uma ideia, desde agosto de 2017, a Justiça venezuelana processou 90 ex-
funcionários da petroleira por corrupção. Em setembro, o Ministério Público de lá mandou prender 9
diretores.
O Departamento de Justiça dos EUA também conduziu uma investigação com base em Miami que
revelou um esquema de lavagem de dinheiro da PDVSA que desviou US$ 1,2 bilhão, entre 2014 e 2015.
A operação chamada Fuga de Dinheiro contou com a cooperação de Reino Unido, Espanha, Itália e Malta.
Dois suspeitos foram presos.
Outra coisa que ajudou a prejudicar as finanças da PDVSA foi a criação, ainda no governo Chávez, da
Petrocaribe, uma iniciativa na qual a Venezuela se comprometia a fornecer petróleo a preços muito mais
baixos para países caribenhos aliados ao chavismo, com longos prazos para pagamento. Era como
emprestar dinheiro com retorno a perder de vista. Com o aprofundamento da crise, a iniciativa começou
a minguar e países como Jamaica e República Dominicana passaram a buscar outros contratos para seu
abastecimento.

2 - Dependência das importações e controle cambial


Com o foco voltado para o petróleo e usando parte do dinheiro arrecadado com as exportações do
combustível para sustentar programas sociais, o chavismo não se preocupou com o desenvolvimento
agrícola e industrial do país. O governo não investiu nem na própria indústria do petróleo - levando à
queda na produção de barris.
Chávez tomou uma série de medidas que acabaram emperrando o desenvolvimento da indústria local:
nacionalizou as indústrias de cimento e aço, entre outras, e expropriou centenas de empresas e de
propriedades rurais.
O setor privado foi levado a substituir a produção própria pelas importações mais baratas, subsidiadas
pelo governo. Além disso, o governo adotou uma política de controle de preços, segurando artificalmente
a inflação, o que ajudou ainda mais a acabar com a indústria local.
A Venezuela passou a depender mais e mais de importações - de alimentos e medicamentos até pneus
e peças de reposição para o sistema de metrô das grandes cidades. Nos dois últimos anos, com menos
dinheiro para importação, a questão do desabastecimento - e, consequentemente, da fome - se agravou.
O governo também implantou uma política cambial para segurar o valor do bolívar, a moeda local,
controlando a compra de dólares pela população, o que gerou um mercado paralelo da venda da divisa
americana.
Com o controle cambial veio um aumento significativo da corrupção, com desvio de dólares para o
mercado paralelo, onde a moeda valia até 12 vezes o preço do câmbio oficial. O governo tentou manobras

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diversas para tentar conter a escalada do paralelo - como a criação de bandas cambiais distintas que
seriam aplicadas em diferentes situações. Mas não houve resultado concreto e o câmbio ilegal continuou
a corroer o já combalido sistema econômico.
"Chávez capitalizou um descontentamento social que existia desde governos passados, com uma
desigualdade social acentuada, e o início de seu governo marcado pelo peso elevado que deu ao Estado
e pelo aspecto populista. Isso se caracterizou por um repúdio à propriedade privada e a um menor papel
do mercado, o que resultou num estrito controle de preços e transações cambiais", afirma à BBC New
Brasil o economista Luis Arturo Bárcenas, da consultoria venezuelana Ecoanalítica.
"Ele satanizou o livre-mercado. O Estado passou a ser um grande aparato produtivo e centralizador.
Então, isso vem de um forte subsídio cambial, onde artificialmente se deu um valor à moeda local maior
que as estrangeiras. Isso acabou tornando muito mais barato para os produtores locais importarem do
que produzir internamente."
O Estado também viu seus gastos públicos aumentarem para conseguir manter os programas sociais.
A dívida externa também aumentou em cinco vezes, com estimativa do FMI de bater os US$ 159 bilhões
neste ano - este montante inclui títulos de dívida pública emitidos pelo governo e pela PDVSA e créditos
com China e Rússia. Em 2015, a dívida era de US$ 31 bilhões, segundo estimativas do FMI.

3 - Hiperinflação
Ao tentar supervalorizar a moeda venezuelana, o governo provocou distorções de valores que, além
de causarem a crise de desabastecimento, contribuíram para um cenário de hiperinflação.
Além disso, com a queda do preço do petróleo e uma redução no fluxo de divisas, o governo passou
a imprimir mais dinheiro para cobrir o rombo nas contas públicas e isso foi gerando cada vez mais inflação.
A previsão do Fundo Monetário Internacional é que neste ano a inflação na Venezuela chegue a 1
milhão % (Isso significa você multiplicar por 10 mil o preço de um produto). Por dia, o FMI estima em 4%
o valor da inflação no país vizinho.
A hiperinflação fez com que faltassem até cédulas de dinheiro circulando, já que as pessoas passaram
a precisar de muito mais dinheiro para comprar qualquer coisa. Para tomar um café ou comprar um papel
higiênico, por exemplo, aqueles que não usam cartão de débito do banco, passaram a ter de carregar
pilhas de cédulas de bolívar - quando conseguiam sacar dinheiro.
"Com a escassez de divisas produtoras, recorremos muito mais a financiamentos e imprimimos muito
dinheiro, com o Estado gastando sem gerar mais recursos", diz o economista Bárcenas.
Com a deterioração da situação, o chavismo adotou uma espécie de controle artificial da inflação:
obrigava os comerciantes a adotarem um preço abaixo do que eles gastavam para produzir, porque
precisavam importar os insumos. Então, indústrias e comerciantes começaram a quebrar.
A hiperinflação provocou uma pulverização da renda e a pobreza aumentou. Em 2017, o índice de
pessoas na linha da pobreza no país de 30 milhões de habitantes chegou a 87%, um aumento de 40
pontos percentuais em três anos, segundo levantamento da Universidade Católica Andrés Bello.
Vale lembrar que na era Chávez, a pobreza na Venezuela havia caído em mais de 20%, de acordo
com a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), e o país passou a registrar a menor
desigualdade entre ricos e pobres entre países latino-americanos, de acordo com relatório da ONU.

4 - Crise política
A Venezuela vive também uma intensa crise política. O país está dividido entre os chavistas e os
opositores, que esperam o fim dos 19 anos de poder do grupo que atualmente se reúne em torno do
Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Nos últimos anos, a independência entre os Poderes se
reduziu na prática, o que contribuiu ainda mais para a situação crítica atual.
Em 2007, em seu segundo mandato, Chávez conseguiu, por meio de um referendo com voto popular,
aprovação para alterar a Constituição e mudar a regra de reeleição para presidente. Desde então, os
presidentes venezuelanos passaram a poder concorrer a reeleições sem limites.
O chavismo, projeto de poder que se consolidou a partir da primeira eleição de Hugo Chávez, tem
como elementos centrais uma atuação muito maior do Estado e a defesa de medidas que ampliam a
participação social na política - um exemplo é a organização de "comunas" nos bairros mais carentes das
principais cidades, órgãos que se articulam, por sua vez, com o Legislativo local para apresentar
demandas e controlar o fluxo de entrada de alguns programas sociais.
Também é caracterizado por uma política "anti-imperialista", defendendo a integração dos povos sul-
americanos para combater a influência dos Estados Unidos na região. No chavismo, o mandatário tem
seu poder baseado num forte militarismo.
Depois da morte de Chávez, em 2013, Nicolás Maduro, que era seu vice-presidente e também do
PSUV, já foi eleito e reeleito presidente com a promessa de dar continuidade às políticas do antecessor.

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Só que Maduro herdou a Venezuela já entrando em colapso econômico e tomou medidas que
contribuíram mais para a crise.
No início de 2014, o país foi tomado por uma onda de protestos contra Maduro. A repressão do Estado
foi violenta. Entre fevereiro e junho, 43 pessoas morreram. O líder oposicionista Leopoldo López foi preso.
Em 2015, o chavismo perdeu o controle do Parlamento e isso fez com que a situação do país se
agravasse, já que Maduro acusa constantemente os oposicionistas de tentarem tirá-lo do poder por meio
de um golpe.
Após a derrota, ele decidiu convocar uma Assembleia Nacional Constituinte - na prática, uma manobra
para esvaziar totalmente o poder do Legislativo comandado pelos opositores e criar uma instância
paralela de decisão.
E essa instância paralela funciona com ajuda do Judiciário, que é acusado pela oposição de ser
totalmente chavista, já que o governo indicou a maioria dos juízes - Chávez aumentou o número de
integrantes do Tribunal Supremo de Justiça (TSE), equivalente ao STF no Brasil, para compor uma
maioria com seus indicados.
Em março de 2017, o TSJ assumiu funções do Legislativo, acusando o Parlamento de desobediência.
A ação foi denunciada como golpe pela oposição e, dois dias depois, o tribunal voltou atrás.
A acusação é, portanto, de que não há independência entre os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário na Venezuela.
"Na Venezuela, o Judiciário é politizado e muito forte. Ele se transformou em um anexo do Executivo",
diz à BBC News Brasil Rafael Vila, professor da faculdade de relações internacionais da USP
(Universidade de São Paulo).
Em maio de 2017, após Maduro convocar a Assembleia Constituinte, dizendo que ela irá renovar o
Estado e redigir uma nova Constituição, a Venezuela viu mais uma vez uma onda de protestos violentos
tomar o país. Mais de 120 pessoas morreram e 2 mil ficaram feridas.
Em maio deste ano, para agravar a crise, Maduro foi reeleito com 68% dos votos numa eleição
contestada dentro e fora do país. O mandatário foi reconduzido ao cargo num pleito que teve 54% de
abstenção.
Na ocasião, o candidato derrotado da oposição, Henri Falcón, disse que não reconhecia a eleição e
acusou Maduro de usar o Estado para coagir os mais pobres a votarem.
Falcón acusou o governo de influenciar a votação através do Carnê da Pátria, documento que permite
que os venezuelanos recolham benefícios do governo e usem os serviços públicos. Maduro prometeu
que quem votasse no dia do pleito teria direito a um benefício extra concedido pelo governo.
A oposição acusou o governo de compra de votos e a maior parte dos oposicionistas boicotou o pleito.
O governo afirmou que as eleições foram "livres e justas". Com muitos candidatos-não governistas
impossibilitados de concorrer ou presos, a oposição disse que o pleito não tem legitimidade e que há
indícios para desconfiar de fraude eleitoral.
Toda essa instabilidade política contribuiu para agravar a crise venezuelana. Após a reeleição de
Maduro, a OEA (Organização dos Estados Americanos) pediu a suspensão da Venezuela da entidade. O
Brasil, além de EUA, Canadá, Argentina, Peru e México, entre outros, foi um dos países que pediu a
suspensão da Venezuela da organização continental, alegando desrespeito à Carta Democrática
Interamericana e ilegitimidade da reeleição de Maduro.
Os dois únicos países suspensos da OEA até hoje foram Cuba, em 62, quando Fidel Castro se aliou
à então União Soviética, e Honduras, em 2009, após o golpe de Estado que destituiu o presidente Manuel
Zelaya.
A Venezuela já havia se adiantado a esse processo e pedido seu desligamento da OEA em 2017,
alegando que a organização estaria dominada pelas "forças imperiais" americanas. Esse fato, no entanto,
não impede que o processo de suspensão continue e que o país sinta seus efeitos diplomáticos. A
suspensão significaria que todas as nações americanas confirmaram que a Venezuela não segue mais a
ordem democrática.
Se a suspensão for confirmada, o país terá ainda mais dificuldade para obter apoio internacional,
principalmente na Europa e na Ásia.
A Carta Democrática Interamericana foi criada em 2001 e regula o funcionamento das democracias
dos 35 países-membros da OEA. O documento prevê a possibilidade de suspensão em caso de
descumprimento dos princípios que a regem.
Em junho, quando houve a assembleia da OEA, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio
Nunes Ferreira, afirmou que o governo de Maduro tem características de um regime que não é
democrático, como perseguição da oposição, falta de liberdade de imprensa e ausência de liberdade de
organização política.

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5- Poder militar e controle da imprensa
Um outro ponto que contribuiu para a crise venezuelana foi a forte presença do Exército na gestão do
Estado.
Em 25 anos, a Venezuela sofreu três tentativas de golpe de Estado pelos militares. Uma delas foi
deflagrada por um grupo do qual o então coronel Chávez era líder, em 1992.
Preso após a tentativa de golpe militar, ele foi solto anos depois e conseguiu se eleger em 1998.
Chávez trouxe as Forças Armadas para seu governo. Ele nomeou vários generais para cargos em
estatais, substituindo funcionários técnicos especializados.
Uma das empresas que teve parte de seu corpo técnico substituído por militares foi a petroleira
PDVSA, o que, segundo especialistas, explica em parte o fato dela não ter investido em melhorias, não
ter se desenvolvido.
O chavismo também colocou militares para atuarem como ministros. Um terço do gabinete de Maduro
é composto por militares e ex-militares.
Pela Constituição venezuelana, as Forças Armadas deveriam ser apolíticas. Mas o ministro da Defesa,
general Vladimir Padrino, escreve em seus despachos "Chávez vive, a pátria continua. Independência e
pátria socialista".
Durante a crise de abastecimento iniciada em 2016, Maduro também passou o controle da produção,
importação e distribuição de alimentos para o Exército. Há graves acusações de corrupção envolvendo o
controle dos militares desse setor chave na crise.
Outro fator que contribuiu para a crise venezuelana é o estrito controle da imprensa. Veículos
considerados de oposição foram comprados por chavistas, enquanto outros foram fechados (caso da
emissora RCTV, que teve sua concessão cassada).
Em outros casos, o chavismo sufocou o suprimento de papel-jornal para veículos de linha editorial
opositora - o governo venezuelano controla, por meio de uma corporação estatal, a importação e a
distribuição do insumo.

Trump diz que 'todos os esforços' estão sendo feitos para deter migrantes hondurenhos96

Presidente dos Estados Unidos disse que grupo deve solicitar asilo no México. Mais cedo, vice-
chanceler hondurenha disse que mais de 2 mil pessoas decidiram voltar para casa.
O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou neste domingo (21/10) que "todos os esforços"
estão sendo feitos para "deter o ataque" de milhares de migrantes hondurenhos que caminham em
caravana do México com destino aos Estados Unidos. "Todos os esforços estão sendo feitos para impedir
que o ataque de estrangeiros ilegais atravesse nossa fronteira sul", publicou o presidente nas redes
sociais.
"Primeiramente, estas pessoas têm que solicitar asilo no México. Caso não o façam, os Estados Unidos
irão recusá-las", ressaltou Trump.
"As caravanas são uma desgraça para o Partido Democrata. Mudem agora as leis migratórias",
acrescentou, após acusar os democratas de terem incentivado as migrações em massa para os Estados
Unidos.
Milhares de hondurenhos avançavam neste domingo para os Estados Unidos a partir de Ciudad
Hidalgo, no sul do México, enquanto outros aguardavam em uma ponte fronteiriça para entrar legalmente
em território mexicano.
Autoridades mexicanas tiveram sucesso, em um primeiro momento, em bloquear a caravana, mas
muitos hondurenhos conseguiram entrar ilegalmente naquele país.

Volta voluntária
Mais 2 mil cidadãos de Honduras que integravam a caravana de imigrantes que saiu no dia 13 de seu
país com a intenção de chegar aos Estados Unidos decidiram retornar a seu país de maneira voluntária,
informou neste domingo a vice-chanceler hondurenha, Nelly Jerez, segundo a agência EFE.
"Até o momento, retornaram a Honduras mais de 2 mil compatriotas da Guatemala e da fronteira com
o México, que foram auxiliados e atendidos em suas necessidades básicas, o que garantiu um retorno
seguro e ordenado às suas comunidades de origem", destacou.
Além disso, Jerez afirmou que, nas próximas horas, será realizada a transferência de mais de 400
hondurenhos, que serão atendidos no Centro de Atendimento ao Migrante Retornado em Omoa.

96
France Presse. Trump diz que ‘todos os esforços’ estão sendo feitos para deter migrantes hondurenhos. G1 Mundo.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/10/21/trump-diz-que-todos-os-esforcos-estao-sendo-feitos-para-deter-migrantes-hondurenhos.ghtml. Acesso em 22 de
outubro de 2018.

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Jerez indicou que devido à "mobilização irregular atípica", o governo hondurenho colocou à disposição
de seus cidadãos o Centro de Atendimento Móvel em Agua Caliente, a passagem fronteiriça entre
Honduras e Guatemala, que permanece fechada temporariamente desde ontem, depois que centenas de
imigrantes atravessaram a divisa e seguiram rumo ao país vizinho.

Caravana
Milhares de imigrantes que começaram a travessia no dia 13 retomaram neste domingo o caminho
para os Estados Unidos depois de passarem pelos trâmites migratórios do México, cujo governo advertiu
que irá deportar os que entrarem ilegalmente em seu território.
De acordo com fontes da Defesa Civil do México, mais de 3 mil imigrantes estão percorrendo os quase
40 quilômetros entre Ciudad Hidalgo e Tapachula, a segunda cidade mais importante do estado mexicano
de Chiapas, onde anunciaram que passarão a noite.
O Ministério das Relações Exteriores do México informou que, até 19 de outubro, tinham chegado à
fronteira sul do país cerca de 4.500 imigrantes centro-americanos, que receberam atenção constante e
atendimento humanitário.
Exaustas e famintas, as pessoas que participam da caravana chegaram à fronteira depois de
caminharem centenas de quilômetros na chuva e no calor, comendo e dormindo como podiam.
Os imigrantes, entre os quais idosos, crianças e mulheres grávidas, cruzaram a ponte sobre o rio
Suchiate, que liga a Guatemala ao território mexicano, correndo, tomados pela euforia por terem
finalmente deixado a Guatemala para trás.
Pouco mais de 2.200 imigrantes se mantêm na ponte fronteiriça entre Ciudad Hidalgo (México) e Tecún
Umán (Guatemala). Segundo o Ministério de Relações Exteriores do México, os imigrantes estão
recebendo água e atendimento médico e já foram informados sobre os trâmites pelos quais devem passar
para entrar no país.

Greve geral contra governo Macri paralisa transportes e serviços na Argentina97

Bancos, comércios, escolas, universidades e repartições públicas foram fechados. Voos também foram
cancelados.
A quarta greve geral contra a política econômica do governo de Mauricio Macri, convocada pela
principal central sindical da Argentina, paralisa transportes e serviços nesta terça-feira (25/09) no país.
A greve foi convocada no momento em que Macri está em Nova York para participar da Assembleia
Geral da ONU e se reunir com investidores para tentar transmitir confiança.
Pelo menos 15 milhões de pessoas estão sendo afetadas pela paralisação, que afeta o funcionamento
de ônibus, metrô e trens. Desde o final da tarde de ontem, as seis linhas do metrô de Buenos Aires
estavam completamente paralisadas, aderindo a greve e não funcionarão novamente até amanhã,
informa a agência EFE.
Nos aeroportos, empresas como Aerolíneas Argentinas e Latam já anunciaram o cancelamento de
todos seus voos domésticos, por isso sugeriram aos clientes que reprogramem suas viagens. Não há
transporte de caminhões, bancos, comércios, escolas, universidades e repartições públicas foram
fechadas.
Nos hospitais públicos do país, devem funcionar os serviços mínimos para emergências. Os serviços
de coleta de lixo e postos de combustível também serão afetados pela paralisação.
A paralisação, promovida pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), visa protestar contra os ajustes
do governo em meio à crise que afeta o país pela desvalorização abrupta do peso argentino registrada
desde o final de abril, a alta inflação (que deve superar 40% em 2018), e a queda da atividade econômica.
Os líderes sindicais exigem reposição salarial e também rejeitam o acordo com o FMI.
As greves anteriores de 24 horas promovidas contra o atual governo por parte da CGT aconteceram
em abril e dezembro de 2017 e no final do último mês de junho.
O presidente argentino reiterou que este não é "um momento oportuno" para fazer uma nova greve,
que segundo as estimativas terá um custo econômico de aproximadamente 31,6 bilhões de pesos
argentinos (US$ 847,16 milhões), equivalente a 0,2% do Produto Interno Bruto.
A greve deve causar um prejuízo de US$ 850 milhões ao país, o equivalente a 0,2% do PIB, segundo
o próprio governo. Na verdade, alguns setores começaram a greve já na segunda-feira (24/09)
A expectativa é que até sexta-feira haja o anúncio de um novo acordo financeiro com o FMI. Em
entrevista para a Bloomberg TV na segunda-feira (24/09), Macri disse que o país estava perto de atingir

97
Economia. Greve Geral contra governo Macri paralisa transportes e serviços na Argentina. G1 Economia. https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/09/25/greve-
geral-contra-governo-macri-paralisa-transportes-e-servicos-na-argentina.ghtml. Acesso em 25 de setembro de 2018.

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um acordo final com o FMI, e que havia "chance zero" de que a Argentina daria default em sua dívida
externa no próximo ano.

Crise na Argentina
Pouco mais de dois anos depois de encerrar a disputa com os chamados “fundos abutres”, a Argentina
se viu diante de um novo impasse financeiro. Com sua moeda despencando, o país subiu a taxa de juros
ao maior patamar do mundo, consumiu boa parte de suas reservas em dólares, buscou ajuda do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e tentava buscar a confiança de investidores para evitar uma nova corrida
cambial.
O custo desse acúmulo de problemas acaba pesando diretamente no bolso dos argentinos. A
expectativa é de disparada de inflação, superando as projeções iniciais. Além disso, o crescimento da
economia do país neste ano deve ser menor que o previsto. O ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne,
admitiu que "a Argentina terá mais inflação e menos crescimento num curto prazo".
Em junho, o governo argentino assinou um acordo com o FMI de US$ 50 bilhões. A primeira parcela,
de US$ 15 bilhões, foi liberada logo após a assinatura, enquanto os outros US$ 35 bilhões estavam
previstos para ser liberados ao longo dos três anos de duração previstos para o acordo.

Suprema Corte da Índia descriminaliza homossexualidade98

Em decisão histórica, juízes julgam inconstitucional lei da era colonial que punia "atos contra a
natureza" com até dez anos de prisão, numa grande vitória para os defensores dos direitos da
comunidade LGBT.
A Suprema Corte da Índia decidiu nesta quinta-feira (06/09) pela descriminalização das relações
sexuais entre pessoas do mesmo sexo no país. Os juízes revogaram uma lei do período colonial que
estabelecia que atos homossexuais poderiam ser puníveis com até dez anos de prisão, numa vitória
histórica para os defensores dos direitos dos membros da comunidade LGBT.
O tribunal anulou uma sentença de 2013 que validava uma lei britânica de mais de 150 anos que punia
os chamados "atos contra a ordem natural". Os cinco juízes que compõem a corte foram unânimes ao
considerar inválido o artigo 377 do Código Penal indiano que criminalizava as relações homossexuais.
Mesmo que poucas pessoas acabassem sendo presas, a lei era muitas vezes utilizada pelas
autoridades como uma ferramenta para reprimir a comunidade gay do país e justificar atos
discriminatórios. "O artigo 377 é arbitrário. A comunidade LGBT possui os mesmos direitos que os demais.
A visão majoritária e a moralidade geral não podem ditar os direitos constitucionais", afirmou o presidente
da Suprema Corte do país, Dipak Misra.
O advogado das cinco pessoas que entraram com recursos na Justiça pedindo a anulação do artigo
argumentou que a punição prevista no Código Penal era inconstitucional porque punia pessoas em idade
adulta que agem com consentimento mútuo.
Em 2009, um tribunal de Nova Déli havia declarado inconstitucional o artigo 377, mas três juízes da
Suprema Corte reverteram a decisão em 2013, afirmando que cabia ao Parlamento aprovar a medida.
Uma vez que não houve avanços, o governo pediu em julho que a Suprema Corte mais uma vez avaliasse
a questão.
Na última década, a aceitação dos gays na extremamente conservadora sociedade indiana vem
aumentando gradativamente, especialmente nos grandes centros urbanos. Até alguns filmes de
Bollywood passaram a tratar de temas relacionados aos gays, ainda que a homossexualidade ainda seja
vista como algo vergonhoso numa parte significativa do país.
O diretor e produtor de cinema de Bollywood Karan Johar festejou a decisão, afirmando que a história
está sendo escrita. "Descriminalizar a homossexualidade e abolir o artigo 377 é um grande sinal positivo
para a humanidade e pela igualdade dos direitos", afirmou.

Num tango eterno, economia argentina afunda sob batuta de Macri99

Enquanto crise se aprofunda, Justiça avança na versão local da Lava Jato.


Em abril, com 20 pesos argentinos era possível comprar um dólar. Na quarta-feira 22 de agosto o
mesmo dólar valia 30. Uma semana depois, 40. Em alguns dias chegou a roçar 42 pesos, mas recuou,
pressionado pela venda de centenas de milhões da moeda americana das mais que combalidas reservas

98
DW. Suprema Corte da Índia descriminaliza homossexualidade. Deutsche Welle. https://www.dw.com/pt-br/suprema-corte-da-%C3%ADndia-descriminaliza-
homossexualidade/a-45380678. Acesso em 06 de setembro de 2018.
99
Nepomuceno, E. Num tango eterno, economia argentina afunda sob batuta de Macri. https://www.cartacapital.com.br/revista/1020/num-tango-eterno-economia-
argentina-afunda-sob-batuta-de-macri. Acesso em 13 de setembro de 2018.

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e, claro, de dinheiro emprestado pelo FMI. Já a taxa de juros chegou no finzinho de agosto a estonteantes
60% anuais.
Na segunda-feira 03/09, o presidente Mauricio Macri anunciou uma série de novas e drásticas medidas
destinadas a conter o gasto público e a diminuir o profundo déficit fiscal. Entre elas, a eliminação de 8 dos
18 ministérios do seu governo.
Num gesto mais do que significativo do momento argentino, Macri resolveu fazer desaparecer o
Ministério da Saúde, que passa a ser uma secretaria nacional da pasta de Desenvolvimento Humano.
Desconheceu e atropelou uma frase dita em 1949 pelo então presidente Juan Domingo Perón, ao criar
a pasta agora dissolvida: “Como podemos ter um ministério para cuidar da saúde das vacas, sem termos
um para cuidar da saúde das pessoas?”
Outro ministério importante, principalmente para um país onde o desemprego cresce a cada dia,
também foi eliminado: o do Trabalho.
Ao mesmo tempo, o governo aumentou uma vasta série de impostos e criou outros, voltados
especialmente para as exportações. Também retirou os poucos subsídios sobreviventes da era Kirchner,
enquanto anunciava cortes e mais cortes em obras públicas e investimentos do Estado. Para completar,
aumentou o preço da gasolina, pressionando uma inflação que anda pelas nuvens.
E mais: confirmou que o acordo assinado com o FMI em junho será renegociado, e que a Argentina
pediria a liberação antecipada de novas parcelas. Dos 50 bilhões de dólares previstos, ao menos 15
bilhões foram liberados, sem que houvesse melhora alguma no cenário. Na verdade, o que houve foi uma
sensível piora.
Primeiro resultado: um dia depois, o dólar subiu de novo. Como disse o jornal Página 12, a cada
pronunciamento de Macri duas coisas se desvalorizam: o peso argentino e seu próprio governo.
Houve, porém, quem elogiasse o governo e expressasse sua “renovada confiança” em Macri: Donald
Trump.
Faltando três meses para que se cumpram três anos da chegada de Macri à Presidência com todas
as bênçãos e vênias do sacrossanto mercado financeiro, tanto o local quanto o de tudo que é canto, seu
governo desacreditado enfrenta uma crise de confiança profunda, inferior apenas à enfrentada por todo
o país.
Chama a atenção de qualquer visitante a quantidade de moradores de rua em Buenos Aires,
padecendo as agruras de um inverno especialmente duro. Cálculos de organismos independentes
indicam que o total de moradores de rua mais do que duplicou de janeiro para cá.
Os números de desempregados são atualizados semanalmente, e não se sabe ao certo quantos
comércios baixaram suas portas ao longo dos últimos 12 meses.
A explosão do câmbio levou a uma confusão sem fim, lembrando o acontecido durante a forte
desvalorização de 1991, no governo de Carlos Menem. Naquela ocasião, um cidadão contou, ao longo
de dez quarteirões de uma Rua Florida atopetada de turistas, nada menos que quatro mudanças na
cotação anunciada nas placas das casas de câmbio. Quase uma mudança a cada 2 minutos...
Ainda não se chegou a tanto, mas não são poucos os que acham muito elevado o risco de que
semelhante panorama se repita. Para tentar impedir a tragédia, o governo Macri torrou mais de 3 bilhões
dos escassos dólares das reservas em menos de um mês e meio.
Ao longo das últimas duas semanas repete-se o mesmo cenário de mais de 20 anos: os comerciantes
não sabem como calcular o preço do que vendem, pois não sabem qual será aquele da reposição dos
produtos. Mas produtores e comerciantes sabem que aumentos significativos, por mais necessários que
sejam, afastarão ainda mais os eventuais compradores, acelerando a profunda recessão.
No seu pronunciamento da segunda-feira 03/09, Macri anunciou solenemente que o déficit primário
estará zerado até o fim do próximo ano, que, aliás, será de eleições presidenciais. É difícil imaginar que
ele próprio acredite no que disse.
Quanto ao mercado financeiro, o ceticismo traduziu-se no dia seguinte, quando a moeda americana
tornou a subir e o governo optou por vender outros 358 milhões de dólares para tentar conter a escalada
alucinante.
Em um insólito gesto de autocrítica, Macri finalmente reconheceu o que era sabido por todos: houve,
da sua parte, um “otimismo excessivo”. O resultado será um retrocesso calculado até agora em 2,4% do
PIB, e a inflação anunciada com bumbos e clarins pelo governo – 15% – será de ao menos 42%, quase
o triplo.
Como se o descalabro da economia não bastasse para turvar um cenário esfrangalhado, na mesma
terça da desvalorização, o juiz Sebastián Casanello, espécie de Sergio Moro portenho, marcou para 18
de setembro o depoimento da atual senadora e ex-presidente Cristina Kirchner, investigada em diversas
frentes. Ela terá de responder à acusação de ser cúmplice de lavagem de dinheiro, em associação com
o empresário Lázaro Báez.

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O enredo mais intrincado a envolver tanto Cristina quanto seu falecido marido e também ex-presidente
Néstor Kirchner é, no entanto, outro: o dos “cadernos de suborno”.
Tudo começou em 8 de janeiro último, quando – segundo seu próprio relato – “às 13h38” chegou às
mãos do jornalista Diego Cabot uma caixa com seis cadernos espirais, desse modelo comum usado em
qualquer colégio argentino, e um sétimo, de capa dura azul.
Cabot integra a equipe do jornal La Nación, de oposição feroz a qualquer coisa que não seja
absolutamente conservadora. Sua ojeriza ao casal Kirchner sempre foi evidente e palpável.
Tratava-se de uma espécie de diário em vários volumes, todos escritos com a mesma caligrafia por
Oscar Centeno, ex-motorista de Roberto Baratta, o número 2 de Julio de Vido, influente ministro do
Planejamento de Kirchner.
Estão registrados todos os movimentos do ministro e de seu principal assessor, indicando dia, hora,
trajeto e conteúdo de bolsas transportadas em um Toyota Corolla. E, claro, quem recebia o conteúdo que,
sabe-se lá como, o motorista soube descrever em detalhes: dólares e mais dólares que, somados,
alcançam cifras estratosféricas (alguns jornais mencionam a marca de 13 bilhões de dólares ao longo dos
governos de Néstor e Cristina Kirchner, ou seja, entre 2003 e 2015).
Há, no entanto, incongruências nesse relato minucioso. Conforme comentou um político próximo da
ex-presidente, é estranho que “alguém escreva como Jorge Luis Borges e fale como Carlos Monzón”, em
referência ao escritor cheio de preciosismos e ao falecido boxeador cujo linguajar era constrangedor.
Além disso, não foi feito nenhum exame grafológico nos cadernos, que, segundo contou o motorista,
depois de lidos pelo repórter do La Nación foram devidamente xerocados para em seguida ir parar “na
churrasqueira dos fundos do meu quintal”.
Tampouco é crível que sacos e sacolas com até 800 mil dólares em espécie fossem entregues em
mãos tanto do falecido Néstor como da agora acusada Cristina Kirchner. E mais: não só no apartamento
particular do casal, no bairro portenho de Recoleta, mas na própria residência presidencial de Olivos, um
subúrbio de Buenos Aires.
Assim que essas notícias começaram a circular, apareceram também nomes de quem pagava os tais
milhões e milhões de dólares. Em sua maioria, empreiteiros e diretores de grandes construtoras que
obtinham contratos para obras dos governos Kirchner.
Como consequência imediata, começou a sucessão de “arrependidos”, versão local dos delatores
premiados brasileiros.
O estardalhaço levado adiante por magistrados de instâncias inferiores explodiu nos dois principais
jornais argentinos, o quase hegemônico Clarín e o próprio La Nación, além, claro, de emissoras de rádio
e televisão controlados pelo grupo do primeiro dos jornalões.
Dessa forma, uma Argentina em frangalhos enfrenta uma crise econômica profunda, enquanto
acompanha um escândalo judicial que encontra cada vez menos eco na opinião pública, conformada com
a ideia divulgada pelo grupo Clarín de que os governos Kirchner foram uma etapa de corrupção
generalizada, enquanto o de Macri ostenta, mas isso o jornal evita comentar, um cenário cada vez pior.
Como se não faltasse mais nada, justamente no país em que nasceu o atual papa cresce o número
de católicos que renunciam publicamente à sua igreja. Tudo começou com a pressão exercida
principalmente sobre senadores do interior pelos párocos locais para que derrubassem, como ocorreu, a
lei do aborto.
De acordo com essa lei, aprovada pelos deputados, caberia ao Estado o dever de fornecer assistência
às mulheres que optassem por abortar voluntariamente até o terceiro mês de gestação. Derrotado no
Senado, o projeto foi o motivo alegado por mais de 3 mil católicos para renunciar publicamente ao
catolicismo.
Sim, foram apenas 3 mil entre milhões. Mas o gesto foi mais que simbólico, e causou forte impacto no
conturbado país de Mauricio Macri. Os argentinos renunciam até à fé.

Conflitos na África podem ter matado 5 milhões de crianças, diz estudo100

Conflitos armados, as doenças e a fome que eles causam teriam provocado a morte de 5 milhões de
crianças menores de cinco anos entre 1995 e 2015; destas 3 milhões eram bebês de até 11 meses.
Os conflitos armados no continente africano, e as doenças e a fome que eles causam, podem ter
causado a morte de 5 milhões de crianças menores de cinco anos entre 1995 e 2015, segundo um estudo
publicado na sexta-feira (30/08).
Destas, cerca de três milhões eram bebês de até onze meses, isto é, o triplo das pessoas diretamente
mortas em um conflito no continente.
100
France Presse. Conflitos na África podem ter matado 5 milhões de crianças, diz estudo. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/30/conflitos-na-
africa-podem-ter-matado-5-milhoes-de-criancas-diz-estudo.ghtml. Acesso em 31 de agosto de 2018.

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O estudo, publicado na revista médica The Lancet, não se apoia em nenhum efetivo real, mas que
compartilhou dados de 15.441 conflitos nos quais quase um milhão de pessoas morreram, segundo os
investigadores.
Os autores usaram estes dados para calcular o risco de morte de uma criança em um raio de 100 km
de um conflito armado e até oito anos depois. Em seguida, calcularam o número de mortes de crianças
atribuídos às muitas guerras na África.
A cifra de cinco milhões é muito superior a de estimativas anteriores, destacaram os autores, Eran
Bendavid, da Universidade Stanford, e seus colegas.
"Nos últimos 30 anos ocorreram na África conflitos armados mais frequentes e mais intensos que em
qualquer outro continente", afirmam.
"Esta análise mostra que os efetivos dos conflitos armados vão além da morte dos combatentes e da
devastação física: os conflitos armados aumentam consideravelmente o risco de morte de crianças jovens
durante um longo período".
Além de ferir diretamente as crianças, os conflitos contribuem para a morte e o atraso no crescimento
"durante muitos anos e em amplas zonas", segundo a equipe.
E isto, por causa da interrupção dos cuidados médicos para mulheres grávidas e recém-nascidos, a
propagação de doenças à medida que os serviços de saúde e as redes de água declinam, da falta de
medicamentos e da desnutrição provocada quando as provisões se esgotam.

Onda de calor se intensifica na Europa101

De norte ao sul do continente, termômetros continuam em alta. Cidades portuguesas marcam


temperaturas mais altas de sua história, e Espanha registra primeiras mortes.
A onda de calor que castiga há semanas a Europa levou neste sábado (04/08) a temperaturas recordes
em cidades portuguesas, causou três mortes na Espanha e chegou a derreter o asfalto na Holanda.
Em Portugal, a temperatura foi a mais alta registrada na história em 26 estações. Em Lisboa, foram 44
graus. Em Alvega, no distrito de Santarám, os termômetros chegaram a marcar 46,8ºC.
O atual recorde europeu foi registrado em 1977, em Atenas, quando os termômetros alcançaram 48°C.
O recorde na Espanha é de 47,3 graus, em Portugal, 47,4.
Em Lisboa, as autoridades fecharam parques e alertaram as pessoas a evitarem atividades ao ar livre
durante o auge do calor. Refúgios para desabrigados foram abertos mais cedo, para que moradores de
rua pudessem busca abrigo do calor.
Na Espanha, já ocorreram três mortes: em Murcia (sudeste) um homem de 78 anos morreu enquanto
realizava trabalhos agrícolas, vítima de insolação, e outro trabalhador, de 48 anos, também foi vítima das
altas temperaturas. Em Barcelona (nordeste) um homem de meia idade, aparentemente sem-teto,
morreu. Além disso, outro homem de 55 anos foi hospitalizado hoje em estado grave, após sofrer
insolação na região de Murcia.
Na França, mais da metade do país está em alerta laranja, e as autoridades recomendaram evitar a
exposição ao sol nos horários mais quentes do dia.
A Alemanha, cujas máximas diurnas chegaram a 38°, também está sofrendo com o excesso de calor,
além da estiagem, que já levou a perdas bilionárias na agricultura. Em julho praticamente não choveu no
oeste, norte e leste do país.
As águas do Mar Báltico no litoral alemão alcançaram temperaturas semelhantes às do litoral do
Mediterrâneo francês, com até 27°C, dez a mais que o habitual, Além disso, o nível de alguns rios caiu
para mínimos históricos, o que levou a restrições no transporte fluvial de mercadorias em alguns pontos
do Reno. As autoridades de Berlim anunciaram que distribuirão água e protetor solar entre os sem-teto.
O Meteoalarm, o site da União Europeia (UE) que oferece informação sobre fenômenos climáticos
adversos, emitiu alertas "vermelhos" por calor extremo em partes de Suíça, Croácia, Espanha e Portugal.
Este aviso, segundo o site, implica uma situação meteorológica "muito perigosa" e que "são prováveis
graves danos e acidentes, em alguns casos com risco para a vida das pessoas".
Além disso, o site mantém o alerta laranja em amplas partes de França, Bélgica, Áustria, Lituânia,
Estônia, Polônia, Noruega, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Grécia, por "situações perigosas
por fenômenos incomuns, como altas temperaturas, que podem causar danos às pessoas".
As elevadas temperaturas se devem ao sistema estacionário de alta pressão, um fenômeno que se
repetiu de forma constante nas condições meteorológicas europeias durante os dois últimos meses, disse
a porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM) Sylvie Castonguay.

101
Deutsche Welle. Onda de calor se intensifica na Europa. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/05/onda-de-calor-se-intensifica-na-europa.ghtml.
Acesso em 06 de agosto de 2018.

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A vice-secretária-geral da OMM, Elena Manaenkova, afirmou no último boletim da organização que "o
ano de 2018 será um dos mais quentes já registrados, com novos recordes de temperatura em muitos
países, o que não é surpreendente".
"As ondas de calor extremo que estamos vivendo são condizentes com os efeitos esperados da
mudança climática causada pelas emissões de gases do efeito estufa. Não se trata de um cenário futuro,
está acontecendo agora", disse a vice-secretária-geral da OMM.

Israel aprova lei que o define como 'Estado-Nação' do povo judeu102

Por 62 votos a favor e 55 contra, a Knesset (Câmara israelense) aprovou a iniciativa depois de um
intenso debate.
O Parlamento israelense aprovou nesta quinta-feira (19/07) a polêmica lei que define o país como um
"Estado-nação do povo judeu" e que tem como sua capital “Jerusalém unificada”. A nova lei, defendida
pelo governo, ainda prevê apenas o hebraico como língua oficial do país.
A iniciativa foi aprovada no Knesset (parlamento israelense) por 62 votos a favor e 55 contra, depois
de uma longa discussão, já que críticos a descrevem como "discriminatória" por marginalizar minorias.
O objetivo da nova lei é "assegurar o caráter de Israel como o estado nacional dos judeus, a fim de
codificar em uma lei básica dos valores de Israel como um estado judeu democrático espírito dos
princípios da Declaração de Independência", explica a Knesset em seu site.
Isto inclui ainda o hino Hatikva (adaptado de um poema judeu, sobre o retorno do povo a Israel), a
bandeira branca e azul com a Estrela de Davi no centro, um menorá (candelabro judeu) de sete braços
com galhos de oliveira nos extremos como símbolo do país.
Até agora estava sendo evitada esta menção à identidade judaica por causa da oposição de algumas
correntes judaicas e da existência no país de minorias, como a árabe.
Os palestinos que ficaram no país após a criação do estado de Israel, em 1948, constituem 20% da
sua população – ou cerca de cerca de nove milhões de pessoas. A língua árabe, que deixa de ser oficial,
é reduzida a um caráter “especial”.
"Os árabes terão uma categoria especial, todos os judeus terão o direito de migrar a Israel e obter a
cidadania de acordo com as disposições da lei, o estado atuará para reunir os judeus no exílio e
promoverá os assentamentos judaicos em seu território e vai alocar recursos para esse fim", estabelece
a nova legislação, de acordo com a Efe.

‘Momento histórico’
O premiê israelense, premiê Benjamin Netanyahu, definiu a aprovação como um "momento histórico
na história do sionismo e da história do estado de Israel."
"Ultimamente, há pessoas que estão tentando desestabilizar os fundamentos da nossa existência e
dos nossos direitos. Então, hoje nós fizemos uma lei em pedra. Este é o nosso país. Esta é a nossa
língua. Este é o nosso hino e esta é a nossa bandeira. Viva o estado de Israel", comemorou Netanyahu.

Nova Constituição de Cuba reconhecerá propriedade privada103

Esboço de reforma apresentado em diário do Partido Comunista acena com mudanças profundas na
política, judiciário, economia e sociedade cubanas. Comissão encarregada é liderada por ex-presidente
Raúl Castro.
O governo de Cuba revelou novos detalhes sobre planos para reestruturar seu sistema governamental,
tribunais e a economia nacional, através de uma reforma constitucional a ser aprovada pela Assembleia
Nacional ainda em julho.
A reforma criará o cargo de primeiro-ministro, ao lado do de presidente, dividindo as funções de chefe
de Estado e de governo. Fica mantido o Partido Comunista como única força política no país, e o Estado
comunista como força econômica dominante. Passam a ser reconhecidos, todavia, o mercado livre e a
propriedade privada na sociedade cubana, e será criada uma nova presunção de inocência no sistema
judiciário.
A Constituição de 1976, ainda na era soviética, só reconhece a propriedade estatal, cooperativa, de
agricultor, pessoal e de sociedade conjunta. A propriedade privada era rejeitada, sendo considerada um
resquício do capitalismo.

102
G1. Israel aprova lei que o define como ‘Estado-Nação’ do povo judeu. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/07/19/israel-aprova-lei-que-o-define-
como-estado-nacao-do-povo-judeu.ghtml. Acesso em 19 de julho de 2018.
103
Deutsche Welle. Nova Constituição de Cuba reconhecerá propriedade privada. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/nova-constituicao-de-cuba-
reconhecera-propriedade-privada.ghtml. Acesso em 16 de julho de 2018.

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A proposta de reforma constitucional é descrita na edição deste sábado (14/07) do diário Granma, do
Partido Comunista, devendo ser votada num referendo posterior à aprovação pelo Parlamento. Segundo
as autoridades cubanas, a atual Constituição já não reflete as mudanças atravessadas pelo país nos
últimos anos.
"As experiências adquiridas nestes anos de Revolução" e "os novos caminhos traçados" pelo Partido
Comunista são algumas das razões para a reforma da Constituição, lê-se no sumário do Granma. O
esboço, elaborado por uma comissão encabeçada pelo ex-presidente e primeiro-secretário do Partido
Comunista, Raúl Castro, contém 224 artigos.
A nova Constituição manterá direitos como a liberdade religiosa, e explicitará o princípio da não
discriminação devido à identidade de gênero. O texto divulgado no Granma não especifica em que medida
o Estado reconhecerá os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Mais de 16 mil venezuelanos pedem refúgio em Roraima em seis meses, diz PF104

Número é 20% superior ao de todo o ano de 2017. Recorde foi registrado em maio, quando mais de 4
mil venezuelanos fizeram a solicitação.
Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 16 mil venezuelanos pediram refúgio em Roraima,
segundo a Polícia Federal. O número já é 20% maior do que o registrado em todo o ano de 2017, quando
foram recebidas pouco mais de 13,5 mil solicitações.
De acordo com a PF, entre janeiro e 22 de junho deste ano, foram recebidos 16.953 pedidos de refúgio
no estado. Desses, 16.523, ou 97% do total, são só de venezuelanos. Os demais são de cubanos (155),
haitianos (139) e cidadãos de outras nacionalidades (133).
O recorde de pedidos de refúgio de venezuelanos foi no mês de maio, quando o país foi às urnas e o
presidente Nicolás Maduro acabou reeleito. Só naquele mês foram 4.054 solicitações feitas junto à PF.

Em 2017, ano em que o índice de pedidos teve uma alta abrupta, foram recebidos 13.583 pedidos de
venezuelanos. No ano anterior foram 2.048 e 253 em 2015, quando começou a imigração de
venezuelanos para Roraima.
Uma vez feita uma solicitação de refúgio, o pedido segue para o Comitê Nacional para os Refugiados
(Conare), que analisa e reconhece ou não a condição de refugiado. Por isso, o G1 questionou o Conare
sobre o número de pedidos de venezuelanos examinados, mas não obteve resposta até a publicação
desta reportagem.

Imigrantes em trânsito
Apesar de ser um dado importante para mostrar o fluxo migratório, o número de pedidos de refúgio
não corresponde à quantidade exata de venezuelanos vivendo em Roraima, afirma Gustavo da Frota
Simões, professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima (UFRR).
No entendimento dele, nem todos os 16.523 venezuelanos que pediram refúgio à PF neste ano
continuam em Roraima, porque muitos estão seguindo viagem, principalmente para buscar trabalho.

104
Emily Costa. Mais de 16 mil venezuelanos pedem refúgio em Roraima em seis meses, diz PF. G1. Roraima. https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/mais-de-16-
mil-venezuelanos-pedem-refugio-em-roraima-em-seis-meses-diz-pf.ghtml. Acesso em 11 de julho de 2018.

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"Os venezuelanos vêm para Roraima, às vezes ficam um tempo, se regularizam, e procuram emprego.
Quando não conseguem, fazem contatos, vão ouvindo outras pessoas e seguem viagem para outros
lugares", explicou Simões.
Para ele, a imigração venezuelana para o estado pode ser dividida em três fases: a pendular, de
permanência e de trânsito, que é a vivida atualmente.
Na primeira delas, entre 2015 e 2016, imigrantes cruzavam a fronteira para comprar mantimentos e
depois voltavam para o país de origem. Depois, em 2017, venezuelanos passaram a se mudar para o
estadoem busca de melhores condições de vida. Já neste ano, conforme o professor, a imigração ganha
um novo caráter, que é o dos imigrantes em trânsito.
Apesar disso, na avaliação dele, o número de pedidos de refúgio ainda devem continuar aumentando,
porque ele acompanha o agravamento da crise política e econômica na Venezuela.

Venezuelanos em Roraima
A ONU estima que 800 venezuelanos cruzam a fronteira por dia. Já o Exército brasileiro calcula que a
média de entrada de venezuelanos em Roraima nos últimos cinco meses foi de 416 pessoas por dia.
- Rota da fome: o caminho dos venezuelanos
- A rota da fome em imagens
- Povoado indígena vira abrigo: 'Eles choram ao ver comida'
Ainda não há números precisos sobre a quantidade de venezuelanos vivendo em Roraima, mas um
levantamento da prefeitura de Boa Vista apontou que só na capital há 25 mil moradores venezuelanos -
o equivalente a 7,5% da população local, que é de 332 mil habitantes.
Antes desse estudo, a prefeitura estimava que 40 mil venezuelanos estavam na cidade. Nessa época,
só a praça Simón Bolívar - que foi cercada com tapumes e desocupada em maio - tinha cerca de 1,2 mil
venezuelanos acampados.
Atualmente, o estado tem nove abrigos públicos com cerca 4 mil pessoas, cinco deles abertos só neste
ano. Mesmo assim ainda há venezuelanos em situação de rua em 10 dos 15 municípios do estado.

Kim Jong-un se compromete com o fim das armas nucleares em encontro com Trump em
Singapura105

Comunicado com quatro itens foi assinado durante encontro histórico dos líderes dos EUA e Coreia do
Norte. Trump diz que Kim aceitou o seu convite para visitar a Casa Branca.
A Coreia do Norte se comprometeu com o desmonte do seu programa nuclear nesta terça-feira (12/06),
durante o encontro inédito de seu líder, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
em Singapura.
Os dois países "decidiram deixar o passado para trás" e "o mundo verá uma grande mudança",
segundo Kim, que assinou uma declaração de quatro itens durante o encontro com o chefe de estado
americano.
O engajamento com o fim da produção de armas nucleares e a desnuclearização completa da
península coreana era uma condição imposta pelos EUA para a realização da histórica cúpula.
Porém, o documento final do encontro não estabelece metas ou detalhes de como o compromisso será
colocado em prática para que o abandono da produção seja feito de forma completa, irreversível e
verificável, como pedem os Estados Unidos.
O compromisso com o desmonte do programa nuclear já consta na Declaração de Panmunjon,
assinada após o encontro de líderes das duas Coreias, em abril.
O documento assinado por Trump e Kim nesta terça possui quatro pontos:

1 - EUA e Coreia do Norte se comprometem a estabelecer relações de acordo com o desejo de seus
povos pela paz e prosperidade;
2 - Os dois países irão unir seus esforços para construir um regime de paz estável e duradouro na
península coreana;
3 - Reafirmando a Declaração de Panmunjon, de 27 de abril de 2018, a Coreia do Norte se compromete
a trabalhar em direção à completa desnuclearização da península coreana;
4 - Os EUA e a Coreia do Norte se comprometem a recuperar os restos mortais de prisioneiros de
guerra, incluindo a imediata repatriação daqueles já identificados.

105
G1. Kim Jong-um se compromete com o fim das armas nucleares em encontro com Trump em Singapura. G1 Mundo. https://g1.globo.com/mundo/noticia/kim-
jong-un-se-compromete-com-desnuclearizacao-completa-apos-encontro-com-trump-em-singapura.ghtml Acesso em 13 de junho de 2018.

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Na avaliação de Trump, as negociações com Kim foram "francas, diretas e produtivas" e o documento
está "bastante completo". O texto mostra, segundo o americano, que os países estabeleceram uma
ligação especial após a sua assinatura.
Em entrevista logo depois do encontro, o presidente americano afirmou que Kim aceitou o seu convite
para visitar a Casa Branca e que ele pretende visitar Pyongyang "em um certo momento".
"Aprendi que ele é um homem muito talentoso que ama muito seu país. É um negociador de valor, que
negocia em benefício de seu povo", afirmou.

Sanções mantidas
O presidente americano disse que a Coreia do Norte "já está destruindo seus principais centros de
testes nucleares", mas que as sanções econômicas serão mantidas por enquanto. Adotadas entre 2017
e 2018, as sanções tem o objetivo de pressionar Pyongyang a reduzir seus programas nuclear e
armamentista.
Nesta terça, Trump afirmou que vai pressionar o país a abandonar a produção de armas nucleares o
mais rápido que puder, mas reconheceu que esse processo pode levar um tempo.
Trump disse que as sanções serão removidas "quando tivermos certeza de que as armas nucleares
não são mais um fator [de risco]". "Eu realmente estou ansioso para retirá-las [as sanções]", garantiu.

'Jogos de guerra'
O presidente americano também anunciou a suspensão dos "jogos de guerra" na península coreana,
fazendo referência aos exercícios militares feitos pelos EUA em conjunto com a Coreia do Sul. A Coreia
do Norte considera as manobras militares uma provocação.
Na avaliação de Trump, as manobras são caras e se tornaram inapropriadas face à nova relação
estabelecida pelos Estados Unidos com a Coreia do Norte.
Trump disse que espera retirar as forças dos EUA da Coreia do Sul, mas disse que essa medida não
está sendo discutida no momento. Atualmente, 28 mil soldados americanos estão no país.
Até o momento, as forças de segurança dos EUA na Coreia do Sul não receberam uma orientação
formal para a suspensão dos exercícios militares conjuntos, de acordo com Reuters, citando um
comunicado da tenente-coronel Jennifer Lovett.

Encontro inédito
Após uma série de testes balísticos norte-coreanos e uma verdadeira “guerra verbal” entre Kim e
Trump travada ao longo de 2017, o primeiro encontro dos líderes dos dois países parecia impossível.
O objetivo desta cúpula em Singapura era chegar a um consenso sobre o desmonte do programa
nuclear e balístico da fechada ditadura comunista, em troca de alívio econômico para o país atualmente
afetado por duras sanções.
Kim e Trump tiveram um encontro privado, uma reunião ao lado de seus assessores e um almoço ao
lado de suas respectivas comitivas. Os dois líderes caminharam juntos e se cumprimentaram várias vezes
diante das câmeras.
Quando se sentou ao lado de Kim pela primeira vez, Trump disse ter esperança de que a cúpula seria
"tremendamente bem-sucedida". "Teremos um ótimo relacionamento pela frente", acrescentou.
O ditador norte-coreano disse, em seguida, que havia enfrentado uma série de "obstáculos" para
realizar esse encontro. "Nós superamos todos eles e estamos aqui hoje", disse a repórteres, por meio de
um tradutor.
Mais tarde, em um breve pronunciamento, Trump disse que o encontro estava sendo "melhor do que
qualquer um poderia esperar". Em seguida, ele mostrou sua limusine ao norte-coreano e manteve o que
pareceu ser uma conversa bastante amistosa durante alguns minutos. Eles se separaram brevemente e
voltaram a encontrar na sala onde assinaram a declaração.
O local do encontro foi o luxuoso hotel Capella, na ilha de Sentosa, famosa por suas praias turísticas
e seus campos de golfe espetaculares. Singapura designou partes de sua região central como uma "zona
especial", implantando um rigoroso sistema de segurança. O espaço aéreo sobre a rica cidade-Estado
está temporariamente restrito durante partes dos dias 11, 12 e 13 de junho.

Redução nas tensões


A mudança de tom de Kim Jong-un com relação à vizinha Coreia do Sul começou em seu discurso de
ano novo, em janeiro de 2018, quando propôs o envio de uma equipe às Olimpíadas de Inverno, em
PyeongChang (Coreia do Sul).

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A aproximação entre as coreias levou à organização do encontro de Panmunjon, zona desmilitarizada
entre os dois países, em que os dois países firmaram um primeiro compromisso de desnuclearização da
península e um acordo de paz para acabar com a guerra entre os países ainda em 2018.
O encontro foi visto como uma preparação para o encontro com o presidente do Estados Unidos. Na
época, Trump comemorou o avanço nas relações de paz, mas se mostrou ponderado. "Depois de um ano
furioso de lançamento de mísseis e testes nucleares, um encontro histórico entre Coreia do Norte e Coreia
do Sul está ocorrendo agora. Boas coisas estão acontecendo, mas só o tempo dirá", também afirmou no
Twitter.
Em abril, o então diretor da CIA e atual secretário de Estado americano, Mike Pompeo, viajou para a
Coreia do Norte, onde teve um encontro secreto com Kim Jong-un, mostrando um avanço nas relações
entre os dois países. Ele voltou de lá com três americanos que tinham sido detidos por Pyongyang por
suspeita de atividades anti-estatais.

'Sim' vence em referendo sobre legalização do aborto na Irlanda106

Segundo pesquisa de boca de urna, 70% dos eleitores votaram a favor; porta-voz da campanha pelo
'não' reconheceu derrota antes mesmo de resultado oficial.
Segundo pesquisas de boca de urna, o "sim" protagonizou uma larga vitória no referendo sobre a
legalização do aborto na Irlanda, com a preferência de cerca de 70% dos eleitores. Os resultados oficiais
devem ser divulgados neste sábado (26/05), mas o porta-voz da campanha pelo "não", já reconheceu
sua derrota nesta manhã.
A maioria dos irlandeses optou pela legalização do aborto no país de forte tradição católica e que conta
com uma das legislações mais rígidas da Europa sobre a questão. Segundo pesquisas de boca de urna,
entre 68% e 69% dos eleitores votaram pelo "sim" - a favor da legalização do aborto -, enquanto 32%
teriam optado pelo "não" - para manter a lei atual.
O texto atual está em vigor desde 1983. Ele determina que uma mulher só pode interromper uma
gestação se estiver em perigo de vida real e iminente, inclusive sob risco de suicídio. Essa legislação de
35 anos não contempla o aborto quando há má-formação cerebral do feto ou em casos de estupro, como
ocorre no Brasil. Atualmente, uma irlandesa que decida interromper uma gravidez indesejada dentro do
país pode ser condenada a até 14 anos de prisão.
Na manhã deste sábado, John McGuirk, porta-voz da "Save The 8th Campain", a campanha para
manter a legislação atual, reconheceu sua derrota. "Não há nenhuma possibilidade que o texto [sobre a
legalização do aborto] não seja adotado", declarou em entrevista à TV irlandesa.
A taxa de participação é uma das mais altas registradas em referendos no país. Ela pode ultrapassar
os 61% da consulta realizada em 2015 que levou à legalização do casamento entre pessoas do mesmo
sexo. Na capital Dublin, a escolha pelo "sim" se mostra imensa, com 77% dos votos, segundo o jornal
Irish Times.

Revogação da 8ª Emenda
O objetivo do referendo era perguntar aos eleitores se eles concordam ou não em revogar a antiga
legislação, conhecida como 8ª Emenda. Ela determina que o direito à vida do feto é igual ao direito à vida
da mãe.
Com a revogação, o Parlamento passa a poder legislar sobre o assunto. Caso isso ocorra, a nova
legislação permitiria o direito aborto até 12 semanas, por decisão da mulher e com autorização médica.
Na sexta-feira (25/05), o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, a favor da legalização do aborto,
convocou a população a votar, classificando o referendo de "oportunidade única em uma geração" e
avisando que não haverá outra consulta qualquer que seja o resultado.

Sexto referendo desde 1983


Desde a instauração da 8ª Emenda, em 1983, este é o sexto referendo sobre o aborto na Irlanda. A
diferença dessa vez é que é a primeira consulta pública que contesta e, de fato, pode reverter a 8ª
Emenda.
O aborto é uma questão polêmica neste país com uma população de mais de 78% de católicos. Mas
casos recentes de mulheres que morreram por causa de uma gravidez de risco acabaram influenciando
a opinião pública.

106
RFI. ‘Sim’ vence em referendo sobre legalização do aborto na Irlanda. G1 Mundo. < https://g1.globo.com/mundo/noticia/sim-vence-em-referendo-sobre-
legalizacao-do-aborto-na-irlanda.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 28 de maio de 2018.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Além disso, houve a constatação de que milhares de mulheres realizam o procedimento ilegalmente,
enquanto outras milhares viajam a cada ano para o Reino Unido ou para outros países para poder realizar
um aborto legalmente – mais de 3,2 mil em 2016.

América Latina condena em peso reeleição de Maduro107

Brasil e 13 países da região não reconhecem eleição na Venezuela e convocam seus embaixadores
em Caracas. Itamaraty diz que pleito careceu de "legitimidade e credibilidade". EUA e países europeus
também rejeitam votação.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enfrentou condenação internacional nesta segunda-feira
(21/05) após ser reeleito para mais seis anos de mandato num pleito boicotado pela oposição, que
questionou sua legitimidade, e contestado por vários países, muitos latino-americanos.
O chamado Grupo de Lima, composto por 14 países das Américas, anunciou que não reconhece o
resultado da votação, por considerá-la ilegítima. Maduro venceu com 68% dos votos, mas praticamente
não teve adversários. A participação não chegou a 50% dos eleitores.
"[Os governos] não reconhecem a legitimidade do processo eleitoral que teve lugar na República
Bolivariana da Venezuela, concluído em 20 de maio passado, por não estar em conformidade com os
padrões internacionais de um processo democrático, livre, justo e transparente", diz a nota.
O grupo – do qual fazem parte Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala,
Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia – disse ainda que chamará para
consultas seus embaixadores em Caracas, além de convocar os representantes diplomáticos da
Venezuela em cada um dos países "para expressar seu protesto".
O bloco informou que se reunirá no Peru na primeira quinzena de junho para definir uma resposta
regional ao "aumento preocupante dos fluxos de venezuelanos que se veem obrigados a sair de seu
país", bem como ao impacto que essa situação acarreta sobre toda a região.
O texto ainda reitera preocupação com o "aprofundamento da crise política, econômica, social e
humanitária que deteriorou a vida na Venezuela", o que se reflete na "perda de instituições democráticas,
do Estado de Direito e na falta de garantias e liberdades políticas dos cidadãos".
O governo brasileiro emitiu um comunicado separado nesta segunda-feira reafirmando a posição do
Grupo de Lima e dizendo "lamentar profundamente" que Caracas não tenha atendido aos repetidos
chamados da comunidade internacional "pela realização de eleições livres, justas, transparentes e
democráticas".
"Nas condições em que ocorreu – com numerosos presos políticos, partidos e lideranças políticas
inabilitados, sem observação internacional independente e em contexto de absoluta falta de separação
entre os poderes –, o pleito careceu de legitimidade e credibilidade", diz a nota.
O texto acrescenta que as eleições deste domingo "aprofundam a crise política no país, pois reforçam
o caráter autoritário do regime, dificultam a necessária reconciliação nacional e contribuem para agravar
a situação econômica, social e humanitária que aflige o povo venezuelano".
O governo da Argentina, por sua vez, também condenou o processo eleitoral venezuelano, destacando
que o pleito "não foi democrático nem será reconhecido" pela maior parte da comunidade internacional.
"A Venezuela deve convocar eleições livres e democráticas e com a participação de todos os atores,
incluindo os líderes da oposição presos ou no exílio", afirmou o ministro argentino do Exterior, Jorge
Faurie, pedindo ainda a Maduro que "ouça o grito do povo venezuelano".

Críticas também de Europa e EUA


Países europeus também se uniram à onda de condenações às eleições venezuelanas. Antes do
pleito, a União Europeia (UE) havia pedido a suspensão da votação, convocada de forma antecipada pela
Assembleia Nacional Constituinte, um parlamento dominado pelo chavismo.
O governo da Espanha, um crítico do regime de Maduro, declarou que o processo eleitoral na
Venezuela "não respeitou os padrões democráticos mais básicos". "A Espanha e seus parceiros europeus
estudarão medidas adequadas e continuarão trabalhando para aliviar o sofrimento dos venezuelanos",
disse o chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy.
Em declaração semelhante, o ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, afirmou que "não houve
eleições livres, justas e transparentes, as quais o povo venezuelano merecia".
"Condenamos a intimidação a que foi submetida a oposição e que começou com a destituição do
Parlamento", disse o chefe da diplomacia alemã em Buenos Aires, onde participa de uma reunião de
ministros do G20.
107
DW. América Latina condena em preso reeleição de Maduro. DW América Latina. <http://www.dw.com/pt-br/am%C3%A9rica-latina-condena-em-peso-
reelei%C3%A7%C3%A3o-de-maduro/a-43869715> Acesso em 22 de maio de 2018.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
O pleito também foi condenado pelos Estados Unidos, que no domingo anteciparam que não
reconheceriam o vencedor. O vice-secretário de Estado, John Sullivan, disse inclusive que Washington
está considerando impor sanções ao petróleo da Venezuela.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, por sua vez, classificou a votação de "fraudulenta"
e disse que ela "não mudará nada" no cenário do país latino-americano.
Maduro foi reeleito nesta segunda-feira para mais seis anos de mandato, após receber quase 6
milhões de votos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, contra 1,8 milhão de seu principal adversário,
o dissidente chavista Henri Falcón – que furou o boicote da oposição ao registrar sua candidatura.
A eleição de domingo foi marcada por uma abstenção recorde – dados oficiais colocam a participação
eleitoral em 46% – e denúncias de fraude. Políticos da oposição acusam o governo de ter coagido os
venezuelanos a votar em Maduro em troca de recompensas.

Questões

01. (Prefeitura de Rio das Antas/SC – Advogado – FEPESE – 2018) Na tentativa de combater a
imigração ilegal, o governo norte-americano tomou uma atitude que provocou forte repúdio no mundo
inteiro e mesmo entre o público interno.

Assinale a alternativa que descreve corretamente o fato.


(A) Milhares de crianças, filhas de imigrantes ilegais, foram enviadas para campos de concentração
instalados na Flórida e no Alasca.
(B) Centenas de crianças, filhas de imigrantes ilegais, foram separadas de seus pais ao entrarem no
país.
(C) Milhares de crianças, filhas de imigrantes ilegais, foram deportadas sem qualquer aviso prévio para
os seus países de origem.
(D) O Governo dos Estados Unidos proibiu a entrada no país de imigrantes que tenham filhos menores
de 5 anos.
(E) Os filhos dos imigrantes que chegaram aos Estados Unidos nos últimos dois anos foram expulsos
das escolas onde estudavam, mesmo os que nasceram no país.

02. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) A crise atual entre os EUA e a Coreia do
Norte se intensificou em 8 de abril, quando, após um teste de míssil frustrado pela Coreia do Norte,
Trump disse ter enviado uma “armada muito poderosa” para a península coreana, uma referência ao
porta-aviões USS Carl Vinson e a um grupo tático.
(Disponível em: <https://goo.gl/20hQJx>. Adaptado)

Entre as reações da Coreia do Norte a essa ação norte-americana, é correto identificar


(A) a decisão de interromper o programa nuclear, o convite público a agentes de inspeção da ONU e
a aproximação com os países vizinhos.
(B) a ruptura com a moderada e conciliatória China, a ameaça de invasão da Coreia do Sul e a
hostilização do Japão.
(C) o seu desligamento da ONU, a expulsão dos diplomatas dos países ocidentais e a aliança com
outros países comunistas.
(D) o pedido de intermediação da China, o recurso à ONU para negociação e o aceno aos EUA com
uma proposta de acordo.
(E) a exibição pública do seu arsenal militar, a realização de novos testes de mísseis e a ameaça de
um ataque nuclear preventivo.

03. (Banco da Amazônia - Técnico Bancário - CESGRANRIO - 2018) Mais de 12 mil pessoas já
fugiram de Hamouria, cidade reduto rebelde de Ghouta Oriental, região nos arredores de Damasco que
se encontra cercada pelas forças do governo sírio. O regime cada vez avança mais dentro do território.
Homens, mulheres e crianças, muitos carregando malas, cobertores e pertences, caminhavam a pé, em
uma estrada suja, em direção a postos do exército sírio. Trata-se do primeiro êxodo em massa desde o
início da ofensiva militar, lançada há um mês.
Êxodo em Ghouta. Jornal do Brasil, Internacional, 16 mar. 2018, p. 14.

Na Síria, a situação mencionada é consequência direta do seguinte evento:


(A) desdobramento da guerra civil
(B) acolhimento de imigrantes africanos
(C) ataque da Rússia ao território nacional

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(D) enfrentamento com o governo de Israel
(E) litígio com países muçulmanos vizinhos

04. (Banco da Amazônia - Técnico Científico - CESGRANRIO - 2018) Ao quebrar o consenso


internacional em torno do estatuto de Jerusalém, cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, o
presidente Donald Trump conduziu seu país ao isolamento. Uma ampla maioria da Assembleia Geral da
ONU criticou a decisão que coloca um obstáculo à paz. A decisão de Trump contraria uma resolução da
ONU, de 1980, que declarou nulas e sem efeito todas as medidas adotadas por Israel que “modificam o
caráter geográfico e histórico da Cidade Santa”.
ENDERLIN, C. Jerusalém, o erro fundamental. Le Monde Diplomatique Brasil, Ano 11, n. 126, jan. 2018, p. 10. Adaptado.

O texto acima refere-se à decisão do presidente Donald Trump, em dezembro de 2017, de


(A) determinar Jerusalém Oriental como palestina.
(B) transferir a embaixada dos EUA para Tel Aviv.
(C) consultar oficialmente a Autoridade Palestina.
(D) reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
(E) reativar a presença israelense na Faixa de Gaza.

05. (Prefeitura de Fraiburgo/SC – Auditor Fiscal – FEPESE) Em relatório das Nações Unidas, a
guerra civil da Síria foi classificada como “grande tragédia do século 21”.

Sobre a Síria e esse conflito, é incorreto afirmar:


(A) Apesar de ter assinado a Convenção de Armas Químicas, evidências apontam para o uso desse
tipo de armamento pelo governo sírio.
(B) De caráter político, a guerra civil na Síria não envolve divergências religiosas.
(C) Sucedendo seu pai Hafez al-Assad, Bashar al- -Assad está à frente do governo Sírio desde 2000.
(D) Na tentativa de fugir do conflito, milhares de sírios buscam refúgio em outros países, incluindo o
Brasil.
(E) A guerra civil da Síria iniciou-se como uma revolta popular contra a forte repressão do líder do
governo.

06. (MPE/SP – Analista Jurídico – VUNESP - 2018) No dia 19 de abril, as agências internacionais de
notícia informavam a eleição do novo presidente cubano. Depois de quase seis décadas foi eleito um
presidente que não tem o sobrenome Castro pela Assembleia Nacional, escolhida em 11 de março deste
ano.
Sobre as eleições cubanas, é correto afirmar que
(A) a Assembleia Nacional teve 605 candidatos para preencher as 605 vagas desse Parlamento.
(B) o presidente eleito tem discurso de oposição ao regime castrista.
(C) Raul Castro era candidato à reeleição, mas não obteve apoio para mais um mandato.
(D) os membros da Assembleia Nacional, eleitos em março pelo voto popular, são contrários a qualquer
tipo de abertura econômica.
(E) Raul Castro, com 86 anos, resolveu renunciar ao poder por sentir-se debilitado para gerir os
destinos da ilha.

07. (PC/SP - Auxiliar de Papiloscopista Policial - VUNESP - 2018) O Fundo Monetário Internacional
(FMI) avalia como avançadas as negociações para um acordo com o país, que solicitou uma linha de
crédito “stand-by” para combater uma recente crise cambial e seguir adiante com as reformas econômicas
do governo.
(Valor, 4 jun.18. Disponível em: <https://goo.gl/QLCfJU>. Adaptado)

A notícia aborda a situação econômica


(A) Argentina
(B) Chilena
(C) Colombiana
(D) Uruguaia
(E) Paraguaia

Gabarito

01.B / 02.E / 03.A / 04.D / 05.B / 06.A / 07.A

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Comentários

01. Resposta: B
Mesmo após grande divulgação do fato, o governo estadunidense encontrou dificuldades em reunir as
famílias separadas durante o processo. Todo o problema se deu devido a chamada política de tolerância
zero do governo Trump a partir do mês de abril.
(https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/27/internacional/1532651860_397916.html)

02. Resposta: E
Cerca de uma semana após esse episódio, Pyongyang dá uma resposta indireta ao presidente dos
Estados Unidos através de desfile organizado em comemoração à data de aniversário de seu avô. Segue
o link com a notícia na íntegra e imagens do arsenal exibido pelo líder exército norte-coreano.
03. Resposta: A
É uma questão relacionada aos conflitos que fazem parte da Guerra Civil na Síria, iniciada em 2011 e
ainda reflete na população.
<https://oglobo.globo.com/mundo/milhares-de-sirios-fogem-de-ghouta-oriental-diante-de-avanco-pro-governo-22491573>

04. Resposta: D
Trump causou polêmica ao transferir a embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém. O
apoio aberto do líder estadunidense a Israel apenas inflamou um conflito já antigo entre palestinos e
israelenses.
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/entenda-por-que-o-reconhecimento-de-jerusalem-como-capital-de-israel-pelos-eua-e-tao-polemico.ghtml>

05. Resposta: B
No caso da Síria, a divisão, que não levou em consideração o complicado e milenar mosaico regional
de etnias e religiões, é vista por muitos como base dos conflitos sectários que corroem o país hoje. Mais
do que a maioria dos países árabes, a população da moderna Síria, que se tornou independente dos
franceses em 1946, é uma frágil teia de comunidades étnicas e sectárias. Dos 23 milhões de sírios, 90%
são árabes, mas também há curdos (9%) e pequenas comunidades armênias, circassianas e turcomanas.
Em termos de religião, a subdivisão é mais complicada: 74% dos sírios são muçulmanos sunitas, 16%
são muçulmanos xiitas (entre alauitas, drusos e ismaelitas) e 10%, cristãos (ortodoxos, maronitas ou
latinos). Junta-se a isso outra subdivisão, a dos clãs familiares, e se tem uma receita para desavenças.

06. Resposta: A
Questão que pede conhecimento específico sobre o fato. Aqui saber quantidade teve maior
importância do que saber o processo geral. Foram 605 candidatos para 605 vagas.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/04/assembleia-em-cuba-indica-miguel-diaz-canel-para-suceder-raul-castro.shtml.

07. Resposta: A
A notícia aborda a situação econômica da Argentina. O país que conta com baixas reservas de dólares
teve de recorrer ao FMI para honrar seus compromissos internacionais. Macri sofre com a “saída” de
dólares do país, altas taxas de juros e desvalorização de sua moeda frente ao dólar.

Meio Ambiente e Sustentabilidade


saúde
Olá candidato(a). No conteúdo a respeito de Meio Ambiente dentro dos tópicos de atualidades,
teremos uma ordem um pouco diferente. Antes dos textos noticiados no período estipulado, traremos
alguns conceitos e explicações que normalmente são cobrados independente de ser um conteúdo
veiculado através de meios de comunicação ou não. Envolvem definições de desenvolvimento
sustentável e créditos de carbono por exemplo. Caso tenha alguma dúvida, por favor entre em contato
conosco.

Desenvolvimento sustentável108: é o modelo que prevê a integração entre economia, sociedade e


meio ambiente.

108
Fonte: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20/desenvolvimento-sustentavel.html

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Responsabilidade Socioambiental109: Está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e a
políticas que tenham como um dos principais objetivos a sustentabilidade. Todos são responsáveis pela
preservação ambiental: governos, empresas e cada cidadão.

Gestão do Lixo
O lixo ainda é um dos principais desafios dos governos na área de gestão sustentável. No entanto, na
última década, o Brasil deu um salto importante no avanço para a gestão correta dos resíduos sólidos.
Para regulamentar a coleta e tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, além de
determinar o destino final correto do lixo, o Governo brasileiro criou a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei n° 12.305/10), aprovada em agosto de 2010.

Créditos de Carbono
No mercado de carbono, cada tonelada de carbono que deixa de ser emitida é transformada em
crédito, que pode ser negociado livremente entre países ou empresas.
O sistema funciona como um mercado, só que ao invés das ações de compra e venda serem
mensuradas em dinheiro, elas valem créditos de carbono.
Para isso é usado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê a redução certificada
das emissões de gases de efeito estufa. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução
dos gases poluentes tem direito a comercializar os créditos.
Por exemplo, um país que reduziu suas emissões e acumulou muitos créditos pode vender este
excedente para outro que esteja emitindo muitos poluentes e precise compensar suas emissões.
O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que participam desse mercado, com cerca
de 5% do total mundial e 268 projetos.

Consumo racional110
É um modo de consumir capaz de garantir não só a satisfação das necessidades das gerações atuais,
como também das futuras gerações. Isso significa optar pelo consumo de bens produzidos com tecnologia
e materiais menos ofensivos ao meio ambiente, utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o
desperdício e o excesso e ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não provoquem
degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de rever padrões insustentáveis de
consumo e diminuir as desigualdades sociais.
Adotar a prática dos três 'erres':
Redução, que recomenda evitar o consumo de produtos desnecessários;
Reutilização, que sugere que se reaproveite diversos materiais; e
Reciclagem, que orienta reaproveitar materiais, transformando-os e lhes dando nova utilidade.

Aquecimento Global
É uma consequência das alterações climáticas ocorridas no planeta. Diversas pesquisas confirmam o
aumento da temperatura média global. Conforme cientistas do Painel Intergovernamental em Mudança
do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos
cinco, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse aumento pode parecer
insignificante, mas é suficiente para modificar todo clima de uma região e afetar profundamente a
biodiversidade, desencadeando vários desastres ambientais.
As causas do aquecimento global são muito pesquisadas. Existe uma parcela da comunidade científica
que atribui esse fenômeno como um processo natural, afirmando que o planeta Terra está numa fase de
transição natural, um processo longo e dinâmico, saindo da era glacial para a interglacial, sendo o
aumento da temperatura consequência desse fenômeno.
No entanto, as principais atribuições para o aquecimento global são relacionadas às atividades
humanas, que intensificam o efeito de estufa através do aumento na queima de gases de combustíveis
fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás natural. A queima dessas substâncias produz gases como
o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que retêm o calor proveniente das
radiações solares, como se funcionassem como o vidro de uma estufa de plantas, esse processo causa
o aumento da temperatura. Outros fatores que contribuem de forma significativa para as alterações
climáticas são os desmatamentos e a constante impermeabilização do solo.

109
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental.
110
Texto adaptado de http://www.wwf.org.br/natureza_
brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/

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Atualmente os principais emissores dos gases do efeito de estufa são respectivamente: China, Estados
Unidos, Rússia, Índia, Brasil, Japão, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Coreia do Sul. Em busca de
alternativas para minimizar o aquecimento global, 162 países assinaram o Protocolo de Kyoto em 1997.
Conforme o documento, as nações desenvolvidas comprometem-se a reduzir sua emissão de gases que
provocam o efeito de estufa, em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990. Essa meta teve que ser
cumprida entre os anos de 2008 e 2012. Porém, vários países não fizeram nenhum esforço para que a
meta fosse atingida, o principal é os Estados Unidos.

Lixo Eletrônico
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho, OIT, destaca que 40 milhões de toneladas de
lixo eletrônico são produzidas todos os anos. O descarte envolve vários tipos de equipamentos, como
geladeiras, máquinas de lavar roupa, televisões, celulares e computadores. Países desenvolvidos enviam
80% do seu lixo eletrônico para ser reciclado em nações em desenvolvimento, como China, Índia, Gana
e Nigéria. Segundo a OIT, muitas vezes, as remessas são ilegais e acabam sendo recicladas por
trabalhadores informais.
Saúde - O estudo Impacto Global do Lixo Eletrônico, publicado em dezembro, destaca a importância
do manejo seguro do material, devido à exposição dos trabalhadores a substâncias tóxicas como chumbo,
mercúrio e cianeto. A OIT cita vários riscos para a saúde, como dificuldades para respirar, asfixia
pneumonia, problemas neurológicos, convulsões, coma e até a morte.
Orientações - Segundo agência, simplesmente banir as remessas de lixo eletrônico enviadas à países
em desenvolvimento não é solução, já que a reciclagem desse material promove emprego para milhares
de pessoas que vivem na pobreza. A OIT sugere integrar sistemas informais de reciclagem ao setor formal
e melhorar métodos e condições de trabalho. Outro passo indicado no estudo é a criação de leis e
associações ou cooperativas de reciclagem.

Textos Noticiados:

Um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção, aponta ONU111

Estudo envolveu 145 cientistas de 50 países e revisou mais de 15 mil pesquisas.


Um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção, segundo o relatório da
Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema
(IPBES). A plataforma da Organização das Nações Unidas (ONU) contou com 145 cientistas de 50 países,
no que é o considerado o relatório mais extenso sobre perdas do meio ambiente.
O estudo, divulgado nesta segunda-feira (06/05), foi feito com base na revisão de mais de 15 mil
pesquisas científicas e fontes governamentais. Os cientistas destacam cinco principais causas de
mudanças de grande impacto na natureza nas últimas décadas:
- perda da habitat natural
- exploração das fontes naturais
- mudanças climáticas
- poluição
- espécies invasoras

Desde 1900, a média de espécies nativas na maioria dos principais habitats terrestres caiu em pelo
menos 20%. Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% dos corais e mais de um terço de todos
os mamíferos marinhos estão ameaçados. Pelo menos 680 espécies de vertebrados foram levadas à
extinção desde o século 16.
“Ecossistemas, espécies, populações selvagens, variedades locais e raças de plantas e animais
domesticados estão diminuindo, deteriorando-se ou desaparecendo. A rede essencial e interconectada
da vida na Terra está ficando menor e cada vez mais desgastada ”, disse o Prof. Settele.
“Esta perda é um resultado direto da atividade humana e constitui uma ameaça direta ao bem-estar
humano em todas as regiões do mundo ”, disse o Prof. Settele, um dos participantes o estudo.
O relatório diz ainda que desde 1980 as emissões de gás carbônico dobraram, levando a um aumento
das temperaturas do mundo em pelo menos 0,7 ºC.
Ainda de acordo com os cientistas, a perda de biodiversidade não é apenas uma questão ambiental,
mas também uma questão de desenvolvimento, econômica, de segurança, social e moral.

111
G1. Um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção, aponta ONU. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/05/06/um-
milhao-de-especies-de-plantas-e-animais-estao-ameacadas-de-extincao-segundo-relatorio-da-onu.ghtml. Acesso em 06 de maio de 2019

146
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Segundo o relatório, as atuais tendências negativas impedirão em 80% o progresso das metas dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, relacionadas a pobreza, fome, saúde, água, cidades, clima,
oceanos e terra.
Três quartos do ambiente terrestre e cerca de 66% do ambiente marinho foram significativamente
alterados por ações humanas. Em média, essas tendências foram menos severas ou evitadas em áreas
mantidas ou gerenciadas por povos indígenas e comunidades locais.
Além disso, um terço das áreas terrestres e 75% do uso de água limpa é para plantação e criação de
animais para alimentação. O valor da produção agrícola aumentou cerca de 300% desde 1970, a
derrubada de madeira aumentou 45% e aproximadamente 60 bilhões de toneladas de recursos
renováveis e não renováveis são extraídos globalmente a cada ano.

Veja outros pontos destacados pelo relatório:


- A degradação da terra reduziu a produtividade de 23% da superfície terrestre global, até US$ 577
bilhões em safras globais anuais estão em risco de perda de polinizadores
- Entre 100-300 milhões de pessoas estão em risco aumentado de enchentes e furacões devido à
perda de habitats e proteção da costa
- Em 2015, 33% da vida marinha estava sendo pescada em níveis insustentáveis
- Áreas urbanas dobraram desde 1992
- A poluição plástica aumentou dez vezes desde 1980. De 300 a 400 milhões de toneladas de metais
pesados, solventes, lamas tóxicas e outros resíduos de instalações industriais são despejados
anualmente nas águas do mundo
- Fertilizantes que entram nos ecossistemas costeiros produziram mais de 400 "zonas mortas"
oceânicas, totalizando mais de 245.000 km² - uma área combinada maior que a do Reino Unido

Ainda dá tempo
Apesar das notícias não serem boas, o relatório aponta caminhos para uma mudança. Governos
devem trabalhar em conjunto para a implementação de leis e produção mais sustentável.
Segundo o relatório, é possível melhorar a sustentabilidade na agricultura, planejando áreas de
plantação para que elas forneçam alimentos e ao mesmo tempo apoiem as espécies nativas. Outras
sugestões incluem a reforma de cadeias de suprimento e a redução do desperdício de alimentos.
Além disso, para preservar a vida marinha, o relatório sugere cotas de pesca efetivas, demarcação de
áreas protegidas e redução da poluição que vai da terra para o mar.

Mundo apaga suas luzes pela Hora do Planeta112

Iniciativa busca reflexão sobre o impacto do gasto energético sobre as mudanças climáticas.
A Torre Eiffel parisiense, a Acrópole de Atenas, o Kremlin em Moscou e a Ópera de Sydney apagaram
suas luzes durante uma hora neste sábado, na chamada Hora do Planeta, para aumentar a
conscientização sobre as mudanças climáticas e seu impacto na biodiversidade. Para a 13ª edição da
Hora do Planeta, organizada pela ONG WWF, milhões de pessoas em 180 países vão apagar suas luzes
para refletir o impacto do gasto energético sobre as mudanças climáticas e seu papel fundamental na
natureza. "Somos a primeira geração a ter consciência que estamos destruindo o mundo. E podemos ser
os últimos capazes de fazer algo a respeito", diz a chamada da WWF. "Nós temos as soluções, só
precisamos que nossas vozes sejam ouvidas".
O presidente da WWF-Austrália, Dermot O'Gorman, disse à AFP que "a Hora do Planeta continua a
ser o maior movimento de base no mundo para que as pessoas adotem medidas contra as mudanças
climáticas". "Trata-se de incitar os indivíduos a realizar ações pessoais e, desta forma, se unir a centenas
de milhões de pessoas em todo o mundo para demonstrar que não precisamos apenas de ações urgentes
em relação às mudanças climáticas, mas também devemos proteger nosso planeta", acrescentou.
Dezenas de empresas em todo o mundo se comprometeram a aderir a essa iniciativa de desligar as
luzes por uma hora. Inúmeros monumentos e edifícios emblemáticos vão permanecer às escuras entre
20h30 e 21h30min, como a Torre de Xangai, o Porto Victoria de Hong Kong, a Torre Burj Khalifa de Dubai,
as pirâmides do Egito, a basílica de São Pedro de Roma, o Big Ben de Londres, o Corcovado do Rio de
Janeiro e a sede da ONU em Nova Iorque.
No ano passado, quase 7 mil cidades em 187 países apagaram as luzes de seus edifícios
emblemáticos, segundo WWF. Este ano, o apelo ocorre após a divulgação de relatórios globais com
advertências urgentes sobre o estado do habitat natural e das espécies na Terra. De acordo com o último
112
AFP. Mundo apaga suas luzes pela Hora do Planeta. Correio do Povo. https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/mundo/mundo-apaga-suas-luzes-pela-
hora-do-planeta-1.329913. Acesso em 01 de abril de 2019

147
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
relatório "Planeta Vivo" publicado pela WWF em 2018, entre 1970 e 2014, o número de espécimes de
vertebrados - peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis -, caiu 60% em todo o mundo.
Um declínio que atingiu 89% nos trópicos, na América do Sul e Central. Enquanto esta ação, realizada
em várias cidades ao redor do mundo, é um gesto simbólico, a Hora do Planeta liderou campanhas bem-
sucedidas na última década para proibir, por exemplo, os plásticos nas Ilhas Galápagos e plantar 17
milhões de árvores no Cazaquistão.

Poluição é responsável por 1 a cada 4 mortes prematuras no mundo113

Relatório da ONU aponta que poluição do ar mata entre 6 e 7 milhões de pessoas por ano. Falta de
acesso à água potável é responsável por 1,4 milhão de mortes nesse mesmo período.
Um quarto das mortes prematuras e das doenças que proliferam atualmente no mundo estão
relacionadas à poluição e a outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem. O alerta é feito pela
ONU em um relatório sobre o estado do planeta, divulgado nesta quarta-feira (13/03) em Nairóbi, capital
do Quênia.
O relatório, chamado de GEO (Global Environement Outlook), é resultado do trabalho de 250 cientistas
de 70 países, durante seis anos. O documento utiliza uma base de dados gigantesca para calcular o
impacto da poluição sobre centenas de doenças, além de listar uma série de emergências sanitárias no
mundo.
Segundo o GEO, a poluição atmosférica, os produtos químicos que contaminam a água potável e a
destruição acelerada dos ecossistemas vitais para bilhões de pessoas estão provocando uma espécie de
epidemia mundial.
As condições ambientais "medíocres" são responsáveis por cerca de 25% das mortes prematuras e
doenças no planeta. A poluição do ar mata entre 6 e 7 milhões de pessoas por ano. Já a falta de acesso
à água potável mata 1,4 milhão de pessoas a cada ano devido a doenças que poderiam ser evitadas,
como diarreias.
O relatório também indica que produtos químicos despejados no mar provocam efeitos negativos na
saúde de várias gerações. Além disso, 3,2 bilhões de pessoas vivem em terras destruídas pela agricultura
intensiva ou pelo desmatamento.
Já a utilização desenfreada de antibióticos na produção alimentar pode resultar no surgimento de
bactérias ultrarresistentes, que poderiam se tornar a primeira causa de mortes prematuras até a metade
do século.

Desigualdades entre Norte e Sul


O documento também revela outros problemas provocados pelas imensas desigualdades entre os
países ricos e pobres. O consumo excessivo, a poluição e o desperdício alimentar no Hemisfério Norte
resultam em fome, pobreza e doenças para o Sul.
"Ações urgentes e de uma amplitude sem precedentes são necessárias para pausar e inverter essa
situação", indica a conclusão do relatório. Para os autores do documento, sem uma reorganização da
economia mundial em direção a uma economia sustentável, até mesmo o conceito de crescimento
mundial pode ser questionado, diante da alta quantidade de mortes e custos dos tratamentos.
"A principal mensagem é que se você tem um planeta saudável, isso vai ter impacto positivo não
apenas no crescimento mundial, mas na vida dos pobres, que dependem do ar puro e da água limpa",
afirma Joyeeta Gupta, vice-presidente do GEO.

Apelo pela redução de CO2


O relatório aponta, no entanto, que a situação não é irremediável e pede, sobretudo, a redução das
emissões de CO2 e do uso de pesticidas. É o que prevê o Acordo de Paris de 2015, que aspira limitar o
aquecimento global a +2 ºC até 2100, e se possível a +1,5 ºC, na comparação com a era pré-industrial.
No entanto, os cientistas lembram que não existe nenhum acordo internacional equivalente sobre o
meio ambiente e os impactos sobre a saúde da poluição, do desmatamento e de uma cadeia alimentar
industrializada são menos conhecidos.
Segundo eles, o desperdício de alimentos também precisa ser reduzido: o mundo joga no lixo um terço
da comida produzida (56% nos países mais ricos).
"Em 2050, teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas, mas isto não quer dizer que devemos dobrar
a produção", insistiu Gupta, defendendo, por exemplo, a redução do gado. "Mas isto levaria a uma
mudança do modo de vida", reconheceu.
113
RFI. Poluição é responsável por 1 a cada 4 mortes prematuras no mundo. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/13/poluicao-e-responsavel-
por-1-a-cada-4-mortes-prematuras-no-mundo.ghtml. Acesso em 13 de março de 2019.

148
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Licenciamento recorde de novos agrotóxicos114

Enquanto no andar de cima a palavra de ordem é “libera geral”, multiplicam-se os fatores de risco à
saúde e ao meio ambiente.
Sem estardalhaço, com os espaços mais nobres do noticiário tomados por sucessivas tragédias,
passou despercebida a notícia de que o atual governo autorizou em seus primeiros 47 dias de existência,
54 novos agrotóxicos no mercado, o que dá uma média superior a um novo produto licenciado por dia. O
Ministério da Agricultura alega que todos os ingredientes já eram comercializados no Brasil, e que a
novidade seria a aplicação desses produtos em novas culturas, o sinal verde para que novos fabricantes
possam comercializá-los, e que novas combinações químicas entre eles sejam permitidas. A julgar pelas
explicações dadas pelo ministério, ninguém deveria ficar preocupado. Acoberta-se assim - mais uma vez
- a apreensão que acompanha já há algum tempo vários técnicos (alguns do próprio governo), em relação
à forma como o Brasil vem se tornando o paraíso do setor químico com 2.123 (número válido até o
fechamento desta edição) agrotóxicos licenciados.
Sempre discreta, longe dos holofotes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, cumpre aquilo que se
espera de quem, no ano passado, no comando da Frente Parlamentar da Agropecuária, liderou o rolo
compressor da bancada ruralista na aprovação do chamado “Pacote do Veneno”. A aprovação do PL
6299/2002 em uma comissão especial do Congresso abriu caminho para a tramitação de um pacote que,
na prática, reduz drasticamente as atribuições do Ibama (meio ambiente) e da Anvisa (saúde) no processo
de licenciamento desses produtos. O texto aprovado confere ao Ministério da Agricultura poderes sem
precedentes para autorizar a comercialização de agrotóxicos no Brasil.
Em favor da flexibilização da lei - o “Pacote do Veneno” ainda não foi votado em plenário - os ruralistas
dizem que o processo usual de licenciamento dessas “moléculas” (como a ministra prefere chamar)
costuma levar anos, prejudicando a produção. O grande problema é a distância que separa o gabinete
da ministra do Brasil real. Enquanto no andar de cima a palavra de ordem é “libera geral”, multiplicam-se
os fatores de risco à saúde e ao meio ambiente.
Um dos exemplos da farra na pulverização de veneno nas lavouras vem dos exames realizados em
amostras de alimentos consumidos pela população. A Fundação Oswaldo Cruz abriga o mais importante
laboratório federal de análises de substâncias químicas presentes nos alimentos, ligado à Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Mais de 30 alimentos costumam ser periodicamente analisados por lá.
Para surpresa dos pesquisadores, em algumas amostras é possível encontrar até 15 princípios ativos de
diferentes agrotóxicos, o que indica uma brutal desinformação do agricultor que está usando “bala de
canhão para matar uma mosca”.
“Quem determina quais produtos químicos os agricultores devem usar, e em quais dosagens, é o
varejista”, afirma uma fonte da Embrapa. Além de não dispor do conhecimento técnico necessário para
indicar a melhor resposta para todas as situações, o vendedor ainda recebe comissão pelas vendas
desses produtos químicos. Curiosamente, o próprio relator do “Pacote do Veneno”, deputado Luís
Nishimori (PR-Paraná), esteve à frente de duas empresas que vendiam agrotóxicos (Nishimori Agricultura
e Mariagro Agrícola Ltda.), mas, segundo ele, à época da votação, as empresas estariam “desativadas”.
Em tempo: o conflito de interesses no Congresso alcança de forma avassaladora vários parlamentares
ligados ao agronegócio, mineração, indústria das armas, etc.
Outro motivo de preocupação é a instrução normativa nº 40 da Secretaria de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura (lançada no ano passado) que deu plenos poderes aos engenheiros agrônomos
para determinarem livremente misturas de diferentes agrotóxicos para a produção de receitas de acordo
com cada situação. Ou seja, deu-se carta branca para que estes profissionais inventem novas receitas
químicas sem que os efeitos dessa mistura sobre a saúde ou o meio ambiente sejam devidamente
conhecidos. “Empoderamos os engenheiros agrônomos”, disse então o ministro da Agricultura, Blairo
Maggi.
Uma tragédia silenciosa sobre a qual nem a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e muito menos o
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se pronunciaram até agora é a elevada mortandade de
abelhas no Brasil em eventos associados à pulverização de agrotóxicos. O registro mais recente de
desastre vem do Rio Grande do Sul, onde a Associação dos Apicultores Gaúchos contabiliza a perda de
6 mil colmeias nos últimos meses, inviabilizando a entrega de 150 toneladas de mel. “Claro que tem outras
causas de mortes, mas em 80% das análises das abelhas mortas, foi constatado algum tipo de agrotóxico
presente”, afirmou ao G1 o tenente Edelberto Ginder, da Patrulha Ambiental da Brigada Militar de Santa
Rosa.

114
André Tigueiro. Licenciamento recorde de novos agrotóxicos. https://g1.globo.com/natureza/blog/andre-trigueiro/post/2019/02/21/licenciamento-recorde-de-novos-
agrotoxicos.ghtml. Acesso em 21 de fevereiro de 2019.

149
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O prejuízo dos apicultores é apenas a ponta do iceberg. O maior problema - já visível em vários países
- é o impacto sobre a polinização de alimentos. Estima-se que o trabalho realizado de graça pelas abelhas
tenha um valor econômico equivalente a 10% da produção agrícola mundial. No Brasil, mais de 50 milhões
de toneladas de produtos agrícolas dependem diretamente da polinização. Alguns cálculos dão conta de
que a morte contínua das abelhas pode significar quase 50 bilhões de reais de prejuízos para a agricultura
brasileira.
O assunto é tão grave e urgente que para proteger as abelhas, a União Europeia decidiu no ano
passado proibir o uso de agrotóxicos claramente associados a mortandade do inseto. No Brasil, nada
sugere que algo parecido venha a acontecer. Alguns produtos proibidos na Europa - como os
neonicotinoides, inseticidas derivados da nicotina - continuam sendo pulverizados em larga escala por
aqui.
Outro problema amplamente diagnosticado no Brasil é a pulverização de venenos por aviões, sem que
se respeitem os protocolos básicos de segurança como evitar a dispersão dos agrotóxicos em sobrevoos
muito altos ou quando haja vento forte. A chuva de veneno fora do perímetro das lavouras com impactos
sobre a saúde das comunidades próximas e a biodiversidade vem sendo documentada há anos, sem a
devida resposta do poder público. Há pouco mais de um ano, na maior operação de combate às práticas
criminosas de pulverização irregular por aeronaves, nada menos que 48 aviões foram interditados nos
Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná. A Operação Deriva II resultou na aplicação de
R$ 8,2 milhões em multas que, como se sabe, resultam em processos intermináveis sem prejuízo efetivo
para os infratores. Aeronaves não autorizadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e
pulverização de agrotóxicos proibidos por lei no Brasil ou com prazos de validade vencidos são infrações
comuns. Não se sabe quando será a próxima operação ou por que elas acontecem de forma tão
espaçada.
Uma cena da novela “Velho Chico”, de Benedito Ruy Barbosa, exibida em 2016 pela TV Globo, ilustra
bem o que parece ser o pensamento de uma parcela dos produtores rurais que aplicam agrotóxicos de
forma irresponsável em suas lavouras. Na fazenda de Afrânio (Antonio Fagundes), as plantações de
manga recebem cargas monumentais de veneno. Maria Tereza (Camila Pitanga), filha de Afrânio, fica
horrorizada com o que vê. E dá a ordem aos funcionários: “Podem parar com isso. Todos vocês”. Eles
dizem que devem continuar, mas ela é taxativa: “Que pare o mundo se for preciso. Eu não quero mais
uma só manga sendo colhida encharcada”. Maria Tereza colhe uma fruta do pé e segue irritada até o
escritório do pai. Lá chegando, cobra dele uma explicação: “Pai, o que é isso? O senhor está encharcando
a manga de veneno. Muito mais do que o necessário. Isso não está certo. Pode dar problema”. O pai olha
com ar de desdém para a filha e responde sem afetação: “É daí? Eu não planto pra comer. Eu planto pra
vender”.
O Brasil merece comer o que se planta sem sustos, sem riscos, sem que o interesse privado se
sobreponha ao interesse público.

Aquecimento global: década pode ser a mais quente da história, diz agência britânica115

O mundo está no meio do que pode ser a década mais quente já registrada, de acordo com um estudo
do Met Office — o serviço meteorológico do governo britânico.
O serviço, cujos registros remontam a 1850, projeta que as temperaturas nos próximos cinco anos
estarão até 1°C mais altas do que aquelas observadas no período pré-revolução industrial.
Há também uma pequena chance de que um destes anos registre temperaturas até 1,5°C maiores.
Este patamar é visto como um limite crítico para o aquecimento global.
Se os dados realmente corresponderem às projeções do Met Office, o período de 2014 até 2023 será
a década mais quente nos 150 anos de dados da agência.

Como as projeções do Met Office podem impactar o Acordo de Paris?


Segundo o Met Office, o ano de 2015 foi o primeiro no qual a temperatura média global da superfície
da Terra atingiu 1°C acima dos níveis pré-revolução industrial — geralmente, este nível é calculado
levando em conta as temperaturas entre os anos de 1850 e 1900.
Em todos os anos desde 2015, a temperatura média global ficou próxima ou ligeiramente acima desta
marca de 1°C a mais. Agora, o Met Office afirma que esta tendência deve se manter ou até se fortalecer
nos próximos cinco anos.

115
BBC. Aquecimento Global: década pode ser a mais quente da história, diz agência britânica. G1 Natureza.
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/02/07/aquecimento-global-decada-pode-ser-a-mais-quente-da-historia-diz-agencia-britanica.ghtml. Acesso em 07 de
fevereiro de 2019.

150
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
"Acabamos de fazer as previsões deste ano e elas vão até 2023 e o que sugerem é um rápido
aquecimento global", disse o professor Adam Scaife, chefe de previsão de longo prazo do Met Office.
"Olhando individualmente para cada ano nessa previsão, podemos ver agora, pela primeira vez, que
há o risco de uma superação temporária, e repito, temporária, do limiar de 1,5°C estabelecido no acordo
climático de Paris."
Em outubro passado, cientistas da ONU publicaram um relatório sobre os impactos de longo prazo de
um aumento de temperatura de 1,5°C.
Eles concluíram que seria necessário um grande esforço de corte de carbono para impedir que o
mundo ultrapassasse esse limite até 2030. Agora, a análise do Met Office diz que há 10% de chance de
isso acontecer nos próximos cinco anos.
"É a primeira vez que as previsões mostram um risco significativo de superação - que é apenas
temporária. Estamos falando de anos individuais variando acima do nível de 1,5 grau", disse o professor
Scaife.
"Mas o fato de que isso possa acontecer nos próximos anos devido a uma combinação de aquecimento
geral e flutuações devido a eventos como os do El Niño significa que estamos chegando perto desse
limiar".

Quão confiante está o Met Office sobre sua previsão?


O serviço diz que tem um patamar de confiança de 90% nas previsões para os próximos anos.
Segundo o Met Office, de 2019 a 2023, veremos temperaturas variando de 1,03°C a 1,57°C acima do
nível de 1850-1900, com aumento do aquecimento em grande parte do globo, especialmente em áreas
como o Ártico.
A equipe de pesquisadores diz que está bastante segura de suas previsões por causa de experiências
passadas. Sua previsão anterior, feita em 2013, já havia mencionado a rápida taxa de aquecimento que
foi observada nos últimos cinco anos. Previu também alguns dos detalhes menos conhecidos, como a
mancha de resfriamento observada no Atlântico Norte e os pontos mais frios do Oceano Antártico.
Se as observações do Met Office para os próximos cinco anos corresponderem às expectativas, a
década entre 2014 e 2023 será a mais quente em mais de 150 anos de registros.

E o que disseram outras agências climáticas?


A previsão do Met Office vem ao mesmo tempo que várias agências publicam suas análises sobre as
temperaturas observadas em 2018, mostrando que o ano foi o quarto mais quente desde que os registros
começaram.
Dados divulgados nesta quarta pela Nasa e pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional
(Noaa, na sigla em inglês), instituição governamental dos Estados Unidos, ressaltam esse panorama e
informam que 2015, 2016 e 2017 foram os outros três anos mais quentes.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou uma análise de cinco grandes conjuntos de
dados internacionais, mostrando que os 20 anos mais quentes já documentos aconteceram nos últimos
22 anos.
"As temperaturas são apenas parte da história. O clima extremo e de alto impacto afetou muitos países
e milhões de pessoas, com repercussões devastadoras para economias e ecossistemas em 2018", disse
o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
"Muitos dos eventos climáticos extremos são consistentes com o que esperamos de um clima em
transformação. Essa é uma realidade que precisamos encarar. A redução de emissões de gases do efeito
estufa e as medidas de adaptação ao clima devem ser uma prioridade global", afirmou.
Outros pesquisadores da área disseram que a nova previsão para os próximos cinco anos está
alinhada com as expectativas, dado o nível recorde de CO2 bombeado para a atmosfera em 2018.
"A previsão do Met Office, infelizmente, não é uma surpresa", disse Anna Jones, química do British
Antarctic Survey, órgão responsável pelos interesses do Reino Unido na Antártica.
"Temperaturas médias em todo o mundo estão em um recorde de alta, e tem sido assim por vários
anos. Elas são impulsionadas predominantemente pelo aumento das concentrações de gases do efeito
estufa, como o dióxido de carbono, que resultam do nosso uso contínuo de combustíveis fósseis", disse.
"Até reduzirmos as emissões de gases do efeito estufa, podemos esperar tendências de alta nas
temperaturas médias globais".

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Brumadinho: O que se sabe sobre o rompimento de barragem que matou ao menos 60 pessoas
em MG116

Até a noite de domingo, 60 corpos foram resgatados da região atingida pelo rompimento
da barragem da Vale na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, município na zona metropolitana de
Belo Horizonte.
Entre as 60 mortes confirmadas até o momento, 19 corpos foram identificados, de acordo com a Defesa
Civil de Minas Gerais. Pelo menos 292 pessoas continuam desaparecidas.
Desde sexta, 192 pessoas foram localizadas e resgatadas pelos bombeiros.
Em coletiva de imprensa na noite de domingo, o porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-
coronel Flávio Godinho, disse que um ônibus foi localizado próximo à área administrativa da Vale e que
haveria mais corpos dentro dele. Dessa forma, o trabalho do Corpo de Bombeiros continuará noite adentro
e o número de vítimas deve subir.
As buscas haviam sido interrompidas na madrugada de domingo, quando técnicos da mineradora
informaram que havia "risco iminente de rompimento" da barragem B6, e foram retomadas por volta de
15 horas.
Ainda de acordo com o tenente-coronel, boa parte do material da represa, que acumulava entre 3
milhões e 4 milhões de metros cúbicos de água, já foi drenado e a estrutura não corre mais risco de
rompimento. Restariam apenas 140 mil metros cúbicos de água, que serão drenados nos próximos 10 a
15 dias.
Cerca de 3 mil pessoas chegaram a ser acionadas pelas autoridades para que deixassem suas casas,
que estariam em áreas de risco, segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros. A
Defesa Civil já as liberou, contudo, para que elas voltassem para suas casas.
O juiz do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Renan Chaves Carreira Machado, a pedido da
Advocacia Geral do Estado (AGE), determinou ainda na sexta-feira o bloqueio de R$ 1 bilhão das contas
da Vale.
A medida, proposta pelo Estado de Minas Gerais e decidida pela Justiça em caráter liminar, buscava
oferecer "imediato e efetivo amparo às vítimas e redução das consequências (...) e na redução do prejuízo
ambiental". A decisão determina, ainda, que a empresa apresente, em até 48 horas, "um relatório sobre
as ações de amparo às vítimas, adote medidas para evitar a contaminação de nascentes hidrográficas,
faça um planejamento de recomposição da área afetada e elabore, de imediato, um plano de controle
contra a proliferação de pragas e vetores de doenças diversas".
Desde então, outras duas liminares foram concedidas pela Justiça de Minas Gerais para que outros
R$ 10 bilhões da mineradora fossem bloqueados para mitigar os dados ambientais e prestar auxílio às
vítimas.

Ajuda externa
Ainda neste domingo, chega a Minas Gerais uma equipe de 136 soldados do Exército israelense,
especializada em operações de resgate em situações extremas, para auxiliar na busca por sobreviventes.
A informação, antecipada no sábado pelo presidente Jair Bolsonaro, foi confirmada pelo governo de
Minas Gerais.
Na segunda-feira, a equipe fará um reconhecimento da área e iniciará em seguida os trabalhos. Além
de especialistas em salvamento, a equipe israelense conta com cães farejadores e 16 toneladas de
equipamentos, incluindo radares terrestres.

Bloqueio de bens da Vale


Até a tarde de domingo, a Justiça havia determinado o bloqueio de um total de R$ 11 bilhões da
mineradora Vale. Foram três decisões diferentes: uma ainda na noite do rompimento da barragem, no
valor de R$ 1 bilhão, e outras duas no valor de R$ 5 bilhões, em liminares deferidas pela juíza Perla Saliba
Brito.
Os recursos deverão ser usados para reparação dos danos ambientais e auxílio às vítimas.
A Vale foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões devido aos danos ao meio ambiente causados pelo
rompimento das barragens da mina do córrego do Feijão. Foram cinco infrações no valor de R$ 50 milhões
cada, o máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais. A empresa também foi multada pela Secretaria
Estadual do Meio Ambiente em R$ 99 milhões, pelos danos causados. O valor seria usado para reparos
na região.

116
BBC. Brumadinho: O que se sabe sobre o rompimento de barragem que matou ao menos 60 pessoas em MG. BBC Brasil. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
47002609. Acesso em 28 de janeiro de 2019.

152
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Em entrevista coletiva, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que funcionários da empresa
compõem a maioria dos atingidos pelo rompimento da barragem.
Em nota divulgada logo após o rompimento, a mineradora informou que os rejeitos liberados pela
barragem atingiram a área administrativa da empresa no local, conhecido como Mina Córrego do Feijão.
A lama também atingiu parte da comunidade da Vila Ferteco, nas proximidades. Ambos ficam a 18 km do
centro de Brumadinho.
"O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e
Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente", disse a empresa.
"A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para
Barragens. A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e
integrantes da comunidade", continuou o comunicado.
À BBC News Brasil o secretário adjunto de Saúde de Brumadinho, Geraldo Rodrigues do Carmo, disse
que funcionários da mineradora relataram ter visto a lama atingir a portaria e o refeitório da empresa no
horário do almoço. Ainda acordo com Carmo, além de concentrar a administração da Vale, a Vila Ferteco
abrigaria casas e sítios, mas não seria muito populosa.

Resposta do governo
Na manhã deste sábado, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a área atingida pelo rompimento da
barragem.
Bolsonaro não chegou a pousar na região e, portanto, não deu declarações no local. Ele já está de
volta a Brasília. Pelo Twitter, o presidente disse que é "difícil ficar diante de todo esse cenário e não se
emocionar" e acrescentou que o governo fará o que estiver ao seu alcance para atender as vítimas,
minimizar danos, apurar os fatos e prevenir novas tragédias, citando o desastre de Mariana, há três anos.
Horas depois, na noite de sábado, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional),
general Augusto Heleno, disse que o governo pretende realizar vistorias em todas as barragens do país
que "ofereçam maior risco". Heleno falou à imprensa depois de participar de uma reunião do gabinete de
crise criado por Bolsonaro para monitorar as consequências da tragédia.
"É importante e urgente que aquelas barragens, no Brasil inteiro, que ofereçam maior risco sejam
submetidas a uma nova vistoria, para que nós possamos nos antecipar, na medida do possível, a novos
desastres", declarou.
O ministro também afirmou que há a intenção de mudar o protocolo de licenciamento de barragens.
Ainda de acordo com o general, o governo deve oferecer ajuda financeira para as vítimas do desastre,
como adiatamentos de benefícios, mas ele disse que os valores ainda não estão definidos.
A ajuda, acrescentou o ministro, também deve vir de Israel, que enviará um avião com equipes e
equipamentos para reforçar as buscas.

A barragem
No cadastro nacional da Agência Nacional de Mineração, a barragem do Córrego do Feijão é
classificada como uma estrutura de pequeno porte com baixo risco e alto dano potencial.
A lei 12.334/10 explica que o risco é calculado "em função das características técnicas, do estado de
conservação do empreendimento e do atendimento ao Plano de Segurança da Barragem". Já o dano
potencial se refere ao "potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e
ambientais decorrentes da ruptura da barragem".
Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informa que o
empreendimento e a barragem em Brumadinho estão devidamente licenciados.
Em dezembro de 2018, a Vale obteve licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na
barragem e encerramento de atividades.
"A barragem não recebia rejeitos desde 2014 e tinha estabilidade garantida pelo auditor, conforme
laudo elaborado em agosto de 2018. As causas e responsabilidades pelo ocorrido serão apuradas pelo
governo de Minas."
Em nota, a Vale afirmou que a barragem foi construída em 1976, pela Ferteco Mineração (adquirida
pela mineradora em 2001). Segundo a empresa, os rejeitos dispostos ocupavam um volume de 11,7
milhões de metros cúbicos.
A Vale disse ainda que a barragem possuía Declarações de Condição de Estabilidade emitidas pela
empresa TUV SUD do Brasil em junho e setembro de 2018.
"A barragem possuía Fator de Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da
referência da Norma Brasileira. Ambas as declarações de estabilidade mencionadas atestam a segurança
física e hidráulica da barragem."

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Segundo a companhia, a barragem passava por inspeções de campo quinzenais. "Todas estas
inspeções não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura."

Aquecimento dos oceanos bateu recorde em 2018, dizem cientistas117


Em estudo publicado nesta quarta (16/01), pesquisadores chineses e americanos afirmam que as
águas do planeta atingiram as temperaturas mais altas nos últimos 60 anos.
Pesquisadores chineses e americanos constataram que a temperatura dos oceanos em 2018 foi a
mais quente já registrada nos últimos 60 anos. O estudo, com base nos dados mais recentes do Instituto
de Física Atmosférica, na China, foi publicado nesta quarta (16/01) na revista científica "Advances in
Atmospheric Sciences".
A conclusão está de acordo com a tendência de aquecimento dos oceanos registrada nos últimos cinco
anos — que já eram os cinco mais quentes desde a década de 1950, dizem os cientistas. O aumento na
temperatura oceânica acontece desde então e se acelerou a partir da década de 1990.
“A tendência de longo prazo de aquecimento do oceano é uma grande preocupação tanto para a
comunidade científica quanto para o público em geral. As temperaturas mais altas causam a expansão
térmica da água e um aumento do nível do mar — o que expõe a água doce costeira à intrusão de água
salgada e torna comunidades mais suscetíveis ao aparecimento de tempestades”, dizem os
pesquisadores no estudo.

Além do Instituto de Física Atmosférica, ligado à Academia de Ciências da China, a pesquisa envolveu
especialistas do Ministério de Recursos Naturais e da Universidade Hohai, também no país asiático, e do
Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica e da Universidade St. Thomas, nos Estados Unidos.
O aquecimento visto nos oceanos em 2018 resultou em um aumento médio de 1,4 mm no nível do mar
ao redor do globo em comparação à média de nível registrada em 2017. Os padrões associados ao nível
do mar atual devem continuar no futuro, segundo a pesquisa.
O aumento de calor no oceano também eleva as temperaturas e a umidade do ar — o que, por sua
vez, intensifica as tempestades e as chuvas fortes. Em 2018, foram registradas várias tempestades
tropicais no mundo, como os furacões Florence e Michael e os tufões Jebi, Maria, Mangkhut e Trami.
Entre outras consequências listadas pelos cientistas como decorrentes do aquecimento dos oceanos,
estão a diminuição no nível de oxigênio presente neles, o branqueamento e a morte de corais e o
derretimento de geleiras. Há também efeitos indiretos, como a intensidade de secas, ondas de calor, e
risco de incêndios.
“O aquecimento global é consequência do aprisionamento de gases de efeito estufa — que mantêm a
radiação do calor dentro do sistema terrestre. Devido à longevidade do dióxido de carbono e outros gases
desse tipo, mitigar as mudanças e os riscos de consequências socioeconômicas causadas pelo
aquecimento global e dos oceanos depende de adotar medidas para reduzir imediatamente as emissões
de gases estufa”, concluem os pesquisadores.

Salles diz que Brasil permanece no Acordo de Paris118

Ministro do Meio Ambiente afirma que pacto pode trazer recursos e que Bolsonaro concordou com a
posição.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o Brasil continuará no Acordo de Paris e
que o presidente Jair Bolsonaro concordou com a posição. Ele argumentou que há pontos importantes
no acordo, que podem trazer recursos para o país, e que o problema está na internalização de princípios
para a legislação nacional. O acordo estabelece metas de para redução da emissão de gases que causam
o efeito estufa.

Japão deixa comissão que protege baleias e anuncia volta da caça comercial119

Retomada da atividade, proibida há mais de 30 anos, deve ocorrer em julho de 2019. País integrava
organização desde 1951 e tentou derrubar proibição durante evento no Brasil.

117
Lara Pinheiro. Aquecimento dos oceanos bateu recorde em 2018, dizem cientistas. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/01/16/aquecimento-dos-oceanos-
bateu-recorde-em-2018-dizem-cientistas.ghtml. Acesso em 17 de janeiro de 2018.
118
Cleide Carvalho. Salles diz que Brasil permanece no Acordo de Paris. https://oglobo.globo.com/brasil/salles-diz-que-brasil-permanece-no-acordo-de-paris-
23371858. Acesso em 15 de janeiro de 2019.
119
G1. Japão deixa comissão que protege baleias e anuncia volta da caça comercial. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2018/12/26/japao-deixa-
comissao-que-protege-baleias-e-anuncia-volta-da-caca-comercial.ghtml. Acesso em 27 de dezembro de 2018.

154
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
O Japão anunciou nesta quarta-feira (26/12) sua retirada da Comissão Internacional da Baleia (IWC,
na sigla em inglês) no próximo ano e a retomada da caça comercial nas águas territoriais e na zona
econômica exclusiva do país a partir de julho. A decisão foi lida pelo porta-voz do governo, Yoshihide
Suga, que também anunciou o fim da prática polêmica na Antártida.
"A partir de julho de 2019, depois que a saída entrar em vigor em 30 de julho, o Japão realizará a caça
comercial de baleias dentro do mar territorial do Japão e de sua zona econômica exclusiva, e cessará o
abate de baleais no Oceano Antártico/Hemisfério Sul", disse o secretário-chefe de gabinete, Yoshihide
Suga, em um comunicado ao anunciar a decisão.
O Japão era membro da IWC desde 21 de abril de 1951. A organização foi criada há sete décadas
para garantir a preservação desses cetáceos e impedir sua caça indiscriminada nos oceanos. Em 1986,
impôs a proibição da caça comercial, depois que algumas espécies foram praticamente levadas à extinção
pela pesca predatória.
Desde 1987, o Japão permite que se matem baleias apenas com fins científicos, mas essa é uma
questão controversa. Críticos e organizações de proteção dos animais afirmam que o programa é usado
para encobertar a caça comercial, já que a carne é vendida no mercado.
Os japoneses alegam que comer carne de baleia faz parte da cultura do país.
Em setembro desse ano, o Japão tentou derrubar a proibição à caça comercial durante a reunião da
organização em Santa Catarina, mas foi derrotado em votação.
Em 2014 o Tribunal Penal Internacional determinou que o Japão deveria suspender a caça na Antártida
– o que Tóquio fez durante uma temporada, reduzindo o número de animais e espécies visados, mas
reiniciou na temporada 2015-2016.
O porta-voz do governo japonês disse que, após a sua retirada da organização, o país atuará como
observador dentro da IWC e assegurou que o governo de Tóquio continua comprometido com a gestão
dos recursos marinhos de acordo com dados científicos.

Repercussão
Austrália e Nova Zelândia saudaram a decisão de abandonar a caça às baleias na Antártida, mas
expressaram decepção pela decisão do Japão se envolver no abate dos mamíferos oceânicos.
O Greenpeace condenou a decisão e contestou a afirmação de que os estoque de baleias se
recuperaram, observando que a vida marinha está ameaçada pela poluição e pela pesca excessiva.
"A declaração de hoje está em desacordo com a comunidade internacional, sem falar na proteção
necessária para salvaguardar o futuro dos nossos oceanos e criaturas majestosas", diz a nota da ONG.
"O governo do Japão deve agir urgentemente para conservar os ecossistemas marinhos, em vez de
retomar a caça comercial de baleias", afirma o comunicado.

Emissões globais de CO2 crescem e batem novo recorde120

O dióxido de carbono procedente dos combustíveis e da indústria aumentou 2,7% este ano.
Foi uma ilusão. Poucos anos atrás, alguns pensaram que o mundo havia finalmente conseguido
desvincular o crescimento econômico das emissões de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito
estufa. Durante três anos, entre 2014 e 2016, as emissões globais procedentes dos combustíveis fósseis
e da indústria (que representam 90% do dióxido de carbono emitido pelas atividades humanas)
estancaram, enquanto o PIB mundial crescia. Aquela tendência, contudo, não se consolidou. E em 2017
as emissões voltaram a aumentar 1,6%. As projeções divulgadas nesta quarta-feira pelos pesquisadores
do Global Carbon Project parecem confirmar que a ilusão chegou ao fim: as emissões de CO 2 crescerão
cerca de 2,7% este ano, atingindo 37,1 gigatoneladas — um recorde na história da humanidade.
Porque houve esse aumento? “Porque a economia global está crescendo bem, e de uma forma muito
coordenada entre os blocos econômicos mais importantes do mundo: Estados Unidos, Europa, Japão,
China...”, diz Pep Canandell, diretor do Global Carbon Project, um grupo de pesquisadores que
anualmente publica as projeções de emissões coincidindo com as cúpulas do clima, como a COP24, que
está sendo realizada em Katowice (Polônia). “Infelizmente, a capacidade das energias renováveis
instaladas não é grande o bastante para cobrir o crescimento da demanda global de energia. Portanto,
usinas de carvão que vinham funcionando abaixo de sua capacidade (a maioria na China) aumentaram
sua produção”, diz o especialista.
Atualmente, o aumento ou a redução das emissões anuais está nas mãos de quatro potências, que
acumulam quase 60% do CO2 do planeta: China, EUA, União Europeia (UE) e Índia. E em todas elas,
salvo na UE, estão previstos fortes incrementos em 2018.
120
Manuel Planelles. Emissões Globais de CO2 crescem e batem novo recorde. El País.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/05/internacional/1544012893_919349.html?id_externo_rsoc=TW_BR_CM. Acesso em 07 de dezembro de 2018.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
A China é a principal emissora do mundo desde a década passada, com 28% do total de dióxido de
carbono do planeta. As projeções para 2018 indicam que suas emissões aumentarão 4,7%. Os EUA, em
segundo lugar na lista, registrarão um aumento de 2,5%. Já na UE a previsão é que haja uma diminuição
de 0,7%. Na Índia, a última grande potência emissora desse grupo de quatro grandes economias, estima-
se um aumento de 6,3% neste ano.

Carvão em alta novamente


Um dos dados que mais chamaram a atenção dos pesquisadores é o aumento das emissões do
carvão. O uso desse combustível fóssil, o mais poluidor, atingiu o ápice em 2013 e vinha sofrendo uma
queda contínua desde então. Mas em 2017 e 2018 houve uma retomada. “Essa mudança é um dos
principais motivos para o aumento das emissões em 2018”, dizem os pesquisadores do Global Carbon
Project. O uso foi maior na China e na Índia. Nos EUA, apesar das declarações de Donald Trump em
defesa do carvão, sua utilização caiu. Mais de 250 usinas térmicas foram fechadas desde 2010.
Outro dado de destaque é o crescimento contínuo do uso do petróleo (e de suas emissões). “Desde
2012, o consumo de petróleo cresceu 1% ao ano”, dizem os cientistas. Segundo eles, é “surpreendente”
o caso dos EUA e da UE, onde o emprego do petróleo aumentou apesar da melhora na eficiência dos
motores. “O número de veículos elétricos duplicou entre 2016 e 2018, chegando a quatro milhões. Mas
eles ainda são apenas uma pequena parcela da frota mundial”, advertem.

Um pouco de otimismo
Apesar dos dados ruins, Canandell destaca alguns aspectos que ensejam certo otimismo. Por um lado,
ele lembra que “as emissões do carvão ainda são mais baixas do que as registradas em seu ápice, em
2013”. “Embora não saibamos o que acontecerá com a China nos próximos anos, a queda das emissões
de carvão na Europa, EUA, Japão e Austrália é imparável”, afirma. Em segundo lugar, Canandell diz que
“a capacidade instalada de energia renovável no mundo dobra a cada quatro anos, algo sem dúvida
extraordinário”.
Talvez, além do aumento em 2018, um dos principais problemas agora é que não se vislumbra um teto
para as emissões. “Ninguém sabe quando poderá ser alcançado [o limite]”, diz o diretor do Global Carbon
Project, mas isso dependerá da “vontade das nações”. “É razoável pensar que talvez ainda precisemos
de outra década para que as energias renováveis alcancem um volume suficiente para competir com
os combustíveis fósseis”, completa.
“As emissões globais de CO2 devem começar a cair antes de 2020 para alcançarmos os objetivos
do Acordo de Paris”, afirma Christiana Figueres, ex-responsável da ONU para a mudança climática, num
artigo publicado nesta quarta-feira na revista Nature. O pacto de Paris, assinado em 2015, estabelece
como objetivo que o aumento da temperatura no final do século não passe de 1,5 ou 2 graus em relação
aos níveis pré-industriais. E o planeta já sofreu um aumento de um grau. “Já são evidentes os impactos
terríveis de um grau de aquecimento”, diz Figueres. “Os desastres provocados pelo clima em 2017
custaram 320 bilhões de dólares (1,2 trilhão de reais) à economia mundial, e ao redor de 10.000 vidas se
perderam.”

OS 19 PAÍSES QUE MOSTRAM O CAMINHO A SEGUIR


A maioria dos países contribui para o aumento global das emissões, informa o Global Carbon Project.
Mas também há importantes exceções – e a Espanha não está entre elas. As emissões continuam
crescendo ano após ano no país europeu, onde os gases do efeito estufa tiveram um crescimento de
cerca de 4,4% em 2017.
No entanto, os pesquisadores do Global Carbon Project ressaltam o caso de 19 países que respondem
por 20% das emissões de gás carbônico mundiais e que mostraram uma “tendência de queda” na última
década, entre 2008 e 2017, “enquanto sua economia continuou crescendo”.
Esses países são: Aruba, Barbados, República Checa, Dinamarca, EUA, França, Groelândia [região
autônoma da Dinamarca], Islândia, Irlanda, Malta, Holanda, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Suécia,
Suíça, Trinidad e Tobago, Reino Unido e Uzbequistão.
No caso concreto da Espanha, Pep Canandell lamenta que o país tenha perdido a liderança mundial
em energias renováveis. Enquanto o resto do mundo aumenta a implantação de fontes limpas, na
Espanha elas estão estagnadas desde 2013. “É importante acelerar o plano para fechar as usinas
térmicas de carvão e ajudar na penetração de mais energias renováveis”, afirma o especialista. “A
Espanha tem um clima para voltar a liderar a grande transição energética”.

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1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Conferência do clima começa na Polônia com apelo por mais ações121

COP24 reúne representantes de quase 200 nações e é vista como teste do comprometimento dos
países em implementar medidas para alcançar suas metas climáticas.
Negociadores de todo o mundo iniciaram neste domingo (02/12) em Katowice, na Polônia, duas
semanas de conversações sobre as mudanças climáticas e como implementar as medidas para manter
o aquecimento do planeta abaixo de 2 graus Celsius, definidos no Acordo de Paris em 2015.
O encontro recebeu um impulso neste fim de semana, quando 19 grandes economias, reunidas na
cúpula do G20 em Buenos Aires, reafirmaram seu comprometimento com o Acordo de Paris. A exceção
foram os Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, anunciou que vai deixar o acordo.
Mesmo assim, o clima é de otimismo entre os ambientalistas. "A boa notícia é que sabemos muita
coisa sobre o que precisamos fazer para chegar lá", disse David Waskow, da ONG ambientalista World
Resources Institute.
Segundo ele, o momento é positivo apesar da decisão de Trump. "Não se trata mais de um ou
dois players na arena internacional. É o que eu chamaria de uma liderança distribuída, na qual você tem
um número de países – alguns pequenos ou médios – realmente fazendo progressos e trabalhando em
parceria com cidades e estados e empresas", declarou.
Na cerimônia de abertura, neste domingo, representantes dos países que organizaram as mais
recentes conferências do clima apelaram aos governos de todo o mundo para que tomem ações decisivas
para enfrentar a ameaça urgente do aquecimento global.
O apelo foi feito pelos presidentes das últimas quatro cúpulas do clima: ex-ministro do Meio Ambiente
peruano, Manuel Pulgar-Vidal (responsável pela COP20); ex-ministro do Exterior da França, Laurent
Fabius (COP21); o ministro do Exterior marroquino, Salaheddine Mezouar (COP22); e o primeiro-ministro
das Ilhas Fiji, Frank Bainimarama (COP23).
Na agenda da 24.ª Conferência de Partes (COP24) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para
as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) estão compromissos de redução de emissões de
gases do efeito de estufa e questões como as novas tecnologias favoráveis ao clima, a população como
líder de mudança e o papel das florestas. A conferência é organizada pela Polônia pela terceira vez.

Terra perdeu 60% de seus animais silvestres em 44 anos, diz relatório122

Pesquisa também mostra que 90% das aves têm plástico no estômago. Estudo foi baseado no
acompanhamento de 16.700 populações de 4 mil espécies.
Um levantamento divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) nesta terça-feira (30/10)
indica que o estilo de vida dos humanos tem impactado diretamente os ecossistemas e a vida selvagem
do planeta. As populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e
anfíbios, sofreram uma redução de 60% entre 1970 e 2014 devido à ação humana.
O 'Relatório Planeta Vivo' é baseado no acompanhamento de mais de 16.700 populações de 4 mil
espécies, utilizando câmeras, análise de pegadas, programas de investigação e ciências participativas.
Um dos indicadores mostra que o impacto crescente do lixo plástico nos oceanos interfere na qualidade
de vida de várias espécies, entre elas, as aves marinhas. Na década de 1960, apenas 5% das aves
tinham fragmentos de plástico no estômago. Hoje, o índice é de 90%.
"Preservar a natureza não é apenas proteger os tigres, pandas, baleias e animais que apreciamos (...).
É muito mais: não pode haver um futuro saudável e próspero para os homens em um planeta com o clima
desestabilizado, os oceanos sujos, os solos degradados e as matas vazias, um planeta despojado de sua
biodiversidade", declarou o diretor da WWF, Marco Lambertini.
O Brasil é destaque no relatório. A floresta amazônica se reduz cada vez mais, do mesmo modo que
o Cerrado, diante do avanço da agricultura e da pecuária.
Por ano, uma área equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol de área verde desaparecem do
mapa por causa do desmatamento. Já as áreas de pastagens abandonadas em todo o país por quem
cria gado equivalem a duas vezes o estado de São Paulo - 50 milhões de hectares, segundo o estudo.
"Se chegarmos a 25% do desmatamento da Amazônia – e já estamos em 20% – a gente já vai chegar
ao chamado ponto sem retorno, a gente não vai conseguir recuperar o equilíbrio da floresta amazônica.
Estamos perto deste limite", diz Gabriela Yamaguchi, diretora de engajamento da WWF Brasil em
entrevista ao Bom Dia Brasil.

121
DW. Conferência do Clima começa na Polônia com apelo por mais ações. Deutsche Welle. https://www.dw.com/pt-br/confer%C3%AAncia-do-clima-
come%C3%A7a-na-pol%C3%B4nia-com-apelo-por-mais-a%C3%A7%C3%B5es/a-46543140. Acesso em 04 de dezembro de 2018.
122
G1. Terra perdeu 60% de seus animais silvestres em 44 anos, diz relatório. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2018/10/30/terra-perdeu-60-de-
seus-animais-silvestres-em-44-anos-diz-relatorio.ghtml. Acesso em 31 de outubro de 2018.

157
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
Em nível mundial, apenas 25% dos solos estão livres da marca do homem. Em 2050, isto cairá para
apenas 10%, segundo pesquisadores.
Sem florestas, os animais, como tatu-bola, correm o risco de extinção. Mas, os cuidados com a
preservação indicam que é possível reverter quadros, como o da população de onças pintadas, que teve
a população recuperada em 30%.
O declive da fauna afeta todo o planeta, com regiões especialmente prejudicadas, como os Trópicos.
Na área do Caribe e América do Sul, os dados apontam um quadro "aterrador": um declive de 89% em
44 anos.
América do Norte e Groenlândia sofreram as menores reduções da fauna, com 23%. Europa, Norte da
África e Oriente Médio apresentaram um declive de 31%.
A primeira explicação é a perda dos habitats devido à agricultura intensiva, à mineração e à
urbanização, que provocam o desmatamento e o esgotamento dos solos.

'Nossa oportunidade'
"O desaparecimento do capital natural é um problema ético, mas também tem consequências em
nosso desenvolvimento, nossos empregos, e começamos a ver isto", assinalou Pascal Canfin, diretor-
geral do WWF França.
"Pescamos menos que há 20 anos porque as reservas diminuem. O rendimento de alguns cultivos
começa a cair. Na França, o trigo está estancado desde os anos 2000. Estamos jogando pedras em nosso
próprio telhado".
Os economistas avaliam os "serviços devolvidos pela natureza" (água, polinização, estabilidade dos
solos e etc.) em US$ 1,25 trilhão anuais.
A cada ano, o dia em que o mundo já consumiu todos os recursos que o planeta pode renovar
anualmente chega mais cedo. Em 2018 foi em 1º de agosto.
"O futuro das espécies não parece chamar a atenção suficiente dos líderes" mundiais, alerta a WWF,
que defende "elevar o nível de alerta" e provocar um amplo movimento, como se fez pelo clima. "Que
todo o mundo compreenda que o status quo não é uma opção".
"Somos a primeira geração que tem uma visão clara do valor da natureza e do nosso impacto nela.
Poderemos também ser a última capaz de inverter esta tendência", advertiu a WWF, que pede uma ação
antes de 2020, "um momento decisivo na história". "Uma porta sem precedentes se fechará rápido".

Cientistas identificam fonte de misteriosas emissões que estão destruindo camada de ozônio123

Nos últimos meses, cientistas de todo o mundo foram surpreendidos com um misterioso aumento das
emissões de gases que estão comprometendo, de forma drástica, a camada de ozônio que protege a
Terra.
Agora, um grupo de pesquisadores acredita ter descoberto os responsáveis pelos danos ao meio
ambiente: espumas de isolamento térmico de poliuretano, produzidas na China para uso em residências.
A Agência de Investigação Ambiental (EIA, na sigla em inglês), com base no Reino Unido, identificou
a presença de CFC-11, ou clorofluorocarbonos-11, na produção dessas espumas na China. O composto
químico havia sido proibido em 2010, mas está sendo usado intensamente em fábricas chinesas.
O relatório da EIA apontou a construção de casas na China como fonte das emissões atípicas de
gases. Há dois meses, pesquisadores publicaram um estudo que mostrava que a esperada redução do
uso de CFC-11, banido há oito anos, havia desacelerado drasticamente.
Os pesquisadores suspeitavam que o composto continuava sendo usado em algum lugar do leste da
Ásia. Mas a fonte exata ainda era desconhecida.
Especialistas tinham receio de que o CFC-11 pudesse estar sendo usado secretamente para
enriquecer urânio na produção de armas nucleares.
Agora, os pesquisadores dizem não ter dúvidas de que a fonte de produção do composto está
vinculada ao uso de espuma para isolamento térmico de casas.

'Agente expansor'
Os CFC-11 funcionam como um eficiente agente expansor na fabricação de espuma de poliuretano,
convertendo-as em isolantes térmicos rígidos usados, principalmente, como forro no teto de residências
para reduzir o custo da eletricidade e a emissão de carbono.

123
BBC. Cientistas identificam fonte de misteriosas emissões que estão destruindo camada de ozônio. BBC Brasil. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44778158.
Acesso em 13 de julho de 2018.

158
1562256 E-book gerado especialmente para ADRIANO SIMPLICIO DA CRUZ
O EIA entrou em contato com fábricas de espuma de poliuretano em dez províncias na China. Depois
de várias conversas com executivos de 18 empresas, os investigadores concluíram que o composto
químico estava sendo usado na maioria dos isolantes de poliuretano produzidos pelas empresas.
A razão é simples: os CFC-11 têm melhor qualidade e são muito mais baratos que os produtos
alternativos. Apesar do CFC-11 ter sido banido, a fiscalização não é eficiente e, por isso, ele continua
sendo usado.
"Ficamos totalmente chocados ao descobrir que as empresas eram muito abertas em confirmar que
estavam usando o CFC-11 e, ao mesmo tempo, reconhecendo que era ilegal", disse à BBC Avipsa
Mahapatra, do EIA.
A EIA calcula que os gases produzidos na China estão ligados ao aumento das emissões observado
no relatório da agência em maio. No entanto, embora os achados da EIA sejam considerados plausíveis,
alguns especialistas acreditam que eles não explicariam, por si só, o atual elevado nível de emissão de
gases que tem comprometido a camada de ozônio.
Stephen Montzka, da Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa, na Sigla em inglês),
disse à BBC que "o uso generalizado do CFC-11, que parece ser evidente na China com base no estudo
(do EIA), é bastante surpreendente".
Ele pondera, contudo, ser difícil analisar com precisão o cálculo das emissões provenientes do uso do
CFC-11 para "saber se é realmente possível que essa atividade explique tudo ou quase tudo que estamos
observando na atmosfera global".

Por que a descoberta da EIA é importante?


Ainda que o uso de CFC-11 em fábricas chinesas não seja o único ou mesmo o maior responsável
pela emissão de gases que estão destruindo a camada de ozônio, a descoberta do EIA é importante por
ter identificado que uma quantidade considerável de químicos ilegais continua sendo usada - com a
capacidade em potencial de reverter a já observada recuperação da camada de ozônio.
A espuma de poliuretano fabricada na China representa quase um terço da produção global desse
produto. Os pesquisadores calculam que a produção atrasará em uma década ou mais o objetivo de
fechar o buraco que permite os efeitos nocivos da radiação solar.
Como a China é signatária do Protocolo de Montreal - tratado de 1987, mas que entrou em vigor dois
anos depois -, seria possível impor sanções comerciais contra o país. Mas desde que o protocolo foi
firmado, há mais de 20 anos, nenhum país foi punido com sanções e dificilmente será esse o caso para
o uso de CFC-11 na China.
É provável que a China seja incentivada a reduzir a produção de CFC-11 e será aberta uma
investigação com o apoio do secretariado do Protocolo de Montreal para averiguar a situação no país.
Nesta semana, representantes do Protocolo de Montreal se reúnem em Viena, na Áustria, para
elaborar um plano na tentativa de solucionar o problema.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, ONU pede fim de poluição plástica124

A cada minuto, 1 milhão de garrafas plásticas são consumidas no mundo; e todos os anos, 8 milhões
de toneladas de plástico são despejadas nos mares; secretário-geral da ONU suspendeu o uso de copos
plásticos no gabinete dele, segundo recado dado em redes sociais.
O Dia Mundial do Meio Ambiente, marcado neste 5 de junho, tem como mensagem central a poluição
plástica principalmente nos oceanos. Segundo dados da agência ONU Meio Ambiente, todos os anos, 8
milhões de toneladas de plástico são jogadas nos mares.
Segundo a agência, se nada for feito, até 2050 os oceanos terão mais plástico que peixes. A ONU
Ambiente lançou a campanha “Acabe com a Poluição Plástica” ou #BeatPlasticPollution, na sigla em
inglês.

Coleta
Vários eventos estão sendo realizados pelo mundo como coletas de lixos nas praias e palestras de
conscientização sobre a importância de dizer não aos plásticos descartáveis. Por toda a semana passada,
a ONU frisou incluindo em mensagens pelo próprio secretário-geral, António Guterres, que se o utensílio
só pode ser usado uma vez, ele deve ser dispensado.
Guterres chegou a gravar um vídeo para as redes sociais dizendo que estava abolindo de seu gabinete
os copos de plástico.

124
Daniela Gross. No Dia Mundial do Meio Ambiente, ONU pede fim de poluição plástica. <https://news.un.org/pt/story/2018/06/1625911> Acesso em 06 de junho de
2018.

159
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Oceanos
A ONU News conversou com a coordenadora do Dia do Meio Ambiente no Brasil e também da
campanha Mares Limpos, Fernanda Daltro. De Brasília, ela explicou que o plástico é um dos maiores
desafios ambientais da era atual.
“O plástico se tornou um material presente em absolutamente todos os lugares do planeta, inclusive
nas regiões mais remotas. E esta poluição tem uma relação direta com a sociedade de consumo em que
a gente vive hoje. Este volume de lixo se mistura à cadeia alimentar. Todas as espécies nos oceanos
acabam tendo contato e se alimentando do plástico de uma forma ou de outra.”
Para celebrar o Dia do Meio Ambiente, o Comitê Olímpico Internacional, COI, anunciou uma parceria
com a ONU para combater o plástico descartável.
Atletas olímpicos de várias modalidades incluindo triátlon, surfe, e rúgbi se comprometeram em cortar
os utensílios de plástico.

5 trilhões de sacolas
A cada minuto, 1 milhão de garrafas plásticas são consumidas no mundo. Já a quantidade de sacolas
plásticas chega a 5 trilhões por ano.
De acordo com o diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim, já existe a consciência da
situação alarmante, mas os impactos de longo prazo desta crise ambiental sobre a saúde ainda são pouco
conhecidos.
Solheim comparou esta falta de informação ao pouco conhecimento que antes se tinha em relação ao
tabaco, ao pó de amianto e ao mercúrio.
Ainda na entrevista à ONU News, Fernanda Daltro da ONU Meio Ambiente, no Brasil, destacou a
importância da mudança na cabeça dos consumidores.

Canudo
“É muito importante entender que nós, como consumidores, temos um papel ativo e simples no
combate à poluição plástica. E este papel está em fazer escolhas melhores. Não apenas em relação ao
material, em deixar de usar o plástico descartável, em todas as situações, mas simplesmente abolir das
nossas vidas alguns itens que não têm real necessidade. É o caso do canudo, por exemplo, que não
chega a ter uma reciclagem e o consumo dele é relativamente desnecessário na maior parte das
situações. ”
Entre as recomendações da ONU Ambiente para acabar com a poluição plástica estão ações simples
que podem ser adotadas no dia a dia.
Entre elas, levar a própria sacola ao supermercado, recusar canudos e talheres de plástico, preferir
garrafas de água reutilizáveis, catar o plástico que encontrar na rua enquanto estiver caminhando e apoiar
políticas governamentais contra o uso único das sacolas de plástico.

Projeto de Lei do Agrotóxico abre crise no governo125

Para presidente da Anvisa, mudança em regra para agrotóxico põe em risco segurança dos brasileiros.
BRASÍLIA - Uma nova proposta de projeto de lei que flexibiliza as regras para fiscalização e utilização
de agrotóxicos no País abriu uma crise dentro do governo, colocando o Ministério da Saúde, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ibama em rota de
colisão com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além da Frente Parlamentar
Agropecuária (FPA).
A movimentação se intensificou devido à leitura do texto relatado pelo deputado Luiz Nishimori
(PR/PR), em audiência marcada para a próxima terça-feira, (08/05), na Comissão Especial da Câmara
que analisa o PL. De um lado, Ibama e Anvisa declaram que a proposta é inconstitucional e cercada de
falhas que prejudicariam a fiscalização, ameaçando a vida das pessoas. Do outro, o Mapa e a FPA
afirmam que o tema é tratado com “preconceito e ideologia” e que precisa ser modernizado.
O texto substitutivo, que foi juntado ao projeto de Lei 6.299/2002, de autoria do ministro da Agricultura,
Blairo Maggi, propõe mudanças profundas no setor, a começar pelo próprio nome com que esses
produtos são chamados.
Pela proposta, o termo “agrotóxico” deixaria de existir. Entraria em seu lugar a expressão “produto
fitossanitário”. A responsabilidade por conceder registros de novos agrotóxicos também mudaria de mãos.
Hoje Ibama, Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura tomam decisões de forma conjunta. Com a
mudança, o Ministério da Agricultura concentraria todo o poder decisório.
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BORGES, A. FORMENTI, L. Projeto de Lei do Agrotóxico abre crise no governo. Estadão. <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,projeto-de-lei-do-
agrotoxico-abre-crise-no-governo,70002295137> Acesso em 10 de maio de 2018.

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O Ibama e o Ministério da Saúde teriam apenas a função de homologar pareceres técnicos, mas essas
avaliações não seriam elaboradas por esses órgãos públicos. Caberia às próprias empresas interessadas
em vender os agrotóxicos a missão de apresentar essas avaliações.
O texto também acaba com os atuais critérios de proibição de registro de agrotóxicos no País. Segundo
o Ibama e a Anvisa, a proposta deixa brechas para que sejam vendidos no mercado nacional produtos já
banidos em boa parte do mundo, causadores de distúrbios hormonais e danos ao sistema reprodutivo.
Inconstitucional. O Estado obteve uma nota técnica do Ibama sobre o substitutivo ao projeto de lei. O
documento, assinado pela presidente do Ibama, Suely Araújo, foi concluído na semana passada. O órgão
se posiciona radicalmente contra o PL, sob o argumento de que “são propostas excessivas simplificações
ao registro de agrotóxicos, sob a justificativa de que o sistema atual está ultrapassado e de que não estão
sendo atendidas as necessidades do setor agrícola”.
Na avaliação do Ibama, trata-se de mudanças “inviáveis ou desprovidas de adequada fundamentação
técnica e, até mesmo, que contrariam determinação constitucional”.
A conclusão do órgão ligado ao MMA é de que as propostas “reduzirão o controle desses produtos
pelo poder público, especialmente por parte dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde e
do meio ambiente”.
“O registro dos agrotóxicos, com participação efetiva dos setores de saúde e meio ambiente, é o
procedimento básico e inicial de controle a ser exercido pelo poder público e sua manutenção e
aperfeiçoamento se justificam na medida em que seja, primordialmente, um procedimento que previna a
ocorrência de efeitos danosos ao ser humano, aos animais e ao meio ambiente”, informa a nota técnica.
Procurado pela reportagem, o Ibama não comentou a análise.

Retrocesso
Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jarbas Barbosa afirma que a proposta
em tramitação do Congresso representaria um retrocesso para o País. “O projeto muda para pior as
regras de registro de agrotóxicos”, avalia.
As críticas também são feitas entre especialistas em saúde pública. A pesquisadora da Fundação
Oswaldo Cruz de Pernambuco Aline Gurgel considera a mudança nas regras de registro de agrotóxicos
um atraso que pode colocar em risco tanto a saúde da população quanto o meio ambiente. “A regra atual
é moderna, equilibrada, pois dá um poder equivalente ao Ministério da Agricultura, à Anvisa e ao Ibama.
É inaceitável que Anvisa e Ibama, que hoje têm poder de veto, passem a exercer apenas um mero papel
consultivo”, completa a pesquisadora.
As críticas de Aline à proposta vão além da restrição do poder de veto da Anvisa e Ibama. A começar
da sugestão de tratar agrotóxicos por defensivos fitossanitários. “Isso provocaria a ocultação do risco. O
agrotóxico tem toxicidade. E isso precisa ficar claro para população. O termo precisa ser mantido.”
A pesquisadora é contrária também à regra que facilitaria o registro provisório de agrotóxicos. “Feitos
para algumas moléculas, esses registros baseiam-se em informações que constam em processos de
registro do produto em outros países, sem que haja a devida análise dos órgãos ambientais e de saúde.”
Aline rebate ainda a justificativa apresentada pelo projeto, de que regras atuais acabam levando a um
processo moroso de avaliação de aprovação de novos agrotóxicos para culturas brasileiras. “A análise
não pode ser simplista, movida por motivos econômicos. Estamos falando de saúde, de preservação do
meio ambiente.”

Ideologia e preconceito
O Ministério da Agricultura reagiu duramente às críticas. Em resposta encaminhada ao Estado, o Mapa
afirmou que, dos órgãos envolvidos na regulação de agrotóxicos no Brasil, é a Pasta, por meio da
Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), que de fato executa as fiscalizações federais de agrotóxicos.
“São feitas mais de 1.500 ações fiscais no Brasil por ano, com atingimento de mais de 99,9% de
conformidade nos produtos fiscalizados”, declarou. “Portanto, fiscalização é uma atividade realizada
eminentemente pelos órgãos de agricultura no Brasil, considerando a área de agrotóxicos.”
Sobre o texto do projeto de lei e o relatório final do deputado Luiz Nishimori, o Mapa afirmou que a
proposta “congrega uma série histórica de diversas demandas negligenciadas pelos órgãos federais nos
últimos 20 anos”. A Pasta admitiu que “alguns pontos devem ser discutidos em função de seu contexto e
origem”, mas sustenta que o relatório representa “uma iniciativa do legislativo de ajustar o marco legal e
permitir a modernização da legislação nacional”.
A respeito do termo “agrotóxico”, o ministério declarou que se trata de um “neologismo brasileiro, único
no planeta” e que este “reflete a intenção do legislador de comunicar o risco para produtos que possuem,
naturalmente, um perigo intrínseco”. Quanto à acusação do Ibama e Anvisa de que estes perderiam
funções de fiscalizar o setor, o Mapa declarou que, “no que tange ao registro e às prioridades para

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produtos que serão usados fundamentalmente para controle de pragas nas lavouras brasileiras, é missão
indissociável do órgão federal de agricultura”.
Questionado sobre o risco de entrada de substâncias proibidas no País, o Mapa afirmou que o
“alinhamento da legislação é fundamental para trazer serenidade na regulação de agrotóxicos no Brasil,
diminuindo ruídos ideológicos e baseando a regulação unicamente em ciência”.
“O Mapa repudia ideias de exclusão dos entes de saúde e meio ambiente do meio regulatório, mas
entende que é necessário incrementar com recursos o corpo técnico, as ferramentas de informática e os
conceitos pétreos científicos para que mantenhamos a excelência e o reconhecimento internacional de
produção agropecuária”, conclui o Ministério.
O relator do texto substitutivo, deputado Luiz Nishimori, respondeu por meio da Frente Parlamentar
Agropecuária (FPA). Em nota, a frente esclareceu que, apesar do texto ser apensado ao PL de autoria
de Blairo Maggi, a proposta base foi criada a partir do PL 3200/15, de autoria do deputado Covatti Filho
(PP-RS).
Segundo a FPA, a atual avaliação de risco do agrotóxicos é “restritiva porque não leva em
consideração que, sempre que usados em respeito às boas práticas agrícolas, os defensivos não
oferecem riscos à saúde do agricultor, dos animais, das plantas, dos consumidores ou ao meio ambiente”.
A frente ruralista afirmou que “todos os parâmetros internacionais de avaliação de riscos aceitáveis
para a saúde humana, animal e para o meio ambiente estão mantidos” e criticou a demora na emissão
de registros de produtos.
“Hoje, demora-se de 8 a 10 anos para aprovar o registro de um novo produto. Muitas vezes, quando o
produto é autorizado, já está defasado. Em países como EUA e Austrália, por exemplo, o prazo médio de
registro é de três anos. A demora no registro de novos defensivos agrícolas no Brasil é um dos principais
gargalos da legislação”, declarou.

Ideia antiga
A proposta de afrouxar as regras para agrotóxicos no País não é nova. No ano passado, o governo
preparou uma Medida Provisória que facilitava o registro de agrotóxicos no País. Redigido pelo Ministério
da Agricultura com a colaboração do setor produtivo, o texto criava uma brecha para o uso de defensivos
que atualmente são classificados como cancerígenos, com risco de provocar má-formação nos fetos ou
capacidade de provocar mutações celulares. Pelas regras atuais, qualquer produto que se encaixe nessas
características é proibido de ser lançado no Brasil. No texto proposto na MP, esses empecilhos cairiam
por terra. Bastaria que algumas condições fossem atendidas para reduzir os riscos desses efeitos.

Risco
A proposta em tramitação no Congresso para mudar as normas de registro de agrotóxicos colocaria
em risco a saúde dos trabalhadores do campo, reduziria a segurança dos brasileiros em geral e, ainda,
poderia provocar danos para a imagem de produtos brasileiros no mercado externo, afirma o presidente
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jarbas Barbosa. “Seria muito prejudicial. Torço para
não ser aprovada.”
Em entrevista ao Estado, Barbosa afirma que seria um erro retirar a Anvisa e o Ibama da análise dos
pedidos de registro de agrotóxicos, como propõe o projeto. A atribuição ficaria a cargo do Ministério da
Agricultura. “Mas quem vai fazer a avaliação do impacto à saúde ou ao meio ambiente? O Ministério da
Agricultura não tem experiência acumulada para fazer avaliação toxicológica. Seria um retrocesso
imenso.” Teoricamente, Ibama e Anvisa atuariam numa comissão criada para fazer a avaliação, mas sem
poder de veto. “O Brasil vai passar a dar registro só levando em conta as necessidades da indústria
agrícola?”, questiona.
Para o setor produtivo, o sistema atual é muito burocrático e lento, o que acabaria reduzindo as
chances de entrada no mercado de novos produtos, mais baratos, eficientes e portanto essenciais para
tornar a produção brasileira mais competitiva no mercado internacional.
O presidente da Anvisa, no entanto, tem uma avaliação diferente. Ele alerta que uma mudança de
regras tem impacto negativo também no mercado externo. “A ideia será a de que o País abriu mão de
uma regulação mais séria”, ponderou. O impacto no mercado interno também seria significativo.

Questões

01. (UFRR - Assistente Social - UFRR - 2018) A Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC,
Lei nº 12.187/2009) aponta as diretrizes de enfrentamento da mudança climática que o Brasil deve
executar para a redução de emissão de gases do efeito estufa, reduzindo a vulnerabilidade dos sistemas
naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima. Sobre este tema:

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(A) Os estudos relacionados a mudanças climáticas e os efeitos na saúde das populações comprovam
que não há relação direta entre a ação humana na natureza e a propagação de doenças.
(B) A interferência humana no clima vai alterar a terra, os mares e a atmosfera por milhares de anos.
(C) Os cientistas têm denominado como antropoceno a ação humana que altera o clima do planeta.
(D) O foco dessa política é o combate do desmatamento no bioma Amazônia.
(E) Considera-se mudança climática as ações que possam ser diretas ou indiretamente atribuídas à
atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial, gerando impactos nos ecossistemas
naturais.

02. (UFRR - Assistente Social - UFRR - 2018) “Desde 2008, o Brasil ocupa o lugar de maior
consumidor de agrotóxicos do mundo. Os impactos na saúde pública são amplos, atingem vastos
territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores em diversos ramos de
atividades, moradores do entorno de fábricas e fazendas, além de todos nós, que consumimos alimentos
contaminados. Tais impactos estão associados ao nosso atual modelo de desenvolvimento, voltado
prioritariamente para a produção de bens primários para exportação.” (Dossiê ABRASCO: um alerta sobre
os impactos dos agrotóxicos na saúde, 2015).

Com base nessa afirmação, assinale a alternativa incorreta.


(A) A PL 6.299/2002, prevê a criação da Comissão Técnica Nacional de Fitossanitários (CNTFito), que
em suas atribuições avaliará quais agrotóxicos seriam liberados, desde que não haja um “risco
inaceitável” na sua utilização.
(B) Os serviços e os profissionais da saúde estão devidamente capacitados para diagnosticar os
efeitos relacionados com a exposição aos agrotóxicos, tais como neuropatias, imunotoxicidade,
alterações endócrinas, neoplasias, entre outros danos à saúde.
(C) Um terço dos alimentos consumidos, cotidianamente, pelos brasileiros está contaminado pelos
agrotóxicos, segundo análise de amostras coletadas em todas os 26 estados do Brasil, realizada pelo
Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da Anvisa (2011).
(D) Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, milho, algodão e gado bovino, e no ano de 2010
cultivou 9,6 milhões de hectares entre soja, milho, algodão e cana e pulverizou nessas lavouras cerca de
110 milhões de litros de agrotóxicos (IBGE, 2011).
(E) Outra situação que deve merecer a atenção da saúde pública são as plantas transgênicas direta
ou indiretamente destinadas à alimentação humana, uma vez que utilizam o uso de agrotóxicos em sua
produção.

03. (TRF-5ª Região – Analista Judiciário – FCC) Desenvolvimento Sustentável


(A) envolve iniciativas que concebem o meio ambiente de modo articulado com as questões sociais,
tais como: saúde, habitação e educação, e que estimulem uma visão acrítica da população acerca das
questões ambientais.
(B) e crescimento econômico são sinônimos, significando atividades de incentivo ao desenvolvimento
do país, seguindo modelos de avanço tecnológico e científico.
(C) significa crescimento da economia, demonstrado pelo aumento anual do Produto Nacional Bruto
(PNB) combinado com melhorias tecnológicas e ganhos sociais relevantes.
(D) pode ser alcançado somente através de políticas e diretrizes governamentais de estímulo à
redução do crescimento populacional do país, tendo em vista que a dinâmica demográfica exerce forte
impacto sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturais em particular.
(E) significa crescimento econômico com utilização dos recursos naturais, porém com respeito ao meio
ambiente, à preservação das espécies e à dignidade humana, de modo a garantir a satisfação das
necessidades das presentes e futuras gerações.

Gabarito

01.E / 02.B / 03.E

Comentários

01. Resposta: E.
O termo “mudança do clima” ou “mudança climática” normalmente refere-se à variação do clima que
pode ou não ser resultado da ação do homem. Acontece em escala global ou dos climas regionais do
planeta ao longo do tempo.

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02. Resposta: B.
Os serviços e os profissionais de saúde nunca foram e não estão devidamente capacitados para
diagnosticar os efeitos relacionados com a exposição aos agrotóxicos, tais como, as neuropatias, a
imunotoxicidade, as alterações endócrinas, os efeitos sobre o sistema reprodutor, sobre o
desenvolvimento e crescimento e na produção de neoplasias, entre outros efeitos negativos. Sem esses
diagnósticos, não se evidenciam as enfermidades vinculadas aos agrotóxicos, e essas se ocultam, em
favor dos interesses de mercado (Carneiro, 2012, pág. 49).
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572012000100005)

03. Resposta: E
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e
propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
(http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/)

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