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‘em pi Ce Pl A610 Yom 0 (EW Trabatho no Brasil atual egies O trabalho 6 um direito fundamental. E por meio dele que nos tornamos humanos e, com os recursos naturais que o planeta oferece, produzimos os bens necessérios para construir a sociedade. O trabalho, que jd foi conside- rado uma condigao degradante ¢ inferior, no mundo atual é essencial para o exercicio da cldadania e da dignidade humana porque é por meio dele que asseguramos a sobrevivéncia e nos integramos a comunidade humana com igualdade, liberdade e justica. Nos Ultimos anos, o Brasil tem vivido um momento de prosperidade econémica. Milhdes de brasileiros entraram no mercado formal de trabalho e passaram a ter a “carteira assi- nada”, isto 6, obter o registro do empregador na Carteira de Trabalho e Previdéncia Social (CTPS), garantindo, assim, os direitos previdencidrios. Mas nem sempre foi assim. Atualmente, o Brasil dispée de uma constituigado democra- tica, elaborada para garantir os direitos civis, sociais e politi- cos dos cidadaos brasileiros e dos estrangeiros residentes no pais. O trabalho esta entre os direitos socials estabelecidos pela Constituicao. Além disso, o Brasil é signatario da Declaragao Universal dos Direitos Humanos, de 1948, a qual estabelece que toda pessoa tem direito a condigées justas de trabalho, além de proibir todas as maneiras de esoravidao e de trafico de pessoas. Apesar disso, as condigoes dos trabalhadores _brasileiros no sao ideais. Em muitos lu- gares, até mesmo nos grandes centros urbanos, tém ocorrido situagdes em que séo desres- peitados os direitos trabalhistas de brasileiros e estrangeiros. Em muitas situagdes, tra- balhadores so mantidos pra- ticamente em regime de escra- vidéo, configurando um crime contra a cidadania e os direitos A Carteira de Trabalho @ Previdéncia Social é idl necessaria para que 0 cidadao tenha acesso aos direitos trabalhistas. Foto de 2012, A Fiscalizacdo em fabrica de roupas no interior de Sao Paulo, humanos. ‘onde trabalhadores eram mantidos em regime de escravidao. Foto de 2013, [6 Voce ja ouviu falar em trabalho escravo nos dias atuais? Qual ¢ a sua opiniao sobre esse assunto? Converse com seus colegas. WW 0 trabalho no Brasil colonial ‘Ao chegar ao Brasil, em 1500, os portugueses encontraram varios povos in~ digenas que apresentavam diferentes modos de vida e concepgdes de mundo. Do ponte de vista tecnolégico, os povos indigenas do Brasil nao conhe- ciam o trabalho com metais; seus instrumentos de trabalho eram feitos de pedra, madeira, ossos e cipés Nas aldeias indigenas, o trabalho nao visava a acumulagao de ri- quezas, mas sim a produgao de bens para o consumo. Desse modo, © trabalho eo consumo eram coletivos. A comunidade trabalhava e consumia unida. © modo como as atividades produtivas eram organizadas esta- belecia diferentes tarefas para os homens, para as mulheres, para os idosos e para as criangas. Assim, o trabalho era organizado de acor- do com 0 sexo e a idade. Relatos dos primeiros viajantes, e mais tar- de de antropdlogos, descrevem que aos homens cabiam as tarefas mais pesadas, como cortar lenha, cagar e construir as moradias. nn As mulheres eram atribuidas as tarefas da casa, cuidar da ro¢a € Oieo sobre tela. Museu educar as criangas. Idosos e criangas ajudavam conforme podiam, Nacional da Dinamarca, sendo também tarefa dos anciaos educar os jovens. Sopennegie Os meninos, ao atingir a idade adequada, acompanhavam os pais nas tarefas, as meninas acompanhavam as mes, desse modo aprendiam como realizé-las. Festas e rituais estabeleciam uma forma de intercambio entre diferentes al- deias. Nas trocas nao havia o sentido comercial moderno ou a ideia de lucro, pratica comum entre os portugueses. Quando as necessidades da aldeia ou da familia estivessem satisfeitas, nao havia mais a necessidade de trabalho, z i t i t 3 é 5 3 ‘Theodore de Bry, Ataque Tupiniquim auma aldeia Tupinamba. Gravura colorida. Publicada em: STADEN, Hans. Duas viagens a0 Brasil, 1592, A representagao da paligada (cerca de estacas) mostra como seria o interior da aldeia ‘neat snes gn bean A escravizacao indigena Sem a ajuda dos povos indigenas teria sido muito mais dificil para os portugueses se fixarem e colonizarem Brasil. Os indigenas conheciam 0 territério, os rios, os animais e as plantas. Esse conhecimento foi fundamental para os portugue- ses nos primeiros anos da colonizagao. Durante a fase de exploragao do pau-brasil, por exemplo, eram os indigenas que retiravam a madeira da floresta e a levavam até os pontos de troca. © pau-brasil era trocado por produtos portugueses, forma de comércio denominada es cambo. Entretanto, a relago amistosa entre os indigenas e os portugueses logo se transformou em perseguigdes e guerras. Com a implantagao da lavoura de cana-de-agticar, a partir de 1530, eles passaram a ser capturados pelos portugue- ses e escravizados. © trabalho na lavoura de cana-de-agucar era bem diferente da agricultura itinerante pra- ticada pelos indigenas, os quais néio se adap- tavam a vida sedentaria das plantagdes e dos engenhos, uma das causas dos choques entre nativos e portugueses. Outra razao foi a ocupa- go das terras com as lavouras. Os portugueses ‘4 Mapa Terra Brasilis de Lopo Homem, de 1519, que representa indigenas Tupi derrubando e transportando troncos de pau- -brasil. Mapoteca do Ministério das Relagoes Exteriores, Rio de Janeiro (Ru) ocupavam terras indigenas, exterminando, expulsando ou escravizando os po- vos nativos. © comércio de indigenas capturados tornou-se uma das atividades mais importantes para os bandeirantes, principalmente para os da capitania de SAo Vicente, de onde diversas bandeiras partiram para o interior, desbravando o ‘sert4o, fundando vilas e povoados. f "A escravidao na Antiguidade rm) A escravidao foi predominante na Grécia e em Roma durante a temente da escraviddo moderna | (séculos XVI a0 se abateu predominantemente sobre os negros. ‘Diversos povos foram “Antiguidade. Diferen- poor tei na nena pessoa era escrava quando nascia de mie escrava. era peter nee Totados em guerras também se tornavam escravos. A escraviddo por divida também era ; um devedor podia ser escravizado por seu credor. SOs lescravot ds Antiuidadd easiam ae ial diverat fungbes desde otebsihi et nae eee até a educacao dos filhos da elite. As revoltas de escravos eram frequentes. Coma crise do escravismo, a partir dos séculos II] €1V, lentamente surgiram novas formas de trabalho, como a servidao. 150 WWW Portugal e a escravidao negra Na Europa, a partir dos séculos XIll @ XIV, surgiram novos modos de organizacao do trabalho, com © desenvolvimento do comércio, 0 crescimento das cidades ¢ a crise do feudalismo. As mudangas na sociedade europeia eram as pri- meiras manifestag6es das relagdes @ modos de trabalho capitalistas. Cada vez mais, 0 trabalho deixava de ser uma atividade coletiva e@ passava a ser uma : atividade individual. As préticas feudais aos poucos cediam es- paco para a pratica do comércio, 4 Representagao do porto de Lisboa, em Portugal, Visando 0 cr, para ose do enue 7 Osmanoumeio gs conse pao trabalho assalariado. escravos. A sociedade portuguesa encontrava-se ainda entre o feudalismo e 0 nas- cente capitalismo. No campo predominavam as relagées feudais; nas cidades surgiam as associacdes de mercadores e de artesdos. A expansao maritima a partir do século XV favoreceu os comerciantes, permitindo a exploragao de no- vas terras e de novos produtos. Qinicio da colonizacao do Brasil ocorreu nesse contexto. A produgao de acu- car nos engenhos do Nordeste destinava-se a abastecer o mercado europeu. ua i i i gi ae i i g i i O trabalho servil Durante a Idade Média, entre os séculos X e XIII, na Europa Ocidental houve o predominio de um sis- tema social denominado feudalismo. Nesse perio- do, desenvolveu-se o trabalho servil. Nas terras dos senhores (feudos) o trabalho era realizado pelos camponeses (servos) que, além de tra-_ balhar, ainda pagavam tributos aos senhores e a Igreja. ‘Os servos nao eram escravos; estavam, porém, presos @ terra para o resto da vida. Em troca de protecéio e do direito de usufruir a terra, eles deveriam cultivar os terrenos que lhes eram concedidos e as terras pessoais do senhor. ‘Camponeses trabalhando, Miniatura » do més de setembro de um, ccalendario do século XV. ‘Art Library, Londres, Reino Unido. | W 160 (EW 0 trabatho dos negros escravizados A ocupagao efetiva do territdrio brasileiro pelos portugueses comegou com a implantagao da lavou- ra de cana-de-agticar nos chamados engenhos. No Brasil havia terras e 4gua em abundancia, mas fal- tava mao de obra. A solugdo para o problema foi a introdugao de africanos escravizados. Nos primeiros anos da colonizagao, como estuda- do, os portugueses contaram com 0 trabalho indigena; @ medida que a produgao de agucar se expandia, po- rém, foi aumentando o numero de africanos escraviza- dos, que se tornaram a principal forga de trabalho da colénia. O trafico de africanos escravizados tornou-se, assim, uma das atividades mais lucrativas para os mer- cadores portugueses. Os negros escravizados eram utilizados nas mais diversas atividades, nas lavouras, nos trabalhos do- Moenda em engenho de 1870, em Areia (PB). Esse engenho foi restaurado em 1970 para transformar-se no Museu da Rapadura, vinculado & Universidade Federal da Paraiba. Foto de 2005. mésticos, na mineragao; nas cidades, também eram explorados como escravos de ganho. Nas propriedades rurais, trabalhavam sob o olhar atento de um feitor, pronto para punir qualquer deslize. Os engenhos eram organizagdes muito complexas e exigiam diversos tipos de profissionais, uns envolvidos diretamente na fabricagdo de aguicar, como os mes- tres de purgar; outros em atividades complementares, como carpinteiros, pedreiros, ferreiros, todos acompanhados de ajudantes escravizados. Com o tempo, muitas dessas profissdes passaram a ser exercidas também por negros escravizados. Nas cidades a situacao era ainda mais complexa. A variedade de trabalhos realizados por escravos era enorme: carregadores, cavalarigos, acompanhan- tes, vendedores ambulantes, barbeiros, além dos servigos domésticos. Jean-Baptiste Debret, Oficina de um sapateiro (1834-1839). Litogratia. Viagem pitoresca @ hristérica ao Brasil, vo. 2, prancha 29. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RU) Escravidao e resisténcia Os castigos fisicos faziam parte do co- tidiano dos negros escravizados no Brasil, aplicados para puni-los por desobediéncia e para servir de exemplo aos outros escravos. Uma grande parte dos negros, porém, re- sistiu & escravidao. Alguns impunham resis- téncia de modo néo violento, por exemplo, evitando ter filhos. Outros reagiam violenta- mente, apropriando-se dos pertences dos senhores, assassinando feitores, capitaes do mato e familiares de seus donos. A forma de resisténcia mais significativa se ale ; Johann Moritz Rugendas, Capitéo do mato foi a fuga. Contudo, nem todo escravo era (1999-4826), Gravura. Fundacdo Biblioteca Nacional. bem-sucedido, pois poderia ser recapturado Rio de Janeiro (FU). Multos escravos tugidos eram e.devalviad a6 seu senor Capturados pelos capitées do mato, que eram contratados pelos proprietarios. A formacao de quilombos Em todo 0 territério do Brasil colonial escravos que fugiam de seus senhores procuravam organizar uma vida em liberdade. Chamavam-se quilombos as aldeias fortificadas que reuniam escravos fugidos das fazendas. Neles ainda viviam indigenas, negros libertos e também brancos pobres. A agricultura era a sua atividade econémica e, eventualmente, troca- vam produtos com colonos das regides proximas. © mais importante quilombo do periodo colonial foi o Quilombo dos Palmares, no século Xil, locali- zado no atual estado de Alagoas. Esse quilombo re- sistiu por quase um século aos ataques dos senhores de engenho e das autoridades coloniais. Palmares se tornou uma ameaga para a dominagao colonial, uma vez que 0 quilombo recebia os negros fugidos das propriedades da regiao. As autoridades contrataram os servigos do ban- deirante Domingo Jorge Velho para destruir Palma- res. Zumbi, um de seus lideres, foi morto em 20 de novembro de 1695, data escolhida para homenagear os 4 Antdnio Parreiras, Zumbi (1927). Oleo sobre tela. Museu Antonio Parreras, 0 Dia da Consciéncia Negra. Niterot (Ru) [Gil Qual é o significado de datas comemorativas como o Dia da Consciéncia Negra? Escreva no caderno um pequeno texto sobre esse assunto. WP 162 A resisténcia cultural Nem toda resisténcia a escravidao foi por meio da violéncia ou da fuga para 98 quilombos. O meio mais marcante foi a resisténcia cultural. Entre as praticas adotadas pelos senhores para evitar fugas ou motins, estava a de nao manter na mesma senzala negros da mesma etnia. O objetivo era dificultar a troca de informages € 0 apoio mutuo entre os escravos. Além disso, impunha-se 0 ca- tolicismo como religiao, ¢ proibiam-se os cultos aos ancestrais e as religibes africanas. Apesar dessas dificuldades, a influéncia cultural dos povos africanos e de seus descendentes no Brasil é notavel em varios aspectos: na danga, na culina- ria, no vestuario, nos habitos alimentares, na lingua, entre muitos outros. As religides afro-brasileiras podem ser consideradas uma das mais bem- ~sucedidas maneiras de resistir 4 escravidao. O Candomblé, culto de origem ioruba, introduzido na Bahia, é a religido que cultua os orixas, divindades relacionadas as forcas da natureza. Da Bahia, o Candomblé disseminou-se pelo Brasil. Muitas vezes, os orixas so associados a santos catélicos, caracterizando © sincretismo religioso. Os principais orixés so: Xang6, senhor dos raios e tro- vGes; lansa, senhora das tempestades e ventos; Exu, 0 mensageiro; Oxumaré- ~Arco-iris, orixa da sorte, fartura e fertilidade; Ogum, senhor da guerra; Oxéssi, senhor da floresta; Oxum, divindade das aguas doces; lemanja, divindade das Aguas salgadas, [Ef Em grupos de trés ou quatro alunos, pesquisem outras influencias de origem Em a Pe africana na cultura e na sociedade brasileira, Ao final, montem cartazes e exponha-os para a classe. (WWD 0 café ¢ o fim do trafico negreiro A partir da década de 1840, a lavoura cafeeira fixou-se nas provincias do sudeste do territorio brasileiro e ali se expandiu, a partir do Rio de Janeiro. A expansao cafeeira intensificou 0 trafico de escravos. Os cafezais do Vale do Rio Paraiba seguiram o modelo tradicional de fazen- da: a casa do proprietério; a senzala; as instalagdes para o beneficiamento do café; moradias para os trabalhadores livres. Aos poucos, porém, a reposigao de mao de obra escrava foi difi- cultada. Nessa época, a In- glaterra aumentou 0 comba- te ao trafico negreiro, decre- tando em 1845 o Bill Aber- deen, ato que autorizava a marinha inglesa a apreender os navios negreiros, pressio- nando 0 governo brasileiro a pér fim no trafico de escra- vos e extinguir a escravidao no pais. trafico negreiro foi defi- nitivamente proibido no Brasil, ‘em 1850, pela Lei Eusébio de Queirés. Seria o primeiro pas- « Escravos trabalhando em fazenda de café do Vale do Paraiba so para o fim da escravidao. (SP), Foto da segunda metade do século XIX. O trabalho escravo nas Américas (Os espanhéis colonizaram regiées da América do Sul, da América Central e da Amé- "ica do Norte, além de ilhas no Mar do Caribe. Durante a colonizacao espanhola também houve a exploracdo do trabalho escravo african. Em Cuba, na Jamaica, em Porto Rico, por exemplo, os espanhéis exploraram o cultivo de diversos produtos tropicais, principal- mente a cana-de-aciicar, utilizando africanos escravizados. Nessas e em outras areas de dominio espanhol na América, os povos africanos misturaram-se com 0s nativos € com os europeus, formando a base atual das populacdes dessas regides. _ Otrabalho escravo africano também foi utilizado nas treze colonias inglesas da Améri- ca do Norte - nicleo povoador inicial dos Estados Unidos. Nas colénias do Sul - Georgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte, Maryland e Virginia -, igualmente com base no tra- alho escravo, desenvolveu-se a producao de géneros para exportacao, como 0 algodao. Nas treze colénias tentou-se criar uma sociedade dual: de um lado, os negros; de outro, os brancos, resultando num regime segregacionista que comecou a ser vencido apenas no século XX, por meio de lutas pelos direitos civis. io ein 94 an gd LD Sh 8 ec rts et 8 hc e089 wa 8 Aboligao lenta e gradual Com 09 fim do trafico negreiro, o trabalho escravo entrou em crise; a aboligaéo da escravidao, porém, ainda estava longe de acontecer. Apartir da década de 1860, o movimento pela aboligao ganhou forga no pais. Ocorreu o aumento do numero de fugas e de revoltas, muitas delas promovidas por associa- g6es e clubes abolicionistas, compostos por intelectuais, x-escravos, quilombolas, profissionais liberais etc. Sob a pressdo dos grupos abolicionistas 0 governo monérquico aprovou algumas leis. Assim, em 1871, foi aprovada a Lei Rio Branco (Lei do Ventre Livre), que li- bertava os filhos de mulheres escravas nascidos a partir daquela data; entretanto, impunha-se ao liberto que, até completar 21 anos, prestasse servicos gratuitamente ao senhor de sua mae. Em 1885 foi aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe (Lei dos Sexagenarios), que libertava os escravos com mais de 60 anos. Novamente, os escravos libertos foram obrigados a trabalhar gratuitamente para ‘seus antigos senhores, a titulo de indenizacao, dessa vez por mais trés anos. Finalmente, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assi- nou a Lei Aurea, abolindo a es- cravidao no Brasil, Esse ato nao previu nenhu- ma maneira de incorporagao dos ex-escravos a sociedade brasileira. Sem terras, sem di- nheiro e sem trabalho, os ex- -escravos passaram a dedicar- se a atividades menos lucra- tivas e a receber salarios mais baixos que os dos trabalhado- res brancos. Alem do mais, a marginalizagao dos ex-escravos intensificou o preconceito racial. i Detalhe de fac-simile da Lei Aurea > de 13 de maio de 1888, assinada pela princesa Isabel, que ocupava Provisoriamente 0 trono imperial do Brasil, em lugar de seu pai, D. Pedto I ‘Arquivo Nacional, Rio de Janeiro (PW), 7 a Arto ce bean apeacbers ‘game pe ete valoonble: if Pont Se snow 9, Paget ‘Cth iin iat dake cle Ir amending © pernambucano Joaquim Nabuco (1849-1910) fol um dos mais importantes criticos da escravidao no Brasil. Para ele, a escravidao era a principal responsavel pelo atraso econdmico do Brasil. Foto de 1905. ica UNIDADE 1 - Trabalho ho e industrializacao 4 Litografia de 1879 representando fabrica inglesa do século XIX. TEMAS As relagdes de trabalho, caracteristicas do capitalismo et industrial, definiram-se a partir das lutas dos trabalhadores ‘A Revolucao Industrial industriais, O crescimento das cidades Na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, a luta dos A industria no Brasil trabalhadores conquistou direitos sociais e politicos funda- O movimento operdrioe _ mentais que hoje em dia fazem parte da Declaragao Uni- movimento feminista versal dos Direitos Humanos e da Constituigao do Brasil Vocé conhece alguns direitos dos trabalhadores brasi- leiros? 169 (WEMD A Revolucao Industrial As Grandes Navegagées, iniciadas a partir do século XV, estabeleceram um sistema de comércio mundial. Por mais de trezentos anos, principalmente entre 08 séculos XVI e XVIII, 0 capitalismo comercial dominou as relagdes interna- cionais, favorecendo a acumulagao de riquezas nas maos dos comerciantes europeus. Essa acumulagéo de riquezas foi uma das precondigées da Revolugao Industrial A Inglaterra foi o pais que mais acumulou riquezas por meio do comercio com outras nagées e suas colénias. Por isso, pode dar inicio a sua industrializagao ainda no sécu- lo XVIII, A partir de 1770, aproximadamen- te, até meados do século XIX, a Inglaterra passou por uma grande transformacao social e produtiva denominada Revolugao Industrial A procura por produtos manufaturados resultou no aperfeigoamento das antigas técnicas artesanais. Diversos artesaos pas- saram a trabalhar juntos, sob a orientagao de um mestre, formando as primeiras ma- nufaturas, ao longo dos séculos XVI e XVII. A produgao em manufaturas significou um avango tecnolégico, pois possibilitou a pro- dugao de um maior volume de mercadorias, em um tempo menor, aumentando a oferta de produtos. O desenvolvimento das manufaturas, & depois da industria, além de provocar trans- formacées no modo como as mercadorias eram produzidas, também ocasionou mu- dangas socials. A sociedade industrial fez surgir novos grupos sociais, dividindo-se basicamente em duas camadas sociais: a burguesia, constituida pelos donos das fé- bricas, das maquinas, dos bancos, grandes comerciantes etc.; ¢ o proletariado, forma- do pelo trabalhador que é remunerado por sua forga de trabalho, 170 ‘4. No artesanato, o trabalhador participava de todas as ‘etapas da produgao. Heinrich Ptorr, Oficina de ceramica ‘em Grossalmerode (século XVIII). Oieo sobre tela. Bridgeman Art Library, Kassel, Alemanha. & Patriio @ operarios no interior de uma inddstria inglesa, em 1900. A Revolucao Industrial inglesa A Inglaterra foi o bergo da Revolu- go Industrial, pois, além de ter uma burguesia poderosa, 0 que contrbuiu para 0 actimulo de capital, havia dispo- nibilidade de matérias-primas e de fonte de energia (0 carvao mineral). Teve des- taque a produgdo téxtil, Nas manufatu- ras téxteis todas as fases da produgao eram feitas por artesaos. A invengao da maquina de fiar, le- vou a criagéo do tear mecanico, que permitia tecer mais fios ao mesmo tem- po. Posteriormente, o tear mecainico foi aperfeigoado com a instalago de uma fonte de energia, a maquina a vapor - a 4 Gravura de 1833 feita a partir de desenho de ‘Thomas Aliom que representa mulheres trabalhando em fabrica de tecidos de algodao na Inglaterra, no século XIX. ‘Ronayne teas Rea LNAI st registrada por James Watt, a qual funcionava com a queima do carvao. Surgia assim a automagao, que caracteriza a produgao industrial. Nas fabricas, 0 trabalho passou a ser realizado por maquinas, @ os operarios passaram a apenas abastecé-las com matérias-primas. O avango tecnolégico também se destacou em outros setores, como o dos transportes e o das comunicagées. A invencdo da locomotiva a vapor, capaz de Puxar muitos vag6es, revolucionou os meios de transportes. A construgao de estradas de ferro fundamentou o desenvolvimento da industria siderirgica, pois 0 ferro passou a ser produzido e utilizado em larga escala Apartir da segunda metade do século XIX, a Revolugao Industrial entrou em uma nova fase, Paises como a Franga, a Alemanha, os Estados Unidos também se industrializaram e surgiram novas tecnologias: a invengao do telégrafo, o uso da eletricidade, o aperfeigoamento do motor a diesel e a gasolina, o desenvolvi- mento da industria quimica e da inddstria petrolifera, tudo isso passou a condi- cionar a vida nas cidades industriais. 4 Gravura de Londres de 1783. Pode-se observar o crescimento da cidade, motivado pela industrializagao e pela expansao comercial. Biblioteca Britanica, Londres, Reino Unido. 177 (EW 0 crescimento das cidades Um dos efeitos mais notaveis da Re- volugao Industrial foi a concentragao dos trabalhadores nos centros urbanos. As ci- dades cresceram em numero e em quan- tidade de habitantes. Isso foi observado inicialmente na Inglaterra. A Lei dos Cercamentos — que trans- formou as terras de pequenos campone- ses em pastos para as ovelhas - provocou um grande éxodo tural. As cidades pas- saram a receber os camponeses expulsos do campo. Londres tornou-se a primeira metrépole moderna, com ruas congestio- nadas de carrogas e pessoas. No inicio do século XIX ja contava mais de 1 milhao de habitantes. A maior parte das casas operdrias se lo- calizava proximo as fabricas e era construi- _ Habitagdes populares tipicas de Londres, com casas geminadas, representadas em gravura de Gustave da por determinagao dos proprios emprega- Dore, de 1872. Repare a fumaga ea fuligem que dores, que as alugavam para os operarios. —dominam a cena © porto do Rio Tamisa - que banha a cidade de Londres - tornou-se o mais movimentado do mundo, ao mesmo tempo que os dejetos das fabricas e das casas contaminavam suas aguas. O espetaculo das multidées i “A multidao, sua presenca nas ruas de Londres e Paris do século XIX, foi conside- rada pelos contempordneos como um acontecimento inquietante. Milhares de pessoas deslocando-se para o desempenho do ato cotidiano da vida nas grandes cidades com- pdem um espetaculo que, na época, incitou ao fascinio e ao terror. Gestos automaticos e reacoes instintivas em obediéncia a um poder invisivel modelam 9 fervilhante desfile de homens e mulheres e conferem a paisagem urbana uma imagem frequentemente associada as ideias de caos, de turbilhdo, de ondas, metaforas inspiradas nas forgas in- controlaveis da natureza [...]. ‘Walter Benjamin, que fez da multidéo na literatura do século XIX um tema de estudo, con- fere ao olhar uma importancia decisiva [...]. O estar submetido a longos trajetos pelas ruas, a pé, ou dentro de meios de transportes coletivos, impde aos olhos a atividade de observar coisas e pessoas; a vida cotidiana assume a dimensao de um permanente espetaculo. [..” BRESCIANE, Maria Stella M. Londres e Paris no século XIX: 0 espetéculo da pobreza, ‘Sao Paulo: Brasiliense, 1982. p. 10-13. (Colegao Tudo € Historia). [Ed Quais problemas presentes em Londres no século XIX sao comuns as metropoles atuais? mp 172 i t i { i i 5 ‘ i H (herr pot 8 dos al ce Hd ment As lutas operarias Nos primérdios da industrializagao, a vida dos operarios era extremamente di- ficil. Enfrentavam longas jornadas de tra- balho, de 14 a 16 horas didrias, em pé, parando apenas para uma rapida refeicao. Nao havia férias, descanso semanal remu- nerado e nenhum outro direito trabalhista. A mecanizagao das fabricas causa- va a demissao de muitos trabalhadores. Os operarios reagiram destruindo as ma- quinas, consideradas as causadoras do desemprego e da miséria. O principal movimento de quebra de maquinas foi o ludismo, que atingiu varias regides da In- glaterra, até mesmo no campo, aonde a mecanizagao também ja havia chegado. peta A llustrago do século XIX que representa ludistas quebranco maquina de tear durante manifestacao entre 1811 e 1816. Com o tempo, entretanto, os operarios passaram a reivindicar direitos so- ciais ¢ politicos. Na Inglaterra, o movimento cartista lutava, entre outras coi- sas, pela aprovagao de reformas politicas e eleitorais que garantissem a jornada de trabalho de cito horas diarias e o direito dos trabalhadores de eleger seus representantes. A recusa do Parlamento em aprovar essas solicitagdes da clas- se operaria desencadeou uma onda de greves, manifestac6es e prisoes. Aos poucos, as lutas operdrias surtiram efeito. As conquistas trabalhistas do século XIX @ inicio do século XX melhoraram as condigées de trabalho na Inglaterra e fortaleceram as lutas dos movimentos operarios de outros paises. 0 trabalho infantil Um dos mais graves problemas do mundo atual é 0 trabalho infantil. As criangas trabalham para complementar a renda familiar, comprometendo seu desenvolvimento, sua possibilidade de crescer e de integrar-se plenamente a sociedade. Contudo, o trabalho infantil nao 6 um problema atual. A utilizagaéo do trabalho infantil agravou-se com a Revolugao Industrial. Na Inglaterra, 0 trabalho infantil foi largamente utilizado. O uso da mao de obra de criangas e de mulheres era uma maneira de os patrOes baixarem os custos com salarios e aumentarem seus lucros. Os trabalhos feminino e infantil eram mais baratos; além disso era mais facil controlar mulheres e criancas. Auta dos trabalhadores obrigou 0 Parlamento inglés a regularizar 0 trabalho infantil, permitindo-o apenas sob condigdes especiais e durante o dia [Gi Por que o trabalho infantil deve ser combatido? Converse com seus colegas. Te eet aed EL Tabalha | (WD Historia da indastria no Brasil Durante o periodo colonial praticamente nao existiu industria no Brasil. A razao para isso era simples; 0 mercado colonial destinava-se a favorecer 0 comércio com a metrépole, Portugal. Um alvara régio de 1785 proibiu o es- tabelecimento de industrias e manufaturas de qualquer natureza, no Brasil, com excecao da produgao de alguns artigos que nao podiam ser importados. Com a chegada da familia real, em 1808, esse alvara foi revogado; entre- tanto, a concorréncia dos produtos ingleses nao permitiu a formacao de uma producgao industrial brasileira. Apenas a partir de segunda metade do século XIX o Brasil conheceu algum desenvolvi- mento industrial. O acordo co- mercial assinado com a Ingla- terra, em 1810, por D. Joao VI e renovado por D. Pedro | em 1827 expirou, permitindo que as taxas alfandegarias fossem aumentadas, por meio da Tarifa Alves Branco, estimulando-se a criagéo de fabricas. Pouco depois, em 1850, a proibig&io do trafico negrei- ro permitiu que os capitais até entéo investidos nesse comércio fossem aplicados em novas atividades, entre elas a industria. Grande parte desse esforgo coube ao Bardo de Maua, idealizador de varios em- preendimentos. O surto de industrializagao liderado por ele nao conseguiu, porém, transformar a economia brasileira. A agri- cultura e a pecudria continuavam a ser as principais atividades praticadas no pais. Apesar disso, a Era Maud foi marcada pela modernizagao da capital do império, a cidade do Rio de Janeiro, e pela criagao de companhias de iluminacao a gas, de bondes puxados por animais, de fabricas e da pri- meira estrada de ferro do Brasil. ee 4 Fundigao da Ponta da Areia. Propriedade do Visconde de Maud, em meados do século XIX. Locomotiva saindo de tunel na Estrada de Ferro Rio-Minas, em 1895, D174 ica i i Saw aeatece ae iso : + i 3 i j Imigragao e industrializagao A diminuigéo da mao de obra escrava, estabelecida apés o fim do tréfico negreiro, em 1850, esti- mulou os produtores de café, prin- cipalmente os paulistas, a adotar 0 trabalho assalariado de imigrantes. ‘Apés uma tentativa fracassada, entre as décadas de 1840 e 1850, no interior de Séo Paulo, de implan- tagao do trabalho de imigrantes europeus, seria apenas a partir de 1880 que teria inicio a chegada ao Brasil de uma grande quantidade 4 Cartao-postal representando imigrantes itaianos no Porto de imigrantes de varias regiées do °° Samos (SP), cerca de 1915, mundo (sirios, libaneses, japoneses, europeus de diversas nacionalidades etc.). Assim, a partir da década de 1880, 0 governo estabeleceu a imigragao subvencionada, pela qual o Estado se comprometia a pagar as despesas de viagem do imigrante e de sua familia, garantindo assim a oferta de mao de obra para as lavouras de café. A propaganda ajudava a atrair os imigrantes que pen- savam em adauirir terras e cultivar suas proprias rogas. Contudo, com o passar do tempo, muitos imigrantes que se dirigiram aos cafezais ficaram descontentes com as condigées de trabalho nas fazendas. Em decorréncia disso, alguns deles optaram por abandoné-las e partir para as cida- des em busca de melhores oportunidades. Os imigrantes ajudaram a modernizar e a dinamizar a economia e a socieda- de brasileira; muitos deles, nas cidades, criaram pequenas empresas e oficinas, aproveitando a expansao cafeeira. Assim, muitas inddstrias do Brasil tiveram origem em empresas familiares, criadas por imigrantes. imigrantes em cafezal paulista. Foto de 1895. italianos 175 i (WD A vida nas fabricas A medida que fabricas eram criadas e a produgao industrial se tornava mais importante no Brasil, a classe operaria também se formava. As relagdes de trabalho nao eram reguladas por leis; predominava a livre negociagao entre patroes e empregados. No interior das fabricas os trabalhadores enfrentavam condigdes muito di- ficeis. As jornadas de trabalho se estendiam por até 16 horas, os salarios eram baixos e nao havia politicas sociais de assisténcia ao trabalhador, como férias. remuneradas ou seguro-desemprego. As mulheres e as criangas trabalhavam principalmente no setor téxtil, onde a exigéncia de mao de obra qualificada era menor. Os imigrantes, principalmente italianos e espanhéis, representavam uma importante parcela dos trabalhadores da industria, em particular em Sao Paulo (SP). A greve geral de 1917 Um dos episédios mais marcantes da luta operaria no Brasil foi a greve geral de 1917, em ‘Sao Paulo (SP), que teve inicio no setor téxtil e depois se espalhou para outros ramos da indiistria. Os trabalhadores reivindicavam, entre outras coisas, aumento salarial, o fim do trabalho de_ menores de 14 anos e de mulheres menores de 18 anos. Apesar de violentamente reprimida, as negociacdes obrigaram os patrdes a conceder aumentos e algumas garantias aos trabalhadores, como a de nao demitir os lideres grevistas. ‘Apés esse episodio, com a intengao de dificultar as reivindicagées, o Estado passou a consi- derar as manifestagdes operarias casos de policia. i Organizacao operaria ip As primeiras organizages operarias no Brasil surgiram na ¢: \ segunda metade do século XIX, por meio de sociedades que au- V, O T v xiliavam os trabalhadores em caso de doengas, invalidez, morte NI etc. Os sindicatos surgiram no inicio do século XX e, era nesses Are espacos que os operarios organizavam as lutas pela redugao a das longas jornadas e pela melhoria das condigdes de trabalho, pelo aumento dos salérios, entre outras reivindicages. ae rune ‘Apesar de ndo serem favoraveis, as autoridades piiblicas fo- “iadaem 1919. ram forgadas a legislar sobre 0 amparo aos operdrios que sofriam acidentes de trabalho e sobre a instituigéo das caixas de aposentadoria e pensdes para os ferrovidrios, em 1919. Isso demonstra que a luta dos trabalhadores alcangou algumas vitérias. Por outro lado, a legislacao brasileira procurava adaptar-se as convengées interna- cionais, criadas apés a Primeira Guerra Mundial (1914-1918): 0 Brasil tornou- -se signatario da Organizagao Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919, responsdvel pelo estabelecimento da jornada de trabalho de cito horas didrias. WW 176 neenceursornrDraens 19 nica en. arrest ete wane eaten Caged a oe at A nee ina UNIDAQE 1 ~ Trabalho A legislagao trabalhista e 0 Estado Novo A Revolucéo de 1930, lide- rada por Getulio Vargas, iniciou uma nova fase nas relagdes entre patrées e empregados. O Estado passou a assumir um papel regulador do mercado de trabalho, reconhecendo as leis ja existentes e criando uma nova le- gislacdo trabalhista. A Constituigéo de 1934 ino- vou com um capitulo sobre le- gislagao trabalhista, estabele- cendo a jornada de oito horas di- arias, de acordo com a OIT, férias remuneradas, assisténcia social e sindicalizagao. Desde 0 inicio, © governo procurou controlar a 2 ao ae ira ernnna aa tmtarta rece: Petco forga politica dos trabalhadores. do secue vox Com a criagéo do Estado Novo, em 1937, 0 governo procurou mediar os conflitos sociais. Assumiu a defesa da ordem econémica capitalista, promoveu 0 desenvolvimento econémico. Por um lado, estimulou a industrializagao e, por outro, o controle da classe trabalhadora mediante uma politica social, contro- lando os sindicatos que passaram a ser subordinados ao Ministério do Trabalho. O salario minimo foi criado em 1936; porém, s6 comegou a vigorar em 1940. Em 1943, Vargas assinou a Consolidagao das Leis do Trabalho (CLT), um conjunto de normas que reuniu conquistas dos trabalhadores, como a proibigao do trabalho para menores de 14 anos ea garantia da igualdade salarial entre homens e mu- Iheres. Também foi criada a Justica do Trabalho, destinada a resolver os conflitos entre os pa- trdes @ os empregados, defendendo os interes- ses dos trabalhadores. A criagdio da legislagao trabalhista e da Justiga do Trabalho foi uma das caracteristicas do chamado populismo durante a Era Vargas (1930-1945), Cartaz de 1944, Observe como 0 > trabalno e a imagem do trabalhador foram idealizados. Arquivo Publico do Estado de Sao Paulo. GW 0 movimento feminista O movimento feminista é a luta das mulheres pelo reconhecimento da igualdade de direitos entre homens e mulheres. Foi a partir das condigées criadas pela Revolugdo Industrial que a mulher péde ingressar no mercado de trabalho, saindo da tutela do marido e assumindo outras fungdes, além do papel de dona de casa. Os principais centros do feminismo foram a Inglaterra, a Franca e os Estados Unidos. A luta pela igualdade de direi- tos compreende diversos aspectos, tais como reconhecimento dos direitos econd- micos, sociais, culturais e politicos das mu- Iheres; reconhecimento do direito universal educagao; defesa dos direitos sexuais e reprodutivos; entre outros aspectos. No Brasil, a luta pelos direitos das mu- lheres acompanhou a luta das classes po- pulares e trabalhadoras, principalmente a partir da industrializagao. A sociedade brasileira tem sua histo- ria marcada pelo patriarcalismo, que teve origem durante © periodo colonial, com a escravidaéo e o dominio dos senhores de engenho. Nesse periodo e também duran- ‘4 Sessao da Assembleia Constituinte de 1933-1934, no Rio de Janeiro (Ry). A esquerda a primeira mulher a ser leita deputada, Carlota Pereira de Queiroz. te o Império, a autoridade do pai era incontestavel, tinha poder de vida e de morte sobre todos os seus dependentes e subordinados. Ainda nos dias atuais, os direitos das mulheres nem sempre sao respeita- dos. Os crimes contra a mulher sdo muito frequentes, tornando necessaria a aprovagao de leis como a Lei Maria da Penha, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha Leia 0 que estabelece o artigo primeiro da Lei Maria da Penha. “Art. 1° Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violéncia doméstica e fami- — liar contra a mulher, nos termos do § 8° do art. 226 da Constituiéo Federal, da Convengao sobre a Eliminagao de Todas as Formas de Violéncia contra a Mulher, da Convengao Inte- ramericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia contra a Mulher e de outros trata- dos internacionais ratificados pela Reptblica Federativa do Brasil; dispée sobre a criagéo dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assisténcia e protecdo as mulheres em situacdo de violéncia doméstica e familiar.” ‘BRASIL. Presidéncia da Republica, Casa Civil. Subchefia para Assuntos Juridicos, Lei n* 11.340, de7 de agosto de 2006, Disponivel em: . Acesso em: 28 mar. 2013. eae eatin enone reta REN we See:

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