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eee oe Angel Pino! OO Do Gesto a Escrita: Origem da Escrita © Sua Apropriagao Pela Crianga Aucabentacte + (assnoo, Steseure, Fumes Educegde -FD€ - $353 Fandagio gore 0 Dlotmiabvamite de § RESUMO © autor investe na histéria da eserita, vinculando-s aoe gestos Cprimeirs forma de comunicaca>, mantendo estreitas relagoes esse vincuia, estabelece as condicaes de campo da cul Foleo Otte me hee Org PRE Ma. oe ee Contrariamente a0 que ocorre com a tala, ovias origens ae perdem num assado longinquo Inacessivel 6 investigagao, a2 arigens ca esciia podem S01 rastteadas, permiinda estabelacer slgumss hipoteses bastante Ao explicer @ proximidade de origem das alividades Idenicas e linguisticas no ger hiimano, LEROLGOURHAN (1964) alude & prosimigade neurelagics, -Sleas motoras da mao e da lace. Segunda tie wi: p 262), a evolUes JB ya finda“) cnicidade euiminou nos antroplanes com a formacho de duas Guplas “Pye 2 tuncionais, mo-inatrumente e facelinguagem, que, so © primase d8 motrcidade manual‘acia, modelam ponsamenio humane soba ag60 Joe 2y2s!~ Insttumentos tecnicos e dos simbelos sonoros. fami’ ines & emergéncia do simbolismo grético ~ cujas pistas mais antigas remontan 8..." tuns 35.000 anos a.C., no jim do Musteriano ~ representa, eegundo aquele jn autor, a constituigae, agora sob o primado da visse, de uma nova telacas na... = Bolarizaca0 mao~iace, que se ra2 naz dupiae mac-gratia © tace-ieltura. & Primeira ligada aos lerriidtios que coordenem os gestos, Iagusigos em Simbolos gralicos: a segunda ligada aos lerrlsrios que cootaanam o sons, lraduzidos em simbolos lingUisticos visuals. Tralee de telagdes lolaimente / ; tranhas ao mundo animal, ums ve2 que sd0 @ exstessbo de uma alividade 4°. ~~ ‘simbalica we ‘As primeiras formas de gratismo #80 consiiluidss por eéries de tracasau gt incisdes, equidistantes umas das oultas, gravadas na osse ena pedra. o que leva & hipdtese do uso desias gralias para acompanhar 0 tecilade verbal ee rlimade. a Isso significa que 0 gratismo teria comegado Sidy b como expresedo de rimos endo de lormas, el mb Por volla de 20.000 anos a.C., aparecem as primeiras figuras mals elaboradas. Ainda absiralas, estas tevelam ja a exsiéncia de Um certo 4 Gominio técnice, a mesmo tempo em que veiculan conteudes milolégicos. Duas coisas se destacam nas anélises paleontoldcicas. A primeira é que 0 Gralismo comecs no como represeniagaa ‘ealisia ingenua da realidade ~ 0 Tealimo & um aspecto lardio da erie ligurativa =, nas como formas abstraias fou seja, como iransposieao simbolica, ndo mera copia, da realidade. A Segunda @ que a afle ligurativa esta direlamente ligada, nas suas origens, & Tinguagem, ficando muito mals proxima da escrila,no sentido amplo, do que da obra de arte A evolucio do gratiemo, das formas primitivas 908 sistemas altabétices, teria passads, segundo os especialisias, por ls glances stapas: + a Ideografice ~ sistemas de gralismos simples ¢ abstratos que facompanhavam os recilados orais, +S pletogratica ~ sistemas de figuras simbélicas com teméticas mitolégicas Que nos relerem & alividade discursiva; + 2'do grafismo linear ~ cujas origens se situam xa contluéncia das duas © inicio da escita nto ocorre, portato, part de ume espécie de ponto feta graemo, Mae plo ca primeitoe = Contabilidade de objetas, Toso nconleceu con os sistemas sumero-acadiano {8.000 anos a.C.) ehinés primitive, nos quals, come diz LERO!GOURHAN, ‘as imagens empresiadas no raperiorio igurativa ordineria solrem uma implicacio intonsa e ae alisham umes apos as outtas”, Nbo da pare fal finda em verdadeiros textos, mas eases sistemas permiliam denominar seres Vivos e objelos. Neles ocorre ume simpliiengao das figuras, que conduz a um \. Progressivo distanciamenta da contexte que elas evocam, tornando-se flange, Mats tarde, suraam os sistemas oratcon maiaesltzados. como © fener (2000 aC), iMabeios propriamente gitos, como © 9'2G0 (700 3.6.) pron © gialisme equipou os homens de um instrunento de alto valor pat lexpressar 0 pensamento com # mesma condlagae ne palavra e no ges. acabou sutiordin indo 9 gratiema'a linguagem, 0 que 8@ de um lado Tepresentou uma maior preciedo na transmisséo do penamento, de outro Constitulu uma limitagaa dos meios de expressao imaginaria, A el do Simbdlice acabou impondo-se ao Imaginario, imitando sua liberdade de © surgimento do gratismo, em suas varias modalidades, esta relacionado com a alividade gestual do ser huinena, a qual constitul a primeira forma de“ § Comunieaeso, mantendo estreltae relagdes com a tala através da articulagao ‘> Som-palavra e Imagem-gesto. O objeto gftlico (desenho ou escrita) Canlura 0 geste humane, congelando-o no propria momento da su produgdo, © geste torna-ae assim uma imagem gralica cuja esilizeyao da brigem aoe eignes allabslicos. Imagem ou signo, o objeto gralico ¢ portador ‘de uima signiticagso que tem de ser decitrada, Segundo VWGOTSKY (1984, pei2th “0 gesta 6 0 signo visual que contém a futura escrita da crianca (..) 08 gesios s8o 8 escrita ne fno ar @ 08 signos escritos sio, frequentamente, simples gestos que foram - finados.” © tundamental, tanto na fungao da gestualidade como na da escrita, & que fs formas figurativas sao portadoras de slgnificagde, sem @ qual se tornam heros movimentos fisicas, Isto # exlremamente importante, Por sua nalureza, f escrita.¢ uma forma grética de expressdo, um sistema de signos porlador Ge aignificagdo. Isso quer dizer que a forma gralica ¢ tixada, Convencionarmente. velculande uma delerm nada significagao eslabelecida pela cultura Na adquisicae de escrite pela crianga (com Sllabetizacdo), 0 componente semantic recede 0 componente gratico. A crianga tem 0 que dizer, mas falta-the a forma gralica convencional para dizé-lo. Por isso, a produgao pela crianga, no inicio da allabetizagao, de formas graficas ainda “incorretas" — que reproduzem incompletamenie as formas convencionais — tem um valor semantico que constitu 0 suporte de qualquer processo de allabetizagao que nao sejauma mera atividade de Feprodugao mecanica de signos. Na leitura, o pracesso ¢ inverso: para poder capurar a significagao do signo gratico, a crianga tem de reconhecer primeiro sua forma convencional, o que nao a impede de atribuir Significagdes a formas que no domina, enigmaticas para ela, numa tentaliva de decifrar o enigma. Mas a escrita nao ¢ um simales cédigo de decitramento de signos enigmaticos; 6, sim, outra forma de linguagem. Portanto, assim como.a significagao ou sentide de um disourso esta nao no significado de cada uma das palavras que o compdem, mas no discurso como um todo, também a significagao ou sentide da escrila esta nao em cada uma das formas graticas que a integram, mas no texto, Conclui-se que a adquisigao da lecto-escrita é uma alividade cultural exliemamente complexa, na qual a crianca nao entra totalmente desmunida, Ela i possui uma experiéncia com esse tipo de objeto cultural (rétulos, eliquelas, livros, antincios publicitérios, alividade de lecto-escriturs adulta etc.}, mas nao lem 0 dominio suficiente desse tipo de linguagem. A Dupla Inscrigao da Linguagem: a Oral e a Escrita — A grande distancia temporal que separa na histéria humana o surgimento da escrita do aparecimento da fala, embora desconhecida, é sulicienlemente grande para mostrar que aquela nao decorre necessariamente desta, apesat da estreita relagao que existe entre ambas. Hisloricamente, a Unica forma de iransmissdo do saber cultural dos povos, durante dezenas de milénios, fol a Itadigao oral, além das obras técnicas deixadas como legado de uma geragao a oulra. A escrita é adquisi¢ao muito tardia na historia humana, As figuras graficas, mesmo anceradas na fala ou servindo de ancora a esta, constituem formas de expressao que permitem ao homem liberar 0 pensamento da irfstantaneidade do alo da fala, para perpetus-lo no tempo. Isso implica 0 alargamento da capacidade rellexive jé presente na fala, fazendo do recitado ~ conteuido da fala ~ 0 objeto de representacao figural suscelivel de ser registrado graficamente. Apesar da sua identidade de origem, as linguagens oral e escrita ndo so @ mesma coisa, nem uma a simples réplica da oulra. Dizer que a linguagem tom duas formas de inserigdo nao significa alirmar simplesmente que @ homem dispde de dois canais diferentes de comunicagao/expressao, Signitica, isso sim, que nenhuma dessas lormas € sullciente, pot si 8, para dar conta das necessidades ciiadas pela evolugao cultural do homem: {rate se de formas instrumentals diferentes, que o homem eria em fun Necessidades surgidas nessa evolucae. Embora nada Ge alirmarse a respeo da evolupdo de uma forma de expressa0 # Ou exisiem fortes indicios que aulorizam a eslabelecer algumas hipsleses acerca dessa evolugao. ° ee A gostualldade constitu, 2 simbslien do homem, pots el ade ter 4 linguagem oral teria surgide como instrumento tun« \cionalmente adequado ava est sistema de signos lingui ias de formas novas de Lipo de situacses comunicalvas 0 caracteristicas, atendia as exigency ensamento imposias ao homem peloc oer experifncia hurrana de forma a transmiltia as luluras geragses. Com efsito, a tradi¢g0 oral que marcou a coniarnacae Cultural dos povos durante decénios de milénios entave sureate weiesitudes da memoria coletiva, Isto fazia dela um melo poucc-adequedo Para a transmissao e perpetuacao da cullure A,necessidade humana de petpetuar-se nas produces cullurals enconira nas varias formas de expressdo gratica uim malo cxiremamene sie Gombinando arte tigurale sistemas signicos allabéiicee erento Capturados na lixidade das esituturas espaco-temparers deme tcy Brafico, 0 gesto (ae8o) e a palavea (logos) squire una cone pe existéncia que os torna instrumentos iacale nate Berpeluacdo da cultura Pelo menos alé 0 suigiments dee masot meios audiovisuais que, gracas a moderna tecnologia, lazom va Iineoem vonora o Brande insirumento de comunicagao, em que o gesle es palayere Perpetua na dinamica do ato que ve contin Alfabetizaco Como Processo No seu livto Psicagénese da Lingua Escrita, FERREIRO e TEBEROSKY (1986) alertam @ leilor para do's grandes equivocos que tem marcade ditsronioe concepedes da allabelizacao: 0 primeita # kdenificar a leurs com ecitrado de um texto; 0 segundo é idenliticar a esctiia com a copie de um modelo externo + Os dois equivocos ast rel simples transcrigao gralica da fa 1108 com a sia do que a escrta 6 uma « no ume forma especiica de lingvagem. 1 018, come se pode ver na historia do gralisma, apeser ds roincsoe ae si cc tate ira patel xfer fi dos {| homens yp ndo como mera iransposigae do lala Trala-se de dee oes Signicos'ndo tolaimente similres, om gue os significadas san ea ar ae ‘atureze dos significantes ew ea\lula do contents om gue gene oie Giterentes, is Ler & reconstituir 0 sentido do texto de um Avior @ nao apenas Identiicaro eigrilicado os signos graticos, Da mesma maneira. escrever é produait, alravés dos signos grafico convencionais ¢ segundo cerias tegras, um texto cujo sentide pocea ser . (pe ainibas, EEE EEE EES SOC SCSSCSE ECC ECECEE EE reconstituide ‘Bo reproduzit um modele ‘omorgisse naluraimente significacae. Dadas as Suite, ada leiuira 6 uma Feconstitulgao de sentido » partir de relorenciai Contexiuals linfernos/externos ao texto) disposiga do feito, t toda escria Bina pradugae se sentido, Dizor que a allabotizacdo ¢ um prosesso é dizer que a lecto-escrita ndo se edu 4 sprendizayem do sistema de signos grilicos ¢ das tegras (alntatice framaticals) que regem sua organizagao~ aspecto teenlco = mas é uma Suquisigae/apropriagao de uma Torma.de comunicarso que #6 parcialmente S‘Sreauivalente da linguagom falada_€ reconhecer que essa adquisi¢ao/ Spropriacdo pasea por cetlas elapas (pelo menos ro ease dae erlangas), aiticas tom 0 ver com aa exprienciar do sete am reine & ‘a clanca um "objeto de connecimento, socialmente Slaborado", « de que o processo de alfabellzacao “acorre em um ambiente Social” (FEAREIRO. 1987) questiona de saida toda conceneao que identlique fa sdquisigdo da eecrita com um mero aprendizado tecnico ~ saber ler © tscrever no sentido habitual do terme. Se o mais imporiante em qualquer forma de comunicagae/expressio & a predugae/cireulaciio de significagéo, pode-se concluir qua 0 ceniral no processo de allabelizacao ¢ descobrit Como produit/repraduzir sentido atraves de sistemas gralicos e de que maneita 0 sistema de signos gréficas convencional possiblita a sua rodugso/eirculagia. Como dizem FERREINO e TEBEROSKY, “a presenca de fires por si's0 nfo & condieao suliciente para que algo possa ser lido™ ou para que algo posea ser escrito, cabe completat, 0 dominio do allabelo no far de ninguom, automaticamente, nem um lel! nem um escrito. Isto € 0 tesullado de um processo de adquisigso desse melo de comunicagao, ‘A idéia de que a alfabetizagio é um ato de conhecimento— uma das dremissas daquelas pesquisadoras na linha da teoria construlivista de PIAGET ~ no pode fodavia obscurecer a nalureze semiotica da escril qual faz um ate de producdo de significacdo e, cone tal, um cuporte do Pensamento © nao apenas sua manilestarao. da Do trabalho dessas autoras cabe desiaco! duas idélas. as quais tém a ver Coma nalurcea processual da allabelizagao. A primeira diz vespeito & aneira coma a.crianga (rabaiha a relacso Imagem-texto, a segunda, & Ianeita come ela lida com a oposicao decitradojsentido do texto, mantém relacoes estes tanto com a imagem fave sel contudo, mera derivapao daquela OU ‘salorme salientado anteriormente, para a jars imagem se serve para “er” quando es raanguinde, perem, um do outro FERREIRO & iergus ¢ povsivel passat do toxto inerenelar os dole sistemas simbalicos © odo, 2 cual pode ser airibuida A primeira ¢ que a escrite (sesenno} quanto. com = fa simples transerigdo desta Errangas em idade pre-esco Scompanhada de um texto TeehosKy. p. 63:67). Para eseas i Imagem e desta ao texto sem Ter de Som que este passagem alter a inerPr {ented imagem quanto ao texte lecem entre imagem (ou desenho} ¢ texto ‘io da indifereneiagao a uma relative Imagem. coma sublinnam FERREIRO © ‘A elagdo que as criancas esiabel {ou everita) evolui como tempo. in Independencia do texto em relagdo NIST mau a Sones cata erate eatee asemisem ected 1 ditorenciagso do texto em relagso ao dosent, o que over de ma A dior cieCgpavece as Tesposias ds ctiangns--quo be relerem oF@ 80 PEER" orao dosent," (exo raiem somone tte are texto ofa mente representavels, © nome do objeto” (F ° poten lgelxando de lado os oulroe or ce oe iaeyaues que, gare sce senate vec texo relclonace come nome dob dented? criangas messe nivel urmesme, ualguer aue vena notacto gralicn 8 om @ objeto om ot iiom ce eslat all reprosentade, O sinal oalcg ‘a"imagom € globe mente di memati um sinal-nome do desenho. A identitcad: “cena lide como um todo, 80 Sorisso, o texto tem de ser também global Po ieee em conta as suas parlicularidades (come soley ‘constituido por tevande.elras, uma palavra ou uma oracda). 0 10s 0 ‘desenho, mas lava Go watreita entre desenho ¢ texto evidence >? hhos sobre um unico Se contunde com ele. es Getrontande-se com varios desen! ae cgam este em fragmentos (lel'as ere Jspondencia sevnangira a tentar uma corte’ Me ngoyn se preacupar com a ordem Ou ou palav! fermo a termo entre texio © desen! disposicao espa ial do texte o oramatical era para ts fenie decifrado do ra de uma orac ts Bo entre sentido & (FERAEIRO © ipos de aA \divorelo entre ‘ayo texto a partit da Agasta 0 conflite entre ‘as buscam © dicios do eertos in texto: ou sci eo ou jordagem a2 ido do texto i 6 he rm ont, Elas evidenciam o fato de que saber © que esti escrito é muito mais do que Sieecente conseguir decifrar um texto ou juntar, corretamente, letra com Tetra para formar silabas e palavras, Origem Genética da Escrita Falando da Psicologia do seu tempo. nos anos 90, VYGOTSKY (1984) brilicava 0 fato de que ela ndo visse na escrita oulra coisa senao uma mera habilidade motora baslante complicada, dando pouca atengao a escrita fenquante lal, cujo dominio por parte da crianga prenuncia um momento Eritice do seu desenvolvimento cultural (idem, p. 120). No inicio, esse sistema Consiitui para a crianga um simbolismo de segurda ordem, pois os signos escrilos designam para ela signos sonoros (palavras) que, por sua Vez, femolem aos objelos e a suas Telacdes (relerente). Posteriormente, porém, 08 Signos escritos adquirem autonomia em relacao 4 fala, reterindo diretamente {08 objetos e ¢ suas relagoes (simbolismo de primeira ordem). Isso mosira ue @ iquisigae da linguagem escrila é um processo complexo, irredulivel & Bura avidade mecinica de identilicagéo e assoziacdo das letras em silabas fe palavras, semelhanga do que ocorre na lilogénese da linguagem escrita, @ ‘geelualidade constiiul para a crlanga a primeira ‘orma de expressao dos seus Estados psiquicos e das suas necessidades. Tacavia, 0 geato se conslitul ‘quando @ alividade psicomolora da crianga adquire significagao para os outros ~na pessoa, particularmente, da mae. Mas, dilerentemente do que ocorre na filogénese, a altibuigao de signilicagao a alividade psicomotora da rianca tem lugar na fala, sistema ja constiluido 0 meio sociocultural em que ela esta inserida. Existe, portanto, uma contemporaneidade enire @ conslituigao do gesto vra na etianga, cula solidariedade BPC anew) Cer ela Co A adguaigbo da esse nnaroe, portant, oe hati de gelualdade «da fala. O sign escrito tem sua origem no gesto, “signe visual inicial que Zontém a fulura escrila da crianga” (VYGOTSKY, op. cil, p. 121). A Gestualidade &, na porspactiva vygotskyana, como na da Paleontologia Eontemporanea, a fonte da alividade gralica: desenho e escrita. Os rabiscos, iniciais da crianga sao gesios tixados no papel, da mesma manelra que os estos sao lormas graticas no ar. Todavia, uns e oulros constitvem formas, vtxpressivas unicamente porque signifieam ~ ou soja, fazem signo ou Indicam ~ algo concrelo a alguém. A signilicagde, componente essencial de todo signo. ¢ de origem social ¢ consiitui a mediadora de todos os processos psiquicos (PINO, 1991). Gesto e fala, desenho e sserita constituem, assim, Sistemas simbélicos instiluides pela sociedade; formas convencionais de expresso ¢ de comunicagao. Seu poder expressive reside na sua natureza Semintica © nao apenas, nem principalmente, na materialidade dos signos Como mosiram os trabathos de VYGOTSKY e de outros autores da corrente Sécionhistarica de Psicolagia, 0 desenvolvimento do significado das palavras G uma. historia cheia de peripécias, Um momento crucial dessa histéria da-se ‘no instante em que o significado adquire autonomia em relay Sbietal (abjeta, qualidade, agao ou relacao), padendo ser deslocado de um objeto @ outro. 0 joa9 simbélico do *faz-de-conta", analisado em detalhe por VYGOTSKY, é 0 exemple lipico desse deslocamenio, Guaiquer coise ede jervir para representar qualquer oulra, desie que entre ambas exisia cer Ininime de caracleristics is que Fermilam. Assim, © "cabo de Yassoura” transiorma-se em “cavalo”. permitindo & crianca voor nas eras da ‘sum fantasia, Da mesma forma, qualquer desenho ou rabiace pode sisnilcen, fa fantasia eriadora da crianca, qualquer ouira eolac, senda um mele de Sxpressio/comunicagao com os aulvos, desde que 20a faniacin. Na crianca, a relacéo enie a asi ‘ho sentido do progrestivo desiocamento da lala a0 iniela Comeco, a crianca desenha ou rabisea @ depois diz a que lez, posteriormente, ela diz primelro.o que vai deserinar ou rabiscar, Em ambos os {asos, 0 gralismo serve de Suporte d lala, come nos tempos originals de surgimento do gratismo na saciedade humana, AAinda na perspectiva de VYGOTSKY, o jago simbélico © o desenho onstituem duas esferas de alividade que lizam o geste & eeerite, Dai sua importancia na Preescola, momento rica de atividede simbollea que permite erianca preparar sua enirada aliva no universe simbélico des homens. De tude © que foi visto até aqui, fica claro que no inicio da tepreser arilica na erianga~ quando ela executa os primelros tragos de.uma Producio esponianea~desenho e eserita nio se vistinguem Ambos Constiiuem simples mareas visivels no papel. E assim licariam se nao fosse & ‘a¢d0 das pessoas com quem ela convive. Com a avao doe oulros, as formas Gfdlicas vio-se dilerenciando pouice a pauco na crianca, seguindo caminnos diversos: enquanto umas vao tomando formas mais ligurativas ~ 0 desenho =, oulras vio imilando os lagos ma salienies da escrita com que rianga se depara colidianamente no seu proprio melo Todas as formas gréficas. na medida em que remetem # outra coisa ou slgniticam outra toina, constiiuom objetos semisticos, de wien Sociocultural. A diferenca @ que o desenho (na sua forma reallata) mantém uma relag8o de semethanga com os objetes, enquanto, 2 ezcrita toma formas estiizadas que nada ‘mais guardam de sue semelnanca com esses objetos. mais nitida, Aldm disso, 0 desenho da crianca naa eala sujelte & nermas fenguanto a {ue @ crlanga deverd, pauco ividade etiadora ‘esta sujeta rigidamente ' pouo, Internalizar sem que isso deva compromeler sua fe significacda Desea mancira, a excrita constitul um tipo particu objeto cultural 0 percurso que @ erlanca faz para chegar so dominio da escrita lembra es Grandes lings da sua emergencia na hstéria humana, A linha de desenvolvimento psicoganstice que tragamos ~ alirmam FERHEIHO © TEBEROSKY. ho fim de sua obra = comoga também com a Separago dos sistemas representatives icanicos @ 08 nioicénicos, logo passa a um tipo de logogratia com indubitivets elementos ideouraticos (...) assunie penosamenta 0 principio da tonelizagao, conhoce una etapa Ge apogen silibico © deriva finaimente para 0 sistema allabético, ‘Sem reduzit uma histéria & outra, no hd divida quanto & origem pictogrética da esctila, assim camo quanto a tungao que ela ocupa no horizonte cultural da crianga, Pressupostos da Altabetizagao 0s prossupostos da alfabetizagiio estio ligados 4s concepgdes que se tem ga lecto-escrita, as quais, por sua vez, estao ligadas as diferentes teorias da Tinguagem. Em iuncao disso, diferentes melodologias de allabelizagao tém sido ulllizadas, cujos resullados constituem ji um veredilo sobre essas leorias. Nao é © momento de disculir estas questdes. €, porém, importante destacar que existe uma esireila relagao enire os mélodos de alfabeliz8¢ao ‘que sa0 proposios e ullizados @ as loorias subjacentes. Do ponto de vista pedagéaico, o problema da altabotizagao tem sido colocado, tradicionalmente, coma se fosse unicamante um problema de método. nua incessanie procuta de “eliciéncia’, o que ndo esta Suticientemente comprovado, Fica claro, porém, que a escolha de método Supe. de um lado, uma ceria concepeao da linguagem e, de, outro, um: teoria da aprendizagem. Como sv pode ver, @ quesiao é mais complexa do que parece. Duas propostas melodolagicas 18m marcado os debates em torno da altabetizacao nos ullimos tempos: uma vai da parts ao todo ~ 0 mode! Sintético —, a oulra vai do todo as partes ~ 6 0 modelo analitice, 0 modelo sintético tem como principio @ correspondancia entre linguagem oral e eserita e a ligagao esireila da grafia com a lonética. Ele propoe parlir dos elementos mais simples (letras e¢ silabas) para chegar aos mai Complexos (palavras e oracdes). De forma geral, esta concepeao de Gilateteacae tem sido dominante na Escola tradicional, a qual tem insistido Aa necessidade de aprender as letras (0 allabelo) © 08 conjunios silébicos Como condigao para ler € escrever bem. Sob a influéncia da Lingiistica, derivou desta corronte 0 método tonético, 0 eae ence cmortinicia de identiicar bem os sons, os fonemas, a fim de ‘0 fundamen ssoctar a eles suas reprasentacaes gralicas, os grafem associay 9 eles suas opr sttabetrando ionique de forma correla Os sons eee eee ie rita, O metodo fonética ioinou em desuso 0 mélodo Gitabetico. mac ajudou a relorgar a imporlancia do deelfrado do lexlo tecnica) Coma conaigas pare chegar ao seu sentido (leitura inteliger Pronunciar corretamente os fonemas e distinguir claramente os oratemas Consiituem seus principios metodolégicos tundamentels: mes tarioeen una fonte constants de “erfos" “racassos. do rtanca, Congebende a Iimguegem. falada e eacrita, essencialmente como um Godigos a leltura torn ne'umexeicicio de descodilicagdo ® a escrita ge encodaese No limite, Stianca pode ler perlellamente tem ser um verdadero leltor ou Sela. Gem Seber‘o gue esid Tondo, como pode escrever correlamente sem set por ioao tim eserltor. No campo da escrita, a énlase é posta no dominio da ertografla o'das regras gramaticals. Tal concepcdo de allabelizagao atende Perfeltamente a8 teorlas da aprendizagem de lipo mecanicisie/ © modelo analitico concebe a leitura como um ato global e ideovisual Assim como no modelo sintélico prima a audigao para aprender bem os fonemas, neste prima a visio, para apreender bem o texto, Suas origens remontam a ©. DECROLY que, reagindo ao mecanicismo do modelo sintético, Griou 0 chamado métedo global de alfabetizacao, baseado no postulado Segundo 0 qual a crianga tem uma visdo da lolalidade antes de chegar analise do texto. Nesta concepcao, reconhecer as palavras e as oracoes & primordial para a adquisigao da leilura, constiluindo uma tarela posterior @ fandlise de suas partes ou componentes. As pesquisas de FERREIRO e colaboradores, independentemente da Sue orientagao leérica, vem mosirando a importancia de significagée do texto para a leitura e a escrila ¢ os caminhos diferentes que cada Grianga percorre para chegar a ela. Isso lem varias implicagdes no Campo educacional. no sentido de reconsiderar os procedimentos itilizados na Escola, Format leitores @ escritores, objetivo de uma Vordadeira allabetizacao, € no apenas ensinet as letras, mas captar Sentido do que se lee transmitir sentido no que se escteve, Isso Significa que a adquisicéo da escrita é uma alividade cultural sianplexa’ como diz VYGOTSKY, suticientemente importante para 930 yieguzida a0 simples dominio das leltas como a palavra Sitabetizagao vem sendo enlendida (aliés, é esse o sentido da shlavra, composia das duas primeiras letras do codigo grego) 1s Bibliograticas izagiio em processo, Si A. Psicogénese da Hingua escrita Reteréncii FERRERO, E. Allabet FeHnEIO, E., TEBEROSKY, ‘artes Madicas, 1986 NA. Le geste of fa parole. Pauls. 10 Paula: Cortez, 1987. Porto Alegre: el, 1964, 2v. LEROLGOURHAT Albin Mi Pino, A. O conceito de mediagho semidtica om Vynotsky.0 #2 POPE ry NO. RO concequisme humano. cadernos CEDES, Sto Paulo: Corie. pba, po 32-43, 1991, VYGOTSKY, LS, A formagio social da mente, Sao Paulo: Martine Fontes gors Paulo: Martins Fontes,

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